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CORRUPÇÃO: A CORRUPÇÃO NO BRASIL

Fábio do Nascimento Azevedo 1


Gabriel Peixoto Inacio,
Eduardo Mateus Domingues,
Beatriz Zumas Pedroso,
José Guilherme Menezes,
Maria Eduarda Garcia e
Thiago Morita.

RESUMO:

O presente artigo aborda como eixo central a corrupção no Brasil, um processo que
já existe há muito tempo, possivelmente desde o Brasil colônia. O objetivo é mostrar
como a corrupção é algo extremamente nocivo para a sociedade, destruindo a
estrutura social vigente. A metodologia usada para a escolha do presente artigo foi a
pesquisa de cunho bibliográfico. A fundamentação teórica ou desenvolvimento,
aponta algumas questões importantes, como o levantamento histórico da corrupção
no país, os modos de corrupção mais comuns, e claro, o que tem sido feito para
sanar esse problema que vem destruindo o modo de vida de grande parte da
população. O artigo visa contribuir para que um número mais elevado de pessoas
tenha a real consciência dos efeitos causados pela corrupção no Brasil. Nas
considerações finais os leitores podem visualizar como os brasileiros mesmo
pagando a maior taxa tributaria no planeta, ainda assim vivem em grande parte em
estado de vulnerabilidade social por causa da corrupção.

Palavras-chave: Corrupção. Brasil. Vulnerabilidade. Sociedade

1 INTRODUÇÃO
1
Paper de Conclusão da Disciplina de Português e Argumentação Jurídica, ministrada no 2º Período
de Direito, respectivamente pelo Profº. Mº. Fernando Pinheiro.
Acadêmicos (a) do Curso de Direito da Faculdade do Norte Novo de Apucarana – FACNOPAR.
Turma do ano de 2019. E-mail para contato:trabalhopaperdireito@gmail.com.
O presente artigo aborda como eixo central a corrupção no Brasil, um
processo que já existe há muito tempo, possivelmente desde o período do Brasil
colônia, mas, que veio se desenvolvendo muito ao longo dos anos, chegando a
índices elevadíssimos na atualidade.
O objetivo é mostrar como a corrupção é algo extremamente nocivo para a
sociedade, destruindo a estrutura social vigente, promovendo problemas como falta
de educação, saúde, moradias e assistencialismo social para grande parte da
população necessitada.
A metodologia usada para a escolha do presente artigo foi a pesquisa de
cunho bibliográfico, sendo que diversas pesquisas foram realizadas em publicações
e obras de autores renomados, e que muito contribuíram com o referido tema
proposto.
A justificativa para a escolha do presente tema, é o fato de que a população
necessita saber o quanto a corrupção é algo brutal, que esfacela o sistema social
vigente, e causa uma grande transformação negativa na sociedade.
A fundamentação teórica ou desenvolvimento, aponta algumas questões
importantes, como o levantamento histórico da corrupção no país, desde quando
esse problema está enraizado em solo pátrio, os modos de corrupção mais comuns
como o nepotismo, a fraude nos processos de licitação, e as más administrações, e
claro, o que tem sido feito para sanar esse problema que vem destruindo o modo de
vida de grande parte da população.
O artigo visa contribuir para que um número mais elevado de pessoas tenha a
real consciência dos efeitos causados pela corrupção no Brasil, e que haja uma
maior articulação da população com a vida política, afim de se fiscalizarem os gastos
daqueles profissionais que foram eleitos pela população para defenderem seus
interesses.
Nas considerações finais os leitores podem visualizar como os brasileiros
sofrem muito, principalmente com os políticos corruptos, a ponto de mesmo pagando
a maior taxa tributaria no planeta, ainda assim vivem em grande parte em estado de
vulnerabilidade social por causa da corrupção e de seus praticantes.

2 OS PROBLEMAS CAUSADOS PELA CORRUPÇÃO NO PAÍS.


O problema da corrupção é muito mais antigo do que as pessoas acreditam
ser, e mais do que isso, pode ocorrer em uma série de esferas, não se limitando
somente á questão pública, ainda que essa seja a mais notada pela população.
Em outras palavras, a corrupção pode ser vista como um problema
amplamente grave para a sociedade, e que necessita ser sanada de uma maneira
emergencial, uma vez que, causa uma serie de danos e ônus para toda a
população.
A origem da corrupção é um tema relevante, com raízes em todos os campos
de estudos, particularmente no âmbito da sociologia; da antropologia e da
psicologia; clamando por uma revisão das origens e pensamento da ética
(FERREIRA, 2000).
Isso quer dizer que estima-se que a corrupção é algo que muitas pessoas já
possuem dentro de si, ou seja, cercadas pela imoralidade e por essa razão, trata-se
de algo extremamente antigo, sendo impossível de calcular uma data precisa.
Entretanto, essa imoralidade, uma vez que, se trata de algo que de modo
algum pode ser aceito pela sociedade, ainda mais na moderna, onde a qualidade de
informações que as pessoas possuem é muito elevada, é estimada que venha sido
combatida desde a Grécia antiga, quando os filósofos denunciavam a necessidade
da população passar a viver de uma maneira mais coletiva, deixando de lado os
valores individuais (FERREIRA, 2000).
A corrupção enquanto fenômeno social é reflexo da cultura levada a cabo
sem princípios éticos e valores morais. Não se trata de fenômeno político ou de
qualquer outra classe, como equivocadamente acredita ser. É um fenômeno cultural.
A carência ética cultural é a raiz da corrupção. E no Brasil, não poderia ser diferente.
A raiz da corrupção no Brasil é histórica e cultural. Germinou no período colonial e
na, então, administração lusitana, que tinha como objetivo dominar, manipular e
explorar. E na tentativa de concretizar tal objetivo a todo custo, criou-se hábito da
ignorância deliberada em relação às exigências éticas.
Muitos acreditam que a corrupção no país aconteceu devido a herança
portuguesa e todo o seu poder de influencia, uma vez que, antes da chegada dos
portugueses, os indígenas brasileiros viviam praticamente um estado de natureza,
ou seja, vivendo de um modo harmônico e utilizando-se na natureza apenas o que a
mesma ofertava, de maneira responsável (ROCHA FURTADO, 2006).
É fato que no período de colonização do Brasil, os portugueses apenas
enviavam ao país pessoas que não eram bem vistas em solo lusitano,
principalmente os criminosos e prostitutas, em uma tentativa de promover uma
faxina social na nação lusitana.
Isso fez com que pessoas com valores completamente dúbios, isso no sentido
literal da palavra, se instalassem no solo nacional, o que promoveu uma verdadeira
transformação social e cultural, principalmente afetando os indígenas e todos os
seus valores.
A começar pelo modo de vida que os indígenas possuíam, e que foi
completamente devastado pela corrupção portuguesa, sendo que muitas tribos eram
simplesmente arrasadas pelos invasores, tanto que a ciência possui extremas
dificuldades para apontar um número para o massacre de indígenas brasileiros nos
séculos XVI em diante (ROCHA FURTADO, 2006).
Nesse caso, foi possível observar um comportamento completamente
inóspito, e que em nada tinha a ver com a realidade dos indígenas, que eram serem
amigáveis e que realmente detinham um conceito de sociedade muito bel
deliberado.

Quando passarão a visualizar os costumes dos portugueses, algo que


incluía uma série de castigos físicos e claro, os assassinatos, houve uma
grande inversão de valores na mente dos indígenas, até porque eles eram
os verdadeiros donos da terra, e de uma hora para outra, passarão a serem
castigados, a viverem como escravos, contribuindo para o desenvolvimento
de quem os roubou (SILVA, 1997, p. 43).

Essa foi a primeira forma de corrupção vista no solo nacional, e que


realmente fez com que as pessoas que viviam no país fossem obrigadas a se
adaptar a ela, ou seja, aprenderem a conviver com uma estrutura social que não
fazia parte da realidade indígena.
Os portugueses já tinham uma vivencia com uma série de experiências a
mais do que os primeiros brasileiros descobertos, ou seja, já conheciam o que era a
corrupção, como eram governados por um soberano, que simplesmente prejudicava
ao máximo a sua população, com amplo destaque para a cobrança indevida de
impostos.
Como se não bastasse, os primeiros portugueses que vieram para o Brasil,
ainda apresentavam uma forte ligação cultural e econômica com sua pátria, de modo
que deveriam ser indivíduos economicamente lucrativos, contribuindo para o
enriquecimento da família real (SILVA, 1997).
Esses costumes querendo ou não, acabarão sendo incorporados pela
população, pelo menos em relação há uma pequena parte da mesma, entretanto,
quando se fala em corrupção, um pequeno grupo de pessoas pode ser considerada
como capazes de promover uma série de problemas para a sociedade.
Conforme afirma Garcia (2003), a corrupção, como forma organizada, parece
surgir durante o governo de Juscelino Kubitschek, com o Plano de Metas, no qual a
execução de uma série de obras de construção civil eivadas de diversos vícios,
aliada à falta de transparência, abriu espaço para a disseminação da prática
sistematizada de superfaturamento no país, propiciando lucros exagerados às
empreiteiras.
Com efeito, o viés de sociedade é muito importante, uma vez que, se trata de
um agrupamento de pessoas que compartilham não apenas as mesmas
necessidades, mas também um mesmo espaço, e necessitam coexistir de maneira
harmoniosa.

A sociedade contemporânea passa por crise de identidade como


consequência do colapso ético e moral. E tal fato se justifica na ruptura
entre a modernidade e a família. O divórcio coercivo entre a sociedade e a
família interferiu de forma notória e drástica nas relações familiares e
sociais. A sociologia moderna se propôs sustentar a sociedade
independentemente da família. Como consequência desta proposta ousada,
vive-se preconizando o ideal de uma sociedade imaginária, cuja
surrealidade tem proporcionando uma transformação holística (GARCIA,
2003, p. 54).

Contudo, a corrupção fere totalmente o conceito de sociedade, uma vez que,


se trata de um grupo de pessoas, ou mesmo uma no modo singular, que passa por
cima dos direitos e deveres que os demais cidadãos possuem, pensando justamente
apenas em si ou mesmo em um grupo pequeno de indivíduos.
Em uma sociedade, direta ou indiretamente, todos dependem de todos, é um
sistema muito abrangente, que beneficia a todos de uma maneira ampla, entretanto,
quando o profissional que está inserido na gestão pública é o responsável pela
corrupção.
O fato é que a corrupção quando a mesma se encontra no processo de
gestão pública, causa uma verdadeira destruição social, com o advento de uma
série de males que realmente apresenta inúmeros desafios para ser sanado
(COSTA, 2005).
Pessoas que não apresentam a menor condição de ocupar o cargo que estão
realmente inseridos, através de escolhas da população, sendo que na realidade, os
políticos são profissionais voltados para atender as necessidades que a sociedade
apresenta.
Não existe corrupção sem corruptor. Não existe corrupção institucionalizada
na ausência de indivíduo corrupto e sociedade corrompida. A existência do primeiro
depende estritamente dos dois últimos. Portanto, a corrupção institucionalizada tem
como base a sociedade corrompida. E toda e qualquer iniciativa que visa a combatê-
la com eficiência e êxito deverá pautar-se não por projetos políticos supostamente
magníficos ou sistemas considerados extraordinários, mas, sim, por família e cultura.
Em outras palavras, existem pessoas que aceitam se corromper, mesmo
sabendo que poderão prejudicar muitas outras, apenas para o seu benefício, ou
mesmo fazerem parte de um esquema corrupto, que nesses casos possuem um
poder de influência ainda maior (COSTA, 2005).
Em relação aos problemas causados pela corrupção, promovidas pelo desvio
de verbas, pode-se destacar o estado de vulnerabilidade social que muitos
brasileiros se encontram, e sem a menor expectativa de poder viverem de uma
maneira mais qualificada.
Mesmo que muitos apontem que o país apresenta certa riqueza, essa não
consegue ser distribuída de maneira correta, justamente pela corrupção, em outras
palavras, as pessoas realmente se preocupam em trabalhar de modo mais
qualificado, contribuindo para o sistema social, pagando uma série de impostos,
ainda mais no Brasil, reconhecida como a nação que mais cobra impostos do
planeta.
Pela quantidade de impostos que um brasileiro paga, seria mais do que o
suficiente para que sua população tivesse uma qualidade de vida melhor, inclusive,
aqueles que se encontram em estado de vulnerabilidade social, que infelizmente,
apresenta uma densidade populacional muito elevada (CARRARO, 2006).
A miséria ocorre pela má distribuição de renda, e principalmente pela
corrupção dos políticos, que são escolhidos pelas pessoas para defender os
interesses da sociedade, o que é no mínimo um grande paradoxo (RIBEIRO, 1995).
O dinheiro que é desviado pelos corruptos, seria o suficiente para que
pudesse ser idealizada a construção de uma quantidade muito maior de instituições
de ensino de todos os tipos, de um sistema de saúde qualificado, e acima de tudo,
um trabalho proficiente de assistência social.
Claro que não quer dizer em hipótese alguma que toda a classe política seja
corrupta, entretanto, o que é preciso dizer que existe um grande poderio nas mãos
de um grupo muito pequeno de pessoas, e por essa razão, a sociedade e seu
modelo como é conhecido se encontra desfalecendo (CARRARO, 2006).
Os políticos possuem uma grande oportunidade se assim desejarem, de
realizarem um trabalho de qualidade, que promova uma reconstituição do modelo
social vigente, dizimando e erradicando todas as desigualdades que existem.
Isso se todos esses profissionais tiverem o interesse de colocar esse
planejamento em prática, entretanto, cada real que é desviado pelo corrupto, faz
grande falta para a sociedade, que deixa de ter educação, saúde, assistencialismo
social de qualidade, moradia e a obtenção de um nível de culturalização mais
qualificado.
Entrementes, as pessoas que cometem o crime de corrupção, enriquecem de
uma maneira ilícita e em um período de tempo extremamente curto, não se
importando nenhum pouco com a extensão dos problemas que a sociedade passa a
acumular (RIBEIRO, 1995).
Existem diversos países que não possuem a mesma estrutura que o Brasil,
inclusive, no que diz respeito a arrecadação de verbas, oriundas da cobrança de
impostos de uma população gigantesca, a quarta maior do planeta, e ainda assim,
apresentam um modelo de vida em sociedade muito melhor do que o brasileiro.
Isso ocorre pelo fato de que o país é um dos principais líderes no quesito
corrupção, apenas algumas nações africanas como a Nigéria e Bangladesh, foram
consideradas mais corruptas que o país, sendo que nem mesmo existe um modelo
político bem delineado nessas nações.
Com o tão elevado desvio de verbas, é mais do que esperado que a
população brasileira sofra muito, com a falta de uma infraestrutura e serviços de
qualidade que podem ser considerados como ideais para que tenham uma melhor
qualidade de vida (DIAS, 2008).
A situação de penúria em que muitas pessoas se encontram, em hipótese
alguma deveria ocorrer, entretanto, a corrupção no país é tão intensa, na mesma
proporção da qualidade moral dos indivíduos que são seduzidos pela ganancia, e
assim, acabam promovendo uma verdadeira dilaceração nos valores morais que
deveriam existir.
Cada pessoa analfabeta, ou mesmo que não teve a oportunidade de obter
uma formação educacional de qualidade, seja pela falta de escolas, ou até mesmo
de uma infraestrutura qualificada, pode ser considerada como uma vítima da imensa
corrupção que ainda existe no país.

O que pode ser observado, é que a corrupção é a principal força motriz da


incultura, fazendo com que a população, ou pelo menos uma grande parte
da mesma, seja transformada em uma massa uniforme, ou seja, aceitando
tudo o que existe a sua volta, sem ter o poder de opinar, por não possuir o
desenvolvimento cognitivo que se faz necessário para uma transformação
social e cultural (DIAS, 2008, p. 43).

Devido a corrupção, o Brasil vive uma imensa situação de contrastes sociais,


e essa é uma grande preocupação da população de bem, que realmente contribui de
maneira mais decisiva para que esse problema seja erradicado do seio da
sociedade.
Assim como o elevado número de pessoas que vão a óbito nos hospitais
brasileiros, vítimas de um sistema de saúde pública que pouco agrega a qualidade
de vida da população, e que também sobre de maneira muito intensa com os efeitos
da corrupção (HOLANDA, 1995).
As verbas que o governo recebe, serve para beneficiar a população, isso de
uma maneira coletiva, ou seja, assegurar que o sistema social existente na
atualidade venha a ser mantido, essa é uma questão de extrema importância, e que
mostra o quanto a corrupção pode apresentar problemas quase irreversíveis para a
sociedade tentar sanar.
Segundo Holanda (1995) no Brasil, pode-se dizer que só excepcionalmente
tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados
a interesses objetivos e fundados nesses interesses. A corrupção nos setores
públicos é um dos males que assolam as nações contemporâneas, mas que no
Brasil tem assumido conotações surpreendentes e desalentadoras.
Isso mostra o poder nocivo que a corrupção apresenta na sociedade e como
pode impactar a vida de milhares de pessoas, sendo um verdadeiro câncer social
que necessita ser erradicado a todo o custo, isso pensando na manutenção do
verdadeiro sistema social, que preza pela igualdade e benefícios de toda a
população, sem exceção.
Graças a massiva participação e cobrança da população, uma série de
mudanças nas leis vem sendo promovidas para se tentar acabar com a corrupção e
que a aplicação de verbas realmente atinja o seu objetivo principal que é o benefício
da população.
Nesse sentido, há alguns anos tem sido realizada fiscalizações mais efetivas
por parte do dinheiro público, evitando que os mesmos fossem desviados com tanta
facilidade, o que realmente era um problema muito mais amplo quando apenas o
gestor público tinha o dever de controlar as verbas que eram recebidas (CAMPOS,
2002).
Nesse sentido, algumas leis foram criadas para coibir essa prática, e mais do
que isso, que a população passasse a conhecer melhor quem eram os corruptos,
algo que no passado era pouco difundido.
Com efeito, pode-se destacar a participação popular como algo fundamental
para que o problema da corrupção fosse mais visível, isso porque houve com o
passar dos anos uma mentalidade mais social por parte da população, graças ao
processo de culturalização.
Em relação as leis, citar a nomeada de improbidade administrativa é uma
questão fundamental, uma vez que, mostra a maneira correta de o gestor público,
independentemente da esfera que o mesmo esteja atuando, gerir de um modo
correto o dinheiro público.
O legislador, ao criar a Lei n. 8.429/1992, conhecida como Lei de Improbidade
Administrativa, tinha o intuito de combater atos praticados pelos agentes públicos
que de alguma forma causassem prejuízos à administração pública. Nesta lei
também há previsão para a punição de pessoas que, mesmo não sendo agentes
públicos, tenham de alguma forma obtido vantagens com a improbidade (CAMPOS,
2002).
É o caso, por exemplo, do ato de os gestores públicos, principalmente os
municipais, deixarem as finanças em estado caótico para os seus sucessores, ou
seja, impedir que o próximo gestor assuma uma prefeitura absolutamente falida,
sem a menor possibilidade de realizarem um trabalho de qualidade (BRANDÃO,
2011).
Em outras palavras, existe atualmente um percentual da administração
pública em relação ao uso dos recursos em cada área, algo que já vem delimitado
pelo ministério público, e que deve ser aplicado de maneira idônea, inclusive, sendo
comprovado posteriormente.
No passado havia um problema grave que era o desvio de recursos para os
investimentos em outras áreas mais carentes do município ou estado, o que hoje é
considerado como uma improbidade administrativa, e que deve ser evitada, sob o
risco de o gestor ser expulso de seu cargo.
Explicando melhor, havia o desvio de recursos da educação para beneficiar a
saúde, e vice-versa, ou a contemplação de investimentos em melhoria no meio
urbano, isso em relação a sua infraestrutura, deixando, por exemplo, a construção
de casas de lado (BRANDÃO, 2011).
É fundamental que, para acabar com esse tipo de desvio de recursos, que
também deve ser considerado como um ato de corrupção, mesmo que o gestor não
desvie o dinheiro para si, e pense em beneficiar a sociedade a seu modo, é
fundamental que esse profissional que foi escolhido pela população, possa executar
sua profissão com coesão.

A relevância de equilibrar os gastos financeiros não é nova. As diretrizes


propostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal não seriam necessárias se a
Lei Federal n. 4.320/1964 fosse cumprida. No entanto, o costume de
repassar dívidas aos sucessores por meio de Restos a Pagar ou cancelar
empenhos e precatórios não quitados ensejou o estabelecimento de novos
mecanismos para uma gestão responsável, tornando obrigatória uma
política de planejamento para a execução do orçamento público para
dificultar o gasto sem previsão e o gasto maior do que o permitido,
responsabilizando o administrador público pelas despesas ordenadas por
ele (LIMA, 2006, p. 46).

Existe também a ação civil pública que também representa uma lei muito
interessante, que aponta uma participação muito mais massiva da população,
pessoas que realmente tenham uma mentalidade mais embasada no bem comum,
privilegiando a todos os que se encontram a sua volta.
É o instrumento processual, disciplinado na Lei n. 7.347/1985, adequado para
reprimir ou impedir danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e infrações da ordem
econômica, protegendo, os interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos,
desde que socialmente relevantes (MEIRELLES; WALD; MENDES, 2010).
O grande problema e que a ação civil pública ainda é pouco praticada, e isso
ocorre pela falta de conhecimento da população, na realidade, as pessoas de uma
maneira geral ainda necessitam descobrir quais são os seus direitos, principalmente
no sentido de fiscalizar as ações promovidas pelos gestores públicos.
Usando como limiar o município, quem possui o maior poder para evitar que
os gestores cometam algum tipo de corrupção são os vereadores, que tem como
principal missão, maior ainda do que apresentar projetos, é fiscalizar os gastos que
os prefeitos desenvolvem no âmbito de sua gestão (MASCARENHAS, 2010).
E a população nesse sentido, deve exigir um parecer por parte desses
profissionais, que estão muito mais próximas do gestor, e podem conhecer de modo
muito mais próximo aquilo que está sendo realizado, ou seja, se a quantidade de
recursos aplicados faz jus com o que é apontado pelo próprio nos momentos.
O controle social, entendido como a participação do cidadão no controle e
gestão das políticas públicas, é um mecanismo de prevenção e combate à
corrupção e de fortalecimento da cidadania. No Brasil, a preocupação em se
estabelecer um controle social forte e atuante torna-se ainda maior, em razão da sua
extensão territorial e do grande número de municípios que possui. Assim, o controle
social revela-se como complemento indispensável ao controle institucional exercido
pelos órgãos fiscalizadores.
Outro problema que ocorria de modo indiscriminado e voltado para a
corrupção é o ato de fraldar licitações, que também ocorre em todas as esferas
públicas e capaz de desviar uma quantidade muito elevada de recursos, causando
danos a sociedade (LIMA, 2006).
O sistema de licitação deve responder há uma oportunidade real e
significativa de permitir que empresas participem, e possam ofertar um serviço de
qualidade que é necessário para a determinada localidade e com o menor preço.
Em outras palavras, o processo de licitação serve justamente para
economizar ao máximo possível o dinheiro público, até porque os estados e
municípios estão longe de receberem a quantidade que necessitam para o seu
desenvolvimento, apenas para a sua manutenção.
No entanto, é fundamental compreender como existe corrupção na escolha
das empresas que irão participar das licitações, encarecendo muito o custo do
produto ou mesmo do serviço, causando ônus aos cofres públicos, dinheiro que
poderia ser investido em outras áreas, e assim, beneficiar a população (LEVY,
2005).
Em outras palavras, muitos empresários ainda cobram favores políticos por
ajudarem nas campanhas de muitos políticos, e em troca exigem fatores que
beneficiam a si e seus empreendimentos, como a escolha de suas empresas para
participarem e vencerem a licitação.
A licitação representa uma ferramenta de extrema importância para que os
profissionais que administram o dinheiro público, consigam economizar uma quantia
interessante em relação aos recursos que recebem das esferas mais elevadas do
governo, e que na grande maioria das vezes são escassas (SILVA, 1997).
Em outras palavras, é sempre muito importante especificar, que os municípios
recebem uma quantidade de verbas, diretamente proporcional a sua densidade
populacional, ou seja, quanto maior a sua população, mais verba a cidade recebe,
mas, ao mesmo tempo, maiores também são as suas necessidades.
Licitação feita de uma forma transparente é um processo em que as
prefeituras escolhem alguma empresa para a realização de um serviço de qualidade,
e que contemple as necessidades locais, em outras palavras, não há nenhuma
relevância se o serviço for realizado com um custo menor, mas, não for realizado de
uma maneira muito qualificada, que seja eficaz (BRESSER PEREIRA, 1999).
Sendo assim, o processo de licitação possui uma importância muito grande
para os cofres públicos, uma vez que, se trata de um acordo público entre a
prefeitura e as empresas interessadas, que devem realizar o trabalho da maneira
que a necessidade exige, e pelo melhor preço, economizando recursos para que os
mesmos sejam usados para outras finalidades, ou mesmo que sirvam de reserva
para estados ou municípios em momentos de crise (MEIRELLES, 2002).
Trata-se de uma disputa extremamente sadia, isso porque sempre no
processo de licitação realizado por prefeituras, aparecem uma gama de empresas
interessadas, e se trata de uma negociação muito bem encaminhada com a
organização que consiga realizar o trabalho por um preço menor (MEIRELLES,
2002).
No começo, quando se iniciou o processo de licitação, denotou-se algumas
desconfianças por parte da população, e até mesmo por parte dos administradores
públicos, em relação a oferta de um trabalho de qualidade, mesmo com uma
diferença tão elevada na quantidade de recursos que é cobrada.
Isso pelo fato de que na licitação, existe uma diferença de valores muito
elevada, e isso para os cofres públicos é altamente relevante, uma vez que, os
administradores ou gestores, economizam um recurso que pode ser aplicado em
alguma outra necessidade que o município apresenta (HABIB, 1994).
Partindo desse pressuposto, é um diferencial o fato de que o processo de
licitação se torna, acima de tudo, um modelo de negociação justa, até porque, o
dinheiro público não pode ser utilizado de maneira irresponsável, o que é impedido
quando se licita o trabalho (MINOZZO, 2010).
Por essa razão, pode-se dizer que, com o passar tempo, o processo de
licitação passou a romper com a desconfiança das pessoas, pelos inúmeros
benefícios que a socialização na forma com que esses recursos são aplicados se
mostram de uma maneira benéfica.
Assim como é fundamental debater também a supervalorização das notas
emitidas pelas empresas que gerenciam as obras que acontecem, fazendo com que
o preço final seja muito mais acentuado do que deveria, sendo uma forma muito
brutal de onerar os cofres públicos (BRESSER PEREIRA, 1999).
Economia para os cofres públicos, é sempre um assunto extremamente
polemico, pelo fato de que sempre existe muitas necessidades a serem sanadas,
como é o caso de questões inseridas na educação, saúde, construção de casas e
afins.
Com efeito, a administração da máquina pública representa um grande
desafio para os políticos, uma vez que, deve ser usada de uma maneira responsável
e harmônica, de acordo com as possibilidades de cada município, e mais do que
isso, das necessidades da população (CHIAVENATO, 1994).
Por essa razão, é fundamental destacar o equilíbrio no momento em que
forem investidos em alguma obra ou mesmo aquisição do dinheiro público, essa é
uma questão fundamental, uma vez que, qualquer tipo de descontrole, pode gerar
um grande ônus para a sociedade.
Principalmente para os contribuintes, que são os responsáveis pela
arrecadação de recursos do município, ao invés do pagamento de impostos, e
desejam que esses recursos sejam revertidos para o benefício de todos (SPEAK,
2000).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo demonstrou como o problema da corrupção no país já


existe há muito tempo, e causou uma série de danos para a população, como pode
ser observado no modelo social atual, dotada de pessoas que se encontram em
situação de vulnerabilidade social, que são obrigadas a conviver com bem menos do
que necessitam para sobreviver de maneira digna.
Visto que muitas cidades brasileiras se deparam com o problema da falta de
uma infraestrutura qualificada e que permita uma qualidade de vida ao menos
mínima para todos os cidadãos, o que não ocorre justamente pela corrupção,
promovida por pessoas que não se preocupam com a coletividade, e sim, com
interesses próprios.
Muitas vezes, os gestores realmente apresentam o objetivo de beneficiar a
população, de ofertarem uma qualidade de vida maior aos seus munícipes,
entretanto, também precisam de profissionais que atuam em um nível mais elevado,
compartilhando dos mesmos ideais sociais, deixando o viés individual de lado,
principalmente não aceitando nenhum modo de corrupção, administrando em prol da
sociedade.
Transparência, qualificação, planejamento e engajamento, são todos fatores
muito interessantes, para que o trabalho de gestão pública venha a ser realizada de
uma maneira qualificada, essa é uma questão fundamental, que mostra como a
população depende muito de um profissional, que gerencie a cidade de uma
maneira responsável e idônea.
Se existe tantas pessoas em estado de vulnerabilidade social no país, não se
pode simplesmente culpar a pobreza em si, uma vez que, o país apresenta uma
série de recursos, uma densidade populacional extremamente vasta, e que arrecada
uma quantidade muito elevada de verbas.
Com efeito, a corrupção faz com que poucas pessoas, que são os corruptos,
possam ter o poder de devastar o cenário social, promovendo uma série de
injustiças, e que deveriam não existir, pelo fato de a grande parte da concentração
de recursos estar nas mãos de poucas pessoas, o que se reflete em um grande
contraste atual.
A corrupção faz com que se perceba quais são as pessoas que realmente
não apresentam um estado de moral, ou seja, que não são consideradas aptas para
viver em uma sociedade, uma vez que, não possuem os valores necessários para o
desenvolvimento da mesma, pior ainda é quando esses indivíduos estão lidando
com o dinheiro público, oriundo dos esforços de pessoas que pensam na
coletividade.
Felizmente, a sociedade tem refletido sobre a pratica da corrupção, e isso
vem sendo cada vez mais claro no fato de a população acompanhar com mais
interesse o que é feito com o dinheiro público, e mais do que isso, com as leis que
estão vigorando há alguns anos, onde o gestor não pode cometer nenhum tipo de
improbidade administrativa, e administrar os recursos de uma maneira transparente,
caso contrário, pode ser punido de modo nunca mais poder concorrer há um cargo
público novamente.

4 REFERÊNCIAS

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de Janeiro, v. 25, Renovar, 2011.

BRESSER PEREIRA, L. P. (Org.). Reforma do Estado e Administração Pública


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CAMPOS, Francisco. Corrupção: Aspectos econômicos e institucionais. Brazilian
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CARRARO, André. O impacto da corrupção sobre o crescimento econômico do


Brasil: aplicação de um modelo de equilíbrio geral para o período 1994-1998, 2006.

CHIAVENATO, I. Recursos humanos na Empresa: pessoas, organizações e


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