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2018
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Z88q
Zornio, Clarisse Fedosse
Química Orgânica I. / Clarice Fedosse Zornio – Indaial:
UNIASSELVI, 2018.
Impresso por:
Apresentação
Prezado estudante, seja bem-vindo ao mundo da química orgânica,
uma área do conhecimento (bastante extensa, por sinal) integrante da grande
área da ciência que é a química. O grande objetivo desse livro é fazer você
compreender os conceitos que fundamentam a química orgânica e, mais ainda,
entender o porquê de os químicos dedicarem a ela toda uma importância.
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano,
há novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar
dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Bons estudos!
IV
UNI
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 - FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA....................................................1
VII
2 ALCANOS.............................................................................................................................................77
2.1 NOMENCLATURA DOS ALCANOS..........................................................................................78
2.1.1 Substituintes Alquila ............................................................................................................78
2.1.2 Regras de nomenclatura para os alcanos...........................................................................79
2.2 ESTEREOQUÍMICA DOS ALCANOS.........................................................................................88
2.3 ISOMERIA DOS ALCANOS.........................................................................................................88
2.4 CONFORMAÇÕES DOS ALCANOS..........................................................................................89
2.5 PROPRIEDADES DOS ALCANOS..............................................................................................93
3 CICLOALCANOS................................................................................................................................96
3.1 REGRAS DE NOMENCLATURA PARA OS CICLOALCANOS............................................96
3.2 ESTEREOQUÍMICA DOS CICLOALCANOS............................................................................98
3.2.1 Isomeria dos cicloalcanos.....................................................................................................98
3.2.2 Tensão no anel........................................................................................................................99
3.2.3 Conformações dos cicloalcanos...........................................................................................101
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................105
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................106
VIII
TÓPICO 2 - ESTEREOQUÍMICA........................................................................................................175
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................175
2 ISOMERIA............................................................................................................................................175
3 QUIRALIDADE E O CARBONO ASSIMÉTRICO.......................................................................178
4 ENANTIÔMEROS...............................................................................................................................182
4.1 REPRESENTAÇÃO DOS ENANTIÔMEROS.............................................................................184
4.2 NOMENCLATURA R,S.................................................................................................................188
4.3 PROPRIEDADES DOS ENANTIÔMEROS.................................................................................191
5 DIASTEREOISÔMEROS .................................................................................................................195
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................197
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................202
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................203
IX
X
UNIDADE 1
FUNDAMENTOS DA
QUÍMICA ORGÂNICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
FUNDAMENTOS DE QUÍMICA
ORGÂNICA I
1 INTRODUÇÃO
A primeira parte deste livro tem como objetivo maior discutir e apresentar
os fundamentos que levaram à definição da química orgânica como parte
integrante da grande área da química. No entanto, devemos ter em mente que
as subdivisões da química em química orgânica, química inorgânica, química
analítica, físico-química e bioquímica têm um caráter mais didático. Desse modo,
os conceitos estudados em cada uma dessas áreas não são excludentes, mas sim
complementares para o entendimento da química como ciência.
3
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
2 BREVE HISTÓRICO
A história da química orgânica começa com a história da própria química.
Ao traçarmos uma linha temporal, podemos dizer que no momento em que o
Homo erectus dominou o fogo, a humanidade começou a dominar a química. Isso
porque, além da produção do fogo ser uma reação química por si só, o ato de
cozinhar alimentos envolve a transformação de compostos orgânicos. O domínio
do fogo data do período mais antigo da Pré-história (aparecimento dos primeiros
hominídeos até 4000 a.C.), o paleolítico, e por isso o mais antigo da história da
humanidade. Por esse motivo, podemos ser um pouco pretenciosos e dizer que
a história da química começa com a história da própria humanidade. Todavia,
apenas com o advento da linguagem escrita é que foi possível entender a relação
entre o homem e a química de uma forma mais contundente.
Papiros egípcios da Idade Antiga (4000 a.C. até 476 d.C.) descrevem o
uso e a produção de diversas fórmulas medicinais obtidas a partir de ervas. Os
mesmos antigos egípcios, assim como os romanos, os fenícios e outras civilizações
da época já conheciam técnicas de obtenção e de utilização de corantes, como o
índigo, a alizarina e o púrpura. Vestígios de vinho foram encontrados em tumbas
de faraós e mesmo na Bíblia há descrições do processo de fermentação da uva
para a obtenção do vinho (e, consequentemente, do álcool etílico) e sua posterior
oxidação para preparar o vinagre. Os povos da antiguidade também já estavam
familiarizados com o processo de fabricação do sabão a partir da banha de origem
animal e das cinzas da madeira.
A Idade Média (476 até 1473) foi um período histórico marcado pelo trabalho
dos alquimistas, que foi muito importante para consolidar, posteriormente, as
bases tanto da química moderna, quanto da medicina, da física e da matemática,
por exemplo. Apesar do caráter místico da alquimia, que se apoiava em conceitos
religiosos, espirituais e metafóricos, a tentativa de produzir a chamada Pedra
Filosofal (que permitiria a transmutação de qualquer metal em ouro e a obtenção
do Elixir da Longa Vida) contribuiu para o desenvolvimento do conhecimento
acerca dos metais e de alguns processos químicos (e suas aparelhagens), como a
destilação e a filtração. O trabalho dos alquimistas foi especialmente importante
para a química orgânica porque diversos novos compostos foram descobertos e
isolados, principalmente de plantas, como o ópio e a estricnina.
4
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA I
composições. Assim, em meados dos anos 1770, Carl Wilhelm Scheele (químico
e farmacêutico sueco, 1742 – 1786) conseguiu extrair e isolar com maior grau de
pureza ácidos orgânicos já conhecidos pelos alquimistas da Idade Média, como o
ácido tartárico, obtido da uva, o ácido cítrico, do limão, e o ácido lático, do leite.
É fato que de 1860 até os dias atuais houveram avanços científicos no que
concerne a química orgânica – como maior compreensão do átomo do carbono, a
elaboração de teorias sobre a ligação atômica, desenvolvimento de metodologias
para síntese de diversos compostos orgânicos, síntese de compostos orgânicos
não encontrados na natureza, surgimento e aperfeiçoamentos de técnicas de
caracterização, entre outros –, assim muitos desses avanços serão tratados nos
subtópicos seguintes deste livro de estudos.
5
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
DICAS
FONTE: A autora
6
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA I
FONTE: A autora
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
DICAS
4 O CARBONO
Hoje em dia já se conhecem mais de 16 milhões de compostos orgânicos
diferentes, com as mais variadas propriedades e desempenhando as mais variadas
funções: de sólidos cristalinos a óleos, de compostos biodegradáveis a plásticos
resistentes, de compostos do petróleo a corantes, de bactericidas a drogas
antitumorais, do simples metano (formado por um átomo de carbono e quatro
de hidrogênio) a complexa palitoxina (formada por 129 átomos de carbono, 221
átomos de hidrogênio, 54 átomos de oxigênio e três átomos de nitrogênio), dentre
outros. Existem ainda compostos orgânicos (naturais e sintetizados em laboratório)
que servem como fontes nutricionais (carboidratos, proteínas e vitaminas), de
energia (petróleo, gás natural e etanol), para confecção de vestimentas (algodão,
lã, seda e poliéster), para produção de fármacos etc.
Agora você deve estar se perguntando: o que torna o átomo de carbono tão
especial? A resposta vem exatamente da posição ocupada pelo carbono na tabela
periódica (lembre-se de que o número atômico do carbono é seis, o que significa
que seu núcleo é formado por seis prótons e sua eletrosfera por seis elétrons):
Até aqui pudemos ter contato com a ideia geral que explica o papel central
do átomo de carbono na química orgânica, mas para entendermos melhor os
fundamentos dessa área da química precisamos rever alguns conceitos estudados
na química geral, como a estrutura do átomo, as teorias que explicam as ligações
covalentes e a geometria molecular, porém com um enfoque no átomo do carbono
e nas estruturas moleculares dos compostos orgânicos.
5 ESTRUTURA ATÔMICA
O estudo detalhado da estrutura dos átomos é considerado como um
domínio da física, enquanto que a química se baseia mais precisamente no
comportamento e nas propriedades de três partículas fundamentais: prótons,
nêutrons e elétrons. Dessa forma, retomando o que foi estudado na química
geral, o modelo nuclear do átomo considera que o átomo consiste em um núcleo
denso, o qual é rodeado pelos elétrons (formando uma nuvem eletrônica ao redor
do núcleo). O núcleo possui carga positiva, uma vez que é formado por prótons
(partículas subatômicas de carga positiva) e por nêutrons (partículas subatômicas
eletricamente neutras), enquanto que os elétrons possuem carga negativa.
Também é importante lembrar que as massas dos prótons e dos nêutrons são
1836 vezes maiores que a massa dos elétrons, o que significa que a massa do átomo
está concentrada quase que totalmente no núcleo. Por sua vez, os elétrons ocupam
a maioria do volume do átomo, devido à nuvem eletrônica ao redor do núcleo. A
Figura 3 mostra a representação esquemática do modelo nuclear do átomo, no qual
o centro é ocupado por um núcleo denso (positivamente carregado) rodeado por
elétrons (negativamente carregados) – atente-se para o fato dessa figura ser apenas
uma representação do modelo do átomo, o volume ocupado pelos elétrons é na
realidade muito maior em relação ao volume ocupado pelo núcleo.
FONTE: A autora
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
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TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA I
FONTE: A autora
Até aqui pudemos entender um pouco sobre o modo com que os elétrons,
em um átomo, movimentam-se ao redor do núcleo ao definirmos o conceito de
orbital atômico. Como os elétrons ocupam esses orbitais atômicos? Quais são as
suas formas?
• O número quântico principal (n) define o nível (ou camada) de energia ocupado
por um elétron. Vai de n = 1 (para o primeiro nível, de menor energia e mais
próximo do núcleo), para n = 2 (para o segundo nível), n = 3 (para o terceiro
nível) e assim por diante.
11
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
Por exemplo:
FONTE: A autora.
NOTA
Observe a figura anterior, note que existem três orbitais p, cada um orientado
sobre um dos eixos cartesianos (px, py e pz). A figura acima à direita mostra as diferenças
nos tamanhos dos orbitais 1s, 2s e 3s.
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TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA I
DICAS
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
RESPOSTA
Para fixar:
16
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA I
• O átomo de carbono possui seis elétrons, assim vemos que dois desses
elétrons (com spins opostos) vão ocupar o orbital 1s e mais dois outros
(também com spins opostos) o orbital 2s (isso porque esses orbitais são
os menos energéticos e apenas dois elétrons podem ocupar cada um
dos orbitais). Os dois elétrons restantes se acomodam de forma a cada
um ocupar um orbital 2p (que são degenerados), pois de acordo com a
regra de Hund, o arranjo mais estável é aquele com o número máximo
de elétrons desemparelhados. Assim:
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
LEITURA COMPLEMENTAR
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TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA I
Os produtos obtidos pela indústria química são usados para fazer uma
ampla variedade de bens de consumo, bem como milhares de produtos que são
insumos para as indústrias agrícola, de manufatura, de construção civil e de
serviços. Mais de três quartos da produção mundial da indústria química vêm
do processamento de plásticos e polímeros em geral, mas pode-se citar também
a ampla produção de materiais têxteis, de papel e celulose, de metais e do refino
do petróleo. É interessante citar que a própria indústria química consome cerca
de um quarto de sua própria produção.
DICAS
19
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
20
AUTOATIVIDADE
2 Sabendo que a composição química dos seres vivos é feita por compostos
inorgânicos e orgânicos, classifique as substâncias a seguir em Orgânicas ou
Inorgânicas:
a) Água (H2O).
b) Ureia (CH4NO2).
c) Vitamina A (C20H30O).
d) Carbonato de cálcio (CaCO3).
a) Flúor:
b) Fósforo:
c) Bromo:
d) Iodo:
21
22
UNIDADE 1
TÓPICO 2
FUNDAMENTOS DE QUÍMICA
ORGÂNICA II
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 1, estudamos um pouco da história da química orgânica e
as especificidades do átomo de carbono que permitem que uma infinidade de
compostos orgânicos exista. Agora, no Tópico 2, dedicaremo-nos ao entendimento
de como o átomo de carbono se combina tanto com outros átomos de carbono,
quanto com os átomos de outros elementos químicos para formar os mais
diferentes compostos orgânicos. Assim, começaremos estudando a razão principal
dos átomos se ligarem por meio das ligações químicas e os três diferentes tipos de
ligações químicas (ligação iônica, metálica e covalente).
2 LIGAÇÃO QUÍMICA
À exceção dos gases nobres (grupo 18 da tabela periódica), que são
encontrados na natureza como átomos isolados, todos os outros elementos químicos
tendem a se combinar entre si, formando ligações químicas. Essa tendência é
observada porque a energia resultante da ligação química entre os núcleos e elétrons
de dois (ou mais) átomos é menor do que a energia total desses átomos isolados, ou
seja, a ligação química entre átomos gera substâncias mais estáveis.
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TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA II
FONTE: A autora
DICAS
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
NOTA
3 LIGAÇÕES COVALENTES I:
TEORIAS DE LIGAÇÃO QUÍMICA
Uma das primeiras formas de teorizar o modo como as ligações químicas
acontecem foi proposta por Lewis, que indica que um átomo seria mais estável
se sua camada de valência tivesse a mesma configuração eletrônica de valência
dos gases nobres, conhecidos por sua grande estabilidade. Desse modo, para
formar ligações covalentes, os átomos passam a compartilhar elétrons a fim
de “completarem” suas camadas de valência (ou seja, alcançar a configuração
de valência do gás nobre). Assim, o número de ligações covalentes que cada
átomo pode realizar depende justamente da quantidade de elétrons adicionais
necessários para completar sua camada de valência. Por exemplo:
• Da mesma forma que o carbono, o neônio é o gás nobre mais próximo tanto
do nitrogênio, quanto do oxigênio. O nitrogênio tem cinco elétrons de valência
(2s22p3) e o oxigênio tem seis (2s22p4), assim o nitrogênio precisa de mais três
elétrons, formando três ligações covalentes, enquanto que o oxigênio precisa
de dois elétrons, formando duas ligações covalentes.
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TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA II
ATENCAO
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
FONTE: A autora
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TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA II
Vale ressaltar que ambos os modelos são aceitos e usados de acordo com
as circunstâncias. Isso significa que há casos que podem ser melhor explicados se
baseados na teoria de ligação de valência, enquanto outros são melhor descritos
pela teoria dos orbitais moleculares.
FONTE: A autora
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
Em uma ligação covalente, cada elétron, antes atraído apenas pelo seu
próprio núcleo, passa também a ser atraído pelo núcleo do outro átomo que
participa da ligação. Esse processo diminui os efeitos de repulsão, fazendo com
que o sistema fique mais estável e libere energia. No entanto, a sobreposição dos
orbitais e a formação da ligação covalente ocorre somente quando os dois átomos
se encontram a uma determinada distância entre si: se os átomos estiverem muito
separados, não será possível que seus orbitais se sobreponham; se estiverem
extremamente próximos, haverá repulsão entre os núcleos positivos dos dois
átomos. Dessa forma, a distância ideal é definida para que seja possível sobrepor
os orbitais atômicos dos átomos e para que a energia do sistema seja mínima (não
havendo problemas de repulsão). Essa distância específica ideal é definida como
comprimento de ligação e é característica de cada ligação covalente (por exemplo,
o comprimento da ligação H–H é de 7,4 x10-11 m, ou 74 picômetros, e a do C–C no
etano, C2H4, é 153 picômetros).
FONTE: A autora
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TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA II
FONTE: A autora
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
FONTE: A autora
De fato, o arranjo tetraédrico é a melhor forma com que orbitais sp3 podem
se orientar ao redor do núcleo do carbono de modo a minimizar a repulsão entre os
elétrons. Essa geometria tetraédrica específica também é responsável por definir
os ângulos de ligação em um carbono com hibridização sp3: todas as ligações
C–H do metano possuem ângulo de 109,5º, conhecido como ângulo tetraédrico. A
força da ligação C–H no metano é de 438 kJ.mol-1 (a força de ligação mede a força
que mantém dois átomos juntos, assim, quanto maior a força de ligação, maior a
atração entre os átomos e mais difícil separá-los). Na Figura 14 estão indicados o
comprimento e o ângulo da ligação C–H.
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TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA II
FONTE: A autora
FONTE: A autora
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
FONTE: A autora
FONTE: A autora
Vale lembrar que toda sobreposição de orbitais sp3 gera uma ligação simples
(compartilhamento de apenas um par de elétrons), designada ligação s, pois os
elétrons participantes se distribuem uniformemente ao redor do eixo de ligação.
NOTA
O termo híbrido se refere a algo que resulta da mistura de dois ou mais elementos
diferentes.
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TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA II
FONTE: A autora
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
FONTE: A autora
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TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA II
FONTE: A autora
FONTE: A autora
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
FONTE: A autora
FONTE: A autora
FONTE: A autora
Ângulo de Comprimento
Molécula Ligação Força de ligação
ligação de ligação
Metano (CH4) C(sp3)–H(1s) 109,5 º 110 pm 438 kJ.mol-1
C(sp3)–H(1s) 111 º 110 pm 420 kJ.mol-1
Etano (C2H6)
C(sp3)–C(sp3) 180 º 154 pm 376 kJ.mol-1
C(sp2)–H(1s) 120 º 108 pm 444 kJ.mol-1
Eteno (C2H4)
C(sp2)–C(sp2) 180 º 133 pm 611 kJ.mol-1
C(sp)–H(1s) 180 º 106 pm 552 kJ.mol-1
Etino (C2H2)
C(sp)–C(sp) 180 º 120 pm 835 kJ.mol-1
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
FONTE: A autora
40
TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA II
DICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
Evolução dirigida
Os pesquisadores usaram um
método chamado de evolução dirigida, no
qual enzimas são criadas em laboratório por
seleção artificial, de forma similar à utilizada
para desenvolver melhores cultivares ou
aprimorar raças de animais de criação. As
enzimas são uma classe de proteínas que
catalisam, ou facilitam, reações químicas.
Estrutura da proteína citocromo c,
O processo de evolução dirigida do microrganismo Rhodothermus
começa com a enzima que se deseja marinus, mostrando um átomo
aprimorar. O DNA que a codifica é mutado de ferro (vermelho) no centro. Os
de forma mais ou menos aleatória, e as pesquisadores induziram mutações
nas enzimas (rosa) para melhorar a
enzimas resultantes são testadas para avaliar capacidade da proteína em formar
a característica desejada. Aquela que atingir ligações carbono-silício (Crédito:
o melhor desempenho é então mutada Frances Arnold Lab/Caltech)
novamente, e o processo é repetido até que
uma enzima descendente consiga executar a tarefa com um ganho substancial em
relação à enzima original.
42
TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA II
Neste caso, Sek Bik queria convencer a proteína a fazer algo que ela
nunca faria naturalmente. A melhor candidata encontrada foi uma proteína de
uma bactéria que cresce nas fontes termais da Islândia. Essa proteína, chamada
citocromo c, normalmente troca elétrons com outras proteínas, mas também é
capaz de agir como uma enzima para criar ligações silício-carbono em baixo
nível. Então, foi uma questão de usar a evolução dirigida, que permitiu obter a
enzima otimizada depois de apenas três rodadas evolutivas.
43
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A teoria de ligação de valência diz que uma ligação covalente se forma pela
sobreposição dos orbitais de dois átomos; essa sobreposição leva à união dos
átomos, pois ela permite que os elétrons participantes da ligação ocupem
simultaneamente os orbitais de ambos os átomos e sejam atraídos por seus
núcleos.
44
AUTOATIVIDADE
a) Propano:
b) 2-metilpropano:
c) But-1-en-3-ino:
45
46
UNIDADE 1
TÓPICO 3
FUNDAMENTOS DE QUÍMICA
ORGÂNICA III
1 INTRODUÇÃO
O Tópico 3 é dedicado ao aprofundamento dos conceitos relacionados às
ligações covalentes. No Tópico 2, vimos que as ligações covalentes são o resultado
do compartilhamento de elétrons da camada de valência entre dois átomos, agora,
entenderemos melhor como esse compartilhamento ocorre. Veremos que existem
ligações covalentes definidas como polares ou apolares e para entender esses
fenômenos, estudaremos o conceito de eletronegatividade e o que é o momento
de dipolo (que é diretamente relacionado com a diferença de eletronegatividades
entre os átomos pertencentes a uma determinada ligação química). Entendendo
então o caráter polar ou apolar de uma ligação química, seguiremos e estudaremos
os diferentes modos com que as moléculas podem interagir entre si, por meio das
interações intermoleculares.
47
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
2.1 ELETRONEGATIVIDADE
A eletronegatividade é uma característica intrínseca de cada elemento
químico e é definida como a tendência relativa de um átomo em atrair para si o
par de elétrons compartilhados em uma ligação covalente. A eletronegatividade é
uma propriedade periódica (ou seja, apresenta uma tendência baseada na posição
dos elementos químicos na tabela periódica). Assim, a eletronegatividade tende
a crescer da esquerda para a direita ao longo de um período devido ao aumento
da carga nuclear (ou seja, um aumento da carga positiva do núcleo pode atrair
mais efetivamente os elétrons negativos) e a decrescer de cima para baixo ao
longo de um grupo como consequência do aumento do raio atômico (o que leva
a um afastamento da camada de valência do núcleo, havendo menor interação
entre o núcleo e esses elétrons). Os valores de eletronegatividade são definidos
com base em uma escala arbitrária, com o flúor sendo o elemento químico mais
eletronegativo (eletronegatividade igual a 4,0) e o césio o menos eletronegativo
(eletronegatividade igual a 0,7). A periodicidade da eletronegatividade pode ser
vista na figura a seguir (elementos químicos de fundo cinza escuro são os mais
eletronegativos, os cinzas intermediários possuem eletronegatividade mediana e
os de fundo cinza claro são os menos eletronegativos).
FONTE: A autora
48
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA III
49
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
FONTE: A autora
Moléculas: H3C ___ K, H3C ___ F, H3C ___ MgBr e H3C ___ OH
RESPOSTAS
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TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA III
H C ___ F
3
EF - EC = 4,0 - 2,5 = 1,5
H3C ___ MgBr EC - EMg = 2,5 - 1,2 = 1,3
H C ___ OH
3
EO - EC = 3,5 - 2,5 = 1,0
51
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
momento de dipolo ⇒ m = e x d
Note que para as ligações H–H e C–C o momento de dipolo é igual a zero,
caracterizando uma ligação covalente apolar, justamente porque a ligação é entre
átomos do mesmo elemento químico, com mesma eletronegatividade. À medida
em que cresce a diferença de eletronegatividade entre os átomos da ligação, o
momento de dipolo da ligação aumenta devido ao aumento da polaridade na
ligação covalente.
RESPOSTA
Sabendo que o momento de dipolo é dado por m = e x d, que d é a
distância entre os átomos da ligação covalente (100 pm, o que equivale a 100
x 10-12 m) e que e é a carga unitária do elétron, podemos calcular o momento
de dipolo dessa ligação covalente como se segue:
52
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA III
1D 3,336 ×10-30 Cm
= = ⇒ x 4,8 D
x 160 ×10-31 Cm
53
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
FIGURA 27 – O MOMENTO DE DIPOLO TOTAL DE MOLÉCULAS QUE TÊM MAIS DO QUE UMA
LIGAÇÃO COVALENTE
FONTE: A autora
FONTE: A autora
54
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA III
DICAS
3 INTERAÇÕES INTERMOLECULARES
Até o momento, estudamos as moléculas de forma isolada, contudo essa
não é a realidade do nosso mundo macroscópico. Isso porque não conseguimos
trabalhar com uma molécula isolada e tudo o que conhecemos como matéria
é, na realidade, um conjunto de milhares de moléculas. Por exemplo, quando
estudamos as propriedades da água (como densidade, pressão de vapor,
temperatura de ebulição etc.) estamos estudando, de fato, as propriedades do
conjunto de moléculas de água.
55
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
FONTE: A autora
56
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA III
DICAS
57
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
FONTE: A autora
FONTE: A autora
58
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA III
FONTE: A autora
59
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
Como visto na figura anterior, a ligação dupla C=C não foi desenhada em
zigue-zague, mas sim de forma linear. Nesse caso, escolhemos identificar a ligação
dupla de forma linear apenas para enfatizá-la, mas, muitas vezes, podemos optar
por desenhar as ligações duplas também em zigue-zague, a fim de indicar que
essas ligações têm um ângulo de 120º devido à hibridização sp2 dos orbitais do
carbono. Para a ligação tripla C≡C, o modo mais usual é representá-la de forma
linear, respeitando o ângulo de 180º formado entre as ligações de um carbono sp
(veja os exemplos na Figura 34).
FONTE: A autora
60
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA III
FONTE: A autora
61
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
E
IMPORTANT
FONTE: A autora
62
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA III
FONTE: A autora
Note que o segundo carbono possui ligado a ele, além do resto da cadeia,
uma cadeia menor, constituída de dois átomos de carbono. Essa cadeia menor
é chamada de ramificação, o que torna a cadeia carbônica ramificada. A cadeia
maior (ou seja, aquela que contém o maior número de carbonos ligados entre si)
é chamada de cadeia principal.
FONTE: A autora
63
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
FONTE: A autora
RESPOSTA
64
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA III
FONTE: A autora
65
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
NOTA
66
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA III
ATENCAO
• Grupos funcionais nos quais o carbono forma ligações simples com átomos
mais eletronegativos (nitrogênio, oxigênio, enxofre, fósforo e halogênios):
esses grupos funcionais apresentam como característica ligações polares,
formadas pela ligação entre o carbono (que exibe uma carga parcial positiva,
d+ e o átomo mais eletronegativo (que exibe uma carga parcial negativa, d-).
• Grupos funcionais nos quais o carbono forma ligação dupla com o oxigênio
(grupo carbonila, C=O): a ligação dupla entre o carbono e o oxigênio forma o
grupo C=O, designado como grupo carbonila. A ligação carbonila é polarizada,
sendo que o carbono exibe uma carga parcial positiva (d+ e o oxigênio, mais
eletronegativo, exibe uma carga parcial negativa d-).
67
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
Fórmula
Estrutura do
Grupo funcional molecular Exemplo
grupo funcional
genérica
Alcano (na realidade,
Possui apenas
os alcanos não
RH ligações C–C e CH3CH3
possuem grupo
C–H
funcional)
Alceno (o grupo
funcional é a ligação C C H2C=CH2
RHC=CHR
dupla C=C)
Alcino (o grupo
funcional é a ligação RC≡CR C C HC≡CH
C≡C)
H
Hidrocarbonetos
C H C H
Areno (o grupo C C C C
funcional é um anel ArH
C C C C
aromático) C H C H
Haleto de alquila
(o grupo funcional
RX C X H3C–Cl
é a ligação C–
Halogênio)
Álcool (o grupo
funcional é a ligação ROH C OH H3C–OH
C–O)
Éter (o grupo
funcional é a ligação ROR C O C H3C–O–CH3
C–O–C)
Ligação simples C e N, O, S ou X
C NH2
Amina (o grupo
funcional é a ligação Amina primária
C–NH2. Porém estes H3C–NH2
dois hidrogênios C NH H3C–NH–CH3
RNH2
também podem H3C–N(CH3)2–
ser substituídos Amina secundária CH3
por outros grupos
alquila)
C N
Amina terciária
68
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA III
Tiól (o grupo
H3C–SH
funcional é a ligação RSH C SH
C–SH)
Sulfeto (o grupo
H3C–S–CH3
funcional é a ligação RSR C S C
C–S–C)
Aldeído (o grupo
O
funcional é o C=O, O O
com pelo menos um C C H
H3 C C H
hidrogênio ligado ao R H
carbono)
Cetona (o grupo
O
funcional é o C=O, O O
com dois grupos C C C
H3 C C CH3
alquila ligados ao R R
carbono)
O
Ácido carboxílico (o O O
grupo funcional é o C C OH
H3 C C OH
COOH) R OH
O
O O
Éster (o grupo
C C O C
funcional é COOR) H3 C C O CH3
R OR
C C NH2
Amida (o grupo O
Amida primária
funcional é o H3 C C NH2
O
CONH2. Os O O
hidrogênios ligados C C NH
H
Grupo carbonila
Amida terciária
69
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA QUÍMICA ORGÂNICA
RESPOSTAS
a) A representação usada é a condensada, pois as ligações simples C–H e C–O
não estão desenhadas, sendo mostradas de forma implícita, enquanto que
as ligações com heteroátomos são indicadas por traços (ligação C=O e C–N).
b) Estrutura esquelética:
c) Fórmula molecular: C5H11O2NS.
d) Grupos funcionais:
Grupos funcionais:
70
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA III
DICAS
71
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
72
AUTOATIVIDADE
a) H3C–F:
b) H3C-NH2 :
c) H2N–H :
d) H3C–MgBr :
a) H3C–Cl ou Cl-Cl
b) H3C-Li ou Li-OH
c) H3C–Cl ou H3C–H
OH
HO
CH3 O OH
H C H
N N O
C C HO C C C C C OH
H C
C N O H OH H O
N C CH3
H3 C Ácido cítrico
O
Cafeína
73
5 Classifique as seguintes cadeias carbônicas:
NH CH3 CH3
S CH2
Cl Cl H3C
OH
Caprolactona Gás mostarda Linalol
OH H
HO N O
CH3 OH
H 3C O HO
74
UNIDADE 2
GRUPOS FUNCIONAIS I:
ALCANOS E ALCENOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
75
76
UNIDADE 2 TÓPICO 1
HIDROCARBONETOS I: ALCANOS
E CICLOALCANOS
1 INTRODUÇÃO
Na Unidade 1 desse livro, estudamos os fundamentos que regem a
química orgânica, podendo entender o papel central do carbono. Vimos conceitos
relacionados à estrutura atômica, ligação química, orbitais híbridos, interações
intermoleculares com o intuito de podermos estudarmos os diferentes grupos
funcionais orgânicos.
2 ALCANOS
Como mencionado na Unidade 1 deste livro de estudos, os alcanos integram
a classe de hidrocarbonetos, ou seja, são formados apenas por átomos de carbono e
hidrogênio. O metano e o etano, já citados neste livro de estudos, são alcanos. Essa
classe de moléculas é geralmente descrita como hidrocarbonetos saturados, pois
possuem apenas ligações simples C–C e H–H, o termo saturado se refere ao fato
de que, por haver apenas ligações simples, a quantidade de átomos de hidrogênio
ligados a cada átomo de carbono da molécula é máxima. Isso significa que todos os
átomos de carbono da molécula possuem hibridização sp3 e as ligações formadas
são do tipo σ devido à sobreposição frontal entre os orbitais sp3. Devido ao fato
de que as eletronegatividades do carbono e do hidrogênio serem semelhantes,
a ligação C–H é apolar, ou seja, os elétrons da ligação C–H são compartilhados
igualmente pelos átomos, não havendo polaridade sobre a molécula.
77
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
nos alcanos, é possível definir que a fórmula geral dos alcanos é CnH2n+2, em que
n pode ser qualquer número inteiro. Desse modo, o metano – o alcano mais
simples – é constituído por um átomo de carbono e quatro átomos de hidrogênio;
do mesmo modo, o etano é formado por dois átomos de carbono e seis átomos
de hidrogênio. Perceba essa relação analisando os dados presentes na tabela a
seguir, que mostra as estruturas de alguns alcanos e suas fórmulas moleculares.
78
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS I: ALCANOS E CICLOALCANOS
perceber que todos esses nomes apresentam um sufixo em comum, -ano, mas
esse assunto será melhor analisado adiante. Assim, o grupo alquila, derivado do
metano, é chamado de metila, e o derivado do etano de etila. Na figura a seguir
são mostradas algumas estruturas dos substituintes alquila de cadeia linear, nos
quais o átomo de hidrogênio “retirado” foi de um carbono terminal.
FONTE: A autora
79
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
a) A cadeia principal é definida pela cadeia de carbono mais longa (ou seja, que
contém maior número de átomos de carbono ligados entre si). Devemos nos
atentar para o fato de que nem sempre a cadeia principal está representada de
forma linear e aparente, em alguns casos, teremos que fazer “curvas”.
80
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS I: ALCANOS E CICLOALCANOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
81
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
82
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS I: ALCANOS E CICLOALCANOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
83
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
Substituintes:
FONTE: A autora
FONTE: A autora
FONTE: A autora
85
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
RESPOSTA
86
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS I: ALCANOS E CICLOALCANOS
NOTA
A IUPAC foi formada em 1919 por químicos – que trabalhavam tanto na indústria,
como na área acadêmica – que reconheceram a necessidade de uma padronização
internacional da química, uma vez que a padronização de pesos, medidas, nomes e símbolos
é essencial para o bom desenvolvimento e crescimento da pesquisa e do comércio a nível
internacional. Foi justamente esse desejo por uma cooperação internacional mais efetiva
que motivou a criação da IUPAC e que levou às padronizações que conhecemos hoje,
como: a nomenclatura de compostos orgânicos e inorgânicos; a padronização das massas
atômicas; a padronização de constantes físicos; a compilação em tabelas das propriedades
da matéria; e a padronização dos formatos das publicações na área de química.
Para saber mais, acesse a página da IUPAC: Disponível em: <https://iupac.org/>. Acesso em:
19 abr. 2018.
87
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
DICAS
88
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS I: ALCANOS E CICLOALCANOS
FONTE: A autora
89
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FIGURA 12 – ROTAÇÃO EM TORNO DE UMA LIGAÇÃO C–C PARA UM ALCANO (a figura acima
mostra a vista lateral e a debaixo a vista frontal do arranjo das ligações da molécula do etano em
função da rotação da ligação C–C)
FONTE: A autora
90
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS I: ALCANOS E CICLOALCANOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
91
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
Para o butano, a situação fica ainda mais complexa, pois agora há dois
grupos –CH3, o que faz com que haja quatro conformações limite: duas alternadas,
que diferem na posição relativa dos grupos –CH3 (uma mais estável, na qual os
dois grupos –CH3 estão o mais distante possível a 180º, chamada de conformação
anti e outra, um pouco menos estável devido à aproximação dos grupos –CH3
em um ângulo de 60º, chamada de conformação gauche), vale salientar que a
conformação gauche é 3,8 kJ.mol-1 mais energética do que a anti, porque nessa
conformação os grupos –CH3 estão muito próximos e há o efeito do impedimento
estérico, que resulta de uma interação de repulsão forte entre dois grupos que
são forçados a permanecerem próximos além do permitido pelo seu raio atômico;
há ainda duas conformações eclipsadas, sendo uma delas a menos estável de
todas devido ao efeito combinado da tensão de torção e do impedimento estérico
entre os grupos –CH3. A figura a seguir mostra essas conformações e o gráfico do
potencial de energia em função da rotação para o butano.
92
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS I: ALCANOS E CICLOALCANOS
FONTE: A autora
93
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
95
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
DICAS
3 CICLOALCANOS
Os cicloalcanos, como o próprio nome sugere, são os alcanos de cadeia
fechada (ou cíclica), cuja fórmula geral é CnH2n, sendo n qualquer número
inteiro. Como apresentado, uma cadeia fechada também é denominada de anel
e o tamanho do anel é determinado pela quantidade de átomos de carbono que
fazem parte dessa estrutura.
FONTE: A autora
FONTE: A autora
97
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
98
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS I: ALCANOS E CICLOALCANOS
FONTE: A autora
NOTA
Os prefixos cis- e trans- vêm do latim e significam “no mesmo lado” e “no lado
contrário, respectivamente.
99
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
100
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS I: ALCANOS E CICLOALCANOS
FONTE: A autora
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UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
102
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS I: ALCANOS E CICLOALCANOS
FONTE: A autora
103
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
104
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A fórmula geral dos alcanos é CnH2n+2, em que n pode ser qualquer número
inteiro.
• Os confôrmeros dos alcanos de cadeia mais simples (que são cada uma das
moléculas resultantes como consequência da livre rotação em torno de uma
ligação simples em um alcano) e suas energias relativas.
• Os cicloalcanos são os alcanos de cadeia fechada (ou cíclica), cuja fórmula geral
é CnH2n, sendo n qualquer número inteiro.
• As tensões do anel típico dos cicloalcanos, que podem ser a tensão ângula
(gerada por uma possível distorção em relação aos ângulos de ligação
tetraédrico), a tensão de torção (gerada pela repulsão entre os elétrons que
participam da ligação dos diferentes substituintes) e a tensão estérica.
105
AUTOATIVIDADE
a) b) c) d)
a) 3-etil-4,4-dimetilpentano
b) 3,3-dietil-2,5-dimetilnonano
c) cis-1,2-dimetilciclobutano
d) trans-1,2-dimetilciclobutano
a)
b)
106
UNIDADE 2 TÓPICO 2
INTRODUÇÃO ÀS REAÇÕES
ORGÂNICAS
1 INTRODUÇÃO
Na Unidade 1 deste livro de estudos vimos alguns dos fundamentos
que regem a química orgânica, como os orbitais atômicos, a teoria da ligação
química, a hibridização que ocorre nos orbitais do carbono e os aspectos sobre
a ligação covalente. Também introduzimos os grupos funcionais orgânicos, e
tratamos dos aspectos mais importantes da química dos alcanos e cicloalcanos.
Apresentamos que os grupos funcionais determinam as propriedades químicas
de moléculas contendo um mesmo grupo funcional e, assim, vimos que os
alcanos e cicloalcanos, hidrocarbonetos saturados apresentam baixa reatividade,
sendo até chamados, anteriormente, de parafinas. No entanto, percebeu-se que a
maioria dos outros grupos funcionais sofrem reações químicas mais facilmente.
Por isso, vamos introduzir as ideias fundamentais nas quais se baseiam as
reações químicas das moléculas orgânicas (ou, de modo mais simples, as reações
orgânicas), a fim de que possamos estudar posteriormente os aspectos reativos
de cada grupo funcional.
2 REAÇÕES ORGÂNICAS
Uma reação química ocorre quando duas substâncias diferentes se
chocam com energia suficiente para quebrar alguma ligação específica entre os
átomos dessas substâncias, permitindo que esses átomos se rearranjem a fim de
formar uma nova ligação e, portanto, uma nova substância. Esse processo de
quebra e formação de ligações não é tão simples assim, pois existe um caminho
a ser percorrido e condições favoráveis que permitem a ocorrência da reação
química. Veremos nos subtópicos seguintes alguns dos fatores que influenciam
as reações orgânicas especificamente, mas, antes, precisamos nos familiarizar
com alguns pontos importantes.
107
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
DICAS
109
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
dupla de uma molécula de eteno que pode, assim, reagir com outras moléculas
de eteno, gerando o polietileno (veja o esquema na Figura 33, à direita, tem-se
a representação comumente utilizada para representar um polímero: dentro do
colchetes, tem-se a estrutura da unidade menor que dá a origem ao polímero
(chamada de monômero) e a letra n ao lado do parênteses indica que a repetição
do monômero ocorre inúmeras vezes).
FONTE: A autora
DICAS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
112
TÓPICO 2 | INTRODUÇÃO ÀS REAÇÕES ORGÂNICAS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
113
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
DICAS
FONTE: A autora
DICAS
114
TÓPICO 2 | INTRODUÇÃO ÀS REAÇÕES ORGÂNICAS
Existem dois modos em que uma ligação covalente pode ser quebrada:
a quebra homolítica, em que ocorre uma quebra simétrica da ligação, ou seja,
após a quebra cada um dos átomos permanece com um dos elétrons do par
compartilhado; e a quebra heterolítica, aquela em que a quebra é assimétrica, ou
seja, apena um único átomo fica com o par de elétrons. Do mesmo modo, existem
duas maneiras em que uma ligação covalente nova pode se formar: de maneira
eletronicamente simétrica, em que cada átomo compartilha um elétron para a nova
ligação; e de maneira eletronicamente assimétrica, em que um átomo contribui
com dois elétrons, enquanto que o segundo átomo aceita esses dois elétrons. As
figuras a seguir mostram o fluxo de elétrons nas quebras homolítica e heterolítica
e nas formações de novas ligações simétrica e assimétrica, respectivamente (os
elétrons de cada ligação são mostrados de acordo com a representação de Lewis,
que estudamos na Unidade 1 deste livro de estudos, assim, cada pontinho nas
Figuras 38 e 39 indicam um elétron).
FONTE: A autora
FONTE: A autora
115
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
116
TÓPICO 2 | INTRODUÇÃO ÀS REAÇÕES ORGÂNICAS
117
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
Grupo Grupo
Polaridade da ligação Polaridade da ligação
funcional funcional
Álcool Nitrila
(polar) (polar)
Alceno e Ácido
alcino carboxílico
(apolares) (polar)
Haleto de
Aldeído
alquila
(polar)
(polar)
Amina Cetona
(polar) (polar)
Éter Éster
(polar) (polar)
FONTE: A autora
FONTE: A autora
119
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
c) Uma molécula com uma ligação dupla: lembre-se de que uma dupla ligação
é formada por uma ligação s e uma ligação p, assim, a ligação p se quebra e o
par de elétrons ataca o eletrófilo.
d) Um átomo muito eletronegativo ligado a um outro átomo pouco eletronegativo:
como vimos, o átomo muito eletronegativo atrai aos elétrons da ligação para
si, ficando com uma carga parcial negativa, d-; assim, esse átomo concentra o
par de elétrons da ligação sobre ele, doando-o para o eletrófilo.
FONTE: A autora
a) Um cátion: um cátion é uma espécie positivamente carregada (ou seja, ela está
com falta de elétrons), o que a caracteriza como uma boa receptora de elétrons.
b) Uma molécula com um orbital p vazio: esse orbital p vazio pode facilmente
acomodar os elétrons doados pelo nucleófilo.
c) Um átomo ligado por dupla ligação com um elemento muito eletronegativo:
se a ligação p se quebra o átomo eletronegativo atrai para si os elétrons dessa
ligação, fazendo com que o outro átomo participante da ligação fique com
deficiência de elétrons, sendo, portanto, um bom receptor.
d) Um átomo pouco eletronegativo ligado a um outro átomo muito eletronegativo:
surge uma carga parcial positiva, d+, sobre o átomo menos eletronegativo,
fazendo com que ele seja um bom aceptor de elétrons.
120
TÓPICO 2 | INTRODUÇÃO ÀS REAÇÕES ORGÂNICAS
FONTE: A autora
P + CH3I P CH3 + I
Trifenilfosfina Iodometano
122
• O sentido das representações das setas curvas é de um local rico em elétrons
em direção a um local pobre em elétrons.
123
AUTOATIVIDADE
a)
b)
c)
a) Desidratação do etanol:
a) +NO2
b) -C≡N
c) CH3S-
d) CH3NH2
124
5 Determine o sentido da seta curva nos reagentes para a formação dos
produtos nas seguintes reações:
a)
b)
125
126
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 1 dessa Unidade, iniciamos nossos estudos sobre os
hidrocarbonetos, estudando os alcanos e os cicloalcanos, que são, na realidade,
os hidrocarbonetos mais simples. Agora, ampliaremos nosso conhecimento sobre
os hidrocarbonetos e estudaremos o grupo funcional dos alcenos.
2 ALCENOS
Os alcenos, assim como os alcanos, integram a classe de hidrocarbonetos,
pois são formados apenas por átomos de carbono e de hidrogênio. A cadeia
carbônica de um alceno contém pelo menos uma ligação dupla C=C, além das
ligações simples C–C e H–H, fazendo com que os alcenos sejam classificados
como compostos insaturados. Dessa forma, na estrutura de um alceno existem
carbonos com hibridização sp3, que são os que possuem ligações simples s,
assim como carbonos com hibridização sp2, que são aqueles que participam das
duplas ligações C=C (lembre-se dos conceitos já estudados: uma dupla ligação é
resultado da sobreposição frontal entre os orbitais sp2 dos carbonos, formando
uma ligação s, e da superposição lateral dos orbitais p não hibridizados, formando
uma ligação p). É importante expor que os alcenos são moléculas apolares, pois
as eletronegatividades do carbono e do hidrogênio são semelhantes, tornando
a ligação C–H apolar (ou seja, os elétrons da ligação C–H são compartilhados
igualmente pelos átomos), não havendo polaridade sobre a molécula.
127
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
Fórmula
na Nome Estrutura condensada
molecular
2 C2H4 Eteno H2C=CH2
3 C3H6 Propeno CH3CH=CH2
4 C4H8 1-buteno CH2=CHCH2CH3
4 C4H8 2-buteno CH3CH=CHCH3
5 C5H10 1-penteno CH2=CHCH2CH2CH3
5 C5H10 2-penteno CH3CH=CHCH2CH3
6 C6H12 1-hexeno CH2=CHCH2 CH2CH2CH3
a
n = número de carbonos
FONTE: A autora
128
TÓPICO 3 | HIDROCARBONETOS II: ALCENOS
FONTE: A autora
A cadeia principal é definida pela cadeia de carbono mais longa (ou seja,
que contém maior número de átomos de carbono ligados entre si) que contenha
as ligações duplas C=C.
FONTE: A autora
129
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
130
TÓPICO 3 | HIDROCARBONETOS II: ALCENOS
FONTE: A autora
RESPOSTAS
131
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
132
TÓPICO 3 | HIDROCARBONETOS II: ALCENOS
E
IMPORTANT
FONTE: A autora
133
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
134
TÓPICO 3 | HIDROCARBONETOS II: ALCENOS
FONTE: A autora
3.1.1 Nomenclatura E, Z
A nomenclatura cis-trans funciona muito bem para os alcenos não
substituídos (ou seja, que não contém ramificações/substituintes) ou que contém
apenas uma ligação dupla, pois nesses casos os carbonos que participam da
ligação dupla C=C também se ligam ao hidrogênio. No entanto, como você
classificaria os estereoisômeros 1 e 2 do 1-bromo-2-cloropropeno de acordo com
a nomenclatura cis-trans?
FIGURA 52 – ESTEREOISÔMEROS E, Z
FONTE: A autora
136
TÓPICO 3 | HIDROCARBONETOS II: ALCENOS
FONTE: A autora
Para os casos em que dois ou mais grupos ligados aos carbonos da ligação
dupla C=C se iniciem com o mesmo átomo, devemos observar os outros átomos
(em sequência) desses grupos para, assim, definir a prioridade relativa entre eles.
Para ficar claro, vamos determinar se a molécula mostrada a seguir se trata do
estereoisômero Z ou E:
137
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
ATENCAO
138
TÓPICO 3 | HIDROCARBONETOS II: ALCENOS
FONTE: A autora
139
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
140
TÓPICO 3 | HIDROCARBONETOS II: ALCENOS
FONTE: A autora
DICAS
141
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
FONTE: A autora
142
TÓPICO 3 | HIDROCARBONETOS II: ALCENOS
eletronegativo, e por isso pode aceitar facilmente o par de elétrons doado pela
ligação p do propeno). Esse ataque nucleófilo faz com que a ligação p se quebre,
formando uma nova ligação s C–H e gerando um intermediário carbocátion
(um carbocátion nada mais é do que um cátion de carbono, ou seja, uma espécie
intermediária que possui um átomo de carbono deficiente em elétrons, e,
portanto, positivo). O átomo de carbono positivo do carbocátion é então atacado
pelo brometo, resultando em uma ligação C–Br para a obtenção do produto final,
o 2-bromopropano.
FONTE: A autora
143
UNIDADE 2 | GRUPOS FUNCIONAIS I: ALCANOS E ALCENOS
relativamente mais positivo (ou seja, com uma carga parcial positiva), enquanto
que o outro átomo de cloro, mais afastado, tenha uma carga parcial negativa.
Portanto, voltando ao mecanismo da reação, o ataque nucleófilo da ligação dupla
C=C faz com que a ligação p se quebre, formando uma nova ligação s C–Cl e
gerando um intermediário carbocátion. Assim, o átomo de carbono positivo do
carbocátion é atacado pelo cloreto, resultando em uma outra ligação C–Cl para a
obtenção do 1,2-dicloropropano.
FONTE: A autora
FONTE: A autora
LEITURA COMPLEMENTAR
Mandy Kendrick
Um cacho de bananas pendurado
na bananeira ou na banca de frutas do
supermercado, geralmente, está verde, bem
duro e nada saboroso. Com o passar do
tempo, as frutas se tornam macias e doces.
O que as faz amadurecer é uma substância
química natural que, na forma sintética,
é usada para produzir canos e sacolas
plásticas de PVC (cloreto de polivinil) – um
fito-hormônio gasoso chamado etileno.
146
TÓPICO 3 | HIDROCARBONETOS II: ALCENOS
das sementes, a mudança de cor das folhas e o fenecimento das pétalas das flores.
Por se difundir facilmente, o gás pode se deslocar através da planta de célula
para célula bem como para plantas vizinhas, servindo como um sinal de alerta de
perigo próximo e de ativação de sistemas defensivos apropriados.
147
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A fórmula geral dos alcanos é CnH2n, em que n pode ser qualquer número inteiro.
• A obtenção industrial dos alcenos mais simples (eteno, propeno e buteno) vem
do craqueamento do petróleo.
• Os alcenos são moléculas bastante reativas por possuírem ligações duplas C=C
(isso porque os elétrons da ligação p não estão muito protegidos, podendo,
portanto, reagir facilmente com outras moléculas).
148
AUTOATIVIDADE
a) b) c) d)
a) 2,3-dimetil-1,3-ciclohexadieno
b) 3,4-diisopropil-2,5-dimetil-3-hexeno
c) 2-metil-1,5-hexadieno
d) 1-isopropil-4-metilciclohexeno
a) b) c) d)
149
150
UNIDADE 3
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 2 – ESTEREOQUÍMICA
151
152
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Na Unidade 2 deste livro de estudos, já estudamos os alcanos e cicloalcanos;
e os alcenos. Agora, para continuarmos nossos estudos sobre os hidrocarbonetos,
passaremos para o grupo funcional dos alcinos.
2 ALCINOS
Os alcinos são formados apenas por átomos de carbono e de hidrogênio,
assim, com os alcanos e os alcenos, integram a classe de hidrocarbonetos. Os
alcinos são classificados como compostos insaturados, pois suas cadeias carbônicas
contêm, ao menos, uma ligação dupla C≡C (além das ligações simples C–C e C–H).
Dessa forma, na estrutura de um alcino existem carbonos com hibridização sp3,
que são os que possuem ligações simples s, assim como carbonos com hibridização
sp, que são aqueles que participam das ligações triplas C≡C (como estudados no
Tópico 1 da Unidade 1 deste livro de estudos, uma ligação tripla C≡C é resultado
da sobreposição frontal entre os orbitais sp dos carbonos, formando uma ligação
s, e da superposição lateral de dois orbitais p não hibridizados, formando duas
ligações p). Vale dizer que, devido à ligação tripla, os alcinos possuem quatro
átomos de hidrogênio a menos que os alcanos correspondentes. Desse modo, a
fórmula geral dos alcinos é CnH2n-2, em que n pode ser qualquer número inteiro.
Na Tabela 1, são mostradas as fórmulas moleculares e as estruturas condensadas
de alguns dos alcinos mais simples (contendo apenas uma ligação C≡C).
153
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
Fórmula
na Nome Estrutura condensada
molecular
2 C2H2 Etino HC≡CH
3 C3H4 Propino CH3C≡CH
4 C4H6 1-butino HC≡CCH2CH3
4 C4H6 2-butino CH3C≡CCH3
5 C5H8 1-pentino HC≡CCH2CH2CH3
5 C5H8 2-pentino CH3C≡CCH2CH3
6 C6H10 1-hexino HC≡CCH2CH2CH2CH3
a
n = número de carbonos
FONTE: A autora
A cadeia principal é definida pela cadeia de carbono mais longa (ou seja,
que contém maior número de átomos de carbono ligados entre si) que contenha
as ligações triplas C≡C.
154
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS III: ALCINOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
155
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
156
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS III: ALCINOS
RESPOSTA
157
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
RESPOSTA
158
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS III: ALCINOS
FONTE: A autora
159
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
entre os alcinos mais forte. Assim, a combinação desses fatores faz com que as
interações intermoleculares (que, para todos os hidrocarbonetos, ocorrem devido
às forças de dispersão, pois se tratam de moléculas apolares) entre os alcinos
sejam mais fortes do que para os alcanos, tornando mais difícil a ebulição desses
compostos (lembre-se de que um ponto de ebulição maior indica que é necessário
fornecer uma energia maior para permitir que as moléculas de uma determinada
substância passem da fase líquida para a gasosa).
161
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
FONTE: A autora
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TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS III: ALCINOS
FONTE: A autora
163
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FONTE: A autora
164
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS III: ALCINOS
FONTE: A autora
Com base no que foi exposto, note que as reações dos alcinos são muito
semelhantes às reações dos alcenos. No entanto, é importante saber que os alcinos
são menos reativos que os alcenos. Isso pode parecer estranho a um primeiro
momento, já que os alcinos possuem maior quantidade de elétrons em torno da
ligação tripla C≡C em comparação à ligação dupla C=C dos alcenos, o que poderia
fazer com que os alcinos doassem mais facilmente elétrons a um eletrófilo do que
os alcenos. Na verdade, para poder entender essa diferença de reatividade entre
os alcenos e os alcinos, precisamos analisar a estrutura do intermediário que é
formado durante a reação.
165
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
DICAS
FONTE: A autora
166
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS III: ALCINOS
Toda essa discussão que tivemos até agora vale para os carbocátions em
geral, ou seja, para uma mesma série, a estabilidade do carbocátion cresce na
seguinte ordem: carbocátion primário < carbocátion secundário < carbocátion
teciário. Porém, é importante notar que os carbocátions formados a partir
dos alcenos são diferentes dos carbocátions formados a partir dos alcinos
(precisamente na etapa 1). Para os alcenos, o carbocátion formado pela adição
de um átomo de hidrogênio ao carbono da ligação dupla C=C é um carbocátion
alquílico (lembre-se de que um grupo alquila é um grupo em que todos os
átomos de carbonos estão ligados por ligações simples), enquanto que a adição
do hidrogênio ao carbono da ligação tripla C≡C é um cátion vinílico (um grupo
vinil é aquele em que existe uma ligação C=C). Como dito, os alcinos são
menos reativos que os alcenos e isso se deve à estabilidade do intermediário
(do carbocátion), assim, podemos inferir que um carbocátion alquílico é mais
estável que um cátion vinílico. No entanto, por que isso acontece? Um cátion
vinílico é menos estável porque a carga positiva está sobre um carbono sp, que
é mais eletronegativo do que um carbono sp2 do carbocátion alquila. Isso faz
com que o cátion vinílico consiga “suportar” menos essa carga positiva do que
o carbocátion alquílico, já que espécies mais eletronegativas têm a tendência
(quase que uma necessidade, por assim dizer) de atrair os elétrons da ligação
para si, ficando com uma carga parcial negativa, para se estabilizarem. Dessa
forma, a estabilidade relativa dos cátions vinílicos e carbocátions alquílicos está
descrita na figura a seguir.
167
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
168
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS III: ALCINOS
FONTE: A autora
169
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
AUTOATIVIDADE
a)
b)
170
TÓPICO 1 | HIDROCARBONETOS III: ALCINOS
DICAS
171
RESUMO DO TÓPICO 1
• A fórmula geral dos alcinos é CnH2n-2, em que n pode ser qualquer número
inteiro.
• Os alcinos são moléculas bastante reativas por possuírem ligações triplas C≡C
(isso porque os elétrons da ligação p não estão muito protegidos, podendo,
portanto, reagir facilmente com outras moléculas).
172
AUTOATIVIDADE
a) 3,3-dimetil-4-octino
b) 2,2,5,5-tetrametil-3-hexino
c) 2 3-etil-5-metil-1,6,8-decatriino
173
174
UNIDADE 3
TÓPICO 2
ESTEREOQUÍMICA
1 INTRODUÇÃO
Estereoquímica se refere ao estudo dos aspectos tridimensionais das
moléculas. Para entender o que ela é, deve-se entender primeiro o que é isomeria
e como ela se divide.
Desde o início deste livro de estudos já nos deparamos com alguns isômeros
e os analisamos. De fato, entender o que são isômeros é muito importante para
o estudo da química orgânica porque existem muitas moléculas orgânicas que
apresentam isomeria e é essencial saber reconhecer o tipo de isomeria e qual as
influências dessa isomeria nas propriedades dos compostos.
2 ISOMERIA
Isomeria é um fenômeno em que duas ou mais substâncias, denominadas
isômeros, compartilham a mesma fórmula molecular (ou seja, possuem o mesmo
conjunto de átomos), porém apresentam diferentes estruturas químicas (ou seja,
diferente arranjo entre os átomos).
175
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
FONTE: A autora
176
TÓPICO 2 | ESTEREOQUÍMICA
FONTE: A autora
FONTE: A autora
177
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
NOTA
É interessante saber que o termo “quiral” é derivado da palavra grega “cheir”, que
significa “mão”.
178
TÓPICO 2 | ESTEREOQUÍMICA
179
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
FONTE: A autora
180
TÓPICO 2 | ESTEREOQUÍMICA
RESPOSTA
181
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
4 ENANTIÔMEROS
De forma visual, podemos perceber que uma molécula contendo pelo
menos um carbono assimétrico é quiral, observando as moléculas genéricas
representadas pelas fórmulas moleculares CH3X, CH2XY e CHXYZ (em que X, Y
e Z representam grupos quaisquer e diferentes). Como esquematizado na figura
anterior, as moléculas CH3X e CH2XY (que não têm carbono assimétrico, pois os
átomos de carbono das moléculas não estão ligados a quatro grupos diferentes)
possuem eixo (ou plano) de simetria, assim, suas imagens especulares podem
ser sobrepostas. Isso indica que a molécula “real” (aquela colocada em frente ao
espelho) é idêntica à imagem formada no espelho, o que indica que a molécula
“real” e a molécula “imagem” são idênticas, ou seja, tratam-se da mesma molécula.
Lembre-se de que moléculas diferentes precisam ter fórmula molecular diferente
ou configuração espacial diferentes. Como, portanto, as moléculas CH3X e CH2XY
apresentam uma única configuração espacial, elas não possuem isômeros.
FONTE: A autora
FONTE: A autora
183
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
185
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
FONTE: A autora
a) Fórmula em perspectiva.
b) Projeção de Fischer.
RESPOSTA
186
TÓPICO 2 | ESTEREOQUÍMICA
187
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
NOTA
188
TÓPICO 2 | ESTEREOQUÍMICA
FONTE: A autora
189
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
190
TÓPICO 2 | ESTEREOQUÍMICA
FONTE: A autora
191
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
192
TÓPICO 2 | ESTEREOQUÍMICA
193
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
E
IMPORTANT
DROGAS QUIRAIS
Até muito recentemente, a maioria das drogas eram comercializadas como misturas
racêmicas devido ao alto custo da separação de enantiômeros. Em 1992 o FDA (Food and
Drug Administration — instituição americana que regulamenta o uso de medicamentos
e alimentos naquele país) estabeleceu uma política que encorajava as companhias
farmacêuticas a usar os avanços recentes em técnicas de sínteses e separação para
desenvolver drogas com um único enantiômero. Agora um terço de todas as drogas
vendidas são enantiômeros puros. Um novo tratamento para a asma utiliza um enantiômero
puro chamado Singulair. Os antidepressivos Zoloft® e Paxil® (enantiômeros puros)
estão reduzindo o mercado do Prozac® (um racemato). O exame de uma droga com
enantiômero puro é simples, pois se a droga é vendida como um racemato o FDA requer
que ambos os enantiômeros sejam testados. Testes mostraram que a (S)-(+)-cetamina é
um analgésico quatro vezes mais potente que a (R)-(–)-cetamina e, ainda mais importante,
o distúrbio dos efeitos colaterais parecem estar associados somente ao enantiômero (R)-
(–). A atividade do ibuprofeno, analgésico popular comercializado como Advil®, Nuprin® e
Motrin®, reside principalmente no enantiômero (S)-(+). O FDA tem algumas preocupações
com a aprovação de drogas como enantiômeros puros devido à possibilidade de overdose
das drogas. As pessoas que estão tomando duas pílulas poderiam tomar somente uma?
O vício da heroína pode ser mantido com o (–)-α-acetilmetadol por um período de 72
horas quando comparado com as 24 horas da metadona racêmica. Isso significa visitas
menos frequentes à clínica, e uma única dose pode ser dada ao viciado por um final de
semana inteiro. Outra razão para o aumento das drogas enantiomericamente puras é que
as companhias farmacêuticas podem estender a patente pelo desenvolvimento de uma
droga como um enantiômero puro que foi comercializado anteriormente como racemato.
194
TÓPICO 2 | ESTEREOQUÍMICA
CALIXTO, Carolina Maria Fioramonti; CAVALHEIRO, Éder Tadeu Gomes. Penicilina: Efeito
do acaso e momento histórico no desenvolvimento científico. Química nova na escola. v.
34, n. 3, p. 118–123, 2012. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc34_3/03-
QS-92-11.pdf?agreq=quiral&agrep=qnesc,qnint>.
PILLI, Ronaldo Aloise. Catálise assimétrica e o prêmio nobel de química de 2001. Novos
paradigmas e aplicações. Química nova na escola. v. 14, p. 16–24 , 2001. Disponível em:
<http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc14/v14a04.pdf?agreq=quiral&agrep=qnesc,qnint>.
5 DIASTEREOISÔMEROS
Até agora tratamos de moléculas que apresentam apenas um carbono
assimétrico, originando, portanto, um par de enantiômeros que se diferenciam
pelo modo com que os grupos estão organizados no espaço, como é o caso dos
pares de enantiômeros do ácido lático, do 4-octanol e do 2,4-dimetilhexano e do
2-bromobutano. No entanto, como já introduzido anteriormente, foi dito que
a penicilina V possuía três carbonos assimétricos, muitos compostos orgânicos
encontrados na natureza apresentam mais de um carbono assimétrico. Dessa
forma, moléculas com mais de um carbono assimétrico terão mais configurações
possíveis além do par de enantiômeros. Por exemplo, o ácido 2-amino-3-
hidroxidobutanóico (chamado comumente de aminoácido treonina) possui dois
carbonos assimétricos, existindo na forma dos quatro estereoisômeros mostrados
na figura a seguir. Na verdade, sabendo quantos carbonos assimétricos uma
substância tem, pode-se calcular o número máximo de estereoisômeros possíveis
para aquela substância: uma substância pode ter o máximo de 2n estereoisômeros,
em que n é igual ao número de carbonos assimétricos (como o ácido 2-amino-3-
hidroxidobutanóico tem dois carbonos assimétricos, então, 22=4 estereoisômeros).
195
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
RESPOSTA
196
TÓPICO 2 | ESTEREOQUÍMICA
197
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
LEITURA COMPLEMENTAR
Francisco Bicudo
Poluentes e sangue
199
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
Piloto em perigo
200
TÓPICO 2 | ESTEREOQUÍMICA
FONTE: BICUDO, Francisco. O triunfo dos canhotos. Pesquisa FAPESP. p. 36–39, set.
2002. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2002/09/01/o-triunfo-dos-
canhotos/>. Acesso em: 18 jun. 2018.
201
RESUMO DO TÓPICO 2
• Uma molécula quiral tem imagem especular não sobreponível, enquanto que
uma molécula aquiral tem imagem especular sobreponível.
202
AUTOATIVIDADE
203
204
UNIDADE 3
TÓPICO 3
BENZENO E AROMATICIDADE
1 INTRODUÇÃO
O termo “aromático” foi proposto por August Wilhelm von Hoffmann (químico
alemão, 1818-1892) para se referir a uma classe de moléculas que possuía odores
característicos, como o benzaldeído, que é o composto que dá o cheiro de certas frutas
e das amêndoas, o tolueno, extraído do bálsamo de tolu, e o benzeno, responsável pelo
cheiro do carvão destilado. No entanto, com o avanço do conhecimento, determinou-se
que, na verdade, esses compostos tinham estruturas e propriedades químicas que as
diferenciavam dos outros compostos orgânicos. Desse modo, o termo “aromático” é
agora utilizado para se referir ao benzeno e aos seus derivados.
FONTE: A autora
205
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
2 A ESTRUTURA DO BENZENO
Desde sempre, sabia-se que o benzeno era um composto insaturado
formado por ligações duplas C=C, tendo como fórmula molecular C6H6,
característico dos alcenos. No entanto, o benzeno é muito mais estável que os
alcenos, além de reagir de maneira distinta ao modo como os alcenos reagem.
Isso confundiu os químicos da época, pois eles perceberam que, apesar de
ter uma fórmula molecular condizente com a fórmula geral definida para os
alcenos, a estrutura do benzeno tinha suas particularidades que distinguia suas
propriedades químicas desse grupo funcional.
FONTE: A autora
FONTE: A autora
206
TÓPICO 3 | BENZENO E AROMATICIDADE
207
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
FONTE: A autora
208
TÓPICO 3 | BENZENO E AROMATICIDADE
Assim, com base no que foi exposto, cada um dos elétrons participantes
das ligações p do benzeno não estão limitados a uma única ligação entre dois
carbonos (como aconteceria em um alceno, por exemplo). Como esses elétrons
estão deslocalizados (são compartilhados por todos os seis carbonos), eles acabam
como que por vagar livremente por toda a extensão da nuvem eletrônica formada
pela superposição lateral dos orbitais p, tornando todas as ligações entre carbonos
do anel idênticas. Os modos mais usuais de representar essa deslocalização
eletrônica da molécula de benzeno é desenhar os elétrons deslocalizados por
linhas tracejadas ou por um círculo que englobe todo o interior do hexágono (que
representa o anel cíclico de seis carbonos).
FONTE: A autora
UNI
209
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
FONTE: A autora
210
TÓPICO 3 | BENZENO E AROMATICIDADE
211
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
FONTE: A autora
212
TÓPICO 3 | BENZENO E AROMATICIDADE
FONTE: A autora
FONTE: A autora
213
UNIDADE 3 | GRUPOS FUNCIONAIS II: ALCINOS, ESTEREOQUÍMICA E COMPOSTOS AROMÁTICOS
FONTE: A autora
Nomenclatura Estrutura
Ácido benzoico
Anilina
Benzaldeído
214
TÓPICO 3 | BENZENO E AROMATICIDADE
Benzonitrila
Cumeno
Estireno
Fenol
Tolueno
FONTE: A autora
DICAS
215
RESUMO DO TÓPICO 3
216
AUTOATIVIDADE
a) Meta-cloroanilina
b) 1-cloro-3,5-dimetilbenzeno
c) Orto-bromotolueno
d) Para-clorotolueno.
217
218
REFERÊNCIAS
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da estrutura da matéria. Cadernos temáticos de química nova na escola, v. 4,
p. 6-13, 2001. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/04/mod-
teor.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2018.
BARBOSA, A.; SILVA, R. R. Da. Xampus. Química nova na escola, v. 2, p. 3–6, 1995.
Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc02/quimsoc.pdf>. Acesso
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CLAYDEN, J.; GREEVES, N.; WARREN, S. Organic Chemistry. 2. ed. New York:
Oxford University Press, 2012.
HUDSON, J. The History of Chemistry. Londres: The Macmillan Press LTD, 1992.
MCMURRY, J. Atividade óptica. Química Orgânica. 8. ed. [S.l.]: Cengage Learning, 2012.
221
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MCMURRY, John. Química Orgânica. 3. ed. São Pulo: Cengage Learning, 2016.
222
PINHO, D. M. M.; SUAREZ, P. a Z. A Hidrogenação de Óleos e Gorduras e suas
Aplicações Industriais. Revista Virtual de Química, v. 5, n. 1, p. 47–62, 2013.
Disponível em: <http://rvq-sub.sbq.org.br/index.php/rvq/article/view/436/302>.
Acesso em: 23 abr. 2018.
SOCRATIC. What are chiral and achiral molecules? Disponível em: <https://socratic.
org/questions/what-are-chiral-and-achiral-molecules>. Acesso em: 23 maio 2018.
223
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detergentes como tema organizador de aprendizagem no ensino médio.
Química Nova na Escola, v. 12, p. 15–19, 2000. Disponível em: <http://qnesc.sbq.
org.br/online/qnesc12/v12a04.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2018.
224