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I. S. KC.

Biblioteca

1 RESERVADO I

Universidade Técnica de Lisboa

Instituto Superior de Economia eGestão

Mestrado em: Economia Monetária eFinanceira

RISCO DE CRÉDITO NO SISTEMA BANCÁRIO PORTUGUÊS:


ALGUMA EVIDÊNCIA EMPÍRICA NO SEGMENTO DO CRÉDITO À HABITAÇÃO

Eduardo Sérgio Henriques Neves Martins

Orientação: Doutor José António de Azevedo Pereira

Júri:
Presidente: Doutor José António de Azevedo Pereira
Vogais: Doutor Jacinto António Setúbal Vidigal Silva
Doutor Eduardo Barbosa do Couto

Setembro/2006
#.
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

"ILIC
Risco DE CRÉDITO NO SISTEMA BANCÁRIO PORTUGU ÊS:
ALGUMA EVIDÊNCIA EMP Í RICA NO SEGMENTO DO CRÉDITO ÀHABITAÇÃO
Eduardo Sérgio Henriques Neves Martins

Mestrado em: Economia Monetária eFinanceira


Orientador: Prof. Doutor José António de Azevedo Pereira
Provas concluídas em:

RESUMO:

Em sistemas financeiros como o Português ou o Europeu, em que o sistema bancário

assume um peso preponderante face ao mercado de capitais (ao contrário do que ocorre

nos EUA), orisco de crédito desempenha um papel primordial na explicação das crises

financeiras.

Considerando o peso dominante que o segmento do crédito àhabitação representa no

total do crédito concedido aparticulares pelo Sistema Bancário Português, procurou-se

aplicar, a uma carteira de empréstimos do segmento do crédito à habitação, alguma

metodologia que permita caracterizar orisco de crédito àhabitação no Sistema Bancário

Português.

Este trabalho apresenta uma breve descrição dos riscos presentes nos mercados

bancários euma síntese da literatura teórica eempírica que se tem debruçado sobre o

risco de crédito no segmento do crédito à habitação, apresentando depois urna

metodologia de análise, começando por caracterizar aamostra e prosseguindo com a

descrição dos indicadores utilizados na análise univariada, cujos resultados suportam a

caracterização do risco de crédito àhabitação no Sistema Bancário Português, com base


num estudo de Altman eSuggitt (2000) enos rácios de loan-to-value edebt-to-income e

nos conceitos de taxa de incumprimento (


default risk) etaxa de mortalidade (
mortality

rate) marginal ecumulativa.

Palavras-chave: risco de crédito, sistema bancário, taxa de incumprimento, taxa de

mortalidade marginal ecumulativa

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

CREDIT RISK IN TI-IE PORTUGUESE BANKING SYSTEM:


SOME EMPIRICAL EVIDENCE IN M ORTGAGE LENDING
Eduardo Sérgio Henriques Neves Marfins

Masters in: Monetary and Financial Economy


Supervisor: Prof. Doutor José António de Azevedo Pereira
Conclusion of tesis: 18 d1 September 2006

ABSTRACT:

In financial systems like the Portuguese and the European, where the banking system is

more important than the capital market (the opposite that occurs in the United States),
credit risk assumes amain function for the explanation of financial crisis.

Considering the significant weight of mortgage lending in the overall credit granted to

customers, it was intended to apply, to a portfolio of mortgage loans, some


methodology that would characterize mortgage credit risk in the Portuguese Banking

System.

In this work, abrief description of the banking system risks and asurvey of theoretical

and empirical literature conceming mortgage credit risk are presented. After that, there
are described amethodology of analysis consisting on the characterization of the sample

and the indicators used in the univariate analysis producing outputs whose supports
the characterization of the mortgage credit risk in the Portuguese Banking System,
based on astudy from Altman eSuggitt (2000), involving the ratios loan-to-value and

debt-to-income and the concepts of default risk and marginal and cumulative

mortal ity.

Keywords: credit risk, banking system, default rate, marginal and cumulative mortality
rate

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Índice

1. Introdução 9

2. Revisão conceptual eda literatura 12

2.1. Conceitos de risco 12

2.1.1. Risco de crédito 12

2.1.2. Risco de mercado 15

2.1.2.1. Risco de taxa de juro 15

2.1.2.2. Risco de liquidez 17

2.1.3. Risco operacional 17

2.1.4. Risco sistémico 18

2.2. Breve revisão da literatura 20

3. Metodologia de análise 26

3.1. Caracterização da amostra 26

3.1.1. O peso do segmento do crédito àhabitação no Sistema Bancário Português ..26

3.1.2. Amostra 27

3.2. Análise univariada 32

3.2.1. O rácio loan-to-value 32

3.2.2. O rácio debt to income 33

3.2.3. O conceito de taxa de incumprimento (default risk) 35

3.2.4. A metodologia da taxa de mortalidade (mortality rate) 40

4. Caracterização do risco de crédito 42

5. Conclusões 65

6. Bibliografia 67

Anexos 73

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Lista de Quadros eFiguras

Quadros:

Quadro 1 - Evolução dos empréstimos àhabitação por ano de emissão, de 1989 a

2002

Quadro 2 - Frequência absoluta erelativa dos destinos do crédito, em termos de

número emontante

Quadro 3 - Frequência absoluta erelativa das finalidades do crédito, em termos de

número emontante

Quadro 4 - Frequência absoluta erelativa, do prazo dos empréstimos, em termos de

número emontante

Quadro 5 - Frequência absoluta erelativa do Loan-to-Value (LTIO, em termos de

número emontante

Quadro 6 - Frequência absoluta erelativa, em termos de número emontante, do

rácio valor esperado das prestações / rendimento mensal esperado (debt

10 income)

Quadro 7 - Média edesvio padrão da taxa de incumprimento por destino do crédito

Quadro 8 - Média edesvio padrão da taxa de incumprimento por finalidade do crédito

Quadro 9 - Média edesvio padrão da taxa de incumprimento em função do prazo

dos empréstimos

Quadro 10 - Média edesvio padrão da taxa de incumprimento por Loan-to-Value

Quadro 11 - Média edesvio padrão da taxa de incumprimento em função do rácio

valor esperado das prestações / rendimento mensal esperado (Debt to

Income)

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Quadro 12 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por destino do

crédito, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de número de

empréstimos)

Quadro 13 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por destino do

crédito, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de montante de

empréstimos)

Quadro 14 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por finalidade do

crédito, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de número de

empréstimos)

Quadro 15 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por finalidade do

crédito, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de montante de

empréstimos)

Quadro 16 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por prazo do

empréstimo, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de número de

empréstimos)

Quadro 17 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por prazo do

empréstimo, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de montante

de empréstimos)

Quadro 18 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por Loan-to-Value,

para os 10 primeiros anos de vida (em termos de número de

empréstimos)

Quadro 19 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por Loan-to-Value,

para os 10 primeiros anos de vida (em termos de montante de

empréstimos)

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Quadro 20 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por rácio

Debt-to-Income, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de

número de empréstimos)

Quadro 21 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por rácio de

Debt-to-Income, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de

montante de empréstimos)

Figuras:

Figura 1 - Peso do Crédito àHabitação no Sistema Bancário Português

Figura 2 - Evolução do número de empréstimos àhabitação na amostra eno

Sistema Bancário Português

Figura 3 - Evolução do montante de empréstimos àhabitação na amostra eno

Sistema Bancário Português

Figura 4 - Evolução da taxa de empréstimos incumpridos por empréstimos "vivos",

de 1989 a2002

Figura 5 - Evolução do número médio de prestações incumpridas por empréstimo

Figura 6 - Taxa de Mortalidade Marginal eCumulativa, por número emontante de

empréstimos

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Agradecimentos

Ao Prof. Doutor José António de Azevedo Pereira que, ao longo de quase cinco anos,

assegurou aorientação da minha tese.

Aos colaboradores da Caixa Geral de Depósitos que tornaram possível aobtenção dos

dados que suportaram todo otrabalho empírico desta dissertação.

A um nível mais pessoal, aos Meus Pais, que merecem oreconhecimento de sempre me

terem proporcionado condições excepcionais para alcançar os meus objectivos.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

1. Introdução

A estabilidade dos sistemas financeiros nacionais einternacionais tem sido, nos últimos

anos, um dos temas mais discutidos no âmbito da economia monetária efinanceira, ao

nível dos agentes reguladores eno meio académico.

Nesse sentido, o estudo dos riscos que ameaçam areferida estabilidade, nomeadamente

dos riscos de crédito, de mercado eoperacional (em última análise, do risco sistémico),

constitui um elemento fundamental para a compreensão das crises financeiras, em

particular da sua origem (os choques sistémicos).

Reflectindo a preponderância do risco de crédito na actividade das instituições de

crédito, a definição dos requisitos mínimos de capital (primeiro pilar do Acordo

Basileia II) assenta predominantemente nos métodos de avaliação do risco associado à

possibilidade de incumprimento efectivo da contraparte ou à variação do valor

económico de um dado instrumento ou carteira, em face da degradação da qualidade

do risco da contraparte.

Uma adequada gestão do risco de crédito depende dos processos de identificação,

quantificação (nomeadamente do cálculo de probabilidades de incumprimento e das

perdas esperadas), integração, acompanhamento econtrolo das exposições de risco.

Considerando o impacto específico que o risco de crédito representa, hoje com

particular acuidade, para aestabilidade do Sistema Bancário Português, oestudo de um

segmento de crédito — segmento do crédito à habitação — que tem representado, nos

últimos 20 anos, mais de dois terços do crédito concedido aparticulares, assume maior

importância.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito áhabita

Deste modo, pretende-se aplicar, a uma carteira de empréstimos do segmento do

crédito àhabitação, alguma metodologia que permita caracterizar orisco de crédito à

habitação no Sistema Bancário Português.

Dado que ainformação disponível sobre ocrédito àhabitação concedido em Portugal

(recolhida pelo Instituto Nacional de Estatística, Direcção Geral do Tesouro eBanco

de Portugal) não contempla as características específicas de cada empréstimo,

recolheram-se, junto de uma instituição de crédito representativa do sector, os dados

necessários ao primeiro trabalho empírico realizado nestes moldes a ter como o

âmbito oSistema Bancário Português.

De facto, embora a literatura empírica desenvolvida nos EUA sobre o risco de

incumprimento no sector do crédito predial — real estale — seja vasta (beneficiando do

volume de informação disponível), não foram realizados ainda na Europa estudos

empíricos que permitam distinguir os factores determinantes (características dos

empréstimos à data de emissão) e as condições propícias (momento da vida do

empréstimo) àocorrência de incumprimentos no segmento do crédito àhabitação ou

hipotecário.

A presente dissertação apresenta, numa primeira parte, uma breve descrição dos riscos

presentes nos mercados bancários euma breve síntese da literatura teórica eempírica que se

tem debruçado sobre o risco de crédito no segmento do crédito àhabitação (capítulo 2).

Nesta revisão de literatura, destacam-se os conceitos de antecipação do pagamento

02repayment) eincumprimento ou falência (


default) eos dois paradigmas que reconhecem o

risco de crédito como observável enão observável pelas instituições de crédito.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

O capítulo 3 desta dissertação apresenta a metodologia de análise, começando por

caracterizar a amostra e prosseguindo com a descrição dos indicadores utilizados na

análise univariada, cujos resultados suportam acaracterização, no capítulo 4, do risco de

crédito àhabitação no Sistema Bancário Português, com base num estudo de Altman e

Suggitt (2000) enos rácios de loan-io-value edebt-to-income enos conceitos de taxa de

incumprimento (
default risk) etaxa de mortalidade (
moriality rate).

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

2. Revisão conceptual eda literatura

2.1. Conceitos de risco

2.1.1. Risco de crédito

O conceito de risco de crédito pode ser definido como aprobabilidade de um agente que

pede emprestado ou uma contraparte não cumprirem as obrigações acordadas. O

objectivo da gestão do risco de crédito consiste em maximizar ataxa de rendibilidade

ajustada ao risco, mantendo aexposição ao risco de crédito entre parâmetros aceitáveis.

Os bancos necessitam de gerir o risco de crédito inerente àsua carteira eaos créditos e

transacções individuais. Os bancos necessitam ainda de considerar as relações entre o

risco de crédito eos outros riscos.

Dependendo da natureza ecomplexidade das suas actividades de crédito, um adequado

sistema de controlo do crédito deve ser acompanhado por procedimentos de avaliação da

qualidade dos activos eda adequação das provisões ereservas aos riscos incorridos.

No documento "Pillar 2 (Supervisory Review Process) — supporting document to the New

Basel Capital Accord" (2001), oComité de Basileia sobre Supervisão Bancária considera

que, como primeiro princípio a adoptar no processo de supervisão, os bancos devem

possuir um processo de aferição da sua efectiva adequação de capital em função do

respectivo perfil de risco eurna estratégia para manutenção dos seus níveis de capital. Na

página 6do mesmo documento, oComité acrescenta que os bancos devem dispor de um

sistema efectivo de identificação, medição econtrolo do risco de crédito, como parte de

um sistema geral de gestão do risco. Os supervisores devem desenvolver uma avaliação

independente das estratégias, políticas, procedimentos epráticas dos bancos relacionados

com a concessão de crédito ea gestão da sua carteira edefinir limites prudenciais que

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

restrinjam aexposição dos bancos amutuários ou grupos de contrapartes relacionadas. Os

bancos devem dispor de metodologias que lhes permitam avaliar o risco de crédito das

suas actividades, devendo a avaliação da adequação do capital ao crédito, para bancos

mais sofisticados, cobrir quatro áreas: sistemas de raiing de risco, análise/agregação da

carteira, titulação/derivados de crédito econcentrações de risco.

Para o mesmo Comité, os ratings internos de risco são ferramentas importantes no

controlo do risco de crédito, devendo suportar aidentificação emedição do risco inerente

a todas as exposições do banco. Quanto à análise do risco de crédito, deve permitir

identificar qualquer ponto fraco na carteira, incluindo concentrações do risco.

Segundo Bemanke ( 1983), os bancos desempenham um importante papel na produção e

processamento da informação que utilizam na concessão de empréstimos. A destruição de

parte do sistema bancário apresentaria custos económicos para além da destruição de

activos fisicos.

Bernanke and Gertler ( 1989) apresentam um modelo no qual érepresentada aforma como

o canal de crédito pode operar. Segundo estes autores, um empréstimo a um mutuário

com uma situação patrimonial equilibrada encontra-se efectivamente garantido,

dispensando obanco de incorrer em quaisquer custos de controlo, enquanto um mutuário

com um balanço "fraco" exige um controlo mais atento. Os custos de controlo podem

ainda assumir aforma de uma taxa de juro mais elevada, reduzindo o investimento em

projectos antes viáveis.

Para o BIS (Bank for International Settlements), um modelo de gestão para riscos

específicos deve passar por uma captura adequada dos riscos de concentração, de spread,

de perda de valor ede falência.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

A relevância da questão para os sistemas bancário efinanceiro levou aque, nos últimos

anos, tivessem sido apresentados vários modelos práticos de risco de crédito.

O modelo CreditMetrics (
JP Morgan [ 1997]) baseia-se na análise da migração do crédito,

isto é, na probabilidade de mudança da qualidade creditícia de um financiamento no

decurso do respectivo período de vida. Este modelo apresenta a distribuição futura

completa dos valores das carteiras, sendo a mudança nesses valores devida apenas à

migração do crédito, enquanto ataxa de juro evolui de um modo determinístico.

O modelo permite determinar orisco de uma carteira de créditos por analogia ao Value-

at-Risk calculado para orisco de mercado, entendido como apossibilidade de incorrer em

perdas devido avariações inesperadas do preço de instrumentos ou operações.

Por sua vez, a KAN Corporation desenvolveu um modelo baseado na aplicação do

método de determinação do valor das opções ao risco de crédito, como definido por

Merton ( 1974). O modelo KMV permite determinar, apartir da estrutura de capital da

empresa, da volatilidade da rendibilidade dos activos edo valor corrente dos activos, a

probabilidade de falência — designada Frequência de Falência Esperada (EDF, Expected

Default Frequency) — eadistribuição das perdas relacionadas com afalência eos riscos

de migração.

O Credit Suisse Financial Products (CSFP) apresentou omodelo CreditRisk+, que foca as

falências. Este modelo assume que as falências seguem uma distribuição de Poisson,

permitindo determinar taxas de falência estocásticas mas não rigorosas para o risco de

migração.

Finalmente, a McKinsey propôs o seu modelo, Creditl'orUblio View, que, como o

CreditRisk+, mede apenas o risco de falência. Trata-se de um modelo multiperíodo em

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tempo discreto, que representa as probabilidades de falência como função de variáveis

macro, como odesemprego, onível das taxas de juro ou adespesa pública.

Da análise comparativa destes modelos, constata-se que qualquer deles assume taxas de juro e

exposições determinísticas. Embora esta limitação não seja aparentemente grave para simples

obrigações ou empréstimos, omesmo dificilmente poderá ser afirmado no caso de s-waps ou

derivados. Para esses instrumentos, será necessário um sistema integrado que permita derivar

de forma consistente tanto aexposição do crédito como adistribuição das perdas.

2.1.2. Risco de mercado

O Comité de Basileia define risco de mercado como orisco de perdas nas posições in e

off-balance-sheet suscitadas por variações nos preços de mercado. Consideram-se neste

conceito:

• o risco causado por instrumentos relacionados com taxas de juro e títulos

incluídos no trading book;

• orisco cambial eorisco material (


commodities risk) dos bancos.

2.1.2.1. Risco de taxa de juro

O risco de taxa de juro éaexposição da condição financeira de um banco avariações

adversas na taxa de juro.

Entre as causas de risco de taxa de juro encontram-se orepricing risk, oyield curve risk eo

basic risk. A primeira forma de risco de taxa de juro resulta de diferenças temporais de

maturidade (ataxas fixas) ou reavaliações (ataxas variáveis) dos activos, passivos eposições

off-balance-sheet. Reavaliações (
repricing) menos adequadas podem expôr o banco a

variações na inclinação ecurvatura da yield curve. Nesta perspectiva, afonte básica de risco

de taxa de juro reside no potencial desajustamento das taxas activas epassivas do banco.

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As variações das taxas de juro podem provocar efeitos adversos nos proveitos dos

bancos eno seu valor económico (enquanto avaliação do valor actualizado dos seus

cash-flows líquidos esperados).

Na perspectiva dos proveitos, aanálise centra-se no impacto das variações da taxa de

juro nos proveitos vencidos ereportados, pois reduções nos ganhos podem ameaçar a

estabilidade financeira de uma instituição, reduzindo aadequação do seu capital ea

confiança do mercado.

Na perspectiva do valor económico, a sensibilidade do valor económico de um

banco às flutuações nas taxas de juro éum questão particularmente importante para

os accionistas, equipa de gestão esupervisores. Uma vez que aperspectiva do valor

económico considera o impacto potencial das variações da taxa de juro no valor

actualizado dos cash-flows futuros, constitui uma visão mais consciente dos efeitos

das flutuações da taxa de juro no longo prazo do que a fornecida pela visão dos

proveitos.

Os bancos devem dispor de sistemas de medição do risco de taxa de juro que lhes

permitam avaliar o efeito da variação das taxas nos proveitos evalores económicos.

Estes sistemas devem disponibilizar medidas significativas do nível actual de

exposição e ser capazes de identificar qualquer exposição excessiva que ocorra,

utilizando conceitos financeiros etécnicas de medição do risco geralmente aceites e

pressupostos eparâmetros bem documentados.

Considerando que a qualidade e a fiabilidade do sistema de medição depende

consideravelmente da qualidade dos dados edos vários pressupostos utilizados nos

modelos, agestão deve prestar particular atenção aestes items.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito áhabitaçã

2.1.2.2. Risco de liquidez

A liquidez é crucial para viabilidade de qualquer banco, podendo as respectivas

posições de capital ter um efeito na sua capacidade para obter liquidez, em particular,

em situações de crise. Cada banco tem de possuir adequados sistemas de medição e

controlo do risco de liquidez.

2.1.3. Risco operacional

O Comité de Basileia define risco operacional como "o risco de perdas directa ou

indirectamente resultantes de processos internos, pessoas, sistemas ou eventos externos

inadequados". Esta definição inclui o risco legal, mas não os riscos estratégico e

reputacional.

O sistema de controlo interno dos bancos éessencial para oprocesso de avaliação do

capital. Nesse sentido, os bancos devem promover arevisão periódica do seu processo

de gestão do risco, com vista agarantir asua integridade, rigor erazoabilidade. Neste

quadro, merecem destaque os seguintes aspectos:

• A adequação do processo de avaliação do capital bancário considerando a

natureza, âmbito ecomplexidade das suas actividades;

• A identificação de maiores exposições econcentrações de risco;

• A completude erigor da informação processada pelo sistema de avaliação do

banco;

• A razoabilidade evalidade dos pressupostos ecenários utilizados no processo de

avaliação.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

2.1.4. Risco sistémico

De acordo com Kupiec eNickerson (2001), risco sistémico pode ser definido como "a

possibilidade de um choque económico relativamente modesto induzir uma volatilidade

desproporcionada no preço dos activos financeiros, uma redução significativa na

liquidez do sistema bancário, depreciações substanciais dos valores de mercado e,

eventualmente, falências de instituições financeiras".

No "dia adia" dos mercados financeiros, o conceito de risco sistémico éextensível a

mercados nacionais, como o risco de ocorrência de crises sistémicas que afectam a

maior parte (ou mesmo atotalidade) do sistema financeiro.

Para De Brandt e Hartmann (2000), o elemento principal nesta definição de risco

sistémico, o evento sistémico, é composto por dois importantes elementos: ( 1) os

choques e (2) os mecanismos através dos quais os choques se propagam de uma

instituição financeira ou mercado para outro (designados usualmente como mecanismos

de propagação).

De Brandt e Hartmann classificam os eventos sistémicos como "fortes" quando

ocorrem falências ou mesmo um crash na sequência do choque inicial ou "fracos" se

tal não sucede e distinguem os choques idiossincráticos (aqueles que inicialmente

afectam apenas uma única instituição financeira ou o preço de um activo) dos

sistemáticos (que afectam toda aeconomia, ou seja, todas as instituições financeiras

em simultâneo).

Um exemplo de choque idiossincrático para um sistema financeiro éafalência de um

banco regional como consequência de uma ou mais falhas de controlo interno. Por sua

vez, a desvalorização repentina de uma divisa como resposta aum défice orçamental

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

doméstico significativo pode ser considerada um choque idiossincrático para osistema

financeiro mundial.

Choques sistemáticos sobre sistemas financeiros nacionais são, de acordo com o

exemplo utilizado por De Brandt eHartmann, flutuações cíclicas ou um súbito aumento

da taxa de inflação. Para os mesmos autores, um crash no mercado accionista representa

um choque sistemático para amaior parte das instituições financeiras, mesmo que estas

não sejam afectadas uniformemente.

Existe um continuam de tipos intermédios de choques (do ponto de vista sectorial e

regional) entre os extremos teóricos de choques idiossincráticos e sistemáticos. Os

choques idiossincráticos que não se propagam largamente são seguráveis, no sentido em

que um investidor pode ele próprio proteger-se através da diversificação, enquanto os

choques sistemáticos são não diversificáveis. Choques sistemáticos negativos, como

recessões acentuadas, irão sempre afectar negativamente um leque vasto de instituições

financeiras emercados, pelo que as suas consequências têm de ser incluídas no conceito

de risco sistémico.

Uma crise sistémica pode ser definida como um evento sistémico que afecta um número

considerável de instituições financeiras emercados, perturbando significativamente o

normal funcionamento do sistema financeiro. Por exemplo, uma crise financeira

sistémica pode conduzir aum racionamento extremo do crédito.

A distinção entre os conceitos estrito elato de eventos ecrises sistémicas éimportante,

visto que as medidas para gestão das crises deverão ser distintas em função da origem

do problema edo facto de ochoque ser idiossincrático ou sistemático. No entanto, em

situações reais de crise, choques agregados efalências por contágio podem por vezes

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

ocorrer em simultâneo, desde que o enquadramento enfraqueça as instituições

financeiras, propiciando aocorrência de falências por contágio. O alcance geográfico do

risco sistémico étambém uma dimensão aconsiderar.

Como aocorrência de choques easubsequente propagação são incertas, aimportância

do risco sistémico tem duas dimensões: a severidade dos eventos sistémicos e a sua

probabilidade de ocorrência.

Podem distinguir-se ainda as visões "horizontal" e "vertical" do conceito de risco

sistémico. Na visão "horizontal", o enfoque é limitado aos acontecimentos no sector

financeiro (por exemplo, a falência de intermediários financeiros ou o crash de

mercados financeiros). Na visão "vertical", analisa-se o impacto do acontecimento

sistémico na esfera real da economia (no produto, por exemplo).

O mecanismo que produz falências ou crashes inclui geralmente uma propagação

macroeconómica que envolve interacções entre variáveis reais e financeiras. Parte da

propagação será exclusiva de cada instituição ou mercado, mas arestante será comum a

todo osistema de instituições ou mercados considerado.

Bartholomew e Whalen ( 1995) e Goldstein ( 1995) apresentam revisões de literatura

centradas na definição de risco sistémico.

2.2. Breve revisão da literatura

Na secção 2.1.1. definiu-se o conceito de risco de crédito como aprobabilidade de um

agente que pede emprestado ou uma contraparte não cumprirem as obrigações

acordadas, conduzindo o crédito em causa a uma situação de incumprimento ou

"falência" (
default).

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Para Vandell ( 1992), Kau et al. ( 1990) eVandell et al. ( 1993), afalência éum dos dois

eventos que podem antecipar otermo de um empréstimo comercial. O outro evento é

geralmente designado na literatura como antecipação do pagamento (


prepayment),

podendo ainda distinguir-se, segundo Pavlov (2001), duas formas (ou razões) para a

antecipação do pagamento: um refinanciamento (


refinancing) ou avenda do imóvel

cuja aquisição se tornou possível através da contracção do empréstimo (


selling of lhe

property).

Vários estudos, primeiro numa perspectiva teórica e, mais recentemente numa óptica

empírica, se têm debruçado sobre aestimação empírica destes "riscos concorrentes".

Os autores definem a probabilidade de antecipação do pagamento do empréstimo

(prepayment) como função das suas características, incluindo a ocorrência de

incumprimentos (o exercício da alternativa "antecipação do pagamento" elimina a

possibilidade de ocorrência da alternativa "falência" evice-versa).

A literatura tem, no entanto, discutido as relações existentes entre as características ou

atributos dos empréstimos, como orácio valor do empréstimo / valor do imóvel (LTV ou

Loan-to-Value), o rácio de cobertura do serviço da dívida (


DCR ou Debt-Service

Coverage) ou orácio valor esperado das prestações / rendimento mensal esperado do

destinatário do crédito (Debt to Income) eorisco respectivo (cuja forma mais frequente

de manifestação éaocorrência de incumprimentos ou falências).

Chiang et al. (2002) notam que o estudo da relação entre as características dos

empréstimos eorespectivo risco de antecipação do pagamento tem sido privilegiado em

detrimento da análise da causalidade existente entre as mesmas características eorisco

de incumprimento ou falência (
default risk).

Ambrose e Sanders (2003) desenvolveram um modelo para estudar o comportamento

dos referidos riscos (de falência e antecipação de pagamento) nos empréstimos

comerciais associados a títulos de cobertura de empréstimos (


CMBS ou commercial

mortgage-backed securities), não tendo identificado qualquer relação estatística entre o

LTV e a ocorrência de pagamentos antecipados ou incumprimentos dos respectivos

Página 21
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

empréstimos, concluindo apenas que variações na curva de rendimento (


yield curve)

têm impacto sobre aprobabilidade de que seja posto termo aum empréstimo.

A análise da relação entre as características dos empréstimos eorespectivo risco torna-

se mais complexa quando se considera a existência de informação assimétrica no

processo de emissão de empréstimos.

Neste sentido, a literatura pode ser dividida em dois paradigmas, nos quais os riscos de

antecipação do pagamento ou de incumprimento ou falência constituem informação

observável (relativamente a determinadas características) ou privada (ou seja, não

observável).

Berger eUdell ( 1990) designam oprimeiro paradigma (segundo oqual, os riscos são

observáveis) de sorting-by-observed-riskparadigm.

Relativamente ao risco de antecipação do pagamento, este paradigma assume que a

tendência do contraente de um empréstimo para aantecipação do respectivo pagamento

é observável através de uma análise do crédito. Devem distinguir-se dois tipos de

contraentes, em função da velocidade de antecipação do pagamento: um contraente

"rápido" ("lento") apresenta uma elevada probabilidade de liquidar oempréstimo num

período de tempo mais curto (longo). Neste sentido, o tipo de prepayment de um

contraente está relacionado com características individuais, sendo parcialmente

observável do ponto de vista da instituição de crédito.

Num modelo em que aqualidade exógena do projecto de um contraente éobservável por

este epela instituição de crédito mas em que apenas ocontraente conhece oseu esforço,

Boot et al. ( 1991) assumem que os contraentes que representam maior risco necessitam de

dispender um maior esforço para obter um resultado satisfatório. Em equilíbrio, as

instituições de crédito exigem aos contraentes que representam maior risco aapresentação

de mais garantias, oque os incentiva apermanecer solventes, reduzindo orisco moral.

Em contraponto ao paradigma da "escolha segundo o risco observado" (


sorting-by-

observed-risk paradigm), aliteratura baseada no pressuposto de informação assimétrica

centra-se na informação privada, conhecida apenas dos contraentes.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito áhabitaçao

Segundo Stiglitz eWeiss ( 1981), Bester ( 1985), Dunn eSpatt ( 1988), Milde eRiley

(1988) e Chari e Jagannanthan ( 1989) (entre outros autores), para além do esforço

individual presente num vulgar empréstimo, as características individuais relacionadas

com os riscos de antecipação do pagamento ede incumprimento ou falência — como o

spread do empréstimo eoutros elementos não quantificáveis — assumem-se como não

observáveis pelas instituições de crédito, mas podem constituir importantes indícios

para os processos de escolha eracionalização do crédito (respectivamente, credit sorting

ecredit rationing).

Estudos como os de Brueckner e Follain ( 1988) e Brueckner ( 1994) também

relacionaram as características dos empréstimos com avelocidade de antecipação do

pagamento, considerando que os contraentes que escolhem empréstimos de taxa

variável (
ARM, adjustable rate mortgages) tendem a antecipar o pagamento mais

rapidamente.

Considerando-se em particular orisco de incumprimento ou falência (


default risk) como

não observável, Stiglitz eWeiss ( 1981) defendem que as taxas dos empréstimos podem

constituir um indicador para separar os grupos de risco elevado ereduzido. Na medida

em que, para evitar casos de selecção adversa, são atribuídos diferentes spreads a

diferentes tipos de contraentes, as taxas de juro constituem um mecanismo de suporte à

selecção do crédito. Assim, numa situação de equilíbrio, os contraentes associados aum

elevado risco de incumprimento irão certamente acarretar com um prémio mais elevado.

Bester ( 1985) e Milde e Riley ( 1988) argumentam, por sua vez, que a dimensão do

empréstimo poderá ser um indicador relevante, desde que os contraentes que

apresentem uma taxa de incumprimento inferior aproveitem para seleccionar

empréstimos de montante mais elevado.

Baseado neste pressuposto (de que as taxas de juro constituem um indicador relevante

do comportamento de cada empréstimo), Riley ( 1987) discute a utilidade de outras

características dos empréstimos para prever oseu desempenho futuro.

No entanto, Jaffee eStiglitz ( 1990) afirmam que, enquanto adimensão do espaço dos

contratos for comparável àdo espaço das características dos contraentes, resultará um

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

equilíbrio em que contraentes com diferentes características de risco escolherão

diferentes contratos.

Aceitando autilidade de diferentes elementos indicadores do risco de incumprimento,

alguns autores adoptam mais de um, combinando-os. É o caso de Chan e Kanatas

(1985), Besanko e Thakor ( 1987) e Bester ( 1987), para os quais, em equilíbrio

concorrencial com informação imperfeita, contraentes com uma probabilidade de

incumprimento inferior escolherão empréstimos com uma taxa de juro inferior euma

garantia de montante mais elevado. Segundo estes estudos, uma garantia mais elevada

será mais onerosa para contraentes considerados de risco do que para contraentes com

risco reduzido e, efectivamente, evita que um contraente com risco elevado se disfarce

de contraente de risco reduzido.

Ainda de acordo com Besanko eThakor ( 1987), adimensão do empréstimo, agarantia e

as taxas de juro devem ser combinadas se as restrições orçamentais dos contraentes não

forem conhecidas. Defendem estes autores que, em equilíbrio, a dimensão do

empréstimo é crescente em função da probabilidade de sucesso revelada pelo

contraente.

Duca e Rosenthal ( 1994) examinaram avariação das taxas dos empréstimos ea sua

relação com as características individuais. Com base no 1983 Survey of Consumer

Finances (SCF), os autores encontraram alguns indícios favoráveis à hipótese da

variação das taxas em função das características individuais, defendendo que, embora a

selecção do crédito seja efectuada de acordo com as taxas de empréstimo, as instituições

de crédito recorrem aoutras características para aferir do risco de crédito do contraente.

Capozza et al. ( 1997) definiram três mecanismos através dos quais as características

individuais podem afectar orisco de incumprimento ou falência.

Considerando aocorrência de incumprimento como uma opção de venda, vários factores

económicos e características individuais podem afectar o risco de incumprimento nas

cinco dimensões de uma put option: valor do activo relativamente ao preço de exercício

(valor da garantia), volatilidade, data de maturidade, taxa de juro e rendibilidade do

activo.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Um segundo mecanismo consistirá nos custos de transacção e um terceiro nos

chamados trigger events.

Segundo Chiang et al. (2002), poucos foram os autores aestudar directamente arelação

entre orisco de incumprimento eas diversas características individuais no momento da

emissão do empréstimo. Campbell eDietrich ( 1983) constituem uma excepção, tendo

analisado aproximadamente dois milhões e meio de empréstimos à habitação

concedidos entre 1960 e1980. Este estudo concluiu que, habitualmente, rácios Loan-to-

Value reduzidos no momento da emissão do empréstimo apresentam baixas taxas de

incumprimento, enquanto rácios acima de 90% registam taxas relativamente superiores

às dos empréstimos com rácios LTV entre 80 e85% no momento da respectiva emissão.

Embora alguns estudos (como Campbell e Dietrich [ 1983]) concluam que os

empréstimos com elevado rácio Loan-to-Value àdata de concessão tendem com maior

probabilidade a terminar apenas no prazo definido inicialmente, habitualmente os

estudos realizados concluem existir uma correlação positiva entre o risco de

incumprimento e o rácio LTV original (nomeadamente Van Order e Zom (2000)

analisaram cerca de 425 mil empréstimos concedidos entre 1975 e 1983, obtendo

conclusões neste sentido). Consideraram ainda que a taxa de incumprimento tende a

diminuir com elevados níveis de riqueza epara contraentes com reduzida variabilidade

do rendimento. Este estudo concluiu ainda ser o rácio do serviço da dívida (


DSR)

fracamente relacionado com a ocorrência de incumprimentos. Diferenças entre as

conclusões de diferentes estudos poderão justificar-se com a utilização de diferentes

períodos de referência ealterações nas condições de mercado.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

3. Metodologia de análise

3.1. Caracterização da amostra

3.1.1. O peso do segmento do crédito àhabitação no Sistema Bancário Português

De acordo com aterminologia adoptada pelo Banco de Portugal (2003), considera-se que o

Sistema Bancário Português compreende o conjunto dos bancos (incluindo a Caixa

Económica Montepio Geral), as caixas económicas eas caixas de crédito agrícola mútuo.

No final de 2002, existiam em actividade, em Portugal, 60 bancos, dos quais 28 não

domésticos (filiais esucursais de bancos estrangeiros). Para além dos bancos, oSistema

Financeiro Português incluía ainda 4 caixas económicas e 131 instituições de crédito

agrícola mútuo.

Ainda com referência ao final de 2002, osaldo dos empréstimos àhabitação concedidos

pelo Sistema Bancário Português era de aproximadamente 65 mil milhões de euro,

77,8% do saldo total de crédito aparticulares (83 mil milhões de euro), por sua vez

43,6% do saldo do crédito interno total (cerca de 191 mil milhões de euro).

Figura 1 - Peso do Crédito à Habitação no Sistema Bancário


Português

90%

BO%

70%
Habitação como % do
crédito aparticulares

50%

e.
.4. - - - - Crédito aparticulares
40% r
corno % do crédito
e
30%
itterno
r

20%
e
10%

O% .

e
e
44. 5 e

Fonte: Banco de Portugal

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

De acordo com a figura 1, a evolução do peso do crédito à habitação no crédito a

particulares oscilou entre 63,6% e81,6%, sendo atendência, desde 1993, ligeiramente

crescente.

Relativamente ao peso do crédito aparticulares no total do crédito interno, desde 1980

apresentou uma tendência claramente crescente.

Considerando que o montante do crédito aparticulares eespecificamente àhabitação

representava, em 2002, respectiva eaproximadamente 56% e52% do Produto Interno

Bruto Português eassumindo que, dadas as características do contraente deste tipo de

empréstimos, estes se encontram sujeitos (com maior ou menor probabilidade) à

ocorrência de incumprimentos, torna-se evidente aimportância que orisco associado ao

crédito aparticulares eàhabitação representa, não apenas para oSistema Bancário, mas

para todo oSistema Financeiro Português.

3.1.2. Amostra

A amostra utilizada no estudo empírico que adiante se apresenta abrange um total de 520.767

empréstimos, correspondentes aum valor facial de mais de 22 mil milhões de euros.

Esta amostra foi recolhida junto de uma instituição de crédito Portuguesa, constituindo a

totalidade dos empréstimos destinados à habitação concedidos por essa instituição

durante operíodo considerado ( 1de Janeiro de 1989 a31 de Dezembro de 2002).

A informação sobre cada empréstimo da amostra, incluiu os seguintes elementos:

número sequencial (atribuído do acto da colecta dos dados), data da escritura, destino

do crédito (habitação permanente, secundária, para rendimento ou mista), finalidade

do crédito (para aquisição, construção, obras ou outros fins), valor contratado, saldo

de capital no momento da concessão do empréstimo, prazo do empréstimo,

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

rendimento do sujeito que contraiu o empréstimo (à data do contrato), valor da

avaliação, data e montante de cada prestação não cumprida, capital antes de cada

prestação não cumprida eindicador de execução judicial.

Os dados consistiram assim em 2.251.149 registos, relativos a 520.767 empréstimos

concedidos eàocorrência de incumprimento em 1.713.370 prestações.

Figura 2 - Evolução do número de empréstimos à habitação na


amostra eno Sistema Bancário Português

021500

19203:/

EAnsztr•
OS•urra6. Ia

100500

50500 —

,
Aál

1501 1085 1500 1027 1991 1E09 2020 2801 2022

Fontes: Direcção Geral do Tesouro eCaixa Geral dos Depósitos

Figura 3 - Evolução do montante de empréstimos àhabitação na


amostra eno Sistema Bancário Português

14.800

52.000

10.000

8.000
• Amo« ta

1:1 S10 ema ElanCide Pari 86646

8.000

4.000

2.000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Fontes: Direcção Geral do Tesouro eCaixa Geral dos Depósitos

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito áhabitação

As figuras 2e3revelam aevolução do peso da amostra no universo dos empréstimos à

habitação concedidos no Sistema Bancário Português desde 1994 até 2002, em número

emontante respectivamente.

Entre 1994 e2002, aamostra representou entre 27,6% (em 2000) e36% (em 2001) dos

empréstimos àhabitação concedidos pelo Sistema Bancário Português.

Em percentagem do montante de empréstimos à habitação concedidos pelo Sistema

Bancário Português, a amostra representou, desde 1994, entre 26% ( 1994) e 30,4%

(1998).

Quadro 1 — Evolução dos empréstimos àhabitação por ano de emissão, de 1989 a2002

Ano N. de empréstimos Montante (em euros) Média montante/empréstimo

1989 19.403 339.333.181,72 17.488,70

1990 19.368 362.257.697,17 18.703,93

1991 23.664 521.377.961,83 22.032,54

1992 24.327 607.360.340,88 24.966,51

1993 22.476 609.848.176,28 27.133,31

1994 25.056 784.569.438,93 31.312,64

1995 30.902 1.055.933.601,02 34.170,40

1996 40.070 1.431.523.770,06 35.725,57

1997 46.084 1.886.390.472,11 40.933,74

1998 65.301 3.188.988.677,86 48.835,22

1999 64.656 3.379.405.546,95 52.267,47

2000 48.229 2.800.158.542,90 58.059,64

2001 44.357 2.778.514.086,28 62.639,81

2002 46.874 3.132.095.079,94 66.819,45

Total 520.767 22.877.756.573,93 43.930,89


Fonte: Caixa Geral dos Depósitos

Apresenta-se, no quadro 1, onúmero eomontante de empréstimos àhabitação por ano de

emissão do respectivo contrato eomontante médio dos empréstimos concedidos em cada

ano.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Nos quadros 2 a 4, apresenta-se a frequência absoluta e relativa de cada destino,

finalidade eprazo, em termos de número emontante de empréstimos, para ototal dos

empréstimos da amostra.

Quadro 2 — Frequência absoluta erelativa dos destinos do crédito,


em termos de número emontante

Número de % Montante de empréstimos %


Destino do Financiamento
empréstimos (em euros)

Habitação para Rendimento 1.529 0,3% 55.115.208,42 0,2%

Habitação Mista 155 0,0% 6.687.541,88 0,0%

Habitação Permanente 503.010 96,6% 22.151.252.274,29 96,8%

Habitação Secundária 14.825 2,8% 630.635.090,40 2,8%

Outros 1.248 0,2% 34.066.458,94 0,1%

Total 520.767 100,0% 22.877.756.573,93 100,0%

Fonte: Caixa Geral dos Depósitos

Considerando os diferentes destinos a que se pode destinar o crédito à habitação,

constata-se que aproximadamente 97% dos empréstimos respeitam a habitação

permanente (quer em termos de número, quer de montante), sendo residual opeso da

habitação secundária (2,8% do número edo montante dos empréstimos).

Apesar de, nos últimos anos, apercentagem de empréstimos destinados ahabitação para

rendimento, habitação mista ou outros destinos registar uma tendência ligeiramente

crescente (em 1999 foram concedidos, pela primeira vez, mais de 200 empréstimos com

um destes destinos, em cerca de 65.000 empréstimos) oseu peso éainda insignificante

(somados, estes destinos representam 0,5% do total dos empréstimos da amostra).

Em termos de finalidades do crédito, quase 70% dos empréstimos àhabitação destinam-se

aaquisição de habitação.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Quadro 3 — Frequência absoluta erelativa das finalidades do crédito,


em termos de número emontante

Número de Montante de empréstimos %


Finalidade do Financiamento %
empréstimos (em euros)

Aquisição 356.574 68,5% 16.500.837.182,24 72,1%

Construção 67.293 12,9% 3.247.008.314,91 14,2%

Obras 62.209 11,9% 1.279.444.191,02 5,6%

Outros 34.691 6,7% 1.850.466.885,76 8,1%

Total 520.767 100,0% 22.877.756.573,93 100,0%

Fonte: Caixa Geral dos Depósitos

De referir que opeso dos empréstimos para obras écerca de metade se for considerado o

seu montante, na medida em que omontante médio de um empréstimo cuja finalidade éa

realização de obras (20.567 euros) émuito inferior ao montante médio dos empréstimos

para aquisição ou construção de habitação (46.276 e48.252 euros, respectivamente).

Quadro 4 — Frequência absoluta erelativa, do prazo dos empréstimos,


em termos de número emontante

Número de % Montante de
Prazo dos empréstimos %
empréstimos empréstimos (em euros)

Até 5anos 14.935 2,9% 258.439.014,88 1,1%

Entre 5e 10 anos 28.579 5,5% 684.351.830,97 3,0%

Entre 10 e20 anos 87.421 16,8% 3.166.451.233,14 13,8%

Entre 20 e30 anos 389.573 74,8% 18.747.468.618,12 81,9%

Mais de 30 anos 259 0,0% 21.045.876,82 0,1%

Total 520.767 100,0% 22.877.756.573,93 100,0%

Fonte: Caixa Geral dos Depósitos

Agrupou-se oprazo dos empréstimos em cinco classes, abrangendo, as duas primeiras,

períodos de tempo mais curtos que, somados, ficam com a extensão temporal das

terceira equarta classes ( 10 anos).

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Com este detalhe pretendeu-se caracterizar o comportamento dos empréstimos com

prazo mais curto edistinguir omomento em que fará sentido, em função do seu risco de

incumprimento, falar-se de médio elongo prazo.

Da leitura do quadro 4, concluiu-se que o prazo de mais de 74,8% e 81,9% dos

empréstimos (em número emontante, respectivamente) se encontra entre os 20 eos 30

anos. Em termos de montante, os empréstimos com um prazo inferior a 5 anos

representam apenas 1,1% do total.

3.2. Análise univariada

Descrevem-se seguidamente os indicadores utilizados na caracterização do risco de

crédito:

• Rácio entre ovalor do empréstimo eovalor de aquisição (


loan-to-value);

• Rácio entre ovalor esperado das prestações (função do prazo edo valor contratado)

eorendimento mensal esperado do destinatário do crédito (


debt to income);

• Taxa de incumprimento dos empréstimos (


default risk);

• Taxa de mortalidade dos empréstimos (


mortality rate).

3.2.1. O rácio loan-to-value

Calculou-se o Loan-to-Value (LTIO de cada empréstimo através do quociente entre

montante contratado para o crédito eo valor total da avaliação do imóvel garante do

crédito. Deste modo, apenas foi possível determinar oLTV para 470.222 empréstimos,

por ausência de informação sobre o valor total da avaliação dos imóveis garante dos

restantes 50.545 empréstimos.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito áhabitação

O quadro 5 revela uma tendência para que afrequência dos rácios L7'Vs aumente à

medida que estes se afastam de O ese aproximam de 1. Como corolário, 45,4% dos

empréstimos (54,1% do montante correspondente) apresentam um LTV superior a0,7,

ou seja, omais frequente éomontante dos empréstimos cobrir amaior parte do valor

total da avaliação do imóvel, oque aumenta orisco para as instituições de crédito que

dispõem de uma garantia (oimóvel) pouco superior ao montante emprestado.

Quadro 5 - Frequência absoluta erelativa do Loan-to-Value (


LTV),
em termos de número emontante

Montante de empréstimos
Loan-to-Value Número de empréstimos % %
(em euros)

De 0,0 a0,1 8.015 1,7% 70.221.663,52 0,3%

De 0,1 a0,2 29.934 6,4% 429.186.231,99 2,1%

De 0,2 a0,3 34.789 7,4% 763.219.552,48 3,7%

De 0,3 a0,4 36.875 7,8% 1.114.745.438,55 5,4%

De 0,4 a0,5 42.141 9,0% 1.693.648.527,37 8,3%

De 0,5 a0,6 46.979 10,0% 2.275.823.408,97 I1,1%

De 0,6 a0,7 58.024 12,3% 3.065.854.467,60 14,9%

De 0,7 a0,8 63.990 13,6% 3.404.318.978,33 16,6%

De 0,8 a0,9 83.799 17,8% 4.338.981.907,83 21,1%

De 0,9 a 1,0 65.676 14,0% 3.368.734.682,81 16,4%

Total 470.222 100,0% 20.524.734.859,45 100,0%

Fonte: Caixa Geral dos Depósitos

3.2.2. O rácio debt to income

Estabeleceu-se o rácio entre o valor esperado das prestações e o rendimento mensal

esperado do contraente do crédito (designado Debt to Income), oqual permitirá estudar

de que forma a relação estabelecida entre o rendimento eo montante do empréstimo

poderá determinar aocorrência de incumprimentos.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito áhabitação

Não foi possível calcular este rácio para toda a amostra (mas apenas para 298.967

empréstimos) devido àindisponibilidade de informação sobre orendimento anual bruto

inicial do contraente em 43% dos empréstimos considerados.

Definiu-se este rácio da seguinte forma:

Rácio Debt to Income = Valor esperado das prestações (em euros)


Rendimento mensal esperado do contraente do crédito (em euros)

sendo ovalor esperado das prestações calculado através do quociente entre omontante

contratado (capitalizado em função do prazo do empréstimo e das taxas de juro

apresentadas no Anexo A) eonúmero de prestações esperadas (prazo do empréstimo em

meses) e o rendimento mensal esperado do contraente do crédito determinado como

1/12 do rendimento anual do sujeito que contraiu o empréstimo (àdata do contrato),

capitalizado em função do prazo do empréstimo.

Determinou-se assim opeso relativo da prestação do empréstimo no total do rendimento

da parte devedora do crédito, afim de estudar a hipótese de ser maior o risco de

incumprimento de um empréstimo cujo contraente dispõe de uma margem de segurança

menor para além da prestação relativa ao empréstimo àhabitação.

Embora 62,6% dos empréstimos apresentem um rácio inferior a0,5 (aamortização e

os juros do empréstimo no prazo previsto não afectaria metade do rendimento anual

bruto inicial pressupondo que este se mantivesse constante durante o prazo do

empréstimo), apenas 47,9% do montante total dos empréstimos apresenta um rácio

inferior a 0,5, o que se explica com o facto de os empréstimos com rácio Debt to

Income mais elevado reflectirem valores contratados elevados (ou rendimentos

reduzidos).

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Quadro 6 - Frequência absoluta erelativa, em termos de número emontante,


do rácio valor esperado das prestações/rendimento mensal esperado (Debt to Income)

Montante de
Número de %
Rácio Debt to Income % empréstimos
empréstimos
(em euros)

De 0,0 a0,1 31.596 10,6% 471.960.739,31 4,4%

De 0,1 a0,2 41.368 13,8% 922.626.726,49 8,6%

De 0,2 a0,3 41.151 13,8% 1.153.155.198,97 10,7%

De 0,3 a0,4 38.658 12,9% 1.286.011.603,41 12,0%

De 0,4 a0,5 34.308 11,5% 1.309.652.629,20 12,2%

De 0,5 a0,6 30.331 10,1% 1.294.520.287,29 12,1%

De 0,6 a0,7 25.956 8,7% 1.235.497.115,82 I1,5%

De 0,7 a0,8 21.540 7,2% 1.115.696.452,6 I 10,4%

De 0,8 a0,9 18.162 6,1% 1.012.505.071,06 9,4%

De 0,9 a 1,0 15.897 5,3% 927.160.363,06 8,6%

Total 298.967 100,0% 10.728.786.187,22 100,0%

Fonte: Caixa Geral dos Depósitos

Para além disso, a análise do quadro 6 permite concluir que 27,6% empréstimos

assumem rácios entre 0,1 e0,3, decrescendo a frequência dos empréstimos àmedida

que orácio Debt to Income tende para aunidade.

3.2.3. O conceito de taxa de incumprimento (


default risk)

O risco de crédito ou insolvência (


default risk, também designado por risco de

incumprimento ou falência) respeita ao perigo de incumprimento da entidade devedora,

quer no que toca ao pagamento dos juros, quer especialmente no que toca ao reembolso

do capital colocado.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

É o risco típico das obrigações e outros títulos de crédito representativos de

empréstimos, mas também existe em relação às acções (perdas do capital devido a

falência). Numa primeira fase verifica-se a falta de pagamento dos juros, o que já

constitui grave inconveniente para oinvestidor eprenuncia, normalmente, aperda final

do capital investido.

Segundo Caouette, Altman e Narayanan ( 1998), os aspectos mais importantes dos

modelos de risco de crédito são orating do crédito eos modelos de migração do risco

associado. O conceito de migração ou rating drift contempla uma mudança na qualidade

do crédito, numa dada direcção eapartir de um determinado estado inicial. Devido à

dimensão do respectivo impacto, a forma de migração mais importante resulta da

falência ou incumprimento (
default).

As estimativas da taxa de recuperação dos activos em situação de falência e da

respectiva taxa de falência permitem ao investidor quantificar as perdas esperadas

associadas acada activo em particular eàtotalidade da sua carteira de investimentos.

Por sua vez, as estimativas da volatilidade das taxas de falência e de recuperação

fornecem indicações sobre perdas não esperadas.

A maior parte dos trabalhos empíricos realizados sobre taxas de incumprimento tem

concentrado a sua análise em obrigações transaccionáveis. Nomeadamente, Altman e

Nammacher ( 1985, 1987), Altman ( 1989), Asquith, Mullins eWolff ( 1989) eAltman e

Kishore ( 1998) definiram taxas de incumprimento anuais etaxas cumulativas sobre as

obrigações às quais as agências (Moody's eStandard & Poor's) atribuíram ratings.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Estes estudos só começaram aser viáveis, mesmo no mercado americano, com apublicação

regular de ratings de crédito eaexistência de informação histórica credível etratável sobre a

ocorrência de incumprimentos.

Uma grande classe de créditos que, até Altman eSuggitt (2000), permaneceu sem ser

analisada na perspectiva das taxas de incumprimento, foi ados empréstimos dos bancos

comerciais, nomeadamente dos empréstimos sindicados (concedidos por consórcios de

três ou mais bancos).

Segundo estes autores, embora amaioria dos bancos continue aseguir uma estratégia de

investimento tradicional (
buy and hold) para os empréstimos, estes assumem cada vez

mais a forma de activos transaccionáveis e tituláveis, exigindo a definição de

estimativas de risco mais precisas.

Dada anatureza "privada" do mercado dos empréstimos transaccionáveis, émuito mais

difícil reunir os dois principais elementos necessários à definição do risco de

incumprimento — os ratings eos incumprimentos conhecidos — neste mercado do que no

das obrigações com rating etransaccionadas. Qualquer banco terá problemas em reunir

estatísticas razoáveis sobre os incumprimentos ocorridos com os empréstimos que

concedeu desde que o seu sistema interno de atribuição de ralings seja relativamente

recente. Se as carteiras de empréstimos variarem de banco para banco, mesmo que

alguns disponham de informação razoável sobre incumprimentos e de sistemas de

rating consistentes, não será adequado generalizar as respectivas conclusões para o

mercado (mesmo considerando que os bancos se encontram dispostos a partilhar

informação).

Página 37
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Anteriormente a Altman e Suggitt (2000), o estudo sobre incumprimentos em

empréstimos bancários esteve restringido à componente de recuperação (


default

recovery), com Carty eLieberman ( 1996) amedirem ataxa de recuperação para uma

pequena amostra de empréstimos bancários (58), baseados nos preços verificados no

mercado secundário para empréstimos sindicados caucionados que registaram situações

de incumprimento.

Neste estudo, determinaram uma taxa de recuperação média de 71% do valor facial.

Com uma amostra mais ampla de empréstimos (229) de montante médio ereduzido, os

mesmos autores experimentaram uma taxa de recuperação média de 79%, baseando-se

no valor actualizado dos meios financeiros libertos.

Num estudo posterior, a Moody's ( 1998) concluiu que, em geral, a taxa média de

recuperação de empréstimos bancários em situação de incumprimento seria de

aproximadamente 87% para os créditos seniores caucionados (numa amostra de 178

empréstimos) ede 79% para os créditos seniores sem garantias (em 19 empréstimos).

Estas taxas de recuperação foram medidas utilizando o valor actualizado à data do

incumprimento, considerando os custos associados àsua resolução eos juros devidos

nessa data. Utilizou-se ataxa contratada para oempréstimo como taxa de desconto.

Segundo os autores deste estudo, as taxas médias de recuperação variam com otipo de

incumprimento (
prepackaged ou regular) eotipo de garantia (
colateral). Quando, em

alternativa ao valor actualizado dos meios financeiros libertos, as recuperações são

medidas com base nos preços de mercado, o preço médio dos empréstimos após o

incumprimento foi de cerca de 70%. O desvio padrão das recuperações,

independentemente do método de medição, rondou os 25%.

Página 38
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitaç

Outro estudo sobre recuperações foi desenvolvido por Asarnow eEdwards ( 1995). Com

uma amostra de 831 empréstimos que registaram incumprimento durante operíodo 1971-

1993, concluíram que ataxa de recuperação desses empréstimos foi de 65% (novamente,

suportada no valor actualizado àdata da classificação como "incumprimento"). Segundo

os autores deste estudo, as taxas de recuperação calculadas seriam todas superiores às

registadas no mercado de obrigações para títulos com esem garantia.

Finalmente, Grossman, Brennan eVento [ 1997] calcularam uma taxa de recuperação de

82% para uma amostra de 60 empréstimos sindicados ede 42% para adívida subordinada

epreferencial dos mesmos emitentes.

Para uma pequena amostra de 14 empréstimos internacionais, ataxa de recuperação foi de 68%.

Relativamente à amostra caracterizada na secção 3.1., dos 520.767 empréstimos

considerados (mais de um terço do crédito àhabitação emitido pelo Sistema Bancário

Português entre Janeiro de 1989 eDezembro de 2002), 111.560 (21,4%) registaram,

pelo menos urna situação de incumprimento, definida como aausência de pagamento de

uma prestação ou um atraso superior a30 dias no seu pagamento.

Interessa contudo considerar que cada um dos empréstimos que registou

incumprimentos, o fez, em média, 15,36 vezes, tendo ocorrido 1.713.370

incumprimentos nos empréstimos abrangidos pela amostra.

Considerando que oimpacto da ocorrência de um incumprimento depende, mais do que

do montante da prestação incumprida, do capital em dívida na data do incumprimento (o

qual é função da idade do empréstimo no momento em que a situação de

incumprimento ocorre), optou-se por calcular taxas de incumprimento que integrassem,

não só o número de empréstimos afectados e o número de incumprimentos por

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

empréstimo, como também a idade e o capital em dívida no momento em que o

empréstimo foi considerado incobrável, ou seja, aquando do último incumprimento

anterior ao recurso a cobrança judicial (o montante dos incumprimentos contornados,

por constituírem prestações não pagas oportunamente, éincluído nesta definição de taxa

de incumprimento).

Definiu-se assim uma fórmula de cálculo da taxa de incumprimento de cada

empréstimo. O respectivo resultado será naturalmente O se o empréstimo não registou

qualquer incumprimento até àdata de amortização. Por oposição, o resultado será 1,

caso tenha ocorrido um incumprimento na primeira prestação e de imediato se tenha

recorrido a cobrança judicial. Todos os restantes casos, 21,4% dos empréstimos, que

registaram incumprimentos, darão origem ataxas entre Oe1.

A fórmula de cálculo da taxa de incumprimento de cada empréstimo foi definida da

seguinte forma:

Default Rate= Montante dos incumprimentos + CobJud xCapital em dívida no último incumprimento
Valor contratado capitalizado durante oprazo do empréstimo

CobJud é/se houve recurso acobrança judicial eOno caso contrário.

3.2.4. A metodologia da taxa de mortalidade (


mortality rate)

O principal objectivo do estudo de Altman eSuggitt (2000) consistiu em medir ataxa

de incumprimento de empréstimos comerciais sindicados, a fim de estimar os

incumprimentos de empréstimos esperados, numa base trimestral eanual.

Os incumprimentos foram estimados em termos de montante enúmero de emitentes,

sendo ainda agregados por categoria de rating.

Página 40
Risco de crédito no Ststema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

A metodologia de taxa de mortalidade utilizada neste estudo havia sido já introduzida

por Altman ( 1988, 1989), apresentando, entre outras, a vantagem de se ajustar às

alterações verificadas ao longo do tempo na dimensão da amostra.

No referido estudo, o cálculo específico da taxa marginal de mortalidade dos

empréstimos (
MLMR, marginal loan mortality rate) e da taxa cumulativa de

mortalidade dos empréstimos (


CLMR, cumulative loan mortality rate) seguiu as

seguintes fórmulas:

MLMR, = Montante ou n.° de empréstimos com incumprimentos ocorridos no período t


Montante ou número de empréstimos no início do período ,
e
CLMR, = 1 — [
nSR,]
onde SR, éataxa de sobrevivência (
survival rate) no período t, ou seja, SR, = 1 — MLMR,.

Deve ser referido o facto de Altman e Suggitt (2000) estarem a medir taxas de

mortalidade marginais e cumulativas para empréstimos com ratings originais

específicos para o período relevante após a sua emissão. Assim, puderam avaliar

subsequentemente o aging effect dos incumprimentos dos empréstimos, para períodos

anuais.

Embora este método seja consistente com a teoria actuarial, é distinto dos utilizados

pela Moody's e pela S&P (respectivamente, os métodos cohort e static pool) na

estimação dos incumprimentos de obrigações. Neste estudo, a medição dos

incumprimentos numa base cohort ou static pool não seria possível porque não se

encontra disponível a história completa do rating da amostra de empréstimos

considerada.

Página 41
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

4. Caracterização do risco de crédito

Assumindo que as taxas de incumprimento do universo dos empréstimos àhabitação

concedidos pelo sistema Bancário Português segue uma a distribuição normal (de

acordo com oTeorema do Limite Central), apresentam-se amédia eodesvio padrão das

taxas de incumprimento estimadas (com um intervalo de confiança de 95%) para cada

variável apresentada no capítulo 3, considerando os 520.767 empréstimos da amostra,

concedidos entre Janeiro de 1989 eDezembro de 2002.

Quadro 7 — Média edesvio padrão da taxa de incumprimento por destino do crédito

Desvio padrão
Destino do financiamento Média da taxa de incumprimento
da taxa de incumprimento

Habitação para Rendimento 0,077 0,065

Habitação Mista 0,063 0,050

Habitação Permanente 0,054 0,054

Habitação Secundária 0,057 0,055

Outros 0,065 0,063

O quadro 7revela alguma diferença entre as taxas de incumprimento médias registadas

por destino do crédito.

Nomeadamente o crédito destinado a habitação permanente (que representa

aproximadamente 97% dos empréstimos à habitação) apresentará, em 95% dos

empréstimos emitidos em Portugal, amais baixa taxa de incumprimento média — entre

zero e 10,8%. Seguem-se os empréstimos destinados ahabitação secundária, com uma

taxa de incumprimento, em média, ligeiramente superior: em 95% dos casos,

compreendida entre 0,2 e11,2%.

Página 42
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidéncia empírica no segmento do crédito àhabitação

A análise da média das taxas de incumprimento dos diferentes destinos do crédito

permite concluir que o risco de incumprimento tende a ser maior no caso dos

empréstimos destinados ahabitação para rendimento (cujo valor esperado da taxa de

incumprimento é7,7%) eintermédio para os empréstimos destinados ahabitação mista

(6,3%) eoutros destinos (6,5%).

Relativamente ao desvio padrão das taxas de incumprimento calculadas, este émaior

consoante maior éamédia de cada classe, encontrando-se olimite inferior do intervalo

de confiança a 95% para a taxa de incumprimento estimada para cada destino de

financiamento próximo de zero (entre zero para os empréstimos destinados ahabitação

permanente e1,3% para os destinados ahabitação mista).

Quadro 8 — Média edesvio padrão da taxa de incumprimento por finalidade do crédito

Desvio padrão
Finalidade do financiamento Média da taxa de incumprimento
da taxa de incumprimento

Aquisição 0,057 0,057

Construção 0,049 0,046

Obras 0,052 0,049

Outros 0,026 0,022

Em termos de finalidades do crédito, os empréstimos destinados a aquisição de

habitação (mais de 70% do total) registam, em média, uma taxa de incumprimento de

5,7%.

A taxa de incumprimento dos empréstimos destinados aobras é, em média, superior à

dos empréstimos para construção, encontrando-se (em 95% dos empréstimos) ataxa de

incumprimento dos empréstimos para obras entre 0,3 e10,1% epara construção entre os

mesmos 0,3 e9,5%.

Página 43
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

O valor esperado da taxa de incumprimento de um empréstimo classificado como tendo

"outras finalidades" éo mais baixo de entre as várias finalidades do financiamento —

2,6%, não ultrapassando 4,8% em 95% dos casos.

Quadro 9 — Média edesvio padrão da taxa de incumprimento


em função do prazo dos empréstimos

Média da taxa de Desvio padrão


Prazo dos empréstimos
incumprimento
da taxa de incumprimento

Até 5anos 0,050 0,015

Entre 5e 10 anos 0,040 0,035

Entre 10 e20 anos 0,053 0,048

Entre 20 e30 anos 0,070 0,060

Mais de 30 anos 0,080 0,068

Conclui-se a partir do quadro 9 que, com excepção da classe dos empréstimos com

prazo inferior a5 anos, ovalor esperado da taxa de incumprimento de um empréstimo

aumenta em função do seu prazo, variando esta entre 0,5 e7,5% nos empréstimos entre

5e 10 anos eentre 1,2 e 14,6% nos empréstimos amais de 30 anos (com um intervalo

de confiança de 95%).

Da leitura do quadro 10, constata-se que o valor esperado da taxa de incumprimento

para os empréstimos com Loan-to-Value (LTIO entre 0,5 e0,8 éinferior àdas restantes

classes de LTV (
5,1%, oscilando aproximadamente entre zero e 10% com um intervalo

de confiança de 95%). Com efeito, as taxas de incumprimento estimadas para as classes

de LTV entre 0,1 e0,5 variam entre 5,2 e5,5%, subindo ligeiramente para 5,6 e 5,9%

nas classes de LTV"de 0,8 a0,9" e "de 0,9 a1,0" respectivamente.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Quadro 10 — Média edesvio padrão da taxa de incumprimento por Loan-to-Value

Desvio padrão
Loan-to-Value Média da taxa de incumprimento
da taxa de incumprimento

De 0,0 a0,1 0,058 0,057

De 0,1 a0,2 0,053 0,049

De 0,2 a0,3 0,052 0,047

De 0,3 a0,4 0,055 0,052

De 0,4 a0,5 0,055 0,053

De 0,5 a0,6 0,051 0,050

De 0,6 a0,7 0,051 0,051

De 0,7 a0,8 0,051 0,051

De 0,8 a0,9 0,056 0,056

De 0,9 a1,0 0,059 0,059

Sem LTV calculado 0,073 0,059

De notar, por um lado, que os empréstimos com LTV inferior a0,1 (ou seja, os casos em

que omontante contratado para ocrédito representa menos de um décimo do valor total

da avaliação do imóvel garante do crédito) apresentam uma taxa de incumprimento, em

média, inferior a 5,8% (só ultrapassada pela classe mais próxima da unidade) e, por

outro lado, que os 9,7% dos empréstimos da amostra para os quais não foi possível

calcular o LTV registaram uma taxa de incumprimento média de 7,3% (mais elevada

que aregistada por qualquer outra classe).

A média da taxa de incumprimento para os empréstimos de cada classe definida para o

rácio Debt-to-Income (
relação entre ovalor esperado das prestações erendimento mensal

esperado) éapresentada no quadro 11 erevela uma tendência ligeiramente crescente das

taxas de incumprimento dos empréstimos àmedida que o rácio destes aumenta (com

excepção dos empréstimos com um rácio Debt-to-Income entre 0,6 e0,7 eentre 0,8 e0,9,

cujas taxas de incumprimento médias são inferiores às das classes seguintes).

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito áhabitação

Quadro 11 — Média edesvio padrão da taxa de incumprimento em função do


rácio valor esperado das prestações / rendimento mensal esperado (Debt to Income)

Média da taxa de Desvio padrão


Rácio Debt to Ineome
incumprimento da taxa de incumprimento

De 0,0 a0,1 0,044 0,044

De 0,1 a0,2 0,045 0,044

De 0,2 a0,3 0,046 0,044

De 0,3 a0,4 0,050 0,049

De 0,4 a0,5 0,053 0,048

De 0,5 a0,6 0,058 0,055

De 0,6 a0,7 0,056 0,049

De 0,7 a0,8 0,058 0,051

De 0,8 a0,9 0,055 0,048

De 0,9 a 1,0 0,056 0,050

Sem Debt-to-Income calculado 0,079 0,067

Assim, um empréstimo para oqual ocontraente disponha de rendimento que, no prazo do

empréstimo, cubra ovalor contratado com uma margem de segurança reduzida (situação

correspondente aum rácio próximo de 1), apresenta um valor esperado mais elevado para

a taxa de incumprimento: com um intervalo de confiança de 95%, a taxa de

incumprimento de um empréstimo com um rácio Debt-to-Income entre 0,9 e 1deverá

situar-se entre 0,6 e 10,6% (quando, no extremo oposto, um empréstimo com um rácio

entre Oe0,1 deverá situar-se, com um idêntico intervalo de confiança, entre Oe8,8%).

De notar que os cerca de 7,6% dos empréstimos da amostra que não permitiram ocálculo

deste rácio registaram, em média, uma taxa de incumprimento mais alta face àdos 92,4%

dos empréstimos para os quais se identificou orendimento do contraente: com um intervalo

de confiança de 95%, arespectiva taxa de incumprimento oscilará entre 1,2 e14,6%.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Como notado para oLTV, aausência de informação sobre orendimento do contraente

de um empréstimo (econsequentemente sobre orácio Debt-to-Income) parece potenciar

uma taxa de incumprimento mais elevada.

Analisado ocomportamento da taxa de incumprimento dos empréstimos àhabitação em

função ( 1) do destino do crédito, (2) da finalidade do crédito, (3) do prazo do

empréstimo, (4) do loan-to-value ou LTV e (5) do rácio entre o valor esperado das

prestações eorendimento mensal esperado (


debt to income), interessa estudar aevolução

do número emontante de incumprimentos ao longo do período coberto pela amostra, ou

seja entre 1989 e2002.

Em primeiro lugar, oenfoque deixa de ser colocado nas características do empréstimo

na sua origem para se centrar no seu termo, pelo que o conceito de taxa de

incumprimento (oqual pretendia estimar, no momento da emissão de um empréstimo e

de acordo com as suas características, apercentagem do valor contratado capitalizado

que não seria, por via da ocorrência de incumprimentos, recuperada pela instituição de

crédito — anão ser com recurso acobrança judicial) deixa de ser adequado, exigindo-se

uma abordagem diversa.

Assim, identificou-se, para cada ano, onúmero eomontante de empréstimos "vivos",

ou seja, aqueles que foram concedidos antes do período em questão e cujo prazo

previsto terminava após oreferido período.

Calculou-se uma taxa de empréstimos incumpridos por ano (em número emontante),

tendo, como denominador, onúmero ou montante de empréstimos "vivos" em cada ano

e, como numerador, onúmero ou montante de empréstimos que registaram pelo menos

um incumprimento no decurso do ano considerado.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Figura 4 - Evolução da taxa de empréstimos incumpridos por


empréstimos "vivos", de 1989 a2002

20%
18% -

16%

14% -

o 12%
co
x 10%
co
8% •
6%
4% 4
2% •
,
0% 1
1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

~I Em função do número de empréstimos com incumprimentos

—4—Em função do montante de empréstimos com incumprimentos

A figura 4 ilustra aevolução desta taxa de empréstimos incumpridos por empréstimos

"vivos" entre 1989 e2002.

Constata-se que, quer em função do número quer do montante de empréstimos com

incumprimentos, ataxa de empréstimos incumpridos por empréstimos "vivos" atingiu o

seu valor mais elevado em 1989, ano em que 18,8% dos empréstimos registou, pelo

menos, um incumprimento (correspondendo esses empréstimos a 3,2% do montante

total dos empréstimos "vivos" nesse ano).

Em função do número de empréstimos com incumprimentos, ataxa desceu de 1989 a

2000, voltando asubir um pouco em 2001 e2002. Em função do montante, adescida da

taxa realizou-se entre 1994 e 1999. Assim, em 2002, apenas 8,3% dos empréstimos

(correspondentes a0,8% do montante total de empréstimos) registaram prestações com

incumprimentos.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Destaque-se a diferença entre a taxa calculada em função do número e montante de

empréstimos que registaram incumprimentos, sendo muito superior quando calculada

considerando onúmero dos mesmos empréstimos.

Daqui se depreende que os empréstimos de montante mais elevado têm apresentado uma

menor predisposição para registar incumprimentos (omontante médio dos empréstimos que

registam incumprimentos ébastante inferior ao montante médio do total dos empréstimos).

Analisando a evolução da taxa de empréstimos incumpridos em função do destino de

crédito', constata-se que, em todos os anos do período considerado, o crédito para

habitação permanente registou amais elevada taxa de empréstimos incumpridos. Para

esta classe de empréstimos, note-se que apresentou, de 1989 a 1997, uma tendência

decrescente da taxa de empréstimos com incumprimentos, substituída por uma

tendência crescente apartir de 1998.

Ao nível da finalidade do crédito, aclasse dos empréstimos destinados àaquisição de

habitação evidencia, com maior frequência, pelo menos um incumprimento, enquanto a

taxa de empréstimos destinados aobras com incumprimentos é, em cada ano abrangido

pela amostra, em média, inferior àregistada pelas outras classes. Se ataxa calculada

para os empréstimos destinados àaquisição de habitação diminuiu (gradualmente) cerca

de 11% de 1989 a1997, de 1998 a2002 aumentou mais de 8%.

Em termos de Loan-to-Value, apenas os empréstimos com LTV superior a 0,8

apresentam, em todos os anos entre 1989 e 2002, uma taxa de empréstimos com

incumprimentos superior a0,25%. De resto, ataxa máxima em cada ano foi registada

IOs anexos B eC apresentam aevolução da taxa de empréstimos com incumprimentos por empréstimos

"vivos", entre 1989 e2002, respectivamente em função do número edo montante de empréstimos.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

(com raras excepções) para os empréstimos com um LTV superior a0,9, descendo à

medida que descia oLTV.

Desagregando aevolução da taxa de empréstimos com incumprimentos pelas diferentes

classes definidas de acordo com orácio Debt-to-Income (


apresentado na secção 3.2.2.),

épossível constatar que, aum aumento do rácio, corresponde geralmente um aumento

da taxa de empréstimos com incumprimentos.

A análise da taxa de empréstimos com incumprimentos em função do respectivo prazo

permite concluir que os empréstimos com um prazo entre 5e 10 anos não representam,

em geral, um risco de incumprimento elevado. Para além disso, os empréstimos com

prazo superior a30 anos apresentaram sistematicamente uma taxa de empréstimos com

incumprimentos superior àdas restantes classes.

Considerando orendimento anual bruto inicial do contraente do empréstimo (agora, sem o

integrar no rácio Debt-to-Income), encontram-se taxas de empréstimos com

incumprimentos mais elevadas, como seria expectável, nas classes de rendimento mais

reduzido. Para qualquer das classes, as taxas mais baixas foram registadas entre 1997 e

1998.

Analisada aevolução da taxa de empréstimos com, pelo menos, um incumprimento em

cada ano, justifica-se estudar aevolução do número médio de prestações incumpridas

por empréstimo por ano.

Observa-se na figura 5 que aevolução ésemelhante àrevelada na figura 4, com um

decréscimo da taxa desde 1990, estabilizando em 1999 abaixo das 0,4 prestações

incumpridas por ano.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Figura 5 - Evolução do número médio de prestações incumpridas por empréstimo

12

0,8

0.8

0.4

0.2

o
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1998 1997 1998 1999 2000 2001 2002

de pres1495es kmunvxklas pot empréstimo

Isto significa que, entre os empréstimos que ao longo do período da amostra registaram

incumprimentos, pouco variou o número de prestações com incumprimentos. O que

variou foi, corno se viu atrás, o número de empréstimos com, pelo menos, um

incumprimento.

Em função do destino do crédito 2,registou-se geralmente um número médio de

prestações incumpridas mais elevado nos empréstimos para habitação permanente. No

entanto, entre 1989 e 1991, os empréstimos para rendimento registaram o número

médio de prestações incumpridas mais elevado, sempre superior auma prestação por

ano.

Quanto àfinalidade do crédito, os empréstimos para aquisição registam onúmero médio

de prestações mais elevado, com a excepção dos anos de 1990 a 1994, em que os

2 O anexo D apresenta a evolução do número de prestações incumpridas por empréstimo por ano, entre
1989 e2002.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

empréstimos com outras finalidades apresentaram um número de prestações

incumpridas, em média, mais elevado.

Relativamente ao Loan-to-Value, registe-se que amaior frequência de incumprimentos

ocorre nos empréstimos com LTV acima de 0,9, o que confirma que uma maior

cobertura do capital emprestado pelo valor do imóvel aque se destina oempréstimo

representa uma garantia de que orisco de incumprimento émenor. A taxa de prestações

incumpridas para a classe referida subiu continuamente de 1989 a 1993, descendo

depois até 1999, estabilizando em pouco mais de 5%.

A tendência do rácio entre o valor esperado das prestações e o rendimento mensal

esperado é para apresentar um número médio de prestações incumpridas menor nas

classes mais baixas emaior nas classes aque corresponde uma maior capacidade de

endividamento por parte do contraente no momento da emissão do empréstimo. As

taxas mais elevadas registaram-se, na generalidade das classes, entre 1989 e1990.

Quanto ao prazo dos empréstimos, a frequência dos incumprimentos aumenta

consideravelmente para os empréstimos com prazo superior a 30 anos, sendo menor

para os empréstimos com prazo entre 5e10 anos. Destaque-se que, entre 1989 e1996,

os empréstimos com prazo superior a 30 anos registaram, em média, mais de 3

prestações incumpridas por ano.

O rendimento anual bruto inicial influencia a frequência da ocorrência de

incumprimentos da mesma forma que o rácio Debt-to-Income, isto é, a uma maior

capacidade de endividamento do contraente corresponde uma menor probabilidade de

ocorrência de incumprimentos. Sublinhe-se, no entanto que, apartir dos 30.000 euros, é

mínima adiferença entre onúmero de incumprimentos em média registados.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito áhabitação

Com base na número de incumprimentos ocorridos durante avida do empréstimo, na

data de ocorrência do primeiro eúltimo incumprimentos, na idade do empréstimo na

data do primeiro incumprimento, no capital em dívida na data da última prestação paga

e na identificação de recurso a cobrança judicial estimou-se, para ajá apresentada

amostra dos empréstimos àhabitação concedidos no Sistema Bancário Português entre

1989 e2002, ataxa de mortalidade aplicada por Altman eSuggitt (2000) ao mercado

de empréstimos sindicados eadaptada ao segmento do crédito àhabitação.

No seu estudo, Altman eSuggitt (2000) consideraram apenas as emissões entre Janeiro

de 1991 eDezembro de 1996 com oobjectivo de estudar ocomportamento da maioria

dos empréstimos da amostra durante os 5primeiros anos após asua emissão.

Com o mesmo objectivo, poder-se-ia considerar, na aplicação desta metodologia,

apenas os empréstimos àhabitação concedidos entre Janeiro de 1989 eDezembro de

1997, para se dispor de dados sobre os primeiros 5 anos de vida de todos os

empréstimos.

No entanto, considerando-se que oprazo de 14.935 empréstimos da amostra éinferior a

5anos (de acordo com oquadro 4) e, para não se excluir da análise os incumprimentos

registados nos 5 primeiros anos de vida dos 280.159 empréstimos concedidos entre

1998 e 2002, alargou-se o âmbito deste estudo a todos os empréstimos da amostra.

Considerou-se obviamente que um empréstimo emitido, por exemplo, em 2000, não

deveria ser integrado no denominador da fórmula apresentada para ataxa marginal de

mortalidade dos empréstimos (MLMRt)calculada para operíodo t = 4, ou seja, para o

número emontante total de empréstimos com perspectiva inicial de existir durante um

quarto ano de vida completo no período da amostra.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Assim, foram considerados neste estudo os 520.767 empréstimos descritos na secção

3.1.2., representando um montante de responsabilidades de 22.877.756.573,93 Euros.

Apresentam-se, no quadro 12, as taxas de mortalidade marginal e cumulativa

calculadas por destino do crédito, para cada ano de vida, em termos de número de

empréstimos (no anexo E apresenta-se o número de empréstimos que registaram

incumprimentos definitivos em cada ano, ou seja, onumerador da fórmula da taxa de

mortalidade marginal).

Quadro 12 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por destino do crédito,
para os 10 primeiros anos de vida (em termos de número de empréstimos)

Destino do crédito I° ano rano 3° ano 4° ano 5° ano 6° ano 7' ano rano 9 ano 10' ano

Marginal 0,80 0,93 0,25 0,26 0,09 0,10 0,09 0,08 0,07 0,05
Habitação para
rendimento
Cumulativa 0,80 1,62 1,81 2,01 2,07 2,14 2,20 2,26 2,30 2,33

Marginal 0,54 0,56 0,29 0,12 0,05 0,00 0,06 0,00 0,00 0,11
Ilabitação mista
Cumulativa 0,54 1,05 1,28 1,38 1,42 1,42 1,47 1,47 1,47 1,55

Marginal 0,27 0,52 0,42 0,35 0,25 0,19 0,13 0,10 0,08 0,07
Ilabitação
permanente
Cumulativa 0,27 0,78 1,17 1,48 1,70 1,86 1,97 2,05 2,12 2,18

Marginal 0,14 0,21 0,14 0,10 0,05 0,04 0,04 0,03 0,03 0,01
1-labitação
secundária
Cumulativa 0,14 0,34 0,47 0,56 0,61 0,65 0,68 0,71 0,73 0,74

Marginal 0,14 0,27 0,14 0,08 0,09 0,04 0,02 0,02 0,02 0,00
Outros
Cumulativa 0,14 0,40 0,52 0,59 0,67 0,70 0,72 0,74 0,76 0,76

Note-se que aprobabilidade de um empréstimo destinado ahabitação para rendimento

ter sido considerado, 10 anos após asua emissão, definitivamente incobrável (situação

designada default) éde 2,33%. Importa sublinhar, no entanto, que no final do segundo

ano ataxa de mortalidade cumulativa era já de 1,62%).

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Destaca-se ainda o crédito destinado ahabitação secundária cuja taxa de mortalidade

cumulativa ao décimo ano (0,74%) é inferior à registada pelo crédito destinado a

habitação mista após osegundo ano (1,05%).

O quadro 13 calcula novamente as taxas de mortalidade marginal e cumulativa por

destino do crédito, para cada ano de vida, mas em termos de montante de empréstimos

(o anexo F apresenta o montante de empréstimos que registaram incumprimentos

definitivos em cada ano).

Quadro 13 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por destino do


crédito, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de montante de empréstimos)

Destino do crédito I' ano 2' ano 3° ano 4' ano 5° ano 6° ano 7° ano 8' ano 9° ano 10' ano

Marginal 0,26 0,32 0,25 0,18 0,06 0,08 0,06 0,04 0,02 0,01
Habitação para
rendimento
Cumulativa 0,26 0,57 0,81 0,97 1,03 1,11 1,16 1,20 1,21 1,22

Marginal 0,14 0,20 0,23 0,16 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01
Habitação mista
Cumulativa 0,14 0,34 0,56 0,71 0,71 0,71 0,71 0,71 0,71 0,72

Marginal 0,22 0,49 0,42 0,37 0,26 0,18 0,12 0,09 0,08 0,07
Habitação
permanente
Cumulativa 0,22 0,70 1,10 1,44 1,67 1,83 1,94 2,02 2,08 2,14

Marginal 0,10 0,18 0,13 0,12 0,05 0,04 0,03 0,03 0,02 0,01
Habitação
secundária
Cumulativa 0,10 0,28 0,40 0,51 0,56 0,59 0,61 0,64 0,65 0,66

Marginal 0,08 0,26 0,12 0,07 0,10 0,02 0,01 0,04 0,00 0,00
Outros
Cumulativa 0,08 0,34 0,45 0,51 0,60 0,62 0,62 0,65 0,66 0,66

Comparando os quadros 12 e 13, verifica-se que a taxa de mortalidade dos

empréstimos destinados ahabitação para rendimento émuito inferior quando calculado

em termos de montante. De facto, ataxa de mortalidade marginal no primeiro ano é

0,8% quando calculada com base no número de empréstimos considerados incobráveis

no primeiro ano e0,26% quando baseada no montante respectivo.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

A justificação para esta diferença deverá consistir no reduzido montante dos

empréstimos destinados ahabitação para rendimento "falidos" nos dois primeiros anos

após arespectiva emissão ( 15 e18 empréstimos, respectivamente3).

Os quadros 14 e 15 apresentam as taxas de mortalidade marginal e cumulativa, por

finalidade do crédito, respectivamente em termos de número e montante de

empréstimos.

Quadro 14 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em °/0), por finalidade do


crédito, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de número de empréstimos)

Finalidade do crédito 1° ano 2° ano 3° ano 4° ano 5° ano 6° ano 7° ano 8° ano 9° ano 10° ano

Marginal 0,33 0,60 0,50 0,41 0,29 0,20 0,14 0,11 0,10 0,08
Aquisição
Cumulativa 0,33 0,92 1,38 1,74 1,99 2,16 2,28 2,37 2,45 2,51

Marginal 0,11 0,22 0,17 0,15 0,12 0,10 0,07 0,06 0,04 0,04
Construção
Cumulativa 0,11 0,32 0,48 0,61 0,72 0,80 0,85 0,90 0,94 0,97

Marginal 0,23 0,46 0,31 0,23 0,15 0,10 0,08 0,05 0,04 0,03
Obras
Cumulativa 0,23 0,68 0,96 1,17 1,29 1,37 1,43 1,47 1,50 1,53

Marginal 0,01 0,01 0,02 0,01 0,02 0,02 0,02 0,01 0,00 0,00
Outros
Cumulativa 0,01 0,02 0,03 0,04 0,06 0,08 0,10 0,1 I 0,11 0,12

As diferentes finalidades do crédito apresentam, ao fim do décimo ano de vida dos

empréstimos, taxas de mortalidade cumulativas distintas: em termos de número,

enquanto os empréstimos para aquisição de habitação registam uma taxa de 2,51%, os

empréstimos com outras finalidades apenas apresentam uma taxa de 0,12%. Qualquer

das classes regista reduzidas taxas de mortalidade marginal, em particular apartir do

sexto ano.

3 De acordo com o anexo E.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Quadro 15 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por finalidade do


crédito, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de montante de
empréstimos)

Finalidade do crédito 1° ano 20 ano 3° ano 4° ano 5° ano 6° ano 7° ano 8° ano 9° ano 10° ano

Marginal 0,29 0,61 0,52 0,45 0,29 0,19 0,13 0,10 0,09 0,08
Aquisição
Cumulativa 0,29 0,89 1,38 1,79 2,06 2,22 2,33 2,41 2,49 2,56

Marginal 0,05 0,12 0,09 0,09 0,06 0,04 0,03 0,03 0,02 0,02
Construção
Cumulativa 0,05 0,16 0,24 0,33 0,38 0,42 0,45 0,47 0,49 0,51

Marginal 0,17 0,39 0,29 0,25 0,16 0,11 0,09 0,08 0,05 0,04
Obras
Cumulativa 0,17 0,55 0,82 1,05 1,19 1,29 1,36 1,43 1,47 1,50

Marginal 0,00 0,01 0,02 0,01 0,02 0,03 0,02 0,01 0,00 0,01
Outros
Cumulativa 0,00 0,02 0,03 0,05 0,07 0,09 0,11 0,12 0,13 0,13

Os quadros 16 e 17 apresentam as taxas de mortalidade calculadas em função prazo

dos empréstimos.

Quadro 16- Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por prazo do
empréstimo, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de número de empréstimos)

Prazo dos
I ano r ano 3° ano 4° ano 5° ano 6° ano r ano 8° ano 9° ano 10 . ano
empréstimos

Margi nal 0,1 I 0,16 0,09 0,07 0,04 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Até 5anos
Cumulativa 0,11 0,26 0,34 0,40 0,44 0,44 0,44 0,44 0,44 0,44

Marginal 0,04 0,07 0,05 0,04 0,03 0,03 0,04 0,02 0,02 0,01
Entre 5e
10 anos
Cumulativa 0,04 0,12 0,17 0,21 0,23 0,26 0,29 0,31 0,33 0,34

Marginal 0,16 0,26 0,19 0,14 0,11 0,09 0,08 0,05 0,05 0,04
Entre 10 e
20 anos
Cumulativa 0,16 0,42 0,59 0,72 0,82 0,89 0,96 1,00 1,04 1,07

Marginal 0,33 0,64 0,54 0,46 0,33 0,25 0,17 0,13 0,11 0,10
Entre 20 e
30 anos
Cumulativa 0,33 0,96 1,46 1,86 2,14 2,34 2,47 2,58 2,67 2,75

Marginal 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Mais de 30
anos
Cumulativa 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Naturalmente, os empréstimos com prazo inferior a5anos só poderiam apresentar taxa

de mortalidade marginal diferente de zero nos primeiros 5anos.

Note-se que ataxa de mortalidade cumulativa dos empréstimos com prazo inferior a10

anos éreduzida (em particular, em termos de montante: 0,15%).

A taxa de mortalidade cumulativa dos empréstimos com prazo entre 20 e30 anos indica

que, ao décimo ano, em média 2,75% destes empréstimos terá sido considerado

incobrável.

Quadro 17- Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por prazo do
empréstimo, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de montante de empréstimos)

Prazo dos
1° ano 2° ano 3° ano 4° ano 5° ano 6° ano 7° ano 8* ano 9° ano 10° ano
empréstimos

Marginal 0,04 0,04 0,05 0,02 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Até 5anos
Cumulativa 0,04 0,08 0,14 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16

Marginal 0,02 0,04 0,03 0,02 0,01 0,01 0,01 0,00 0,00 0,00
Entre 5e
10 anos
Cumulativa 0,02 0,06 0,09 0,11 0,13 0,14 0,15 0,15 0,15 0,15

Marginal 0,08 0,15 0,12 0,10 0,08 0,06 0,06 0,03 0,03 0,03
Entre 10 e
20 anos
Cumulativa 0,08 0,23 0,35 0,44 0,51 0,56 0,62 0,65 0,68 0,70

Marginal 0,27 0,60 0,53 0,48 0,35 0,27 0,19 0,15 0,14 0,15
Entre 20 e
30 anos
Cumulativa 0,27 0,86 1,36 1,79 2,10 2,33 2,48 2,61 2,72 2,85

Margi nal 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Mais de 30
anos
Cumulativa 0,00 0,00 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

Como se viu anteriormente, são raros os incumprimentos de empréstimos com prazo

superior a30 anos. No entanto, éde notar que, nesta classe de empréstimos, aevidência

de algum ter sido considerado incobrável nos 10 primeiros anos após asua concessão é

residual.

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Do cálculo das taxas de mortalidade marginal ecumulativa por classe de Loan-to-Value

resultaram os quadros 18 e19, respectivamente em termos de número emontante de

empréstimos.

Quadro 18- Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por Loan-to-Value,
para os 10 primeiros anos de vida (em termos de número de empréstimos)

Loan-lo-Value I° ano 2° ano 30 ano 4° ano 5° ano 6° ano 7° ano 80 ano 9' ano 10° ano

Marginal 0,25 0,29 0,20 0,16 0,12 0,08 0,06 0,05 0,03 0,04
De 0,0 a0,1
Cumulativa 0,25 0,53 0,71 0,85 0,95 1,02 1,07 1,11 1,14 1,18

Marginal 0,08 0,49 0,32 0,23 0,17 0, I


2 0,10 0,06 0,06 0,06
De 0,1 a0.2
Cumulativa 0,08 0,57 0,87 1,08 1,22 1,32 1,41 1,46 1,51 1,56

Marginal 0,22 0,40 0,28 0,22 0,13 0,10 0,09 0,06 0,05 0,04
De 0,2 a0,3
Cumulativa 0,22 0,61 0,86 1,06 1,18 1,26 1,33 1,38 1,42 1,45

Marginal 0,19 0,29 0,22 0,17 0,12 0,08 0,07 0,06 0,04 0,05
De 0,3 a0,4
Cumulativa 0,19 0,48 0,68 0,83 0,94 1,01 1,07 1,12 1,15 1,19

Marginal 0,12 0,24 0,17 0,13 0,08 0,07 0,05 0,05 0,04 0,04
De 0,4 a0,5
Cumulativa 0,12 0,36 0,51 0,63 0,71 0,77 0,82 0,86 0,90 0,93

Marginal 0,15 0,29 0,21 0,17 0,11 0,08 0,07 0,06 0,05 0,04
De 0,5 a0,6
Cumulativa 0,15 0,43 0,63 0,79 0,89 0,96 1,02 1,07 1,11 1,14

Marginal 0,18 0,45 0,31 0,25 0,16 0,10 0,09 0,08 0,06 0,06
De 0,6 a0,7
Cumulativa 0,18 0,62 0,91 1,14 1,28 1,37 1,45 1,52 1,57 1,62

Marginal 0,23 0,54 0,38 0.28 0,17 0,13 0,11 0,08 0,06 0,06
De 0,7 a0,8
Cumulativa 0,23 0,75 1,11 1,37 1,52 1,63 1,72 1,79 1,85 1,90

Margi nal 0,24 0,83 0,54 0,41 0,28 0,19 0,15 0,11 0,09 0,07
De 0,8 a0,9
Cumulativa 0,24 1,05 1,55 1,92 2,16 2,31 2,43 2,52 2,60 2,65

Marginal 0,48 0,88 0,61 0,47 0,31 0,20 0,15 0,12 0,09 0,07
De 0,9 a 1,0
Cumulativa 0,48 1,33 1,88 2,28 2,54 2,71 2,82 2,91 2,98 3,04

Como já se havia verificado na análise da taxa de empréstimos com incumprimentos, do

número médio de incumprimentos por empréstimo e da taxa de recurso a cobrança

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judicial, só apartir do LTV 0,5 se confirma a tendência de aumento do risco com o

aumento do LTV.

De facto, a partir da classe dos empréstimos com LTV entre 0,4 e 0,5, a taxa de

mortalidade cumulativa aumenta sistematicamente, em termos de montante, com a

referida classe a registar, em média, uma taxa de 0,93% no décimo ano e, a última

classe (
LTVs entre 0,9 e1), 3,04%.

Quadro 19 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em 11/0), por Loan-to-Value,


para os 10 primeiros anos de vida (em termos de montante de empréstimos)

Loan-to-Value 1° ano 2° ano 3° ano 4° ano 5° ano 6° ano 7° ano 8° ano 9' ano 10° ano

Marginal 0,12 0,17 0,13 0,13 0,08 0,07 0,06 0,07 0,02 0,05
De 0,0 a0,1
Cumulativa 0,12 0,29 0,41 0,53 0,61 0,67 0,72 0,78 0,80 0,84

Marginal 0,19 0,36 0,26 0,21 0,15 0,11 0,10 0,07 0,06 0,11
De 0,1 a0,2
Cumulativa 0,19 0,54 0,79 0,97 1,11 1,20 1,29 1,35 1,40 1,49

Marginal 0,18 0,36 0,28 0,24 0,15 0,11 0,10 0,08 0,07 0,07
De 0,2 a0,3
Cumulativa 0,18 0,53 0,80 1,02 1,15 1,25 1,35 1,41 1,47 1,53

Marginal 0,10 0,24 0,18 0,18 0,12 0,09 0,07 0,06 0,05 0,06
De 0,3 a0,4
Cumulativa 0,10 0,34 0,51 0,68 0,80 0,88 0,94 0,99 1,03 1,09

Marginal 0,08 0,17 0,13 0,12 0,07 0,06 0,04 0,04 0,04 0,04
De 0,4 a0,5
Cumulativa 0,08 0,25 0,38 0,49 0,56 0,61 0,65 0,69 0,73 0,76

Marginal 0,11 0,24 0,19 0,19 0,11 0,07 0,06 0,05 0,04 0,04
De 0,5 a0,6
Cumulativa 0,1 I 0,35 0,54 0,72 0,82 0,88 0,94 0,98 1,02 1,05

Marginal 0,19 0,43 0,34 0,32 0,16 0,10 0,09 0,09 0,06 0,06
De 0,6 a0,7
Cumulativa 0,19 0,61 0,93 1,23 1,38 1,46 1,55 1,62 1,67 1,72

Marginal 0,21 0,49 0,38 0,31 0,16 0,11 0,09 0,07 0,06 0,06
De 0,7 a0,8
Cumulativa 0,21 0,69 1,06 1,34 1,49 1,59 1,67 1,73 1,78 1,83

Marginal 0,33 0,73 0,56 0,47 0,30 0,19 0,13 0,10 0,10 0,10
De 0,8 a0,9
Cumulativa 0,33 1,05 1,57 2,00 2,26 2,42 2,53 2,62 2,70 2,79

Marginal 0,43 0,82 0,64 0,55 0,39 0,21 0,15 0,13 0,13 0,10
De 0,9 a 1,0
Cumulativa 0,43 1,22 1,82 2,31 2,64 2,82 2,95 3,06 3,16 3,24

Página 60
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Confirma-se, assim, o impacto do LTV de um empréstimo sobre arespectiva taxa de

mortalidade, desde que esse LTV assuma os valores mais frequentes, ou seja, superiores

a0,5.

Os quadros 20 e 21 apresentam as taxas de mortalidade marginal e cumulativa por

classe do rácio entre o valor esperado das prestações eorendimento mensal esperado do

contraente do empréstimo (
Debt-to-Income).

Quadro 20 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por rácio


Debt-to-Income, para os 10 primeiros anos de vida (em termos de número de
empréstimos)
r
Debt-lo-Income 1° ano 2* ano 3° ano 4° ano 5° ano 6° ano 7° ano 8° ano 9° ano 10° ano

Marginal 0,02 0,03 0,03 0,02 0,02 0,01 0,01 0,00 0,00 0,00
De 0,0 a0,1
Cumulativa 0,02 0,05 0,08 0,10 0,12 0,12 0,13 0,13 0,13 0,13

Marginal 0,02 0,04 0,03 0,03 0,02 0,02 0,01 0,00 0,01 0,00
De 0,1 a0,2
Cumulativa 0,02 0,06 0,09 0,12 0,15 0,16 0,17 0,18 0,18 0,18

Marginal 0,03 0,05 0,04 0,03 0,03 0,01 0,01 0,00 0,00 0,00
De 0,2 a0.3
Cumulativa 0,03 0,08 0,12 0,15 0,18 0,19 0,20 0,20 0.20 0,20

Marginal 0,03 0,07 0,06 0,04 0,04 0,01 0,01 0,01 0,00 0,00
De 0.3 a0,4
Cumulativa 0,03 0,10 0,15 0,19 0,23 0,24 0,25 0,26 0,26 0,26

Marginal • 0,05 0,10 0,08 0,05 0,03 0,02 0,01 0,01 0,00 0,00
De 0.4 a0,5
Cumulativa 0,05 0,15 0,22 0,28 0,30 0,33 0,33 0,34 0,34 0,35

Marginal 0,06 0,12 0,09 0,07 0,04 0,02 0,01 0,01 0,00 0,00
De 0,5 a0,6
Cumulativa 0,06 0,18 0,26 0,33 0,37 0,40 0,40 0,41 0,41 0,42

Marginal 0,10 0,19 0,15 0,11 0,07 0,04 0,02 0,01 0,00 0,00
De 0,6 a0.7
Cumulativa 0,10 0,29 0,44 0,54 0,61 0,64 0,66 0,67 0,67 0,68

Marginal 0,19 0,36 0,28 0,21 0,13 0,07 0,05 0,02 0,02 0,01
De 0,7 a0,8
Cumulativa 0,19 0,55 0,81 1,00 1,11 1,17 1,21 1,23 1,25 1,26

Marginal 0,50 0,83 0,60 0,49 0,32 0,22 0,16 0,11 0,09 0,07
De 0,8 a0,9
Cumulativa 0,50 1,28 1,78 2,15 2,38 2,53 2,64 2,71 2,77 2,81

Marginal 0,64 1,05 0,84 0,80 0,64 0,57 0,47 0,43 0,39 0,40
De 0,9 a 1,0
Cumulativa 0,64 1,55 2,13 2,58 2,88 3,12 3,29 3,43 3,55 3,66

Página 61
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Constata-se que a taxa de mortalidade cumulativa no décimo ano aumenta

sistematicamente com o aumento do rácio, quer em termos de número, quer de

montante de empréstimos.

Quadro 21 - Taxa de mortalidade marginal ecumulativa (em %), por rácio


Debt-to-Income,para os 10 primeiros anos de vida (em termos de montante de empréstimos)

Debt-to-lncome 1° ano 2° ano 3° ano 4° ano 5° ano 6° ano 7° ano 8° ano 9° ano 10° ano

Marginal 0,02 0,04 0,04 0,03 0,03 0,01 0,01 0,00 0,00 0,00
De 0,0 a0,1
Cumulativa 0,02 0,06 0,10 0,12 0,15 0,16 0,16 0,16 0,17 0,17

Marginal 0,02 0,04 0,04 0,05 0,04 0,02 0,01 0,00 0,01 0,00
De 0,1 a0,2
Cumulativa 0,02 0,06 0,10 0,14 0,18 0,20 0,22 0,22 0,23 0,23

Marginal 0,04 0,06 0,04 0,05 0,05 0,01 0,01 0,00 0,00 0,00
De 0,2 a0,3
Cumulativa 0,04 0,10 0,14 0,19 0,24 0,26 0,26 0,26 0,27 0,27

Marginal 0,04 0, I
0 0,09 0,07 0,06 0,03 0,01 0,01 0,00 0,0 I
De 0,3 a0,4
Cumulativa 0,04 0,13 0,22 0,28 0,34 0,36 0,37 0,37 0,38 0,38

Marginal 0,06 0,13 0,12 0,09 0,05 0,04 0,01 0,01 0,00 0,00
De 0,4 a0,5
Cumulativa 0,06 0,19 0,31 0,39 0,44 0,47 0,48 0,49 0,49 0,49

Marginal 0,09 0,19 0,14 0,13 0,08 0,04 0,01 0,01 0,00 0,00
De 0,5 a0,6
Cumulativa 0,09 0,28 0,42 0,54 0,62 0,66 0,67 0,68 0,68 0,68

Marginal 0,16 0,33 0,27 0,22 0,12 0,06 0,02 0,01 0,00 0,01
De 0,6 a0,7
Cumulativa 0,16 0,48 0,73 0,94 1,05 1,10 1,13 1,14 1,14 1,15

Marginal 0,35 0,74 0,58 0,45 0,27 0,13 0,07 0,03 0,03 0,02
De 0,7 a0,8
Cumulativa 0,35 1,06 1,57 1,94 2,16 2,26 2,31 233 2,35 2,37

Marginal 0,84 1,46 1,12 0,97 0,63 0,39 0,26 0,17 0,15 0,11
De 0,8 a0,9
Cumulativa 0,84 2,17 3,02 3,66 4,03 4,25 4,38 4,47 4,55 4,60

Marginal 0,82 1,52 1,19 1,14 0,85 0,79 0,76 0,76 0,76 1,03
De 0,9 a 1,0
Cumulativa 0,82 2,15 2,95 3,58 3,97 4,28 4,54 4,78 4,99 5,24

Página 62
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Segundo os quadros 20 e 21, a taxa de mortalidade de um empréstimo tende a

aumentar em função do respectivo rácio entre o valor esperado das prestações e o

rendimento mensal esperado do contraente.

De facto, ataxa de mortalidade cumulativa para os empréstimos das classes com rácio

inferior a0,5 (em termos de montante dos empréstimos) tende aser, em média, inferior

a0,5%, enquanto, para as classes com rácios superiores a0,8, varia próximo de 5%.

Figura 6 - Taxas de Mortalidade Marginal eCumulativa, por número e


montante de empréstimos

40

35

30

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1° ano 2° ano 3° ano 4° ano 5° ano 6° ano 7° ano 8° ano 9° ano 10° ano

Analisado o comportamento da taxa de mortalidade marginal ecumulativa em função

das características dos empréstimos da amostra, épossível extrair uma conclusão geral.

Nesse sentido, afigura 6apresenta as taxas de mortalidade marginal ecumulativa, em

termos de número emontante, para os dez primeiros anos de todos os empréstimos da

amostra.

Quanto às taxas marginais (MLMR), verifica-se um aumento do primeiro para o

segundo anos com uma descida contínua até valores residuais ao fim do décimo ano.

Página 63
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Como consequência, as taxas cumulativas (CLMR) registam um aumento muito

acentuado até ao terceiro ano, abrandando oseu aumento apartir desse ano.

As taxas de mortalidade marginais calculadas não permitem deste modo aferir da

evidência de um "efeito antiguidade" (


aging effect) das taxas de incumprimento dos

empréstimos, definido por Altman e Suggitt (2000) como o aumento da taxa de

incumprimento em função da antiguidade dos empréstimos.

Constata-se que o cálculo das taxas de mortalidade em termos de montante de

empréstimos resulta sistematicamente superior ao cálculo com base no número de

empréstimos.

Dada a amplitude do período da amostra utilizada na análise de incumprimentos de

empréstimos àhabitação pode considerar-se, ao contrário do que sucedeu no estudo de

Altman e Suggitt (2000), que não se restringiu o seu âmbito temporal auma parte do

ciclo de crédito. Deste modo, poder-se-ão considerar as taxas de mortalidade calculadas

como indicativas para as expectativas dos bancos sobre ciclos de crédito àhabitação

completos em Portugal.

Página 64
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

5. Conclusões

Em sistemas financeiros como oPortuguês ou oEuropeu, em que osistema bancário assume

um peso preponderante face ao mercado de capitais (ao contrário do que ocorre nos EUA), o

risco de crédito desempenha um papel primordial na explicação das crises financeiras.

Considerando opeso dominante que osegmento do crédito àhabitação representa no total

do crédito concedido a particulares pelo Sistema Bancário Português, procurou-se

evidenciar empiricamente determinadas tendências de comportamento do risco de crédito.

Tendo-se constatado que os empréstimos em causa se destinam maioritariamente a

aquisição de habitação permanente, registando um rácio Loan-to-Value (LTV) superior a

70%, um rácio Debt-to-Income inferior a50% eum prazo entre os 20 e30 anos, calculou-

se, para todos os empréstimos, uma taxa de incumprimento que se revelou mais elevada, em

média, nos empréstimos destinados aaquisição de habitação permanente, com rácio L7'V

mais elevado, rácio Debt-to-Income elevado eprazo entre os 20 e30 anos.

A análise da evolução da taxa de empréstimos com prestações incumpriclas entre os anos de

1989 e2002 edo número médio de prestações incumpridas por empréstimo em cada ano

permitiu concluir que as taxas de incumprimento têm manifestado uma tendência

ligeiramente decrescente desde 1989.

O cálculo das taxas de mortalidade de Altman e Suggitt (2000) permitiu escalonar as

características mais propensas àsua incorrência em situações de incumprimento.

Quanto aos destinos do crédito, concluiu-se que aprobabilidade de um empréstimo ser

considerado incobrável nos primeiros 10 anos após asua concessão émaior quando se

destina ahabitação para rendimento emenor quando se destina ahabitação secundária.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Relativamente àfinalidade do crédito, não se revelou uma característica distintiva quanto ao

comportamento dos empréstimos em termos de incumprimentos.

Quando calculada' em termos de montante de empréstimos, as taxas de mortalidade

cumulativa revelaram-se mais elevadas para empréstimos com LTVs mais elevados, embora

em termos de número de empréstimos esta taxa não fosse conclusiva (apenas oéquando o

LTV assume os valores superiores a50%).

O rácio Debt-to-Income apresentou sistematicamente taxas cumulativas de mortalidade mais

elevadas para empréstimos com rácio elevado, revelando-se uma característica com impacto

preponderante sobre apropensão de um empiez, imo para aoincumprimento eafalência.

Por fim, os empréstimos com prazo entre os 20 e30 anos concentram as mais elevadas

taxas de mortalidade marginal ecumulativa.

Numa perspectiva agregada, se quanto às taxas marginais se verifica um aumento do

primeiro para o segundo anos com uma descida contínua até valores residuais ao fim do

décimo ano, como consequência as taxas cumulativas registam um aumento muito

acentuado até ao terceiro ano, abrandando oseu aumento apartir desse ano.

As taxas de mortalidade marginais calculadas não permitem deste modo aferir da evidência

de um "efeito antiguidade" (
aging effect) das taxas de incumprimento dos empréstimos.

Dada a amplitude do período da amostra utilizada na análise de incumprimentos de

empréstimos àhabitação pode considerar-se que não se restringiu oseu âmbito temporal

a uma parte do ciclo de crédito. Deste modo, poder-se-ão considerar as taxas de

mortalidade calculadas como indicativas para as expectativas dos bancos sobre ciclos de

crédito àhabitação completos em Portugal.

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

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Página 72
1
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabi ‘7o rt ,
j

Anexos

Anexo A — Evolução das taxas de juro das operações activas de crédito àhabitação

Anexo B — Evolução da taxa de empréstimos incumpridos por empréstimos "vivos" entre

1989 e2002, em função do número de empréstimos

Anexo C — Evolução da taxa de empréstimos incumpridos por empréstimos "vivos" entre

1989 e2002, em função do montante de empréstimos

Anexo D — Evolução da taxa de prestações incumpridas por empréstimo por ano, entre

1989 e2002

Anexo E — Número de empréstimos definitivamente incumpridos por ano de vida

Anexo F — Montante de empréstimos definitivamente incumpridos por ano de vida (em

euros)

Página 73
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitaçdo

Anexo A - Evolução das taxas de juro das operações activas de crédito àhabitação

Ano Taxa de Juro (em percentagem)

1989 19,00

1990 20,46

1991 20,88

1992 19,59

1993 16,58

1994 13,64

1995 12,84

1996 11,63

1997 9,73

1998 6,88

1999 5,35

2000 6,51

2001 6,43

2002 5,36

Fonte: Banco de Portugal

Observação: Considerou-se, para 1989, o limite das taxas de juro activas a mais de 5 anos, definido

através do Aviso n.° 5de 15/9 do Banco de Portugal (ovalor considerado foi estimado entre

os conhecidos para 1988 e 1990).

Página 74
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Anexo B - Evolução da taxa de empréstimos incumpridos por empréstimos "vivos" entre 1989 e

2002, em função do número de empréstimos


1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Destino do crédito Rendimento 0,289 0,272 0,247 0,169 0,137 0,083 0,072 0,079 0,087 0,109 0,094 0,108 0,114 0,148

Mista 0,121 0,159 0,212 0,135 0,087 0,068 0,161 0233 0,215 0,171 0,209 0,150 0,203 0.186
Permanente 0,353 0,344 0,325 0,313 0,337 0,285 0,265 0,266 0,252 0,239 0,249 0,260 0,289 0,335
Secundária 0,199 0,232 0,240 0,249 0,267 0,184 0,153 0,165 0,175 0,182 0,183 0,208 0,262 0,280

Outros 0,191 0,118 0,155 0,243 0,247 0,181 0,162 0,160 0,146 0,164 0,192 0,243 0,281 0,297

Finalidade do crédito Aquisição 0251 0,247 0,232 0,223 0,240 0,203 0,191 0,193 0,185 0,173 0,175 0,181 0,203 0,230

Construção 0,184 0,169 0,159 0,152 0,163 0,139 0,127 0,126 0,124 0,124 0,126 0,126 0,141 0,161

Obras 0,097 0,094 0,126 0,129 0,141 0,107 0,098 0,113 0,128 0,146 0,193 0,230 0,252 0,249

Outros 0,150 0,198 0,226 0228 0215 0,165 0,141 0,058 0,027 0,022 0,020 0,024 0,036 0,355

Loan-to-Value De 0,0 a0,1 0,229 0,196 0,193 0,151 0,179 0,160 0,146 0,174 0,194 0,217 0,276 0,321 0,330 0,305

De 0,1 a0,2 0,257 0,225 0,226 0,210 0,209 0,176 0,165 0,166 0,182 0,205 0,262 0,315 0,337 0,327
De 0,2 a0,3 0,261 0,232 0,242 0,234 0,247 0,210 0,195 0,197 0,196 0,207 0,254 0,281 0,310 0,317

De 0,3 a0,4 0,249 0,220 0,238 0,226 0,243 0,204 0,190 0,201 0,190 0,191 0,214 0,236 0266 0,292

De 0,4 a0,5 0,170 0,191 0,216 0,210 0,251 0,202 0,188 0,201 0,195 0,194 0,199 0,205 0,231 0,268

De 0,5 a0,6 0,137 0,175 0,204 0,201 0,241 0,192 0,177 0,188 0,199 0,193 0,194 0,221 0,261 0,301

De 0,6 a0,7 0,145 0,181 0,229 0,243 0,285 0,221 0,203 0,210 0,205 0,199 0,209 0,238 0,303 0,359

Dc 0,7 a0,8 0,142 0,194 0,240 0,264 0,309 0,264 0,244 0,249 0,239 0,229 0,233 0,260 0,315 0,370
De 0,8 a0,9 0,177 0,246 0,282 0,300 0,345 0,291 0,273 0,294 0,292 0,277 0,287 0,300 0,341 0,388

De 0,9 a1,0 0,206 0,276 0,298 0,328 0,387 0,319 0,300 0,316 0,302 0,268 0,274 0,286 0,318 0,355

De 0,0 a0,1 0,245 0,183 0,155 0,133 0,135 0,125 0,127 0,126 0,133 0,168 0,181 0,197 0,201 0,180
Debt to lncome
De 0,1 a0,2 0,286 0,233 0,204 0,177 0,188 0,159 0,157 0,161 0,162 0,159 0,171 0,177 0,175 0,173

De 0,2 a0.3 0,290 0,245 0,222 0,213 0,231 0,202 0,185 0,183 0,183 0,180 0,190 0,181 0,181 0,176

De 0,3 a0,4 0,272 0,240 0,229 0,228 0,258 0,214 0,198 0,203 0,196 0,184 0,185 0,188 0,189 0,190

De 0,4 a0,5 0,257 0,226 0,225 0,224 0,248 0,213 0,200 0,206 0,195 0,184 0,179 0,172 0,174 0,186

De 0,5 a0,6 0,249 0,241 0,245 0,248 0,273 0,228 0,212 0,216 0,206 0,187 0,183 0,179 0,181 0,196

De 0,6 a0,7 0,253 0,245 0,247 0,249 0,278 0,219 0,203 0,212 0,208 0,195 0,186 0,180 0,198 0,211

De 0,7 a0,8 0,268 0,279 0,279 0,273 0,288 0,229 0,212 0,216 0,217 0,197 0,199 0,192 0,227 0,249

De 0,8 a0,9 0,311 0,287 0,260 0,250 0,270 0,212 0,209 0,222 0,210 0,204 0,210 0,217 0,249 0,282

De 0,9 a1,0 0,343 0,294 0,265 0,240 0,275 0,224 0,230 0,239 0,228 0,213 0,201 0,215 0259 0,293

Prazo do empréstimo Até 5anos 0,204 0,284 0,097 0,097 0,114 0,114 0,109 0,069 0,106 0,241 0,274 0,258 0,253 0,180

Entre 5e10 anos 0,141 0,133 0,138 0,158 0,156 0,122 0,109 0,110 0,116 0,120 0,142 0,177 0,211 0,261

Entre 10 e20 0,236 0,207 0,217 0,199 0,206 0,160 0,147 0,147 0,144 0,139 0,145 0,149 0,159 0,189

Entre 20 e30 0,291 0,287 0,270 0,262 0,283 0,241 0,224 0,226 0,215 0,202 0,209 0,219 0,245 0,283

Mais de 30 anos 0,707 0,696 0,696 0,651 0,782 0,764 0,716 0,763 0,820 0,839 0,831 0,601 0,500 0,233

Até 5.000E 0,248 0,262 0,252 0,244 0,265 0,233 0,232 0,234 0,217 0,204 0,213 0,228 0,265 0,310
Rendimento anual
bruto inicial ... a10.000E 0,227 0,238 0,227 0,221 0,238 0,201 0,192 0,198 0,192 0.180 0,184 0,192 0214 0,258

... a20.000€ 0.220 0,212 0,199 0,196 0,221 0,183 0,173 0,179 0,176 0,166 0,165 0,173 0,196 0,233

... a30.000€ 0,207 0,206 0,189 0,174 0,197 0,155 0,146 0,153 0,150 0,149 0,158 0,179 0,215 0,231

„. a40.000E 0,223 0,195 0,181 0,168 0,196 0,146 0.136 0,155 0,150 0,149 0,162 0,182 0,208 0,229

... a50.000E 0,149 0,186 0,172 0,170 0,198 0,114 0,114 0,119 0,125 0,129 0,140 0,180 0201 0,220

Mais de 50.000E 0,126 0,216 0,172 0,199 0,204 0,121 0,098 0,119 0,126 0,132 0,145 0,175 0,214 0,227

Página 75
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Anexo C - Evolução da taxa de empréstimos incumpridos por empréstimos "vivos" entre 1989 e

2002, em função do montante de empréstimos

1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Destino do crédito Rendimento 0,780 0,639 0,629 0,550 0,420 0,204 0,154 0,116 0,128 0,170 0,080 0,061 0,055 0,070

Mista 0,018 0,047 0,123 0,107 0,071 0,080 0,231 0,233 0,160 0,158 0,112 0,097 0,045 0,034
Permanente 0,187 0,198 0,191 0,195 0,213 0,201 0,162 0,148 0,108 0,073 0,047 0,049 0,048 0,044
Secundária 0,089 0,132 0,162 0,183 0,163 0,110 0,083 0,082 0,074 0,062 0,033 0,031 0,036 0,030
Outros 0,738 0,259 0,265 0,353 0,322 0,198 0,180 0,143 0,117 0,105 0,069 0,080 0,057 0,049

Finalidade do erédim Aquisiçâo 0,292 0,339 0,361 0,404 0,476 0,492 0,430 0,438 0,340 0,237 0,158 0,172 0,181 0,177
Construçâo 0,220 0,229 0,260 0,276 0,288 0,231 0,224 0,224 0,194 0,159 0,104 0,103 0,115 0,124

Obras 0,129 0,160 0,224 0,254 0,259 0,156 0,170 0,208 0,221 0,224 0,172 0,197 0,206 0,174

Outros 0,200 0,255 0,364 0,416 0,373 0,325 0,203 0,049 0,023 0,010 0,006 0,010 0,016 0,176

Loan-lo-Value Dc 0,0 a0,1 0,200 0,189 0,220 0,196 0,218 0,176 0,152 0,181 0,230 0,228 0,192 0,198 0,183 0,163

De 0,1 a0,2 0,256 0,248 0,299 0,321 0,291 0,261 0,217 0,227 0,223 0,209 0,163 0,197 0,192 0,166

De 0,2 a0,3 0,334 0,326 0,354 0,356 0,357 0,312 0,285 0,311 0,243 0,222 0,150 0,169 0,170 0,149

De 0,3 a0,4 0,281 0,297 0,329 0,329 0,328 0,295 0,263 0,280 0,233 0,195 0,130 0,149 0,157 0,152

De 0,4 a0,5 0,130 0,195 0,264 0,296 0,331 0,278 0,264 0,283 0,243 0,188 0,134 0,127 0,146 0,149

Dc 0,5 a0,6 0,101 0,173 0,239 0,270 0,311 0,282 0,248 0,234 0,233 0,181 0,113 0,135 0,162 0,161

De 0,6 a0,7 0,109 0,173 0,257 0,314 0,359 0,374 0,276 0,297 0,225 0,173 0,115 0,138 0,166 0,170

Dc 0,7 a0,8 0,083 0,167 0,235 0,314 0,385 0,384 0,348 0,346 0,281 0,204 0,132 0,154 0,169 0,169

Dc 0,8 a0,9 0,099 0,188 0,255 0,313 0,409 0,438 0,389 0,403 0,346 0,240 0,168 0,183 0,191 0,186

De 0,9 a1,0 0,113 0,197 0,253 0,324 0,433 0,470 0,430 0,443 0,354 0,224 0,160 0,181 0,185 0,168

Debt to Income De 0,0 a0,1 0,232 0,206 0,191 0,213 0,216 0,208 0,218 0,222 0,262 0,313 0,221 0,231 0,227 0,179

De 0,1 a0,2 0,157 0,221 0,234 0,254 0,287 0,297 0,263 0,260 0,245 0,201 0,142 0,134 0,129 0,121

De 0,2 a0.3 0,161 0,212 0,235 0,279 0,306 0,325 0,292 0,284 0,266 0,206 0,145 0,145 0,136 0,124

De 0,3 a0,4 0,144 0,210 0,247 0,297 0,341 0,365 0,309 0,297 0,273 0,214 0,137 0,139 0,127 0,111

De 0,4 a0,5 0,150 0,206 0,250 0,296 0,341 0,352 0,321 0,326 0,279 0,207 0,122 0,121 0,116 0,115

De 0,5 a0,6 0,157 0,228 0,278 0,322 0,375 0,387 0,368 0,356 0,302 0,208 0,119 0,132 0,116 0,121

De 0,6 a0,7 0,152 0,231 0,268 0,318 0,363 0,370 0,302 0,326 0,275 0,221 0,135 0,115 0,135 0,117

Dc 0,7 a0,8 0,190 0,283 0,297 0,336 0,371 0,405 0,349 0,336 0,292 0,190 0,134 0,117 0,144 0,146

De 0,8 a0,9 0,206 0,219 0,225 0,254 0,307 0,317 0,306 0,347 0,255 0,223 0,126 0,138 0,140 0,158

De 0,9 a1,0 0,197 0,276 0,252 0,285 0,372 0,280 0,344 0,365 0,275 0,196 0,121 0,131 0,169 0,152

Prazo do empréstimo Até 5anos 0,558 0,191 0,006 0,056 0,217 0,261 0,159 0,069 0,099 0,180 0,131 0,125 0,114 0,090

Entre 5c 10 anos 0,073 0,067 0,077 0,090 0,078 0,077 0,060 0,053 0,051 0,047 0,034 0,034 0,039 0,044

Entre 10 e20 0,206 0,207 0,222 0,216 0,198 0,169 0,133 0,106 0,087 0,062 0,041 0,036 0,035 0,036

Entre 20 e30 0,227 0,274 0,264 0,273 0,305 0,290 0,235 0,221 0,158 0,104 0,066 0,069 0,068 0,062

Mais de 30 anos 0,411 0,412 0,518 1,116 0,609 0,481 0,358 0,383 0,234 0,124 0,071 0,043 0,025 0,005

Até 5.000E 0,713 0,780 0,782 0,839 0,922 0,947 0,801 0,773 0,546 0,3 40 0,213 0,
216 0221 0,197
Rendimento anual
bruto inicial ... a10.000E 0,349 0,400 0,405 0,422 0,461 0,438 0,390 0,368 0,289 0,197 0,120 0,124 0,118 0,113

... a20.000E 0,236 0,259 0,252 0,265 0,269 0,255 0,209 0,197 0,167 0,109 0,060 0,063 0,067 0,065

... a30.000€ 0,167 0,204 0,182 0,185 0,188 0,168 0,130 0,118 0,101 0,068 0,046 0,050 0,055 0,048

... a40.000€ 0,231 0,263 0,224 0,188 0,177 0,135 0,109 0,123 0,087 0,078 0,038 0,039 0,044 0,036

... a50.000E 0,180 0,333 0,349 0,312 0,261 0,138 0,125 0,089 0,083 0,068 0,054 0,059 0,047 0,036

Mais de 50.000E 0,350 0,328 0,253 0,225 0,226 0,170 0,079 0,128 0,113 0,084 0,039 0,056 0,044 0,034

Página 76
Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Anexo D - Evolução da taxa de prestações incumpridas por empréstimo por ano, entre 1989 e2002

1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Destino do crédito Rendimento 1,33 1,40 1,25 0,87 0,64 0,34 0,27 0,26 0,27 031 0,23 0,25 0,25 0,26
Mista 0,44 0,54 0,79 0,49 0,28 0,20 0,46 0,59 0,48 0,38 0,41 0,25 0,33 0,27
Permanente 0,96 1,05 0,96 0,92 0,91 0,70 0,60 0,54 0,47 0,41 0,37 0,37 0,38 0,39
Secundária 0,40 0,51 0,50 0,52 0,51 0,31 0,24 0,24 0,23 0,22 0,19 0,20 0,23 0,21
Outros 0,40 0,36 0,49 0,77 0,75 0,50 0,39 0,34 0,30 0,31 0,30 0,34 0,35 0,31

Finalidade do crédito Aquisição 1,00 1,10 0,99 0,95 0,95 0,72 0,63 0,59 0,52 0,45 0,40 0,40 0,41 0,41
Construção 0,76 0,77 0,70 0,66 0,66 0,49 0,41 0,37 0,33 0,30 0,25 0,24 0,24 0,23
Obras 0,41 0,45 0,58 0,58 0,59 0,39 0,34 0,34 0,35 0,36 0,40 0,45 0,46 0,41
Outros 0,75 1,19 1,42 1,51 1,33 0,96 0,32 0,04 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,31

Lar/ir-to-Vai:ré De 0,0 a0,1 0,58 0,58 0,56 0,45 0,48 0,37 0,31 0,32 0,33 0,35 0,38 0,43 0,40 0,33
Dc 0,1 a0,2 0,70 0,68 0,64 0,58 0,54 0,41 0,36 0,33 0,33 0,34 0,37 0,43 0,42 0,37
De 0,2 a0,3 0,66 0,62 0,61 0,56 0,55 0,42 0,38 0,35 0,33 0,32 0,34 0,36 0,36 0,33
De 0,3 a0,4 0,58 0,53 0,53 0,49 0,48 0,36 0,32 0,31 0,27 0,26 0,25 0,26 0,27 0,26
De 0,4 a0,5 0,37 0,44 0,46 0,44 0,48 0,35 0,30 0,30 0,26 0,24 0,21 0,21 0,21 0,21
De 0,5 a0,6 0,28 0,40 0,43 0,42 0,47 0,33 0,28 0,28 0,27 024 0,21 0,23 0,24 0,24
De 0,6 a0,7 0,31 0,42 0,50 0,53 0,57 0,40 0,34 0,32 0,29 0,26 0,24 0,26 0,30 0,30
De 0,7 a0.8 0,32 0,48 0,55 0,60 0,64 0,50 0,43 0,41 0,37 0,33 0,29 0,32 0,35 0,35
De 0,8 a0.9 0,44 0,69 0,77 0,83 0,89 0,67 0,59 0,60 0,56 0,49 0,45 0,45 0,48 0,48

De 0,9 a1,0 0,59 0,92 0,97 1,09 1,20 0,90 0,80 0,78 0,70 0,58 0,51 0,52 0,54 0,54

De 0,0 a0,1 0,53 0,51 0,40 0,33 0,31 0,25 0,23 0,21 0,20 0,22 0,20 0,21 0,19 0,16
Debt to hicome
De 0,1 a0,2 0,60 0,62 0,51 0,44 0,43 0,33 0,31 0,29 0,27 0,24 0,23 0,23 0,21 0,19

De 0,2 a0.3 0,64 0,68 0,57 0,54 0,54 0,43 0,37 0,34 0,32 0,29 0,27 0,25 0,23 0,20

De 0,3 a0,4 0,65 0,71 0,63 0,60 0,63 0,46 0,40 0,38 0,34 0,30 0,26 0,26 0,24 0,22

De 0,4 a0,5 0,66 0,72 0,67 0,65 0,65 0,50 0,43 0,40 0,35 0,30 0,25 0,24 0,22 0,22

De 0,5 a0,6 0,67 0,80 0,78 0,77 0,78 0,56 0,48 0,44 0,38 0,31 0,26 0,25 0,23 0,22

De 0,6 a0,7 0,70 0,83 0,79 0,78 0,79 0,54 0,45 0,42 0,37 0,31 0,25 0,23 0,23 0,22

De 0,7 a0,8 0,77 1,03 0,98 0,94 0,90 0,63 0,52 0,47 0,42 0,33 0,28 0,26 0,28 0,27

De 0,8 a0,9 1,01 1,15 0,96 0,89 0,86 0,59 0,51 0,48 0,40 0,34 0,29 0,28 0,29 0,29

De 0,9 a1,0 1,21 1,24 1,05 0,94 0,93 0,66 0,61 0,54 0,45 0,36 0,27 0,27 0,29 0,29

Prazo do empréstimo Até 5anos 0,56 0,58 0,13 0,13 0,19 0,17 0,14 0,08 0,15 0,30 0,29 0,27 0,25 0,16

Entre 5e10 anos 0,23 0,22 0,20 0,23 0,21 0,15 0,13 0,11 0,12 0,11 0,12 0,14 0,16 0,17

Entre 10 e20 0,65 0,62 0,62 0,56 0,54 0,38 0,32 0,29 0,25 0,22 0,20 0,19 0,19 0,20

Entre 20 e30 1,00 1,13 1,03 1,00 1,00 0,77 0,67 0,62 0,54 0,46 0,41 0,42 0,43 0,43

Mais de 30 anos 3,79 3,20 3,33 3,33 3,69 3,06 2,83 3,00 2,38 1,79 1,33 0,94 0,60 0,09

Até 5.000f 1,07 1,27 1,21 1,21 1,25 1,02 0,97 0,90 0,78 0,68 0,61 0,63 0,67 0,69
Rendimento anual
bruto inicial ... a10.000f 0,74 0,84 0,78 0,78 0,79 0,61 0,56 0,54 0,49 0,43 0,38 0,38 0,40 0,42

... a20.000E 0,60 0,63 0,55 0,53 0,55 0,41 0,36 0,34 0,31 0,27 0,23 0,24 024 0,26

... a30.000E 0,48 0,53 0,43 0,38 0,38 0,26 0,23 0,21 0,19 0,17 0,16 0,17 0,19 0,18

... a40.000E 0,53 0,54 0,44 0,36 0,36 0,23 0,19 0,19 0,17 0,15 0,14 0,15 0,15 0,14

... a50.000E 0,39 0,58 0,47 0,42 0,43 0,20 0,17 0,16 0,14 0,14 0,12 0,15 0,15 0,13

Mais de 50.000E 0,40 0,69 0,53 0,55 0,49 0,23 0,16 0,18 0,16 0,15 0,13 0,15 0,16 0,13

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Anexo E - Número de empréstimos definitivamente incumpridos por ano de vida

-
1° ano 2° ano 3° ano 40 ano 5° ano 6° ano r ano 8' ano 9° ano 10° ano

Rendimento 15 18 5 4 I 1 I I I O
Mista I I O O O O O O O O
Destino do
Permanente 1.819 3.276 2.515 1.877 1.204 748 459 312 238 191
crédito
Secundária 23 31 18 12 5 3 2 1 I O
Outros 2 3 I 1 1 O O O O O

Aquisição 1.624 2.823 2.215 1.668 1.050 647 401 297 236 185
Finalidade do Construção 90 167 115 91 62 42 26 19 13 II
crédito Obras 170 332 209 139 69 32 17 9 5 3
Outros 2 4 5 3 4 4 2 O O O

De 0,0 a0,1 24 27 17 12 8 4 2 I 1 I
De 0,1 a0,2 30 168 106 68 40 23 13 7 6 5
De 0,2 a0,3 90 160 104 75 37 21 15 9 6 5
De 0,3 a0,4 82 120 82 57 36 20 14 10 7 7
De 0,4 a0,5 58 109 69 48 26 20 12 10 7 6
Loan-to-Value
De 0,5 a0,6 78 141 93 67 36 22 16 13 9 6
De 0,6 a0,7 118 275 171 120 63 35 25 20 14 12
De 0,7 a0,8 172 377 246 160 83 54 38 26 18 16
De 0,8 a0,9 263 845 528 363 216 125 88 58 46 31
De 0,9 a 1.0 442 792 536 379 227 124 84 61 44 30

De 0,0 a0,1 3 6 5 3 2 O O O O O
De 0,1 a0,2 5 9 6 5 3 2 I O O O
De 0,2 a0,3 9 12 8 6 5 2 1 O
De 0.3 a0,4 10 20 16 10 8 3 I I
De 0,4 a0,5 19 35 27 17 8 6 1 I
Debt to lncome
De 0,5 a0,6 26 48 34 25 15 7 3 I
De 0,6 a0,7 51 92 69 50 26 14 7 3
De 0,7 a0,8 104 197 150 103 57 30 17 8 6 4
De 0,8 a0,9 269 460 329 244 142 81 50 32 25 18
De 0,9 a 1,0 237 420 344 282 188 128 75 55 43 38

Até 5anos 12 17 10 6 3 1 O O O O

Entre 5e10 anos 12 20 13 9 5 3 3 I 1 O


Prazo do
Entre 10 e20 148 229 153 98 70 43 33 18 15 10
empréstimo
Entre 20 e30 1.654 3.041 2.370 1.804 1.142 711 421 297 228 185

Mais de 30 anos O O 1 O O O O O O O

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Risco de crédito no Sistema Bancário Português: alguma evidência empírica no segmento do crédito àhabitação

Anexo F - Montante de empréstimos definitivamente incumpridos por ano de vida (em euros)

V' ano 2° ano 3° ano 4° ano 5° ano 6° ano 7* ano 8° ano 9° ano 10• ano

Rendimento 7355.35
152.820.19 174.722.84 121.825,13 74.500_5(k 22.628,73 24.916,95 15.806,30 2.602,61 1.973,41
Mista
10.135,30 12.485.36 12.445,62 7.881,25 0,00 0,00 0,00 0,00, 0,00 117.26
Destino do
crédito Permanente 51 443.127,49 100349316,14 76.441.242,71 56.363.294,48 31.232.968,80 15.870.893.98 8371.645,56 4.768320.52 3338.697,96 2.495.172,96
Secundária
636.692,51 965379,21 557.508,72 409.816.59 123.712.43 64.895,45 34.818,37 26.466.49 12.465.23 2.903,32
Outros 29377,40 73.129,66, 26.864.07 2.267.70
11.343,94 11.025,73 2.216.55 410,46 64.92 0,00

Aquisição 49.916.230,88 94.884.991,06 71.924.499,46,53.190.75633 27383.870_36 12.966.416.91 4.759.181.32 3.547.505.34 2.612.404,24


7.117.053,81

Finalidade Construção
1.649.639,51 3.214.082,22 2.030.197.33 1.677.658,05 792.860.26 396.283.82 255309.52, 160.799.94 85.610,60 72378,04
do crédito
Obras
2.196942,58 4.741.039,61 3.292.982,10 2.405.151,00 1.102.817,00 458.813,03 194.267,48 107.291,91 46.966,40 24.208.77
Outros 237,92 429,43
83.025.53 201 776,22 251.123,94 143.201.43 201 159,61 151.872.28 63.272.59 4.34833

De 0,0 a0,1
86.877.81 113.417,43 72.457,88 60912,39 31.527,56 1735324 9.001,06 6.630.51 1.600.87 2359.81
De 0,1 a0,2 637.684.13 357.090,16 167.37724 92.623.82 43211,24 28.753,81 35.920,96
836.402,46 1.416.898,01 938.097,73
De 0,2 a0,3 75.643,45 53.521.07
1370.177,15 2.517.335,35 1.738.837,83 1.288.508,45 622.030.84 315.912,77 202.996.06 110.897,70

De 0,3 a0,4 1.144 539,24 2373.556,55 1385.810.29 1306.024.90 709.442.77 367 805,83 225.017.83 137.83127 86.301.57 80384.87

Loan-to- De 0,4 a0,5 1.409.408,07 2.475.965.36 1399.293.27 1.225.566,19 544.014,70 327.268,81 181.620.31 146.568,06 93.955.24 67.613,55
-Value
De " a" 2.497.100,08 4.635 945,16 3.067.479.57 2420.526.31 1.035,118,80 460274,38 307.462,04 214.854,16k 114.870,78 80389.86
De 0,6 a0.7 431.107,64 212725.11 169 126.89
5.736.048.98 II 012 087,54 7306 895,86 5390.186,44 1.992.935,67 844.394,19 597.924,68

De 0 .
7 3 0.
8 7.287.698,14 14.195.340.14 9.52331222 6.234.799.34 2383.463,61 1.195.225.38 735.62628 436.055.55 295.959,69 244.681.22
De 0.8 a0,9
1.1309.322,04 28.174.712,9C 19.198.228,45 13.715.19739 6.76935632 2.990.921.41 1.639.564.37 1.008.921.24 803328.62 564.850,71
De 0,9 a 1,0
14.425.688,02 25300.172,46 18.421.330,06 13.798.732,05 7.670.615,70 2.829.842,14 I620331,07 1.123.456,95 862320,65 532.189,75

De 0,0 a0,1 178.431,30 329.199,42 247.131,95 146 684,04 95.859,80 17326,49 12.286,61 625.83 2.793,75 812,77

De 0,1 a0,2 186.184,87 378.748,65 281.130,53 290214,96 167.045,76 76.184,58 28.929,56 2.444,03 11.765.56 O

De 0,2 a0,3 433.030,22 601.959,46 382.501,00 384.775,93 280.965,40 59.712,85 17.546,43 2.955,57 5.672,08 O

De 03 a0,4 449.314,90 1.078 768,39 863319,88 570258,68 397.941,16 130.118,91 24.000,23 22.412,35 6376,46 9.469,16

De 0,4 a0,5 820.182,38 1.530.397,44 1320.663,48 832 619,51 385.174,26 228 513,17 38.224,04 30.891,33 11.840,46 8.809,49
Debt to
Income De 0,5 a0,6 1.252 134,41 2,370,082,63 1.630.072,71 1.318.818,83 736.111,19 279.167,91 79 946,14 29304,67 14.717,93 12.784,72

De 0,6 a0,7 2.139.636,37 4.040.880,14 3.098.421,04 2310.312,07 1.088.855,34 489.290,60 162.685,73 80.299,54 17.921,79 21.286,93

De 0,7 a0,8 4.246.424,49 8.697355,73 6.498.920,49 4.506.978,61 2.344 592,05 920.714,71 419.911,81 176.309,32 126.001,12 73.170,98

De 0,8 a0,9 8.253392,01 14.413.751,19 10.944.681,19 8.123.703,98 4_379.751,90 2.079.985,70 1.129.996,8$ 604099,65 451.815,02 281.250,01

De 0,9 a1,0 3.972.886,15 7.616.652,82 6.082.273,80 4.762.699,14 2.738.276,30 1.778.113,14 1108.268,24 800.266,55 602.711.93 545.554,86

Até 5anos 000


74.880,74 58.805,95 70.230,68 19.324,29 964.87 0,00 0.00 0.00 0,00

Entre 5e10 anos 4.059,42 1.020,11 18.97


119.308,35 241.457,47 148.278,66 100.332,02 48548,33 23.250,73 19.964,29
Prazo do
Entre 10 e20 160.559,63 97.460 42
empréstimo 2.267.393,34 4.050.241,62 2.929.109,84 1.933.630,65 1.238.206,78 701.064.53 524.621,14 216.255,74

Entre 20 e30
49.817.755,17 97288.297» 74.040.064,77 55 078.352,71 30.016.720.02 15.141 222,44 7.663.865.07 4361.590,82 3.170.498,66 2.403.065,67

Mais de 30 anos 0,06 0.06 7.756,59 0041 000


0,00 6.507,96 48705.49 0,00 15.465,12

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