Você está na página 1de 40

•*'

'/- • r

HB y/f SI f Vr*;'..r
..< .

-r>- • ... '¦ -.JL i

'*% -
¦¦**¦•,• .

¦¦¦;« a. d ii
r- ¦

I W,
•:&"• / fc
v •___.• - ';A«'^" '•-*•-••'•- • ¦ ¦'v-_.<--W ¦'¦«•¦•¦ '
>.#__ >lfe;^..: ¦

vígR ¦. Tm^t
SEMA NÂRIO MARANHENSE •¦V..
.: .¦••*/
'¦¦ ¦ '
•*¦
"\r. •"«
::.¦-. - ¦ ¦
-,<;*:¦
k-1'.-<#'¦
¦¦¦«¦¦ s»
f /^'
,
,v%5i^
. " />'"-.• :vlHÍ- '- <•'

- *
• .*
,-,fT' JF';<-;¦!¦£¦
¦i:\ ¦;'. ¦';.**&*.
\.'-'a.
¦

•£P

.»{¦**.: V :/¦V'! -,•,» ..'*•;¦'_/• - -


$i''

ANNO I; San;Lüiz^ Dô^ NfMtf},.,.


«ife=-
íí:ifL ••*
;*c— t:; «S>|J»4-JS.W iSlSl**

.«f-
P»bl ic-vse aos D^ming^.; As^na-^ fenr. Germano I^rtinsirAssumpçào á ^<M_)or; triraçstfe«{13 nuiíism^;^
¦ .¦*¦ '. • : -4J '
. • 't
•; . ¦-•*,*, ¦'.".'."'¦•'-.. .-..', .
¦ - •¦ t'
.*4«r. ,*,
-* ¦"
, ¦ * /'
,*•• . ,**.".*;- '*Y • *»'„«" .
• , •' \ ".-.'¦« . ¦ •¦ *> ••
'Ir-' .¦-.
• ,í<
' ;.*.¦.•,•'¦
' i-'"'" ¦'¦•¦
* •» ..
';^^'''-r
'.«. -Ij '
,|
'! -.•¦;.
«-«¦«, .,
-¦«>.-,. Tt, »,
"¦ Rf •,

¦'¦¦¦¦V' ->i- ¦«•'¦


^ ¦'.•>—.* m- .... <.".'•, ,' '.''_¦• ' !»

¦; ''..:'^:i/'.^' 7~\!&^d,?Z-^ \ ,>'\;V ;'^

iiiiliiiSiii
¦>?. ''$ít!#-
a Revista Universal Maranhense, de 18$& díííSsia,apparecfm muitas^ezes nos mer-
^7
a 1850. . rièi:9^^
';m6ê^&:^f^ípl como tezes^(00^f0^-
o.s
^0 Semanário Maranhense é nm Limitado a este papel, o Semanário não (íxtendeif'|s çuasA H
joroal quer desdo logo oecuparum logar proe-, partidas deí^ç^# até á i|iá. ¦*• 'H^^ ,'-lM
modesto. , if minente ('m 3 nossa imprensa, mas, se A historia dos Esquiinós; as tr;adiçõèi|dè
Não ambiciona gloria'*, nom aspira nl- fôr éílicazmente auxiliado pelos viçosos algumasfribus de Indi^-No^ ^x
tas nomea«las; apenas quer se. o archivo, engenhos, quaes os temos na província».; nos. e, como"dizem aiúítosiuclores; á«s m
onde se encontrem vesligiosdus esforços e pelo publico tão benevolo sempre ê tão chronicas hyeroglyphicas dos; Mexianosí
emprogarlospor ;i]gnns íilhps-desta-ti-rra, solicito em fomentar emprezas litteiárias, provão que o ponto dè sahída (íe siu pro-
em bem da liiteratuia.,e das ni tos. paia o futuro este jornal poderá consti- pagação e emigração, é a partet irorte-
mm "V af/ll

Todo trabalho é abençoado, e nâo ha tnir-se um verdadeiro representante das occidental da America. > ! - ,
homem qtíe rnsoavelmentes-'possa exi- boas lettras nacionaes. , E* muito p,rovav4el poi,s, que tenhf«mòs;
mir da lueta inlellectoal. A rrdacçãli" promette manter-se firme de procurar o primeiro Golombo i;o e*^- m
A humanidade não desc«Tnça; «^Ua está dentro dos limites que acaba de traçar, e treito de Behring, «jüe talvez ^m urrí f;
coniiemnada a uma actividade incessan- '•stá convencida de qne, se for feliz na Idôneo de árvore ôça passou deum^con-':
te, e essa condemiiação è justamente a re.íilisaçào-desuas idéas, não ter.á feito um tinente ao outro; ou o Noé, que em um?
sua gloria e a sua grandeza. , ' \ insignificante serviço á provincia. arca trouxe, as sementes darereação %
As artes, as leitras, e á industria são Occidente para o Orií^àe* ^pezar^^g^l m
nobres e solidjs -ilimentos para o gran te tarem os detalhes d'este acontecimento I
espirito de cada geração. OS PKEpXCESSOKES DE COLOMBO* tão ^envolvidos nas trevas- da histoi ia*,
Ninguém devo esquecer vquè nquillo (Traduzido.) como o polo do Norte na neve e rio gelo."
que menos se perdoa, tanto ao indivíduo
"corno Raras vezes um caso notável appar;ece Mas é um facto affirrtíado por iodo* os :#; rft.

ao secuío é o haverem sido inu- repentinamente. Se nm LMverrier desço- viajante«s modernos. que navios chinezés
,Ji-r.'-

' 'v'
leis. -' X .":" \ briu um novo planeta, muiter antes um e japonezes, de«^enGaminlÍn(tos pelas tem*i**.•
Esta província é" rica
: de talentos é de Olbers ja o tinha adivinhado; Lalandeja pesiades,* naufragarão è.m Kamtsèhatk^ :í*y:
vocações. ¦' ;7':' &.:^'. calculara, que devia estar aqui ou aüi, na*^ Aleuctes, e na Costa Occíüotvtai cia
. Entre todas as suas irmãs é ella a que no ceo; Herschell devia te) o visto com o America. Os Russos acharão náufragos ÍHMÍ>
se dedica com mais escrúpulo é serie1 seu telescópio gigantesco; até que final- d/estas nações no N. E. da^Ásia,,..$ qs; T:
dade a estudos littonrios; é aquellaque nient*} Leverrier o viu de facto, app»dli- Inglezes no N. O. d a A merica.k 'Gh-mè?f.í5^\ ;
apresenta com orgulho vultos taes como dou-o Nepiuno, e conservou-o para sem- Considerando mais, que os &í
;:;..;
Gonsalves Dias, Odorieo Mendus, João pre. .' $;.^Ql *| , ¦^.._;: i| Japonezes sáo qs marinheiros mais «onti-¦'•
Lisboa, Sotero dos Rt.is e outros na repu- Da mesma maneira, a descoberta do gos do mundo; que nâo se pode presizárí
blica das lettras; o Joaquim Souza e Cus- continente «-Vmericano teve uma longa quanto tempo antes de «íezus Christo, ja.
to dio Serrão na das scíencias. ; aurora. Durante séculos foi, por assim elles sabião construir grande* embarca-*-/
" íá houve quem a chamasse déAthe- diz ir, um fogo fatuo, que dançava peran- ções e conhecião o manejo das velas ej^
nas brasileira, eÍM nome conferido e:n te os olhos do mundo, que ás vezes se ;da bússola; podemos Considerar o nau.; v m*-
tão solemne baptlímo, não foi nunca cor>- manifestava por nm fraco clarão, e até fragip de navios asiáticos e o des'^mbar^^
testado e nem posto em duvida, pelos que se (Jeclarou uma vez b-.stante para depois quede tripolacões d'aquellas naçõís nú\,\
tornar a desap|)arecer no escuro; final- co4aí americanas, como eouza muiiq
conhecem a abençoada.terra. comnium e antiga, (v podemos asseverar S;
Se a grande p.halanga dos talentos de mente, Colombo e seus suecessores-o,
fixarão. Y0- «t como (juasi provado, que os dous poveí^
primeira, -ord^m, qlp era a vanguarda Em um só ponto, no extremo N.Jt-, mencionados forão as primeiros, qté"
illustre do Maranhão, jaz hoje quasi an-
niquilada pelo braço da morte; muita in- mundo nojo approxima-se muito do;í pizárão w solo do mundd nov^
(elligencia primorosa e opulenta ahi se antigo. No estreito de Behring, os dous Historiadores chinèzes do sèculq ,Í&; \
levanta para reatar o Bodas gloriosas tra- continentes quasi se loção; uni pequeno falâo de um paiz a E. d''a;vAsia;,.fpréíp^"t
dicções, / - .
braço de mar, que mesmo os povos bar- tii-ã.i Pdti-hang^e alguns Europeossup*^
barús podem passar facilin^nte eoi ca- púnhão que elles queriao designar pír'¦'%
0 jornal, que é a»íorma ináis popular noas, os;s'jpííífa n'esse logar. No iriyerno vfet(. nomBa; America. %
do livro, deve ser a arena onde venbão estão ligados por uma pontq solirla de fazer acreditar! q^e muitos «;avj^í^íj
ensaiar as foi ças todos aquelles,que estão
.dispostos a trabalhar. gelo, qt|e passa de qnaa costa á outra; grande armad{3> x|iíé Eublai-Kiian etpo-
além d%so, uma cadeia de ilhas, ás diu contra ò j|ip^^;^i|^^ XIÍI, e (pi'
0 Maranhão teve sempre no jornalis- Aleuctes, réune uava parte do mundo âí fai «tótMd^
mo órgãos da politica, do commercio e outra, Ó cHma, a qualidade do soloí, a |:e«^gt^i^8!^| para a Ató|31ica, e >«|u# |
do clero, mas actualmente apresenta à natureza viva eiiío^ IÍ^^|s*4É^I^^iy IWtera ^;V <)s :est^d of ^i
graniè lacuna «de não^ ter i% |ornal lit tes em arnbos oü tódos. Os animáes paj;- dçAmeric^Gétvtral. ^ --.. ^u^lffM
terario e que represente a a^|feação dos sáfrão de um pfrá q outra; a troca das ^^irein i^#s^^
que se interèssão pelo progresso é eii^ ¦ fo:oilMa<3è^/;\;:v;^
ler:;.-?'logar
sementes podia '.V;^.' : ;:^-;' - ^(>à a mesma^ vário que deve-se entender por aípeíle^^/
gran dee i m e n to dà litt e rat u r a p a t r i a. ; !^v" v-3vr^ ;C'b':^'Í "' paiz a E d^^
Para suprir semelhantevíalta sahe â Que os ho;hens transita vão muitas ve^zes qm o; desembarque de iima esquadra, l
luz o •Semanário Maranhense, tomando de um çjjnlinente para p ciiil||||ertíos, ebineza na'-*-;¦• {Ameriet Central, I aâk:|^F
¦:' /¦¦¦'' ¦¦'¦;¦;; ^•:K'v:'-1 ;':;V';-r •¦•;*;/;
por norma o Jornal de Inslrmção e Re» concluir p-da cirenmstancia, que ainda lusão^
creio publicado n'esta cidade de 1845 a actua'rí]f nte os;-píi^iisrd覦 «à-íii-boS",;os;-:l"»dõ»ri | AÍe|o "aojd^isso, a áLqá^riSa apr(p|ntaí||> ¥
18*46; o A rchivo Maranhense de í 1818 e muito se parecéqi; e que os Tséhultscha§ Ásia/ e !:>a ei fie o a Sil a p^a r te m00
.•+¦¦¦¦

<SJ'
:íW-
¦:Vr-

'¦¦.'¦'... '''¦:..'".'¦' ..

,
;*S#Sí'rV, . . . , ^..'«ialSSsí» ¦ft
Af-,
1
I
2* SEMANÁRIO MARANHENSE.
¦„,*,,
mfmm


seductora, e por assim dizer, suas costas. Massilienses, os Romanos e em geral to- do Mediterrâneo, sobre todas as agua|,
As praias são sem portos e Íngremes em dos, que passarão aquella porta, nave- dentro das coltiranas.de'Hercules; mas
grandes extensões. As montanhas mais gando para Oeste. Em ambad as direc- limitarão-se a estas aguns, e não crea*
-4; ásperas e collossaes acompanhão de bem ções chegarão ás grandes estradas raa- rão um commercio extenso como os Phe-
perto as costas. Não ha planícies férteis; riiimas, que seguem para a America: no nicios, que são os únicos grandes nego-
poucos rios navegáveis ahi desaguão 0 N. até á bretanha e ao remoto Thula, cianles da antigüidade. Muitos conheci-
:'.?A
¦¦' ; -.' A.- clima é chuvoso e tempestuoso. Todos os que dista poucos graus de longitude da mentos geo»raphicos, já muito communs
rios caudalosos, campos fecundos e a Groenlândia e America; no S. até as ilhas entre os Phenicios, perderão-se pela des-
< maior parte de seus bons pastos, o mun- Canárias, perto das,quaes a correnteza truição de Tyro por Alexandre Magno.
dó novo os apresenta na costa Oriental. dò mar e do ar, no rumo de E. para 0., Os Gregos duvidarão que a África fosse
Seus braços, suas embocaduras, e sua leva os navios .iraperc.epl.ivel e continua* uma península, o que se podesse nave-
í*»> . ., '¦ face, estão voltadas para o oceano Atlan- mente para a America. gar em torno d'ella, e poi: essa razão
tico, e ahi parece receber seu salvador. Em virtude do segredo, que observa- nao o tentarão. Mas parece que conser-
¦* ¦ Como as costas americanas estão dis- rão os Phenicios, Egypcios e Carthagi- varão algumas descobertas dos Pheni-
postas para receberem o movimento nezes a respeito de suas viagens e es- cios, como tradições. Falao de tíertas
commercial do lado do E., toda a super- peculações commerciaes, torna-se d i í li - ilhas no Oeste, que cha mão as Felizes,
ficie do globo é feita para a marcha da cil determinar exactamente o ponto, até que alguns doutos suppõem ser as Ga-
civilização de Leste para Oeste. onde chegarão no Norte,, Sul e Oeste. narias, e outros as Antilhas Americanas.
No Leste levanta-se o sol. De Leste Porém parece provável, que cumprirão Da mesma sorte falão de uma ilha ainda
vêem os ventos regalares no Atlântico e muitas vezes, mais de metade do camí- maior, também a Oeste, que chamão
Pacifico, que os Inglezes designão com nho de Tyro até ao grande continente Atlantis, e que Plantão- considerou como
tanta razão trade winds (ventos commer- Occidental. Temos noticia qu-Q os Pheni- maior do que a Europa e a África junc-
ri^s), pelos quaes se comrnunica uma cios e os Egypcios já navegarão em re- tas.
porte do mundo com a outra. E, como dor da África. Muitos sábios tomão estas Esta fábula da Atlantis, tao interes-
elles, as correntes principaes do oceano noticias comi) incertas; outros são de sante, inas infelizmente tão obscura, con-
movem-se também de Leste para Oeste, opinião, que fizerão elles mais de urna tada pelos Gregos, deve ser considerada
e fazem com que as sementes e os ani- vez este périplos (viagem circular). Sen- como uma tradição de marinheiros Phe-
ÜN mães e homens, seguindo este movimep- do isto exacto, é possível e até quasi pro- nicios, ou-como o resultado das especu-
to e apresentando-se na emigração con- vavel, que fossem levados n'estas ocea- lações dos philosophos e cosmographos
\ tinua de E. para 0., vão em redor do siões, mesmo como 'náufragos, para a gregos.
.globo. America. A África chega tão longe a 0., Estes últimos ha muito tempo sabiào,
A civilização devia haver completado e a America Meridional a E., que existe que a te-rra não é um discofluetuante no
primeiro sua grande marcha pela Ásia, apenas uma distancia de 250 léguas en- mar, mas sim uma esphera. Pyihagoras
por 0. até á costa do Atlântico, antes de tre os dou§ pontos extremos. E ainda o demonstrou publicamente na sua es-
poder segurara mão da Ameriifa, exten- mais, esta approximação tem logar em chola, pela sombra da terra, que elle
dida pari É. Somente, depois d'isto feito, um ponto, onde os ventos e correntezas observou nos eclipses da lua. Chegarão
é que podia, atravessando a America, do mar levão quasi por si mesmo para até a calcular o volume d'essa esphera,
agarrar a China e unil-aá America depois Oeste. obtendo um resultado, que não pode ser
de ter' completado o circulo, que presen- Consta que Cabral em uma d'estasvia- encarado como demasiadamente errado.
temente acontece perante a nossa vista, gens ao redor da África teve o fortuna Se os Gregos pois suppozerão que a
pela emigração dos Chinezes paraoPeiú de ser conduzido para o Brazil; e de des* terra era uma esphera, e que por isso
Califórnia, Havana e Brazil. cobrir este paiz occidental, em que to- os continentes conhecidos por elles se
Na antigüidade forão os Phenicios os cou na sua viagem para Lest<*. Da mes- dobrassem, como folhas, ao redor¦dVssa
primeiros, que desenvolverão sua mari- ma maneira, é sabido, que aiuda actual- esphera, naturalmente devião concluir,
nha, nas águas próximas, no Mar Verme- mente muitos navios, que se destinão 3 que o oceano nâo é illimitado, e que se
lbo e Mediterrâneo, o chiarão a uma navegação em torno da África; vêem re- poderia fazer a viagem em torno cio mun-
grande perícia e habilidade, navegando frescar nos,portos brazileiros, como se do, havendo coragem e habilidade; e de-
de cabo a cabo, de ilha a ilha. Avançando elles fossem uma estação. mais, que navegando sempre para Oeste,
'g para o 0. e para o S., chegarão í grande E' possivel pois,.que da mesma sorte se deveria chegar á Ásia, ou achar outro
porta, que chamarão as cohirnnas deHer- muitos Phenicios fossam contra a sua continente no meio do oceano. '
exilesf•actualmente o Estreito de Mbral- vontade para a America oriental; assim Platão, como já o dissemos* deu isso
tar, e até ao outro estreito, qne chama- como que alguns capitães chinezes fos- a entender e.descreveu o grande paiz
se actualmente de Bctfhel-Mandeb (Porto sem, como acima dissemos, para a parte Atlantis no Oeste, á maneira de roman-
da morte). F/ provayH que estas duas occidental do Novo Mundo. ce, como se tivesse visto a America sur-
íAêíÇ-f!
,'*,.-*-¦,¦£-#;
portas temíveis fossem por muito tempo Investigadores modernos querem ter gir cio fundo do mar, como uma Fata
"¦.
'i ¦

.víril-
'•¦'.'¦¦'¦wíjí-'-. os limites da navegação. £ §É descoberto na America vestígios certos Morgana, no distante horizonte oceiden-
|||Ajfeo|tó^nftt porém, forão atravessa- da estada dos Phenicios n'esta parte do taj. >•- a r* ¦<¦:

'¦'An'-^:
dos, e-os marinheiros Phenicios e Egyp- mundo, e alguns até asseverão, que ti- «Em tempos passídos, diz elle, esse
'-V
A '*"¦¦:¦'

| cios entrarão nos grandes oceanos Alem nhão um trafico occulto e continuo com paiz existiu de facto, depois foi destrui-
das ço!umnas> de Hercules, as estradis as Antifhds e a America Central; e os do por uma grande revolução terrestre.))
ipritimas, que na infância da navega- exames d'este ponto interessante não po- E por esta opiuião dè Platão podemos
ção seguião ao longo das costas, se di- dem ser considerados como concluídos. snppor, que o grande continente ocei- T* í
¦

vidirâo em dous ramos diversos, um Os vestígios d'estes mestres amigos da dental era conhéddo pelos navegantes, I-
^paraè
navegação, fòrão seguidos primeiro pelos e que este •conhecimento perdeu-se;
1 panhoia, para as Gallias, Bretanha e o Gregos, cujas cidades em parte forâo fun- quando o espirito émpréhèndedor" dos
Norte da Europa; o outro ramo seguiu dadas pèlos|Egipciose Phenicios. Tam- Phenicios deixou de governar ô; leme.
para o Sul, ao longo do continente afri- bem elles desenvolverão uma grande ma- Devemos attribuir isso á circunstancia,
rinha, navegando em seu pequeno archi- de que os Gregos não navegávão se-
til Os Pheniçiog, tendo passado a porta, pelago, de ilha a ilha, das costas do Pe- gundo osjndicios e informações dos seus
seg uirao a m bos o s r u mo se con ti n o a rão loponeso para as da Ásia Menor. Esta cosmographos e astrônomos, send-D mais
'»»:
sttas descobertas e fundações de colo- marinha augmentou constantemente, e sábios nas especulações theoricas, do
[v^^^^^M^^jM^ o qfl\ depois pouco a pouco estenderão os Gregos que practicos corajosos na navegação.
%*rw os Carthaginezes, os Çilegos, os suas descobertas da parte mais remota «Poder-se-ia; diziâô elles, viajar em

Síy,
¦*m --
'¦ '¦'¦•'¦ -^'l'- ¦¦*"' :-b - '¦¦''"¦ '¦-•'' •' "'¦¦' '-'..'.¦-
¦'
\

¦•
A'.*AV
';A'5*A'
'¦AA:iiA'r- '.
- ..'.Av. ..-•-.. .» . , .'
-' ¦¦ C?Ôi-«* .. '.
(
i ¦ v- ¦.

SEMANÁRIO MARANHENSE. 3
..*

torno dormindo, se o mar no Oeste não res, os Gregos e os Phenicios, que ifâ scieneia, ficarão isolados do outro lado
fosse um pântano, por causa do paiz sòíiientè ao longo das costas. do mundo, pelas correntes dos bárbaros
Atlantis submergido; se as águas do Porém daquillo, que riãó podião con- emigrantes, que passavão ao NorteeS.il
Norte não fossem grossas por causa do servar dentro «los limites do seu reino, dos limites do seu império, e muitas ve**
frio, e se no Sul tudo não se derretesse os Romanos pouco se importarão e to- zes atè perto das muralhas da soa rapí-
ou incendiasse por causa do ,calor.» márão por fábulas gregas oú egypcias as tal. Suas forças physicas, gastarão-nasttá
As viagens exploradoras ipais longi- Ilhas Felizes, a Attlantis e os grandes defez-a do seu domínio sempre diminüidõ,
quas dos Gregos forão emprehendidas da paizes do Oeste. Thula ficou sendo para e ás espirituaes em lides religiosas esò-
sua colônia dè Massilia (Marselha), na elles.o non plus ultra; a Noruega, ellçs phismas phitosophicos. O mundo extetf** <
¦'¦:

'íí 1 _*
bacia ôccidéntal do Mediterrâneo; e de- a tomavão por uma Ilha, o suppunhão no estava cheio de tormentas e terrores,
I..'1? vemos mencionar o celebre marítimo e que não era possível andar ao redor da e o commercio, à navegação é â geogra-
•'
"".'.

':',,!
¦

'-'¦

phia erào por isso os menos cultivados


¦
• %,'

negociante Pytheas, que foi ao alto Nor- África. O mar Occidental tornou-se quasi ' t. :Vv'1
,'"

1
¦

te, andou eni torno da Brota nha e Es- mais escuro ainda do-que seus antec.es- entre os assumptos, que os Bysantinos
cossia, e chejgou até ao remoto Thula, sores o havião imaginado. favorecerão.
que alguns tomão pela Islândia, e outros Poucos espíritos houve entre os Ro- Os Árabes e os Normandos tornarão
¦ pelas Ilhas de Sheiland. Soja corno fôr, manos, tão propheiicos, e que previs- a trazer a luz á geographia, e a novas
o certo é que Pytheas achou-se no mo- sem tão longe na escuridão do oceano e observações deve-se á descoberta daAmè--*
lhor caminho para descobrir a America, dos tempos, com»' o philosópho e poeta rica. ¦
em cuja proximidade esteve, por dista- Seuéca, do qual emanou o célebre dito: m

rem de poucos gráos longiti.dinaes os ¦**'¦..

pontos mais orientaes da Arnorica, da


Venient annis sccula ceris JAGY.
Quibus Oc.eánus vincula rernm
Islândia ou das Ilhas de Sheiland. Mas Laxcty et ingvns pateut tellus (LENDA MARANHENSE.)
Pytheas julgou impossível navegar mais .¦ U Typkisqne novos Megnt orbes
ron
além, e durante muitos séculos ficou o Necsit terris ultima Thule.
celebre nome Thula, designando o ulti- Sa\>\Ki8 da Cosia.
f ; *-.
m& mo pais attingivel do iado de N. 0. (Virão tempo, «m que o occeano affrou
No tempo em que ainda náo existião a xará os vínculos do mundo; um grande CAPITULO 1.
imprensa; as publicações literárias, laço paiz Sfiá patente, Thiphis (Piloto dos Ar- As scenas que vamos descrever neste
qué une todos os povos civilisados; a gonautas) descobrirá novos orbes, e Thu-
la não será mais a ultima terra). pequeno esboço de romance, servem
71
à mesma religião, em que as doutrinas ac- pan appresentar as nossas amáveis lei-
tualmente Conhecidas pelos meninos . Esta notável prophecia do Lúcio An-
naeo Seneca é pronunciada om coro, no toras um pouco do que é brazileiro, e^
forâo transmetlidas nos mysterios das especialmente maranhense; d'aquillò que
sociedades secretas, como revelações su- seu conhecido drama Medea. Pode ser
que a motivasse a leitura das especula- possuímos com abundância, semnossér
blimes, em que cada povo se excluía dos necessário o que é estrangeiro e não
outros e guardava o maior silencio pe- ções cosmographicas dos antigos Gregos tem a cor nacional; inteiramente local.
rapte os estrangeiros, sobre as descober- e Egypcios. Pode ser lambem, que elle
acreditasse na Atlantis de Platão, e visse '. . O Brazil é grande, é rico, immenso!
1,1 tas feitas: neste tempo, dizemos, as scien- Encerra verdadeiras maravilhas na sua
cias devião muitas ve_.es florecer e des- a aurora de um novo mundo.
vastidão ainda inhabitada; como incaleu-
florecen, por se tornar preciso que cada Depois da queda do Império Romano, laveis riquezas no seu abundante solo!
no tempo das emigrações dos povos, tor-
povo principiasse de novo, e passasse pelo Tem o bello e o sublime entretecido com
circulo difficulloso dos seus antecossores; nou a escurecer-se toda a grande e hella o prodigioso dessa poezia virgem, santa,
isto é bem comprehensivel. Por isso bacia cultivada do Mediterrâneo, e a Eu- immaculada, como sabe sèr a da natu-
ropa circumvisinha. As cidades romanas
quando os Romanos seguirão os Gregos, reza em geral.
herdarão d'elles poucos conhecimentos quo cultivavão asseiencias, forâo destrui- A primavera aqui é eterna! O solsur-
• das. Os annaes da historia e literatura
geographicos. ge eoceulta-se, raras vezes sendo em-
_J
le
Mi
',*' ¦
Transitarão para a Bretanha somente
no t^mpo de César, que tornou a preso-
groga e romana, forao queimados ou an-
niquillados, e os que sahirão salvos, pou-
baciado o seo brilho; tem luz radiante é
clara; livre de nuvens pejadas cie tem-*
,,,;..

mir que este paiz fosse urna grande ilha. cos os ler.ão ou comprehenderâo.
pestades e nevoeiros da terra!
Finalmente no tempo do Imperador Clau Todo o Orbii temirum civilisado pelos O céo é límpido; o azul é claro de um
aa, dio,.o general romano Agrícola expediu Romanos, dividiu-se em uma multidão assetinado diafano, encantador. Não há
I *&'£; uma frota para o Norte, que navegou ao de reinos ligeiramente ligados entre si, céo mais bello, nem mais cheio de fül-
redor de toda a Bretanha, apossando-se entre os quaes o commercio pacifico se gores. -
das Ilhas Orçadas, e avistando de longe estagnou ou acabou. Não se traton mais O vendaval não marêa nossos horizon*-
o remoto Thula. Os romanos tomarão de viagens exploradoras, para alargar o tes; e, se ríbomba o trovão, é para mais
esta por.uma nova descoberta, apezar de horizonte geographico. pura, após de si, deixar a atmosphera.
ser .somente a renovação" de conhticimen- O conhecimento geographico chegou a í Nossas matas, nossos bosques, nossos
to antigo, que se havia perdido. perder-se.a ponto de não se acreditar prados, como nossos montes, campos e •-V;.-. ' ¦..."*''

Os Romanos erãò soldados e diploma- mais na figura espherica da terra. Não valles, são cheios de vida, de animação,
tas. Oá philosophos, astrônomos e cos- só ojeigo jias sciencias, mas os mesmas e verdadeii.os primor es. ||
mosgraphos do seu tempo, como, por mestres os mais sábios, em cujas palavras As arvores e os arbustos cohservão-se
exemplo, Strabo e Ptolomeu, erão de o povo jurava como em um oráculo, criáo verdejantes sempre, e não despem suas
origem grega, assim como os ajudantes e ensinavão, que o mundo, isto é, a En- folhas durante as estações varias do cor-
dos geographos, os marinheiros e os ne- ropa, Ásia e África, formavâo um torrão rer do anno! Só o cajaseiro é o único •:-..'¦ ':y3Í.

gociantes. Os Romanos não querião co- quadrado e chato, flnçtuante no oceano que se apresenta nu, servindo de ludi-
•^
nhécer do mundo, mais do que aquillo, .Ilimitado. E alguns dos primeiros padres brio as intempéries; ao contrario do páo ...-:

de que se podião assenhorar; chamavão da-igreja estabelecerão como dogma, que d'arco, que substitue as folhaã por lin>
o seu império Orbis íertahim. Este Or- não existião antipodas. Cosmes, illustre das flores roxas on amarellaS;
be Ro m anò, cujas differen(es partes e11 es viajante egeographo do VI século, re- O que nasce, cresce e vive cheio dô
tinhão ligado por uma teia milagrosa e presentou daquella maneira a terra em seiva! ..
immenjadè estradas, foi conhecido per- seu celebre mappa. Os Gregos Bysanti Rios gigantes como o Amazona^ e 0^
feitamente, é íizérâo no interior descò- nos, descendenies dos antigos Heilenos Prata, regatos que murmurão por en-
bertas melhores e descripções mais navegadores, apezar de conservarem por tre a relya e os arbustos; tudoè abuh-
exactas delia» do que os seus anlecessp- mais i^mpo do que os Romanos a luz da dante nò império de Santa Cruz!
.* - * *
¦;.:-'v'-^|§i-£:-ia;,r,'^-''M;

^¦-á

.* âilH
;.*-?•*'¦ •¦ .í-V*:*"' *7**»"*r 'r^rA't*^^-.7****.***,'-';t'¦•*;: - *

VI

I
SEMANÁRIO MARANHENSE.

Aberta essa pesada cancella dá entra- CONVENIÊNCIAS...


E como é magcstosa, sublime e ame-
na a província do Maranhão, prodigioso da para o patiò coberto de alva terra,ten- (Bailadaera prosa.)
recanto do Brazil! do no centro, sobre columnas de verme-
Debaixo de Ião bons auspícios, damos lhos tijolos, um redondo pombal, pintado Mila não tinha ainda quinze annos.
de verde, de rótulas de cedro, e coberto,
mãos a obra; e se a nossa insufiencia dei- Era menos do que uma moça, e mais do
xar lacunas e não fiser realçar as belle- em forma ponteaguda, com madeiras uma menina. ,
unidas e enyernizadas que
sas que temos em mente modelar aqui, escolhidas, bem anjos no céo devem todos ter quinze
Os
esperámos ser desculpados e nossas fal- com rezina de seringueira. annos! Mila nascera no campo e fora
tas substituídas pela cultivada inteligen- A um lado,a eira se mostra preparada
o arroz, aonde-tem de ser creada longe do buücio dos povoados
cia das amáveis leitoras. pára receber
batido e ventejadb. Havia tres horas que ella chegara a ei-
Fechado o exordio; passamos a fundir dade, e o espirito delicado da menina
os nossos personagens pelos moldes de Sotas pelo terreiro andão as gali-
eom ninhadas estava cgmo que entregue a uma sensa-
seos caracteres: nhas creadeiras, grande oppressiva. è
de pintainhos implnmes & outros empe- çâo
nados; o boi de carro resmoe o milho e A melindrosa creatura sentia remor-
um bello dia do mez de de o comeo, na hora dos-des- sos por ter deixado as suas flores, e re-
Era junho palmito que
Conversava o.Sr. Augusto Mon- canço; ali berra o carneiro" ou a cabra, cebia as impressões do momento com a
484...
amargurada de saudades!
teiro, rico e oppulento lavrador do des- aqui canta o peru inchado e arrastando alma
fricto do Coroatá, com o seo feitor o Sr. as azas,,faceiro com a crista vermelha e A Mignon de Goethe e a Graziella de
José Gaspar, rapaz tão activo e deligente o papo arroxeado. Em um grande cou- Lamarüne erão copias d'aquella angélica
deposito
quanto aferrado aos uzos e costumes do cho de sapucaia, que serve para da fasen- belleza!
passado. da agua,que deve beber o gado Quem te amasse, oh Mila, e fosse por
- O progresso agrícola era uma charada da, nadão patos, e marrecas, emquan- ti amado um instante sequer, esse tinha
indecifrável para o Sr. Gaspar, -que não to grunhem nos chiqueiros gordos por- para sempre perdido o direito de quei-
tinha aspirações a melhorar o systema a- cos cevados. xar-se n'este mundo, sofíresse embora
doptado na plantação do algodão, milho e No meio de tudo isto rula o pombo em todas as dores do universo!
arroz. conquista amorosa ou esvoaça formando Como eras linda, Mila!
Augusto Monteiro recostado sobre o nuvens em volta do pombal.
parapeito da varanda da casa de vi- No fundo de cada rancho ha um quin-
venda, em sua fazenda, sustentava com tal; em cada quintal um galinheiro, um Que raio de sol viria aquecer aquella
o Sr. Gaspar uma consersà toda agrícola, chiqueiro e tudo habitado e bem trata- rosa, que gotta de orvalho se lhe infil-
'..<p

mas estranha para o feitor, que suava sô do; são pertences dos escravos do Sr. traria no seio, que buliçosa abelha es-
com a idéa de que seo amo estava incli- Augusto Monteiro. voaçara em torno da encantada flori-
nado a mudar o systema de plantação em 0 quintal da casa grande nutras coizas nha?
sua fasenda! occupavâo; diverso eta o ris o e o gosto, O pensamepto d'aquella menina.era
O Sr. José Ga.spar escutava ao Sr. nesse reservado da casa de vivenda. uma harmonia que não encontrava echos
Monteiro, de pé, sobre os degraos da es- rico na terra, que voejava em procura dos
cada qne dava descida da casa para o Junto a casa, o jardim se mostra
de differentes matizes, e concertos divinos, para agazalhar-se entre
terreiro. O Sr. José ouvia o patrão com de varias flores
cercado de abacaxis. elles!
religioso respeito, entortando nas mãos E o seo coração! '
o chapéode palha de carnaúba, que tira- Segue se o pomar de larangeiras, ca-
e Ai, o coração de Mila, como a prin-
ra da cabeça. jueiios, laturubazeiros, bananeiras ceza encantada e adormecida da legeuda,
Antes de entrarmos na curiosa convir- outras muitas frutas; e, no lugar humido
flor, não havia ainda despertado e nem o
sa dos nossos personagens, permitao-nos e próprio, a horta ostenta a couve poderia ser senão pelo mágico-influxo da
descrever, bem ou mal, o complexo de o repolho, a alface, e muitos legumes poesia! ' ¦
uma- habitação agrícola, como á do Sr. para o uzo do Sr. Augusto Monteiro. Harpas melodiosas dos poetas da. terra,
Augusto Monteiro, perfeitamente situada Dava para este quintal, fechado com estremecei em harpejos ignotos, se que-
e cultivada. arvores seculares, uma pequena escada reis a posse d'aquella alma, se quereis a*
A cinco léguas, pouco mais ou menos, .de granito, arrancado das pedreiras do dita d'aquelle amor!
ao centro da villa do Coroatá se vê afa- abastado lavrador.
zenda Santo Ângelo, (nome que tomara Franquepda a cancellazinha, entra-se Elle era inadijectivavel! ;»
do seo fundador), pertencente hoje ao Sr. para uma varanda comprida e pouca lar- Tinha a figura dp um satyro, e a alma
Augusto Monteiro. ga; para esta varanda a cozinha dá por-
m. como os do centro da de um bacalhoeiro!
Em uma área decem braças quadradas tas, assim quartos Dormia de noute e comia de dia, como
ergue-se a casa de vivenda ou casa gran- casa, que são devididos pelo corredor
varanda da frente, aonde dei- se pode* comer £ dormir!
de, tendo ao lado direito o paiol ea és- que vae a dèscahçava d'essas preocupa-
xamos e ainda encontraremos o Sr. Mon- Quando
querda a casa de engenho de descaroçar # ções, tomava rape e dizia barb,arismos
o algodão e de tomar a tarefa, ensacar, teiro e o Sr. Gaspar.
de melter medo!
debulhar, ác &. Taboas de páo roxo sucupira, formão Era formoso assim!
Em forma de circulo ligão-se as ofíici- osoalhoda casa, e á mobília que guar- Aquella alma era o receptaculo das im-
nas de ferreiro e carpina, e seguem os nece os quartos e a sala, é limpa em mundices do corpo, e a terra se admi-
ranchos cobertos de pindoba, mas rebo- bora antiga, de angico, baracutiara e rava de ver o barro do Gênesis mais
cados e caiados convenientemente. condurú. cheio de vida do que o soprb do Senhor l
-Tudo mais è coberto de telha, e a casa N'um quarto, ao lado da sala, uma Chamava-se Francisco como qualquer
fl|lvivenda abarracada..ostenta a sua rede de linha d'algodão está armada, mortal! i
superioridade pois serve para agasalhar e uma marqueza de jacarandá, com A lua nunca olhara fito para elle, e as
o proprietário e os hospedes ali che- cobertas de chita e traveceiros com fro- flores tapavão os narizes,quando Francisco
nhas de cassa branca, acha-se preparada passava !
gados. algum hospede, qué o aca-
Fecha este colar de casas e ranchos, para receber Se lhe desbastassem o espirito, havia
so conduza á fazenda Santo Ângelo. matéria para d'ahi fazer trez corp*os mas-
como um colchete de madeira, grossa
cancella de bacury, rodando sobre «os (Continua.) siços!
Era sublime como um phenomeno!
gonzos prezos em columnas de pequi.

¦.-*•«

.,..->
¦
;.f'¦;¦.-,''; ,.¦'¦'- SWSs* ¦
T^l
1
¦.a~..T-.,.',-%',y.,>v-t ¦-».¦:-¦¦--, •¦.-,,. ,-.«-¦-...V»w..-^*««»*'>r> 4. J^.^WIIWi^aiitfcatl;
|

I
SEMANÁRIO MARANHENSE.

Não sei quando e nm como elle vio a Duas nações debruçam: não são montes,
* encantadora Mila! E' Tabatinga que o Império escolta. profundo a mais hão ser,
aquelle horrido vácuo, ,'"-v*ti
Quando encontrei-os a ultima vez, sa- E ó que é Tâbatihga? Eis o que fora
no qual o olhar se fita,
hião da igreja. Não vinhâõ da missa nem sem cor, sem luz, sán termino
Difficil responder-se, e não iútento. começa a apparecer.
de ladainhas... Já encobrio-se; houve o movimento m
• •" Da terra que se afasta e que descora . /'-..¦¦."
» ',
'at.aV'7'. -?"'W-iS
Cazarão e tiverão filhos! ':.
O Maranhão lá fica, decrescente, Nunca nenhum espirito
PlETRO DJ_ CASTELLAMARE. —Homem inconstante, é a noitada d'hoje chegou do abysmo 'ao fim;
Sabes onde será? não sabes. Foje jamais por estes âmbitos *
Dos teus pés, e se apaga na corrente perdeu-se um .cherubim. "¦
Guesa errante. Os anjos, que são validos,
Leve esteira de espuma: a espuma linda temem que o impuro ar
Virás de novo erguer? não sabes. Fujil debaixo da asa canàidâ " '-':¦¦¦ '

Rei do passado, vale a historia inútil


-

: .

(fIUGMENTO.)
lhes venha alli faltar.
CANTO II.
Ao fechado porvir, se\ vida é finda?
*¦*.
Demais, receiam pa vidos
(1858, Solimões.) \ - III. 5' V cahir, voar, descer
aquelle canos mephiticó,
I. Foi a veia rnais larga, que se ha visto de fundo a escurecer.
Tomar nascente, sé estender na face Que sorte n'este exílio
As nuvens opalecem: luz beata Da terra de misérias; outra nasce teriao cherubim?
Ém doce ondulação pelo ar mimoso Nadôr dos homens, tem-se exemplos disto: do riso máo,' satânico,
Dos nimbos d'alva exhala-se, tão grata '
'¦¦*''"¦'
N

a oflensa má, sem fim.


Acariciando o coração gostoso! Quando, voltando dos festins culpados ti

Uma alma prostituta arrependida, Ou, em perigo máximo,


Visão celeste f angélica encarnada Só traços da fortuna que é partida um canto seduetor, "y
Co'a nitente harr»idez d'hombros de leite São, dos olhos que choram, encontrados. saudoso^ terno, mágico,
Onde encontra o amor brando deleite, cheio dé muito amor,
E da infância do tempo a hora foi nada! Gela na cordilheira, hartas costellas que o attrahisse timido
Descarnam as ribas, a corrente afoita que alli ficasse a amar,
A claridade augmenta, a ondadeslisa. .Chamalotcia as ondas, ledas, bellas, sem da celeste pátria
Scintilla com o mais puro luzimento; Amplas dc sombras largas. Sobre a moita, poder-se mais lembrar.
De purpura, de ouro a coroa se matiza
Dd tropical formoso firmamento. Nestas noites alvissimasde estio. Depois, á asul abobada
Felizes nos desertos, encostada como outra vez subir,
Qual um vaso de fina porcelana A montaria do índio, abandonada mostrando á luz do empyreo
Que de atravez o sol allumlasse, Na indolência cantando desce o rio. cabellos a cahir,
Qual os relevos de pintura indiana esparsos e não nítidos,
E' o oriente do dia quando nasce. As praias de ouro ao sol longe se espaçam, e as azas sem ter cor,
Em cima um bosque quede vez se assanha, os braços nus, e flacido
Uma por uma todas se apagaram Cabelleiras do vento, se emmaranha; o collo e semfulgor;
As estrellas, tamanhas e tão vivas, As feitorias os seus tectos traçam.
Como olhos que languidas captivas a fronte, a fronte pallida,
Mal nutridas de amores abaixaram. Sousa Andrade. nos olhos roxidão,
•^-5<|_>S-«_-* signal do choro angélico
Aclara-se ás encostas viridantes <¦ .-..••"¦. .»','..':¦

n'aquella solidão;
A espreguiçar-se a palma soberana, 0 abysmo. e os pés negros e mórbidos
Remonta a Deus a vida, á origem d'antes, X do fogo, que os queimou,
Amiga e matinal, donde dimaua. (ALF. DE VIGNY.) 1f •""' tudo entre os anjos plácidos,
que o ceo sempre adorou.
Acorda a terra: as flores da alegria Do céo á densa tenebra
Abrem, fazem do leito de seus ramos na qual principio tem ¦ _Ü
Sua gloria infantil; alcionem ciamos do abysmo a sombra tumida H
Passa cantando sobre, o cedro ao dia posta dos ceos a quem, Eis porque os anjos tímidos,
de gráos em grãos o éthero sábios, prudentes são,
As suas loas boyantes; o selvagem' na escala a se extender d'estes tristonhos sítios,
Calá-se, evoca d'outro tempo um sonho. oecupa o espaço indomito, fugindo á solidão! .
¦ ' --'.í>i
ék
E curva a fronte... Deus, como é tristònho que vai-se alem perder.
Seu vulto sem porvir em pé na margem! II-' ;•- ' ''}<iiÚ F. Reimar
;-
Se um anjo desce trepido,
Talvez a amante, a filha haja descido, deixando o asul do ceo,
Como esse tronco, para sem pro .o rio--- uns ares menos vividos ««**
Elle abana a cabeça co'o sombrio encontra o que de.sceu.
Riso pelo infortúnio embranquecido. Vapores, nuvens tetricas, Tu hontem com a voz mágica
terríveis furacões Diseste-níe que leste
.•v. . . ,; n passam, volteiam rubidos,
soprando ásperos sons.
As. minhas trovas tímidas,
Sem arte nem primor; ...
¦
¦ :j:
-'';'

Vagas eternas! se escondeis no seio


,'".' ¦'¦'..'.'

-, •¦:.-»¦ ''

E o rosto que é tão pállido,


Alguma cousa que, de mim, procuro '§
1 *

*' Mas, sob a zona esplendida De limpidez celeste


Neste afan solitário e obscuro— da forte luz solar, Tornou a cor purpurea,
: Embalançai, adormecei—já creio... sob as camadas dúbias Tingió-sede ruborl '\'*'.'.''--':i-"-:', '.'
devida, luz ear, 'i(.;;'l-r/;í'í .-v--te >;¦¦'. ^.-'''^'é^-SSBSm
, :--i- -a.w:-..?"»»!

Cante o nauta a partida na alvorada, em cujo estreito circulo Meus versos leste! O' júbilo,
Retirià á amarra o cabrestante oppresso, . podemos todos ver Idêagratae cara! ="i:
Rujara em charnma fornalhas abrazadas, estas espheras nítidas Passarão por teos lábios
Se erga e estremeça o carro do progresso í o espaço a percorrer, As falas que eu senti!
O mesmo amor e extaze,
E como o corvo taciturno vôa ha o deserto -fingido, Que a lyra decantara, ¦*
E atravessa o rio sobre o vento, enorme e serpeado A mesma anciã e delírio
O vapor fumegando, n'um momento de um turbilhão horristfno, Pâsson inteiro em ti! -'--' ' -.-.-a-:-",." -v ', ¦.,
Rente tá riba direita alveja a proa. pesado à se arrastar;
¦ ;.Í-'?,-->¦¦'¦¦¦";>¦* ¦ ¦ x ¦¦¦'.¦--
;.,:.-.',
¦

ha luz de um dia pa Ilido, N De que sublime aureola


Caminha ousado nas vermelhas rodas ° nas nuvens sepultado, ..-
¦ ¦

. .!eu livro foi cercado! »' :'- ..'*


'''**«:
'.,"'*- .'•• '- t,:-' "':'{'''", '

;-; Que*espanejam ao longe: aòs«sons ruidentes, - debaixo o canos terrifico, Que brilho em suas paginas,
Ignotos, sáenl das espessuras todas e a, noite a negrejar. Que transfiguração!
E -ficam olhando os índios innocentes; f**
Dos olhos teos tão lânguidós
Kquandoosopro calido Sentindo o doce olhado,
¦

Já encobrio-se na primeira volta do vento em fogo agita E sob o foco esplendido


O balcão ideial, onde suas frontes. do abvsmo o seio turgido, De meiga irradiação!
:M

s \

"..'- í.».. ''..í.-rV-.-.-I-ifc":


%'.'~7*!i. •' ¦ •'¦ . .\ .--*'*>«.- Ir.*, ; . ' '
;*tJãí4^a....i- ¦;-•••'«.

f
..

l
6 SEMANÁRIO MARANHENSE.

Mudou-se subitaneo continentes longínquos; e, tomando para razões políticas não imperassem, não pode
O meo ca mie singello, exemplo o próprio México, falia-nos alto invocar para sio.direitode intervir na con-
E o. verso desharmonico
Ficou meigo trovar!
e mui recente a lembrança de haverem tenda Americana para enlévar-se na idéia
Poema lindo e altíssimo no começo da conquista abandonado o dé regularisar a* vida d'estes povos,
Do mais brilhante sello terreno da lueta duas das potências allia- modificando-lhes a forma de governo, é
Tornou-se o rude cântico das á ÍYança, a Inglaterra e a Hespanha. tntella-los,como se detutellacarecessem. .
A' luz do teu olhar! A mesma França no meio d'ella, quando São diversos os interesses dos dois con- ¦" .' 'tr.

Podesse cada estância, muitos lugares do paiz conquistado man- tinéntes; e já que a natureza tao aneda-
Por ti embalsamada tinham-se rebeldes á auetoridade estabe- dos os fez pela extensão dos mares, não
Com o perfunioso hálito, lecida pèlàs armas francezas, quando o procure a cegueira da politiea dos homens
Com o sopro seductor, império apresentava ainda fracas bases de perturbar o que deve permanecer tran-
Dizer-te o meu martyrio,
E como és adorada, segurança, ordenou a retirada das tropas., quillo, posto que no meio da maior agi-
E tu,n'um lance angélico, que para alli mandou. Retiradas estas, tação.
Pagar amor com amor. . era fácil prever que o suecessor de Itur- Destruído o império mexicano e vendo-
O' livro meu, anima-te
bidê não levaria longe o predomínio da se victoriosa a republica, poderá conse-
Por mim supplica e pede! purpura e da coroa. guir Juarez reconstruir o seu governo na-
Repete os meus delírios De passagem consignaremos o facto de cional e firma-lo èm bases sólidas? Pa-
E serve-me de voz... ser este modo de proceder peculiar á po- rece-nos isto difficil; necessidade da pri-
Já que cruel desanimo
O meu falar impede, litica do 3o Napoleão Na Itália dois exem- são e deportação do general Sant'Anna é
republicana ha
Lhe narra as confidencias, pios avultam para profligal-a com incon- indicio de que a agitação lado, suggere-
Que eu faço muito a sós!... testavel verdade; o imperador, que como de continuar. Por outro
Joaquim Serra. amigointervema favor do seu alliado,logo se como natural o desejo do governo de.
o abandona no meio de difficuldades, que Washington de incorporar á poderosa con-
o apertam de todos os lados. Depois das federação as tão ricas províncias mexica-
CHRONICA DO EXTERIOR. batalhas de Solpherino e Magenta, o prin- canas, cuja integridade já não é virgem
cipe, que havia promettido á Itália o li- para o espirito de alargamento do terri-
Posto que algum tanto suffocada por berta-la dos Alpes até o Adriático, assi- torio, que nutre aquelle governo.
noticias mais recentes, a crise final do gna precipitadamente a paz de Villa-fran- Nos Estados-Unidos a chaga aberta
ephemero império mexicano faz echpar ca, e deixa Victor-Manoel em lueta com pela guerra civil ainda sangra. A lueta,
ainda nos nossos ouvidos o som de uma embaraços,que se ostentavam maiores do que de novo e com mais vehemencia sur-
agonia de príncipe gerada e extincta entre que no começo da guerra. O príncipe, giu entre o presidente Jonh»son e o parti-
a condemnação militar e o apparato do que se proclama o protector do Papado, do exaltado, predominante no congresso,
fuzülamento. assigna a convenção de 15 de setembro claramente indica que a politiea de tole-
De vários modos manifestou-se a opi- para a evacuação das tropas francesas de rancia para com os estados, que foram re-
nião publica sobre o tristíssimo desenla- Roma, e deixa no Vaticano a Pio 9o mais beldes, não se acha firmada no paiz. As
ce da vida política do archi-duque'Maxi- enfraquecido e ameaçado ante á propa- ultimas dissenções, manifestadas por ve-
miliano, exagerando uns o respeito ao ganda revolucionaria e o pensamento de tos repetidos do poder executivo, e por
decisões contrarias do congresso, especi-
principio monarchicOjfazendo outros.ahy- unificação do que se antes nenhuma pro-
almente ásque se referem aos chefes mili-
perbole do direito revolucionário e da su- teccão lhe houvesse concedido. Politiea
premacia republicana. de corso: estreita, medrosa depois da au- tares dos estados do Sul, fazem crer que
Entre o juizo official de Troplong e o ex- dacia imprudente, sempre errônea, sem- o gabibinete de Washington ou transigirá
cesso da apreciação democrática, por mais pre prejudicial. ouprocurará na força o apoio de que ca-
consideração que nos mereça a desgraça A lei das represálias, posto que des- rec* para se manter firme em presença da
do príncipe illustre, menos nobre pela rea- humana, e desnecessária como norma po- intolerância radical.
leza do que pelos dotes do espirito e pe- litica, é todavia uma lei. Censura-la em Os bons oflicios do gabinete de Was-
Ia superioridade com que soube receber sua origem e nos seus effeitos é de são hington foram por fim acceitos pelas re-
o infortúnio, encontramos nos eloqüentes entendimento; mas, nega*Ia, querendo publicas do Pacifico para o fim de regu-
discursos dos dois deputados francezes, os que desappareça, é vontade que nos pa- larisar-se a terminação pacifica das quês-
senhores Thiers e Júlio Favre, a synthese rece ir além d'aquillo que comporta a im- toes suscitadas com a Espanha e, já ha
verdadeira do julgamento da ultima pha perfeição humana. bastante tempo, pendentes.
se do segundo império do México; a mor- Sob a auetoridade do archiduqüe Ma- Todavia, esta propensão á paz quanto
te do archi-duque Maximiliano é conse- ximiliano dois processos militares segui- ao exterior, era seguida da proverbial ef-
d'aquellas
quencia de um erro do 3.° Napoleão, erro dos do fusillamento dos generaes Ortega fervescencia no viver interno
as cons-
que pesa com toda a sua responsabilida- e Salasar foram instaurados e logo pro- republicas, repetindo-se sempre
de sobre o gabinete das Tulherias, e um vocaram vehementes censuras. A repre- tantes scenas de derrotas e victorias de
caudilhos, de inquietação geral, nenhuma
^corollario natural da terrível lei das re- salia fez posteriormente o seu ajuste de
presalias. contas, e o delyrio da paixão partidária estabelidade nos negócios públicos, que
Por maior que fosse a desorganisação exigiu a reciprocidade do soffrimento. como já se tem tornado a vida regular de
da republica Mexicana, a França não tinha Sirva o tristíssimo exemplo da morte de semelhantes povos.
o direito de intervir á mão armada para archi-duque Maximiliano de conselho ás Das republicas do Prata não são tran-
effectuar a conquista em nome de mal suggestões da politiea européa quanto á quillisadoras as noticias. Na Confederação
disfarçados interesses commerciaes;e qual- intervenção nos negócios da America e Argentina, posto que muito enfraquecido,
civil, e a at-
quer que fosse o preposto, que escolhesse tambem aquelles povos conquistados, que arde ainda o facho da guerra
tomar o gene-
para substituir no império a auetoridade na hora do triumpho não lhe quizerem titude, que parecia querer da
de algum general francez triumphador, ver o brilho empanado e enfraquecido, ral Urquisa na ultima phase guerra em
esse havia de ser uma victima, que mais porque a imagem da. morte jamais ha que' se acham os alliados envolvidos
tarde ou mais cedo o espirito nacional, de de servir de gôso ao triumphador. Quan- com o Díctador do Paraguay, dando lo-
vê em seu seio a desorgani- gar, segundo explicava a imprensa porte-
pa lado, ê de outro a vehemencia dos in- do a Europa
teresses republicanos tinham de immolar sação immoral da Espanha, o abuso da for- nha, ao armamento da ilha de Martim
aposse do sen triumpho. ça commettido pela Rússia sobre a Polo- Garcia, gerava receios de novas cojjipli-
A historia das conquistas ahi está para nia; quando viu de braços crusados a vio- cações, a que ajunetavam maior vulto os
difundir ensino largo sobre as difficulda- lencia da força alleman imposta a nobre boatos de fraccionamento do-partido co-
des, que se levantam e mais ainda em fraqueza da Dinamarca, inda que outras lorado no Estado Oriental, surgindo d'esse


. *% .-*;'t*»-*'

,.-,... .-. .-'.. .*. * i O


I . : -H Tr?*^'"^"»^»?**?-"'?' '".'• ^^'Yi^riTwi^aiKtww»!

I « <fc

SEMANÁRIO MARANHENSE. '¦-.--¦ ••,-'¦


:..-¦.v:,--'"'" --'7

facto nao pequenos embaraços á sesuran-


tura ao conhecera importância das cen-
ça do governo do general Flores. suras feitas
ktn má hora, porém, começa a chroni-
á sua errônea e perigosa po^
5 Parece-nos pouco provável o predomi- utica, e naturalmente desejoso ça, por isso que o momento actual dão
nio por emquanto do partido federal de ver es- e fértil nem mesmo de acontecimentos
n'a- ao
quelles estados; o partido unionista, forte de çurecid^semprebrilho das glorias militares, pequeninos.

pela sabedoria com que se tem mantido do que tão zeloso se tem mostra, Não ha uma festa, um baile, uma
M no poder forte pelo bem. o povo gaulez, a face turvada direc- rada, um incêndio, nem pa-
tem feito ção, que tem dado aos negócios o mais insumi-
e pela idéia de civilisação que e progresso nos. exter- ncante escândalo á ser registradoi
que representa; forte ainda pelos recur- Já a imprensa
Tanto na vida ordinária dn nossa socie- m
sos militares, que teve necessidade íranceza parece ter le- dade nâo se nota uma saliência
reunir para se oppor á invasão e de vantado a ponta do véo, que encobre o qual*
con- pensamento do gabinete das Tulherias, indivíduo quer, no caminhar isolado de cada
do dictador comonâo
quista do Paraguay, offerece tazendo adrede existe a menor linha obli-
garantias bastantes contra as aspirações insinuações ao amor-pro-
anarchicas do agitador de Entre-Rios pno nacional para converter em enthusi- Todos bocejão par falta de assumpto
asmo o terrível
que ate hoje só se tem recommendadc. contra a Prússia, encargo de uma guerra para a conversação, e ninguém se atrevo
pelos bons serviços, qne- prestou, quan- vasoras em unic<r das potências in- a perguntar o
1815 da qual a França ainda ceio de uma resposta que ha de novo,«pelo re-
do, unido ao general Garson e ao atravessada e vazia
mento político do império, concorreu pensa- se nao tem podido despicar. E' deste mo- de novidade.
os seus esforços para o anniquillamento com do qne os governos illudem os Nem sequer o eclypse do sol. annun-
povos,
do execrável poder do quando, na satisfação de uma idéa, ciado pelo Pau, preconisado
general Rosas lhes e puramente pessoal, tacteam as que fe- servatono astronômico, e de antemão pelo ob-
As noticias do Prata fes-
prendem-se estrei- veras do orgulho nacional coma wjado por ura amigo
tamente as da guerra em se acha para, poeta e naturalista,
Brasil empenhado, e da que contamoso submissão aos mais duros sacrifícios tor- nem mesmo esse eclypse tornou-se effec-
qual narem patriótica a questão.que ésód'elles. tiro,
que sahwa victonoso. A juncção operada Nas mãos do ministro Bismarck o chefe para dessa forma alegrar-nos um
pelo general Barão do Herval; o adianta- uimil(]' actual
dblUcU ¦«apeno pouco, so.nbreando este globo, onde
mpnto miPi^tinhVVi 7 do
Uü império francez
rraneez serviu de irri irri- nao ha trevas. - Jjá
çao a Ilumaita; o crescido numero do Houve convites
posse das províncias rhenanas para o espectaculo
eprcito alhado; as disposições de ataque demnar-se para con- ° ™xg0'*ám ''eferido, oífereceu
afirmadas por parte do á immobilidade S
na assistência lugares elunelas a mais de
general-chefe; o da lucta,que se ultimou no torvelinho das üo e teve o um conheci,
perfeito conhecimento das posições e re- agoas do Sadowa a murmurar desprazer de ficar ás claras •
cursos do inimigo; o estado de sobre Achromca,
promntifí- derrota desgraçada do exercito austríacoa este assumpto que já se preparava para ter
cação em que se achava a esquadra importantíssimo, vio as
bra- Teve o corso sagacidade bastante
sileira, tudo indica e faz cçér para co- perdidas, e continua a
que a ancie- nhecer posteriormente a feição desagra- lamentara _i"esperanças escassez de novidades e a
dade publica, trasida em suspensão davel do papel, qne lhe deram a repre- 'mpontualidade d
tanto tempo, nade ser em breve satisfeita por
sentar; e em seguida, levantando a do sol. da astronomia
com a noticia de uma victoria decisiva das lunetas, e até do observatório,
tac• do Luxemburgo, que felizmentequês- foi v Por essa razão,
tanto mais grata quanto a
tem
prolongação da suítocada pela intervenção ingleza,
procu- sidente-poeta quamlo aqui um ore-
guerra sido incommoda e pezada para ra erguer de descobrio certo planeta
o império. ' novo a do Koenisgraetz da novo, em o nosso horisonte,
talvez mais de um
No velho continente europeu densas qual provenha largo incêndio. professor de geographia da terra poz em
nuvens de ameaça bellicosa agglomeram- Paris Conjectura-se que a missão Ratazzi a •luvida
traria como a exactidão do astrônomo
se no honsonte dos negócios conseqüência a allian- naüiental. 6 gover-
lado das ultimas festas de públicos, ao ça da França, da Itália e da Áustria no
paz em honra caso de probabilidades de Ninguém deve crer nos astros;
aa industria universal, nas; guerra prus- ou errantes sâo sempre fixos
quaes uma siana. Dada esta o rei Frederico Guilher- enganadores; e
animadora colheita de
prêmios e menções me ficará só a sustentar o embate no nao e debaUle qüe se recommenda que
distinetas coube aos expositores do impe- meio ninguém queira ver estrellas ao
no americano, e que lhes deve servir de esforços da Confederação do norte creada a uia.. meio
?nobre incentivo, ao lado tambem do seu ministro, ou arrastará
das vi- comsigo ao campo da lucta o imperador Mas o theatro?
sitas de civilisação, O theatro anda as cambalhotas,
que o grão-turco Ab- da Rússia, a quem, pela theoria do graças
dui-Asis realisa no louvável intento de despeito, politica a agilidade de uns
deve naturalmente animar o de- acrobatas portugue-
transplantais para o império a ser- sejo zes; que saltâo e cabriolão,
vem de gargantas Dardanellos, que de pedir raeças á França e á Itália um louvar qiie é mesmo
e de um ern rememoraçíio das derrotas na Crimé^ a Deus, e tentar ao diabo.
íacto altamente philosopliico e humanita- Visinha 0 circo das"feras, por demasiadamente
no,—a abolição |a pena de morte—, com a Inglaterra d'esta conflagração, permanecerá ¦•¦¦¦'¦
j.
¦'>-'•

envolvida no seu feroz, foi substituído


que o reino de Portugal acaba de attraliir sular, immobilisando-se como egoismo in- pelo curro hespa-
sobre si a attenção tem feito |>nol, e este pelo amphitheatro de acro-
publica, e do qual lhe nas ultimas luctas armadas, quo se tem fe- Datas. '
1
provem incontestável direito de superio- rido no
ndade entre os povos, grêmio europeu? Espectaculos eminentemente civilisa-
que se avantajaní Só posteriores noticias nos poderão dar dores, e nos
no caminho da civilisação. o preciso esclarecimento acerca de acor^ rer o mais estheticamente quaes pode o sangue cor-
As grandes nações européas ameaçam- tecimentos, se sao realmente possível, elles ¦ se

que nos antolham comtão dignos dos applausos e da


se mutuamente. Ao passo o grave e ameaçador aspecto. comiseração publica.
ue s. James profere uma que gabinete em re- Flavio Reima.r..
ação á Polônia, o gabinete phrase de S. Peters-
Não fademos, por lanto, do theatro.
burgo arremessa a palavra de agitação
mã»Q+ Se na falta de noticias, que digão res- I
CHRONICA INTERNA. peito ao celebre circensis romano eu po-
sobre a Irlanda; e, como se aexpoliacão
desse fartar o leitor de outras m
commettida contra a Dinamarca fosse üm O chronista do Semanário pede tendessem que ^n-
abuso a reclamar vindicta, a per-» com o panem.mSr com o pão
questão alie- missão aos leitores para não apresentar espiritual, de bom grado relevaria a mo-
man surge de novo, provocada
pelo des- uma umca linha de programma. notonia da estação, e teria assumpto mui-"
peito da politica do 3.° Napoleáo, d^spei- Se a rubrica, sob a to mais agradável para alimento d'esta
to que», assim como o tornou inactivo em este escripto, não explicaqual inscreve-se ¦¦'•'•¦ 'i
^•I
de sobra o chronica. ¦ §
presença da faisca accendida nos ducados elle | o autor d'esta revista acha-se que im- Infelizmente, porem, só posso annun-
.;¦'••;'. :.

do Schleswig-Hoístein, parece levàl-o ago- possibilitado de inventar


ra a mais imprudente actividade, melhor explica^ ciar a próxima
publicação do
porven- ção volume das obras posthum^ de primeira Gonsal

'.
_ET*_MA_n_n ______________________ ;t.„j;,.,_. „.,.., •
¦•:..
>'.... .. _j_../*
"»»'

.?_

8 SEMANÁRIO MARANHENSE.

ve$ Dias, e o terceiro do Curso de Lilte* Deixo de parte este assumpto, e prosi- do improviso, que certamente foi caleu-
ratura do Sr. Sotero dos Reis. go o meo caminho o mais terra á terra lado com muito vagar.
Entretanto,onde estão tantas obras, qua que fôr possivel. Como mencionar o que se passa do
o publico espera impaciente; e o que fa- Estou sentindo á melhor vontade de Ceará para o Rio Grande do Sul, se nos
zem tantos escriptores festejados e bem- falar da guarda nacional da Reserva, que falta o vehiculo conduetor das boas no-
anda hoje n'uma roda viva, e fazendo vas?
queridos em o nosso mundo litterario?
Uns dormem o somno da morte, e as maravilhas de militarismo. - ià: E' certo que diz o proloquio: pas de
suas obras jazem esparsas, máo grado a A guarda da Reserva era uma espécie nouvelles bnnnes nouvelles, mas o leitor
ancbdade publica; outros descanção mer- de mytho,de que tratavão os papeis offi- prefere o positivo, a essas consolações
gulhádos em um ócio reprehensivel, ciaes. do rifào.
quando competia-lhes apresentar os fruc- Ella estava em toda parte, mas ninguém Se fosse permittido a chronica, como
tos, que forão prophetisados por lindis- a via. 0 repouso era a única senha de ao folhetim, o engordar canards, nunca
simas flores. semelhante legião. esta secção do jornal estaria em atrazo,
Poucos, bem poucos trabalhão, e esses Infringir este preceito fora uma violen- mas a divisa d'ella é a mesma do ceie-
mesmos tomados de um desanimo la- cia, que não cabia nos hábitos pacíficos bre thebano. a
tente, e como que envergonhados das dos cidadãos da reserva, e nunca se ou- Abra-se o Amazonas muito embora;
, horas, que dedicão aos estudos íittera- vio dizer que a pátria periclitava, pela catrafile-se o Lopez quanto antes, e ve-
rios. passividade de tão bravos filhos. nha S. Alteza visitar o extremo norle;
Trajano Galvão, e Franco de Sá não Ora, acontece que o tambor toca á re- mas tambem chegue o vapor tão retar-
têm ainda as suas obras colleccionadas; bate e chama á postos a tropa imbelle e dado, e, se for possivel, tenhamos todos
Dias Carneiro, Marques Rodrigues e Nu- desfardada, e, mais ainda, que as portas esses proveitos ao mesmo tempo.
no Alvares vivem calados e perdidos na do xadrez e do estado-maior escanca- As apostas, acerca das noticias do va-
multidão. rão-se com horrível carranca, perante por, são muitas; não ha quem não
Entre os poucos que ainda trabalhão, os retardatarios e vacillantes. tenha arriscado uma esperança,*e o tiro
conta-se Souza Andrade a preparar os ul- Originou este acontecimento a tremenda alviçareiro virá representar o papel de
tiraos cantos do seo imaginoso Gueza balburdia que se observa por esta cida- uma carta deciziva em partida de lans-
Errante, e Gentil Braga que completa a de. Uniformes estçamboticos; manobras quenet.
traducção da Eloa e a sua delicadíssima fora do compasso, e muitas dúzias de ho- Que todos ganhem sem perder um só,
Clara Verbena. mens sérios desempenhando as funeções é este o desejo do chronista,qne afiança
Mas o que significa o silencio dos poe- de cabo de esquadra e furriel, com gran- por sua parte ser a cauza -da demora do
tas que escreverão a Noute do Diabo, a de damno da disciplina è da bizarriamar- vapor, o facto de nâo haver elle ainda
Revista Nocturna e a Ilha de S. Luiz ? ciai. chegado.
Não posso acreditar na deserção que Hontem a noute encontrei uma patrulha Com esta opinião não ha receio de
elles hajão feito do sanctuario,onde já fi- da reserva, e tive pena dos penitentes. prejuízo algum, a não ser a falta de boas
zerão morada; não quero conformar-me Dois prestantes poetas, que tão família- novas.
com a triste certeza de que elles para res são com a frauta de Theocrito, e com Ochronisla finaliza esta rezenha, dese-
sempre abjurarão da religião de que fo- a lyra de Orpheo, apitavão por essas ruas jando que a próxima semana seja mais
râo apóstolos. e becos da maneira a mais destemperada variada e alegre, para manutenção d'es-
E' preciso trabalhar, muito e sempre, ppssivel! ta revista, e contentamento dos leitores,
máo grado os contratempos da vida, e o Coitados 1 Os pobres rapases, assim co- PlETRO DE CaSTELLAMAUB.
desamor com que os profanos olham para mo todos os camaradas-da reserva, sem-
a arte. pre tomarão aquelle batalhão por um re-
O bello tem isso de bom: elle é sem quiescat in pace, onde nem o Paraguay,
replica, mesmo\para aquelles que o não ou o commandante superior serião capa DECLARAÇÃO.
comprehendem; e o quo hoje parece uma zes de ir perturbal-os.
utopia amanhã é uma realidade muito Se as agonias de tão bravos filhos de Para o Semanário Maranhense acceita-
reverenciada. Marte não commovem as entranhas dos se e agradece se a collaboração de todas
Diga embora o espirito sarcástico e leitores d'esta chronica, perco de todo a aquellas pessoas, que queirão auxiliar
sceptico, esse Mephistopbel.es do secu- esperança de distrahil-os, e passo a falar esta publicação, no sentido do seo pro-
lo, que todo o campo das lettras se de cousas tristes e melancólicas. grarama.
acha arroteado,^ que não ha mais poe- Já se havendo o editor derigido aos Srs.
be pergnntasse noticias dò vapor do
sia .possível, e nem espaço para os so- Drs. Marques Rodrigues, Gentil Braga,
Sul?
nhos do artista, pprque tudo já e^tá qal- Se interpellasse o velho morteiro de S. Antônio Henriques. Theraistocles Ara-
culado e medido. Marcos, engasgado ha oito dias? nha, Antônio Rego, Heraclito Graça,
O desconhecido cerca-nos detodos^os Elle nâo era capaz de responder cousa Ricardo E. Ferreira de Carvalho, Souza
lados, e horisontes 'onginquos substitu- satisfactpria. Andrade, Sabbas da Costa, Nuno Alvares
em aquelles que acabamos de atravessar, e Carvalho Filgueiras, tem esperança de
nâ persuasão de termos tocado a mela Os mais calculistas busca o na foz do ob?er os bons escriptos d'esses Srs.,todos
do caminho. Amazonas a cauza da demora do-paquete; vantajosamente conhecidos n'esta pro-
os mais patrióticos encontrão a mesma vincia e fora d'ella.
Nãd desanimem, pois, os que tem for-
çauza nas cabeceiras do Paraguay.
ças para o trabalh», e vá este brado de Abertura do rio-mar, ou furaarada no Estão, portanto, francas as columnaíf
alerta *reúnir-se aos muitos, que o pu- rio-abysmo, o, que é certo é que ninguém do Semanário aos artigos que ,digâo
blico solta, para servir de estimulo aos sabe novas das províncias do Sul. respeito a litteratura, artes, e industria.
que esmorecerão sem motivo. r O vapor traz carga muito pezada, e Do illustrado publico d'esta capital es-
Já que passei em revista alguns no- pera o editor o poderoso valimento, que
mes sympathicos as lettras maranhenses, d'ahi o seo andar vagaroso e olympico.
Et vera incessii patuitdea. não pode deixar de merecer uma publi- l-yi
fião devoomittir o deCaetano Cantanhe- cação tão fecommendavel e cheia de in-
de, estimavel amigo, que a morte veio Traz, como passageiro,o Príncipe Conde
d'Eu; traz os louros do marquez de Ca- teresse.
surpreender ern meio de sérios estudos
xias. , O Editor# m
scientificos. Deus queira que não fique
*,-

*^.-;
¦
'•'¦¦

sem ver a luz da publicidade o impor- Era todo cazo estamos a phantasiar
novidades de foz em fora, quando fora sL\m
tante trabalho, sobre Pedras preciosas, Typ de B. de Mattos —itnp * or Manoel F.
i L
*
. que elle am tanto esmero concluía. mais fácil que estivéssemos prevenidos Pres, ua it a P.r./7. m

c ¦* !•

m
O
¦¦.T*-ty'A*>ffl'i^*nVa'y''VAJJ. ..^ i[jp»i j-*j.-fr.<-
¦4í-._ *
9
~.~ --ir-.'.
»!
I

SEMA N AMO MARAN ENSE. *

ANNO I. San'Luiz, Domingo—15 de Setembro—1867. NUMERO 3.

Publica-se aos Domingos. Assigna-se nesta typographia e em mão do Snr. Germano Martins d^ssumpção a 2£000 por trimestre (13 números)
edictoii—B. de Mattos.

espirituosos Gregos e Romanos, é uma hoje se ignora, sendo que muitas dellas, ¦'ífe

verdadeira monstruosidade, a creação do como os Psalmos erão cantadas nas so-


mundo è um tecido de fábulas mais ou lemnidades religiosas, e para isso feitas.
CUKSO DL LITTERATURA BÍBLICA. menos gross<-iraáe absurdas. Ovidio que A poesia hebraica, segundo o primeiro
LlCçÃO I. foi o poeta da antigüidade que a descre- critico citadó,é original epanicularern sua
vôo com mais engenho, disse tratando do construcção. Consiste por exemplo em
Senhores. homem:... Os homini sublime dedü, dividir cada período em membros de ex-
A Lilteratura Bíblica, com que rne vou cwlumqte ttteri jussit... Dêo ao homem tensão sempre igual que se correspon-
oceupar, pode se dividir em duas bem um rosto levantado, e o mandou olhar dem, quanto ao sentido e ao som. O pii-
distinetas:—a litteratura que resulta da para o céo...; o que certamente é bello, meiro membro do período encerra a ex**
col'ecçâo dos vinte e dois livros da an- mas inferior ao sublime, Fiat lux, que pressão de.um sentimento ou pensamen-
liga lei ou Velho Testamento, e que é a nos dá a mais elevada idéa do infinito to; o segundo, é a repetição desse mes-
mais antiga de todas as litteraturas co- poder de Deus, e ao grandioso, Et creavit mo pensamento em outros termos, ou o
nhecidas, cuja ancianidade real mão possa Deus hominem ad imagmem suam, que seu desenvolvimenio, ou ainda o seu con-
ser posta em duvida:—a que resulta do dá igualmente a mais elevada idéa da per- traste, mas de maneira que um e oulro
Evangelho ou Novo Testamento, e é pe- feição do homem. Ovidio descreve o ho- membro apresentão a mesma construc-
Ias sublimes verdades que contem umeo* mem phisico; Moysés o homem moral; e ção, e quasi o mesmo numero de pala-
digo divino. Os principaes característicos tão superior é o homem do segundo ao vras, como se vê no começo do psalmo
do primeiro, quanto o espirito que se as- XGVIII.
¦::;r

desta litteratura são o grandioso e o sim-


pies, que a fazem sobresahir, como con- semelha a Deus, o é ao corpo que não ; «.Cantate Domino canticum novum:
vem á litteratura de um povo que Deus passa de matéria fragd. Assim os carac- quia mirabilia fecil.
escolhêo para delle sahir o Messias, eco- teres dè grandeza e simplicidade encon- «Nolum fecit Dorajnus salulare suum:
meçou para bem dizer a formar-se, logo trâo-se logo na primeira pagina da Bi- in conspeclu gentium revelavit justitiam
que a terra entrou a repovoar-se depois blia sem ir mais longe. suam.»
do dilúvio universal. Da litteratura bíblica de que se não tem Convém procurar a origem desta for-
Nada do que em referencia ás lettras feito uma espécie a parle como convinha, ma poética na ^maneira por que os He-
nos resta hoje dos antigos Gregos e Ro-» só me proponho a apreciar a que resol- breos caniavãoT)s seus hymnos sagrados.
manos, Assyrios, Caldeos, Persas, Phe- lados vinte dous livros do Antigo Testa A musica acompanhava o canto, e era
nicios, Egypcios, Indos, e Cbins, pode mento, e delia o que se pode considerar executada por dois coros que se respon-
ser comparado^ em verdade, grandeza e a poesia dos Hebreos, porque é justa nen- dião alternadamente.Quando um dos coros
elevação, com'o qne nos deixou o povo te o que cahe no domínio do litterato e por exemplo começava assim: Dominas
hebreo; e se acha consignado nos Livros do critico, sendo a que resulta do Novo ¦regnavü, exultei terra, o outro continua-
Santos. De todos os monumentos littei a- Testamento a palavra e a doutrina do va cantando a segunda parte,do versi-
rios que possuímos da antiga civilisação mesmo Deus encarnado em Jesus Christo. culo: Laetentur insulae multae.O pri-
do mundo, a Biblia é não só o mais au- «A poesia dos Hebreos, on a da Escri- meiro recomeçava; Nubes etcaligoin cir-
thentico, mas o mais grandioso, completo, ptura Santa, dizo sábio critico Hi^oBlair, cuitu ejust o segundo continuava, justitia
e admirável. nào merece menos attenção, que os ou- et jüdicium correctlo sedis ejus.
tros gêneros de poesia -que tenho exa-
¦*¦

Os modelos de lilteratura antiga es* Esta prosa cadenciada, equivalente ao


criptos em Grego e em Latira, línguas que minado. Os Livros Santos considerados metro por sua divi>âo uniforma de cada
tinhão chegado aura alto gráo de per- como os rirâis antigos monumemos poe- período era dois membros iguaes, aipda
feição, excedem, é certo, enf correcçâo ticos que possuímos, teem muito inte- hoje se presta admira velmente á musica,
de forma, aos modelosbíblicos, compôs- resse e curiosidade para o critico, já por e é a base do canto da igreja.
tos enullebraico, lingua que se mostra qne nos mostrâo qual era o gosto desses Alem da forma especial que a distin-
assás pobre em seu mèchanismo, mas séculos ^homens que o tempo tom se- gue, a poesia sagrada sobresahe mais
eedem-lhe evidentemente em elevação de parado dé nós por um intervallo immen- que nenhuma outra em belleza, força e
pensamento, grandeza, magestadeesim- so, já porque nos offerecem um gênero ousadia de expressões figuradas. A con-
plicidade. de composição magnífica, ao qual nada cisão ea força são, para bem dizer, ás
Para nos convencermos disto basta temos a comparar.» suas qualidades esserjeiaes. A estas vir-
abrir o primeiro capitulo do Gênesis, em E com effeito tanto o mencionado cri- tudes deve ella pela ventura em grande
que Moysés, legislador, prophèta, histo- tico, como Garcào Stocler e oulros que parte o que tem de sublime, porque o
riador, e o mais antigo dos escriptores, teem tratado da matéria, sâo de opinião sublime, que íülgurt como o raio, não;
nos descreve a creação do mundo, e que grande parte das composições da bi- tem maior inimigo que a prolixidi.de, que
comparado com o que a tal respeito se blia, como o Livro de Job, os Psalmos enerva sempre o vigor de qualquer con- '-,.-.

¦-.',
'*¦

-,. . Mi . ..,..*;
,

-*1
encontra nas litteraturas dos outros po- de David, o Cântico dos Cânticos, as La- cepçâo intellectual por melhor que ella
vos antigos. mentações de Jeremias, e quasi todos os seja.: ffiaíS
-i*. * -.;i.-V;., ';.;
,, .. t* -'1**2

No Gênesis sobresahe logo o sublime Livros dos Prophetas, tem os caracteres Nenhuma obra profana abunda tanto *V
eo grandioso a par do simples:— Dixit eminentemente distinetivos da poesia, em figuras arrojadas comqjos Livros San-
que Deus, Fiat lux, et lux facta est, E não só no assumpto, o que não soffre du- tos, era que se èncontrão a cada passo as < "* *í ' >

disse Deus: Façà-se a luz, e a luz foi fei- vida, mas ainda na forma, porque a pro- metaphoras,as comparações, as allegorias,
la;—Ekcreavit Deushominem ad imagi» sa cadenciada em que estão traduzidas e as prosopopeiasv ou ura estylo figura- .'¦'r--
'•¦¦¦¦ '.* ¦ "' 'í-':".-\'

nem suam, E creou Deus o homem á sua do Hebraico, attesta que fora o originaria- do que nos deixa as vezes oomo mara- ¦-¦¦;'•: - ¦-¦ ::/,S"*

imagem. Nas litteraturas dos outros po- mente escriptas em verso ou metro na- vilhados por sua belleza. "

vos, cuja theogonia, a começar pela dos quella lingua, cuja verdadeira pronuncia Mas para bem apreciar a propriedade

. .-___* -
•%

2 SEMANÁRIO MARANHENSE.
m

desta admirável elegíaco: no Cântico dos Cânticos de' te e vibrante sem offender os tympanos
das figuras e allusões
enérgica no conceito, comp Salomão, o bucólico ou pastoril. de quem o escutava.
poesia tão
São poetas quasi todos os prophetas, Sendo gordo, tinha proporções para en-
bella na expressão, è mister que forme-
o fogo gordar ainda mais. Concorria para isso
mos primeiro idéa de que seu theatro, a em que brilha ou mais ou menos o ser muito abastado, assaz commodista
Judéa, è um paiz árido pela mor parte, sagrado da inspiração; mas os poetas
accidentado, e banhado por mais eminentes da Escriptura Sama são e pachorrento, vivendo, portanto, em
fortemente
e santo ócio.
um rio de medíocre grandeza, o Jordão; sem contiadicção Job, David, Isaias,
d'entre os seus montes to- depois delles Salomão. Nos tres primei- O Sr. José Gaspar era o antipoda do
e que quasi
o seu patrão ! Magro e espigado, com olhos
dos escalvados, só ha dois notáveis, o ros sobre tudo brilhão não só o fogoe
negros e negros os cabellos corredios e
Libano por sua grandeza e pela antigui- efalhusias.no dos verdadeiros inspirados,
emmaranhados;. o rosto crivado de mar-
dade de seus cedros, o Carmelo por sua mas a riqueza de engenho, a elevação de
cas de bexigas e possuindo uma voz
belleza e verdura. Concebida esta idéa espirito, e o poético da expressão, sem
do fácil será perceber a bel- o qual não sobresahem as outras quali- fina e aguda como a da seriema. Era vivo
geral paiz, esperto, muito embora sem instruo-
leza e a propriedade das expressões íigu- dades. TNTo estudo destes tres ou quatro § as
radas dessa ás outras suas poetas se pode adquirir o preciso conhe- çâoouintelligencia paracomprehender
poesia que
reúne ainda a de ser eminen- cimento de todas a$ bellezas da poesia vantagens que trazem os instrumentos
qualidades aratorios.
temente local. hebraica.
entre os Dos tres maiores poetas da Bscriplura O Sr. Gaspar era um bom feitor. Ba-
Assim são freqüentes poetas
as allusões á uma terra resequi- Santa, Job sobresahe na força e verdade rulhento, fallado.r e gi ulha;com mais gosto
hebreos expressão sen- suportava-se do que a elle a essa tropa
deserta, das descripções; David na
da, escalvada, e quando querem no sn- de ciganos que invadirão o terreiro da fa-
ou alguma calamidade timental ou no pathetico; Isaias,
pintar a desgraça, blime. E hqja mais variedade zenda, chegando a encommodar o cão
moral, e á uma chuva inesperada, ou á posto que
aliás de fila, que rusnava raivoso, por ter sido
r.yv.1 nascente que brota no deserto, e em David, cujos psalmos contem
verdura, descrevem a mudan- não poucos logares sublimes, é todavia despenado, contra o costume, e achar-
á quando em se preso a grossa corrente de ferro, que
r.iá fortuna ou a ventura. 0 Libano evidente que elle cede aos dois outros
ça da energia e elevação sustentadas, o detinha em seo cubículo.
por exemplo é a imagem da grandeza e guardan-
e da bel- do um meio termo; mas Isaias é incon- Os ciganos de propósito e calculada-
da gloria; o Carmelo, da graça
de Isaias, em testavelmente o mais sublime dos tres, mente araotinavão a terra e o céol
leza. Eis uma passagem Esperanza industriada pelos velhos cí-
imagens: é ti- porque nos arrebata como a torrente,
que se reproduzem estas
rada do capitulo 35. cedendo-lhe neste ponto o mesmo Job. ganos para entreter ao Sr. Monteiro e fei-
Quanto á Solomão, a quem em minha tor, derigio-se a varanda, aonde os dois
«Laetabitur deserta et invia, et exul- como estavão, dizendo:
opinião se deve o logar immediato
tabit solitudo, et florebit quasi lilium.. . esse em sabedoria, e —Ganjão, dá licença?
poeta, sobresahe
Tunc saliet sicut cervus claudus, et aper- no da expressão, é sobre- —Pode entrar, respondeo o Sr. Au-
ta erit língua mutorum: quia scissae sunt piltoresco que
tudo admirável no Cântico dosXanticos. gusto, fazendo signal ao Gaspar para
in deserto aquae, et torrentes in solitu-
São estes os poetas da Escriptura San- trazer cadeira a visitante
dine. Et quae erataridar erit instagnum, —Meo ganjão, tornou a bella amazona,
ta, que me proponho analysar nos dis-
et sitiens in fontes aquarum. In cubili- subsequentes, como outros tantos eu quero dispor do alazão Relâmpago, e
cursos
bus, in, quibus prius dracones habitabant, modelos dignos de ser á nossa como elle é cavallo de marchas certas e
orietlir viror calami et junci. Gloria Li- propostos
mocidade estudiosa, e tanto mais apre- briozo, por gratidão a meo ganjão, desejo
bani data est ei, et decor Carmeli...» mérito tem o braganhal-o aqui... . ;* .< ¦
ciaveis, que sobre o próprio
Alegrar-se-ha o ermo ioaccessivel o. exul- a de —Não necessito de cavallo, tenho mag-
de uma ancianidadesuperior quaes-
tara de prazer a solidão e florecerá co- offerecer a lit- nificos, disse o fasendeiro; por isso nâo
quer outros, que lhe possa
mo o lírio.... Entãos altará qual cervo negocio com a senhora.
a lin- teratura antiga.
que cocheia e desembaraçar-se-ba Tendo-vos dado uma idéa geral esuc- •—Ah ! meo ganjão de olhos do cèo—-não
gua dos mudos; pois rebentarão águas cinta da hebraica, e dos maiores me falle assim. Não quero dinheiro...
no deserto, e torrentes na solidão. E a poesia
da Escriptura Santa, passarei no recebo objectos desnecessários .. O gsfn-
poetas
que era árida, converter se-ha em lago, seguinte discurso a analysar o livro de jào teve medo do cavallo? Não é dragão,
e a que estava sequiosa, emmananciaes
covis, era dantes ha- Job, que é o primeiro dos quatro poetas pelo contrario, è dócil e manso como o
de agúas. Nos que cordeiro e bom como a sombra da arvo-
o verdor da ca- sobreditos na ordem chronologica.
bitavãodragões, brilhará re a que nos abrigamos no ardor do
Por hoje aqui faço ponto
na e do junco. Foi-lhe dada á solidão a sol.... ¦-.*'
do Libano, e a graça do Carmelo... Francisco Sotero dos Reis. — Sinto não poder negociar, tornou o
gloria
Ás comparações de que elles se ser- /- Sr. Monteiro, mas o Sr. Gaspar talvez quei-
vem são em geral mui curtas, e não in- "JAGY. + ra o Relâmpago...
dicãode ordinário mais que um ponto de O Sr. Monteiro, maliciosamente mete-
semelhança. Tal é a seguinte bella com- (LENDA MÀR--VNHENSE.)
ra o feitor na conversa, temendo vê-lo
paraçao cio segundo livro dos Reis no ca- POR
estourar,se continuasse calado por mais
piloto 23, que tem por titulo—-Ultimas alguns minutos.
SqAíWs da Co .Ia.
palavras de David. Esperanza volto,u-se para o Sr. José e
«Dominator hominum justus et domina- com ar risonho fallou: \..
tor in tiraore Dei: sicut lux aurorae oriente (Continuado do n' 2 •. —ü ganjão é Gaspar?
sole, maneabsque nubibus rutilat, et sicut —Sim—linda Esperanza, respondeo o
CAPITULO lll.
pluviisgerminatherba de terra)) O sobera- feitor, machucando uma n$o pa outra
no que é justo e temente a Deus, é como a O Sr. Augusto Monteiro contava quaren- como se asquizesse amassar. :
luz da aurora que rulila ao nascer do sol, tae cinco annos de idade; era de estatji- —O ganjão é .alegre...
.--n-aioà- manhã sem nuvens, e como a her- ra regular, cabellos castanhos já salpi- Gaspar lançou olhares ternos,e suspiros
'¦' ::¦'¦'"¦'?'¦!¦'?¦'¦'•>,
va que germina da terra com as chuvas. cados de branco, olhos azues, cutis clara cheios de reteçenciasá bronzeada .feiti-
A poesia dos Hebreos eomprèhende e rosada. Notava-se^lhe um nariz um ceira.
:-..-.'.:*ví.«'':'¦¦;¦,'.'. .*
¦ " .V-. . -'-'

—E o ganjãQcqü.erbraganha
.' .''..,¦.;¦;'.
diversos gêneros como qualquer outra. tanto grosso parasêr perfeito, e com, tudo
Nos Provérbios por exemplo domina o não era isso o que desfeiavá a fisionomia pago? tornou a;cigana. Não carece me-
"¦¦'
';¦;¦>;:.
,¦.',:': .'...,..-*;

no oher nolaealherip, receba em troca o ca-


gênero didático: nos Psalmos de David, o franca e alegre que todos reconhecião
' '¦' ¦
¦¦'
¦ ¦¦'.-' ¦¦ ¦
..¦¦'¦'¦

'¦'"¦'...»¦¦ .-¦'-. *-¦*¦ '1:'V«=.;"


¦'¦-¦ ."'

^VÍV^í.'" -¦'/'¦'''- ¦'.' .:\-


''¦'*.¦! ¦''''~''e,K'í ¦','?", ", '--"
'
lyrico: nas Lamentações de Jeremias, o Sr. Monteiro; seu metal de voz era for- vallo russo pombo que vi oa estriharia...
.
' ' "'"'
' ¦'"'•¦.»

0
¦;"';'¦¦*•"-¦' ¦:
¦,;: .'*¦¦>}•

rã.*.-'
".-" ¦'"«;.
-
*
¦¦¦ "*-:r
.-'.¦¦.¦-.''.- ¦ ..:.:¦*-:-*?-"*'¦>¦;.'*-*
*

••' IMmW
SEMANÁRIO MARANIENSE. Mwm—ii ¦ilii'mjjffiuj-.it|.n...u'...'wgti-yr^'-";'-'- -.'..'.'.'.....i--.y--'

fS
oo agradecer ao lâ- sua caixa de ouro. Tomando o castiçal
—0 Beija-flor do patrão 1 Isso não; se Sem se despedir
vrador a condescendência, teve em das mãos do moleque, continuou em ou-
a menina quizer trocar pelo mellado ca- que
xito. -. pelo Borboteta... os deixar assaltar a fazenda, sahio essa tro ton;
—Vai chamar íio Zacharias.
—Chama-se Borboleta o seu mellado? tropa, com destino a fasenda do Sr. Luiz
recebo o mellado Borboleta Hermenigildo, lavrador vizinho de Santo 0 moleque partio, rápido como quem
Pois bem; recebia ordem de senhor, e não tar-
e aquella espingarda apparelhadá de pra- Ângelo.
do ao entrar Logo após a partida dos ciganos não dou muito que o tio Zacharias appa-
ta que vi no canto quarto
aqui. tardou a queixa, reclamação, lamenta- recesse.
para ^Zacharias, disse o Sr. Auguslo Mon-
-—A minha espingarda decano real não ção e até o choro dos escravos logra-
dos"pelos*ciganos! Mas era tarde tudo teiro tomando uma pitada,"tle novo en-
entra nos negócios do meo feitor. já
objec- isso, o Sr. Monteiro não podia obri- carrego-te da fazenda Santo Ângelo e es-
A cigana tinha conhecimento dos popque como sempre destes boas
os hospedes do terreiro a repararem pero que,
tos que devia pedir em troca do alazão, gar contas de ti, ainda continues a pro-
mas o mal havião causado!
graças aos velhacos companheiros, os Cordões
que
de ouro e rozetas do mesmo ceder de igual forma. O Sr. Gaspar não
a obstinação do rico lavrador frustava cegos è mais feitor aqui e só tú me substitues
emissária dessa tropa de pi- .metal, levavão em trocado cavallos
planos da com olhos de vidro e rabos postiços, que em Santo Ângelo.
rstas Zacharias sahio arvorado em feitor, e o
Os ciganos nâo desmentem a fama que deixarão!
legarão; elles es- Todas as desgraças legadas pel os vizi- Sr. Monteiro foi dormir o somno tran-
seos antepassados lhes aos olhos do tem consciência de nunca
vindouros, como con- tantos malditos aoparecerão quiílodequem
perão deixa-la aos abastado lavrador, limitou-se em di- haver feito mal a ninguém. rContinúa.")
servão presentemente, sem macula de que
virtudes! zer:
—Se nada agora posso fazer em bene-
Sem pátria, sem familia, e sem eira nem
meo dever remediar
beira; livres das leis e das anthoridades ficio de vocês, édo uma vez
PKXLECÇÃO POPULAR.
Fica, de
do paiz, andão por esses sertões levando o mal para o futuro.
"ív..
.;.¦.»¦¦' :*

ei- (Continuado do n.° 2.)


sempre, a entrada de
comsigoa desgraça e a calamidade e apoz para prohibida
si deixão vestígios do mal, que sempre ganos fio minha fazenda,
ainda mesmo Todas as vezes que ós materiaes exhaus-
de bem perto, tos do sangue não se transformão em ga-
acarretão em qualquer parte oode chegâo! que a desgraça os persiga
rigorosamente zes pela combustão* não só deixão de for-
Os ranchos,que nâo erão deffendidos e sob pena de ser castigado
seos sofriâo o saque o meo .escravo *|ue consentir elles abri- necer ao corpo o calor que o anima, senão
pelos proprietários, o «íeser despedido o feitor que tornão-se-lhe, alem de inúteis, noci-
e o roubo e os escravos presentes não es- garem-se aqui,
a esla vontade, deso- vos, porque então conservâo-se no orga-
capavão de ser victimas de taes abu- que fôr contrario
tres! ^~ bedecendo tão pozitiva ordem. nismo, sob a forma de resíduos sólidos—
abandonados pelo senhor esses Os escravos, depois de algum silencio formando uréa e ácido urico,d'onde se ori-
Quando
infelizes erão sacrificados aos ciganos! respeitoso, tomarão a benção ao se- ginão moléstias tão perigosas, como os
a seos rjanchos con- cálculos e a gotta.
Esperanza entrelinha o amo e o feitor, nhbr, e regressarão
como que resolvera Mas fiquem os gottosos ou pedregosos
enquanto seos companheiros roubavão e tentes e saptisfeitos
As crianças, os papa- o rico proprietário do Santo Ângelo. prevenidos de que, embora seja o alimen-
commerciavâo!
e araras, macacos e outros bixos A noite chegara eo nosso fazendeiro, to respiratório o que, em geral, concorre
gaios deitado em alva rede de linha de algodão, para a combustão d'aquellesjesiduos so-
fazião infernal algazarra e assim abafavam
sangrados nos dava balanços e divertiarse em ouvir lidos, nâo lhes é cbmtudo permittido abu-
os grunhidos dos porcos,
sarem de vinhos, de licores, ou, para me-
ranchos dos negros, e a gritaria que,con- o armador ranger nos gonzos,em doces
Quando elle se abismava lhor dizer, de alimentos respiratórios ni-
tra vontade dos ciganos, fazia toda a cria-
reflexões, chegou ura moleque, relin- miamente combustíveis/O que lhes con-
ção.. e apenas vestido com vém é desenvolverem amplamente as func-
Era assim que esses visitantes abas- to como o urubu, de algodão, ções da respiração—de modo á fornece-
tecião ' seos alforges exaustos do necessa- nm calção de panno grosso
-•% que entregou-lhe uma carta. rem de continuo aos pulmões o ar—esse
rio!
Peritos na arte de furtar, conseguirão —Senhor mandou
—Quem isto? disse elle. grande elemento (k vida, esse purificador
inaudita, coadjovando feitor, respondeu o mole- do sangue, que contribuirá para a des-
ludo com felicidade truição das matérias estagnadas, ou re-
ainda a elles o sêr diasantificado,em que que.'
trabalho da roça, —Aonde está elle? siduos, que lhes obstruem os rins, abi-
os escravos, livres do —Montou no cavallo Borboleta e sahio, xiga, e as articulações. N'esse intuito
descançavâo preguiçosos em seos ran- deverão fazer largos passeios, pôr o cor-
chos, para despertarem depois de lo- respondeo o moleque.
—Sahio! repetioadmirado o Sr. Moo- po em grande locomoção, andar muito,
grados eroubados!
teiro. Da cá aquella vela. correr, fatigar-se, afim de que, por meio
Esperanza logo que vio o signal dos
O nfbleque foi buscar a vela acesa,que de longos "a exercícios em pleno ar, acti-
seos companheiros, de que já não era
ardia no castiçal de prata ingleza,e trouxe ve-se respiração, e queime -se tudo
necessário o ardil que ella empregava, do senhor, que abrindo a carta aquillo.
únicos entes capa- para perto*
para nullificar os dois lêo: Supprimindo-se a respiração, privão-
zes de malograrem seus planos de rapina,-
«Sr. Monteiro.—Deixo a fasenda de V. seos pulmões da presença do ar; e n'elles
acompanhada pelo Sr. Gaspar s3hio da nem ter re- então se produz um effeito análogo ao que
m
fim de realisar S sem motivo de escand-ilo, s
casa grande com o fingido S. Vou seguir se observa em uma chaminé, á que se in-
o feitor, a res- cebido, offfiosas de V.
a transação começada com seja, mas tercepta a entrada do ar: apaga-se o lume.
o meo destino que ignoro qual
peito do Relâmpago v do Borboleta. tenho medo delle. 0 saldo dos meos Ora a força não se origina no organismo,
Ao eahir do sol no ocaso os ciganos eu
as ordenados envie a minha mãe, moradora senão pelos efféitos da combustão. Pri-
arreiarão as cavalgaduras; .arrumarão na cidade dõ vada de seu foco de ealôrj perde a ma-
na freguezia da Conceição,
grandes trouxas de roupa, formando pi- Porto arcebispado de Braga, de nome china de vapor o movimento. A machina
ramides brancas sobre as costas dos bur-
Maria das Dores. Adeos para sempre.— humana também pára. 0 homem morre.
ros e, atadas as trouxas,n'eltas prenderão Assim, para viver,é de absoluta ne-
.Gaspar. n pois,
as creanças incapazes de governarem os --Eu o Sr Gaspar nao cessidade que haja no fogão—ar, e o
animaes, pela pouca idade. Seguirão os bem suspeitei que
carne estava no seo juízo, depois que vio essa competente combustiveljOuo carvão. Esse
arranjo, de alforges recados de
de muitas cigana Esoeranza,
"a disse o Sr. Monteiro carvão-^será fornecido pelos alimentos '-.::,n
de porco, galinhas, patos e do ex-feitor e colo- respiratórios, que manteem a actividado
outras aves, apanhadas è mortas asoc- dobrando carta ' H,
-cando a debaixo da rede, sob o pexo de do fogo. São alimentos respiratórios—t m
:'.!"'':v:i:':

• '•¦¦%>

¦'í^^mmi-^ma^aíim^íÊlSkWk^a^m^
^jfljjM-foS!^

SEMANÁRIO MARANHENSE.

.•'*'- gordura, o oleo, a fecula, a gomma, o 14°,muitas vezes passou a fazer parte do taurãó a economia de um modo continuo
assucar, a cerveja, o vinho, a aguardente, corpo de um vilão
qualquer, da casca de e progressivo. Estes são os que nutrem
etc. etc. Estas substancias não nutrem; uma arvore, ou da concha de um mollus- conscienciosamente.
servem de combustivel,constituemòcar- co,e talvez... quem sabe? do dedo minhno Todas as vezes que quizerdes entreter
vão que se queima no organismo,
para doSr.Renan.ou do pé do Sr. About. Infe- a vida do momento, ou adquirir novas
a producção da força vital. lizmente não podemos numerar as parti- forças momentaneamente e de improviso,
- E por ventura não é o próprio calor— cuias do nosso corpo, como numerão os tomai alimentos respiratórios; e eis o
movimento—segundo todas as modernas archithetos as pedras de suas construo- fazem os operários que
theorias? Fácil é reconhecer-se a verda- ções; se o fizéssemos-—bem depressa en- manhã a sua costumada quando tomão pela
de d'esta asserção. Quem acaso ignora contrariamos, e não sem espanto, o nosso dente. Mas.se antes'de tudo pinga d'aguar-
vos interes-
que, depois de tomar-se um licor, cer- próximo formado, qual Arlequim,*de
veja, ou caffé, sente-se mais calor, e um ticulas disparatadas, par- sa a conservação e duração de vossa vida
redobro de energia? E' que então aque- Chinezes, a Yankees, aLaponios, que pertencerão a e saúde—é ao alimento plástico que en- m
ou aDi- tão de veis recorrer.
cemo-nos a todo vapor, augmentamos o namarquezes. Um tal mosaico de
pedras Quantos enfermos persuadem-se de que
nosso poder motor do momento, do mes- humanas
jamais feriu vossos olhares, po lhe negàoalimentos,quando os submettem
mo modo como o machinista de uma lo- rem bem
posso assegurar-vos que, entre á dieta. Não—a dieta não é mais do que
comotiva augmenta a celeridade do com- oshomens,entre homens e animaes,
exis- uma vâ palavra. Sabem os médicos bel-
boio que reboca: isto é—mettendo car- te uma continua
vão na fornalha da machina. permuta de matéria. _. lamente alimentar os seus doentes; mas
mais freqüente, que a de ciyilidades e o fazem quasi sempre com alimentos res-
Abusamos e abusaremos da compara- bons
procedimentos Tudo isto parece piratorios, pois todas as infusões, as de-
ção por ser ella rigorosamente exacta. O paradoxal, e no entanto não ha'hi uma só coeções, as tisanas assucacadas, os cha-
nosso grande chimico, o Sr. Dumas, ve- se afaste da verdade. ropes, e todos os loochs nada mais são m
rifkou este facto curioso, e é que tra- palavra, que
Fique' pois bementendido—que vós vos do que alimentos respiratórios, que sus-
Liando de porfia com a machina, gasta modificaes constantemente, desde m
manhã tehtão perfeitamente a vida do momento,
o homem uma quantidade de carvão quasi até á tarde, e
igual á que cohsumme qualquer das nos- invólucro, que tanto concertaes o vosso Dieta não significa pois abstinência, com-
fim vos transformaes pleta de alimentos, é antes diminuição ou
sos melhores máchinas de vapor. Em rea- de todo. que por reducçâo extrema dos alimentos plasti-
lidade, nada mais somos do que uma ma- Ha homens gordos, e outros magros. cos, que não podem convir aos enfer-
china da mais apurada perfeição. Seja- Os são os que teem a mania da mos.
nos permittido dizê-lo sem desdoiro das gordos
propriedade; não se contentão de concer- Definidos os alimentos que construem,
nossas illusões. tar, construem; em geral, esses trabalhão e os que animâo o corpo, convém obser-
Acabamos de indicar os meios de en- exteriormente, pou cos esforços mus- var que, para compôr-se uma alimenta-
treter o lume, a força, e a vida, no or- pouco culàres fazem, mas construem-se exube- ção normal, não se deverá tomar de uns,
ganismo do homem. Passemos agora a rante e descommunalmente—até mesmo e de outros, ou de ambos, indifferente-
tractar dos alimentos que nutrem, e res- com alimentos respiratórios!
Os ma- mente, e em proporções arbitrarias. Se
taurão o corpo humano. Estes, por op- contrario, são activos, dispen- tomaes alimentos plásticos com excesso,
gros, pelo
posição aos primeiros, denominão-se— dem muita força, e apenas fazem os con- vos collocaes em risco de obstruir o or-
alimentos,plásticos. Taes são os alimen- certos mais indispensáveis
tos que formâo e reconstituem os tecidos tenção do corpo. para a manu- ganismo com materiaes, que, não poden-
do serem opportunamente utilisados, es-
do nosso corpo; e, se uma imagem arro- Alguns existem que nem são gordos. torvaráõ a circulação, tornando-se uma
jada não amedronta á ninguém, accres- nem magros. Estes teem a noção do
centaremos—que elles desempenhâo as mo médio. São ter- causa de moléstias. Se, pelo contrario,
sempre loiros, ra- àbsorveis grande copia de alimentos res-
funeções do tijolo, do gêsso, e das pe- ras vezes morenos,quasi e não seenthusiasmão. piratorios,.sem converterdesem trabalho
dras de cantaria, com que se construem nunca. Ha comtudo algumas
excepções. a força que elles engendrão, aquecereis
as nossas habitações. Estes alimentos vão Accrescentarei mais—que os alimentos o corpo em demasia, determinareis uma
reedificando *o
nosso corpo do interior
o exterio, plásticos denominão-se tambem alimen- grande excitação vital, inflammareis os
para & medida que este se gas- tos azotados\ porque o azoto, que não se órgãos, e provocareis uma explosão do
ta, e deteriora-se. encontra nos alimentos respiratórios, <é o coração—esse motor da circulação sangui-
E o nosspesquelieto não é pela'ven-
que essencialmente constitue os denomi- naria, o qual então teria a sorte da raa- r
tura realmente formado de um pouco de nados
Assim, plásticos. São alimentos plásticos china que, depois' de aquecida, não tra-
gêsso? pelo correr do tempo, o ou azotados—a carne, o sangue dos ani- balha,-e cuja caldeira se rebenta, sob a
corpo renova-se ou transforma-se com- maes.e os
princípios chamados albumina, influencia de uma exefesiva pressão do
pietamente; e os materiaes que nos cons- fibrina, caseina, qne se achão na carne, >vapor.
tituião hontem uào serão os que hão de no leite e tambem nos vegetaes.
Pois não E' pois de necessidade saber propor-
constituir-nos amanhã. Esse corpo com sabeisque os Chinezes
conseguirão fabri- cionar convenientemente os alimentos
que andaes actualmente já não é aquelle car com caseina vegetal um excellente plásticos e respiratórios,
que Unheis, ha alguns annos, e nem o queijo,aque derão o nome de 'tao-foot.. em relação á força ou exercicio já entre si, já
que conservareis até o fim de vossa vi- que de-
O poder nutriente de um alimento qual- .vem produzir.
da. Essa linda mão, Senhora, de que sois
quer se decompõe em duas influencias dis- Concebeis agora o que se deve enten-
tão vaidosa, já, por mais de uma vez, tinetas: se é azotado ministra
materiaes, der por—comer inteHigentemente. Já
dispersou-se no Universo, e provável-
para o concerto e eonstrucção do corpo; vedes,—que não é tão fácil como á.prio*-
mente muitas de suas partículas hoje fa- se é respiratório torna-se a origem
de uma cipio se poderia suppôr. Alimentar-se
zem. parte constituinte do nariz de um reacção chimica, V:

africano, ou da pelle de algum jaguar. que gera a força vital, e bem é quasi uma sciencia; a menor falta
regula o bom andamento dos órgãos. As- de equilíbrio n'essa alimentação racional
A matéria reduzida a um estado mais sim pois, qualquer que seja a alimenta- po-le dar lugar a uma enfermidade, E-
simples decompõe-se e dispersa-se para ção de um animal—deverá esta ser com- pois necessário aprender a comer.
recompôr-se alhures. Assim-é, que, mu- posta de alimentos plásticos, e de alimen- {Continua). R. G.
tua e progressivamente, se realiza entre tos respiratórios.
nós a permutá dos corpos; emprestamo- O que acabamos de expor resume-se
nos uns aos outros as partes do nosso em duas MEMOKIAS U£ UM A BORBOLETA.
palavras: ha alimentos que aug-
corpo,de tal sorte que os despojos de uns mentão momentaneamente a força vital— (Síiint-Gerraain.)
'íVVí '
vão substituir os de outros. O corpode Car- e fingem nutrir; outros ha
que não rea- :¦--¦¦ .'
..
v-.-í-í-.í'í* .%:'¦¦¦ • -V
v'*'*.í

los Magno, ou de Henrique 4°,oudeLuiz gem tão immediatamente, mas Eu ainda conservo as lembranças mais
que res-

......
•;
m'i
-¦¦-.'
¦J'.
'

'a •¦'-'

.* .v
'.' <)•

SEMANÁRIO MARANHENSE
^-_T

vagas da minha primeira existência; nas que mergulhou-me em um verdadeiro peso, derruba-me com as azas e vôa!v
trevas do passado, nas noites do tempo occeano de duvidas, de incertezas e per- Essa folha era uma borboleta; eu a vi dou-
mais longínquo, encontro os traços da mi- plexidades. dejar alguns instantes em lorno de mim
nha vida e das minhas sensações de ou Nesse dia, para mim o mais memora- e depois desappareceu ao longe no es-
tro'ora. vel de todos, me achava na extremidade paço.
Entretanto na penumbra desse sonho* de um bellissimo lupulo, que se apoiava Confesso que nçsse instante uma ver-
perenne, parece-me entrever imagens sobre uma estaca gigantesca; acabava de tigen) desvairou-me o cérebro, olhei es-
fluctuantes, e náo sei (]ue transfiguração deixar uma mouta de ortigas, que em tupefacta fugir o insecto maravilhoso;
do meu ser, em que dífficilmente me co poucas semanas tinha devastado, quando ciosa da sua felicidade, humilhada da
nheço. entreguei esse novo campo a minha ac- minha fraqueza, magoada pela queda que
Serei essa pequenina lagarta, que in- tividade; havia gasto uma noite inteira soffrera, pensava que melhor me fora ter
cessantemente contemplo nas reminisçen- nessa perigosa escalada, comendo, ,tre- ella terminado a vida.... .mil ideas
cias da minha juventude; esse aríimalsi- pando e dormindo alternadimente, quan- fúnebres me passarão pela imaginação,
nho cheio de gula, que continuamente do na manhã seguinte, cheguei ao cume quanlo não sei que fascinante revelação
deitado sohre alguma folha, a devora com farta e gloriosa. apresentou-se de repente aos meus olhos. -a-.

uma avide? insaciável? Ai! lembro me Curvada sobre as minhas palas inferio- Eu lambem, pensei comigo: talvez um
agora desses dias de agreste existência, res, me tinha erguido orgulhosamente dia possa voar como ella! Porem esse
em que continuamente aguilhoada pela e pairava, para assim dizer, ao ár fresco presentimento, essa prophetica visão não
necessidade comia avidamente, como im- da manhã, no cimo de uma haste delica- durou mais do que um relâmpago; tive
pellida por uma irresistível corrente de da e flexível, que ba-loiiçava o vento; o logo consciência da minha miséria, e fi-
vitalidade absorvente. sol resplandecia, e os seus raios doura- quei debaixo do arvoredo descontente e
Tenho peijo! e entretanto hoje sei ex- dos penetravão as folhas do rumo em preocupada.
plicar essa necessidade imperiosa; com que me sustentara.
prehendo essa impulsão orgânica que Essas folhas, novas para mim, e das
me jmpellia; larva informe, para um fu- quaes durante a noute precedente tinha Desde esse dia fiquei triste, a minha me-
turo desenvolvimento e florescência; po- apreciado o enérgico sabor e as virtudes lancolia, tornou-se mórbida, perdi o ape-
rem, então, nenhum presentimento me vivificanles, me tinhão enchido de.uma tite, cruel sympiomal.... Pouco á pou \ /
embalava da minha futura expansão, e superabundancia de vida, desconhecida co desbotarão-me as cor^s e um dia não
de que me serviria conhece-lo no meio até então; sentia-me remoçar, achava
das rainhas crises de «m desfallecimento pude reprimir uma súbita impressão de "4
me forte e capaz das maiores ações; re- desgosto era presença dessas mesmas fo- ,-*"

periódico! cordo*me de ter nesse momento medido lhas, que ouir'ora tinhão sido o único
j Por ventura será a dor neste mundo com um olhar mais que desdenhozo, o objecto dos meus cubiçosos desejos; re-
uma lei tão necessária, que uma pobre pé de lúpulo, a que reservava a mesma signando^he com o meu destino agaza-
borboleta não possa adornar-se de azas, sorte do monte de ortigas, cujas hastes lhei-rae lentamente na extremidade de \
sem ter gradualmente percorrido uma se* despidas de ornato,via erguerem-se para um ramo abandonado a espera da morte.
rie de mortaes soffrimentos? o ceo como implorando vingança. Ahi, debaixo da impressão de uma agonia ¦

De semana em semana, me sentia as- Não sei que phenomeno se operou des- mais dolorosa, do que todas as que pre-
saltada de uma languidez indifinivel: uma de esse momento no meu organismo, cedentemente tinha experimentado em
¦ *V ¦' \?* %%\
¦
¦'¦'
'.,;¦;'

espécie de calalepsia dolorosa me inva- porem esse exce.sso de vida arrancou-me outras crises, séiti gradualmente aniquil-
dia todo o corpo; uma fome insaciável, momentaneamente às minhas preocupa- lar-se minha existência; cheia de verti-
um ardor devoranle que absorvia todas ções puramente materiaes. e pela primei- gem atei apressadamente alguns fios á
as minhas faculdades, somente cessavão ra vez prestei attenção ás cousas que rama e já moribunda suspendi-me nelles
em presença de uma crise espantosa. não erão o meu—eu—ao objectivo, se è de cabeça para baixo
Depois de soffrer uma sensação geral permettido a uma pobre lagartinha fallar Nào morri entretanto! Todavia não ha
e uma agonia cheia das mais estranhas em philosophia. Comprehendi tambem, expressão, que possa dar òma idea das
visões, éàque experimentava alguma li- e isso causou me uma supresa mistura- diversas sensações, que experimentei du-
berdade nos meos movimentos, e em se- da com alguma decepção, que não esta- rante um espaço, cuja duj^Müi não me
guida minha pelle fendida e iriçada, se va isolada no mundo, pois me tinha afei- ê possível apreciar. v'^P^fc''
encolhia e desprendia-se como um suda- to á idéa de que o universo fora somenle Depois de uma srrie de syíi.Sopes, dãs
rio despedaçado, e após cada uma dessas creado para mim. \ quaes mo arrancaváo as. veses reacções
phrases dolorosa me prendia á vida com Vi então o ceo azul, um immenso ho- inexplicaveis.eoino. protestos da vida con-
dupla energia ' risonte, a luz, as cores e enorraesanimaes tra a morte, acabei por mudar comple-
Sentia meu corpo crescer rapidamente de formas estranhas, que se agitavão e tamentede aspecto. As minhas formas se
e as cores tíbias da minha infância se mo- pareciâo pastar em nm prado, e ainda encolherão, minha cabeça, minhas patas,
dificarem tambem, acabei revestindo-me me conservava immovel no ramo, pensa- todo o meu organismo desappareceu na
de um pello magnífico e negro. As sedas tiva procurando ver claiamente no chão, estranha concentração de todos os ele-
de que* se eriçavào cada um dos meus das minhas sensações, quando sobre mentos do meu ser e de lagarta toroei-me /

anneis articulados, tinham o brilho som- mim se precipitou um ponto negro, urna crysalida. Desde então começou para,
brio de uma lamina de aço brunido, esob sombra, não sei...» fiz um movimento mim uma phrase toda cheia de visões
o macio velludo do pello desenhavão-se rápido e brusco e ouvi um ruído horrível phantasticas e de phenomenos desconhe-
em matises simétricos, pérolas de imrna- dejnandibulas que- se fechavão!... ao cidos. Isolada na naturesa, sem meios de
culada alvura. |% mesmo tempo um violento abalo fez-me communicação alguma com os objectos
Devo confessar;^ |iara ser completa- cair do meu ramo. exteriores, tive uma existência, que não ,:'-.%
mente sincera, que a longa contemplação Porque cataclisma fui assim precipitada tem nome em lingua alguma do mundo.
das minhas vantagens pessoaes, turbou- no espaço, eu o ignorava então, e não o Era o viver em espectativa ern o mais
ine ligeiramente o cérebro, ou pelo me- soube senão depois: era sem duvida uma vago dos limbos, ou antes uma vida igual
nos encheu-me de uma tão elevada fatui - ave, qua por pouco me não tragara, pas- á encarnaçâo dé um sonho; sentia-me
dade, que após uma ultima e quarta mu saudo. -,.:,-,^-.,r S.-SS: mergulhada nas ondas de uma luz duvi-
'¦" .'.:-.'.-r-£l
dança, suppoz ter tocado
" a metp da per- Como seja, porem, rolei de ramo em dosa e esverdeada igual á que deve per- .
feição# 3 Wtmi '."¦-¦ ramo, e cahi semi-morta ao pé da arvo- ceber do fundo das águas, o mergulhador * •*¦ ••!•?*' -;

Considerava-me cp^ Jpíçla a ingenuida- re, onde em unja convulsão que suppuz que remonta a superficie. Confusos mur
de o prototypo das iMííivilhas da natu- a ultima, me lancei ao acaso.... Uma murios começarão a embalar minha §om-
reza, quando occorreu-me uma aventura folha (que prodígio!) se debate sob meu nolencia: insensível no principio ás ina-

1
*» , . Wèê
'''" '"'"¦' " ' "' :" • " '"-• '•"' '" '* '' ''-i
i
<¦* •(

6 SEMANÁRIO MARANHENSE. . af ¦ -------

exterior, acabei Europa. Sobre cada uma das^ minhas azas pe mortal, minha saude já gravemente
nifestações da natureza luminoso, os mati- alterada por inquietações continuas, nao
seguindo o desenvolvimento progressivo se ostenta ura botão resistir mais
a sepia se harmonisa poderá, bem o sinto, por
dos meus órgãos de distinguir milhões zes se confudem. e ninguém di- tempo a esse choque inexperado!
de imperceptíveis ruídos, md harmonias com o cinzerito poderia refugiei*me aqui
reflexos scintillantes lança sob Abandonei meu paiz,
misteriosas da naturesa, que emanando zer, que uma das minhas pln- nestas montanhas, onde o frio aqnillão
das ondulações do ar, das vibrações da um raio do sol cada do inverno, e sob os
brisa mas eriçadas elle! precede os rigores
luz, da seiva que se innocüla, da por
pallidos raios de um sol sem vida, no
que suspira, ou da planta que floresce, in .- ¦ > meio de uma natureza cujo aspecto me-
parecem a voz grandiosa da creação, qoé lancolico corresponde ás angustias mor-
incessantemente palpita e canta o hymno Durante os primeiros dias da minha taes do meu coração, espero resignada-
triumphante da vida. nova existência, a vida nâo me foi senão mente que a brisa do dutomno carregue
Np meio dessa existência sem nome, uma serie de enthusiasraos, senão uma para longe, envoltos com as resequidas fo-
eu fluçtuava de sonho em sonho; diante continua successào de transportes; voava lhas, os tristes restos das minhas águas
dos meus olhos de larva passavàoere- incessantemente dos bosques para a pia- sem côr.
passavão turbilhões luminosos, onde va- nicie, e da planície para o valle, deixan-
gâs formas de azasappare^ião-me sempre do me arrebatar pelos zephiros perfuma- *«»

e de mais a mais se multiplicavão. Era dos, e perdendo-me com delicias nos cam- Esses fragmentos, fui eu que os reco-
essa a idea dominante de minha vida, o pos azues do infinito. Ihi, eu que agora transcrevo em língua-
eierno espectaculo que prendia meus Depois forão as flores que me attrahi- gem vulgar essas memórias melancólicas!
olhos; depois da qual seguia-se o drama. rão, ao principio parecião-me ellas, bor- Herborisando um dia sobre as monta-
V,:- Bem depressa pareceu-me que esse boletas como eu, e tal era a minha in- nhas em que o pobre insecto se havia
turbilhão ao principio longiquo seappro- genuidade, que as convidei me acompa- refugiado, encontrei-o pallido e dilace-
ximava insensivelmenle de mim, depois nhassem, depoisvieràò os amores... E' rado,fluctuado tristemente sobre as águas
envolvia-me de uma nuvem luminosa, tão doce amar!... e a minha amante era lodosas de uma lagoa; seus bellos olhos
emquanto que azas fluctuantes, cerca- tão linda! estavâo embaciados, suas azas quasi
vão-me de indisiveis cuidados, acabando Nunca me esquecerei do dia em qne a transparentes, nem restos mostra vão do
por se tornarem minhas e voarem com- sorte... e a brisa me impellirão para seu. antigo esplendor!
migo, arroubada de felicidade, pela ex- ella. Encontrei-a em um brilhante jardim, A minha penna não poderia exprimir
tensão azulada do espaço ! V- sobre as pétalas de um iris, hesitei ai- o deplorável -estada a que estava redu-
V* Quanto tempo durou essa fascinação guns instantes, pois tanto se assemelha- zido esse pobre cadáver, eu quisera
mysteriosa? Eu o ignoro; hão sei se fo- vão as duas irmans, a flor animada e a poder mostra-lo á culpada amante,a quem Í0l1

rão séculos, dias ou mezes, somente me flor immovel; seus olhos lançavão mil no doloroso momento de exilar-se tinha
recordo, que um dia tremi subitamente raios, das suas antennas apaixonadas es- sem duvida enviado um triste adeus, e
sob a influencia de uma nova existência; capavão centelhas luminosas, e os raios um ultimo suspiro de perdão e de. amor!
no meio da matéria informe, de que era do sol brincavão sobre o macio velludo Nuno Alvares.
formada, manifestou-se uma força pias- das suas azas formosas. Voamos juntas,
1 lica, que mevezesdotou de novos órgãos. As e desde esse instante começou para mim
azas tantas sonhadas, formayâo-se uma serie de dias felizes, cuja memória Clara Verbena.
inten- "tanto
pouco a pouco como creadas.pela me parece hoje mais doce, quanto
sidade dos meus desejos; meu invólucro serem elles seguidos de infinitas amar- VARIANTES.
ao principio esvérdeado, colorio-se de guras. Eu era horrivelmente cioso e a Canto segund».
uma linda côr morena, sobre aqual res- minha amante, ai! tão volúvel!.. . "\""
plandeçiào grandes placas de ouro. —«Io Vanessa», disse-me um dia um .1."
Soou a hora emfim, ura electrico tre- escaravelho libe. tino chamado «Machaon» Jà me ouviste uma vez; era uo hynverno;
mor percorreu-me totalmente, lançan- que casualmente encontrei em um valle na sala humida e fria aos sonse doterno, piano
versos, manso
do-me em uma horroiosa convulsão. Luz solitário—a tua tristeza é profunda e en- eu recitei uns
amor quebrando o antigo arcano.
e azas! bradei, a minha erysalida abrio- tretanto advinho a sua causa; quanto és deTeumeu pai ouvia: e tu, de olhar errante,
se completamente aos meus olhos, mi inexperiente, meu pobre amigo, quanto não attendeste á voz do teu amante.
nha cabeça inteira surgiu das trevas e és ingênuo fia tua fidelidade! acredita-
mergulhou-se no oceano da luz ! a brincar sobre o teclado,
me, imita os da tua idade e vôa como Distrahida
Contar os transportes que experimen- elles de uma bella para outra. que se agitava em ondas de harmonia,
ora tinhas o rosto illuminaclo,
tei nesse momento de ineff a vel arrebata- Não poderei exprimir quanto me in- ora na flor dos lábios se entreabria
mento, é uma cousa impossível! Livre do dignou a linguagem do velho cynico. um riso vago. o despontar da idéia,
sudarip que me envolvia, e enxutas de- —Nunca tive ohabito deguiar a minha que a medo o gesto externa e delineia.
pressa pelos doces raios do sol, vi as mi- conducta pelos desvarios alheios, respon- Nem me olhaste sequer um só momento,
nhas azas ao principio unidas e dobradas di-lhe com um tom glacial e depois de- nem me disseste—bem—, finda a cantiga;
déstenderem-se e crescerem quasi que sappareci nos bosques. como que um facto extranho, um triste evento,
instantaneamente, e agitei-as com rapidez Não obstante a leviandade da minha que á mudez d'alma inteira nos obriga,
¦ -¦:•'¦:
.''

o silencio, que guardavas


sentindo que me elevavão; ura dilirio de amante, não tinha um motivo poderoso inspirava
¦

• '"'<
k~X'i?-^i%? :¦¦¦'? -'•¦ ':
quando juncto de mim mais bella estavas, f
alegria apoderou-se de mim e me lancei para censurar o seu procedimento; já ti
'¦•,¦.'" ¦¦¦'.

noespaço. nha reparado na benevolência, com que Custosa distracção! tu não podias
\ as- , Agora posso dizer quem sou; até este ella via um dos mais bellos dos meus levartetãoencerrava longe aquelle fingimento,
as pàilpebras sombrias
momento, lagarta obscura, chrysalida amigos, um elegante «Vulcano» entretan- que em mal sustido aspecto somnolento.
S§/ desconhecida, passei na terrasem nome, to srfmètttè cníüinàva a minha natureza Caprichos de mulher! tua alma estava
mas é de necessidade ter outro desde o inquieta e ciumenta! presa á voz dos meus lábios como escrava.
instante da minha ressurreição. —A minha aimante é loureira, porem
momentos de Receio ou altivez—não sei qual era
Eu rae cbamo «Io» ou «Pavão do dia» innoceritè,repetía nos meus (Testa scena ligeira o incentivo;
pertenço a nobre familia dos«Vulcano» «Vanessa» duvida e de melancolia. sei que a ti me ligava como a hera,
tenho por primos o grande de Ai! porque tão cedo veio a irônica rea- que se abraça medrosa ao tronco altivo.
cbárpa de fogo, o poderoso «Morio» de lidáde desabar o edifício das rainhasalegre- illíi- Parasita importuna^ eu só queria •
esvoaçar viver da seiva, que tua alma enchia.
jmanto de velludo franjado de ouro des- soes! Eu á vi um dia '.¦•"-'•-.

maiailo e os «Tortues» de malhas bri- mente* com elle síò longe, em umaum vasta B' a mulher um daserrasão no qual se estuda,
IbaDtes.Eu mesmo não tenho rival na sebe dè espinhos! Foi para mim gol- á luz tranqüilla segura,
#">
o
:¦*>.

¦o-
'¦ '
% ai
. . . :
£•£*'"¦¦¦ í*?-^'""'^

'¦;¦¦¦"¦¦'
l .'; '¦¦-.''. VV*Í

SEMANÁRIO MARANHENSE.
fe
Não, lembrança cruel, tu não devias Selvagens—mas,tão bellos que se sente
da mão divina o dedo, que desnuda
¦(¦

; -'J h
tornar viva a memória do passado Um bárbaro prazer nessa memória
os segredos da frágil creatura Dos grandes tempos, na solemne historia
no olhar, no gesto e voz, no pensamento, canto -presago om horas de alegrias
entro funereas flores desusado: Dos formosos guerreiros reluzentes!
nas expressões sem fim do sentimento. mas, á tristesa é saneta, e o soíTrimento
' muda em balsamo as voses do lamento. Os cruentos festins, a vária festa,
E' a mulher um sylpho, sphyngc ou mytho, A' leda caça no romper da,aurora*
insondavel mysterio á mente humana, '¦( *
A' voz profunda que a ribeira chora,
verainscripeãoem mármore ou granito, *A*. '¦ A mão da morte a argilla sanetifica
d'ella isolando o espirito, formoso, Enlansuecef, dormir saudosa; sesta.
que ao burilgnvador continuo engana.
Não sei qual sejas tu, não, minha Clara: que, livre e só, mas depurado fica, Selvagens, sim—porém tendo uma crença,
se legendário mythò ou forma rara levado ao grêmio do eternal repouso De erros ou bôa, acreditavam nella:
onde a luz da verdade em pura chamma Hoje se riem com fatal descrença
4:

difficil de estudar, ou se ligeira vida, consolo, prêmio e amor derrama.


logo E a luz apagam de tupana—estrella.
phrase de amor, que transparece A mao da morte, Clara, é chrysol fino,
como lettras, que o ácido escrevera V. ...a;
em papel, queé subjeito á acçao do fogo. que funde em si o mal de nossa origem,
Sei que tens coração; que és bôa e linda, agoa lustrai de um rio chrystallino, Destino das nações! um povo erguido •?r
'¦".
a
' AiiAAÊ
brinda, bellesa cujo amor é sempre virgem.
que a ti nos versos minha musa
¦

Dos virgens seios desta natureza,


Nào nos assuste a morte; ella é mimosa Antes de haver coberto da nudeza
Eu conheci depois que aquella scena no tàò, queá cobre de açussena erosa! O cinto e o coração, foi destruido:
Flavio Reimar.
pèzou com dará mão sobre tua alma
¦ i •". ¦ r
' ':'. -' ''.
V* )-.'

na lenta febre, que, Clara Verbena, E nem pelos combatas mal feridos
turbou do teu viver a doce calma. :? Ou sanguinárias, barbaras usanças; -
Supremo esforço foi; sim, foi loucura r GUESA ERRANTE* Por esta religião falsa d'esperanças
filha do zelo teu na affeicçao pura. Nos apóstolos seus, falsos, mentidos.
Canto II
Não me olvidei de ti nem um momento Fragmento. Ai! vinde ver a transição dolente
na curta ausência de tristonhos dias; Do passado ao porvir, haste presente !
'
' '-,'.
' ¦ '•
- -' '..."' ¦

não se apartou de ti meu pensamento, São muitos arrayaes, nações diversas, Vinde ver do Amazonas o thesouro,
nem tive uma outra fonte de alegrias, São filhos do ócio, que ora dispertaram A onda vasta, os grandes valles de ouro!
que nào fossem de ver-te as esperanças Na ambição vária. As tracajás dispersas
junetas ás tuas vividas lembranças. Rompendo a areia ás íiguas se arrojaram. Immensa solidão vedada ao mundo,
Nas chammas du equador, longe da luz!
II E volvem-se as areias tumultuosas, Donde fuçio o tabernac'lo immundo, .
Se esquadrinham, revolvem.—O povo infante Mas onde inda não abre o braço a cruz.
De outra vez me escutaste; era nas horas O coração ao estupro abre ignorante
em que a tarde, dourando o monte e as agoas, Como às leis dos Christãos as- mais formosas.
erguia em torno anos voses sonoras, Vejo, oppresso de um mau presentimento.
cheias de vivo encanto, adeus e magoas. Mas o egoísmo, aJndifferença estendem A lanterna, os quatro olhos á noitinha,
Dei-te um lindo myosotis; tu pediste Suas eras ao gentio; e, dos passados Fazendo esgares fúnebres, sozinha
que eu recitasse um canto antigo
e triste Perdendo a origem cara, estes coitados Da verga a olhar e a se mover com o vento.
Restos de um mundo, os dias tristes rendem.
de teu álbum traçado em uma folha Olá! que apaguem ! temos bellos astros
branca, fina, sedpsa e delicada, ; Quanta degradação! Rasão tiveram Que os caminhos alvejam sobre o rio:
esfolna Vendo, os filhos de Roma, todos bárbaros
que rasgaste a tremer como se tocada. Os que na pátria os olhos não ergueram,
W vigilante o pratico gentio, .;|
a flor, que os dedos fere-ao ser E falam as rodas pela luz dos mastros.
Nem marcharam á sorçbra de seus labaros.
Querias ver, se na memória fida
um echo havia da canção perdida.
Souza Andrade. ' '¦•'¦¦,-.A'! -"¦¦"/
' ¦¦¦-¦'
J
".
J
¦'.:'.vi

O estrangeiro passa: que lhe importa


AíS

A maenólia murchar, se elle carece


'-¦'¦¦ .''¦'¦'" ;
'¦'¦:¦-1 i A'-;',!Stí-*íw!
'•'¦'iíÍM
. ¦' •'. ¦-.¦.-¦¦¦*
.'
' ' ¦•<
i/;;-AA
Não podia esquecê-la; e achei complejo Tão só de algumas flores ?... anoitece
recordo exacto da rompida endeixa N'um somno afflicto a natureza mortal V SEU NOME, _;
na luz, qneaugmenta as expressões doaffecto,
(Victor Hugo)
na voz, que morre n'um suspiro ou queixa. IV.
Fria a esponja do tempo, jamais pôde Nomen aut nurnen
nullificar os sons d'aquella ode! Julgai do que dous séculos embrutecem--
E lá estão a dansar (que a mais nao podem) Dos li rios o perfume, de uma aureola
Não era o trovador da media idade, Porque lhes nasce o sol, que inda lhes sobem
Doces nios nas veias—me entristecem... O brilho; a final nota maviosa
que cantava a teus pés na sala antiga,
findo o combate, entregue á suavidade Da harpa das tardes; de um^mante as queixas,
da voz da castellan, que diz: prosiga Oue mentirosos gênios predestinam A falia d'um amigo;
no canto o jovem combatente ousado, Deus clemente!... estes quadros do Amazonas,
<
Tanta miséria ao filho destas zonas
: ,..,-.¦*.
....

que palpita de amor terno a meulado. Da hora que foge o adeus mysterioso,
Onde em psalmos as aves matutmam! AAí1!
voz do sino, festeje ou chore; ",.X 'rK-j**

Do louro menestrel não tinha a.gloria A quer


• ;
colhida no certame em campo estreito, De um beijo, dom reciproco de lábios, .¦ -l 3,
victoria
que faz que a palma branca da ao e accorde; a-;-S«

Mas que dansas! nâo são mais as da guerra, A nota gêmea


produsa o transbordar do sangue peito,
Sacras dansas dos fortes, rodeiando
dando ao semblante timido a vívesa,
A fosíueira que estala, e recitando A charpa sete-côres, que a borrasca
que amorteceu na* horas da incertesa. Os hymnos da victoria, que inda aterra:
Na nuvem, qual trophéo brilhante e opímo,
Este encanto eu não tinha; apenas era Deixa ao sol vencedor; a inesperada
moderno rímador, que em tom sentido Quando os olhos altivos lhe não choram
Ao prisioneiro emmudecido aos gritos v Voz que o ouvido entende 1
diziajuneto a fr.-r-a primavera
do teu viver se esfolha em um gemido Do vencedor, que insulta seus avitos
como se esvai a nuvem üo horisonte, Manes que para além da terra foram. O voto mais recôndito da virgem, 'V **A:ii''o" ¦';,- '¦';' A.."-'A-;'';A.

raio solar nos alcantis do monte. os céos reíleete; A'. m


A voz das fontes celebrava amores, O asul dos olhos seus que
Tu, lembrança fiel, sim, tu disseste ,,.-. As.aves em fagueira direcção A lagrima que chora uma criança,'{ Ayi;
¦
; - >'i,

Levantavam seus vôos, trovadores E o seu primeiro sonho!


por influxo de anior sincero e puro Cantavam a partir o coração! W-:¦r'A'-'<^á rA^sir^W'-'

que eu lhe fallei plangente no cypreste


medrado á sombra de alyacento muro, Longe, um?;descante harmônico e saudoso;
a breves passos de uma cruz edousa Çrepitante o cauim gyrava ardente, "
onde o corpo sem alma emfim repousa. É na gloria os guerreiros deliravam, Esse suspiro que ao raiar da aurora*
Formavam vasto circulo cadente Ternissimo exhalava o fabuloso
Sim, lembrança fiel, tu recordaste Onde rugindo os chefessopravam.
*c j . &
'
¦ .-** •¦
¦
• Poético Memnoir! ¦
'¦¦.";'¦'¦'¦¦./ A-. ¦'¦'
'¦¦-':¦!.-
.;..!A :*,.-: \yjA'^fi'Í'::AiA'Aé]/^'^M

um vago presentir de lueto e morte, O sacro fumo e o rebramar- no espaço— . ;¦. -¦'- .:v-:v!-.'. ¦.¦'•'.:''¦

mais triste o cântico entoaste


"!¦/¦;'¦¦ ¦¦'¦'.A..,;'-A

Um som que vôa,e treme, e se evapora


;
qutndo
-eom grande uneção de amor e de tal sorte Oh, como eram selvagens esses gritos • '^iwkmwAr' A'*S'^
. . • ,¦&;-. ,.
¦..-,(;

Lá no meio da noite dos recitos, E tudo quanto de mais doce ainda a- r\iAAiA'Ai •¦-. ¦ ". i-Ac
,que o psalmo e o cyrio reunidos eram
':,;'':'-
A*,lr^'/^\-' '''-A -:,"'
nas estrophes, que aos threnos. suecederam. Sombrio a balançar pendente p braço t , -SsíSTiA^^AíA';^"*
AA----.-:
A í'-! -; -.'." ". ¦. ¦- • ¦ :
•¦.',-:,:ív.''A:,?
.Xh-.tt

ra*- :g Ai'. :¦:.'


r:' 'r ¦.¦'."".".. '.;" ;.,..*_- A

'..¦'•
'

— •;.'

/
i3fS
trW-fyrç*1»* ,y*^«««#|t^*fr(K;.^''W»'._>M,
'í* ...... ....¦-* .c^«^.,..»f..~w...-.1r;»'i*™>»..«>C5.^..v.^^

8 SEMANÁRIO MARANHENSE.
f •
A mente excogitar... Lyra, tão doce te estreiado, são os resultados da festi- de merecimento e dignos de apreço, tor-
, Nao é como o seu nome J vidade religiosa e campesina, illuminada nava-se recommendavel pelo asseio e per-
Seu nome! di-lo como dm voz de prece! pel > mais esplendido e formoso luar d'es- feição com que foi impressa.
Mas sôe a um tempo em nossos cantos todos! te mundo. Trabalho lypographico de uma belleza
Seja do templo obscuro a luz secreta, Antes do Porto inventar os carros de inimitável, veio ainda uma vez abonar
O incenso que se aspira,
aluguel, e a câmara municipal o calça- o engenho artístico do Sr. José Mathias,
A palavra sagrada, que no fundo . mento da rua da Madre de Deus, as ro- que tão esmerado é nessas impressões
¦¦.**•
Do sanctuario, a mesma voz constante raarias á S. Thiago erão muito mais pa- caprichosas e fora do commum.
Repete,—-o mesmo éco, dia e noite,
triarchaes ç cheias de uncção evangélica. No Rio de Janeiro não se faz couza
Prolonga pela nave t
Havia poeira de metter medo, e barro- mais delicada e nem melhor acabada.
Aiítes, amigos meus, que aos sons da terra cães de encovar um homem. Mas, a ci- A' propósito de impressões novas:
Minha Musa esquivar-se não podendo,
vilisação obriga; e hoje vae-sea festa de O Sr. Dr. João Cümaco Lobato verteo
".•
Ouse aos nomes profanos, que a vã lingua
Dos homens tanto aclama, Santa Severa,sem topadas, poeiras einecn para o portuguez o interessante romance
uncção evangélica;-" de Ernesto Capendu intitulado—/)* Ras-
Tão casto nome misturar, que n'alma,
Como um thesouro sancto, a guardar deu-me
Depois de amanhã lê-se o epílogo da cães.
Do amor a. mão, solicita, e divina, novena, e,cam grandes esconjuros do Frei Este romanpe, que tanta voga adqui-
:W" ¦' .. !" .

Cumpre ao meu fiel canto Dorotheo, mais de um devoto carpirá rio pela. originalidade do entrecho, está -4
&



¦
.',
¦•¦:.-

¦.'.
.
¦¦

Ser como um desses cantos, que de joelhos saudades do temporal, de envolta com traduzido com delicadeza e impresso com
Escutão-se; e que o ar todo com mova-se, as saudades do espiritual. elegância e nitidez.
Qual se, agitando as invisiveià azas, Não sei se os padres estão sugeitos as Um cartão, que tenho sobre a meza,
Por nós passasse um anjo 1 fraquezas humanas, se eu estivesse certo exige que eu faça menção aos leitores
M. B. FONTBNELLE. disso, feicharia a bocea do reverendo ca- do quanto n'elle se encerra:
puchinho com a sentença latina que O S% Henrique Neves, cuja officina
mais fraquezas tem apadrinhado: errare photographica é assaz freqüentada pelo
A LAGKIMA. a
humanumesl\ecom a promessa de muito publico, recebeo agora um aparelho no-
')
(A' uma pergunta.) profunda contricção, quando chegar a vo, com o qual tira quatro retratos em
Quando a lagrima vires, de meus olhos festa da Senhora dos Remédios. um só cartão.
Cahindo, como a chamma fugidia Do Bacanga ao Amazonas não ha tran- Esses retratos, em posição differente
De uma estrella ho espaço, não te assustes,
Nem lhe inquiras a causa mysteriosa... r sição possível, mas, no entanto, eu passo cada um, são tirados todos de um só
a tratar dos festejos de sete de setem- jacto eem relevo,, pelo systema denorai-
São scjlmàs, devaneios de poeta, i;
Co'a aza fuígida anjo melindroso bro. no Pará. * nado—camée-diamant.—
Roça-lhe a face que descora, fria As noticias por ora são incompletas,
Do encanto, ao calor que se lne volve Recommendando ao publico o novo
Não vendo o anjo mais. He pensamento porque, quando o Santa Cruz partio para processo.igualmente recommendo o hábil
Como incenso, que a Deus ergue-se puro o nosso porto, ainda não se havia profe-
Na corrupção do mundo. São lembranças artista o Sr Neves.
^•i,..

A's veses de morrer. E' uma saudade rido o ultimo hurrah. e nem queimado 1
Da vida, que explicar não sei, nem posso . O eclipse do sol, annunciado e addiado,
a derradeira girandola.
E' uma gota de mel em taça amarga, foi substituído por um da lua, improvisa-^
Ou amargor em fugitivo nectar! Todavia pode-se desde já dizer que a
E' pena de illusoes esvaecidas,
do do pé para a mão, com grande es-
festa amasonica, se não foi tão pomposa
Ardores de um desejo nunca farto. candalo das folhinhas, e almanaks no-
E' um infeliz suspiro que no seio como devera ser, pelo menos esteve lozida. velleiros.
Estalla-se de amores mal acceitos, e farta de estrondos.
Mal entendidos da mundana turba. A erratlaéo salva-vidas mais*j>roprio
Ev o deslustre da pátria. Son longínquo Illuminações,^ bailes, jantares, espec-
De gloria no crepúsculo dos dias. taculos e cerimonia naval, eis pouco mais para fracassos semelhantes, e, atribuiu-
A's veses pesadello.;. às veses nada, do-se a erro typographico; quanto foi dito
Divida que pago á naturesa. ou menos a summade quanto se fez pelo
-' -.
Pará. em.referencia ao sol, leia-se simplesmen-
1855.
Gamalièl. Os navios das nações amigas brilharão te—lua—oo lugar indicado e ficarão sal-
pela auzencia,e isso de forma alguma pode vos os créditos dos astrônomos e mais
GHRONICA INTERNA. ser considerado um acto de gentileza e pregoeiros do eclipse deste mez.
cortezia feita ao Brazil. Antes de Analisar.. a revista, devo
O opíagnifico luar de setembro e a festa A solemnidade merecia ser olhada justificar a auzencia do meo visinho, que
da virgem emartyr Santa Severa tem le- com mais attenção nâo só pelos povos escreve a Chroriica do exterior.
vado grande numero de romeiros ao poe- transatlânticos como pelos visinhos do As noticias estrangeiras deixão de ser
tico arraial de S. Thiago. continente americano. mencionadas n'esta oceasião por duas
t A capella á beira-rio, e quasi sumida AoExm. Sr. presidente do Pará, ca- razões principaes. A primeira é por que,
entre frondosas arvores, convida lakistas mara Municipal, Companhia do Amazo- até hoje (sexta-feira) ainda não chegou a
e namorados á fazerem idyllios-piscato- nas e Corpo do Commercio cabem as mala da Europa; a....

-;¦•¦

rios nas bordas do Bacanga, á Ia pardos honras da iniciativa nos festejos reali- m- '. r/'r í

exercícios devotos e ascéticos dos que Vejo que esta razão só por si é conclu-
sados. '
dente, e assim calo a outra. -
sincera e unicamente procurão as boas Entre muitos versos e discursos, pro-
PlETRO DE CaSTELLAMÀ^:.
graças da preclara santa. feridos' durante a cerimonia, menciono
Muita oração contricta e bem rezada; uma saudação poética do Sr. Rocha Bor- Typ. de B. de Mattos—ímp. por Manoel P.
muito esboça de romance, platonicamen- ba que, alem de contar muitos versos Pires, rua da Paz, 7,

X
¦o t>
' "r
•-¦

. '.'
¦'

', "
• :,

...: -;¦.¦:¦ . • . v O ...


¦
¦:
:.¦:.:¦'¦•¦'.;'
.

SEMANÁRIO MARANHENSE. '¦^.


»

1
ANNO I. San'Luiz, Domingo—29 de Setembro—1867: NÚMEROS.

Publica-se aos Domingos. A-ssigna-se nesta typographia e em mào do Snr. Germano Martins cTAssumpção a 2^000 por trimestre. (13 números). w
edjctok-JB. de Mattos. -.'.-.-... ,--v.v/s- ¦-:

nimo IR MM. cuja tendência constante é,para osubli-


me. Nenhum auctor emprega maior nu-
portavit me, nec abstulit mala ab oculis
méis. '"
mero demetaphoras, que Job, que em seu Quarenon in vulva mortuus sum, egres-
CURSO DE LITTERATURA BÍBLICA. estylo eminentemente figurado, não se sus ex utero non statim períi?
contenta com descrever os objectos, mas •..... ,.....¦.« ........ •_.. ......

LiccÃo ii. Quare misero data est lux, et vita his


põe-no-los, para bem dizer, diante dos
O livro de Job, um dos da Estriptura San- olhos do entendimento. Tal é a força e qui in amaiitudineanimae sunt.
ta, com que vou occnpar-me hoje, passa o colorido de suas concepções. Qui exspectant mortem, et non venit,
Disto podia citar-vos grande numero quasi effodientes.thesaurum?
pelo monumento poético mais antigo de de exemplos* abrindo em qualquer parte Guadentque vehementer, cum invene-
todos quantos possuímos, isto é, por um rit sepulchrum?»
monumento cuja antigüidade é evidente- o seu livro, mas basta analysar duas pas-
sagens delle, uma tirada do capitulo 3.° «Pereça o diá em que nasci, e a noite
mente anterior a de quaesquèr outros do em que fui concebido.
mesmo gênero que nos possão ministrar e outra do capitulo 20°, paradar-vos idea
do vigor de engenho, e da belléza de es- Converta-se aquelle dia em trevas, não
as letras profanas. Chamo-lhe monumenr olhe Deus para elle do alto, e nem seja
to poético, porque o mencionado livro é tylo do auctor, que não tem rival nas pin-
turas entre os escriptores sagrados. esclarecido pela luz.
todo, ou quasi todo poesia, como o attesta
Antes porem de o fazer devo dizer-vos Escureção-no as trevas, e a sombra da
não só o seu contexto, quer se attenda morte, cerque-o uma negra escuridão, e
ao objecto, quer á forma, mas a opinião que Job, tal qual nos é representado na
Escriptura Santa, ou no livro que faz par- seja envolto eni amargura.
dos mais abalisados críticos, antigos e mo-
te delia, era um homem justo, e summa- Uni tenebroso redemoinho se aposse
dêmos, entre os quaes figura São Jeroni- daquella noite; não se conte entre os dias
mo, respeitável padre da Igreja, que.diz mente rico, .que Deus quiz provar na ad-
versidade, privando ode tudo quanto pos- do anno, nem se numere entre os mezes.
que o traduzio quasi todo em hexame- suia, e cobrindo-lhe o corpo das mais Entenebreção-se as estrellas com a es-
tros latinos livres, porque era poesia no
original hebraico. asquerosas chagas a ponto de sua pro- curidão delia; espere ella pela luz, e não
pria mulher horrorisar-se do seu hálito, a veja; nem o despontar cia aurora quan-
Não se sabe si Job é com effeito o auc-
e repellil-o. Reduzido á mais extrema mi- do raia;
tor do livro em .que figura, ou si somente
seria, e objecto de asco para todos> nunca Porque não fechou as portas do ventre
o principal personagem delle introduzido
Job, posto que se julgasse innocente em que me trouxe, nem' apartou os males de
pelo verdadeiro auctor cujo nome não meus olhos?
chegou até nós, nem é possivel hoje es- sua consciencia,deixou de confessar o in-
íinito poder e a bondade de Deus, que as- Porque não morri no ventre de minha
¦

clarecer semelhante duvida envolta nas mãe, porque não pereci logo que sahi
trevas da mais remota antigüidade. Seja sim o feria, ea quem glorificava. Depois
desta terrível provação,de que sahio puro delle?
t porem Job ou outro o auctor do livro como o ouro que sahe do crisol, Deus Porque foi concedida a luz ao misero,
que tem por titulo o seu nome, o que é e a vida aos que estão em amargura de
evidente é que a scena nâo se passa na restituio o seu' fiel servo não só ao seu
antigo estado de saúde, mas cumulou-o espirito.
Judéa, mas na Arábia, ou na parte desta
de riquezas em dobro, e concedêo lhe Aõs que esperão pela morte, que não
região que se chamava antigamente terra
nma longa e socegada vida. Job, si me é chega, como si cavassem procurando um
de Hns, ou Iduméa. thesouro. ^
As imagens empregadas ne«ste livro, diz licita a comparação, é o varãojusto de Ho-
racio, a quem asriiinas ferirão impávido, E que licâo transportados de alegria,
o sábio critico Hugo Blair, são do natu-
reza inteiramente diversa das imagens pe- e não demoverão de seu propósito de tri- quando deparão o sepulchro?))
lhar a senda da justiça e da virtude. Não era possivel levar mais longe a
culiares aos poetas hebreos; não se depa- vehemencia do espirito angustiado, nem
ra nelle alllusão alguma aos grandes acon- Eis a primeira passagem em que Job ¦-.¦''

assoberbado por toda a sorte de .males, a verdade dã expressão que representa o


tecimentos da historia sagrada, áscerimo-
nias religiosas dos Judeos, ao Libano, ao sem que o mereça, maldiz o dia do seu pensamento, do que o faz Job, quando se-
Carmelo, nem ás particularidades do cli- nascimento, e a noite em que foi ge- pultado no abysmo de misérias que o as-
rado. soberbão, deseja nunca ter nascido, nem
ma da Judéa. Não se depara tão pouco
comparação alguma tirada dos rios e tor- «Pereat dies in qua natus sum, et nox pertencido á humanidade. A amargura de
sua alma attribulada pelos mais cruéis
rentes, que são mui raros na Arábia; a que in qua dictum est: conceptus est homo. soffrimentos phisicos e moraes transpiVa
se nota mais freqüentemente, refere-se a Dies ille vertátur in tenebras, non re- em cada linha, e em cada palavra desta
um accidente que se renova muitas ve-
zes naquella região, o desespero de um quireteum Deus desuper,et nonillustretur passagem em que tudo é sombra de mor-
lumine. te, como elle diz, e que alguns çhamão
viajante que, ardendo em sede, encontra
um regato sem água, a qual o excessivo Obscurent eum tenebrae, et umbra as imprecações de Job.
calor fez séccar. mortis, occupet eum caligo, et involva- Mas no meio destas amargas
tur amaritudine. ¦"] que lhe arrancão a dôr, a angustia e a
Entretanto a poesia do livro de Job iguala miséria, não se descobre uma só palavra
e até excede a dos outros livros santos,* Noctem illam tenebrosus turbo possi-
deat, non computetur in diebus anni, nec contra a omnipotencia de Deus, e sua di-
si exceptuarmosado livro de Isaias. Uma viria justiça.
imaginação ardente e discripções cheias numeretur in mensibus. L
'de energia,
e realçadas pelo mais vivo có- ..... • • • Nota-se ahi grande arrojo de figuras
lprido, sãb os caracteres essenciaes que Obtenebrentur stellae caligine ejus: exs- nas expressões,- Mo olhe Deus do alto
distinguem a Job, que sé eleva de ôrdi- lucem, et non videat, nec ortum para aquelle dia. Entenebreção-se as es-
pectet tr ellas com a, escuridão daquella noite,
narió mais alto que David, que prima no surgentis aiirorae.
morte qne não chega,
pathetico e no gracioso,e menos que Isaias, Quia non conclusit ostia ventris, qui Os que esperão pela

- ».-«!¦¦<?
2 SEMANÁRIO MARANHENSE.

como si cavassem procurando um thesou- to, expressão, imagens; nem ha nada na dia, seguindo osrqstos e as manchas
ro. Os que ficão transportados de alegria, poesia profana que lhe seja no seu gene- de sangue, aqui e ali salpicadas sobre as
quando encontrão o sepulchro, e quasi ro comparável em belleza; antes quanto folhas seccas que tapizavão a terra, sig-
todas as outras, de que se serve o poeta. a tal respeito se encontra de melhor nos naes que os índios deixarão pela accele-
0 sombrio terriflco desse quadro de poetas christãos, é delia tirado, ou imi- rada fuga, que a derrota os obrigava a
desolação é pela força das imagens que tado com mais ou menos felicidade. recorrer.
o revestem e lhe dão realce, levado ao O auetor toca por vezes as raias do su- Tinhão caminhado muito, por entre
maior gráo do pathetico, ou ao sublime; blime, em cujas immediações constante- cipoaes espinhosos, e por impenetráveis
nem nunca homem algum exprimio com
'mais mente paira: E os que o virão, dirão: Aon- picadas abertas em zig-zag, quando, os
eloqüência a angustia e tributação de estai As comparações são curtas cottio esploradores da vingança, pressentirão
de espirito, do que o fez Job, mestre in- as de todos os escriptores sagrados, mas perto de si os tapuyas arranchados sob
signe na arte de pintar os sentimentos e do mais bello effeito para fazer realçar o copadas sapucaieiras e floridos páos-
objectos! quadro:—Qual sonho que voa não será d^rco*
Eis agora a segunda passagem que con- mais achado, e passará como visão noc- Ao signal combinado com os seos sol-
tem a soberba descripçáo do ímpio: turna. dados, Jacintho os fèz parar a um só tem-
«Hoc seio a principio, ex quo positus As imagens são as mais grandiosas, as po sem denunciarem aos índios a curta
est homo super terram, quod laus impio- figuras as mais arrojadas e expressivas: distancia que os separavão!
rum brevis sit, et gaudium hypocritae ad Si remontar até ao céo sua soberba, e sua 0 filho de Zacharias tudo estudou; si-
instar puneti. cabeça tocar nas nuvens, perder-se-ha por tuaçâo, lugar e posição, e tudo quanto
Si ascenderit usque ad caelum super- fim qual monturo... Todas as trevas estão fazião os perseguidos; no peito sentio
bia ejus, et caput ejus nubes tetigerit: escondidas no interior de sua alma, devo- pulsar vehemente o coração replecto de
quasi sterquilinium in fine perdetur: et raUo ha fogo que não se accende.*. Os céos vingança.
cf i eum viderant, dicent: ubi est? revelarão a iniqüidade delle, e a terra con- —Porque bates assim, meo coração,
Velut somnium avolans non invenietur, tra elle se levantará. que de medo jamais pulsastes? Será de
transiet sicut visio nocturna. Metaphoras, comparações, prosopo- arrependido que puííulas?
Oculus, qui eum viderat, non videbit, peias, imagens, que nos põem os objectos Jacintho mentalmente dirigio essas fra-
neque ultra intuebitur eum locus suus: diante dos olhos, tudo n'uma palavra con- zes ao coração, tendo, a mão direita
.»••••»••••• ..• . ••.• •«..«.•«.. .. • • corre admiravelmente
para o cabal effei- sobre o peito esquerdo. O sorrizo escar-
Caput aspidum suget, et oceidet eum to desta pintura, uma das mais magnifi- necedor da morte lhe contrabio os beí-
língua viperae. cas e sublimes dentre todas que tem já- ços roxeados, descubrindo entre a bocca
«... ••.«.....» ..*.««•«•...*«....•• mais sahido da
penna dos homens. meia aberta duas ordens de dentes agu-
Cum satiatus fuerit, aretabitur, aestua- Nunca a poesia didática e descriptiva çados e alvos como a cal.
bit, et omnis dolor irruet super eum, subio tão alto, nem se exprimio com tan- Cautelosamente deo suas ordens; des-
ta eloqüência, como nos soberbos e ini- tribuio os valentes como julgou conve-
Fugiet arma férrea, et irruet in arcum mitaveis quadros de Job, sem segundos niente ao combate e esperou o momento
aerèum. no seu gênero. Com razão pois é elle que azado para cahir de repente sobre os filhos
se eleva a tamanha altura, e tão admira- da raça tupy!
Omnes tenebrae absconditae sunt in velmente pinta, reputado por um dos Longe estavão os indiqs de esperarem,
oceultis ejus: devorabít eum ignis qui non maiores poetas da Escriptura Santa, eum no sitio em que estavão açoitados, uma
suecenditur, afligetur relictus in taberna- dos grandes modelos da antigüidade. Ler guerra cruel, de vida e morte, como
culo suo. em summa a Job é remontar com o es- essa que Jacintho apparelhava, e destra-
Révelabunt coeli iniquitatem ejus, et pirito á Deus, e descer depois a maior hidos uns apanhavão sapucaias, bacuris
terra consurget adversus eum.» profundidade das misérias humanas. O e outras frutas silvestre em quanto outros
«Isto sei desde o principio, desde que seu livro, si é licito exprimir-me assim, tiravão das derrubadas palmeiras o pre-
o homem foi posto sobre a terra, é continuo e sublime contraste do infi- cioso vinho que ellas dão.
que é breve o louvor dos ímpios, e o nito poder de Deus, e microscópica pe- Entre os homens selvagens vião-sè mu-
prazer do hypocrita como de momento. quenez do homem, que ousa ás vezes em lheres completamente nuas como elles;
Si remontar até ao céo sua soberba, e sua estulticia revoltar-se contra seu crea- oecupadas em enxerem grandes cabaças,
sua cabeça tocar nas nuvens, perder-se- dor. com a água cristalina de um regato, que
ba emfim qual monturo: e os que o vi- Tendo-vos dado idéa da belleza e su- como veia da terra ali corria, sussurran-
rão. dirão:—Aonde está? blimidade da poesia de Job nas duas pas- do e fugindo, limpo e puro, por entre as
Qual sonho que voa não será mais sagens do seu livro que analysei, passa- largas folhas do murnrú e verdes arbus-
achado, passará como visão nocturna. rei no seguinte discurso a apreciar a poe- tos.
0 olho, que o vira, não mais o verá; sia de Davíd, ou do rei propheta, que não Já o sol não queimava, nem tepido
nem mais o avistará seu logar. é menos digno, que o primeiro de ser era; seos raios apenas douravão as folhas
..•>...». ..•••>• •••••.•»...•..•••••
proposto à moçidade como modelo. Por das copadas arvores, ejá sem força, mal
Sugará a cabeça de aspides, e a língua hoje aqui faço ponto. penetrava a luz atè aonde os tapuyas
da víbora o matará Francisco Sotero do Reis. resguardados passeiavão metidos em suas
Depois que se tiver* fartado anciará, ocas.
abafará, e não haverá dôr que-não venha 0 numero dos selvagens não excedia a
sobra elle. JAGY. quinze, que, pelo cacique ordenados, de-
'
..'•'•»: 4 •'#: . .:. • . . «••«•i(>«»«a. ••..*.•••• vião dar correrias lias fàâèndas circunvi-
Fugirá das armas de ferro, e cahirá no (LENDA MARANHENSE.) sinhas e esses estavão sempre promptos
arco de bronze, POR a obedecerem humildes a voz do seo ww-
• •».•...•..•>< •*•-... .•••••.-.... • •. rúchána, mesmo com o risco da própria
Todas as trevas estão escondidas no vida!
interior de sua alma: devoral-o-ha fogo Em ligeira typoya ou maquira de fina
que não se accende, e aflígir-se*ha aban- (Continuado do n* 4).
palha enfeitada de pennas de mil cores,
donado na sua tenda. CAPITULO V. indolentemente deitado, o commandante
Os céos revelarão a iniqüidade delle, e dos indios ali estava, se deixando muita"
a terra contra elle se levantará.» Com a sagacidade da raposa e a subti- Hmú pela brisa, que suave e fagueira so-
Nesta soberba descripçáo tudo é gran- lesa do gato, Jacintho e seos companhei- prava então, ao nascer da noite»
dloso, pittoresco, admirável,—pensamen- ros,* aproveitavão os últimos clarões do o dia morre,

ú!
I
SEMANÁRIO MARANHENSE. 8
_ 11 ¦¦jTsar^. .iMrp.iijjBiniiinjMcr..:'

O commandante desse troço de selva- morto enviaste á taba; e o dia no meio morte a idéa logo veio, co&p tambem da
tinha bonita figura; corpolento e mar chegava, o meu Tudré foi tam- vingança a medonha sanha.'
gens, Até mesmo as mulheres forão bravas!
vigoroso despunha de coragem a toda bem morto!... oh! quanto receio ainda
pois era arrojado e destimido. .A perigos novos... novas desgraças hoje! Os tigres hão lutão assim! AirifelizNbrè
prova, vida;inútílmên-
cert.esa de se achar seguro e livre dos —Queres caibo a todos? interrompeo já baleada sentio perder a
seos inimigos gamellas, lymbiras e gua- o chefe ás prophecias medrosas de Noré. te e, a muito custo, atravessara com a
ser —Não, oh! nâo, respondeo a tapuya, frecha hervada, o peito negro de um
jajáms, pelo lugar em que se achava
considerado impenetrável, gosava esses eu tenho medo, abatida estou... oh! contrario seo, fasendo-o rolar no pó,
momentos de socego, em inércia afemi- desculpa-me... sou fraca... para ella morrer depois. ;
nada, apreciando os frutos maduros ap- —E's tímida e medrosa como a terna Aos golpes terríveis do tampe os ne-
na visinha moi- gros respondião com mortaes cutiladas!
panhados pelos seos governados, que sururina a trinar occtilta Os índios surprehendidos e vendo ca-
respeitosos lhes.trazião, e saboreava a ta, replicou o murúchám. Tu enxergas
largos tragos do delicioso vinho de pai- perigos aonde os não vejo, e desconfie- hirem mortos e feridos os compan.hei-
meira e da fria água, que as cunhas lhe ces, bem sei, estes lugares, aonde de- ros valentes, redobravão de ardor e se-
offerecião em limpas cuias envernisadas vemos todos pernoitar.Eis porque o me- quiosos de vingança arremessavão-secon-
de preto. do se apodera de ti e te consome. Que tra Jacintho e ósseos iguaes, impelido^
—Noré, fallava o indio da maquira, a perigos são esses, se estamos aqui, to- talvez pelo destino! *
uma tapuya magra e delgada, que apesar dos dispostos a morrer por ti, bella Negros e gentios confundidos, transtor-
deesbelta e bem feita, nãp era bella, de- Nòré? nados, tintos de sangue, calcando aos pés
vido ao uso e custume dos de sua raça, —EJacy? interrogou a india. mortos e muribundos, davão berros tre-
de'arrancarem pestanas e sobrancelhas, -r-Jacy! exclamou o tapuya de um pulo mendos que reperculiâo pelo espaço.como
desfigurando* o rosto e decompondo as- sentando-se na maquira. trovões no céo! Erão selvagens batendo-
sim as feições naturaes. —Sim, Jacy! tornou mais animada, a se com selvagens, que melhor díriamos:
,—Porque choras tão triste e consterna- viuva de Tudré, julgando ter tocado na erão feras exterminando feras!
da? Se o lêo Tudrémorreo, os teos de- corda sensível do destemido selvagem. Foi uma carnificina horrenda! Nem as
veres estão compridos. Já lhe deste éter- Jacy, senhor, ella te espera anciosa, mulheres escaparão a matança! *
na moradia, e enxuga essas lagrimas do- assustada junto a teo pai, na oca-cacique. Jacintho era o caraibêbêkoéra dos ta-
loridas que me maltratão muito. —Cala-te Noré,bradoo o indio, nâo me puyas. Irado, precipitou-se sobre a rede
—As ceçary me dão alivio! respondeo falles assim que me acobardas 1 Jacy é o aonde immovel o*lapuya ficara, e as
'% .Noré banhada em pranto. caraibêbê que na terra Tupan mandou cordas de imbira cortando, fez cahir so-
—Meiga e terna Noré, tornou o chefe, do céo para elevar-me mais alto.... e bre um lago de sangue o murúchána fe-
édebalde chorar, soffrer assim. Tudré, muito acima dos mais homens. Sua inda- rido e sem falia!
o teu esposo eu vi morrer e junto aos gem ali surge no céo azul menos bella, Não contente com o malque fisera er-
Manitôs elle hoje está. Não te lastimes eu sei, do que Jacy! gue o braço direito da vietima e, com
mais, nem teos queixumes eu quero que 0 indio apontava para a lua que raiava faca luzente e afiada,pelo pulso lhe de-
me firãoos ouvidos. Abandonada não es- bem cheia derramando a luz, qneos poe- cepa a mão!
tás que eu vivo ainda e o cacique na tas nos dizem ser de prata. Desorientado como estava, pela carni-
taba vive tambem, para amparar Noré, •r-Quanto a amo,.tornou o chefe in- ficina feita; perturbado com os vapores
velar por ella. digena,sabe ella, todos sabem lá na taba do sangue derramado, Jacintho não per*
Certamente, Tudré fora o indio morto e Tupan no céo. cebeo que ainila vivia aquelle á quem,
no combate em Santo Ângelo e os signaes O selvagem deixou-se cahir na rede e sem piedade alguma, lhe cortara a mão, •
as bellas e que pungente suspiro, arrancado do
que a esposa dava a todos, do quanto o entregou-se a doce scismar,
sentimento a desgraçava, era tingir o meditações do amor, e assim convergio fundo d^íma, lhe escapara por entre os
corpo de côr preta e cortar os cabellos para Jacy sua vida, sua alma, suá espe- lábios simiabertose descorados!
corredios, grossos e negros como as azas rança. A noite se estendeo, embora a lua do
do anum. Emquanto os tapuyas assim passavâo seo throno celeste brilhasse muito, era
—Rêmiricoquera me vejo ! disse Noré o tempo, Jacintho tudo dispunha para a ac- tudo no bosque densa treva, que as pro-
suspirando e em soluços retorcendo-se ao ção. Elle previra, como hábil general prias _ arvores augmentavâo mais.
terrível peso do infortúnio ! não só o resultado de uma victoria ai- Jacintho deo à voz de retirada e reu-
—Infeliz que és, eu bem o sei, re- mejada, como á derrota ou o azar das nidos a si vio seos soldados; apenas
disposto as
plicou o indolente chefe, mas deves batalhas; e para tudo tinha fatal faltava um, que Noré, castigara no meio
ter por consolo o ter Tudré dado alma a couzas, esperando seos soldados o
começo a mortandade. do morticínio.
Tupan como guerreiro, como valente signal para darem —Ah! Benedicto foi morto, disse o
filhos e Aos urubus vão um banquete
que era, e que são todos os prepara
filho do feitor a seos companheiros, mas
netos dos tupys. Eu o vi cahir ferido... humano! Uma nuvem bem negra no ho- eu o vinguei. Pagou com a vida aquella
correr-lhe o sangue e morrer depois! 0 risonte indicava a borrasca aproximar-se! a vida lhe roubara. Ainda bem; elle
infame tapanhúna, o vil rmauçúba...» Não se fez esperar esse signal que devia que morreo por boa causa e sua alma será
vi! do tiro a de custar bastantes vidas, e ao mando de
.oh! tudo Apoz queda salva. H
Tudré... depois a morte. Ao seo cor- Jacintho os negrosderào a descarga, que
destes ibyçoára e só no echoou pelas matas com detonação do Jacintho segurava a mão que decepara,
po já papoçabaára
o encontrarás. trovão! pelas pontas dos dedos e com seos com-
fasenda Santo
A noite aproximava-se e os morcegos A terra se abalou emquanto o céo ofus- panheiros regressarão a
das selvas esvoaçávão espantados, por cou-se com o fumo que em rolos a pol- Ângelo, sem reflectir no perigo a que ia
- cima do indio da typoy^quaWiâo este con- vora arremessava pelo ár. expor aquella fasenda, pelos pingos de
Desparadas que forão as lasarinas.os ne^ jsangue que a mão vertia e que servirião
'V. ¦
¦¦ .. \

tinuou assim:
ide vestígios os índios buscarem des-
—Não vês, Noré, como andirá passa gros as substituirão pelas facas e terça- forra. Mas para o acaso ou a fortuna do
nós suas azas nos dos. Ágeis como macacos os tapuyas:.«ati* quiz
ppr e com peludas Sr. Augusto Monteiro, que Jacintho er-
açoita as faces? Será isto agouro que rarão-se das arvores a procurarem os to-
capes, as frechase arcos, e aquelles que rasse de rumo no caminho e sabisse
Anhangá nos manda? na fasenda do Sr. Luiz Hermenegildo, !¦:¦-.,. ¦'. '."riM
—CumpíiW nos persegue, respondeo escaparão das bailas inimigas aceitarão o r.- ."¦" v :; :;-^§
bem visinho então do Sr. Monteiro. ' ¦¦" '.'J- ::'iè&'í?ífi
Noré, % vi hoje por vezes foragido mw- combate com denodo. ..;'¦:/.

ruwtutú; terrível, por; estas matas. Ho- Bem notarão os índios que seõ chefe Com mais alguns passos o filho do < }>

ao cooieç^r do dia um nosso irmão immovel se»deixava na maquira e da feitor passou-se para Santo Ângelo aonde
je •"

'- '

* r;\

~f-«— i—y--
SEMANÁRIO MARANHENSE.

seo pae anciotó .esperava por elle, passe- que menos me repugnava; mas como se nossas lutas obscuras e tenazes contra a
'pela
ando afflicto varanda da casa grande. exigia uma obra mais elegante, e supe- miséria, afagou brandamente nossos co-
—Estamos vingados, pai, aqui tens o rior aquella que se fazia nas aldeias, eu rações; porem não os entumeceu de or-
trophéo que conquistei, no combate! empregava tanto cuidado, que ao princi- grelho! Nunca nos queixamos da miséria,
í|.||f^izendo isto, o fflho de Zacharias que pio não pude ganhar mais de 9 shellings nossa companheira inseparável, e então
entrava na varanda apressado, arremes- por semana. Minha mulher,* pouco exer- saudámos com uma viva gratidão este
sou a mão que trazia sobre uma meza citada em eosor,ve que apenas começava principio tardio da felicidade. No meio
de paparaüba, aonde um cándieiro de a bordar os sapatos de lã, ganhava ainda desta.agradável comraoção, o desejo tão i*H
cobre dava luz, que o azeite alimentava. muito menos, de maneira que, pagas as natural de embellezar á nossa existência
s A mão cahio mirrada e fria e Zacha- despezas do quarto, luz, e fogo, sobeja- nos foi dictado por uma reciproca ternu*
rias sentio ao vêl-a,seos cabellos carapi- va-nos somente o tíecessario para a comi- ra. Até ali minha mulher se linha con-
. nhados erriçarem-se todos. Nas mãos da. Bebiamosagoa, nunca bebiamos cer- tentado com um vestido de lã, e eu a 'Ml
calejadas pelo trabalho occultou o rosto, veja.e, em vez de chá, torrávamos o pão, convenci que devia comprar um de seda.
temendo ver essa mão decepada amai- n'outras oceasiao o trigo torrado, fervido Nunca senti a necessidade de possuir
dicoal o,implorando vingança contra elle, n'agua, nos subtituia o café: e a respeito um casaco de inverno, porem minha mu
principal culpado -e tal crime. da pequena porção de carne, que tinha lher provou que para mim era absoluta-
—Filho, o que fizeste? exclamou Za- mos algumas vezes, não a comíamos as- mente indispensável uma roupa confor-
charias sada, porem cosida, afim de lhe apro- tavel, e quente, como essa. Fomos ainda
—Justiça, pai, respondeo o filho do veitar a sopa. Comtudo, vivíamos com- nesta época bastante felizes em receber
feitor com ò rizo da saplisfação estam- plotamente satisfeitos, limitando os nos- um legado de dez libras esterlinas, que
pado nos beiços. sos desejos, conforme as nossas posses. nos deixou um parente de minha mulher.
—Vingados! tornou o feitor, Ah! conio «Desgraçadamente a saúde nos faltou, Esta somma nos ajudou a comprar alguns
me hofrorizo em pensar no mal. que e ambos adoecemos; porem a excellente utensílios de casa.* Era mui pouco para
< 'senti, levasses aos índios inimigos! dona da casa, aonde morávamos, appres- completar nossa mobília, e por isso re-
Nao sabes, filho meo, que atrahisle sobre sou-se. no abandono em que estávamos, dobramos com tanto ardor os nossos es-
• nós e os nossos companheiros taes a nos prestar os seus bons serviços. Além
pe- lo.xos e privações, que possuímos era
rigos que medo tenho eu só em pensar? de 2 shellings e 9 pennys, que res- pouco tempo os moveis necessários. Com
Exposeste-nos a todos e a todo o mo- tava, tínhamos cuidadosamente guardado que prazer, e com que satisfação inex-
mento, á ataques di selvagens, pois n'uma caixa meia libra sterlina, para o primivel não contemplávamos os objec-
. com eiles viveremos enj crua guerp! Mas caso de uma extraordinária necessidade. tos, que nos cercavam! Creio que nunca
ab ! não vejo Benedicto aqui....onde Este dinheiro nos sustentou por dous ou Alexandre Magno contemplou as suas
' elle está? tres dias, durante os quaes pude-me res- immensas conquistas com nm éxtasis,
A —Lá morÉ!... respondeo Jacintho. tabelecer-me, sem ter tomado remédio como aquelle que sentíamos á vista d'essa
W —Morto! repetio o feitor deixando ca- algum; porém minha mulher ficou doen- mobília, conquista do nosso trabalho.
hir a cabeça sobre o peito. te quasi seis mezes. Não acho palavras Depois de mobiliado nosso quarto, como
Jacintho contou ao pai os pormeno- que possa n traduzir agonias, que tive a noSsa saúde era melhor do que tinha
res do combate tremendo, que se deo e nestes mezes de provação dolorosa. Os sido em Bristol e Taunton, e visto $ue
findou dizendo: meus soffrimentos pessoaes, e a necessi- já' Unhámos mais trabalho e mais lucro,
» —De nada ternas,^ que a lição foi dade de me alimentar com papas de fa*- suecedia muitas vezes fazermos peque-
.& rinha, para poupar dinheiro, não me
grande. Elles não quererão medir suas nas addições á nossa guarda roupa. Eu
forças com aquelles que o vão bater nos causavam o menor cuidado; mas o que nunca me esquecia dos taboleiros dos
seos covis e lá mesmo exterminai os. Dá- me cortava o coração era ver um objec- alfarrabistas, acerescentando de tempos
nos caxaça....queremos cana que nós to querido, minha joven e innocente mn- ern tempos um velho livro á.minha pe-
temos -as guellas seccas. lher lutando com os mais cruéis soffri- quena collecção. Quantas vezes não gas-
Zacharias déstribuio a todos aguar mentos. tava eu em alfarrábios o dinheiro do
dente e disse: •«Levei a minha Nancy nosso jantar! Assim, n'um dia que meu
—Recolhão-se a seos ranchos e sobre para Taunton,
pensando que só os ares da sua terra lhe patrão pagou a minha feria, e me deu
este negocio quero segredo. Se alguém restituiriam a saúde. Ali, não achando meia coroa, a titulo de gratificação, para
indagar por Benedicto digào que fugio. bastante que fazer, e desejoso tambem eu comprar um suceulento lombo de vaca
Em quanto estas scenas sepassavãona de obter um salário' mais elevado, resol- para o nosso jantar do Natal, não pude
fazenda Santo Ângelo um indio escapo da vi partir para Londres. Gomo não chegas- resistir á tentação de comprar corn esse
morte corria a taba matreira a avisar p sem os nossos meiospara vivermos juntos dinheiro um exemplar das Noites d'Young.
cacique de tudo quanto acontecera-lhes. na capital, deixei a minha mulher o di- Minha mulher pensou que eu linha pro-
i Era já alta noite; dormião todos, ea nheiro, que não me era indispensável, cedido sabiamente, porque disse ella:
mão decepada, coberta de pó, fora atirada metti-me na deligencia.eno segundo dia «Na verdade se livesseis comprado um
por Jacintho ao canto do seo quarto,para cheguei a Londres, ^no mez de agosto de rosbife, amanhã já elle não existeria e o
ser por elle desecada no dia seguinte. 1773, com 2 shellings e6 pennys na ai- nosso regalo teria sido passageiro, em
0 silencio reinava em Santo Ângelo e gibeira. No dia seguinte já eu óecupava vez de que, mesmo no caso de vivermos
só se ouvia de quando em quando o rouco uma loja, em Whitecross-Street, na casa ainda cincoenta annos, havemos sempre
Canto da agoureira curujaPquebrar a soi- de um meu conhecido etinha4rabalho, de gosar a leitura das Noites dfYoung.
dão. » fornecido com abundância por Mr. Heat-h, «N'um dia do-mez de junho de 177*4,
(Continua.) ; .' de Fore-Street. V em quanto que trabalhávamos, recebi a
«Poupei n'um mez dinheiro sufficiente visita de um amigo, que me veiu dizer
THIAGO LACKINGTON. para mandar vir minha mulher, cuja sau- que em Featherstone-Street havia para
de já estava restabelecida, e lhe permit* alugar uma pequena loja cora uma sala,
(1746-1815) tia trabalhar. Obtive de meu patrão que e que eu facilmente faria bom negocio,
lhe_desse sapatos de lã para bordar, e no caso de aluga-la. Respondi sem hesi-
(Continuado n. 4.)
graças a este trabalho abundante, e mais tar que esta idéa me agradava, e que,
: «Na província estava eu acostumado largamente remunerado, sentimos então alem disso, desejava comprar e vender
a fazer sapatos de lã, e em Bristol via- uma abastança, que nunca tínhamos co- livros. A' vista disso, perguntou o meu
me obrigado a fazel-os de couro. Não nhecido, e que nos facilitou a compra amigo donde me tinha vindo tão singular
podia supportar esta idéa, e procurei o de alguma roupa. Este primeiro sorriso lembrança, e eu lhe respondi, que nunca
achei èia Bristol o gênero de trabalho, da fortuna, que nos fez avaliar bem as pensei em tal cousa, mas que tive irame-

to i
.

#¦•

i
rf
;,,;A'

¦¦ fM:
SEMANÁRIO MARANHENSE. : 1

diatamente essa lembrança., no momenlo queria, subindo por ella, tomar o ceo á escala Deuscottíi á Mhmospltèra terrestre e,a luz
que me propoz abrir uma loja por minha vista, levar a effeito uma grande revolução, solar quiz dar-nòs a conhecer (|ue era grande *»¦

conta, e qrje na verdade, eu observava que traria como resultado a maior de todas as pintor, creando o azüf igualado firmaifi^nto, e»
ha muitos mezes o desenvolvimento con- rebeldias de que é o homem capaz, a deslhro- as auroras e os crepúsculo do ceo; ma$#sèi#
sideravel das vendas de um certo alfar- nisação do Creador de todas as cousas, coilo-
cando-se a creatura em seu logar, e regendo o pre o mesmo painel, sempre chato, vulgar,li-
rabista, o qual, segundo minha convic- zo, como o branco que qualquer aprendiz da : ':-., "¦
universo como senhor absoluto. á alguma porta ou o verde nos balaustres de . ¦
•"
¦.¦ ¦ i

ção, entendia tanto de livros velhos,


,- ".. f" f
I

Vieram depois os grandes trabalhos de Semi- alguma janella. O homem intentou mostrar-se
como eu. Accrescentei que tinha a pai- rames, que conseguiu a deslocação de rios e a
- ¦¦¦:.%

superior á Deus^na arto da pintura, e sem mãos


'¦'
.,'¦;. 1' ¦

xão da leitura, e quer sendo livreiro, eonstrucção de jardins mais admiráveis do que o sem laços agarrou* o sol e pô-lo ao seu servi- •'•':•-'¦',}
.
podia ler á vontade,*- razão de mais para tudo quanto de mais admirável Adão e Eva en- ço; o produeto foi o trabalho pholographico.
tentar esse gênero de negocio. Então o contraram e viram no Éden; as pirâmides do Nas mãos de Deus o sol é um simples espalha-
meu amigo prometteu alcançar-me a Egypto com que os predecéssores de Mehemet- dor de tinetas; sob a direcção do homem o sol -*|

chave da loja, e cumpriu a sua palavra. Ali qiiizeram provar a Deus que podiam cons- é retratista, paisazista, cosmographo e at&roes- '

Alem disso/querendo estabelecer-me de truir montanhas mais elevadas 8o que os An- mo mestre de desenho linear. ^

um modo conveniente, recommendou-me des e o Hymalaia,e em muito menos tempo do Deus collocou toda a sua rapidez na carrei-
aos parentes de uma pessoa recentemen- que o Creador de todas as cousas consome no ra vertiginosa do vento. Para consegui-lo deu-
levantamento do mais insignificante morro de se ao enorme trabalho de crear a forma èsphe-
te fallecida, os quaes;venderam-me por calcareo ou granito. rica da terra, de fazê-la gyrar sobre o seu eixo,
uma libra esterlina um saco de livros Po«sto em comparação com estas gigantescas de manda-la correr e correr sempre em redor
velhos, compostos pela maior parte de tentativas tudo quanto de mais foi feilòVaquel do sol, de estabelecer o calor e ó frio, o calor
livros theologicos. las*epochas remotas apparece-nos debaixo de que rarefaz o ar atlimospherico e o levanta,
«Foi com estes livros, e com os meus um ponto de vista assaz secundário; as mu- o frio que condensa o ar athmospherico e o
velhos volumes, que poderiam valer cinco ralbas da China eram baixas e apenas queriam abaixa, para que, ri-Vsie movimentodo
libras esterlinas, que. eu abri a minha dizerque ó homem lambem podia trear em re- das nossas machinas, o ar, que sobe, e piston o ar,
loja, no dia 2-4 de junho de 1774, em Fea- dor de si um horisonte á semelhança do que a que desce estejam sempre a encher e preencher#
redondeza da terra forma em volta de qualquer os vácuo* recíprocos. E como resultado de
therstone Street, freguezia de S. Lucas.
A vista do meu nome, pintado na tabo- ponto centrai cm que nos achamos; as estradas toda esta complicada combinação de movimen-
macadamisadas dos romanos, os circos enor- tos appareceu a rapid-ez do vento, da
leta, encheu-me de alegria. A congre- mes, os palácios immensos, os aqueduetos de qual Deus
naturalmente salisfVz-se.
gação de M. Wesléy, nessa época, tinha grande extensão, nada disto fere o.espirito,nem O homem, que é por gosto amigo da con-
em reserva uma sommade dinheiro des- attrahe a attencão. Só o Colyseu attingiu em curreneni, pediu contas ao Creador e com elle
tinada para ser emprestada por três me- pouco as proporções do orgulho, porque um correu parelhas; Ao cansaço dos elmentosda
zes, sem juros, a qualquer dos seus mem- caso de necessidade houve aideia de que aquelle rapidez do vento oppoz o homem a immobili- ''Jii ¦ -
bros, que tivesse reputação honesta, e edifício poderia servir de caza de aposentado- dade dos elementos da sua nÜor rapidez, rea- fe-
h
%
ria ao Creador de todas as cousas. lisando o que Deus não fez; isto é, o fixo a
precisasse de um soecorro temporário.
Para encher melhor as minhas estantes, Quasi que me deslembro do cavallo de Tróia, correr de um modo surprehendedor. De dis-
feitura sublime sem a intenção clássica de ser- tancia em distancia dispoz de uma columna ou
pedi por empréstimo á congregação a
¦ . '"
I'

vir de machina de guerra, mas no só propósito estaca; passou por cima de Iodas um fio de
quantia de cinco libras, que me foram de mostrar o homem a Deus qae estava em suas arame e, soltandopor elle a electrícidade, atra- ¦*v

de grande auxilio. Comtudo, oeste novo forças o crear quadrúpedes maiores que os vessa a terra de um ponto a outro em akuns
estado,continuamos com a nossa ordina- masthodontes, megalherios e dynotherios dos minutos, e de tal sorte .que, se o vento
ria frugalidade: jantávamos batatas, be- primitivos, períodos da formação terrestre. A de França para a America do Norte e parte está
biamos somente água, e estávamos firme- cçitica moderna tem sufficientemenle averigua- próximo da ilha de Cuba, anoticia*íelegraphi-
mente resolvidos a economisar, no caso do que o eloqüente Ulisses era uma espécie de ca dada nesse* momento de Pariz
Cuvier da sociedade grega. •Yorck chega alli primeiro para New-
de ser possival, para fazer face ás des que o vento.
Quasi também que me iam cahindovem olvi- ; A lei natural creada por Deus é que com o
pezas de qualquer funesta doença, ou da do os espelhos ardentes do celebre tyranno de impulso do vento movam-se todos os corpos v ¦!
faba de trabalho, que por muitas vezes Syracusa, que nada mais nem menos eram do no sentidoda sua direcção, lei errônea, apezar
'•!

tínhamos cruelmente sofftido '

que uma licção de poderio dada como insulto


•-

da infinita sabedoria divina; porque, creado o


.'..¦

"'.*

(Continua). ao foco igneo do sol, que, apezar de ser muito mar para o homem percorrê-lo e atravessa-lo, ¦ , «_>¦

i«/*f •"¦*¦"'.'
» *s"\
',-*^W,
¦¦"."- ":•¦.'¦¦:¦ ':-:;V:,'-:.-';'rr
" .'*v\ J
.' * í\
M. R. grande e muito cheio de fogo, não queima as seria sobre modo inconveniente ás relações
laboas de um navio a alguns metros de dis- commerciaes e industriaes que a viagem só
tancia. podesse ser feita á vontade do vento e para o '*'¦'¦-' :¦':-}>¦

O TRABALHO. Todas estas cousas já são grandes e notáveis ponto por elle escolhido, escolha que, carno
¦ -.;
.
M
r<íí

Labor omitia vincil. em si, mas ficam muito inferiores ás de que geralmente se sabe, oppõe-se caprichosamen-
proximamente temos conhecimento. le á vontade do homem. N'estas condições,
Quando Deus creou o homem no symbolo dd Deus deu á superfície da terra climas diver- que fazer? Corrigir o erro da obra divina;
perfeição dos seres da terra, concedeu-lhe a sos conforme á parte do globo combinada com afeiçoar um pedaço de madeira, por-ljieergui-
tranquillidade do Paraizo, leito commodo no o movimento do eixoe com o da orbita em re- do um pedaço de panno, e por desdém esco-
qual elle sempre se acharia á vontade, sem co- dor do centro; os pólos são frios, o equador é lher a lona da Rússia cuja grossura de tecidos
nhecera necessidade do trabalho. Admirado até um cego vê; largar n'agoá o chaveco e di-
e raivoso da perfeição da obra divina, o espi- quente. O homem altera o clima anniquillan*-
do as fontes de humidade; queima os bosques zer ao vento na gargalhada estrepitosa da iro-
rito do mal entrou immediatamente em lueta e estanca os rios. Na antiga Allemanha o frio nia: adeus, amigo; que em quanto a meu lado
aberta no intuito de anniquilar o todo creado, era igual ao da Laponia; hoje a differença de corres para o oriente, eu torço-te o
e do mais perfeito ser foi que serviu-se como peset^ò, ¦O
temperatura já é considerável na pátria de Har- navegando á tua custa para o' oceidente.
instrumento para a realisaçâo da sua grande minio, e em breve lá veremos laranjaes em Deus, que é algum tanto malicioso, creando ,
idéia. flor, que só podem medrar ao influxo do calor; tamanho mar e tamanha terra, e o homem tão
A' lei da tranquillidade oppoz o espirito ma- a Grécia primitiva gosava de temperatura igual
ligno a lei do movimento, e o homem subjeito á da Sibéria; hoje o seu solo assemelha-se a
pequeno,quiz apoucal-o,parecendodizer-lhe na • I
ao trabalho ha de conseguir com elle destruir própria e na organisação de tudo o que cerca: ' '"' ¦**/".rí'

um jardim de paiz intertropical. são estreitos os limites da tua existência, con-


o todo creado e por fim a si mesmo E' o que N'esta progressão, que não para, quando o serva-te sempre n'esse acanhado recineto. O
explica a maravilha esplendida do que nós cha- homem chegar a ver os rios, lagos, paúes e homem não se contentou com isso, e, vendo
mamos o trabalho do homem. Np viver da hu- cbarnecas seccas, e as arvores figurando so- em sonhos a figura do judeu errante, procurou
manidade o progresso tem sido lento., mas cons- mente como enfeite raro dè praças e ruas, sen- sahir das difficuldades impostas pela natureza.
tante e invariável, bem que a sociedade antiga tir-se-ha calorem toda a parte, desfeita a dif- Vendo-se sem rumo que o «guiasse nos mares
mostre-se gradualmente inferior á moderna. ferença de climas frios e quentes climas, visto e achando «summamente defeituosa e lenta a
A to*re de Babel foia primeira tentativa, ten- como só a evaporação da humidade do oceano viagem costeira, que não o deixava ir de um a
tativa infeliz pela defficiencia de^eonhecimen- não será sufficiente para a producçãò dos phe- outro continente, engendrou a calamita e com
tos profundos na arte da preparação do barro nomenos de temperatura, regulados ab initio o auxilio da lagartixa na tigella olha sempre
e na sciencia das leis do equilíbrio; o homem
pelas poderosas mãos do Creador. pára o norte e por elle dirige o seu caminho.

SI

/
¦¦¦p:Xi::j,\:.Í:.í'.i-;. ::./,Í..:.: rrÃ* .};;; . :-rr
'..."•'.
í
3.
.^."i'. : f^J,,.'... :'lrí íif-írSvrCrírrrri-.ri; ^ 4.. -«-J-
SEMAMPlOs IfARANBE^S,-
4
lheres e horrprisai^ os orçamentos dos man- Ardem os fogos no areial de milhas
Dizem que Deus, que é ás. vçzes çp-jdpsona e tudo o n'este gênero apanha o E ondulam nos ares, espalhados
dos, de que Por entre acervos d'pvos e as vasilhas,
administração da sua justiça deslributiya, crepji de Gobejin, dos
Homem crêa os tapeies quaes sol são depurados.
o raio para com elle fulminar o homem, pu- mais de uma vez temrse. mostrado invejoso o Em que aos raios do
na voz do
4-10 das suas faltas e mostrar-lhe
'-
•i\ - V , ¦. ¦.'.v"'*v:-.- vi ."

da scentolha electnca a sua próprio Padre Eterno, segundo a asseveração Vãoe vem os caboclos .vagabundos,
trovão e no fogo
é summamente ançtorisada de um certo disçipulo illustre de Bêbados riem-se diante das fogueiras
superioridade. O homem, que Ou balançam-se em lubricas maquêras
tal respeito muito mais amigo da Vohaire. !'¦
atrevido e a natural trivilialidade da argilla, ao visco Nestes odores podres, nauseabundos.
áesmo,des- A'
justiça,por issaque o raio,cahinclo a cobre e á nulla belleza, que a distingue,
troe arvores, que nenhum mal fazem, e mata que oppõe a louça da China e as porcel- Penetremos aqui nesta barraca.—
o homem Da candeia d'argilla uma luz morta
muito ^inocente em vez de muito culpado, a os,fran-
lanas de Sevres, especialmente que Través da nuvem >de poeira opaca
olhou para cima, e levantou a agulha conduc-
cezes denominam biscuit, e que é um produeto As claridades lobregas aborta.
tora. No cume de um monte, armado o ho-
do excessivamente agradável á vista e aos enfeites
mem para-raio,recebetranquillo;asdescargas de melhor Ora o Guesa, que sempre se sentia
electricas, e podrç gpsar do ^xpectaculo que jardineiras ebufeles.Melhor oleiro,
na tão tranquillamente tecelão, melhor alfaiate do que Deus, o homem Revestido do Signo, e sem do insano n
ellas offerecem queda o fim a sua demonstra- Zenon ser filho, então lhe acontecia
de reservará para grande
como se vêem nos theatros phantasmagoria
Já elle applicpu o fogo á nave- Deixar o manto ethereo e ser humano.
as evo- ção de poder.
os quadros admiráveis do polyorama.ou vapor; procura applicar a agpa, que Elle attendeu. Mas,br*ve,lobrigando
cações satânicas do nigromante adestrado. A gação por
remove os inconvenientes da despeza e dos ris- Capitães e vigários, boa gente,
voz da cholew celeste torna-se para o homem
cos de explosão; ha-de por fim lembrar-se do Foi levado dà electrica corrente.
um canto de electriçidade; a.espada de fogo da
do alto é apenas uma faísca brilhante e arathmospherico e applica-lo como propul- Flor de lotus ante ella reluetando—
justiça N'esse tremendo e solemne dia tudo se-
rápida, que estoura em cima e desce pela sor.
na terra como os nossos rá concluído. Os norte-americanos serão os E lá perdeu-se no pegão-rpampeiro
agulha a esconder-se formarão deposi- Quando os índios mais vários doidejavam:
e estouram nos ares inventores da idéia; grandes
fogos de artificio brilham como formam 05 de E este canto verídico alternavam:
e grosseiro
tos de ar alhmospherico
e nelles apagam-se. e, repetindo as experien- Em toada monótona
homem oppoz algodão da Geórgia;
A' electriçidade das nuvens o com todo o esforço ao
a pólvora do carvão, e, como combatente de cias, e entregando-se irá
1
o gênero humano gradualmente
armas de fogo, faz pontarias em regra com pe- trabalho, o ultimo repre- (Muxurana.)
de que se extinguindo, de modo que
ças, mosquetes e carabinas, privilegio da nossa raça ha de a spu turno mor- «Os primeiros fizeram
as nuvens não gosam. A' ditferença dos ele- seritante vapor, que com o im- As escravas de nós,
dos seres creados o ho- rer juneto ao tubo do
mentos da existência bússola a perder-se Nossas filhas roubavam,
igualdade; envolto p^so dado seguir^ sem
mem oppoz a mais perfeita Logravam
il no apparelho do mergulhador, o homem apro- nos mares, . E vendiam após.
vive no fundo Èm chegando esse dia, o espirito do mal na
pria-se da natureza dos peixes e orgulhosa ufania perguntar a
do mar; mettidoáa barquinha do apostam, o de rir-se e com 2
feito da tua obra? »..
homem torna-se igual á águia e permanece nos Deus: queé os braços e,ex-
(Mura)
A bondade infinita, abrindo Por gentil mocetona
ares. Tempo virá em que todo o gênero hu- Onze tostões em prata,
mãos, lhe mostrará o universo crer
mano, subido em balões ás nuvens, deixará a tendendo as da luz, sempre Ou a saia de chita
e obrigará ò creador a lhe ado, sempre aos explendores
terra erma e triste* Bonita
embaixadas de anjos, que lhe supphn na juventude da belleza eterna, obedecendp
enviar e da sabe- El-rei dava pro-rata.
esta sempre ás mesmas leis da grandeza
quem a descida. Cornmovido por grande
doria.
prova de consideração, e mais ainda pelassau- Flavio Reimar.
3'
dades de uma chicara de café e de algumas (Tecuna.)
Carimbavam-lhe as faces
:.&.;*¦:¦¦;¦.. .'---'¦

o homem re»
gottas de marrasquino de Zara, Bocetadas em flor,
á terra para n'ella continuar a fei-
gressará Altos seios carnudos,
tura da sua grande obra. GUESA XKKANTE., Pontudps,
A'monotonia dos sons,que o vento por toda Onde ha séstas de amor.
a parte naturalmente produz; ã monotonia Canto II.
maior ainda das voses do oceano a bater nas
canto dos passar iFr|gmento.)
praias; á um pouco menor do
ros o homem oppoz a grande harmonia da (Tucháua Mangerona.)
¦
,-¦/. 1
'; VI

'

flauta, do violão saudoso, da harpa gemente,


*

*"*


,.'•",

da cometa de piston, e sobre tudo da varieía- Abalroam a noite sonorosa Mas se os tempos mudaram,
Não se anda mais nú:
de admirável dos instrumentos do talentoso Longas vozes ondeando nas soídões, Hoje o padre que folga,
'belga Adolpho Sax. Resôa a margem taciturna, ümbrosa,
for- Se não com as alvoradas, co'os serões. Que empolga,
A' gestação laboriosa da natureza, que Vem comnosco ao tatu.»
ma continentes e ilhas, que levanta a crôsta
terrestre aqui e alli, que se alonga para crear Amava o Guesa Errante esses cantares
um isthmo, que se estende para faserdesap- Longínquos a deshorasnas aldeias, Ah que o mêmêchjó vai bom!... desmancha-se
a machina Se aproximava, triste, dos logares
parecer um golpho, o homem oppõe nas areias... Entrando frei Neptunp ventania
de excavação e perfuração; rasga o isthmo de Tão saudosos—«Saltemos A dançar, a caniár. Maccú-Sophia
Suez, assim como hade rasgar o do Panamá; Do frade no capuz salta, escarrancha-se:
é isto?! O' descoras, .
atterra um, lago, assim como abre a base das Mas o que d'alma oinstineto, peste, que
metter-se túnel na almo- Corrompes que os perfumes E lá vão 1 e lá vão I pernas; e braços,
montanhas para pelo Alegram, divinisam sobre ós cumes Revirando! que bellos solavancos
fada da locomotiva; enchuga os pântanos e ala- ÍDas trescalantes flores destas horas 1
solidifica o mar;corta para Queo frade leva aos trancos é barrancos
gadiços assim çqmo Entre applausos geraes, palmai fracassos! ¦
.*>-;*..
";V.*(.".;;

um lado, augmenta para o outro, faseiidp da ;--"í j.-.''

faz jE eu vi, longe daqui, a Morte o seio ¦

terra o mesmo que a thesourá do alfaiate familia feliz despedaçando,


o ho- |Da
do panno. E no mister do alfaiate é que Rotos os laços do mais dócô enleip, (Velho Umáua.)
mem revela todo o seu prodígio, O casulo do IÉ a virtude, a belleza soluçando.
' ~, '
¦ A*1* ¦ ¦ ¦
. .

kh
algodão é pequeno e^ redondo; o hompm des- «Senhor padre coroado,
Faça roda com todas:
dobra-o, fia-o e ò extende em pannos por le- O silencio caiu, fez-se a tapara A catijaga já;fe<te
e legoas; a fibra do linho é curta e feia, ;Na Concórdia dos cantos e os amores—
goas na primavera Jápeder-T
o homem tece-á e alveja-a de modo a poder Magalhães, Magalhães, murchamas flores..» Suçuaranas'stão doud^s f
branco; a» Pártiste—éemteus jàrdinsjá
cobrir toda a terra com um lençol
lah é repugnante á vista e disposta ém aca- '' VII ,
:V-::'.,; * -.

nhadas proporções; "àlípmem cardo-a eprepa- ¦.


..¦ . .
¦ .,.¦¦ .
¦ .
.

ra-a de um modo surpfehendedor; o fio do Na matta de mil annos o crescente, (Frei JSeptano entrando.)
bombixésújo e escuro, o homem adapta-o Como errante caipira que divaga Bravos, bravos, Senhoras!
á seda e dá origem aos esplendores dos vesti- Entre as sombras dos troncos, dpçementç Corra 6 ferva caissutqa,
tanto agradam áimaginação das mu- Séüs infantes clarões- recolhe e apaga,-,
dos, que

€ (j
O

'¦''¦':'. '¦:¦"'--.'' '"''¦". ¦


:-v--
...... ->...'..„. i
1 f)

,. il ..-.* ,->»'' 1 ' -:¦'¦' ...*".


• ',
if
--¦¦.•'¦,'
**
'

.
¦ ¦',
",
,
*¦,
., .v
.'¦
¦
:"
¦¦ ¦ ¦* 'A
.V.
¦ ¦ ¦ ¦ V:
- ¦"¦ t •;}... ¦
, ¦ ¦«.¦,- »

r'H
: '• ,',/¦¦ #p;il} ' '¦ A*S
:¦''

*
•7
MARANHENSE. ¦
I
¦

¦ ¦
l

Que faz olhos quebrados, HOSAÉVinGfKM. it-

Damnados 14 %
Em delicias d'espuma! (Velho Umáua.) A rosa quando desponta^j **¦'.[
'¦'A. •'•¦>%
•'"

Iguala a virgem louçan, t


«Graciosas potiras, s No aroma, e na belleza ¦ í'"|
(Coro, das índias.) Fujam Juruparí: Das pétalas cor de romah.
Tão malino! suas festas \ : M-a
Teçamos a grinalda São estas A virgem meiga e singela, -A
A' cabeça de lua— E preside ao urari. Da rosa imita o botão,
Óácca I yacé—tatá, Na innocencia e meiguice
Irá-tatá-^- 15 Do singello • coração. / ;'1
Glorias da carne crua t (Capitão Jonathas.)
A rosa, bem como a virgei»,
(Capitão Jonathast) As acácias recendem, Encanta o prado onde está;
8 Meia noi te dormente, A virgem, bem como a rosa,
•* Grita o gallò da serra, Perfumes ao mundo dá.
Quero o fogo assanhado Lá berra
Das índias sem vergonhas Sapo-boi na corrente! A rosa, bem como a virgení.
Que não coram de pejo Se é batida do tufao^
No beijo - -..'
16 J::.../::'';.,: Vacilla, treme, descora,
Nem nas dansas medonhas t Estala e rola no chão. [ -A:*-' -/ A:' A.À)
(Fora.)— Viva, povo, a republica
'': •-'¦:
¦

- -.¦'-. "' ¦ A
'-''-' ,''
De Colombo feliz! A virgem, bem como a rosa f.í

(Dentro.)—Cadellinha querida, Se o simuri por ella corre - ¦ V..'*'

(Novo coro enternecendo.) Rendida, Descora, treme e vacilla, '¦¦¦¦¦¦¦}%

Aqui tens teu juiz. Suspira desmaia e morre. -:¦-":¦'[ li


Nos rochedos ululam *¦ "AÍ
'¦.'**>

Na sasão dos cajus 17 Ante tem vidas mui leves I

Amazonas—fagueiros [Coro das cabeças.) Ambas morrem d'uma dor:


Guerreiros Uma, de tarde com a brízá, ('.'¦-*

Vão pintados enús...» Escanchada nos ramos Outra, na tarde do amor. ¦ \~M

A Maccú dorme agora, • *


' "l ,* -3
íi
Tem padre Celso a face da Tecüna Porque os sonhos das flores R. BORBA.
Em áuas mãos carinhosas afagada, Amores "::.'A^.-; ':.¦¦<?"? ¦
li .'l.**i

Oh! como a vestia santa ruge e enfuna Lhe conduzam na aurora.


Na evolução lasciva desfraldada I A CORVETA BAKIANA.
18
Uma torceu o pé e está sentada (Mundrucú.) Quando^a corveta Bahiana
Junto á candeia, e canta o seu propheta; Na nossa barra surgio,
Outra enlaça-se aoGueza, arrebatada Coitadinha Baniua, Estranhas cousas se vio • . - 'I
Em scintillantes voltas como a setta. Novo cactus dé amor, N'esta nossa capital:
Chora aos brados da festa
10 Molesta > Salta em terra de mancebos r.-a
xCèlso.) 0 mais formidável bando,
(Padre Seu noivado de dor...
Que andava perigrinando
«Linda boca risônhá (Umáua a grandes brados:) De prantos poi- este vai.
Que mastiga o cauim
Que nas veias titula, ¦ A' -'V
'¦'•¦
*'¦ ¦¦:.-. -¦.¦.-¦'.. . ,
ti m&
'''"¦'.'.¦',*" '¦'.¦'- Houve baile, houve folia,.
Scintilla Ai' .-A" .

Concertos, mil cousas bellas;


No prazer dòfestim— Sonhos caiam da nuvem Muitas meninas donzellas '¦*--*¦-.
'•.-.:¦•'
¦¦¦«¦".'.¦:'.',
BW
-'*, oò;~rfo

Chuvas no urucarí— ¦

Já se fez càe-á-ré, Apprenderão a suspirar; .;-.'. ,.-¦;¦


¦ m'- .-¦• :'¦*¦ . >' % ; *J9i

Jacaré— r Houve dedinhò apertado, r,,:.- ¦ m


* -i
Ái de mim! amo a baba Viva Juruparí'!—» Segredinhos do ouvido, ';-;¦•;
.;¦'. '.•;'-.- '
j
, 'A:Ç)^
Da formosa loucura, VIII. Que muito peito rendido ¦
''r„A''-^A^-'
I-ifi
' ¦¦¦¦ '''¦'¦"/'':vrUÇ

Mais que o trago da missa, • Escutou sem trepidar. yA • • )4


Que piza Canicular delírio! paroxismos ..-
'..- ' ¦' -A • **'
-¦¦"¦¦-, ::.'Í;l'Airs

Plúmbeo pé de gordura. Do amazoneo sarau 1 --pulam, suavam, Houve ais, houve suspiros,
Na cintura phantastica brandiavam Ditozinhos amorosos,
i-; A;/Í;A. ^Hiffi i
'¦'¦

12 Como á magnetisação ante os abysmos.


Que muitos pais descuidosos
¦Vijr¦¦¦}! í:'

[Â que torceu o pè.) E se contorce o Satyro e se alteia Não poderão certo ouvir;
Com tangeres finaes, na índia avena Houve cabeças mui leves,
Já foi preso Alexandre Carpindó a se finar, e dansa e accena
Para Venesuella— Que se tornarão pesadas,
-VA
Os judeos! era um christó, De amor, vampiro em volta da candeia. E que por mui carregadas
Não poderão refh-clir:
-
... *¦-

Por isto
Vio sua lugubre estrella I Dissolução do inferno eni movimento! .', ?.
- '¦

Como as fozes, mugindo as águas bellas, Houve madeixas cortadas


'¦¦tv.¦

13 Volvem-se em laivas negras e amarellas, De mais de um negro cabello


Despojos de onça. Foi um só momento:
JGuesa*) A muito mancebo bello
«Viva Juruparí I» Tem-se apagado Em fé mandadas de amor;
Èu nasci no desertof
Vi a luz no equador: À luz, e fez-se a treva. Então se escuta, Houve presunto, houve paio,
As saudades do mundo, No volume da sombra em que sé occúlta, Chouriços frescaese novos, ;,
Do mundo— Gemer, fungar o escândalo espojado. E lingüiça com Ovos
(Rodando).---Diabos levem esta dor l» Do mais ameno sabor:
»¦*¦*"
Porque á voz ap amor. está-sugeita:
Deu signal, ninguém ouve, o velho Umáua E é lei por uso do tatuturema it'wV-:.'-:*i'-.vÁ.".--¦¦''. -

Houve muito cavalleiro,


A*s donzellas não inda apresentadas: Que onde poz-se a mão a presa é feita,
Pois se o juiz, que érei do Sorimáua, E ninguém se conheça ou fuja ou tema. Que encontrou muita aventura;
Faz com tanta expressão os seus trinadòs Houve muita alminha dura,
Então—então praticam-se do incesto Que embrandeceo afinal; •
La fora um Promotor republicano Os mais lionílios, mais brutaes horrores I Honve a noite serenatas,
Da a beber caissuma aos jacamins, Desta vez o péiór desses amore$ Vulto embuçado na esquina,
Abs mútuns que se elevam n'um inslnò Foi um caso da Corte deshonesto-- Mais de um peito de menina, ¦ -
:-::i

Desnorteado saltar, mas nobres1 fins. Que curlio' anclá tnòrtàl.


"'• - Que o digam padre Celso e o velho Umáua.
r : A."- -
—E deixo o meu assumpto depravado:
E a multidão apinha-se ao entorno, Rompeo-se seda tfcá/mbraiíi^
E as cabeças se amostram nos ubis, Que me desculpem o triste recitado
Range abalado o fumarento forno, Do que ás bordas se vê do Sorímáüa. Com que muito cobre vai;
A algasarra infernal toca os zeniths. Souza Andràdk. Houve iriífis'db?dnr triste pai,
uI |I
¦V A

r-1
•?

I
^^-.•^^¦¦-•'•^•'i
f"*
'is
L ———- — . — ¦->- ,.„...¦.-..-,¦ ,....-.^-— *mm^——^—1^—«Mi
if**^*^n*JAM*" ^fw^TW^fr-™ »T~ , •' r. •-.T'".'-':-!"'' ¦.¦ ,¦ ¦¦-¦*:¦>."¦¦. • ¦¦¦,•¦".»: ^«v-j

8 SEMANÁRIO MARANHENSE.

Que se chamou infeliz: « + •? ? Salteado de duvidas e muito descrente


As filas erão sem conta, das couzas orientaes, é que vou invadindo
As rendas tantas e taes, Cicatrizar tu queres a ferida a seara alheia, e fazendo a chronica do
Que alguns maridos e pais Tão profunda, que abriste-me no peito? interior, oom estas observações fora de
Não fallirão por um tris. Queres dar lenitivo ao meu tormenlo, portas.
..,
Ao mal que me tens feito? Mas alem de não termos noticias es-
Houve ciúme, houve briga trangeiras para ,a chronica do exterior,
Entre o sexo feminino, Ksta febre de amor que me devora
acontece que o vapor japonez ahi está de-
Na sanha sempre ferino, Pode-a somente urn balsamo sarar!
fronte de nos, oecupando a attençâo pu-
Sempre prompto a desdenhar; Se com os olhos feriste, dá, remédio
Houve motejo, houve chasco, büca, e recebendo visitas e compri-
Também com outro olhar 1
Olhares torvos, medonhos, mentos.
Muitos corações bisonhos *, O incêndio voraz que tao intenso Foi elle a maior novidade da semana
Se deixarão sossohrar. Em minha alma referve, abrasa e lavra, finda, novidade duas vezes importante,
Corn tuas falas nasceo, pode acalmal-o porque—tanto a qualidade do navio,
Muito pai fez vista grossa Também uma palavra! "* corno a tripulação do sobredito são pes-
Em noite de gnm'folia, soas e cousas pouco vistas n'esta pro-
Muito1 marido encobria Trazes comtjgo o antídoto que cura vincia.
.¦'.'¦

.-
As .suspeitas que cobrou; O veneno que dás enlbriagador; . Se o leitor prometa segredo, eo sou
Muita mãe ern servida E, sq eu soífro de amor, o meu remédio capaz de revelar algum, que me foi con-
Cun desvelo ao pé da filha; Seja também de amor .. fiado. ?ü
Pois (pie o ler prole casquilha • '
At leu ções lhe grangeou. Feiticeira, que assim me enfeitiçaste, Esta dito?
Para que eu nào chame isto um castigo, Bem; como quem cala consente, eu
Isto foi quando a corveta Prova também do philtrò que me offertas, principio a revelação:
No nosso porto surgio: \ Te envenena eommigo!
Viajão incognitosdons filhos do Jaicun.
Porém quando separtio, Os príncipes estão entre nós. Já forão vis-
Foi o caso sem igual: Joaquim Serra. tos em vários lugares,pois elles mostrão-se
Houve soluço, houve pranto, .V" ¦¦•.;¦. ¦
sem rezervas e nem cerimonias. Falão
Suspiros, queixas e ais, ¦xtwtissTgitmwiismsWsmMmmtmMt^
inglez como o mais polido lord; têm vin-
Crerão chegado o$ mortais > te e um annos; são bonitos, ricos, soltei-
Do mundo o termo fatal! CHRONICA INTERNA. ros e amigos de aventuras.
Corre como certo que existe o Japão. Suas Altezas andão vestidos como
Houve trancas desatadas simples mòrtaes; nem fardalhão ou saia
De damas, que se carpião, A presença do irmão do Taicun em
* Paris, e de um encouraçado em o nosso de raalhas,nem chapeo armado ou mor-
Após o^ que maldizião -
A -hora que as vio nascer; porto, falão muito em abono da geogra- rião.
Cabeças que nas paredes phia, tão adulterada e fallaciosa depois As bellas mantas de cachemira, os fa-
Vinhão dar-sem piedade, que forão rotos os tratados de 1815. bulosos brecados da Pérsia, decantados
Muita gente em tem a idad.e, Ora, acerca da existência do Taicün, nos contos da princesa Scheraazade.nada
Que quisera não viver. eu nada afianço, máo grado o joroalis- disso pode-se admirar presentemente. Se
mo francez.. ou antes—por causa do jor- Allah ainda é Deus lá pela mourama;
Houve quem pela sorrelfa nafismo francez; mas, a respeito do en- o figurino europeo já é propheta tam-
Mandasse comprar peçonha; couraçado, não ha quem possa alimen- bem n'aquellas zonas. >
Pois que a vida era medonha Se SS. Altezas passarem a festa dos
Depois que alguém mais não vio;
tar duvidas, por isso que elle ahi se
acha, fronteiro ao baluarte, e exposto á Bemedios aqui, hão-de aprendsroadagio
Houve quem como Culypso
Co'os olhos acompanhasse todas as criticas. que assegura não haver Maranhão como
O baixei, e se queixasse Aquelle navio, ex propriedade dos Es- este; e,se conversarem de passagem com
Òeoulro Ulysses, que parlio. tados Unidos, é o leão dos mares japo- alguma das nossas patrícias bonitas, con*
nezes, e devia ter causado ali a mesma vencer-se-hão que as huris do propheta
Houve syncope, houve hyslerico, revolução, que a primeira caravt lia por- nãolevão vantagem.as lindas e espirituo-
Muito doutor foi chamado, tugueza entre as igaras concavas dos sas filhas do equador.
Que n'um recipe estirado habitadores d'cstas plagas. Porem se SS. Altezas, que viajão como
Para espasmo receitou; Vapor blindado é cousa seria de mais observadores,quizerem levar modellos de
Houve gente -desabitada, nas terras do Oriente. Eu ando muito utilissimas reformas para o seu paiz;estu-
Que referio coisa taula, desconfiado da invasão que vae fazendo tdemas rondasfeitas pela guarda dareser-,
Que muita menina santa a civiljsação e o yankeesmo. A esse res- va; a soberba instituição da guarda cívica,
N'esse tempo pràcticou. eo invento das posturas municipaes. Na
peito vivo em guerra aberta com o meo
visinho Flavio fâiipar. ordem material basta que tirem copias dos
Cousas se disseque temo Ha pouco batia elle palmas pela aber- chafarizes do Anil, do cães da Sagração,
Corilar-le, leitor amigo, e da pyramide do Quartel. Levando
Pois não respondes eommigo
tura dos portos japonezes, e cantava um
Té-Deum laudamus em honra dos espec- isso,SS.Altezaslevãomais outro sol para o
Pelo que p-ossa avançar: Oriente;e poderáS abarrotar de progressos
São casos em. si lão graves, taculoscivilisados, que teremos de obser-
varn'aquellas paragens. as viciosas terras de Aziá e África. ;
Que ao narrador atrevido
Pode vir pai, ou marido Esse facto, escandalosamente progres- Eu, porém, peço ao leitor que não me
Costella e lombos quebrar... sista,unido ao suffragio universal da Con- comprometta espalhando que revelei o^
chinchina^que elle lambem levou a apo^ segredo que me foi confiado, expondo"
Apenas um mez passado theose, e combinado tudo com a audácia a curiosidade publica o rigoroso ittcog-
Era a corveta esquecida, de Abdul-Azzis trajando cazaca e sobre- oito dos príncipes japonezes.
*
E toda a caterva infida tudo nos passeios á Exposição em Paris, E assim termino a chronica de hoje,
Jã só cura dè valsar; âfsusta horrivelmente ao autor d'estas plenamente arranjada com uma única
Busca já novos amores, lintris, que não comprehende a Turquia e indivisível noticia.
Que apenas durão uma hora... sem albernoz e turbante; % China sem *
PlBTRO üeCaSTELLAMÁRE.
E fie-se a gente agora
No seo inconstante amar!
chinoiseries e rabixo, e o Japão com ».....
¦ ¦
marinha blindada e sem as clássicas lor- Typ. de B. de Mattos—Imp. por Manoel F.
chás.
.,

Tüllio Belléza. Pires, rua da Paz, 7.

í Í
»¦»«

'

:.; .-:....-.¦. , ¦. .-

»
w-

:Mc*
SEMANÁRIO MARANHENSE.
ANNO I. San'Luiz, Domingo—1$ de Outubro—1867.

Publica-se aos Domingos. Assigria-sf. nesta typographia e em mão do Snr. Germail Martins d'Assurapção a 2_â000 por trimestre (13 números).
kdictoi. -B. clje Mattos.

seuiuuo uummsi. cimentos humanos, eSrequer, com a in-


vestigação paciente^lturada meditação.
theca Americana, collection d9ouvrages
inedits et rares smi rAmérique. W esta
A' narração dos fact(ís| á citação das dac- obra um segniinento, como a intitula o
NOTICIA BIBLIOGRAPXICA ACEftCA tas, ás notícias geogrlpbicas, geiodesicas, auetor, ou complemento da Historia do
BA NOSSA "HISTORIA. e estalisticis, deve r|unira ãnalysephi- padre Ciaudio d'Abbeville: divide-a em
Tenho que de todas'as províncias do h)«ophica de todos esses dados,procurar duas partes, tractando elle com mais es-
Brazilnenhuma ha que possua tão va- lhes as cansas,assignatóír-lhes os effeitos, pecialidade na primeira dos usos e costu-
risdos e copiosos documentos históricos encadear os acontecirp|ntos,esiiu.)drinhar- mes dos selvagens, e na segunda do que
como a nossa, faltando-lhe só o archi- lhes todos os biçosaolecedencias e conse- respeita á cathequese. A introducção e
tecto que, escolhendo com critica, e-reu- quencias; apreciar -is leis, a litteratura. notas com que o' erudito Mr. F. Denis
nindo com saber taes materiaes, erga os costumes.e usos,,o commercio e a illustra esta edicção da Viagemde ÍFEvreux
lavoura do povo nas diversas epochas da são excellentes. -J" s
um edifício digno do Maranhão e das boas
lettras,que com tanto gosto como esmero sua vida politica. o seu estado de desen- Jornada do Maranhão, feita por Jero-
cultivam seus filhos de talento. volvimento scientifico, religioso, moral, nimo d'Albuquerque em 1614, por Dio-
João Francisco Lisboa era quem o po- e material, etc. Assim é que se entende go de Campos Jtforench. Sahiu no 4.° lo-
dia ehavia de architectar,se as erifermida- a historia, assim é que a escrevem hoje. gar do prirneiro tomo (1812—Lisboa)
des lhe não cortassem a vida, e o nimio Creio que já muito fazemos, òs que a dos sete que formam a Collecção de no-
escrúpulo com que nunca se dava por sa • cultivamos sem folga, e s<jm as habilita- tircias para a historia e geographía das
tisfeito, apezar de oito annos de vigílias ções precisas, desbravando o caminho Nações Ultramarinas é—publicada pela
e estudos rio archivo da nossa câmara aos que tiverem puMça^para trilhai o Academia. Real das Scienciás.
municipal,enasfartasbibliòthecas earchi- desassombrados, inátodo-lhes as fontes, Relação summaria das tomas do Ma-
vos de Portugal, nãò o detivesse ante a animando-os nas $|p)tas, applaudin- ranhão, escrita pello capitão Symão Es-
enorme responsabilidade de historiador do-os nos triumphos^l^ado d'este pensa- tacio da Silveira, dirigida aos pobres
verídico; e rio emtarito não lhe fallecia mento é que passoVç|;táiscuohar era bre- deste Reino dé Portugal. Em Lisboa, por
nenhuma das qualidades exigidas aos ves traços esta notictfbiblio^ que Geraldo da Vinha, 1624. É' este opuscu-
que seguem os brilhantes passos dós Ma- pela aridez do assi||iSo, dlve ísegura- lo um folio de 12 meias folhas de papel
mente enfastiar os_J#>res do Semana- sem numeração. Vem no volume 47 (uni-
paulays, Çaniüs, Tbierrys, ílumes, Ban- rio, que se desfÓfÊraòvlíl|^^úÁ*e.Das'*|É^
crots, Gervinius, Herculanos e outros cui- ^rque trácta M América) da collecção de
to res felizes da sciencia histórica. ginas da penna do redaçtoiv a quem de- Diogo Barbosa Machado, do qual só exis-
vem tomar contas por este enxerto qne te hoje um exemplar pertencente áBiblio-
Aprofundado estudo da legislação e
das scienciás do direito e da economia lhes quiz offertar. e, que só terá descul- theca Publica do Rio de Janeiro, segundo
politica, ficção variada e aturada de his- pa por apparecer no dia da festa dos afirmam os Srs. Innocencio F. da Silva
Remédios. •< .
toría, d'estatistica e d'outros assumptos
Eil a em resumo: JP 7, pag. 277 do Diccionario Bibliogra-
correlativos,genio investigador,minucioso ptiico) e Figanière (Bibliographia historiea
e incançavel. espirito agudo, fina critica Histoire de lamission des Pères Capitam poitiigueza,\}ü%.i5í). Possuouma copia
e perspicácia, talento de observação e de dam Visle de Maragnan et terres circon- por mim tirada em 1849d'esse exemplar,
comparação, escrúpulo e consciência em voisines. par le pére Glaude dlíbbevüle. com 59 paginas de quarto de papel,e cons-
subido grau,memória felicíssima acompa- Paris 1614, em -12.° com figuras. Contem ta-meqne o manuscripto original pára na
nhada de muita reminiscencia, e sobre* 394folhas,alemdasdo Índice das matérias copiosa Bibliotheca Eborense. -Descreve
tudo isto um 'estylo vigoroso, sóbrio e e das da taboa remissiva do seu contheu- com muitos louvores a terra, seu clima,
fluente, e dialectica firme e cerrada, são do. E' obra rara e de que possua um ex- águas <3 produetos, e tracta do seu desço-
partes invejáveis, h que ninguém pode emplar, e o Instituto Litterario outro que brimento, da invasão dos francezes e ex-
deixar de reconhecer no Timon Mara- lh'o offertei. Consta-me no emtanto que o pulsão dos niesmos.
nhense. incançavel M. Ferdinand Denis procura Annaes Históricos do Estado do Mara-
Dos presentes,estava talhado só elle pa - dar (Telia uma segunda edicçãò. Descreve nhão. em que se dá noticia do seu desço-
ra arcar com as difficuldades de historia- o auetor em estylo singelo vários lo- brimento, e tudo o mais que nelle tem sue- ', -
dor—pois não consiste a historia, scien- gares d'esta ilha e de Alcântara, Gui- cedido desde o anno em que foy descuber- 4
cia do desenvolvimento e progresso dos marães, embocadura do Itapecurú, cos- to até ode 1718, por Bernardo Pereira4e
povos,em collecção de factos,descarnados tumes e usos dos índios, k. Vae cie Berredo.Lisboa, na oflicina de Francisco
de apreciação, embora relatados com ver- 1594 até 1613, ou o período em què des Luiz Ameno. 1749. Em foi. de XXVI—
dade; nem no amontoado de dadas-de cobriram e estiveram os francezes de 710 pag Foi reimpresso a expensas dos
créações d'institoições desapparecidas posse do Maranhão. Srs Drs. Fábio A. devCarvalho Reise Pe-
com o tempo,e d'erecçãod'édificios sem Voyage dans le nor d du Brèsil fait dro Nunes Leal—1849-51-^Maranhão,typ.
arte nem gosto que os recomraende, e tom - durant les années 1613 et 1614 par le Maranhense. Em 8.° de XXVI-655 pag.
bados êm ruína por mal contruidos;outro pére Ms VEvreux. publiée d'après Vex- Precede esta 2.a edicção uma primorosa
presumo não teem taes escriptos senão èmplaire unique conserve à Ia Bibliothè- introducção escripta por A. Gonçalves
t>iãs. ':;./, >.;::'-
o de servirem de pasto aos curiosos que que imperiale de Paris, avec ime intro- ::;'-
{Historia :;;;^;/:.-:V-/^-^;_y,
se dão por pagos de futilidadés; que não duetion et tíèsnotes par M. Ferdinand da Companhia de Jesus na ex-
de ensinoe proveitoaos povos, pude re- Denis. Leipsig & Paris. 1864. ,E' um tineta província do Maranhão e Pará pelo
creio e estudo aos espíritos ávidos de sa- bello e nítido volume em 8.° de XLVI- Padre José de Moraes, êa mesma Com-
ber. Seu fira e objecto são mui eleva- 456 pag.. que faz parte de uma collecção panhia. Pela dedicatória d^esta- obra pa-
dos, a urdidura difficii e complicada; ra- d'escriptòs relativos á Ameriea,e editados rece que foi escripta» em 1759 à suá-gri-
mifica-se e auxilia-se de todos os conhe- por A. Frank, com ò titulo (h—Biblio- meira parte, que é o que d^ella existe,
«-¦*¦ -¦ :\' -'-.

''.¦.¦',¦ '¦.'-'¦ '':'¦ ¦';¦¦-;'.;


, ¦..¦l:jí't'-'?. *í''.
ffflfSWvfP i^wpWwww. ¦ *"- 1
¦'/"

_*V

SEMANÁRIO MARANHENSE.

perdendo-se, conforme afirma o author cripto citado a pag. 221 e Outras do T. graphia dos logares percorridos até Goyaz,
no fim do volume, os abundantes mate- 3.° das Obras de João Francisco Lisboa. e dá noticia d'algumas tribus d'indios e
rtees para a segunda parte no confisco Parece que é obra de 168..., e que se dós limites das aldeias dos mesmos.
feito no Pará aos bens dos padres da oecupa com individuacão dos suecessos Memória sobre as nações geniias que
Companhia de Jesus. de 1684. presentemente habitam o continente do
Fôi descoberto o precioso manuscri- GompenMo histórico político dos prin- Maranhão: processo de suas hostilidades
pto peloDr. Antônio Gonçalves Dias na cipios doMavoiira do Maranhão & por sobre os habitantes; causas que lhes tem
Bibliotheca de Évora, e por elle remettida Raymundo José de Souza Gaijoso. Paris diffimiltado a reducção, e unico methodo
copia para a secretaria do império, de —1818-8» de XXÍ1V-837
pag. E' obra que seriamente poderá reduzi-los. Escripto
onde a houve o Sr. Dr. Cândido Mendes que se vae tornando rara. Possuo um ex- em 1819 pelo major graduado Francisco
^Almeida, que a fez imprimir, com o emplar. Quanto ao seu mérito histórico, de Paula Ribeiro. Vem impresso no To-
auxilio dos cofres d'esta província, em veja-se o que diz João F. Lisboa a pag. mo 3.° da Revista Trimensál do Institu-
1860,sob o titulo geral Ae-—Memórias pa- 20 do T. 2.° das suas Obras (1865). to Histórico e Geográphico Brazileiro(184l)
ra a historia do extineto Estado do Ma- Estatistica historko-geographica da a paginas 184, 297 e 442. Descreve os
rànhão &> colligidas e annotadaspor Can- provincia do Maranhão & por Antônio indios das diversas tribus que infestavam
¦
dido Mendes d'Almeida, 8.° de XU-549 Bernardino Pereira do Lago, coronel do então a provincia,#seus usos e costumes,
paginas. corpo d,'engenheiros. Lisboa 1822. Em 4.° expedições para reduzil-os, e meios que
Rélaçam. histórica e politica dos tumid- de 91 pag. ecom*l6 mappas estatísticos. julga aptos para conseguir tal fim. Sua
tos que suecederam na cidade de Sam Veja-se sobre este trabalho, queéhoje ra importância histórica é de dactas cValgo-
Luiz do Maranhão, com os saccessos mais ro, e de que tenho dous exemplares,o 2° masd'essas expedições e poucb mais.
notáveis que nelle aconteceram. Sua des- T. das Obras deJ/F. Lisboa, pag. 22 Discripção do território de Pastos Bons,
cripção geographica, seu descobrimento, (1865). nos sertões do Maranhão, propriedades de
conquista, guerras com francezes intru- Roteiro da costa da provincia do Ma- seu terreno & pelo major Francisco de
soò e indios naturaes. Invasão dos hol- mnhão desde Jericoacuára até a ilha de S. Paida Ribeiro., Vem publicada a pag. 41
landezes, sua expulsão e exacta nomeação João. e da entrada e saindo' pela bahia de doT. 12 da mesma Repila Trimensál.
do tumulto que na dita cidade se levan- S. Marcos,pelo coronel de engenheiros An- E' uma minuciosa e importante descripção
tou, e a quietação delle com a vinda de tonio Bernardino Pereira do Lago. Im- topographica e hydrographica do territo-
Gomes Freire d'Andrade, e o exemplar presso em Liverpool por Harris's Wi- rio do nosso sertão em 1819: seus limi-
governo delle. e de outros governadores dow & Brothers. 1821. E' um infoliode 21 tes, rios, character dos habitantes k são
delle the o de Francisco de Sá e Menezes, paginas, em portuguez com a traducçào tractados com individuacão.
é por FranciSeCo Teixeira de Moraes, na- ingleza ao lado. Traias dadas da creação Itinerário do Rio de Janeiro ao Pará
tural da villa díAlemquer, e cidadão da d'algumas villas, rèctificações de nomes e Maranhão pelo brigadeiro Raymundo
dita cidade. Anno 1692. E'manuscripto de logares e jxmtos, k. E' obra para e José da Cunha Mattos, 2 volumes em 8.°
da Academia Real das Sciencias, de Lis- de que tenlio um exemplar. Rio de Janeiro 1836. Existe um exemplar"
boa. Por diligenòias de um amigo pos- Espelho critico-poluico da provincia do no Instituto Litterario Maranhense.
suo desde 1865 uma copia d'elle em folio Maranhão, dividido em duas partes: na O Tiirij-Assú, ou a incorporação d?este
de 242 pag. E' dividida a obra em duas primeira se mostrai tm summario dos pro- território á provincia do Maranhão, com
partes, contendo cada uma quatorze ca* \gressos da lavoura, ê circumstancias dos um mappa. Rio de Janeiro—1851. 8.°
pitulos. J. F. Lisboa a cita varias vezes, lavradores &; na segunda o caracter e de 128 paginas. Tracta o Sr. Dr. Candf-
quando tracta da revolta de Bekman. costumes dos habitantes, e alguns factos
"magistrados do Mendes em um memorial, que prece-
Poranduba Maranhense ou relação his- mais notáveis dos generaes, de vários documentos, de provar a justiça
torica da província do Maranhão por Frei e clero, por um habitante da mesma pro- que nos assistia na incorporação doTury-
Francisco de N. S. dos Prazeres (fc—1822. vinda. Lisboa, na typographia Rollandia- assú ao nosso território, como de facto
Manuscripto existente até 1850 na Biblio- na. 1822, 4.° de 50 paginas, contendo a depois realisou-se, e, entre outros argu-
theca do Instituto Histórico e Geographi- l.a parte, ünica que sahiu á luz. mentos que appresenta, vem com o his-
co, e do qual tirei uma copia do capitulo Attribue-se este trabalho ao redaetor toricoda questão.
XXI (1718) até o fim: Contem a obra 32 do Censor—João Garcia Abranches. Se A Carolina ou a definitiva fixação de
capítulos,alem de um diecionario da iin- bem que tenha algum interesse esta- limites entre as províncias dó Maranhão
gua geral, com que termina, e uma carta tistico, nenhum offerece quanto á tisto- e de Goyaz—questão submettida á decisão
geographica, tambem copiei. Até'o ca- ria por se aguardar o auetor para tractar da câmara dos srs. deputados & com um
pitulo XX é um resumo dos Annaes de do assumpto na segunda parte. Possuo mappa.WxQ de Janeiro—1852. 8.° de 226
Bèrredo, e d'ahi segue resumidamente a um exemplar d'este opuscnlo. paginas, em que o Sr., Dr. Cândido Men-
historia da nossa província até o gover- Artigos de officios da junta da dele- des, no memorial que faz preceder a |;
no do general Silveira» gação das províncias do Piauhy e Ceara vários documentos comprobatorios do
Roteiro e mappa da viagem da cidade com a do Maranhão, mandados imprimir nosso, direito ao território da Carolina.
de S. Luiz do Maranhão até á corte do por o Illm. e Exm. Sr. governador das discute os limites da provincia de Goyaz
Rio de Janeiro, feita por ordem do gover- armas desta provincia, Rodrigo Luiz Sal- com a nossa, e faz o histórico fia questão,
nador e capitão general d'alquella capita- gado de Sá e Moscozo. Maranhão, na ty- A revolução da provincia do Maranhão
nia, com os offims relativos á mesma pographia nacional, anno de 1823. 8.° desde 1839 até 1840: memória histórica
viagem por Sebastião Govfies da Silva Bel- de 84 paginas. Creio ser rara a obra, e documentada por Domingos José Gon-
ford» Rio de Janeiro, na impressão regia não sabendo de outro exemplar alem do
çalves de Magalhães. S. Luiz do Mara-
1810. 8.° Existe um exemplar na Biblio- que existe em meu poder. E' curiosa co- nhão. 1858. 1 vol. em 12*° de 168 pag.
theca do nosso Instituto Litterario Mara- mo collecção de documentos de umaepo- com notas por mim escriptas. Vem este
nhense. cha gloriosa da nossa historia natal. trabalho primitivamente inserto no voL
Papei político sobre o Estado do Mara- Roteiro da viagem que. fez o capitão 10 da Revista Trimensál (1848) de pag.
nhão por seu procurador Manoel Guedes Francisco de Paula Ribeiro ás fronteiras 264 a pagina 362. E' apaixonado o auetor
Aranha—Aqno de 1685. Manuscripto das capitanias do Maranhão e dade Goyaz em algumas apreciações, como quem es-
citado por J, Francisco Lisboa no tomo no anno de 18lõ em serviço de S» M. Fide- creve de factos em alguns dos quaes to-
M desuas Obras* na pag. 106 e outras* lissima. Vem impresso a*pag. 5 do T. 10 mou parte como secretario do presiden-
Existe copia no Archivo Publico>mandada da Revista Trimensál do Instituto Histórico te que assistiu a quasi toda a rebellião,
de Lisboa pelo nosso Timon. e Geográphico. Occupa-se quasi excHÍsi- Historia' da Independência do Mara*
Chronicadaty deJesus pelo vãmente, como soe acontecer a quasi to- nhão (1822-1828) pêlo Dr, Luiz Anto-
Pdttrje João' Phekppe Betendonf. Manus- dosos roteiros, da topographia e hydro- mo neira da Silva. Maranhão, 1B62.^
.& m ¦•''•'";v"v^-:-:-''i"-:
¦¦:,.;¦-. •¦¦'• - ¦¦•'.
.:"
¦¦¦ ¦ :¦ «>••'-.'• .' ¦'
;¦-'¦¦
*.'¦¦ '¦¦..-.
' - • ¦' ;

f
.

_
¦K,,'-
-¦'¦:.-:-. ¦¦¦:-,
i i
¦¦¦[? .•>.._¦:;
'.,.'"¦¦.
".

-*¦
_: •

V .¦-¦¦¦.
tíÇj_|rS.i. S.fÍL
"^
... .** ......
'•' ¦ -'.'. . :v rv.!,. '. :¦'¦" ' V-' -'¦&' '.-.. ¦' ¦ * . ¦ ' '¦'¦
•*»¦-¦" ' -' ll-*»-»*-l*»--»---*-**«--t»,-*-»-»t»»_^^
)'.¦•"

"*»¦

»
¦-.¦",:
'./ ,¦
*- '"
'">M ..

¦«
, .11-11
.... -. I.. I..
"»¦
III >¦
'-*¦¦---'•'¦ "-j^**-*--- rn —*•¦
_ ' -*-.- ¦¦ ¦ A.
aasaSa sa

- "
an-n—n

'I
U_a_Ui£____.
_-.^.T:"-t'rf».iii'iri.imnnl.i m

dá XI-349 pag. Documentos appensos-*52 theca


segundo informações me, tive de D. Gregorw *>
paginas. J. F. Lisboa: dos Anjos, e os padres mimo- ;.*,

Apontamentos para o diccionmio his- narios da Companhia de Jesus sobre ú '-:'¦'-;

torico, geographico, topographico e esta- ranhão—1626 ÇhronologiadosgmrWdores do Ma* oontroversiu da administração ¦

até das i&rejas.


tistico da província do Maranhão por Ce- 1718. Em 1680 e 1681. ° '
Catalogo dos capitães-móres^do Mata-
Mr Augusto Marques, doutor em medi- n/ião—be Carta do padre Pedro Pedrosa a S. A.
1615 ate 1745.
ema <5c. Maranhão,! 864. 8.° de 376 America
W dando conta de tudo o "que se obrti nas -'''/•;¦-

pag. abreviada, suas noticias, e cíe


Obras de João Francisco Lisboa, natu- seus naturaes, e em missões da Capitania do Maranhão até o
ral do Maranhão, precedidas dè uma nhão, Mulos, contendas, particular do Mara- no dos Tapajoz os
e instrucções d ojficio visitou: 6 de quaes em razão dem
- •

noticia biographica pelo-Dr. Antônio Ren- sua conservação e augmentó março de 1681.
mais ateis
riques Leal, Sc quatro volumes em 8 ° pelo padre João de Souza Carta do mesmo padre a S. A. em
Ferreira, pres-
sendo o 2.° e 3.° dedicados a delucidar bylero da ordem de S. Pedro,
natural da
continuação da antecedentes Outubro dé ê
muitos pontos da historia do Maranhão, villa de Basto. E' de 1693. 1681.
sob o titulo de Apontamentos, noticias, e capítulos, e 185 folhas em Contem 6
4.° Informação que deu a S. M. o
observações para servirem a historia \lo ¦ Noticiário maranhense, João padre
bescripção do Philippe Bètendorf sobre o expulsa-
Maranhão—Impressos no Maranhão de Estado do Maranhão,em rem e aos mais podres do Maranhão: em '¦'¦'¦ '
--;-¦ ,i

que tempo se des-


'!

1864a 1865.Correspondem estes volumes cobriu o Estado,


aos ns. 6.° a 12.° do Jornal de Timon, dores o tem por quem, que governa- fevereiro Me lti84. Tem 77 folhas. í, F.
governado, como está, suas Lisboa cita-à no volume III das suas
impressos do 6o ao 10° no Maranhão— nquesas e noticias, de presente temos, Obras.
1853, e o 11° e 12° em Lisboa-1858. com muitas mais que
que não se conhecem, Carta do padre João Plülippe Beten-
No Almanah do Maranhão para o anno e como se pode aumentar, e sua capaci- dorf, superior das missões do
Maranhão, .-- -.. v -ál
de 1849 por A. Rego vêem de paginas 34 dade: donde vierão os moradores índios ao •!¦'-. Ns*

padre João Paulo ' Oliva, geral da


a'. 70' .um" resumo' chronologico da nossa
T"Ví:rwv©.-*v?r? Uíl deste Estado,
^-™,.r, ev outras
um, «**, peregrinas virvams- Companhia de Jesus.
uuMsa pvf vyrmws circums-
historia desde o seu descobrimento até f^WWi Por João de Souza Ferreira mo-
1820, lista de seus governadores, I bispos
\ ftOlf. iSlSf-- «".-. Dl.ll* a-Va-V.*-. ~.l vedar da fazendu
.*/>/7/t/l» Af. f~~ I-. _1 ' * ¦ Informação dos Missionários dà Com-
dos auzentes do Grão-
ç.c. E' impresso em 1848. Pará. Diz o Sr. Rivára, bibliotecário d'E- panhia de Jesus dó Estado do Maranhão, i
Nos Almanaks publicados pelo Sr. B. vora, que esta obra é uma reproducçãò hoje assistentes nesta corte, em que rés- -J
'*.
-¦¦-

de Mattos, de 1858 até hoje, vêem como mais extensa dos capítulos 3.°, 4.° e 5 ° pondem ao que contra ètlm dizetn os mo- ¦MÈ
'14
supplementos aos mesmos os seguintes da antecedente. radares do dito Estado, sobre os índios da -

trabalhos meus: no de 1860—Apontamen- Descripçáo geographim do Maranhão, sua repartição e entradas doü sertões.
tos estatísticos daprovíncia do Maranhão: è de alguns rios, assim Respostas aos capítulos, ^ue deu contra
pertencentes d ca- os religiosos
contem 77 paginas de 8o; no de 1864— pitania do Maranhão, como do celebre da Compaákiq, de Jesus em .: " .-.'_
Provincia do Maranhão—opusculo de 60 rio das Amazonas, rios neste 1682; o procurador do Maranhão Jorge
que se met-
paginas; e no de 1866—Principaes sue- tem, e nações de que são povoados. Cons- de S. Paiú. Diz ô bibliothecario de Évora
cessos da historia da provincia do Mara- ta de 15 folhas em folio, e segundo o Sr. que é papel mui curioso para a historia
nhão desde o seu descobrimento até nossos Rivara é de lettra do das missões jèsuiticas.
padre Bento da
<fe (1866.) Fonseca, jesuíta. mu :Memoii^deJ2 propostas, que os pa-
0 padre José de Santa Theresa na sua Fragmentos de um roteiro dos rios do dres Missionários do Estado do Maranhão
Mor ia delle guerre dei regno dei Brazile Maranhão, com 5 paginas em folio da representam a S. Magestade para ser ser-
(Roma 1700—fl. de cerca de 500 pag.) lettra do mesmo padre. vido mandqr ver e deferir-lhes,
quando
oecupa-se na parte 2.a, livro 2.°, da inva- Breve descripçáo das grandes recred- lhe pareça que elles voltem ds Missões do
¦¦-'-'" -M
são e expulsão dos hollandezes do nosso ções do rio Munindo Maranhão, pelopa- dito Estado, de que ao presente foram ex- - .', y<

território. Acompanham a descripçáo dre João Tavares,da Companhia de Jesus, pulsos, na cidade de S. Luiz do Mara- 1
¦ ' -; ¦ 'Í
um mappa topographico da cidade de S. Missionário do dito Estado. 7 folhas em nhão. > -"'4 -.:.,.- '.<m
Luiz e uma vista da mesma. E' obra quarto Petição a El-Rey do procurador do Es-
rara e'de que possuo um exemplar. Representação do governador do Esta- tado do Maranhão, Dionisio CampeUo
de
0 Sr. Netscher no seu—Les hollandais au do do Maranhão (Alexandre de Souza Andrade.
Brésil-(lteye 1853)—pouco tracta da Freire) a El-Rey, dando" conta do seu go- Razões por que ús padres devem ser res-
invasão e estada dos hollandezes no verno. Consta dé 18 folhas in folio." tituidos ás Aldeias. a-
;1
Maranhão, oecupando-se apenas de pag. Parecer sobre o commercio do Mara-
Protesto e notificação aos padres i
123 em diante com esta conquista. rêão. 2 pag. 4o sair em fora do Estado do Maranhão. Ê''
paru
0 padre Domingos Teixeira, na sua Informação a 8. M. de todo o Estado
eeclesiastico dè 18 de março de 1684,
Vida de Gomes Freire de Andrade que comprehende a Capitania
(lh- Traslado das duas propostas das cama»
boa-1724) tracta no 2.° volume de pag. ou Estado do Maranhão. E' escripto em ms das cidades de I
S. Luiz do Maranhão,
172, do§ 10 até o 125 do Maranhão eda 8 paginas de fólio por D. Christovam dá e Santa Maria
Costa. de Belém do (jrão Pará,
revolta do Bequimão, e de sua morte;
Chronica da Companhia de Jesus da que fora th apresentadas a S. É. pelo pro- I
Rocha Pitta, na Historia da America Missão curador daí mesmas CMáriis, Paulo éi
Portugueza, Ayres do Casal, na Coro- do Maranhão, pelo padre Domin-
d'Araújo, Silva Nüi-iés: as quaes propostas sedóha-;
escripta êm 1720. Consta vam demoradas no
graphiaBrazilica, e Southey, na sua /fe- gos de 60 folhas in folio, e contem Conselho Vltmmátind
tonj of Brazil, nada dizem sobre o Mara- apenas ha mais de 5 annos \
três livros dâ'j^ o ¦n
nhão que adeante os Annaes de Berrédo,
e^ nem o Sr. Varnaghen, na sua Historia
resto da obra incompleto. ; Capítulos sobre os maus procedimentos
Fragmento de ama Chfonica da Còíh- do governador e capitão-genéral do _?stó-
¦_

Geral do Brazil, que já não o fosse dito


panhia de Jesus noMaranhão, pelo padre [do do Maranhão, João da Maia da Gama, J
por Berredo ou melhor ainda por J. F. Jacintho de Carvalho. Tem apenas apresentados a Ei-Rey pelo proeuradar do
Lisboa. 18 ío-
lhas in folio. mesmo Estado, Paulo da Silva Nunes/
ho Catalogo dos manuscriptos da Bi* !(17_2-1724.)
Maranhão conquistado a Jesus Christo,
bliotheca Publica Eborense colhe-se noti- e á Coroa de Portugal religiosos dá Ordens d» Geral dos Jesuítas, quêse
pelos
cia dos seguintes manuscriptos sofre as Companhia de Jesus. Incompleto eés- devem guardar na Provincia do
Mara-:
cousas do Maranhão, dos deve ha- cripto em 1757 pelo padre Bento da nhão. E' dò anno de 1745.
quaes
w= copias no Instituto Histórico e no Ar- Fonseca. 1
Vários papeis dos iesuiias do Maránhãd
cmvo Publico do Rioipor
quanto a Gon- Traslado aiithentko dos papeis, questf E'do códice CXV|2—f.
çal?es Dias nada escapou d'essa Biblio- escreveram entre o bispo do^Múrmikão\ Parem do Desembargador hseph dos


':¦'"¦
"... *..'.'' ... * ' h-.;:,',:.'¦:..' -..'•*;*¦;¦'•-"¦'." v"'-sí'-',. "¦''. -!'•"'.> ''"'.-'' ' *• ¦ ¦¦.':..-.'--..'^.",'a ,','J
¦
¦ -.¦¦'
"¦.'
. :-¦
¦¦¦. :
.,'.''',H':W ;¦$¦£/$ rf V": ."
'

4 SEMANÁRIO MARANHENSE.

Santos, Palma sobre os dous requerimentos Prelecção popular. seqüência, de não pequena importância
das câmaras do Maranhão e Pará. para a hygiene publica:
Memorial dirigido a El-Rey pelos tpovo$ (Continuado do n. 6.) 0 regimen alimentai deve variar segun-
do Maranhão contra os Jesuítas. Em 24
¦ .'
'"

do as latitudes; e o peso dos alimentos


¦

Acabamos de ver os dois antipodas. A respiratórios crescer ou diminuir em ra-


de junho de 1734. Inglaterr^gp a França são dois interme- zão da distanciado equador: lei, que, em
Carla do padre Joseph Vidigal a D,
diários, qrTe podem fornecer-nos uma linguagem vulgar, resume-se em dizer—
Francisco de Almeida Mauurenhns, prin- nova verificação. 0 regimen alimentai
mesmo
cipal da Patriarchal,escripta do collegio francez hade ser o regimen inglez dimi* que não se deve comer sempre do
do Para em 7 d'outubro d« 1139. Diz o nuido, e o regimen árabe ampliado; o modo em toda parte E' pois evidente que
Sr. Rivára que éassaz curiosa pelas no4i regimen alimentai inglez, invertidos os é precizo aprender a comer, e no caso
a grande
cias que dá dos escriptos dos missiona termos, será o regimen esquimó dimi- de nâo o ter aprendido, seguir
rios do Estado do Maranhão. lei.... a opinião popular da localidade.
nuido, e o regimen francez ampliado. Disse ao principio, erepeti-lo-hei no fim—
Negócios da vice-Província do Mara-
Nào se deve attribuir essa differença, se- a these é indiscutível.
nhão, vindos em MM. São apontamen-
não aos 8 gráos de latitude, que separão A governante de uma casa, que se der
tos do padre Bento da Fonseca. o centro da França do centro da Ingla- ao trabalho de ler este artiguinho, fjcil-
Noticia das missões dos Jesuítas no Ma-
datado terra. Se existe uma relação rigorosa en- mente descobrirá, pelo resumo theorico
ranhão desde IU2 até 1157. E'
ire a alimentação e a latitude d'essesdois if elle damos, um meio muito simples
de 20 (Tabril de 1757. e. de lettra do que
Jeronymo da Gama* paizes, as quantidades dos alimentos res- de viver economicamente.
padre piratorios, absorvidos de parte á parte, Aphorisínos:
Noticia do governo temporal dos Judios serão temperaturas mé- —Cada temperamento requer uma ali-
proporcionaesás
do Maranhão, e das leys e razõesfpor que dias de Paris e de Londres.
os Senhores Reys o commetterem aos Mis- mentação especial.
Ora nâo é preciso nenhum¦ estudo pré- —A mudança de latitude exige e de-
sionartos; e em que cansisteo dito govéf-
vio para reconhecer-se que o francez termina a variação do nutrimento, que
m, chamado temporal* que exercitam os o seu pão com um vi- imporia seja tanto mais forte em alimen-
Missionários sobre os índios. E' assigna- gosta de prvalhar
levemente acidulado, que tos plásticos, quanto menos elevada (or a
do pelo padre Bento da Fonseca a 14 de nho saboroso,
mais de 10 0t° de alchool, e latitude, e vice-versa.
setembro de 1755 Ha outro memorial não contem vnão bebe senão dilui-
que ainda assim —A ração alimentai augmenta ou dimi-
do mesmo padre e sobre o mesmo as-
água, despresando ao mesmo nue para cada indivíduo, segundo a som-
sumpto, e no mesmo codtce, porém muito do com
mais extenso. tempo as carnes excessivamente adiposas, ma de trabalho que produz cada um.
—A alimentação varia tambem, conso-
Vários catálogos e mappas dos sxijeitos que o seu estômago mal pode digerir. O
é grande apre- ante as estações. 0 seu termo máximo
da companhia de Jesus, residentes no Es- inglez,pelo contrario, que
tado do Maranhão e Pará. Comprehende ciador da carne gorda,não é tão affeiçoado e termo minimo correspondem ás esta-
do anno de1634 ao de 1753. ao pão, como o francez! Os vinhos francezes ções extremas—inverno e verão.
do que um claret —0 peso dos alimentos respiratórios
Dialogo entre Fábio e Eugênio sobre não são para elle mais
água e de vinho). Se é rico, absorvidos é inversamente proporcional
as novas do Maranhão, no anno de 1185. (mistura de
nâo satisfeito das mais fortes cervejas, ás temperaturas médias climatericas.
Quando estávamos em via de crear p vinhos de Hesp'anha. o madei- —Toda e qualquer iofracção cometti •
Instituto Luterano, ofereceu-se o Dr. busca os
Antônio Gonçalves Dias para mandar ti- ra,o porto,o sherry, os que conteem eni- da no equilíbrio da alimentação é para
rar copia destes manusoriplos, e dos fim a maior copia de alchool;se é pobre— logo manifestada-por um estado mórbido.
aguardente de cereaes, ao gin, —Taes são as condições á que convém
existentes na Bibliotheca do Porto, na de recorre á
Lisboa, na da Academia Real e na Torre zowisky, tiobrandy. A carne gorda, á submetter b regimen alimentai.
verdadeiro diminu*-
do Tombo, bem como das leis, provi que dá preferencia, Acabamos de insistir sobre a composi*
soes e regimentos concernentes ao Ma- tivo do peixe oleoso do esquimó, é, ao ção d*esse regimen, sobre a natureza dos
'0 *
'
vezes entre nós alimentos ingeridos; apresentemos ago-
¦
"

ranhão, declarando-me em uma carta, inverso do que tantas


se tem repetido, uma esponja ra a
que as despezas nào chegariam a qui- Sem sabor. O rosbeef perfeita inglez parece-
questão debaixo de outro aspecto,
nhentos mil réis fortes. Se todos os porque, n'este as.sun.pto vital, tudo tem
consocios d'esta promelledora associação nos detestável; perguntem-no aos fran-, importância e valor. Queremos fallar da
se compenetrarem das vantagens que tra- cezés- que conhecem a verdadeira cozi- influencia do moral sobre a digestão, e -
rá ella á nossa província com o seu des- nha inglcza—a cozinha de Londres. E dos princípios que deverião guiar sempre
* envolvimento e com a execução do seu para digerirem aquellas massas gòrduro- o homem em seus repastos.'
sas e insipidas, cruas, sanguentas,
programma, hade por certo, postoque tomão os inglezesquasi Aconselha a hygiene—qne as refeições
chá com profusão, por- se facão á horas fixas e invariáveis, esejâo
com vagar, realisar se esse desejo que
uma tisana,que exerce gran- breves e alegres, bastando 3|4 de hora,
manifestara e que afagava de ha muito que o chá é
de acção triturante e estimulante sobre o ao máximo,
o nosso poeta para o jantar, 1|2 hora, ao
estômago, excitando n'elle contracções máximo,
Ojalà que attinja um dia o Instituto Lil* mais ou menos fortes. E não dispensão para o almoço.
terario Maranhense um. grá.u tal de prós- adubos, sal,vinhos muito alcl.oolicos,cer* E' nocivo o exercício feito logo de-
peridade que possa cumprir um dos prin vejas fortes, e tudo quanto possa aquecer sivel pois da comida. Mas quando não seja pos-
cipaesfins da sua creação, enriquecendo o corpo, e augmentar a secreção dar ao corpoaljíum rlescanço n'çssa
a nossa bibliotheca com estes e outros fe- / gástrica. oceasiao, um exercício moderado náo dei-
cundósnciananciaes,de modo que offereça Mas o francez, que tem de habitar em xará de ser-lhe salutar.
copiosa fonte aos que deliciam-se com o Londres.nãopoderá furtar-se ao regimen Durante as duas primeiras horas, que
inglez, a menos'que não queira compro- se seguem á refeição—a secreção pro-
estudo variado e proveitoso da historia,
do torrão natal, e fácil metter a própria.saúde. A mesma obser- duz-se; a digestão opera-se: é de mister
principalmente
recurso a algum escriptor, que no fu vação faremos em geral aos estrangeiros conservarem-sé então ao estômago todas
toro se appresente, dotado dos eminen- que percorrem a França. as suas forças. P.ssadoesse tempo, tudo
¦;.:¦¦¦'.. '

tes predicados de historiador,que possuía Pesando-se os alimentos respiratórios quahto, como o exercício, poder fustigar
o vigoroso e profundo João Francisco absorvidos, em um dado tempo, por in- a circulação, excitar a absorpçâo e assi-
Lisboa, para levar ao cabo a Historia do glezese francezes, reconhecer-se-ha que milaçao dós alimentos digeridos, não po-
Maranhão, que as enfermidades, e por os respectivos pesos são, pouco mais dera deixar de ser-nos favorável. ."
derradeiro a morte, impediram-n'o de a ou menos, proporcionaes ás temperaturas Ninguém deverá sentar se á mesaafa-
li
":
.
_.-
-^
"¦ ¦¦¦; escrever! médias dos dois paizes. Em resumo—do digado de andar, não devendo tomar ali-
A. Henmques Lkal que precede pode tirar-se a seguinte con- mentos senão depois de achar-se des-

¦- ....... ......*. „..-......... ".•.. W_K ?£&•<(¦'£¦:¦¦-•:¦<¦'¦¦¦¦¦-.•'.>¦'¦¦•:; ••'•...


a L*. ...*._
';:;
" - r?
¦/*.,. : -¦ '*A'- -».;V-- .•--'¦- ,*T
-^"''^-CTÍ^afKfl

.; v - '
r' ¦*¦•, " * *-í.
¦>,
A'":'"í ;•'¦(
•'.-V,M
ii»:*» ' •'" •:¦
¦¦.....¦:.¦

A
''-,»%-* *

SEMANÁRIO MARANHENSE.

cançado. Em summa—convém evitar-se material que sobre a digestão exercera Por entre mattos e arvores agrestes,
a fadiga uma hora antes, e duas depois as sensações moraes. erguiáo-se choupanas, verdadeiras palho-
das refeições, procurando, -tanto quanto Todos esses preceitos da moderna phi- ças; a que os selvagens davão o nome dé
possivel, gozar-se, n'aquelles momen- siologia da digestão deverião ler appli* oca, i
tos. da maior tranquillidade de espi- cações quotidianas. Por toda parle, em A singeleza dessa edificação não rou-
rito, e completo desbanco do .«corpo. nossos collegios, como nos demajs esta- bava a arte um só molde de architelura!
Pode tomar se o caffé logo depois da co belecimentos deste gênero, os refeitórios, Natural conservação do estado primi-
mida; mas não assim o chá, que só deve em vez de serem túmulos silenciosos, de- tivo, quer na sciencia, ou tratando-se das .-'¦*.',
'¦¦

.'¦'.""

ser tomado tres horas depois; porque, verião ser logares de recreio! artes! . ,
-.'. ¦-¦¦¦
£:.*%
sob a influencia d'esle, o nosso estorna- E em geral o homem nunca se refaz tão E apesar de tudo isso elles se conci-
'¦ 'A}tmj

go tritura, e diluo osalimenlos com de bem com os manjares de um festirn, co- deravào felizes e viviãoaseo modo, con-
ínasiada rapidez, e esvasia-se antes que mo quando tem á seu lado a mulher que tentes e tranquillos de espirito.
se complete a secreção gástrica, cujo of- mais appetece ao seu espirito e ao seu Uma oa. é tão simples e fácil de levan-
ficio á operar a transformação digestiva coração. Não devera pois sentar-se á me- tar, que vamos descrevel-a por isso
dos mesmos alimentos , E' pois ineonve* za sem tê-la conchegada á si, mesmo. Duas forquilhas de madeira em
niente tomar-se chá quer em comendo, Nào esqueçamos, emfim, que o comer é distancia de trinta palmos uma da outra
quer pouco depois da comida. Tres ho umdos actos mais críticos-e importantes enterradas representão os oitões, de ál
ras depois—-quando já se acha esgotada da nossa existência; é elle que,fortalecendo tura menor de doze palmos.
a acção dos suecos gástricos—o chá ac a saúde, crea a vida, e destruindo a, Um páo atravessado nessas forquilhas
celera a separação do que já está dege engendra a morte; pois já em outro lo- serve de curaieira, improvisada é verdade,
rido d'aq-ui-llo que ó não está ainda, e gar demonstramos que a alimentação è mas com o mesmo fim real. Dessa eu-
facilita a assimilação. a causa efficiente ou da saúde perfeita mieira de um é outro lado veem-se cai-
Se os inglezes tomão o chá, durante e da vida, ou <)as affecções mórbidas e bros que vão morrer na terra, cahindo
as refeições—é porque o clima daquelle da morte. Não é esse, com effeito,o mo- era forma de Vas avessas.
paiz indica que se devem usar ali dos mento preciosoeu> queobrigamosa natu- O estreito e acanhado espaço que fica
maisforles excitantes da secreção gástrica. reza bruta a animar-se, transformando a no interior serve papa armarem redes e
Mas, repetimos, esse uso pode ser funes- pela digestão, pela sanguificação, « pela nellas deitarem-se Esta armação tosca,
to em todos os paizes menos frios que a assimilação, n'esse*ser—primus inlerpa- é coberta de pindoba, que do alto des-
Inglaterra. res—que é o homem perfeito, de espirito cem a bejar o chão e abriga, ^as famílias
Respeitável senhora! guardai-vos de robusto, de corpo sadio, e de coração tapuyas que vivem e morrem alli.
vir á meza, quando estiverdes encoleri- expansivo? Uma das extremidades ó perfeitamente
sada. Reservai o desafogo e a vingança A questão da alimentação é pois da mais tapada com a mesma pindoba a outra
para oceasião maisopportuna; não alter- transcendente importância; e é por vêr- nâo, que serve de entrada. -'rAAAM
queis; a mulher não deverá nunca esco- mos desconhecido ou menosprezado o seu Algumas ocas teem suas divisões ioter-
lher aquelle logar e momento para der- valor hygienico—que para ella ora cha- nas, cujas paredes a pindoba representa.
ramar amarguras no coração do marido. mamos a publica attenção Cuzinhão ao tempo: e os fornos são
Nâo é sem razão qué um velho autor A - R..C. singelos e curiosos; é digno de referir-
pretende que uma contenda á meza pro- mos. Na vasilha era que está a comida ¦¦¦-*.

duz sobre o estômago um effeito analo-


¦ ¦
¦¦-

crua," e temperada sem sal (que o sal, '.•Arr.


Aoi ¦*&*?>

go ao do contado lacerante de um no- JACY. não conhece o índio matreiro) depois


vêllo ouriçado de alfinetes. de arranjado o quitute, cobrem a vazilha,
Importa muito corner-se alegremente, (LENDA MARANHENSE.) \A com folhas de guaruman ou outras quaes-
em companhia de pessoas joviaes. Em ". * >« :
':•¦¦':

quer, e passão a preparar o forno.


POR
geral considera-se o riso como um sim- Cavão a terra obra de um palmo è
pies e sympalhico movimento doespiiito; Sa\)Ws da CÉ*è\a. ahi nesse buraco acendem gravetos e fo- "'Ai
¦ . '"

mas na realidade é elle uma importan- lhasseccas colocando em cima desse fogo
lissima funeçáo, que exalta o espirito, (Continuado do n" Ou - pedras de differeutés, tamanhos e até
fortifica os nervos, fustiga a circulação matacões. Abrasadas essas pedras e esse
sangüínea, e favorece a digestão. Os aS CAPITULO Vil. buraco colloca-se sobie ellas a vasilha
tigos, fieis aos bons princípios da hygie- Antes de continuarmos a desenvolver com a comida; nova camada de folhas
ne, faziâo vir loucos o bufões para pro* os factos relatados nesta lenda, perrnit- recebe e tudo é coberto com areia for-
vocaremo riso durante as suas refeições. tão-nos os benignosieitores, que passemos mando um monte, como pequena pira-
Este usoperpetuou-se nas cortes da Eu- a dar alguns ponmenores typographicos mide ou morros de terra.
ropa até que por fim cahiu em desuso da iate desses índios de que nos temos Em roda deste forno deltão-se os sei-
para ser substituído por outros, como o oecupado a descrever a historia. > vagens e dormem o somno dos famintos.
das conversações facetas, das leituras di- A taba matreira estendia-se em uma Uma hora depois desperta o mestre eu-
verlidas,e da musica,cujo fim éignalmen- área de duzentas braças quadradas, pouco zinheiro é dá a voz de alerta, erguem-se
te excitar e manterá jovialidade nos ban- mais ou menos, formando no centro tim os comedores e dão principio, tirando
quetes. terreiro quadri-longo limpo e -varrido* a areia por onde o fumo escapava a fur-
Bem exacto é o antigo provérbio po* onde o povo tapnyo reunia-se, as vezes to, e descobrem das palhas que estão
pular, tantas vezes repetido pelos que se para chorar, e outras para rir. torradas a comida perfeitamente eusida
fartão de rir: Je viens de me fairequel- Em um dos lados desse terreiro er- dentro da vazilha!
quesverres de bon sang Nada é tão ver- guia-se a casa cio velho cacique, chefe dos Eis porque nota-se junto de cada oca
dadeiro corno este provérbio. Entretanto matreiros, e no centro, como um monu- montes de arêa e pedras negras de pe- \Ati*'ü

o publico nenhuma importância liga á es- mento respeitado, um poste em forma quenos tamanhos.
tes conselhos. Que importa que eu deixe de coluna, feita de condurú polido, le- Acazade cqciqUe^è a única que tal no-
de rir-me,ou de estar .alegre á meza,com vantava-se sobre um pedestal de bracu- me merece, Tem apparencia de um rán-
tanto que coma? Convém destruir este liara com degràos de páo-ferro. cho, tapado de barro vermelho e co-
prejuiso;e para isso bastar-oqs-hia vallrr- Nesse terreiro armavâo-se altares em berto de pind ba. como os mais, porem
mognos dos resultados das experiências, /estas e honras aos Manilôs; e nesse pos- o frontespicio é recommendavel no meio
que, com a balança em mão; fez o eru- ie punião-se os delinqüentes, com as daquella aldeia de selvagens. Uma porta
dito e hábil medico do imperador para execuções das penas que lheserão seve- eutre duas espaçosas janellas- e alterosa
convencermos da poderosa influencia ramente impostas. na architetura, mostra na oca cacique a

t '¦' N ¦' ' - ,'..-'- -'AA AL :


• i ;'- ':ri£

'. *¦• ' "¦.'¦


:-:¦¦¦:¦-¦:,-¦; -WA^A-jA . .
¦ A :> ,* r." •-** - . Ím
¦
¦ í
v.

6,f. SEMANÁRIO MARANHENSE.


>*i i — * ¦ umu

¦
-:'¦

frente que deita para o terreiro; e janel- mão rizinas cheirosas e fasem fogueiras japy, Jacy era linda como a potyra do
Ias latenes arejão a casa e dão-lhe cia- com madeiras o-eosas em festas aos seos campo.
ridade. penates eao seo cacique e senhor. •••••••*»• .•.<•.......'.....,..

Dentro dividia -se em uma sala com uma E' ahi onde dançâo, cantao e bebem Gomo vimos, Jacy, sem ser vista pe-
porta e janella e junto a sala uma alcova até cahirem extenuados de fadiga ou de los seos companheiros embrenhara-se
a quem pertencia a outra janella que embriaguez. pelo bosque, e aquellas horas da noite
descrevemos na frente da caza. Depois Segundo as uzanças matreiras o poste desappareceo da sua alcova e longe da
da sala o quarto do cacique e de sua mu- servia para nelle ser punido o culpado tnba corria atraz da morte-
lher, e tlepois deste o quarto de Aba- que merecia castigo. Seos mimozos pês descalços jâ^goteja-
guaçú. 0 cargo de cacique era hereditário de vão sangue, que os espinhos, rompendo-
t
Não tinha o chefe matreiro cuzinha pai para filho, mas náo podia ser herdado lhe a delicada carne, faziaò verter. '1
differente a dos seos companheiros, o por mulheres. Jacv não s-entia couza alguma, e/acoi-
terreiro que se estendia pelo fuqdo da Ibakeoçú só tinha um filho, o herdeiro tada pelos ramos,ella desviava-se quanto I
casa servia lhe de cozinha, porque alli do poder da tribu,e se elles tivesse morto, podia para deffender a yida,que devia aca- 1
estavãó os montes de areia e as pedras como Mandú dissera, era obrigado oca- bar junto do homem primeiro e único
negras pelo fogo. cique a ordenar uma eleição, para ser que seo coração amara.
A mobília dos Índios são bancos de nomeado, pelo sufrágio dos Índios, o seo Jacy soffria a febre que a dôr.verda-
tabocas com imbirasow cipós Redes ar- successor, que devia empolgar depois deira dá ao sangue para torturar o cor-
madas servem de sofás e os guardas rou- da sqa morte o invejado cargo de cacique, po, quando a dor é sincera, e real. Suas
pas e commodas são desnecessários ob- visto que, pela idade avançada que tinha, faces livídas, seo corpo era tremulo e ex-
jectos, para quem anda nú, e não tem não podia prometter novo successor. pOsSto ao áí\ porque omatto rompia o' li-
roupas. Tinha a tribu, com a morte de Aba- geiro* manto decambraia, frágil cobertu-
Na parede do quarto do velho Ibakeoçú guaçú, de fazer eleição do novo cacique ra para resistir a ataques de grosseiros BI
viâo-se em pregos de madeira pendura- e certamente era isto o que acabrunhava galhos, ramos..-; Jacy, nesse estado ma-
das suas armas formando tropheos e ao velho Ibakeoçú, que temia ver eleito goada temia morrer longe de Abaguaçú
as insígnias de chefe, feitas|de varias seo substituto Jerú, esse indio intrigan- e sentia qüe a vida lhe queria escapar
penas, crusadas como boré enfeitado de te, perigoso, e fatal. longe'daquelle com quem ambicionava
dentes e pennas de todas as qualidades. Ibekeoçú não considerava Jéru um ser sepultada.
Na alcova habitava Jacy; e se as pare- pretendente amorozo, nem Jacy uma am Extenuada de forças sentou se em uma
des erão despidas de adornos a maquira bicão realisavel para ella, não; outros palmeira que seus companheiros havião
armada os tinha de mais. '-.... planos concertava quem enxergava rece- derrubado para tirarem palmito e faze-
A um canto da alcova uma espécie de ber pelas mãos de Jacy nào só os dotes rem o vinho e ahi seo peito arquejante
mesa arranjada pelo cacique, sustinha qua adorna vão o coração e a alma deste parecia nao poder resistir ao pulsar do
uma trapalhada de enfeites de pennas anjo de amor, como o poder despotico seo coração afflicto!
e ossos de pássaros, e a uué com seos que tem na tribu, o cacique. Sacudio os longos cabellos disperçose
perfumes exalando o aroma delicioso na- Morto Abaguaçú, o caminho ao poder ergueo-se para continuar a caminhar sem
queda moradia de virgem. era plano e sem torpedos á saptisfação destino, quaze errante, tão desvairada-
Jacy era a única cunha coarácyma que desse ambiciozo selvagem; e conseguindo estava, quando um pungente gemido veio
trasia cobertos seos delicados membros; a mão de Jacy, livre de compromissos ferir-lhe ós timpanos e o coração.
seo corpo de perfeição completa, via- de noivados, contava Jerú com a protec- —E' aqui, disse Jácy, sim, é aqui que
se apparecer através de um manto de fi- ção do próprio cacique nas eleições que elle deve estar!
na cambraia branca, conquistado pelo ca- se" fizessem. Outro gemido veio fazer parar Jacy
cique, em uma das suas muitas victorias Jerú linha razão em pretender Jacy e que hia andando, e, como o veado, escutou
nas fasendas visinhas.
'

o poder. de que lado partia aquelle signal de dôr


•.. ¦-'

¦
...

»r-r-> r;r ...

Seria algum cortinado apanhado na luta Jacy era uma linda tapuya de desoito desprendido de um peito moribundo.
mas magnificamente empregado em ves- annos, que repelindo o bárbaro costume —E' d'aqui, tornou Jacy, talvez que
tes de Jacy? de arrancar pestanas e sobrancelhas, seja elle... elle. Abaguaçú... Abagua-
Só Jacy possuía na taba um thesouro conservava as suas quev bem com os seos çú...
para os índios de subido valor. Os de cabellos, erão negras como as azas da Jacy*e chamou pelo noivo com voz tre-
sua tribu o ignoravão e ella o occultava graüna. mula quazi sumida.
a todos, receiosa de perdeí-o. Rosto expressivo e bello; olhos negros —Estou aqui... aqui—respondia a vozv
Devia a posse desse thesouro a seo e vivos; nariz afilado e pequeno, lábios naquelle dezerto.
noivo Abaguaçú que o adquirira em uma de romã e cutis de um moreno carregado —Ah!... és Abaguaçú?... E?s o meo
correria das suas. Era um espelho, des- e claro de mais para ser semelhado a noivo? interrogou Jacy caminhando para
ses de caixa e gaveta, em parte mos- côr dos outros tapuyos. o lado d(3 que partia a voz.
Arando o vidro a ferrugem no aço. Seos cabellos, pelo trato e o oleo aro —Maldição! disse a mesma voz em
Jacy mirava-se nessa lamina de vidro matico que ella sabia colher das flores, resposta a Jacy, Abaguaçú está morto.
e contemplava sua belleza ali retratada os tinha fihos e em caracóes, contraste —Morto! repetioJacy retorcendo^see-
com tanta perfeição! perfeito dos cabellos dos índios! cahindo de joelho.
A liberdade era ampla para todos, Era Jacy a mànacà da tribu e a chaijaa l —Sim—morto—eu sou Jerú... chega-
menos para Jacy, que casta e recatada vão na taba: Jacy—peçoçú por tão infan* te, escuta... repetio a voz que fallára
sentia vergonha em ver as mulheres e til ainda mostrar-se. antes. Tu és Jacy... bmanacàdas donr
os; homens, de todas as idades, comple- Os olhos de Jacy scintilavão como es- zellas... és o meo caraibêbê çarônçát
tamente nús, na presença uns dos ou- trellas em cèo*de outono, e o rizobrin- ra*. .chega-te a mim... tenho a perna
•0.
¦>
tros! cava-lhe nos lábios de rozay com o natu- partida. ..Jacy!... Jacy!
Erão efctes os costumes; pois os índios ral inçanto de uma creatiira ingênua. Um suspiro sahido bem perto d-alli
tinhãó leis, prêmios e castigos. Em face da Não carecia Jacy dosarrebiques da veio calar Jerú, e Jacy, ouvindo seo nome
lei matreira tinha o cacique poderes-abso- arte, dos artificies da rnoda, para ser em outra boca sem ser de Abaguaçú, en-
lutos sobre seos subditos, e delles podia bella e encantadora. Seos atractivos erâo corajou-se e -quiz recuar daquelle sitio,
pôr è dispor a seo bello prazer. naturaes, a sua bondade caracterizava mas tão agoniada estava que não sentiu
NMse grande terreiro onde o poste sua alma divina. prenderem-se-lhe os pés em um tecida
de madeira sè mostra a Iterosòe arro-- Meiga como ajuryty, terna como a d^e palha revolta. .
-. ., -
¦;.,.:-.
.gafrte é d logar em que os rodiòs quei- rola, maviosa como o sabiá, viva como o Quiz andar, tropeçouem um corpo e,

^
. .P- ¦ *¦*
•''"'"
- ¦¦

; J
_n '•. ' '.:¦,". ¦**.'.••

•*•**
SEMANÁRIO MARANHENSE. 7
tendo os pés, prezos.assaltou-lhe a mente A' luz viojacea dos crepúsculos breves, Meigo sonho não tens, que iv este mundo.
horrores sobre-naturaes á que os índios es- Ondulando com os peixes esmaltados: Tu queiras converter em realidade?
tão sugeitos, e cahio sem sentidos. ¦"¦'¦' .- ' I
",

•**• *• ;¦
'.
Jerú continuava a praquejár: Ledas lá vão batendo ein roda a vaga Sê fatalista embora, mas consente
—Então?... deixão-me morrer sem E cantando ern seas jogos innocentes; I
Que eu procure consolo na esperança,
socorros? Jacyés tú anhangá ou te que- E dansam á flor da abençoada plaga,
Que eu confie na mão da Providencia, . /
res tornar em teonl... Oh, como custa E voltam ás choças d* montanha ausentes. Para que torne ella amor tua esquivançaí ;t
morrer assim!—quanta esperança, _%- *»

rupari me rouba!... triumphão meos sua- As noites de Manáos são muito tristes *
Que seria de mim se eií não julgasse
nhana, eeu... eu... Tupan... velho A's seismas na soidâo dos infelizes Que poderá mudar minha existência;
Tupan. .. eu» . Quando tu, esperança, náo existes Adoçal-a com o mel dos teus amores,
Uma vertigem, filha cia debilidade em Com leu bello horizonte de matizes, Retiral-a das garras da inclemencia ?
que estava Jerú, o fez cahir como morto,
'"
s» .
¦
.'

¦.-:

Saudade minha...- Estão pela ribeira


.¦-. ¦*¦¦¦. ;.¦¦¦¦¦¦ *;.'"'¦•

emquanto o orvalho matutino que dá vi- Fatalista não sou, pois me arrlceio ., *
*
.,'¦.,•'¦"'¦'¦¦:,.
•*¦''-".'.

Densa
da as flores, reanimava Jacy refrescan- ^s índios fogueiras accondendo, De supor imutável minha sorte...
do-lhe a fronte escaldada. Nesse momenr Ruge ao lado, dos grêmios da palmeira Ella agora é tão triste, que por certo *¦"
'.¦¦.',¦'.:"'-

to Jacy abrio os olhos e um raio da lua A rá selvagem, maracá tremendo. Prolongal-a assim mesmoéquasi a morte! ''' * ' '
penetrando por entre os ramos deo em Das mãos d'ignoto piaga ali detido ^¦:'-'i'-"M
cheio no rosto do indio sobre o qual cahi- Porem tu me disse>te fria é calma,- -v1
Ante os de-tinos de sua ti Um, extincla —E lembrança tão dura me contrista—
ra que reconheceo ser Abaguaçú, o seo
Ao contado do egoísmo, coiií o gemido Que do fado a sentença é irrevogável,
amado Abaguaçú.
De joelhos cobria as faces do noivo com Que o innocente geme, o a dor lhe pinta. Que o destino não muda!.. Es fatalista!
beijos ardentes, quando sentio quedos
Eu, quo tanto preciso confortar-me
lábios delle, com um suspiro fugia vizi-
Não é a cobra, que descendo estronda, Coma esperança do bem, que hoje não tenho,
velmente o seo nome.
—Elle vive! gritou Jacy. Graças oh ! Nem maroeca, que já do Solimôes Busco alento nas mãos da Providencia,
Para o tronco dirija-se. as suas ondas E mudar minha sina è meo empenho!
graças, Tupan1»..
Jacy desprendera-se da rede em que Percorrendo—pavor dos cor cões: .Joaquim Serra
o

seos pés involverão-se e em transportes Faliam do rio. .comoa vozdas chammas


de alegria quiz correr a buscar soecorros De uns lábios que a beijar sua pátria areia
mas não pôde, tão- débil estava que de Saem a deshoras—cândida sereya A PENSATIVA.
novo baqueiou sobre o corpo de Aba-
Quáo formosas memórias não reclamas! Meu collo de leve se encurva engraçado,
guaçú. / Como hastea pendente de cactos em flor;
Foi ali que os soldados do cacique en- Talvez de Ajuricaba a sombra amada Mimosa, indolente, resvalo no prado,
Como um soluçado suspiro de amor!
contrarão Jacy, quando invadião as mattas Que vem, deixando os túmulos do rio, '
' ;:;':;*¦•,:: :¦.-•¦'.r\:

em procura do filho do chefe e dos Nas endexas da vaga soluçada


G. Dias. -

seos infelizes companheiros. Gemer ao vento dos desertos trio: Meus seios redondos, ferventes se agitam"
Quando o sol do dia seguinte raiou, Quaes ondas do mar,
cheio de luz e brilho, Jacy e Abaguaçú Onça exacla, erma planta do terreiro, Que tão solitárias, gemendo W quebram
estavão deitados em-suas'faltos já me- Na praia â chorar. U
Que toda acorda a bater qs; arredores
¦;.
¦.¦-" .'* . i.'"' ' ,.¦'¦'..*-
¦ .**-;> *...-.-(j
¦¦"''¦ ¦; -.¦;-*^-,-s,'í

dicados pelo piâge ou puuamiêra da tri- Ao repouso da noite do guerreiro, k


•Je.. ¦

;
*
.
¦
'-_¦."_ ¦:'¦'':&
"/ ¦'-•'

bu, que neste momento extrahia da per- Meus olhos são vivos, espalham fulgores ¦ * "i -
ÍM''íV-:-".;^:^*r^iv';-;:
, - ' ,>->:
*'

Noite donde não mais surgem alvores. De estrellas no céu;


í*

y \
'»¦'"'

¦ -.
_,-¦
na a bala de Jerú, também em sua oca Lampejam nas trevas como pyrilampos, ¦ ¦
''

: , *• á
izoladà da tabu. Talvez Lobo-d'Almada, o virtuoso Que vagam lüzihdo de noite nos campos,
(Continua.) Cidadão, que esta pátria tanto amara,' Sem manto, sem véu.
A chorar, das relíquias vergonhoso
Que a ingratidão ás trevas dispersara: As negras pestanas são fios de seda,
De seda—setim,—
GUISA ERRANTE* Quando ellas se abaixam, dissereis um anjo,
(Foi a queda do cedro da floresta
Canto II. Que faz nos céus o vácuo para as aves, Um anjo é assim !

(Continuação).
Que não.encontram na folhagem mesta
O vinho dos perfumes ineffaveis). Na fronte elevada, tào pnra.e mimosa '
Me assoma o rubbr,
IX. A lua brilhante, a rosa mais belià ''¦¦F&Mx
Ouça mos... o fervor de estranha prece Não tem tal viveza, viveza só delia,
Os derradeiros fogos do occidenle
Que no silencio a natureza imita Nem tanto pudor!
Jorram lâminas de ouro sobre a massa' 'De nossos corações.%. a quem palpita, ;
Da viva treva liquida luzente... Alem suspira, e no amor florece— Meus lábios ardentes as vezes parecem
r-0 Rio-negro sussurrando passa. Partida roosan, ;,.:'
Porque eu venho, do mundo fugitivo, São duas fuinhas da cor purpurina
Em luzeiros rebenta a espuma errante . No dezerto escutar a voz da terra: Do sol da manha ii f
Qual moutas de rubis por sobre as cristas Eu sou como este lyrio. triste, esquivo,
Negras dá vaga tremula, oscíllante, 'Como Meu corpo elegante, floxivel se d(J)ra
'¥- *

esta brisa que nos ares erra.


Vistoso kanitap de altas c ríquistas. Cedendo ao Iangôr;
Hei também de colher a palma de ouro Minha alma se inflamma, o peito se accende,
E' meigo e doce o olhar, meiga a saudade Já meigo soluça, e todo rescende '
' Que se alcança no fim desta romàgem, Perfumes dea"mor!..
Que, do throno de sombras vaporosas E do martyrio o verjle-lindo louro
Dos altos montes e as ethereas rosas,
Pode coroar a fronte de um selvagem. Meus densos cabellos se deitam com graça
Contemplativa nos despede a tarde.
No collo á brincar; v
'*-*>.' *
'*'••'*.',;¦ ¦ ¦'.- *'"

Fim do II canto. __Wi:: ¦


De coluna em collina a cachoeira, Sedosos se annelam, em fios revoam
'Andrade. Nas fact?s, no ar!,A ,
Viva serpente dé crystal, ruidosa Sousa • .
*
-**-. '¦¦•'¦'¦¦'
Desce ao valle, onde a tribu .'":*¦--;.-':"; ^"•;-"--,'->-;i : :¦'.;'. -:¦"*'¦¦¦' v;-*;v . ,: ¦¦'{£ ¦¦'¦i;ãr-
já repousa Os braços roliçps, morados se estendem
Livre em seios de mãi hospitaleira. Nos flánços sem par;
> *'¦¥'¦¦¥ *
, "
As filhas de Manáos seus membros leves Çiáturá tão breve^ quea íoriza do noríef
Pois, tu es fatalista e indifferente Qtíe ataga a palmeira no .-ò|)ro hão foríé,
Na onda es$o convalsos, brorizleados Corre-te» a vida assim sem anciedade?' í r( ¦ Me faz vacillar!. ;.,
'¦'i\-/'.

I 1 • ¦ /*. .'"-.» ;.„»'

-."¦¦';';M-m

'.'í,'1'.'''-," '¦'¦¦'¦¦¦
:**>' ¦'.':'¦.,',* ...i*.'j*-!> ¦¦¦'•' ;¦

¦¦/¦'
;.-;
>i

»
8 SEMANÁRIO MARANHENSE.

As mãos iransparente, os pés pequeninos, venados Remédios, por quanto vi muito mostrar-se preponderante. Parece também que
Que leve que são I verdadeiro crente sem auxilio de rípan- já em Nangasaki uma commissâo composta de
Se piso nas flores, as flores não morrem sábios tracla de confeccionar o esboço da fu-
No prado onde estão! ços e camaldulas, e eu mesmo dou tes- lura Constituição, inlrodnzindo-se n'ella algu-
>. temunhodo facto, affirmando.que orei, mas idéias da Constituição francesa do anno
t-v* Eu sou nioreninha, sou toda formosa, sem atinar com uma ave Maria. 8.° na parte relativa ao senado conservador,
Formosa, Senhor; Que festa deliciosa! que lindos amores!
Mas vivo sosinha, no inundo nào vejo por i^so que alli se pensa que nem a câmara
e como se fica tão próximo do ceo no dos Lords, nem o Senado temporário da re-
Um homem que goste do fogo d'um beijo,
D'um beijo d'amor! meio d'aquillo tudo! publica americana podem servir de mod.lo.
Esperelnos oíim,para eterna glorifica- Eirectivamente o Japão se prepara para reali-
Estátuas de gelo, os homens nào sentem çàoda magnífica festividade, que vae pas- sar uma importante reforma. Já abriu os seus
Profunda paixão; - sar como todas as cousas boas... portos ao commercio estrangeiro; quer civili-
Dinheiro no cofre, dinheiro no bolso, sar-se á européa o é lal alli a força das novas
Dinheiro na mão:— idéias que ha segura rasão para crer que du-
Terminaria aqui esta desalinhada revis-
ranle o anno de 1868 tudo se fará em paz.
Só querem dinheiro!—delia Ide me dizem. ta, se nâo recebesse, pelo correio urba- A actual fjmilia reinante é eonsemda no
E's muito gentil. no, a carta infra, firmada por nift amigo, IhronocoYistitiicional, vivendo os príncipes do
E's rnais perfumada que flor de laranja, que nâo venho a honra de conhecer, mesmo modo que os da real familia ingleza.
Que effluvios derrama no meio da granja, N'ella vêm relatado qual o reservado fim O Examiner de 5 de Julho declara que, uma
Em noites d'ahril.
da missão dos Japonezes, e, publicando-a, vez entrado o Japão no grêmio catholico, após-
fica esclarecida a reticência, que deixei tolice, romano,o celebre jornalista francez Luiz
Nào sentem affectos nos peitos de bronze,
De leve se quer, - - na passada chronica: Wc-uillot será conlractaito para ir em Nanga-
.-Desprezam meiguices, ingratos só amam Meu caro Càstellamare.-— Não me resta saki dirigir o grande jornal destinado d pro-
Os bens da mulher! duvida alguma sobre o characler, meios e lins paganda e sustentação das novas idéas reli-
da missão reservada em que andam os dous giosas. Consta que para lal fim já elle foi con-
Aváros, me dizem;—èsjunco delgado sultado pelo Taicun, mostraudo-so disposto a
'Crescendo príncipes japonezes,parentes do Taicum, sahi-
ao luar; dos ha poucos dias do porto d'esla cidade acceitar o encargo, visto como, é sua a affirma-,
Porem nós queremos immenso thesouro, onde estiveram a bordo da fragata encouraça- ção, a Europa já está obedecendo muito á ih-
Pois somos mordidos da sede do ouro flnencia da doutrina anli-ultramontana.
Sem nunca cessar! da, que os conduz e que foi comprada ao go-
verim dos Estados-Unidos. O Taicun leve em Pariz longas conferência»
Devo á obsequiosidade de um amigo a con- com o Sr. -Rouher acerca do modo como oín
Mas eu, entretanto, amores inlindos França se procede no que diz respeito á ceu-
Só quero sonhar; secnssâo de alguns números do Examiner de
New-York, jornal destinado á discussão dos tralisação adminislractiva, idéia a que se mostra
Porem os carinhos comprados á ouro
Me fazem scismar! negócios políticos, que mais direclameiile en- muito atferrado Tsick-Shibouc-Lvoiüa^.ys dous
lendem com a diplomacia. O Examiner de 29 príncipes conferenciaram em Londres com lord
A. da C. Rabello. de junho declara qne os príncipes japonezes GMstonc e em Washington com o Sr. Setvard
Ogazamra-Kenze e Evíata-Haisaku, ambos sobre o modo como se hão de dirigir-os traba-
sobrinhos dp Taicun, havendo concluído os lhos parlamentares eas relações exteriores do Ja-
CHRONICA INTERNA. seus estudos de marinha e engenharia nas es- pão. O minislro americano, diz o Examiner de
eholas de Inglaterra, foram mandados aos Es- 8 de Julho, aconselhou francamente a polilica
Esta chronica é só para mim, pois du- lados-Unidos para estudarem praticamente as da paz e di abstenção; mas como bom ameri-
vido que algum leitor caia na asneira de vantagens do governo republicano, afim de cano não se esqueceu de lhes tornar sensível
compara-las com os da munarchia conslilucio- a necessidade de uma imitação da polilica de
ler gazetas no dia da festa dos Remédios.
nal da Inglaterra, lendo o Taicun em pessoa Monroe relativamente á Ásia, para que a Eu-
Se não fosse a pontualidade do compro ropa não venha a intervir nas questões Chino-
misso, eu protestaria contra a sahida do ido para a capital da França, onde alugou
um palácio por lernpo de nove annos, tempo japonezas O secretario do príncipe Haissaku
Semanário no dia de hoje. Até o entre- disse em um club de New-York que, se o Japão
que julga bastante para concluir os seus estu-
gador da folha ha-de cavaquear com a ta- dos sobre o regimem napoleonieo, que alli conseguir o que intenta, levará á sua missão
refa, tão extemporânea e fora de todas as domina em lodo o seu vigor e brilhantismo. civilisadora á índia e á Sibéria, uma vez que
graças! O governo japonez quer se habilitar pel< a China o auxilie na propaganda, aspirando a
Como, porem, os leitores não se oc- exame comparativo dos tres modos de governo Ásia as honras de consolidar a sua autonomia,
cupparão comigo; eu, imaginando-me so- social, que mais importantes lhe pareceram, com exclusão dos elementos extranhos e con-
sinho, faço da revista semanal uma es- para levar a etfeilo uma completa revolução quistadores; querem a eivilisaçáo e o congra-
pacifica nas grandes ilhas adjacentes á China çamento européo e civilisado^ mas sempre de-
peciedesoliloquio, econsintoquea phan- baixo da regra'do chacunchez soi, que os Ja-
tazia sacuda a poeira dourada de suas Tsick — Shibows—Lvom, que desempenha
aclualmeule o alto cargo de primeiro ministro ponezes exprirem do modo seguinte:— Nhona-
azas, sobre esta narrativa impertinente: Shicova-Kia.
.Io Taicun, encarregada, durante a ausência
Dizer o que, da festa dos Remédios, se d'esle, da administração publica, mostra-se Patrik Room.
todos nós somos personagens, na grande muito interessado na reforma política do paiz, Não entro em duvida acerca dp que
comedia-drama, cujo derradeiro acto se assim como na religiosa, paia a qual já expe- acaba de dizer o meu particular amigo
representa hoje no aprazível arraial? Vi pediu emissários à Cúria Romana, que impe- Patrik Room (quem será elle?); mas o que
os leitores e leitoras do Semanário to- trem dé Sua S mctidade o breve de incorpora-
"- .<?¦ ' mando parte activa nos regosijos da fesli-
'•'¦'-'¦'},
ção do Japão no grêmio catholico-— apostou-
posso assegurar é que um dos príncipes
japonezesé../.. mulher! \
.'V-íí,'"

vidade, e ainda hoje espero vel-os no de- co—romano, com algumas liberdades ou con-
'•--, senlace do novenario. cessões semelhantes ás da igreja francesa. Estão todos admiradose eu lambem!
I

Não ha duvida—accrescenta o Examiner— Còmtudo, isso não prova ser inexacto o


,!
__\
fv* íí"*" S-'.:.';•''¦' ¦ ' ¦
s "'¦¦

Em todos os lugares en vos vi! JsTos


*•*
i< '
carros do Porto, nas cadeiras da praça,
'¦,'¦
»#¦'¦-' ''¦':
-1
que a moiiarchia constitucional representativa meu dito. Noiva do general Grant, a prin-
5»*,
£il*>*tV','-.-»-V -¦¦ ¦¦¦¦¦"
..:--¦
' ---;". ¦-"-'-.¦'
é a forma de governo social mais conforme ás ceza, que não é homem, viajará incógnita
na barraca do Itier, e até mesmo na vistas do primeiro ministro japonez Tsick-
igreja! até o dia dos desposorios.
<:í::^::í&:,: Shibouc Lvowa, que por elle se mostra sum-
Eu penso qne os anjos da terra, são
:.'¦;.:':.
'::'-•¦'•:•
í'0.i;>:?«
k-;.-:..;_.A;--..' .-;-•; ... mamenle enlhusiasmado depois da recente
O enlace será ultimado em dezembro,
¦¦.

muitp mais seduetores que os anjos do reforma política operada no Egypto. Parece e. com esse consórcio, altamente demo-
;¦'¦>;•:- -"'-.l._¦ ..-.:' ; -•¦"'-¦¦.fJ,v';''-"-,:»
Confesso o méo peccado, e não peço
''*'í
èslar elle resolvido, caso effectue a reforma, a cratico, o Japão consolidará ainda mais
;i' «>_-,. eeo.
«absolvição, porque não me arrependo usar d,i eleição directa com a moderna idéia a polilica de Monroe, e a lal Constituição
d^lle: Estou inteiramente propenso ao inglesa da representação obrigatória do terço do anno VIII, de que fala a epístola do
á minoria, medida prudente no começo da meu amigo.
pantheismo e adoro o Creador do Uni instituição como lendente a enfraquecer as
... .? ¦¦¦¦'¦.
.'.¦¦-»'...

- v--í. •'; ¦'..,; ::.-:;<¦:.:¦ verso, de


¦¦¦¦ -.-
. ¦-. v ¦
>„! .
E basta.
P>"- £ preferencia, perante uns olhos luetas da opposição demagógica. Habituado o PrETRO DE GaSTELLAMARK.
mórbidos, e uma face divina de mulher Japão á preponderância dos seus homens no-
formosa i Todo mundo é assim e eu tive bres, privilegiados e poderosos, ha seu receio Typ. de B. de Mattos=Imp* por Manoel F.
provas d^sso durante as noutes da no- de que o espirito democrático não queira logo Pires, rua da Paz 7 ^

t^

'.
íí?. -;í"!^;;.",,víí:,:'.:jv.; ._.___... _.. ...... ................ .i>.... ........ ...............r....^.......... ...... .V-:1., -.-;¦:.-¦'. :'.:. : ¦í-~...--::;l-'-^:'^i.
'., ¦/'

'-'l-iXilVc
XX

SÊJtNARIl. MARANHENSE. ¦'


• '¦*.-'.•'

. .-¦ .

"
:'
...... •
¦
,

• ¦. *.-.
¦•

¦ - ¦>,-. i
-O:
.-¦*',

^-Vrv>/s.

iXi
San'Luiz, Domingo-26 de Julho—1868. NUMERO 48
ANÍtO i
.'*,V '¦

Assigna-se nesta typographia f em mão do Snr. Germano Martins ,1'Assnmpção a 24000 por tnmestre (13 números). '**'-""'<'i&
Putíicèe-aos Ílií»80S- Éü
edictok— B. de Mattos. m ^.ycy&ii

.¦'-fl&i'
¦ .
V .

A freguézia de Nossa Senhora da Con- ouvidor da commarca e desembargador


'¦-¦-j/j,'

..Mc;

ceicão e São José tem por limitas a José da Motta Asevedo. camará/
margem direita do Itapecnrü até á bar- Fessa oceasião estabeleceo a entrarão
Y. MS^IJt ra do Riacho-corrente, e A9M 3 l^ municipal, em cuja organisação com brasileiros.
ao cenio pela margem doflito Ria- europeos promiscuamente
Caxias.—fóüti'ora São José das Aldeias goas cho,desce H legoas eu» linha recta e vai Foi urn dos dez districtos militares, xx
Altas ou simplesmente Aldeias Altas) Al- ao lugar denomina-lo Gamelkira do com* cujos commandantes. «segundo o regula-
deias Altas/Freguesia, villa, cidade, mu- mwtador Joãd Paulo Dias Carneiro. Bu- * mento provincial de 24 de janeiro de 1820,
nicipio) termo, e comarca. rity do meio até á ba-ra do riacho das tinham obrigação de policiar o districto,
Aldeias Altas.—No século XVH.quando Pombas a extrema da fpgnezia de São evitar roubos de gado, perseguir os ne-
os portuguezes.com suas investigações e José dos Maliõ^s, na margem esquerda gros fugidos, e fáser respeitar as auetori-
explorações iam invadindo o interior da do Parnahiba, ed'ahi á de Caxias cidade, dades civis.
provincia, os indios gamellas ou timbi sede da freguézia. Sua extensão de lest>- a Na Memória de Manoel Antônio Xavier
ras. perseguidos ou aterrados, se foram oeste é A<>\b lagoas e n»s p:i neiras 5 diz elle ser Caxias «o mais importante t
recolhendo ás florestas e montanhas. legoas 3 somente de largura, e nas mais1 ponto da provincia, tanto considerado
AV margem direira do rio Itapecurú 14; isto é do lugar denomina-lo P.»i tn- pelo lado do commercio» que faz com a
encontrarão um lugar, que acharão mui- Alegre, antiga divisão, á barra das Pom- capital e interior, como pelo da lavoura,
to próprio para n'elle se abrigarem, ese bas. , porem e.sta não pode ali progredir pela
defenderem, e ahi fundarão Instantes '*& sua população é pouco considerável, razão de se achar todt) o lado direito do
aldeias. e calcula-se o máximo em 5,000 almas rio infestado do gentio Gamela eTimbira,
Esta este lugar em distancia de 80 dri m(líior seguinte: homens livres 1,800. que oecupa as mais preciosas terras d^-
legoas ao su este da capital pouco mais ou mtrlh^llivres 2;25(fe escravos 400 e es* quelle continente até o rio Tocantins, fia-
menos, na lat. mer. de 5» 9' e na long. crava&íÉO. - gelando diariamente aquelles lavradores,
occ. 45° 12'. (Meridiano de Pariz.) A fi^uezia de Sáo Benedicto foi crea- e causando lhes consideráveis prejuízos;
Foi no começo do século XVIII que os <!a tam^m t»ela lei jyov. n° 13 de 8 de já em correrias matando os escravos e
portuguezes se estabeleceram nessas ta- maio de 1835. <* |>or>%lra lei n° 26 de brancos, que encontrava, e já incendiando
bas, já então abandonadas, e á essédiigar 22 de julho de 1836 foi a igreja de S. as fazendas e payòes, sobre o que pode-
appellidaram Aldeias Altas. Benedicto designada para matriz. ria enumerar muitos exemplos, que teta
Desde seu principio parece que prós- A divisão lista fregu^zii com a de acontecido até mesmo no premente anno
perou logo, por que o governador e ca-
Santa Rita da villa do Codó principia no de 1822,» " :..''¦ y XXXÍ
-Meltó-e. Povoas
pitão general Joaquim de rio Itapecurú em a barra do riacho Ga- Em 11 de maio de 1822 a camam mu*yi.:
dando conta ao governo da Metrópole mellnira em direitnra a fazenda São Fran- nicipal pedio á junta governativa a creag^
da Sua viagem pela capitania no anno de cisco e delia em direitnra ao rio P.rna- ção de uma cadeira de primeira^ ljetra|,
1766, em officio de 17 de Junho do anno hiba. que lh«j serve de limites: e da bar- paga pela fazenda nacional,
seguinte escreveo o seguinte: ra do dito Gau.elleira. Itapecurú a<*i.na, Adherio á causa da independência na- '
aldeias Altas é o ponto do commercio vae ao Porto-grande desta cidfoje, que cional por esta forma, >
de tbdió este Sertão e virá a ser uma gran- serve d»** ponto de divisão, entre suas A junta provisória do governo do Ceará
de povoação; è tambem me parece que freguezias, cd'ahi rua do «liio porto aci- dezejando favorecer as intenções dos liabi-,
era bem fundada ali uma villa, porque ma, em «üreilnra á rua do Cisco, que tantes dõ':"'PiatohJ.., que ambicionavam|á
tem bastantes pessoas capases de servi desemboca na estrada dn Estauhado, se- sua indepeudenefe, deliberou expediceio-
rem na câmara^ e tres companhias, qtíe »uo até o ii» p.mahiba onda .finda: for nar para essa provincia o governador dí»
hão de ser de cavallaria auxiliar.» mando nm quadrilátero de 14 legoas por armas José Pereira Filgueiras e ote ±m
Pouco tempo depois foi ahi creada a
cada lado. Terá de extensão A» L a 0. bro mais votado Tristão Gonçalves Peret-
justiça presidiai* 14 legoas, e de N. a S. o mesmo. j ra Alencar Araripe para que. promoves-.
Em 4 de Junho de 179(5, D. Fernando Gonlam-se n\|l;i 900 casas, habitadas' *ern o bom êxito de 1^1 projecto.
Antônio de Noronha disse para Portugal, 5,558 pe>soas, sendo: homens livres] Pondose em marcha os expediçciona-
tido considerável pdr
que e$>Ú julgada havia e com- 1,300, mulheres livres 2,000, menores rios a 30 de março de 1823 recebeo p
augmento em população, cultura -ile ambos os sexos 1,050, e escra- dito governador, que tambem era capir
merciò pelo qüé devia ser elevado ádig- livres
tinha se vos í,200. tão mór dos Aracatys, a carta imperial dé
nidade de villa,mormente quando o titulo e ! 16 d. alríl dó mesmo anno authori$ando-o
constituído ponto central communicavel ílife.—Foi lhe conferido pre- •a reunir ÍuH0$^^^^MM^^M.
Pi- rogativas de villa por alyará de 31 de ou-
ás capitanias do Ceará, Pernambuco. com assolemni- ! independência :d^^anhto.?::'-y.j;;:^
auhy, Bahia e á todos estes vastíssimos tubro de 1811, e creada
sertões.» dades do costume em 21 de janeiro de Apresentou-se rjj^tae^^-
foi 1812, quando contava 593 fogos, e 2,426 Caxias com $0to. W^0$x\iãÊ^$>W^
Freguézia*—Não sabemos quando almas. depois de longas fadigas e privações, no
creadá a primeira freguézia ahi.
fosse logo nó 0 e capitão general Paulo dia 31 de julho do dito anno celebróu-se ¦¦sm
E' bem provável, que governador uma honrosa convencia entre ps sitian*
das antigas ai- José da Silva Gama em 24 de outubro
principio da occupaçâo de 1812 accusoua recepção da P. R. de tes commandadps entre outros pela bravo
. deias altas pelos portugueza. Abril do dito anuo, que = S. A. major Salvador Cardo$p de 0ltyeira,e Ale-
Pelo art. 7o da lei prov. n° 13 de 8 de 16 de
R. lhe dirigio seu desembargo do crim e os sitiados sbb o cominando do
inaio de 1835 foi- dividida nas freguezias pelo
ter havido bem major protugúez Joaò Jpsè da Cunha
dé N. S. da Conceição e São José de S. paço participando-lhe por
em villa o arraial de Aldeias Altas, Fidié, typo de bravura e de honradez
benedicto, e presentemente tem ires com crear encarregado d^sta commissão o Fidié intrincheirouse no morro dm
a de N. S. de Nazareth da Trisideila. sendo
<* í*.^s^—
»•>«« ws

í
.: :¦

•¦,«

....._..,_.•..-'..
tWSMíml
*?'

a\,
¦•#-*¦¦"

2
#" '•¦¦ ¦
-

'

SEMANÁRIO MARANHENSE.
¦**¦ 7». **>.-
¦*>**

'¦'-.'•¦

tabocas, depois chamado morro do ale- haviam arruinado muitos dos seus credo- Fechamos este luguhre quadro lamen-
crim pelo inspirado vate cáxiense Gon- res de S/Luiz.» tando, que fosse muitas vezes
salves Dias, em memória do denodado Era este o ponto central das commu- bárbaros desrespeitado o crepe por esses
cabo não afeito ás lidas da guerra, ecom nicações entre a capital da da viuvez
tudo ali heroe. província e os e o cândido véo da donzella..;
arraiaes da Natividade e de S. Felix em Este triste e desgraçado estado durou
No seguinte dia 1 de agosto, as for- Goyaz*. com poucoIntervalo, até ás 10 horas da
ças independentes entraram em Caxias. Por 10 ou 12#000 reis cada um então manhã do dia 24 de
/ No dia 6 procedeose áeleição da ca- se compravam janeiro de 1840, eni
quantos cavallos eram ne- as tropas legaes ahi
mara municipal, e no seguinte á acclama- cessarios para o transporte das cargas aque o a tranquillidade restabeleceram
paz publica.
ção do imperador e juramento de fideli- por terra! A's dez horas e meia já o estandarte
dade
"A á independência. Depois da capital, se não nos fascina o nacional tremulava no morro da Taboca
junta provisória, dando conta em 18 amor da terra natal, sem duvida ocetipa ou (\o Alecrim,e o tenente coronel, depois
de Agosto de 1823 para a corte das oc- o primeiro lugar esta importante cidade, marechal hoje
falleeido, Francisco Sérgio
correncias tendentes á ind«jpendencia,diz onde se pode viver cercado de todas as cFOliveira,
«que Caxias sustentou o cerco das forças commodidades, como commandante das forças
porque ahi existem casas legaes, saudou os habitantes com uma
independentes por se acha» dentro o go- de todo o gênero de negocio, vários esta
vernador das armas coostilucnmaes do belecimentos de diversos ramos cFartes proclainação.
e Presidia então os distinos da província
Piauhy João José' da Cunha Fidié coto ofíicios, é a residência d'algtins médicos o falleeido conselheiro
bastante armamento, boa artilharia, e e cirurgiões, tem tres boticas, aulas Manoel Felisardò
bem fortificado, mas como se lhe acabas- blicas e particulares pu- de Souza e Mello, cercado de muitas dif-
instrucção cia ficulclacles, com pouca tropa, e ó
se os viveres capitulou finalmente, e ren- moc.ida.de dambos os para sexos, um pequeno é mais quasi privado de todos os soceorros que
deu-se á discripçào.» theatro e até duas bandas de musicas e recursos,
Em sessão de 11 de Dezembro de 1823 marciaes particulares, e habilmente diri- maranhenses que tinhão elle e todos os
a mesma junta nomeiou emcommisâo— giclas. o direito cPesperar do go-
verno central.
aos cidadãos Agostinho Xavier Freire, Está collocada em uma baixa, e cercada Esta luta fratricicla não se extinguio.
Antônio Raimundo Monsmho, e Manoel de morros, a tornam muito quente Retiraram-se as guerrilhas e apparece-
que
Baptisia Bandeira «para tomarem conhe- no verão, porem tem pomposa vegetação ram os
assassinatos, perpetrados quasi
cimento das indicações offerecidas pelos e é banhada
pelo rio Itapecurú, o que todos os dias, e tornou-se o município
cidadãos caixienses e.de todas formarem concorre para minorar o calor,
um resumo para subir como instrneções reina. que ahi de Caxias notável pelos freqüentes è re-
ao soberano congresso palmai.» petidos crimes que nelle se davam/ /
Offerece com tudo agradável vista sen- Durou este triste e lamentável estado
Entre muitos indicações de va.ios ei- do observada de
dadàos, todas ellas diametralmente op- qualquer ponto elevado, de ferocidade ou desespero até o tempo,
pelo que foi chamada princeza do sertão em que o falleeido dr. Eduardo Olympió
postas, e bem poucas concordes, se lê pela hábil penna do Exm. Sr. arcebispo Machado perante os escolhidos cia
uma assignada por José Narciso Ferro, da Bahia, outr'ora nosso venerando provin-
pas- cia em 1851 recitou estas palavras: /
em que propõe «como de summa ulili- tor. «A febre homicida, que hia lavrando
dado o dividir se a província do Maranhão Gonsalvès Dias enamorado dos' seos pelolnunicipio de Caxias, tem feito, vae
em duas,ficando o districto de Caxias con- encantos chamou a em lindos versos:
siderado província annexanuVse-lhe os para trez mezes, prolongada remissão.
v .tênue vapor que a íjfjá* espalha E qual o reagente, que conseguio acal-
districtos cie Pastos Bons e S. Berna.do. No frescor da manha mo.iga supra.nd». mar seus lugubres accessos? A energia
Pelo tempo da -independência ahi mora- A' Íl.->r d»-, manso laiMi. e actividade do actual delegado dé p'òíi-
va Francisco 'João Henrique Wilkins, filho de
. .a fíor qm despenla livr.* cia. o Dr. João de Carvalho Fernandes
Henrique
"Real Wilkins, leneme-corouel Por entre os troncos de rohustos cedros Vieira, o qual, formando culpa aos clelin-
do Corpo d'engenheiro> na pn.vin- Porte—em gtoba inculta
cia do Pará, o qual depois de haver pres- quentes, perseguindo*os com incansável
zelo, devassando as casas de certos indi-
tado alguns stvíços á causa Vía indepen - .. .bella como as virgens d i florestas, virluos, que até então contavam, senão
dencia, como juiz pela lei, intentou *?hi Que nojAspeiho'a das águas se contempla coma aquiescência, com o silencio da
Firmada eni Idôneo ahrVSso
reunir um conselho, a qne ull echamava auetoridade publica, tem conseguido res -
câmaras geraes com intenção de tomar .ua p.iizia ;i e roa lituir á tranquillidade o districto de sua
¦,.;¦"

Xaxias independente do»;í-esio da proviu K rtejnnoeeneia o cinto.


Cia. - '......-/ :-ã 'a'
jupisclicção.»
s;*.,.--

Quando appareceò na vilia ila Manga Foram estes valiosos e importantes sei*-
Contrariado pela junta, abortados os em 1839 a revolução do
seus planos, requereu elle ao governo do. sectários Balaio, os seus viços apreciados pelo governo central,
não' podiam deixar de lançar pois mandou por meio dum aviso louvar
Io Imperador, em remuneração tios seus suas vistas
serviços e de seu ,p :•*--.., o posto de capi de, perigosas, sobre essa rida- o dr. João de Carvalho.
lão-mór da villá <ie Caxi.is còIíj honras suasjá riquezas, pela sua posição central e já pelas ' D'ahi a poucos annos houve
e munições, ser então, quem ar*.
de.coronel, e a mercê do habito de Chris- diz urn por rançasse esses louros da fronte do ener-
escriptor contemporâneo, Caxias
4o, o que não conseguiu,,.: a cidade do crime, o refugio dos faccino- de gico o activo ex-juiz municipal e delegado
Cidade.—Foi elevada t cathegoria de rosos, o dominio dos policia de Caxias para os offerecer a i

bachás, e outro que nada fez, não cuidando da his-


cidade pela lei provinciaf n. 24 cie 5 de eslava acostumada a pequenos ver assassinatos to- tona,
julho de 4836. cios os dias! que tudo regista, èa todos faz jus-
Collocada entre as capitães do Mara- tiça.
ifèpòis de dois mezes de rigoroso as-
nhâo e do Piauhy é por isto um centro sedio e de repetidas escaramuças, nos Esta acção, por demais injusta, nos
mui importante de commercio entre es- dias 30 de julho e 1 (1'agosto faz lembrar estes versos do poeta de Man-
tasduas pro vincias, um núcleo bem gran- rio da sua independência!) os(anniversa- rebeldes
tua.., ^,,//
de de lavradores, e um dos pontos d'on- apoderaram se d'ella roubaram muitas .•:'''¦' . A'. a': ¦
''
- '*,.' ':."-',.»
- - ¦-'¦-*-;".--.; *,-,--^'-:-;¦1,^¦',¦^ ¦

de se exportam muitos gêneros agrico- fortunas, incendiaram e inutilisaram ai- Hos ego versículos feci: tàiitalter honores:/
Sic vós non vobis niditicatis, aves, & &
gumas
«Avultada quantidade d'arroz e d'algo- cidadãos propriedades, prenderam muitos
e mataram mais de 200 pes- Câmara municipal.—Funciona em uma\
dão se cultiva va ahi desde 1808, (ílist. do soas de todas as classes sociaes, sendo casa
Brazil por Southey T. 6o pag. 379) mas muitos desses assassinatos revestidos de pertencente á província, no largo do
eram conhecidos os seus habitantes por taes atrocidades, Quartel.
accerrimos jogadores, vicio fatal com que cusa-se ánarral-os. que a nossa penna re- Patrimônio da câmara—Qnznào foi
elevada á cathegoria de villa for-lhe dada

«•
¦ i

'¦.. "'>'-<•
¦ .*>¦

SEMANÁRIO MVRANIiENSE. 3

para patrimônio legoa e meia quadrada;* Altas(dizoregisto)pretenderão erigir uma fàllâo-lhe todos os recursos pecuniários
de terra. ¦ ¦ MM capella á dita Senhora do Rozario, para a para semelhante fim, porem anirnidaW
Hoje consiste em uma casa de feira, qual iodos prometterão concorrer | tam- confiando muito no Patrocínio de NOSSA rr

que lhe foi dada em 4 de abril de 1814 bem alguns devotos brancos, obrigando- SANTÍSSIMA PADROEIRA, qiift nos lançSa
pelo capitão Lourenço Antônio Ribeiro e se a irmandade pelos seus annuaes a ter a procurai os por entre o< seosdevotos,
Borba, na sexta parte d'uns chãos e nm sempre, ern aceio e ornar de paramentos aonde em todo o tempo se acharão corft;u>
sobrado no mesmo largo, em uma legoa a capella, « faz^r-lhe os concertos qno abundância, vamos por tanto recorrer a
quadrada no termo da villa do Riachão pelo tempo carecesse. Este requerimento, V. S. para que se digne tributar a quantia ¦itr

doada ern 20 demarco de. 1814 pelu s*>m data, foi despachado pelo cabido á que fôr de seu agrado, maodandò-a ení^.
capitão José Fernandes dos Reis, e final 17 de fevereiro de 1772. iregar ao procurador da irmandade Bene- ¦r;:
mente dò cunal do conselho, de cujo O vigai io da freguezia Dr. João Duarte dieto José de Oliveira, auctonsado a re-
ttfrmio, por devoluto, em 18 de selem- Franco deu informação favorável á 2 de ceber, ejunctamente a p»ssarjs recibos
bro de 1848 se apoderou março d'esse anno para constar. '"'; v WÊ
Ò Dr. vigário geral Fdippe Camello de E' certo na verdadeira crença dos chris-
Igrejas.—Possue as igrejas de N. S.
da Conceição e São fosè (matriz) de S. Be- Britto mandou em data de 6 de abril des- tãos, e pessoa alguma o não poderá' dil- m
nedicto (matriz) de N. S. dos Remédios, se anno proceder as diligencias de di- vidar s^m eommelter erro, qu^ asesmo-
deN. S. do Rozario,e o nicho de Santa reilo, Ias dedicadas ao Templo de DEUS, Cora á
Luzia. O Dr. vuario da vara (João Duarte Fran- invocação de NOSSA SENHORA, sua SaU-
Nossa Senhora da Conceição e Sào co) procedeu no dia 15 de novembro des- tissima Mãi, aonde sempre è venerada; ••jsssa

Josêt—Ignoramos quando foi ediücada, se anno á vistoia do lugar escolhido pela louvada, e adorada, os fHs concurreutes
e apenas encontramos nm officio da ca- irmandade e achou bom e sufflciente para goza > de uma predestinação para a sua
mara municipal em 24 de Outubro de nelle se fundar a capella. o qual (diz o salvação, porque quem ama a MARIA
1827 de Caxias em resposta a portaria do termo de vistoria) fica á pista dtt matriz SANTÍSSIMA obtém as maiores graças,
vice-presidente Romualdo Antônio Fran- pouco distante d'ella na planície de um e tem no céo a maior advogada eVcami-
co de Sá, n,° 62 de 3 de Outubro de tabuleiro; forão -testemunhas desta vi-to- nho seguro pan chegar a presença de
1827, expedida em conseqüência de um toria o alferes Francisco Dias dos Cazaes, DEUS. m
aviso do ministério da jusliça. informan- e Domingos Lourenço. E nesta alia consideração a irmandade
do que só com 40 contos se fizia um Os irmãos no dia 15 de novembro des- muito confia no espirito religioso, que
templo proporcional á esta freguezia. se anno, na presença do dito Dr. vigário caracterisa a respeitável pessoa de V. S.
Sem duvida não se gastai ao esses da vara e das testemunhas acima referi- certa de que annuirá aos seus rogos. ¦¦¦¦¦¦•«iwÊr
contos, porque o templo, que das assignárào um termo pelo qual se Deus guarde a V. S. muitos annos. Ca-
quarentas
existe, é pequeno e pobre. obrigarão á fazer a capella de pedra e xias 30 de agosto de 1864.
Ao lado do norte d'esta Igreja, a ir- barro por ser a cal muito difficultosanes- Francisco Antônio Antunes—P.
mandade do Santíssimo Sacramento, abi se lugar,e que só a rebocarião com ella; Benedklo iosé de Oliveira. 'mm
erecta levantou a sua capella lançando a «tambem se obrigaram annualmente pre- José Manoel de Abreu,
pedra fundamental em 13 de setembro fazerem C$000 reis em dinheiro de con- ioâo de Deus do Rego.
de 1866. tado por todos os rendimentos dos annos, Eugênio de Britto Ferreira.
Antônio Pifes de ^Mi
fosus.
É' uma obra importante por sua boa os quaes servirão para ronservaçâo e or- Felisavdo -Gonçalves de Oliveira,
construcção, e eslá a conciuirse. nalo da capella.» ¦mm
fosé Manoel de Olmim.
O patrimônio dfesta freguezia é de Todos os iniiãos presentesv assignárào
meia légua quadrada de ten as na mar- de cruz, excepto um. • Nicho de Santa Luzia.—.\c])d se. en-
gem do .noi Itapecutú. Do um requerimento despachado á 4 cravado entre o> prédios dos cidadãos 1 -'£%*•

Infelizmente todos os documentos, que djj ou!.ubro de 1775 consta,que a capella João Pedro dos Santos e José Antônio dá
o comprovão, estão perdidos ou forão es- estava naquella epocha IVita de pedra, Costa e Silva, na rua do nome da mes-
palhados por mãos particulaies quando rebocaoa decai, e coberta de palha, em- ma Santa.
os revoltosos balaios se apoderarão e sa quanto se está fazendo a telha pura a co- Edifícios públicos. Possue o ctirro com
quearào esta localidade. berlura. um pateo de vinte braças, formado de
São Benedicto.—Tambem nâo sabemos Em virtude do mandado do vigário ca madeiras escolhidas,e dividido em l par-
dizer nada s<>bre a epocha de sua edífiçra- pilular Dr. Francisco Mat-bosque oe 11 tes podendo cada< uma Conter cento è . :'
üe outubro de 1775, o vigário da vara vinte rezes, banhado pelo lado esquerdo
ção. .
iV. S. dos Remédios.—Apenas achamos Antônio CordHro Roxas visitou e benzeu pelo riacho da Pouca-vergonha, que váe
a provisão do vigário capitular e mestre a capella no dia 27 <íe dezembro de 1776, lançar se no rio Itápecurú mirini...v, .;¦'-.'
escolla Dr. João de Bastos d'01iviira de e h.go foi trasladada em solem ne procis
>¦1 :..;»í_a-^
Um quartel militar edificado èm f840 -ai, ,.;-M.»

20 de outubro de 1817, á requerimento sâo a imagem da Senhora do Rozaiio, <1e- sobre o morro do Alecrim, que com quan-
do cidadão José Antônio de Oliveira, poetada na matriz, para a sua capella. to offereça vantagem por dominara cida-
¦ ¦ ¦
concedendo licença para erigir se ahi a (Tudo Mo consi i do* autos.) de e seus subúrbios, não tem água, fal-
capella de N. S. dos Remédios. 0 compromi>so. dYsla irmandade foi ta gravíssima na verdade para taes es-
.
¦
Organisou se uma irmandade para rui- confirmado pela hi prov. de 31 de Agos- tabelecinientos. 4
dar d?este templo, sendo seu compmmis-'- iode 1856. Uma casa em fim largo, a qual serve
; •: so aprovado pela lei provincialn. 298 de Parece-nos, que a igreja não foi aca- de cadeia, e onde a câmara municipal e
10 de Novembro de 1851. bada pela seguinte circular firmada em o jury funccionamre os juizes dão as au wm
Ahi seacha ao lado esquerdo o altar da 30 de agosto'de 1864; diencias. * •
virgem e Martyr Santa Filomena, levan- A irmandade de NOSSA SEMHORA DO Generos^ de localidade. Infelizmente, fia
•tiM&
tado com aceio, e decência pela dedica- ROZARIO desejando promover ^continua- como em toda a provinciana agricultura, •^9
i ção de alguns devotos. o fim ainda vae caminhando sem progresso, e
podas obras em sua capella para
Foi colocado em uma das torres da de levar as paredes lateraes conjuncta- apenas guiada pela pratica; rotina, ou ex- r.r -ívil»
W
igreja dos Remédios, em 1867, um relo- mente o fronstispicio a altura de, poder periencia dos nossos maiores.
gio, que custou reis 2,209#879 reis com fechar o corpo da igreja, e ornal-a com Os gêneros dè cultura são arroz é ai-
todas as despezas desde a sua encom- alguns paramentos de maior necessidade godão, fumo e milho, algum feijão è
menda até collocação. para os Ofiicios Divinos, e ao mesmo mandioca.
Qapella deN. S. do Rozario dos pretos. tempo mandar fundir de novo os sinos Existem no município bastantes enge-
—Òs irmãos da irmandade de N. S. do que se achão quebrados, em vista de tão phos de assucar. Fabrica-se aguardente/
Rozario doSpretos da freguezia das Aldeas consideráveis despezas que tem a fazer, assucar, rapadura e mel em pequena es-
¦ i.
¦:
r:}'y:-í:rr:':\
"t .^-.'-í
< ¦¦¦¦¦ »
•&'••'.
' .¦¦¦:¦'¦

;s^_«
_l '.'.."!_. -*.-_ I •i\:y.i^\-^ '¦¦' -¦¦><«*
¦:

"-"^ '
.'*'.

ít'Í'''
®m& :< m
. a" > V

. SEMANÁRIO MARANH_*NSE.

cala, Ha tambem algumas fasendas de nandes Bastos por uma sociedade parti- que cultivão as sciencias sociaes e júri
gadp vaccum e quatro olarias. cular, que ahi deo expectaculos por mui-
Navegação. E* o ponto onde se termi- tos annos* Divisão judiciaria. Tem uma delega-
:/..
na á navegação á vapor4 da companhia Acabou-se a sociedade, e hoje só se cia em Caxias e subdelegacias nos seus
fluvial pelo rio Itapeeurú, porem p trans- abre para receber alguma companhia am- tres districtos, em S.José dos Mattõese
porte dos gêneros é feito não só nas bar- bulante. pi: José das Gajazeiras, e tambem cinco
tas de reboque da mesma companhia, Tem 32 camarotes em duas ordens, e districtos de paz.
como tambem por canoas de vários par- no centro a tribuna do juiz de direito, na | A comarca se compõe de dois muni-
ticulares. platea tem 120 lugares; o palco conta 27 cipios—o de Caxias e de São José dos
No artigo— Tresidella-~fa\\amms do palmos de largura, 17 de altura, e 40 de Mattões, e foi creada pelo art. 1° da lei
terceiro districto, para onde de Caxias se fundo e a platéia 43 de cumprimento e prov. n° 7 de 29 de abril de 1835.
vae no barco da passagem, sendo este 26 de largura. Foi depois pela lei prov. n° 328 de 12
serviço feito por arrematação. Cemitério. A Irmandade de N. S. dos de outubro de 1852 dividida em duas pa-
A lei provincial n. 20 de 3 de junho de Remédios no mez de junho de 1861 ra formar a do Alto-Mearim, composta
1836 authorisou a câmara municipal a deo principio a edificação de ura ceruite- dos termos do Codó o Coroatá.
construir á custa de suas rendas urna pon rio. sendo colocada a primeira pedra pelo 0 termo de Caxias, objecto d'este ar-
te sobre o rio para substituir este meio tigo, consta das freguezias de São Bene-
pedreiro Leocadio Lopes da Carvalho.
de passagem, tão incommodo, porem tem dicto, N. S. da Conceição, e São José den-
Foi benzido em 14 de junho de 1862,
sido iofructiíera. tro da cidade, e de NS. de Nazareth da
Illuminação publica.—Pela Ia lei pro pelo padre Raimundo Jão Moraes Duarte Tresidella na margem opposta do riolta-
vincial de 3 dé março de 1835 foi con- e a sua capella em 15 de agosto do mes-
mo anno. pecurú, da qual tractaremos em artigo
cedido 50 lampeões para a sua illumi- especial.
nação. Estatística. A receita da câmara mu- Maranhão-Julho—1868.
Ficou sem execução até 1866 cabendo nicipal foi orçada para o anno de 1860 a Dr. Cesah Augusto Marqueis.
finalmente ao Exm. Sr. Dr. Franklin 1861 em 12,759^190, a despeza em reis w
Américo de Menezes Doria, como pre- .1;330#000. A população em 1821 era
sidente da provincia o praser de mandar 2,426 almas, e em 1860 do primeiro e os amigos.
80 lampeões com as competentes ferra segundo districto dentro dos marcos da
cidade é o seguinte: homens livres 1.647, capiuloxiv. ;
gens, e de ordenará respectiva câmara
municipal, que pozesse em arrematação mulheres livres 2,019, escravos 643, es-
O MESTRE GUERRA..
o serviço da illuminação pelo tempo de cravas 887.
dois annos, devendo porem submetter o Já falíamos da população actual quan- (Continuação.)

contracto á aprovação da presidência. do descrevemos os limites das freguesias. No decorrer do dia, a febre visitara a
No anno de 1864 organisou-se n'esta Em toda a comarca avalia-se em vinte infeliz Maria de Jesus, que no estado em
cidade uma companhia sob o nome espe- mil almas. .;&s
O seus principaes povoados sãoAti® da que estava, não coordernava idéas que at-
rançoso de Utilidade publica caxiense com testassem a preuça da razão naquella ca-
o fim de construir esta ponte ha tanto Cruz, Atoleiro, Bomfim, Burity do Padre, béça perturbada pelo vicio da bebida e
Rosário, Pindobd oLimpesa.
tempo dezejada.
N'esta cidade nasceram os seguintes pelos suecessos porque passara. ; ^
Felizmente a asserhbléa provincial pela Debilitada em extremo, mal podia ar-
lei n. 699 authorisou o governo a con cidadãos dignos de especial menção. ticular palavra, e quando o conseguia,
tractar com qualquer companhia ou par- Dr. Antônio Gonçalves Dias, geralmen- erão sem nexo, desvairadas!
ticular a construcção d'uma ponte de te conhecido e apreciado pelos seus lin- O sol desappareeia dourando com seus
ferro, madeira, ou pedra n'este lugar, dos versos e brilhante talento. raios de frouxa luz a enrugada face do
com as condicções no contracto exaradas. O dr. Frederico José Correia, um dos mar, e as copadas franças das arvores,
Por outra lei n. 689 de 27 de junho mais hábeis advogados na capital, estu- quando Shnào Oceano disfarçado, como
foi tambem o governo authorisado a des- dioso e assíduo cultor das sciencias so tinha por costume andar, embarcara em
pender até a quantia de reis 6;000$000 ciaes e jurídicas, conhecido pelo seu saber üma canoa que preparara para substituir
com o acabamento da estrada, que parte e muita dedicação ao estudo daf bellas djseu eseáler, que remada por Tempo-
de Caxias até a Bar rá do Corda. letras. Como Gonçalves Dias foi seu ber-
aa „ rale Pompeiro, únicos marujosdo corh-
Fasemos votos sinceros para que se rea- ço embalado pelo gênio da poesiáf^!w hiandanle Oceano e seiis fiéis^ómpanhfei-
lisem estes e outros melhoramentos, ahi Raimundo da Cruz e Silva, bacharel ros, que/esc.iparão do desastre do hyate
tão úteis e necessários. em direito pela universidade de Coimbra, Onda, por terem ficado á seu serviço, e
Instrucção publica. Existem duas ca- e um dos mais heróicos caracteres, quo atravessando o rio Ba canga em sua foz,
deiras de instrucção primaria para o sexo temos conhecido. Educado pelo »snr. D. fora desembarcar na praia do Desterro.
masculino, uma creada no primeiro dis- frei Joaquim de N. S. de Nazareth, então Oceano veio a cidade consultar ao Dr.
tricto, e a outra no segundo districto bispo de Coimbra, quando este se vio Eduardo da Gama sobre o estado moles-
peta lei provincial n. 346 de 31 de maio obrigado a emigrar para Inglaterra, Rai- iode Maria de Jesus,mas com o propósito
_el854. mundo da Cruz deixou os livros e acom- de oeeultar o nome da doente para ar-
Para o sexo feminino foi «stabelecida panhòu o seu protector ao exílio, onde redar a curiosidade do Dr. sobre.a süa
tambem uma cadeira pelo art. 5.° da lei lhe prestou muito bons serviços, não se pessoa.
te provincial n. 3 de 30 de março de 1835. despresando de ser até seu criado. Obri Simão foi pela rua Formosa, através-
/ Possue tambem uma cadeira de gram-
*T* *->
gado à regressar a Coimbra, obedeceo a sou o largo do Carmo e entrou pela rua
matica da lingua franeeza, creada pelo voz de seu pretector, formou-se, veio do Sol, aonde achava-se a casa <lo Dr.
art. 1° da'*-.lei n. 145 de 10 de julho de para esta provincia, e na sua pátria mor- Gama. Mas ao passar pelo theatro ob-
1843. reu cruel e barbaramente apunhalado servou elle que Symphronio Launé ia
Todas estas cadeiras estão sob as vistas pelos rebeldes balaios em 1839! pelo passeio opposto, e o seu coração
d?um delegado da instrucção publica. O engenheiro civil João Nunes de Cam- batia corpo dizendo-lhe: Segue-o !
Vaccvna. Tem dois commlssarios vae- pos, muito distineto pelo seo talento e Simão reflectia comsigo mesmo:
Ginadores, cada tím para o seu districto vastidão de conhecimentos. —Elle vae tão preoecupado. que não
e um municipal. Finalmente o Dr. Joaquim José de Cam- se me dá de crer, que a maldade dirige
Bea.ro. Em 1843 foi construído um pos, da Costa de Medeiros e Albuquerque seus passos! Meu coração impõe-me que
theatro sob o nome de Harmonia rtuma já conhecido na republica das letras o siga.. .. Devo seguil-o..... Sim! Este
cásá térrea do cidadão Manoel José Fer- por oecupar lugar mui disticto entre os homem calcula algum mal eu posso op-

-% 'V:
'.-'¦•"íi-:-/™'«.-:,...'»'. ¦-,¦::¦¦'¦- ¦¦' ' ;-''*.•'--¦•' í'\l-'.'-.:i.'-.
í - 1 ¦ V
/
,!.,"
íl, !¦.:¦'¦! • ¦¦ ' a.r-* Ir?»?'-***"
'¦'• "'*
.''- í"-^ ;>¦-.-* -¦¦ -,^:'r-'-.v;"'-:

SEMANÁRIO MARANHENSE. 5

a suarealização *.. E minh# —Está resolvido? interrogou o mestre observou mestre Guerra,para onzara tau-
por-me to! Ai daquelle que ousasse. JurO-
mâi? Ella soffre, e nâo íhe levo o reme-1 Guerra, de pé, encostado á meza.
—Vim propor-lhe um outro negocio. lhe, que lhe arrancaria o coração para
dio que deve curar-la! Tenho tempo.
—Qual? k mordd-o....0 qu.é ia dizendo quando¦
Este homem é mais perigoso do que a —Não é mais ao dinheiro que olho, « me intoirompeu? Sito; devo mat-afaGuí-
moléstia dessa infeliz.
eu lherme da Silva, hoje, ao sahir da casç
Symphronio ia adiante e Oceano o se- sim a esse papel que exigio de mim; Cai los dè Magalhães.,.
Elle dobrara a rua de S. João, Oc- venho offerecer-lhe o duplo, o iriplo -Nâo?' do negociante' " '¦'.::,:IW' ^ - .¦**tl'*»W
'w*i

guia. ¦!:¦::.':.:
ceano também dobrara; depois a rua da mesmo, do quanto ajustamos, patasubs- —Sim, mas... Caütella! Prudência! ?.;
Paz, seguio pela rua do Craveiro e tomou tituir esse papel.
e o seguiu- —E' a minha segurança, retorquio o —Sou prudente nestes negócios...E 6
a rua de S. Pantaleáo, Simão
como sua sombra, não o perdia de Mestre Guerra. senhor deve saber qiie sei acautelhír-roe.
do verdade... Offerecia-me a pouco o
-v:*WJ'
*.ífer'.-
' '¦•»*!V*

vista. \~' ¦ • ;' ..-• 'fà —Mas se eu lhe garanto... E'


o cemitério inglez e caminha- —A melhor garantia é o documento. duplo, triplo. 300, 400^000 reis, con-
Passara
calcando os imensos aréaes Até agora não pensava neste meio de se- tanto qufc desistisse (ío papel que o com-
vacabisbaxo, mas que me garante um pi% mm
abundava nesses lugares, para che- gurança, mas deu >e um fado ha pouco promeie,
que dos da'mitdia tector se accaso a justiça me visgar em
de Deos. tempo* com um profissão,
gar a Madre autor do crime (Mxou o suas garras... Ora dijjâ-mé. • .se eu lhe
Junto ao Hospital iMilitar, vioSymohro- qne,apanhado, o
e desse esse papel., ,Sim.. .se eu quizessé
nio que não só a noite o pntegia, como pobre dò exeentor gemer nos ferros, essa offerécidã, o Sr, toç á da-
ser condemnado ao gasguete!..» Nada, quantia
qoe tudo alli era deserto! .-briga-se a va?..0 Sr, me a dava?
Desceu a iragreme ladeira que vai a nada. Se m for preso, o Sr. —Não ha duvida, respondeu Symphro-,
da Madre de Deos, e pai ou ju.Uo livrarme, empregando todos os esforços
praia
ejanella, ao seu alcance; e o dinheiro qu» tiver nio, esperançado de apanhar o docür
um casebre mal acabado de porta Guerra,
in- ao seu dispor, quando nâo o documen- mento que entregara ao mestre
*PL&,f

que denunciava no exterior a miséria


lo... se quer...400#000reis! : V
terna! —Traz essa somma? ;
logo as intenções —Mas...
Simão comprependeo —Trouxe para: no caso de aoeitar-
e apalpando us bolços di- —Sim ou nâo! Disse resoluto o mes
de Symphonio, des.. .. .'./.<:.., ¦
zia: tre. —E não acha que vou matar a Guilher-
—Veremos quem ganha a partida. -Dou-lhe 300#000 reis!.. 400^000
na reis!... me da Silva por uma tulemeia? 100000 r.
Symphronio baleu comcautella, por-
vozrouquenha per- —Ou o papel ou nada. Escolha: sim reis! Que ninharia!
ta do cazebre,euma —Se quizer toais, dê mo esse papel...
ou não?
güutou de dentro: —Sim, respondeo Symphronio, e mel- —Se eu quero toais! Essa é bòa! Eu
—Quem é?
tendo a mão no bolço tirara uma folha de quero que matar assim tào barato é re-
—Sou eu.
—Eu quem -i escripta, e a entregara ao dono da laxar ó offieio. Vamos, dê-me mais
, i papel 40011000 reis, e iique sabendo que ainda
—Eu, mestre Guerra... Symphronio.,, casa.
¦ -.Agora, tornou Symphronio, aqui lem o sirvo de graça. ' (Continua.) ,«,
Launé«... • $$$%%$
abrio-se, e a sombra de um os 50^000 rs. do nosso ajuste; os outros •*, ^s^BBAs da Costa.
A porta
depois de haver cumpri-
homem colossal deseqhouse oa rua, de- 50 só receberá entre nós.
vida a luz da candeia, que clareava de do com o tratado
da Guerra recebera o papel, e o examina- CONT03; AXUÉS.
dentro para fora porta se estava em forma, e
O mestre Guerra era um mulato escu- ra com attençâo, faltava, a con* POR
e de um vendo que nada lhe passou
ro, alto, espadaudo, possante
tão turbuleoto se embriaga- tar o dinheiro, dizendo com ár macha- E. do Laboulaye.
gênio quando
va, quanto parecia humilde em seu juizo. vellico: -Estas são das taes?. . Do instituto.
sedulas não
Era um personagem interessante para —Das taes, quaes? perguntou Sym-
'"

¦*

os homens políticos, que necessita vão de


e o mestre phronio.
guarda-costas nas eleições, efaqqisla, •—[Us que, o Sr., passa como se fos- YVON ;E Fl NBTT-E **-'i • • ¦ '
IS ¦*" ,'t.,. .¦¦..'.

Güerralinha afamadecaeeteiro
r'. '-«,_' /,'¦*

respondeu o mestre Guerra, Hi I


sobre quem a justiça perdia a acção. vporr, s^mibèas, sabem o Sr. é......
•¦¦aÜS-
a era a capa de seus crim^.] poiftodos que
pe .poiilíça
í m*i.-!-ji-_ -,

—Cale se!... Cale-se...atalhou Laune.


traiçoeiro pelas costas, quanto cohár- —Estou só, e ninguém ouzíiria esprei-
frente: era um perfeito Era nma vez, havia em Bretanha um nohre
de peta perigoso,
da Parca. tar-me á porta, continuou Guerra. Sou senhor, o barão Kerver. Sua residência, a
ajudante e o meto nome sei que mais aprazível de toda a provineby era W
bem conhecido,
—•Ah! é o Sr.? tornou a vóz rouque- de muitos... metto medo ao ample casieiío gothico déjanellas ent ogiva,
é o tenor mm
nha, já nâo o esperava... marcou a en- mais valente. paredes primorosas relevadas, qne lal^ls:
á distan-;
trevista para as Ave-Mana, e são 7 horas, Guerra abrio a gaveta dam*za, e gna»- cia pareciamdo
uma? parreira formando Rs:'-
se não mais. o dinheiro e o que rece- as janollas primeiro andar, sacadas reca-^
e a fechou-se dou nella papel madasde históricas, dcllas havia seis iiliPsi
Symphronio entrou poria pinturas
resoluto a tudo, bera de Symphronio, e depois espÍMlou ao oriente e ontraSvlanlas ao occidenle; Quan-
novamente, e Occeano candeia dizendo: ? - v,r do ao amanhecer, o^ barão cavalgando si»a JM-
foi coser-se com essa porta cheia de aber- a WÊÊ
—Estamos de accordo: devo matar, menta pigarça se dirigia para a deyrmse-guido
luras para ouvir quanto dizião e ver pelos ¦W'
sai -.
m
esta noito ao tal Guilherme da Silva.* ..' da matilha de galgòs, saudava suas Mas, que
buracos, quanto fizessem dentro. \ rua abalou-se, e Sympliro- cada uma em sua janella rogava a De^e eip
portada
: —Pausei, continuou o dono da caza, nio obsoivou lhe: seu livro de Horas pela cazà deilerver.
mãos
que se tivesse arrependido... —Mestre Guerra, alguém nos escuta! Seus cabellos louros, olhos azues, mm
—Arrependido! De que? Aççasoeusou isso, res- davam lhes ares de madonas em seus ni-
—E' o medo que lhe aíligura postas
homem de meias medidas? Mestre Goer-
o assassino. Vou averiguar para ehosazues. em
n
recolheu d o-se to bamo,
*. de-
.u tí&w
ra, ai de quem me cahirno ódio... pondeu Ao auoitócer,
de ter feiferutngiro em tornq de s^us do-
^;:--*;;-f-.*

—Ainda bem; sente-se, ê banco de o tranqüilizar. , pois


¦ ¦ \y-<>^;

Guerra foi a porta depois de algumas minms, ie longe enchergava as^anellas, do


o dono.
páo, mas é seguro como caulellas abrio-a é tudo era solitário na poente seus s«is Olhos de cabellps castanhos,
^Mestre Guerra offereceo um único ban- rua! Tornou a fechar a porta e voltou olhar tirme: esperanças e gloria úa Iam\lia— .-,*-.,
. coque tinha e estava encostado junto a do Sr. Symphronio. Pareciam seis estatuas d$ cavalheiros esculpi-
junto
uma meza, onde a candeia ardia, so- para—Era ter amor
|
áyidá, das no vesfibuloda uma igreja. ;
preciso pouco
bre^ a influencia do azeite de carrapato;
¦ :,-i..i.~' .¦.'¦'¦ '• ¦
. ... «.'-

X0.
'¦¦¦ 4 .'

.::y':X.-':::'..j'*v ;'.:;.: ¦,-.,•:>


' :.': ':\:X'-VX'"--:ÍX:':. ''^" 'X*S~'-~->X:\

.ii
».
PêÊmÈSL'. - V >¦
<- ,y ?r.>
•r;'\

- •¦¦ . !fií$Plí"'
6 SEMANÁRIO MARANHENSE.
Jat-1!-):'.'''
.Quando, dez legoas em redor,se queria citar o amo—o serviço não é pezalo. Em varrendo
uiii pae feliz e um barão poderoso, todos, ami- a
Pela maiilian Yvon logo que despertou, Ira- estrebaria lenho concluído a tarefa......
gojs e inimigos indicavãoòsire de Kerver. tou de reconhecero paiz onde a sua má veulura —Bem, mas corno « conseguireis?
0 castello só linha doze janellas, e os filhos o disse a
houvera regeilado. Enchergou ao longe uma estrangeira. Si o lizerdes, como é costume^por
do barão eram Ireze. 0 mais moço, o
que não caza lám ampla como uma cathedral, e cujas cada cesto de estéreo
tinha janella, tím guapo mancebo de dezesseis que lançardes pela porta
se introduzirão mil pela
annos chamadojvòu, era o filho querido, comp janellas tinham cincoenla pés de altura. Foi-ilie janella. Porem vou di-
caminhar todo o dia para alcançal-a, ao zer-vos o qüe convém praticar: virai o forcado
sempre aconlece. Pela manhã ao partir, atar- preciso
cabo achou-se em frente de uma enorme e servi-vos do cabo e o estéreo desapparecerá
.de ao regressar, o barão encontrava sempre á cnja porta,
aldraba era tam pesada que não havia força corno por encanto.
lumieira1 Yvon, que o esperava pari abraçal-o. —Obedecerei, disse Yvon; com
humana capaz de suspendel-a.
Yvon com seus cabellos louros que em caixos
Yvon lançou mão de urna*pedra e que, asseli-
lhe desciam até ao meio das costas, seu roslo poz se a l/>u-so junto a joven e travaram conversação.
bater. Era ella filha de uma feiticeira: «gigantea es-
oval, ar travesso, phisionomia intrépida, era o —Entrai, disse un.a voz
mimo de t< dos os bretões. Aos doze annos, que retumbou como cravisara. Entre companheiros de infortunicra
já se fora o mugido de tím loiro,e im media ta mente amisade facilmente se estabelece; dentro em
havia elle atacado e matado denodadamente a
abriu-se a e o pequeno bretão }.choti-se poucas horas, Fineltc (eri este o nome da es-
golpes de machado um feroz lobo; por isso o face a face poria com um.gigante que não tinha nada trnngeira) e Yvon .tinham-se
denominavam--O Sem-pavor—-titulo bem me-
menos de quarenta pés de altura. jurado mutuo
recido por amor de sua coragem. amor, si escapassem ao seu abominável se-
—Gomo le chamas e a
Um dia, que o barão ficara ern casa e por que vens, disse o gi- nhor. A difficuldade eslava cm encontrar-lhe
desfaslio esperimentòva-se no jogo M lança gante, segurando o nosso aventureiro pelo pes- os •\smeios. 'ligeiras,
coco e erguendo-o do chão para melhor o horas voam
com um pagem, enlra Yvon na sala dermas em
visse.
que quando a conversa
Iragesde viagem, o postos os joelhos em terra: é agradável. Aproximava-se a noite; Mnelle
Ch imo-me Sem-pavor e ando a busca de for- despidiu seu novo amigo recommendandodhe
Meu pae o senhor, disse elle au barão; venho
tuna, respondeu Yvon, observando á snb-capa que varresse a estribaria antes de cheiíarogi-
pedir-vos a benção e despedir-me de vós. A o monstro. *
caza de Kerver é rica de cavalleiros, nâo carece ganle. °
—Muito bem, bravo Sem-pavor, está feita Yvon pegou no forcado, quiz servir-se delle
de uma criança:—é lempo de procurar eu for- lua
fortuna, disseo gigante ern ar de mofa; como linha vislo em seu velho, castello; mas
tuna. Quero ir-mea longes terras experimen- preciso
de um creado; e lomo-te a meu serviço o vais teve de anependér-se immediatamente,
lar forças e ganhar nomeada. por
—Tens razão, S« mpavor, respondeu o barão, entrar iinmediatamenle em exercicio. São In» que em menos de um inslanle houve tanto es-
ras de levar meu rebanho ao
mais commovido do que desejara parecer; nâo pasloradouro: Ira- lerco na estribaria que o pobre rapaz não sa-
taras da limpesa da estrebaria. Nada mais tens hia onde metter-se. Praticou o
te embargo o passo o nem para tal tenho direi-
a faser, disse o monstro, rindo dos dentes que Fiuette
lhe tinha dilo, voltou o forcado e varreu com
. . to; mas és ainda mui joven, conviria, lalvez, fora: vês
para
cabo. Em um abrir e fechar d'olhos ficou a
permaneceres por mais algum tempo em nossa serviço, ja que sou um oom patrão. Fase teu
companhia. e sobre íudo reeorrimendo-le não estribaria Iam asseiadacomo si nunca nella ti-
que
me andes rondando a caza: disso depende tui vesse havido gado.
—Tenho desesseis annos, meu
pae, e nessa vida.
edade, já vos havieis balido com um Rohan; e —Na verdade, lenho urn bom Concluída a tarefa, assenlou-se Yvon rm um
não devo nunca esquecer que o nosso brazãoé patrão: o ser- banco á porta da caza. Logo que lobrigou o gi-
viço não é pesado, pensou Yvon. Mercê de ganle, levantou o roslo
umunicornio desenlranhandoaiim leão, e nos- para o ceu, poz-se a ba-
Deus, lenho lempo de sobra louçar as
sa divisa— en avant. —Não consentirei que osde para varrer a es- pernas cantando uma canção de seu
trebaria; mas em que hei-de entreter-me no paiz.
Kerver tenham de córar por amor de seu ulli- entretanto! —Varresle a eslribaria?
mo descendente. Si eu fosse espreitar a caza? Visto perguntou o gigan-
Yvon, tendo recebido a benção paterna,aper- prohibirem-m'o, ha lá muito que ver. le, enrugando a fronte.
Entrou no primeiro quarto—Ahi havia um —Eslá prompia, nosso amo, respondeu
tou a mão a seus irmâos..,aiiraçou-as irmãs, des- Yvon
grande fogão com uma marmita suspensa por sern levanlar-se.
¦RS pediu-se de Iodos os vassallos, que choravam, urn —E' o
e partiu alegre. gancho. A marmita estava a ferver sem que que vamos, ver, gritou o gigante, eu-
».,.¦'>"¦'';' ¦'¦'<' houvesse fogo na lareira. troii na e-tribaria rnsmungando, achou ludo
Si encontrava um rio, passava -o a nado; uma —-O
monlanha, galgava-a; uma deveza, atravessa- ha mistério. que vem a ser isto? disse o bretão; aqui em boa ordem, e sahiu furioso.
v, i-J-'--'- Cortou uma madeixa de seus ca- —Viste minha Finelle, exchm »u elle,
va-a,.guiando-se pelo sol—avante os Kerver—, bellos e mergulhou-a na não
marmita e rVtirou a lirasle isfo de tu» cachola.
exclamava ao encontrar um obstáculo, e por a co h iva d.i. -Que vem a ser Minha Finelle, disse
{toda Yvon,
tralhas ou por malhas caminhava sempre — Oh! oli! exclamou; eis um caldo de nova abrindo a bocea e fechando
paia os olhos. E' algum
diante; nada o embaraçava em sua manha. espécie; quem o tomasse, ficava com o estorna- aniniril deste
Tres annos havia ja, qne corria mundoá cala go coiraçado. paiz? nosso amo, moslrai-rni).
—Cala-te, imbecil, respondeu o
de aventuras; ora batendo, ora sendo batido, Passou ao sfgúndo quarto; havia ahi outra vais vi-l-a. gigante; já
mas sempre alegre e audaz, quando se lhe of- marmita a ferver sem fogo. Yvon mergulhou
No dia seguinte, arrebanhou o gigante suas
ferece, na crusada contra os hnrejes de No- n'ellu uma madeixa de seus cabellos
que sahiu ovelhas [ferapial-asao pasloradouro, nus 'M
ruega, ensejo asado. Matar ímpios é conqnis- prateada. les de partir ordenou a Yvon que nesse dia fos-
lar um reino era dobrado pr.iser Yvon fyn^|foii —Na casa dos Kerver o caldo não é tão rico,
se procurar sen cavallo, que estava
doze bravos companheiros, fretou um ehaVeco porem é talvez mais saboroso. pastando
ua monlanha.
e arvorou no tope um pavilhão com um unicor- Entrou no terceiro quarto': lambem ahi E depois, acerescentou rindo dos dentes
nio em campo asul e a divisa dos Kerver. havia outra marmita suspensa a outro pa-
gancho ra lóiá, poderás descançar todo.o dia. Já vês
O mar era calmo, o vento de feição ea noil« e que fervia sem fogo. Yvon mergulhou uèlja que sou urn b m amo. Faze o leu serviço,
seipa. Deitado sobre o lombadilho observava uma madeixa de seus cabellos e retirou-a toda principalmente ordeno e
nâo rondes a caza,
Yvon os astros procurando o qne projeclava sua dourada, fira tal o brilho, que julgarieis ser senão corto-te a cabeça.que
tremula luzsobrea residência paterna, um raio de sol. Yvon deixou passar o Cyclepe,
quando
¦.'¦¦¦'. -¦'¦

de repente encalha o navio em um rochedo- ou- —Bom ! exclamou, em a nossa Bretanha, os piscando os
olhos.
viu-se terrível estalido—os mastros caem como nossos velhos usam de um provérbio que. diz — —Certamente, dizia elle entre dentes,
se foramtroncos desenraisados; uma enorme Tudo vai de mui <rpeior; aqui acontece o con- um bom amo; a maldade nâo és
Vaga lava o convez e arrebata ludo trario,—tudo vae te sufToca, mas,
que en- irei encontrar de melhor a melhor.—0 apezar de luas ameaças, quero entrar Ua caça
que
contra. no seguinte quarto; uma sopa e.conversar com lua Fiuette;
¦.¦V..'.
dc diamantes! resta a saber si
—Avante ósMerver, luaFinelte me pertencerá a mim
gritou YVon logo que Empurrou a
¦ ¦'¦"'- , \\.
':-'-,y*fy-r.-'' '¦*

que não a li.


veiu ao décima d'agua, e poz-se a nadar tam porta e viu cousa aind-i mais Correu ao quarto da joven:
tranqüilamente como se estivesse banhaudo-se rara que pedrarias. Encontrou uma moça de —Victoria,
tam peregrina belléza que ao vel-a Yvon gritou elle ao entrar, hoje nada
nas vallas do velho castello. poz- mais lenho a fazer senão irá montanha buscar
—Por fortuna appareceu a lua; se de joelhos perturbado.
lobçigaYvou o cavallo.
ao longe um ponto negro no meio das ondas Desgraçado! exclamou ella com voz tremula, —Muito bem, disse-lhe Fiuette,
fazes aqui? como vos
argenliHas-^ra^rra» Aproximou-si? com bas- que ha vh reis?
tante drfhculdadee apertou-a Sou da caza, respondeu o Bretão; o —Ora essa é fina! replicou Yvon.
por fim. Molha- tomou me a seu serviço esta manhã. gigante Estou ven-
7 '.*¦' do até aos ossos, desatentado, do que é bicho de sete cabeças ir buscar um ca-
quasi exanime —A seu serviço! replicou a dama
arrastou-se por sobre a area,fez oração é calmo Que Deus vallo? creio ter cavalgado outros mais bravios.
vos guarde. —Nãoé tam fácil como imaginais,
adormeceu. , -Porque? respon-
perguntou Yvon. E' um bom deu Finelle; mas dir-vos-hei o
qtie convém

:.-;¦¦¦ ¦¦--.. ..'.¦¦¦ ¦;¦ . \"-.'í ¦ ¦ •'::.?"¦"".¦.

€'- ' ~ -f*


' ' 1.1V
y/t • '

,: ... ., A . ^rit^>
?«u*

L-_fl«É
'.' ¦y '¦-"-• ¦, -.
. -
>:..- - ;.',".;.:; .:',"',',.'-
*
*.-- ¦'"..''v''7
' ' -Jffi
,'.

SEMANÁRIO MARANHENSE. .'"¦•:•'.

* •—— —

fazer. Ao aproximar-vos dp animal, sahirão de a cautela de lhe responder. Tanto


quanto Os heroes vencedores do innocente ||
labaredas de suas'ventas cumó sé fora um for- eu poder levar. *, índio nú, e que os templos s'incendeiam, ¦.-¦=>: ..:.

no; mas lomai o freio que está occuíto alraz —Obedecerei, disse Yvon; com Já sem virgens, sem piro;reluzente,; s y
que, assen- '$mm
da porta da estrebaria, ihelei-o entre os den- tou-se junto a Fiuetle e travaram conversação. :&
Sem ás sombras dos reis filhos dé Manco,
tes do animal eimmediatamehteso tornará Iam Ainda lá estaria si oo aproximar-se a noite a
Vio-se., .(o que tinham feito?—e pouco háviá
manso como um cordeiro, efareis delle o quê joven o, não tivesse obrigndo a ir ao rochedo  fazer-se...) ífum leito puro e branco
vos aprouver. e desempenhar a commissão de que O'gigante o A corrupção, que os braços estendia!
4fk.t,*lS*.

Obedecerei, disse Yvon. Iravià encarregado.


Com que, assentou-se "Sobrejunto
a Finette e tra- Em chegando ao logar designado, encontrou E da existência meiga, afortunada, f
varam convers-çãn. qae versou a con- Yvon um grande penhasco de granilo sobre o O roseo fio nesse albor ameno l,
Foi destruído,—Como ensangüentada
versa? qual bateu trez vezes com o bastão; abriu-se á
rocha e delia s.ihiu um demônio todo em cham*- A terra fez sorrir o céu sereno!
Sobre todas as cousas e outras quais; mas
embora fantaziassem vagamente, por lim volta- mas. ¦- a- 7íM(fi
—Que Foi tal a maldição dos que caidos
vam sempre ao eslnbilho—que linham jurado qtieres, gritou elle com voz pavo- Morderam a fa%« dessa mài querida
roza yyi \:.y^'
pertencer um ao outro, e que convinha es- a contrair-se aos beijos denegridos, 7
capar âs garras dl gigante. As horas voam li- ^Ve ri ho buscar á renda do gigante, respon- Que o desespero.irnprime ao fim da vida,:
deu Yvon sem perturbar-se. 4
piras quando se conversa nestes assumptos. —Quanto
Aproximava-se a noite; Yvoò liuha-se olvidado queres? Qui- ressenlio->e. verdejante e Valido,
7— N5oquero mais do que poder levar, res- Ofloripondio eni flor; e quando o vento
do cavallo e da montanha; Finelle viu-se ob'i- .Ungindo estorce-o. doloroso ^ pallido,
gada a despedil-or recommendando-llie que fos- pohdeu o Bretão. Gemidos se ouvem no amplo íirmamento ! , ; \.y.\
wM
se buscar p cavallo antes da volta do gigante. —Es feliz em não pedir mais, respondeu o
í-y.
Yvon tomou o freio quo estava oecullo ulraz homem de fogo; entra nessa caverna e âhi O sol não está no altar que o pranto banha,
da porta da »jslrib;iría e correu ,i montanha. Eis encontrarás o que pretendes. Que as derradeiras virgens lá se abraçam
um cavallo quasi do tamanho de um elefante, Yvon entrou e arregalou os olhos. Sem corÔHs; e os fanfarrões d'Hespanha,
P- r toda a parle;ouro,pralii, diamantes, car- Em t-;.ogti*/cdeneo os pés lavando, passam.
que vem a galope lançando fogo e chammas pe-
Ias ventas buucolos, esmeraldas; havia lailocomo arêas ,"•*¦¦'
'-.'"¦
¦' ¦¦
¦ '

,,'-.".'
•¦
-

.
¦

nas margens d(» mar. O joven Kerver encheu Caiu a noite, da nação formosa; -í*»t
Yvon esperou a pé firme a enorme nlimariae Or.v ies romperam por nevado armênio,
ao abrir ella um bocea descomunal lançou-lhe o um sacco, Idiiçou-o ao hombroe voltou tran-
Quoulo coni a ave a corte deliciosa
freio. lmmedialameri!clorik'U S4 o cavallo dócil quillameute para caza. Festejava o purpureo nascimento.
como um cordeiro. Yvon fel-o ajoelhar, gal- . Concluída a tarefa, nos&o Bretão assentou- J. bis Sousa Andwaoe.
se sobre o banco á porta da caza, logo que lo-
gou-lhe o dorso e voltou Iranquillamenle para
caza. brigou o gigante, ergueu a cabeça para o céo e
Concluída a tarefa, nosso Bretão assentou-se principiou a balouçaj; as pernas cantando urna èiWi 303E' UM GALKXrraEO.
sobre o banco á poria da caza. Logo que Iobri- canção do paiz.
--Foste ao inferno buscar minhas rendas ? Lembrou-se um dia a terra de ser fabricante
gou o gigante, ergueu o rosto para o ceu e puz- de qualquer cousa, e com a areia de suas praias.
se a baloiiçar as pernas cantando uma canção Perguntou o gigante, enrugando a testa.
Sim, « o fogo intenso das suas fornalhas fez;, a massa
de seu paiz. posso ame, respondeu Yvon sem se do vidro. Formada a vidraça, a terra roir.u-«se
—Trouxeste o cavallo? perguntou ogi'gante erguer. O sacco ahi está a entrar-vos pelos n'ella e ficou desvanecida da redondeza de suas
enrugando a lesta. olhos; o' Compute exacto. , formas.
Sim, nosso amo, respondeu Yvon sem se I—E'o que vamos ver, gritou o gigante. De- Passou-lhe ao pé ifesse momento uma linda -
levantar. E' um lindo animal e que vos faz hon- salou a tírieca do sacco que estava tambem cheio rapariga de pote á cabeça e de seios nus, cahin-
ra, é dócil, airoso e bem ensinado. La está elle e derramou-se ouro e prata por. ioda parle. do-lhe a,;camisa dos hombros abaixo. A terra 7 '/•VÍÍWjSèí •

nacavalharice. —Viste minha Finelle, exclamou elle, a lem- poz seu reparo»nos seidí>e nos braços da ra pari- '•'
'-'"
¦¦¦
>;;i;:y;'~l''-.-v'-_*r
:'..*;.Ji.'.'
¦/

ga o os achou bonitos. E. com umas lembranças


,*<;.". ,'a-
¦-', -:¦

—E' f que vamos ver, gritou o gigante; en- branca nao sahiu de tua cachol.i. > .'•-

—Nosso aula, disse Yvon, abrindo a bocea coufu.s.as de tudo quanto viu, tomou a massa Vi-
troti resmungando, encontrou Indo em boa or- trea nos dedos e começou a bolinha-Ia, como
dem e sahiu furioso. e feixando os olhos, sò sabeis essa canção? E' nós ás vezi-s fazemos com uni pedaço de miolo de
;"-í*íí1

Viste minha Finette, gritou; essa lembrança sempre o meSno^^fàil^ià^Mafffiette:,. Mafi- pào. . ; , :-. ° yy';;v.
não é de-tüa cacholt; nelle. Ainda uma vez, mostrai-me es«*a colislía N'este agradável exercieiodivertin-se a terra-
—Nosso amo, disse Yvon, abrindo a bocea Bem, bem, disse o gigante rugindo. de eo- por algumas horas de sen habitual aborrecimen-
¦-¦y

e fechando os olhos, sempre a mesma histoái. lera, espera, até amanhã, efarás conhecimento to; e, quando o somho lhe cerrou aspalpebras,
com ella. Í sabiu-|he dos dedos este meu galheteiro.
O que vem í\mvMafinettel Ainda uma Ve. vos —Obrigado, nosso amo, disse Yvon, é bon- Como os poetas estejam sempre n mentir, ad-
peço que me mostreis esse monstro.
:'.-;
dade vossa; pela vossa cara «degre bem conheço mittia-se até hoje a fábula de serem Egeo, Eh- I
—Cala-te, imbecil, respondeu o gigante, já cela ?o, o Centimano e Adamáslor íilhos (ia terra,
<y
y
que zombais de mim. :xi asseverou Camões^ fundado hão
vais vel-o.
'.tercei/ro porque assim .'¦-¦ijii

AÓ dia, logo pela madrugada o.-gi- i-1>.


.*?:
sei ehí qiia%ucloridiide. Nádjfíde mais mehs-" 7$,'tiiÍMt
¦ &a.-í*a«?<

ganlè .rrebauboü sins ovelhas para as ci-wiu- £KRANXE.


truoso conheço contra a verdade histórica. O ti- 3^
m
GUISA Iho unicp da terra é este galante fornecedor de
zir ao campo; mas antes de pirlir,. disse a
azeite e .vinagre, que éstalieleceu^residencia fixa .-.¦-;¦ _*.-p3'?!i«

Yvon. Canto I. iiò meii íiüarda-.louçase nos dias|àe festa vem de


"¦¦y

—Hoje irás ao Inferno, buscar minha remia, passeio a minha oii-za de jantar. ;v ¦&WÈ
e depois, acerescentou, rindo dos dentes para (Fragmentos)
.:¦.:¦
'¦ " ¦
¦ ' ' "r ..' '."-ii
r.-;.-:, Descansa o velhaco sobre um sò pé, redondo è fk
:'•'..; o-"'..•-..' ''- '-''.'«¦
., '','7'.;» ¦ ¦ \^¦ ..v .->;.." 'P.y ¦', - -

fora, podesdescançaro resto do dia. Já vês que 1. como que formado de dois pés dé.patò espalma-
sou um bom amo. dos e "-unidos de ina neira a feicharem ó circulo. -'
r.'. -r-Ümbom Folga, imaginação divjnad Os Andes'¦% Sobre este pé repouzam dois globos, perifeitamen-
amo, embor.i, murinurou Yví.n; te desenhados e executados com profundo amor
ver VuU. inicos elevam os cumes calvos;
porem.o serviço não é menos duro. Vamos CircumfJ.ulos de-gelos, mudos,-alvos da arte. Os globos unem se pela tangente; e de
. minha Fiuetle, como diz o gigante; é precizo Nuvens fluetnando.—que espeetàclos grandesI cada uin d'elles sobe no-mais exacto crüsamenlo
que ella me tire desta difficuIdade hoje. um estirado bico semelhante ao pescossó da gar- ^
Tendo Finette perguntado a seu amigo qual a Lá, onde o ponto do condur negreja, ça, com pequena diíTerehça. Os bicos teeiu Um
tarefa üo dia: Scintillando nb espaço, comoT-brilhos ''y palmo de extensão;ea-suíti.ez
—Muito, bem disse ella, como vos havèreis D'olhos, e cáe a pruino sobre os filhos ideja do cruzamento de ambos detí em resultado
Do lhama descuidado; onde lampeja o seguinte: quando um delles entorna o liquido,
desta vez? o outro suspende o que em si contem , 7 ^
Não sei,.disse Yvon tristemente,nuncVes- Azas a tempestade; onde deserto 0ra, realmente nào ha nada de mais engenhoso.
¦*tive no inferno; e ainda quando conheça-lhe o No azul sertão formoso e deslumbrante A humanidade em pezo ijnàfe se lembraria nunca
caminho não sei aque lá vou. Falai, eu vos es- Inçendeia*se o sol, qual delirante d*e. te gracioso artefieio.'
- E' parecfdfi a» dois 7peitos deJnoçá defeituosos ;
>. culo. ^seio. a dard^jar do céu aberto !
—Vedes aquelle grande rochedo, disse Fi- porque os&cos são muito externos e encurva-
Um deus! uma alma! —Nos jardins da America dos: étambèii parecido a dotts'abacates de»gí#
.nelle, é uma oas portas do inferno. Tomai este Infante adoração dobrou sua crença galo, d'esses que são nossos e nada teni (\ue*>ver
bastão, dareis ires pancadas sobre a pedra e Ante o bello signal. qae a nuvem ibérica com os redondos do Pará,5rnas doús abacates
immedialamentè sahirá um demônio envolvido' Ein sua noite envolveu ruidosa ederi.a. adulterados porque_ os g(ot>.òsc do galheteiro são
de uma circúlárid__eadmirável. 7
;5em chammas. Dir-lhe-heis o objeclc- de vossa vi-
Sita; eMe vos jjergu.n Iara: Quanto quereis? Ten- Cândidos Incas! Quando já campeiam A' vista d'estas comparaçoés-Tpresumo que aí
'
a' \

<*, • ¦ ¦

u ." ....
'
-a
'.
¦•"¦•
¦yy.y yy,. :/¦¦'¦ _ ...¦" .-¦¦'

• „
P5p¦¦"¦¦¦
-- •*,* ;.\"Ji.l:

'¦,' '¦' Tí ¦,TVl


- *.

** i *
, ryL

"^"¦iii*-**. ;-' * ¦•* "•' .:


„ -
I i/fe*
•v it--

.*.
';;;. •"
*¦ ¦ ¦ Y -"--Y'-' ¦ '. -

8 SEMANÁRIO MÁRMEÍSE; -¦-, i

lerra confundiu os peitos da rapariga, que ia á lamente pára si quanto a realidade do presente dicularesí Por cima 6 sombrio aborrecimento
Ü fonte, cornos abacates, que ella naturalmente le- nos repelle ou é de nós repellidá. vicioso de Joào Jácqoes retratava nos olhos a
%\. vava nas mãos para comé-los á borda do poço, Installado no meu guarda-louças, o galhetei- vergonha das Confissões. A úm outro lado o
repartindo-os com o rapaz,^jne lhe corresse á ro deu mostras de curiosidade e poz-se a observar barão de Holbache Laniettrie enterravam os;
roldaina do balde e lhe -enchesse o pote, sem a ò seu novo domicilio com esquisita attenção, queixos nos collarinhos das camisas o pareciam; -
menor fadiga da reforçada rapariga Bem mos-
"trojo talvez extranhándo os indivíduos constituintes carregados de mais cum o pezo das idéias no-
a terra que não tinha o habito de exercer da sociedade vitrea e porcellanica em cujo gre- vas. Os philosophos escossézes abraçav^m-se a
a imaginação no fabrico de qualquer um objec- mio foi elle deposto. Dava uns ares de exilado; Thmnaz íteid, sendo coroados pelo embryàò dí
to, por mais simples que este fosse. e levou um anno pouco mais ou menos sem tu- «oyer-Coltird. Priestiey fazia umas experíerWr
Precisamente, não sei a idade do meu galhé- gir, nem mugir Se fos3e de sal, dir-se-ia que era cias chiriiicas em presença M(.óriUorcet. Cababis
ssàm tèiro. Posso., porem; coiiscienciosamn-nte affirmar uma segunda edição da mulher de Lolli petrifi- esvasiávà um craneo, procurando a alma huma-
que não tem menos de cem annos e pertencia ao cada por flagrante delido de curiosidade femi- ria. A nu vem indecisa da figura rudimentarià de
guarda-louças de meu bisavô materno, que era nina. tioeihe reVolvia-se nas chammas da alchimia da
.íif«n»r.*M'****5 Utn
'-•'
verdadeiro ratão para estas couzas, assim Passado esse tempo, vieram um dia uns amh idade media. Beccària Filangieri lira vam de tun
* ¦'. ¦-
á-wííx .i**".
• .1 \".;
uma espécie do Sr. Aragão e Mello, deputado e
tí'7^

¦¦'.$ '.*}
gos jantar á meza de minha casa. Eu mesmo fui cárcere a figura esquálida do direito e lhe ino-
v..»;. v:'.ív"8.-' aspirante a .senador, o qual
**»"- '•'¦•'e- • V* ¦' • por onde anda vai tirar do guarda-loiiças o galheteiro antigo^Com cuia vam a vida da justiça e da publicidade. Buf-
rVVVj - sempre ^fornecendode tildo quanto é objecto
•** ¦'
singular contentamento o enchi e coiloquei eír* fon construía com as pedras do estylo o edifício
'
¦
.«*. * .
'
..¦
antigo, curioso, raroe commodo a poder de ha- tre a salada de pepinoe a de alface fresca. Senti largo da histori.vnatural Linneu beijava ás folhas
rato, que encontra em leilões, lojas e arma ri-
< 7,

n'»qu<dle momento o mais legitimo orgulho do dos vegetaese assentava as bazes de uiri sysiemá
iihòs. Mas, o Sr. Aragão e Mello éo gênero; meu meu direito de propriedade constituído sobre tão botânico No remate do grupo as sombras con-
bisavô e>a simplesmente a espécie porque só interessante objecto. fusas de Futton o Franklin espalhavam em re-
colleccionava louças de qualquer qualidade que A meza chamei a attenção dos convivas para dor de si, aquelle, o fumo de um tubo de vapor; -
fossem o soberbo representante de um século anterior, 0*este a faísca brilhante da electriçidade
.*•**,
"'^
-v , Lembro-me ainda que quando minha avó, que se achava ali comnosco, e proferi esta ceie- Àrpuet de Voltaire, escolhido por seus com-
filha legitima de meu bisavô, veiu de Lisboa bre phrase, que ha de com certeza immortalisar pápheiros para servir de orador do grupo, pe-
para o Brazil trouxe comsigo enorme bagagem o meu nome— • meus amigos, a philosophia dò
''
* ¦
.

yiòi - dio a palavra e dirigiu-nos o seguinte discursòj


jfe louças finíssimas, nas quaes ainda eu, seu século 18 está presenciando e unindo-se á velo- exordiando em revendida com os versos da vè-
beto, cheguei a tempo de servir-me; porcellana cidade admirável (Io século 19!» lha companheira de »\Íephislophèles:
da índia côr de rosa e dourada e excelíentes Os convivas, tomados de enthusiasmo. deixa-
pratos azúes de meza para o pasto e lospasto.
*¦'

ram cahir sobre„o prcUo a derradeira colherada


¦» ¦¦
¦'¦¦. .''

Occupaudo o mais distincto logar entre toda a «/«? rends le salut -amicaí
de sopa d Juliana, e olharam attentamente o ga- I .¦ .
"¦¦'!¦¦'.',

louçaria, vinha o velhaco d-este meu galheteiro, lheteiro. aux seigneurs aux pieds de clwvat»
que a bôa senhora guardou sempre com o maior Repleto de vaidade por amor da minha ceie-
cuidado e do qual tomei eu conta depois do seu bre phrase, o receptaculo de azeite e vinagre en- —Vós, que bobeis, e
¦•(', que acibais ú* glorificar
n* fallecimento, quando fizemos o inventario de curvou os bicos e entumesceu os globos, de modo auniào di philosophia do século :1S com a veíó»
soa casa. a tornar tão fina a casca do vidro como a pelli- cidade do século 19, dai-me a vossa attenção. "Nós
I Alli fomos em um domingo, nós, seus herdei- cuia do sabão das bolhas, que os meninos produ- os niveladores de tildo o de taràòs, coüocamos o
rose filhos Quanta saudade o tristesa experi- zem, soprando por um tubo. A cor amarella do racionalismo entre o fumo, que anda e a cerne-
mento n'estas recordações! azeite e a roxa dò vinagre irisaram-se dentro dos iha,que voa. Se muitos d'enlre nós exaggera»
i;:''Estava a casa deserta; minha mãe ao entrar globos e nada *-faltou para que o galheteiro se ram atrozmente a idéia da destruição das cren-
foi logo ao quarto do oratório, que era contíguo transformasse emnima. verdade]^ bôllia de sa- ças religiosas, todos concorremos para o estabe-
ao quarto de dormir, e resou e chorou de um hão. Até os galheteiros são vaidosos! ? lecimento da verdade na sciencia, da justiça no
modo que fasia dó. Mãe e filha foram sempre
•¦&

N*és>e instante accendeu-se ogáz dó cáridieiro direito, da soberania social, da liberdade na cons-
muito amigas. Ç todos depois perguntamos—: da sala de jantar^ ^ a luz brilhante dô carbono ciência, da igualdade entre os homens. Ao inver-
onde está ella ? onde aquella robustez e alegria reflectiu esplendida sobre a meza. I)'éste modo so de Jesus Christo^ r|ue se deixou matar por
... de oitenta annos que aqui à porta de sua casa illuminado,qrgallieteiroapptreceüriios como um amor da sua doutrina, nós demos cabo de milhar
nos recebia â Mos com o riso nós lábios e o verdadeiro prpdigíp res de vidas na realisaçáo da idéia de nossa pro-
contentamento no coração? onde aquelle espiri- Todos nós levantamos a nm tempo os cálices paganda. Fomos os destruidores do um se-
to animado, são e vigoroso, que enchia de vida de vinho do Porto e dirigimos um glorioso brin- culo para que chegássemos a ttrv os eonstrueto-
estes logares e punha a ordem" e ó respeito on- de ao phantastico objecto. qne tanto nos surpre- res de um outro. O que a brandura evangélica
de quer que se.manifestasse? onde aquella voz hendia com a lraH«f<)rmaçâo porque havia p issa- nâo pôde alcançar, nós conseguimos com o fa-
querida, que li-rihà sons pára todas as idades, do, cantando eu estes Versos de Goethe ria scena cho da revolução.
consolo para todos os queixumes. animação pa* da festa do Walpurgis! Tutores da sociedade antiga, fomos nós que
ra tpdos os abatimentos, e agrado para todas
as occasioes? onde aquellas mãos beneficentes, demos a carta de emaneipácçáo á sociedade mo-
«Je rends un salut amical
que sempre estiveram a derramar auxílios nas dema. Rompemos o atilho do passado^ abrindo
aú seigneur au pied de cheval!»
mãos dos necessita dos ? as válvulas de respiração ao futuro. Fecunda-
.; Ninguém nos respondeu. Lá fora o vento ru-
O pé de pato do galheteiro semelhou«*se-me mos por um lado, e esterilisarnos por outro, á
more}ou nas arvores e nós alli dentro choramos. naquelle ensejo a pata redonda do hip**griphò
Tudo eslava como ella havia deixado dois dias semelhança do fogo,que destroços bosques; mas;
de Victor Hugo. "terra
antes de vir morrer á cidade; tudo quanto lhe Nâo foi muito de sen agrado esta siudàçao de que estruma a com as cinzas do incêndio/

pertencia guardava aind muilo viva e recente recordação germanich porque logo o viííio* re- Pozemos a humanidade a ca vallo na rapidez, afim
a sua memória. A lamparina do oratório ardia trahir-se e voltar ás formas e posição ordinárias.
iriortiçamentc defronte das imagens dos sa netos, 4e que ella possa mais facilmente chegar ao fun, :
Ferido no seu amor próprio, o galheteiro estrar ijue a espera. Fomos o vento, que agita, sem
que formavam a corte da sua devoção. Umas nhou a comparação ê deu sabida aó sen désap- p:
flores murchas pendiam dos cordões dós qua- òrvalho, que consola. Demos ao cansaço ô infi-
dròs, flue continham as imagens. Na sala dn vi- póntamento, derramando por um bico utn pouco
de azeite sobre a sa ladeira de pepino e por ou- nito, e impellimos o homem ao movimento con-
citas a mpbijja e os quadros de pi rede. Mas. tro um pouco de vinagre sobre a de alface fres- tinuo. A perigrinaçáo de Ashaverüs será d'este
em ludój menos no oratório, estava o deserto. cá, Olhâmo-nos todos uns para os outros; e,
Alli no quarto das orações andava o seu espirito século por diante o destino da humanidade.
como tivéssemos fome, continuamos a comer.
fervoroso de crença; alli errava de prece efcm As garrafas de vinho do Porto, que se esvasia- Quando ella já estiver exhausta de força e fa-
prece; alli agasalhava-se. supplicando vida e fe- vam, fatiavam por si, dizendo <|ue nós nào nos tigada em extremo, o lategodo progresso a açoi-
licidade para o sangue do seu sangue, que aqui esquecíamos de heber. tara, mandando-a correr, eorrer sempre, sem
no mundo ficou em mais de um corpo de amigo
Quando nos serviram de fruetas, doces, pasteis parar. O cavallo, por lim, sem freio e sem dono,
dedicado. e pudÊngs, propor que n<»s reconciliássemos
Perdoa, leitor, .èsta lagrima no meio de uns com o galheteiro. Tomando o calixde Champag- cahirá no abysmo Vós. que bebeis, festejai a
fracos gracejos de espirito com que te vou en- ne,levahlei um estrepitosò brinde ao soberbo re- união da philosophia do século 18 com a rapidez
treteiidto. Quantas vezes abre-se-nos a bocca na
expansão dos sorrisos ao mesmo tempo que sé presentante da philosophia dó século 18 unida a admirável do século 19 !,"--
velocidade do século 19! Já nos não podíamos '
dos constringe o coração de tristeza ! florrorisados d^ste discurso, eu e os demais
erguer; mas bebemos.
Concluído que Mo inventario*;; o objecto de Ô galheteiro transformou-se rapidamente em convivas tentamos» íevantar-nose fugir. Fraque-
ininha preditecção velo para o meu poder,'$$adeÈu o ttm volumoso grupo de bustos ém bronze e^em jaram-nos as pernas e todos cahimos debaixo da
amava (5 amo como uma^ representação mármore, -mais altamente erguido sobre a meza meza. Eu sonhei o resto da noite com Arouet de ,
grande antigüidade: Sempre (jüe o* vejo páírçce dò qúe anossa coliosal pyramidè no vasto cam- Voltaire. /
que tenho debaixo dos olhos uma dessas epochas pode Oürique. $.¦
lohginq^ nos confundem no va- Na baze do pedestal a phisionomia de Arouet José Ivô, o redivivo/:
go alcance- da imagináçãb, é què, por peiores, dô Voltâir ria-se, franzindo os cantos da bocca e
qiie fosèeM nóSHsempre julgamos melhores que sem mostrar os (fontes. A um lado a cabeça -jles-
a acluatem que se vive. 0 passado é um sonho; grenhada de üideírot c«mtorcia-se. IÕe outro o
o presente uma realidade, e o futuro urna in- tbeorenia physionómico de D^lembert |xpan- Maranhão. Typ. de B. de Mattos. 1868. Imp^ por
certesa mysteriosa, que nos attràhé tão violen- d ia-se em equações e*em linhas curvas pèrpen- M. F. Pi rés. •

':.':•'¦:

' ',
¦
.*» ; . , . i'' ".*;'.''

.'•mm%y.:%. ¦
«
* ' ' ','-.. '
¦ ¦'
.- - <-* ..'¦ - ..

""- '!:¦'.",-''
-_ fc'f>*.',: : <¦ '¦ ¦
,:" ""''.

e;YY

Você também pode gostar