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1 A Cidade Romana

A Cidade Romana
 A forma como os romanos organizam as suas cidades. Roma não foi a primeira civilização romana. Mas
fez da cidade, quer seja sobre forma republicana, sobre forma imperial, contributos civilizacionais
maiores.
 O império romano incorporou uma serie de realidades urbanas que pré-existiam antes da conquista.
Há muitas soluções no interior da imensidão do espaço urbano romano. Há um conjunto de formas
que mostram a organização, que são constantes muito dominantes e que se encontra com muita
frequência e que se mostram de forma mais clara e evidente nas cidades de fundação
 No domínio do urbanismo, Roma foi herdeira da Grécia:
 Um tipo especifico de traçado urbano, que os gregos usavam nas suas colonias. Que foi
essencialmente teorizado por Hipodamus, e por isso chama-se o traçado hipodâmico.
Hipodamus viveu no século de Péricles
 O traçado hipodamico consiste num desenho muito simples. Exemplo do desenho do Porto
de Pireu (Atenas). O Porto de Roma é Óstia. Ruas rectilíneas que se cruzam em ângulos de
90 graus, formando no interior dessas ruas, quarteirões (uns de forma quadrada, outros de
forma retangular).
 Opõe-se a este traçado hipodâmico ou ortogonal, o traçado orgânico, que é aquele que
acompanha quer os acidentes topográficas da cidade, quer o fluxo da própria história
porque o traçado orgânico evolui em relação com as circunstâncias e por isso as suas partes
nem sempre se interligam de forma eficaz pois não foram pensadas para serem interligadas
eficazmente.
 Ao contrário do que a tradição faz crer, não foi a Grécia que criou este traçado, apesar de vir
de Hipodamus.
 Em contexto romano, é preciso ter em conta a organização do exército romano que se
define muito cedo, (em termos de república) e que foi considerada como a chave do sucesso
de Roma. Essa organização militar foi uma realidade constante em Roma deste a Republica
até ao Império. A Pax Romana estava em guerra constante porque tinha campanhas
militares em vários lugares geográficos.
 A sociedade romana é muito militarizada. Provavelmente não houve uma família onde pelo
menos um membro que não tenha sido militar.
 Imagem do modelo do acampamento militar romano: organizado de forma ortogonal. Os
acampamentos militares mais elementares, pareciam-se muito com este. Cada legião tinha
10 batalhões, cada batalhão tinha 10 soldados. O recinto retangular à volta do qual se abre
um fosso; paliçada ; tendas de forma ortogonal, organizadas em quarteirões.
 Modelo mais sofisticado: as estruturas vão-se sofisticando mais vai-se continuar a respeitar
o traçado hipodâmico e ortogonal. Às ruas que correm no sentido Este-Oeste, chama-se
decumanus/i; às ruas que correm no sentido Norte-Sul, chama-se cardus/i. A via decumana
é a via central, que divide 9 quarteirões para um lado, e 10 para o outro. E assim passou a
identificar-se esta ligando duas portas (o decumano máximo e o cardo máximo). Muitas
cidades romanas resultaram deste processo de evolução: um acampamento temporário, que
se vai consolidando e faz-se cidade.
 Modelo da cidade de Luca: uma das cidades que têm origem em acampamentos. Está perto
da água, do rio, por uma questão de necessidade de abastecimento e de transporte de
mercadorias e circulação de pessoas e bens. Organizou-se numa malha ortogonal, rodeada
por uma muralha de pedra, que terá sido originalmente uma paliçada. O decumano máximo
a ligar portas e o cardo máximo a ligar outras 2 portas. Cada quarteirão chama-se insula: que
têm tipicamente 73 metros de área de superfície, o que mostra o rigor com que esta
organização era pensada. Luca tem a vantagem de mostrar como apesar da rigidez do
modelo, sempre que foi preciso adaptá-lo, foi possível concretizar essa adoção, como a
muralha que se adaptou ao circo que está fora dela.
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 Vão se tornar necessárias estruturas para servir culto, justiça, a governação política da pólis.
As mais importantes destas organizam-se em torno da praça principal da cidade romana: o
fórum. O fórum tende a localizar-se perto e encostado ao cruzamento das vias máximas da
cidade (decumano máximo e cardo máximo). Na reconstituição da cidade de Luca, vê-se o
Teatro, e outro equipamento típico da cidade romana: o circo.
 Imagem de Luca hoje: cidade que cresceu para lá dos limites da cidade romana. Esta herança do
traçado de um acampamento militar romano (anterior a Cristo) está ainda presente no traçado
atual da cidade. Nota: nem todas as cidades romanas tiveram muralhas, Évora só teve muralha
perto do século III, quando se achou necessário construir uma muralha.
 Circo de Luca: este anfiteatro testemunha um processo de perda dos equipamentos. Os circos e
anfiteatros tornara-se inúteis e como tal, foram arrasados ou aterrados (como em Roma) ou
transformados com outras funções, que é o caso do circo de Luca, que foi adaptado a funções
habitacionais.
 Imagem do cardo máximo da cidade de Petra, Jordânia: exemplo do oposto de Luca, que é uma
cidade ocupada permanentemente, enquanto Petra foi abandonada e por isso ficou preservada
enquanto ruína e, por isso, podemos identificar nela o cardo máximo. Em vários casos, as vias
eram mais do que pedradas, eram monumentalizadas, como é o caso da de Israel (ver o sitio
melhor), que tem colunas a acompanhar a via. A imagem da via em Síria
 A durabilidade do traçado hipodâmico: as categorias que organizam os estudos urbanísticos são
grelhas que devem ser usadas com cuidado. O traçado ortogonal teve fortuna ao longo da
historia do ocidente europeu, assim como os teritórios de ocupação romana. Este é em França.
Também há o exemplo de Tomar. Sabioneta no século XV, norte de Itália. O traçado ortogonal
mais famoso para portugueses: Lisboa, Século XVIII. Barcelona tem o traçado ortogonal a escala
gigante. Manhattan.
 O traçado hipodâmico é uma das formas de organização urbana que mais perduraram. Roma, a
capital do Império, não é hipodâmica, apesar de ter bairros hipodâmicos do século XIX. Roma é
um terreno marcado por 7 colinas.

O Fórum romano
 O que dá densidade a estes traçados urbanos são os edifícios que neles se constroem. O mais
caraterístico de todos é o fórum -a praça central que se organiza quase sempre junto ao cruzamento
das vias máximas. Plural de fórum: fora. A função do fórum é comercial, enquanto lugar comercial e de
lugar de trocas, o fórum transformou-se rapidamente num lugar de reunião e discussão, troca de
informação. Não se sabe qual foi a primeira cidade Romana a ter fórum nem quando apareceu o
primeiro.
 Não confundir fórum e ágora
 A estrutura do fórum ganha caraterísticas que se repetem nas cidades romanas.
 Os rossios das cidades eram espaços fora das muralhas, onde se podia fazer mercado.
 Pompeia tem a vantagem de ter tudo reunido e isso permite ler a estrutura. Modelo do fórum romano
de Pompeia. O modelo mais comum faz com que num dos lados mais curtos do fórum se erga um
templo, como é o caso do numerado em 2, normalmente templo de Júpiter (não é sempre).
 O fórum de Pompeia é uma praça retangular. Nos casos de cidades mais prósperas mais ricas e
maiores, com fora maiores, era possível fazer-se mais do que um templo, que é o caso de Pompeia, no
número 5 (templo de Vespasiano) e o número 6 (tempo de Apolo).
 Outro edifício que se encontra sempre no fórum: a basílica. O termo basílica, hoje, tem conotações
religiosas, mas esse não é o contexto original do termo. A basílica era o lugar abrigado onde se podia
fazer negócio. O exercício de funções políticas e também se passou a fazer nas basílicas a
administração da justiça: os tribunais reuniam-se, proferiam as sentenças. A estrutura caraterística de
uma basílica (meter imagem): edifício de 3 naves escalunadas, em que a nave central é maior que as
outras, tipicamente com uma exedra (ou ábside) no topo. As exedras serviam normalmente para
colocar uma estátua do imperador e por isso é que era o lugar reservado para o exercício da justiça.
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 O termo basílica: o tipo de culto que o cristianismo promove e pratica (o culto do interior, que requere
a reunião dos fiéis dentro de um sitio interior, ao contrário dos romanos). O que acontece quando o
cristianismo triunfa no império romano, os templos não serviam para esse culto interior, e a basílica
era o sítio mais capacitado para acolher grandes quantidades de pessoas. E foi assim que a basílica,
originalmente judicial e política, e comercial, se foi tornando num templo. Os mais antigos templos
cristãos que nos chegaram têm, por isso mesmo, o aspeto de uma basílica (exemplo de Ravena). A
planta da igreja de Ravena é igual à planta da basílica de Pompeia. Por isso é que as primeiras igrejas
construídas têm o aspeto de basílicas. Chamam-se plantas basilicais. O exercício político e jurídico que
as basílicas comportavam não é destituído. Basílica de Santo Apolinário, Ravena. Estas estruturas que
se apanham em parte da fachada, servem para essas funções jurídicas e políticas, onde se reunia
sobre o destino da cidade. Esta memória da basílica enquanto lugar político prolongou-se até hoje, nas
capelas que têm irmandades, que exercem a sua vida política.
 Cidades de grande dimensão têm mais do que um fórum. Têm sempre basílica.
 Nota: hoje temos a visão monumentalizada do templo de Diana, mas não foi sempre assim porque
algures na Idade Média, na cidade medieval de Évora, como já não havia o culto a Diana, deu-se um
novo destino à estrutura do templo de Diana, foram construídas paredes entre as colunas e, o que
conhecemos hoje por templo da Diana foi dado como açougue da cidade. Depois decidiu-se devolver
ao templo de Diana o que estava preservado.

Para lá do fórum:
 Templos, exemplo de templo de Baco, no Líbano em Balbek.
 Teatros romanos, pois são diferentes dos gregos. A diferença: os teatros gregos aproveitavam a
inclinação natural das colinas para se instalarem, e os romanos não.
 Carateristicamente romano, so se voltaram a fazer exercícios como estes teatros como os anfiteatros.
Exemplo do anfiteatro de Nimes, França, que foi transformado em praça de touros.
 Os hipódromos.
 Bibliotecas. Exemplo da de Efeso, Turquia: só sobra a fachada.
 São edifícios que desaparecem na Idade Média.
 Termas. Encontra-se grandes complexos termais públicos. E conjuntos termais em casas particulares
de quem tinha capacidade financeira.
 Fontes.
 Aquedutos. Estruturas à qual o Renascimento vai prestar especial atenção.
 Casas. Sabe-se muito sobre a organização da casa romana.

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