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Entrevista

Pergunta 1 - Para começar, poderia nos falar um pouco sobre você, sua trajetória e como sua
experiência se conecta ao tema que estamos explorando hoje? Que seria o mulherismo

Sou Jocelandia, Jocelandia Cerqueira Neres. Professora e candomblecista do terreiro Ilê axé .....
(falta corrigir o nome do terreiro) que fica em Conceição do Jacuípe, em Berimbau. Sou Iniciada há 9
anos. Sou membro, né? Da afro centricidade Internacional Seção Brasil, que é uma organização que
tem presença, né? Em vários países ao redor do mundo e que tem como pauta é uma vivência
afrocêntrica, né? Pensar a vida a partir de princípios africanos. Sou como eu falei, professora,
professora, licenciada de história pela UEFS, mestre em educação também pela UEFS. Trabalho com
educação há 18 anos e estou no serviço público há 10, lotada na mesma escola, no colégio estadual
de Conceição do Jacuípe, que é popularmente conhecido como Semec. E a escola é meu espaço de
luta, né, mãe? Sou mãe de um adolescente preto. E eu me conecto com o mulherismo africana,
enquanto mulher preta, por não se sentir contemplada com aquilo que era trazido, né? Pelas teorias
que discutíamos gênero e aí, com mulherismo africana, que eu já conhecia, que eu já conheço desde
2016, mas é com minha entrada na afrocentividade Internacional que essa minha, em 2020, que é a
minha relação com o mulherismo africana, vai ficar mais estreita, né? Mas, de certa forma, é. Eu
sempre estive muito relacionada a ele, ainda que eu não soubesse que existia um nome, né? Que
existia uma teoria que contemplava aquilo que eu carregava como princípio em minha vida.

Pergunta 2 – O que é o mulherismo? E o que difere do feminismo?

O mulherismo africana, é uma ideologia, uma teoria criada, né? Por Clenora Hudson no final da
década de 80 e que foi projetado e pensado para todas as mulheres que têm uma descendência
africana, né? Ela se baseia dentro da cultura africana e nos seus ideais, enfim, e naquilo que é
próprio, né, desta população.

Ainda que seja essa a população africana diaspórica, né? Tanto a que vive no continente quanto a
que vive na diáspora e ela tem como base 18 princípios, né? Autonomeação, autodefinição,
centralidade na família, totalidade, flexibilidade de papéis, adaptabilidade, autenticidade genuína
irmandade no feminino, colaboração com os homens na luta de emancipação, compatibilidade com
o homem, ambição, reconhecimento pelos outros nutrir, fortalecer respeito, respeito aos mais
velhos, maternidade e sustento dos filhos e espiritualidade. A partir desses 18 princípios, né? Você
tem um conjunto de teorias e de ideologias que servem, né? Para guiar as posturas de homens e
mulheres africanas, seja no continente ou seja na diáspora.

*o que difere do feminismo?*

Não gosto muito dessa ideia de comparação, porque eu acho que o mulherismo africana ele por si só
já é o suficiente para justificar sua existência, né? Mas como geralmente facilita o entendimento,
né? Fazendo essa comparação com o feminismo, em especial o feminismo negro, acho que tem 2
diferenças, né? Básicas entre, entre outras, né? Mas eu acho que primeiro é que é o mulherismo
africana, é uma abordagem que parte da raça, né? Então é dentro do mulherismo africana. A gente
entende que as questões que atravessam as pessoas pretas. elas estão pautadas pelo pertencimento
racial, né? Quando nós somos, por exemplo, seguidos e seguidas dentro dessas lojas de
departamento, pelo segurança, quando eu sou seguida, não tô sendo seguida porque eu sou uma
mulher, eu tô sendo seguida porque eu sou uma pessoa preta. Então, os atravessamentos que nós
temos parte do fato de nós sermos pessoas pretas, então, portanto, a nossa leitura de mundo, a
nossa vivência e as nossas práticas precisam considerar isso como ponto de partida, né? Então,
enquanto o os feminismos partem do pressuposto de gênero, o mulherismo africana parte do
pressuposto de raça, né? Pra gente assim, como pra afro-centricidade é raça primeiro. Nós temos
dilemas, temos questões que são trazidas pelo nosso pertencimento racial, muito antes do que pelo
nosso lugar de gênero, né? E não que essas questões relacionadas ao gênero não sejam
importantes. Obviamente, não é isso, mas, primordialmente, as nossas questões perpassam por uma
análise racial antes da gente fazer essa análise é de gênero, então acho que essa é talvez a grande
diferença entre uma abordagem e outra.

Segundo que o mulherismo africana é referenciado a partir das nossas vivências, né? O feminismo?
Ele surge a partir de uma demanda de mulheres brancas e, portanto, né? Ele vai ser pautado a partir
dessas demandas. Ainda que a gente tenha aí, né? Lá na terceira onda do feminismo, o surgimento
da vertente do feminismo negro. Mas. Ainda assim, continua sendo uma teoria que foi referenciada,
pautada a partir de mulheres brancas e dentro da leitura que nós fazemos dentro do mulherismo
africana. São pautas que não necessariamente estão relacionadas às mulheres pretas, né? Enfim, a
gente, as mulheres brancas estão o pautando equiparação salarial, né? Para a gente, é, a gente
precisa. Muitas mulheres que sequer recebem salário né? Muitas mulheres pretas que não, não, que
recebem trabalho no trabalho doméstico, né? Esse trabalho informal, que tem rendas abaixo do
salário-mínimo, né? Então, para além, a gente tem uma questão, a gente não está lutando apenas
por equiparação salarial, porque tem mulheres que não chegavam, não chegam nesse lugar ainda,
nem de receber salário, entende? Pra gente, por exemplo, a criação de creches é uma pauta
urgente, né? Nós temos crianças pretas que ficam à mercê da violência, por exemplo, que ficam
vulneráveis porque as famílias precisam trabalhar, né, pai, mãe, tio, avô, avô, enfim e elas não têm
com quem ficar. Então é uma pauta que para a gente é urgente, discutir as questões relacionadas ao
genocídio, em especial ao genocídio do homem e do menino preto. Para a gente, é uma pauta
urgente. Né? Então, antes de apontar e dizer que todo homem é um estuprador em potencial, a
gente está lutando para manter os nossos homens, os nossos meninos vivos e então é uma questão
de ter o direito de fazer escolhas nas quais se sintam contempladas, não é? E o mulherismo africano
para a gente, essa escolha não significa é atacar as pessoas que estão dentro do feminismo ou as
irmãs que se sentem que se sentem feministas negras. Ou dizer que elas estão erradas, mas é
apenas defender o nosso direito de fazer escolhas políticas, escolhas teóricas, dentro daquilo que é
estar mais de acordo com as nossas referências e com as nossas vivências.

E um ponto que é importante a gente entender que a luta a nossa luta, ela é uma luta coletiva, não é
uma luta da mulher preta, não é uma luta do homem preto, é uma luta do povo preto. As violências
do racismo atravessam corpos de homens, mulheres, mulheres e homens cis, mulheres e homens
trans. Desde que sejam pessoas pretas, crianças, idosos, enfim. Então o nosso enfrentamento, né?
Se nós estamos sendo atingidos coletivamente, o nosso enfrentamento ele também precisa coletivo.
Pra quem está dentro do mulherismo africana é pouco eficiente você fazer por exemplo realizar
ações voltadas pra mulher preta se você não considera que existe um grupo de pessoas no entorno
delas que também precisam né? Que também precisam de educação, que também precisam de
incentivo. A gente está no Brasil aí há pelo menos vinte anos né? Ou há quase vinte anos. Vendo
políticas públicas e ações voltadas pra mulheres pretas né? Editais, cursos, mas a gente não tem isso
né? Um impacto coletivo, a coletividade real, né? A gente, nós ainda somos as vítimas maiores de
violências, homens e mulheres pretas. A gente ainda continua sendo o contingente maior dentro dos
grupos empobrecidos então assim porque dentro do mulherismo africano a gente acredita que não
adianta você oportunizar né? Apenas para um grupo se você não realiza sonhos pensando no
coletivo né? Eu enquanto mulher preta mãe de uma adolescente o fato de eu hoje, né? Ter
ascendido em relação a minha formação, né? Hoje eu tenho, tenho licenciatura, especialização,
mestrado, enfim, o fato de eu ter ascendido e isso me possibilitar uma vida um pouco mais
tranquila, não livra meu filho, por exemplo, de ser alvejado na rua e isso não me deixa feliz, isso não
me deixa tranquila né? Eu não posso acreditar que o fato de você estar possibilitar as mulheres
pretas acesso a esses bens e a esses espaços é o suficiente, é óbvio que isso ajuda, ajuda com toda
certeza, mas, a gente tem um problema que é coletivo e que precisa ser enfrentado coletivamente,
né? Os homens, mulheres, pretos e pretas precisam trabalhar em conjunto porque nós temos
inimigos em comum né? Então eu acho que é basicamente isso.

Pergunta 3 - Quais os desafios que as mulheres pretas enfrentam no acesso à educação e de que
maneira a superação dessas barreiras contribui para a construção de uma sociedade mais justa?

As pessoas pretas elas estão sujeitas a um sistema educacional que foi pensado pra manter e
ressignificar a escravização né? Então, a ideia é oferecer, ofertar um ensino que seja o suficiente pra
ter uma mão de obra minimamente qualificada pra atender aos interesses de uma elite que é a
mesma desde a nossa era colonial, né? Você tem aí uma presença, né? De novos atores nessa elite,
mas ela não deixa de ser a mesma elite de né? A elite branca, dona dos meios de produção, dona
das terras, enfim, aqui no Brasil. Então, quando a gente analisa né? Esse sistema educacional ao qual
a maior parte da população preta tem acesso, a maior parte do povo preto tem acesso. É um sistema
educacional que ele tem sido feito pra reproduzir esse sistema e isso acaba impactando na vida das
pessoas né? A escola pública, ela tem diversos problemas, mas ela tem muitos problemas que não
são necessariamente da escola pública né? Quando a gente observa geralmente as pessoas falando
sobre a escola pública as pessoas apenas fazem uma análise extremamente pessimista sobre ela,
né? Colocando na escola pública toda a responsabilidade pelo ensino que é ofertado, mas as pessoas
não avaliam o que a escola pública ela catalisa, né? Diversas questões que são sociais, nós temos
estudantes que são estudantes trabalhadores, por exemplo, né? Que precisam trabalhar, que
precisam dividir o seu tempo de estudo com o trabalho e isso impacta, óbvio, no seu desempenho.
Nós temos famílias que não estão estruturadas devidamente e que não conseguem acompanhar o
processo educativo das nossas crianças, dos nossos jovens, adolescentes e isso impacta no
desenvolvimento dessas pessoas. Então assim, para além né? Da gente olhar pra escola pública
como um problema a gente precisa olhar pra escola pública como o lugar que em certa medida tem
sido os estudantes, pra esses jovens um espaço de fôlego, né? Muitos estudantes têm na escola
pública, por exemplo, a sua melhor alimentação, muitos estudantes têm na escola pública acesso a
pessoas que lhe escutam, a pessoas, a profissionais, não é? Como terapeutas, enfim e isso acaba
impactando de forma positiva no seu desenvolvimento. E aí quando a gente pensa, né? Nessas
barreiras que são impostas a gente entende que assim, há um projeto político de manter essas
escolas dentro desse nível, né? De ofertar o mínimo. Então não é algo que acontece ao acaso. É algo
pensado e projetado e mantido pelas (palavra que eu não consegui entender) brasileiras, né? Ao
longo desses últimos séculos, dos últimos séculos não, desse último século. Então é um é um projeto
político muito bem estruturado e que a gente só pode combater a partir de uma ação coletiva né? É
necessário, a gente sabe que dentro da escola pública a gente tem diversos problemas a gente tem a
reprodução do pensamento da elite. Então é importante que tenhamos professores e professoras
pretos que estejam atentos a apresentar uma outra abordagem pra esses estudantes. É muito
importante que as famílias, né? Ainda que com suas dificuldades não deixem os seus filhos e suas
filhas na mão do estado, né? Por meio da escola. Porque o que vai acontecer é exatamente o estado
construir seu filho e sua filha aquilo que pra ele é essencial, aquilo que pra ele é importante. Então
acho que para além da gente reconhecer os problemas que a escola pública a gente precisa pensar
no que que a gente enquanto povo tem feito pra sanar esses problemas da escola pública. Né?
Porque é um lugar que a gente precisa, né? Pra que os nossos jovens tenham as possibilidades,
tenham mais oportunidades, a escola é um desses caminhos possíveis a gente não pode ignorar isso.
A gente compreende que a instituição escola é um braço do estado, né? Então portanto vai atender
essas necessidades do estado. Mas e aí? A gente vai ficar apenas apontando esses erros, apontando
esses defeitos e vamos tirar nossos filhos da escola e diminuir ainda mais essas possibilidades? Não
né? A gente precisa entender que: olhe é um espaço em que a gente precisa estar porque é um
caminho necessário da mesma forma que a universidade é um caminho necessário. Mas a gente
precisa estar lá como pessoas pretas dentro daquele espaço. E o que é que isso significa? É que você
precisa se referenciar nas pessoas que vieram antes que você. Né? É que você precisa estudar
Grécia, estudar Roma, mas também você precisa entender sobre o Egito, sobre o Mali né? Sobre as
questões que envolve o continente africano, pré-colonização. Entender que a escravidão é um
processo que interrompe nossa história, não é um processo que começa a nossa história, né? Ah se
a gente for, se nossa história se transforma a história do povo preto, se transforma num livro, né?
Sei lá, vai ser um livro de sei lá, milhares de páginas em que a escravidão vai ocupar cinquenta delas
no máximo, entende? Assim, é um período história. E a escola precisa ser esse lugar, mas ela não vai
ser por livre e espontânea vontade. Ela vai ser se as pessoas pretas que estão dentro delas assumir é
esta responsabilidade, de entender que aqueles jovens que estão ali precisam ter suas referências,
ter os seus como referência.

Pergunta 4 - E qual atuação do mulherismo dentro do ambiente educacional, e o que pode ser
retratado e ensinado dentro das escolas?

Mulherismo africana propõe pra gente enquanto profissional que a gente busque em África as
nossas referências. Então é muito importante a gente no cotidiano escolar ir desmistificando, né?
Diversos estereótipos que se tem relacionado à África e aos seus descendentes. É importante a
gente entender como eu falei que nossa história ela está para além da escravidão. Que os nossos
legados está para além de construir o Brasil com nosso suor e sangue. Isso na verdade nem deveria
ser um legado, né? A gente tem que são ligados à tecnologia, né? Boa parte das tecnologias que
eram usadas nas lavouras aqui do Brasil Colonial, foram tecnologias que vieram com africanos
escravizados, a gente tem uma história que está para além de entender, né? De conhecer nomes
gregos e romanos como pais daquilo, pais disso e quando você vai analisar você percebe que essa
paternidade não é tão paternidade assim, e nós os estudantes precisam conhecer né? Porque você
não tem como se sentir orgulhoso, você não tem como se sentir pertencente a um grupo se aqueles
que parecem com você estão sempre sendo apresentados como escravizados ou como vítimas
passivas do racismo ou vítimas furiosas do racismo. Não. A luta contra o racismo é parte da nossa
história. A gente tem feito muito mais coisas se você coloca no Google, né? Invenções feitas por
pessoas pretas, você vai ter lá páginas infinitas, entende? Então, o Mulherismo Africana propõe isso,
que a gente tome África como centro, que a gente tome África como ponto de partida e ponto de
chegada porque é muito importante que as pessoas tenham orgulho de suas raízes, de suas
identidades. Eu acho que uma pessoa que consegue entender de onde ela vem né? De onde de fato
ela vem que ela precisa ter orgulho desse seu de seu pertencimento, ela vai ter condições de
enfrentar né? As dificuldades que se apresentam no seu cotidiano ela vai ter condições de enfrentar
alguém que tenta diminuir ela das mais diversas formas, né? Seja esteticamente, seja politicamente,
seja socialmente, ela vai ter condições de enfrentar isso porque ela tem conhecimento sobre quem
ela é de fato, sobre quem veio antes dela, né? Entender que nada foi dado, que as coisas foram
conquistadas e construídas pelo nosso povo com suor, obviamente, com sangue também, mas
também com muita intelectualidade, com muita alegria que faz parte do nosso, que faz parte
daquilo que pertence né? Aos povos africanos e suas e suas descendências e a escola tem um papel
importante nisso né? Da mesma forma que a escola ensina estereótipos e pode sedimentar esses
estereótipos a escola também pode ser um lugar em que a gente desconstrói esses estereótipos. E aí
precisa ser uma ação que vai ser feita de uma forma muito sinuosa, né? Porque o estado não vai nos
permitir isso, não vai nos dar isso, é a gente quem precisa construir esse currículo que seja mais
voltado para as pessoas pretas e para as necessidades das pessoas pretas.

Pergunta 5 - Quais foram figuras históricas que contribuíram para o mulherismo?

Como eu falei, o mulherismo africana ele parte de referências nossas. Então como ele trata de
princípios que são princípios que estão na nossa vivência, essas referências históricas são pessoas
comuns do nosso povo né? Que pode ser desde aquelas mulheres que ganham notoriedade, né?
Como a Maria Felipa, Aqualtune, a Dandara, enfim, até as mulheres do nosso convívio, né? Nossas
mães, nossas avós, nossas tias, que ao longo de sua vida trouxeram no seu povo, a centralidade na
sua família como pauta para as suas ações. Em termos teóricos, né? A gente tem duas referências
principais, hoje a gente tem duas referências principais, fora do Brasil que é a Clenora Hudson que é
professora universitária estadunidense e que é quem vai cunhar né esse nome mulherismo africana
e vai trazer os escritos mais organizados dentro do perfil acadêmico e junto com ela a gente tem a
Nah Dove que é também norte-americana, já teve moradia, né? Em alguns países do constante
africano, Gana, Nigéria, Serra Leoa, enfim. E é professora também universitária dos Estados Unidos.
São mulheres que são referências para os inscritos do mulherismo africana. Aqui no Brasil a gente
tem em especial a filósofa Katiuscia Ribeiro que é quem traz né? Uma discussão dentro da academia
pautada nas ideias do mulherismo africana.

Tem a Lilian Katchaki que ela não é brasileira né? Ela é da atual Guiné Bissau do povo Makaan e
Lilian ela é uma teórica, né? Hoje ela mora no Brasil, já mora no Brasil já há alguns anos e tem feito
diversos momentos, diversas discussões voltadas pra apresentar o mulherismo africana a partir do
olhar de uma mulher africana do continente que está vivendo hoje na Diáspora e é atualmente a
minha maior referência de estudo e pesquisa dentro do mulherismo africano. Então, fora isso tem
outras pessoas, não é? Que tem feito pesquisas que tem escrito sobre, mas eu acho que uma delas
né? Nem a Katiuscia, nem a Nah Dove nem a Clenora Hudson, nem a Lilian Katchaki. Nenhuma delas
se sobrepõem às nossas referências cotidianas, né? O mulherismo africano a gente aprende e a
gente entende no cotidiano, vendo as perspectivas de nossas mulheres que pra muitas teorias né
acadêmicas das nossas mulheres são alienadas, são submissas, mas que na maior parte da nossa
história foram as mulheres pretas que garantiram a unidade das nossas famílias, que garantiram a
sobrevivência das nossas famílias desde aquelas que lá no período escravagista trabalhavam como
as chamadas escravizadas de ganho né? E com e com isso conseguiu conquistar e comprar a
liberdade né? De centenas de pessoas nossas até as mulheres que atualmente estão à frente de sua
família seja financeiramente, seja como referência de comportamento, uma referência de postura,
uma referência de conduta. Então essas mulheres do nosso cotidiano são as nossas referências
históricas a quem a gente precisa ouvir, seguir, reverenciar, né? Antes de ler qualquer texto
acadêmico pra entender o mulherismo africana é importante a gente conversar com as mulheres
que estão no nosso convívio porque elas vão apresentar pra gente no cotidiano os dezoito princípios
que o mulherismo africana trata.

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