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A SOBERANIA DE DEUS E O SOFRIMENTO

• OBJETIVO: Refletir sobre a soberania de Deus em situações de sofrimento, de


modo que, em oração sincera, seja possível descansar no governo eterno do
Senhor.
• HINOS: Inicial: HBJ 309 – Final: HBJ 311
TEXTO-BASE
Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé. (Hc 2:4)
INTRODUÇÃO
No primeiro estudo desta série, vimos que o sofrimento teve origem com a entrada do
pecado no mundo. Dessa forma, todas as pessoas estão sujeitas a ele. Crentes e
descrentes enfrentam aflições. Todavia, quando a vida fica difícil, em nosso íntimo,
podem surgir perguntas como: “Onde está Deus nestas horas? Por que ele não responde
às minhas orações?”. Por isso, aprenderemos hoje sobre a soberania de Deus em meio
ao sofrimento. Mesmo que não conheçamos os propósitos divinos, precisamos crer que
ele é bom e está dirigindo todas as coisas. Nessa certeza, vamos ao estudo!
I. O QUE DIZ A ESCRITURA?
Ao tempo em que esta lição é escrita, o Brasil sofre com um violento assassinato de
quatro crianças, em uma creche de Blumenau-SC. A tragédia fez o país chorar, gerando
um misto de insegurança e anseio por justiça. O profeta Habacuque também enfrentou
semelhante desafio, mas recorreu a Deus para lidar com a situação. Vejamos o que ele
tem a nos ensinar.

1. Um drama inquietante: À semelhança do que ocorria com outros profetas, Habacuque


recebe sua mensagem na forma de visão (Hc 1:1; Ez 1:1; Am 1:1; Ob 1:1). Ele vê a
condição de seu povo e vê a sentença de Deus. Ele não pôde ignorar a horrenda realidade
que o cercava. Habacuque não podia fingir que nada grave estava acontecendo. Deus o
fez ver a iniquidade e a opressão (Hc 1:3; 2:2-3).
O profeta estava cercado pelo caos: Pois a destruição e a violência estão diante de mim;
há contendas, e o litígio se suscita (Hc 1:3). O direito estava gravemente comprometido
em sua própria sociedade. A lei estava enfraquecida, a justiça não era cumprida, antes
era distorcida. Os justos estavam sendo oprimidos pelos perversos (Hc 1:4). A anarquia
estava instalada em Judá.
Contudo, diferentemente dos demais profetas, que falavam ao povo sobre Deus,
Habacuque falou com Deus, a respeito do povo. Ele clama por ajuda, grita por socorro. O
apelo é intenso. O profeta expressa anseio pelo fim de todo o mal que está vendo ao seu
redor. O povo de Deus está mergulhado no pecado e ele pergunta: “Até quando, Senhor?”
Parece mesmo que Deus pretendia criar no profeta uma profunda insatisfação com a
miséria espiritual que seu povo vivia.
Todavia, o que tornava o drama de Habacuque inquietante era a aparente inoperância de
Deus. Aos olhos do profeta, seus gritos de desespero não estavam sendo ouvidos pelo
Senhor (Hc 1:2). Ele simplesmente não entendia: por que Deus não estava reagindo
mediante tanto sofrimento? Por que Deus o fazia ver a opressão, mas não dava um fim a
ela?
2. Uma intervenção inesperada: Em resposta aos pedidos por socorro, Deus fala com
Habacuque e o convida a direcionar seu olhar para além das fronteiras de sua terra: Vede
entre as nações, olhai, maravilhai-vos e desvanecei, porque realizo em vossos dias, obra tal,
que vós não crereis quando vos for contada (Hc 1:5) Uma surpreendente intervenção divina
já estava em curso ainda naqueles dias, e ela viria de entre as nações estrangeiras.
Deus não estava afastado, como imaginava Habacuque, deixando que as coisas
acontecessem sem a sua supervisão. Ele já havia começado a agir, mas de maneira que
se mostraria inacreditável e inaceitável. Os caldeus seriam um amargo remédio para a
doença do pecado. Para disciplinar seu povo, Deus estava levantando uma nação amarga,
impetuosa, pavorosa e cruel (Hc 1:6-11).
A notícia cai como uma bomba sobre o profeta. Inconformado, ele ora novamente. Ele
não esconde nada, não camufla nada. Ele abre e escancara sua alma para Deus e espreme
todo pus da ferida. Habacuque não entende: por que, para corrigir seu povo, Deus usaria
uma nação ainda mais perversa? Por que Deus toleraria uma nação ainda mais
impiedosa? (1:13).
O profeta teme pela devastação total de seu povo (1:14-17). Mas os graves pecados de
Judá exigiam uma correção severa. Não obstante sua voracidade, o rei da Babilônia agora
é convocado para servir ao Senhor dos Exércitos (Jr 25:9). Tal intervenção foi inesperada
para Habacuque, mas colocou em evidência a soberania de Deus para usar a quem ele
quisesse para exercer sua justiça.
3. Um desfecho glorioso: Usando linguagem forense, Habacuque protocola sua queixa e
se recolhe aguardando uma resposta (Hc 2:1). A chamada torre de vigia não é um lugar
literal que o profeta ocupa, mas uma postura que assume. Ele se mantém vigilante, na
expectativa de obter um parecer de Deus acerca de seus argumentos.
Deus não deixa seu profeta em desespero; em sua justiça, considera os caldeus culpados
por seus excessos. Habacuque recebe ordens para registrar a sentença e divulgá-la, como
se publicada em diário oficial. Até os mais apressados poderiam lê-la (Hc 2:2). Os justos
feitos de Deus deveriam ser notórios. A sentença divina revelou três verdades. Vamos
conhecê-las.
A primeira é que o soberbo será condenado por seus pecados (Hc 2:4). A palavra soberbo
sugere alguém que se incha, que se ergue além dos demais. Uma referência aos
babilônios, denunciados por uma série de cinco “ais” que revelavam a arrogância de seus
pecados (2:6-19). A segunda verdade revelada pela sentença divina é que o justo é
absolvido por sua fé (Hb 2:4). Temos, aqui, uma referência ao povo de Deus, que encontra
sua justiça no favor do seu Senhor.
O cenário jurídico dessa passagem ganha mais destaque na justificação pela fé,
testemunhada no Novo Testamento (Ef 2:10; Hb 10:38). Finalmente, a terceira verdade é
que a sentença divina revela a glória do justo juiz. Seus atos redentores prenunciam o
conhecimento de sua glória em toda terra (Hc 2:14). Sua presença santa deve ser
reverenciada por todos os povos (Hc 2:20).
Aprendemos até aqui, que Deus não está inerte diante do sofrimento. Estaremos
profundamente enganados se pensarmos que ele não reage à maldade e injustiça no
mundo. Em sua soberania, ele poderá tomar caminhos dos quais discordemos, mas no
final da história, os justos encontrarão seu favor e conhecerão sua glória. No próximo
tópico, vejamos o que devemos fazer à luz destes ensinos.

1. Leia Hc 1:1-4 e com o auxílio do item 1, comente sobre o drama que o profeta estava
enfrentando. Que cenário ele via e o que mais lhe inquietava?
2. Leia Hc 1:5-11 e com base no item 2 responda: Deus estava mesmo inerte frente aos
pecados praticados por seu povo? Que providências Deus tomou?
3. Como Habacuque reagiu à notícia da intervenção divina? O que tal intervenção
colocou em evidência? Leia Hc 1:1-17; Jr 25:9 e baseie-se também no item 2.
4. Com base no item 3, responda: Você enxerga um desfecho glorioso quanto às queixas
do profeta? Fale sobre as três verdades reveladas na sentença divina em Hc 2:4, 14,
20; Ef 2:10 e Hb 10:38.
II. O QUE DEVO FAZER?
1. Diante do sofrimento, ore com sinceridade a Deus.
Nunca nos tornamos tão lúcidos como quando nos colocamos de joelhos diante do Pai.
Habacuque experimentou essa verdade! Ele se viu indignado ao ver tanto sofrimento, mas
fez de suas queixas, orações sinceras (Hc 1:2; 2:1). O teólogo puritano Thomas Brooks,
afirmou: “A oração só é amável e importante quando o coração nela está, e não de outra
forma […] Deus não ouve mais do que o coração fala”.
5. Fale sobre a importância da oração sincera quando nos vemos vulneráveis em
situações de sofrimento.

2. Diante do sofrimento, descanse na soberania de Deus.


Normalmente, quando vivemos situações de crise, procuramos explicações para o que
está acontecendo. Ficamos agitados, esperando encontrar uma saída rápida. Todavia,
nem sempre teremos todas as respostas que gostaríamos. Dessa forma, cabe-nos
confiar em Deus e descansar em sua soberania. Seus propósitos são sempre bons e seus
caminhos são sempre de paz. Descanse em Deus!

6. Você tem facilidade para descansar em Deus quando passa por aflições? Compartilhe
alguma experiência.

MEU DESAFIO
Deus fez Habacuque ver o caos, se indignar com ele e clamar por solução. Deus deu ao
profeta uma resposta inesperada; mas ao fim, revelou-se ser a maneira mais sábia e justa.
Infelizmente, nosso mundo continua sendo um lugar perigoso e injusto. Nosso desafio
nesta semana será de refletirmos sobre os cenários de sofrimento e injustiça que vemos
no mundo. Quando se deparar com notícias alarmantes, ore a Deus. Peça a ele que exerça
a sua justiça, que conforte os fragilizados e aguarde com confiança pela soberana
intervenção divina na história.

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