Você está na página 1de 1

Antropoceno:

Termo que descreve um nova era geológica que estamos vivenciando. Atribuído ao químico
atmosférico, Paul Crutzen, e ao biólogo marinho, Eugene Stoermer (2000), o Antropoceno
ganhou notoriedade nas últimas décadas em face às notórias mudanças climáticas que
assistimos presencialmente. Diz respeito, pois, a era contemporânea, após a disparada
industrial ocupar e degradar as condições ambientais em várias partes do planeta. Sobretudo a
partir do final da 2ª Guerra Mundial e de suas explosões atômicas posteriores. E da explosão
do consumo também.

Como força geofísica, o Antropoceno somou-se a outras forças geológicas da natureza:


grandes inundações e grandes secas, deslocamentos e deslizamentos, terremotos, tsunamis,
incêndios florestais, desertificações e acrescentamos as poluições da terra, do ar e do mar. A
era industrial trouxe, entretanto, outras consequências inéditas ao Sistema Terra: [1] sociais,
no aumento populacional, nas grandes concentrações urbanas sem planejamento, nas
desigualdades das distribuições de água e de saneamento, dos alimentos e da renda, no
aumento alarmante da pobreza, dos refugiados e da miséria da grande maioria dos Humanos;

E também consequências [2] ambientais: na ruptura da camada de ozônio, no aumento das


temperaturas médias em mais de 1,5 graus, na degradação das florestas tropicais e dos
cerrados, no aumento da temperatura superficial e na acidificação dos oceanos, na captura
predatória de pescados e frutos do mar, nos níveis críticos de dióxido de carbono, nitrogênio,
metano, no aumento do uso e consumo de fertilizantes agrícolas e na utilização cada vez maior
das áreas de pastagem do gado.

[*]

Enfim, apesar do nome antropos compor as controvérsias e significados atuais do termo, o


Antropoceno não é exatamente uma homenagem ou um tributo aos Humanos, mas a
constatação e o reconhecimento de que, ao menos nos últimos três séculos, nós nos
revelamos como uma das forças mais evidentes nas mudanças climáticas e nos colapsos
ambientais e que percebemos cada vez mais próxima, acelerada, catastrófica e alçada a um
nível praticamente irreversível.

Ou não, dependendo de nossas atitudes do presente.

* [Particularmente aos ambientes litorâneos, a pesca e a coleta de mariscos e mexilhões para


atender a crescente demanda dos mercados externos tem produzido fenômenos que nos
parecem familiares: os NEO-Sambaquis. Diferente do conhecimento milenar dos povos
originários, das engenharias de terras, dos enterros, das gerações sucessivas ou intermitentes
dos sambaquis conhecidos no mundo, os NEO-sambaquis são compostos apenas do descarte
das conchas abertas para consumo. Descarte não comercial que se avoluma e se acumula ao
lixo das baías e riachos que desembocam no mar antropocênico.]

Você também pode gostar