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Dúvidas de um Casamento
(Lynsey Stevens)
Título original: A rising passion
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
CAPÍTULO I
Já passava das oito horas quando bateram na porta do apartamento que Kasey
dividia com uma amiga dos tempos de colégio. Nenhuma das pessoas que conhecia em
Sydney costumava visitá-la naquele horário. Era uma noite de sábado.
Havia uma expressão de surpresa em seu rosto. Afastou com os dedos os
cabelos ruivos que lhe caíam sobre o rosto, jogando-os para trás. Kasey fez uma
careta desolada ao olhar para a calça jeans desbotada e a blusa velha que vestia. Na-
quele momento, não se parecia muito com a bem-sucedida modelo Katherine Claire
Beazleigh.
Ao olhar pelo olho mágico, sentiu que o chão fugia de seus pés. Tentou abrir a
porta, porém as mãos pareciam não obedecer aos comandos de seu cérebro.
Finalmente, após alguns minutos, que lhe pareceram séculos, conseguiu abri-la.
— Olá, Kasey! Pensei que você tivesse saído.
Greg parecia nervoso, segurando desajeitadamente o chapéu.
— Eu estava pensando em esperar até amanhã, mas... — Ele a olhava fixamente.
— Posso entrar?
Kasey afastou-se da porta, dando-lhe passagem, certa de que estava sonhando.
— Como vai você? — ele perguntou, enquanto Kasey fechava a porta.
— Eu estou bem — respondeu, com voz abafada. Greg estava ali, a seu lado.
Tudo o que Kasey queria era ouví-lo dizer que havia terminado o noivado com Paula.
— O que você faz em Sydney? — ela indagou, com uma pequena centelha de
esperança começando a brotar em seu íntimo.
— Oh, Kasey, é tão bom te ver! — Greg segurou-a pelo braço. — Senti tanto a
sua falta. Precisava vir. Me senti tão mal pelo modo como nos separamos. — Greg não
conseguia mais se conter. — Por favor, não me olhe assim!
Greg atraiu-a para si, envolvendo-a nos braços fortes, os lábios ávidos
procurando os dela.
Kasey afastou-se de Greg ao sentir o hálito de cerveja. Havia esperado por
aquele momento por três longos meses. Desde o dia em que Greg anunciara o noivado
com Paula Wherry, da Fazenda Winterwood.
Naquele dia, pensou que ele estivesse brincando. Recusou-se a acreditar. Paula
tinha dezoito anos, quatro a menos que Kasey. E ela sabia que Greg mal conhecia a
moça.
E então Greg explicou-lhe tudo. Disse que era ambicioso e queria, um dia, ter a
própria fazenda. Não haveria lugar para ele em Akoonah Downs, a propriedade rural
pertencente ao pai de Kasey. A fazenda seria de Peter, irmão de Kasey. Henry
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Wherry já estava com setenta anos e Paula era filha única. Kasey ficara chocada ao
ouvir aquilo. Desde pequena, sua vida estivera ligada àquele rapaz alto, loiro, de olhos
azuis. Sentiu o mundo desabar ao redor.
O pior era ter de guardar a dor só para si. O orgulho a impedia de se abrir com
o pai, ou então com Jessie, a governanta, que de certa forma substituíra a mãe que
Kasey não conhecera. Ainda bem que o irmão estava com a esposa e o bebê nos
Estados Unidos. Não precisava encenar para Peter também, fingindo não ligar para a
escolha de Greg.
Ferida em seus sentimentos, procurara refúgio na cidade. Dissera ao pai que
resolvera aceitar o convite feito pela mãe de uma amiga, meses atrás. O emprego era
em uma agência de modelos.
Kasey tinha um metro e sessenta, cabelos ruivos e uma pele sedosa. Os olhos
castanho-claros refletiam a cor de seus cabelos. Era atraente o bastante para
conseguir se destacar na carreira escolhida.
— Oh, Kasey, deixe-me abraçá-la! Tenho pensado em você durante todos,esses
meses. Por que você partiu sem ao menos dizer adeus?
— Como poderia ficar, depois de tudo o que você me disse?
— Kasey, não queria que você se magoasse. Meu Deus, não deveria estar aqui!
Todos pensam que fui para o leilão de gado. Mas senti tanto a sua falta! Tinha de vê-la.
Kasey também sentia o mesmo. Entregou-se a um novo beijo, esquecendo todos
os problemas. Uma voz interior a advertia para afastar-se dele porém seu corpo se
recusava. Greg era o homem que amava.
Kasey tentou afastar-se dele, ao notar que estavam no quarto.
— Greg, não podemos... — começou a dizer, ofegante. Ele deslizou as mãos por
baixo da blusa, acariciando-lhe os seios, tornando a respiração de Kasey cada vez mais
pesada.
— Você é tão linda, Kasey! Esperei tanto por isso! Diga que me quer também.
— Você sabe que desde os oito anos, quando te conheci, sonho com o nosso
casamento. — Ela sorriu, enroscando os dedos nos cabelos loiros de Greg.
O rapaz abaixou os olhos e Kasey pôde sentir que ele ficara tenso de repente.
— Greg? O que foi? — A preocupação aumentava à medida que o silêncio
persistia. — Você não me ama?
— Você sabe que sim. Sempre te amei. Ao ouvir aquilo, Kasey relaxou.
— Por quanto tempo você pode ficar? — Então, lembrou-se de algo. — Por que
você disse que os outros pensam que você está no leilão de gado?
Um mau pressentimento tomava conta de Kasey. Contudo, precisava saber a
verdade.
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— Greg?
— Não vamos falar nisso agora, Kasey. Eu te quero tanto! — murmurou,
tentando colar seu corpo ao dela.
Kasey permanecia imóvel, enquanto mil pensamentos passavam pela sua cabeça.
— Greg, diga a verdade! Você e Paula... Vocês continuam juntos? — Ela se
afastou, os olhos implorando para que Greg negasse.
Após um longo silêncio, Greg respondeu afirmativamente com um gesto de
cabeça.
— Eu não entendo, Greg! Por que você está aqui?
— Porque não suportava a idéia de não vê-la mais.
— Você ainda está comprometido com Paula. — O tom era acusador. — Você
veio aqui, nós quase fizemos amor! Não é possível que continue querendo casar-se com
Paula.
Greg estava pálido e seus olhos expressavam a agonia que sentia.
— Não planejei nada. Quando te vi, quis apenas abraçá-la. Por favor, acredite
em mim! Eu desejo você, não posso negar, mas isso não muda nada.
Atordoada, Kasey apenas o observava, tentando acreditar que era apenas um
pesadelo.
— Perdoe-me, Kasey.
— E se tivéssemos feito amor esta noite? Você ainda iria se casar com ela?
— Kasey...
— Responda, Greg!
— No final de novembro — admitiu.
Kasey estava tão ferida que nem tentava disfarçar a dor que sentia. A
crueldade daquela rejeição era maior do que o seu orgulho.
— Kasey, sinto muito. Não deveria ter vindo. Pensei que pudesse procurá-la, vê-
la apenas. Fui um tolo.
Esperou em vão que Kasey se virasse para encará-lo.
Imóvel, a moça permaneceu de costas até ouvir o som da porta se fechando.
Sentia um vazio enorme dentro de si. Quatorze anos de sua vida, suas esperanças
tinham renascido só para serem novamente destruídas. Como Greg fora capaz de
fazer isso com ela?!
Apaixonou-se por ele aos oito anos de idade. Greg tinha dezesseis. Apareceu na
fazenda procurando emprego. Era da mesma idade de Peter, o irmão dela. Kasey
acompanhava os dois rapazes por toda a propriedade. Seu amor por Greg crescia à
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medida que ela também crescia. Fazia planos para o futuro. Iria casar-se com Greg,
morar na fazenda, ter muitos filhos e viver feliz para sempre.
Greg era tudo para Kasey. Nunca olhou para outro rapaz, mesmo quando saiu de
casa para estudar.
Tentando aplacar a dor que a dominava, pegou uma garrafa de uísque. Colocou
algumas pedras de gelo em um copo grande, derramando em seguida o líquido cor de
âmbar. Quase não bebia, a não ser um vinho, de vez em quando, acompanhando a
refeição.
Tomou um gole bem grande da bebida, e o líquido desceu queimando sua
garganta. Era horrível! Talvez se tomasse em pequenos goles fosse melhor, pensou.
Mas continuava intragável. Piscou os olhos, sentindo uma ligeira vertigem, e deixou o
copo de lado. Beber não iria ajudá-la em nada.
No entanto, não conseguia ficar naquele apartamento sozinha. Num impulso,
vestiu uma jaqueta e saiu para a rua.
Andou bastante. Parecia que fazia horas que estava andando. Um olhar para o
relógio trouxe-a de volta à realidade. Eram ainda nove e meia. Olhou à sua volta. A rua
lhe era familiar. Conhecia o bar do hotel que ficava na esquina. Cathy, a amiga com
quem morava, levou-a ali um dia, junto com alguns amigos. Antes que mudasse de idéia,
abriu a porta e entrou.
Procurou por algum rosto conhecido. Uma garota chamou-a. Era Ária, prima de
Cathy. Kasey dirigiu-se à mesa. Ofereceram-lhe uma cadeira. Logo estava com um copo
de bebida na mão e começou a bebericar. Não precisava se preocupar em conversar.
Eram ao todo sete pessoas, que papeavam animadamente. Continuou tomando o
drinque, uma mistura de vinho com suco de frutas tropicais. Passado algum lempo,
olhou para o copo. Não sabia mais se era o primeiro ou o segundo. Sem dúvida, era bem
melhor do que o uísque. O som da música misturava-se com o das conversas.
Olhou para as pessoas sentadas à mesa. Ana e seu namorado. O irmão dele com
a namorada. O outro casal ela não conhecia.
Foi aí que deparou com um par de olhos azuis que a observava sem piscar.
Chegou a perder o fôlego. Tinha a impressão de que aqueles olhos frios estavam fixos
nela fazia já algum tempo. Embaraçada, olhou para o copo, ganhando tempo para se
recompor.
Fitou-o de novo. Não o conhecia. Ou será que o conhecia? Parecia-lhe um tanto
familiar. Mas Kasey certamente se lembraria, caso tivesse sido apresentada àquele
homem deveras atraente.
Os cabelos eram pretos, levemente grisalhos nas têmporas. O queixo era firme,
quadrado, características de uma pessoa de personalidade forte. Apesar de estar
sentado, Kasey pôde notar que ele era alto. As dobras do casaco cinzento não es-
condiam os ombros largos, e a camisa aberta no colarinho deixava à mostra parte do
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peito bronzeado.
Os olhares dos dois cruzaram-se novamente, e Kasey corou quando ele arqueou
as sobrancelhas numa indagação arrogante, consciente da curiosidade que despertara.
Deliberadamente, Kasey voltou a contemplar o copo em sua mão. Ele talvez
achasse que estivesse sendo paquerado, refletiu. Azar o dele, podia pensar o que
quisesse. Estava de todo enganado.
Enquanto balançava o copo e observava o efeito provocado pelos raios de luz no
líquido róseo, voltou a pensar em Greg. Como pôde tratá-la daquele modo? Haviam
compartilhado tantos momentos! Recordou-se então de seu primeiro beijo. Os dois
estavam à beira do lago, um dos lugares que ela mais adorava na fazenda. Kasey havia
tomado a iniciativa e Greg se intimidara com aquela atitude, porém acabou cedendo,
envolvendo-se até por demais.
Kasey respirou profundamente, voltando ao presente. Notou que os olhos azuis
continuavam a observá-la. Tentou prestar atenção na conversa do rapaz a seu lado,
mas estava consciente dos movimentos daquele moreno alto. Tinha cerca de um metro
e noventa, constatou ao vê-lo caminhar em direção ao bar.
Retornou à mesa carregando dois copos. Colocou um bem em frente de Kasey.
Erguendo o olhar, ela o encarou, desejando recusar o drinque, pois não queria começar
um diálogo, ainda mais porque todos da mesa os observavam, interessados.
Tomou um gole da bebida. Olhou-o admirada. A bebida incolor era apenas
limonada! Que presunçoso! Com certeza o rapaz pensava que estivesse bêbada.
Alguém sugeriu que fossem a outro lugar, onde pudessem dançar. Kasey queria
ir para casa dormir. Levantou-se para retirar-se, surpresa ao sentir tudo rodar à sua
volta.
— Você não vem com a gente? — perguntou Ana.
— Não, hoje não, obrigada. — Sentou-se novamente, com cuidado. — Vou
terminar o meu drinque e irei para casa.
As pessoas foram se retirando, ficou apenas aquele moreno de olhos azuis.
— Eu a levarei para casa.
— Não é preciso. Não estou bêbada.
Estava tão próximo que Kasey podia sentir-lhe a fragrância da loção para após a
barba. Tomou mais um gole de bebida.
Limonada. O rapaz nem sequer havia perguntado se queria, porém ela não
gostava de limonada. Quando o garçom passou perto da mesa, quase como um desafio
Kasey pediu uísque.
— Você não acha que já bebeu demais?
— Não, eu não acho — Kasey replicou. — E não gosto de limonada.
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CAPÍTULO II
Kasey despertou, rolando para o canto da cama espaçosa. Estava confusa. Que
barulho infernal seria aquele que martelava incessantemente?! Ao abrir os olhos,
descobriu admirada que era a própria cabeça que latejava. Colocou os dedos nas
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— Quem? Jodan Caine. Onde? — Fez um gesto com a mão, abrangendo o espaço
ao responder. — Em meu quarto. Não se lembra, Katherine?
— Não. — Reforçou a resposta com um gesto de cabeça negativo. — Como vim
parar aqui?
Sem responder, desapareceu pela mesma porta em que entrara. Voltou em
seguida, segurando dois comprimidos e um copo de água, e sentou-se na beirada da
cama.
— Para a dor de cabeça. — Jodan esperou que ela os tomasse.
Kasey pegou os comprimidos e engoliu-os junto com a água. Esvaziou o copo, já
que estava morta de sede.
— Como vim parar aqui? — ela repetiu, sentindo-se melhor após ter tomado a
água refrescante.
— Não se recorda? — Jodan parecia divertir-se com a situação.
— Se me lembrasse, não perguntaria, não acha? — revidou, sentindo-se mais
segura.
— Eu a trouxe num táxi — explicou Jodan , — após termos saído do hotel.
O hotel. Ela se recordava vagamente. Havia bebido um pouco, mas não muito.
Teria ele feito algo para que ficasse bêbada?
— Por que não me levou para casa? — Os olhos cintilavam acusadoramente.
— Meu apartamento ficava mais perto — respondeu, após um leve encolher de
ombros. — E estava um pouco apressado.
Por que estaria... Kasey enrubesceu todinha ao entender o significado daquela
frase.
— Você me embebedou e me trouxe aqui para... — Não foi capaz de terminar a
frase.
Tentava sair da cama, porém lembrou-se de que estava praticamente nua e
mergulhou de novo entre os lençóis.
— Meu Deus, você é desprezível! Queria me violentar!
— A acusação que você me faz não é nada lisonjeira, Katherine — disse Jodan,
as sobrancelhas franzidas arrogantemente. — O motorista de táxi presenciou a cena
em que você pediu que a levasse para a cama.
— É mentira! — Kasey engoliu em seco. — Eu não faria isso! — falou, acentuando
uma nota de súplica. Como desejava recordar-se de tudo!
— Relaxe, Katherine! — exclamou ele carinhosamente, enquanto as mãos
afagavam a face corada. — Estava com pressa porque sabia que você não se
encontrava bem. Havia bebido demais. Era natural que estivesse enjoada e com
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tontura. Não aconteceu nada ontem à noite. Você desmaiou quando estávamos no
elevador. Tirei as suas roupas e a coloquei na cama. É tudo. Pode acreditar.
— Onde... onde você dormiu?
Um sorriso fez com que ele arqueasse o canto da boca bonita, firme. Kasey não
podia deixar de observar aquela boca.
— Bem aí do seu lado — respondeu, indicando com um leve movimento de
cabeça. — Dormir foi tudo o que eu fiz. Tem a minha palavra.
Kasey parecia não estar totalmente convencida. .
— Juro, Katherine! Você estava inconsciente. Possuo certa peculiaridade.
Espero sempre alguma atracão por parte da mulher com quem faço amor.
E provavelmente consegue. O pensamenio tomou conta da mente de Kasey, sem
que o pudesse controlar.
— Eu só queria poder me lembrar de tudo. Enquanto o observava, pensou que
talvez já o conhecesse.
— Tem certeza de que... bem, isso é tudo o que sucedeu?
— Não, exatamente — revidou ele, os olhos fixos nela. — Você me fez uma
promessa. Espero que a mantenha.
— Uma promessa? — Ela molhou os lábios, num gesto de nervosismo. — Que
tipo de promessa?
— A de se casar comigo.
Kasey piscou, aturdida. — Casar-me com você? — bradou, duvidando. — Mas eu
nem sequer o conheço! Por que iria...?
Kasey parou, tentando apreender um estalo que atravessou sua mente. Um
homem a seu lado. O casamento de Greg. Queria poder manter seu orgulho,
aparecendo no casamento com um homem, um marido. "Veja, Greg Parker! Não preciso
de você!"
— Você disse que precisava urgentemente de um marido. E eu aceitei.
— Pedi-lhe para se casar comigo? — perguntou Kasey, incrédula.
— Suponho que sim. E aceitei. Portanto, creio que pode considerar que estamos
comprometidos. Kasey sacudiu a cabeça com veemência.
— Isso é ridículo! Não posso acreditar!
— No entanto, você não me explicou o motivo de querer um marido. Confesso
que estou curioso. Por acaso você está grávida?
— Grávida?! Claro que não!
— Pensei que poderia ser esse o motivo.
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— Bem, não é! Uma garota não precisa mais se casar, hoje em dia, só por estar
grávida. Eu... bem, acho que estava deprimida, pelo álcool ou por qualquer outra coisa
— declarou ela.
Jodan parecia não acreditar.
— Por que mais iria fazer tal pedido? A propósito, por que aceitou essa
proposta grotesca? Estava bêbado também?
Ele deu uma gargalhada.
— Não! Não estava totalmente sóbrio, porém não estava bêbado.
— Então por quê?
— Talvez o casamento fosse conveniente para ambos. — O tom de voz não
revelava nenhuma emoção.
— Conveniente para você?
Kasey não sabia o que pensar. Jodan suspirou.
— Imagino que estava deprimido também. Levo uma vida atribulada. Os
negócios ocupam a maior parte do meu tempo. Não sobra nem um pouco para conhecer
as mulheres que encontro. E não são poucas.
Jodan fez uma careta engraçada.
— Não sou ingênuo. Sei o que as motiva. O meu dinheiro as atrai. Sou um bom
partido. Estando casado, ficaria livre desses inconvenientes.
Kasey não acreditava que as mulheres estivessem apenas atrás do dinheiro.
Será que ele não se olhava no espelho?, meditou,
— Como você sabe que não estou atrás de um bom partido também? —
perguntou, divertida.
— A filha de Mike Beazleigh, dono da Fazenda Akoonah Downs, não precisaria
de um bom partido, não acha?
— Como sabe quem sou? Por acaso, disse-lhe alguma coisa?
— Eu já sabia. Perguntei a seu respeito algum tempo atrás, quando a vi em uma
festa.
— Fomos apresentados?
Tentava se recordar. Conhecera tantas pessoas durante a sua carreira de
modelo. Admitia que não dera muita atenção às pessoas, talvez porque se sentisse
abalada pelo que ocorrera com Greg.
— Apenas informalmente. Havia um grupo de pessoas. Kasey tentou encerrar o
assunto, que já estava se prolongando demais.
— Espera, não costumo beber tanto. Acredito que não devemos nos prender a
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seguravam o lençol. Então, com a ponta da língua traçou o contorno do queixo delicado.
Kasey, com a respiração suspensa, ouvia as batidas aceleradas do próprio
coração. Sabia que ele iria beijá-la e que deveria tentar impedí-lo. Contudo, foi
invadida por um desejo intenso de sentir o contato daqueles lábios e fechou os olhos,
incapaz de reagir.
O colchão rangeu, livre do peso daquele corpo viril. Kasey abriu os olhos. Ele a
observava, a expressão de desejo substituída por outra, de divertimento.
— Ah, Katherine! Você não sabe que não deve fazer tais insinuações a um
homem? — indagou com voz rouca. — Poderia ter me aproveitado da situação.
— Por que você...? — Ao falar, levantou-se um pouco, o que fez com que o lençol
deslizasse, deixando um dos seios à mostra. Corando toda, cobriu-se rapidamente,
enquanto ouvia uma gargalhada.
— Não se acanhe tanto, minha querida! Já se esqueceu de que vi todo o seu
lindo corpo ontem à noite? E, acredite, não há motivo para esconder tal beleza. Eu até
gosto da mancha que você tem bem aqui.
Os dedos pousaram bem embaixo do seio esquerdo, queimando a pele onde
tocavam, apesar do lençol separando-os.
— Está bem, você venceu! — ela falou, a respiração difícil, pois o toque a
perturbava. — Mostrou que conhece cada centímetro do meu corpo. Só que olhar para
o corpo despido de uma mulher inconsciente não é algo de que possa se orgulhar, não
acha?
— Realmente, não é. Dependo de você para manter o pequeno detalhe de que
estava inconsciente apenas entre nós. Tenho uma reputação a zelar. Além disso,
detestaria que minha mãe soubesse — declarou, com preocupação exagerada.
Kasey o observava desconfiada. Provavelmente ele estava brincando. A mãe
dele! Será que falava a sério?
— Olhe, Katherine...
— Kasey. Me chame de Kasey. Uso Katherine só profissionalmente.
— Está bem... Kasey. — Jodan parecia saborear o som daquele nome. Sentou-se
de novo. — Vamos falar com franqueza. Sobre o casamento. Gosto da idéia. De fato,
ele resolveria muitos problemas. Gostaria que pensasse bem.
Uma torrente de pensamentos invadiu-lhe a mente, culminando na pequena
igreja perto de Winterwood, a fazenda do pai de Paula. A noiva caminharia em direção
a Greg, enquanto Kasey assistiria à cerimônia com Jodan Caine a seu lado. Era uma
cena tentadora.
— E por que eu? — queria ela saber.
— Por que não? Você recebeu uma boa educação, pertence a uma família
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respeitável. Seu pai não é pobre, o que descarta a possibilidade de que esteja atrás do
meu dinheiro. E você é muito atraente.
Kasey surpreendeu-se com aquele elogio repentino. Sim, Jodan também era
muito atraente, admitiu.
— O que me diz, Kasey? — interrogou ele.
— Talvez aceite — respondeu ela, hesitante.
— "Talvez" não serve. — A voz de Jodan era firme. Segurou-a pela mão. — Sim
ou não?
— Está bem. Sim! — Kasey acabou cedendo.
Será que aquilo estava mesmo acontecendo? Estaria aceitando aquela proposta
maluca? , — pensou.
— Ótimo! Precisamos de um anel. Você estará livre amanhã?
— Amanhã? — espantou-se ela, mordendo os lábios. Jodan estava indo depressa
demais.
— Temos bastante tempo. Não precisamos...
— Muito pelo contrário, minha querida. Quando tomo uma decisão, não vejo
motivo para perder tempo. Decidimos nos casar; portanto... — Parecia pensativo
enquanto passava os dedos pelo queixo recém-barbeado. — Pode ser no próximo mês?
Dia 16?
CAPÍTULO III
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Membro de uma família rica, mas que conseguira alcançar sucesso por mérito próprio.
John Caine, pai de Jodan, havia construído a Caine Electricals a partir de uma
pequena loja de reparos elétricos, e já era milionário quando se casara com Margaret
Forsythe, única herdeira de uma das famílias mais ricas e antigas daquele Estado.
Jodan e David, quatro anos mais velho, haviam nascido em berço de ouro.
Frequentaram as melhores escolas e conviveram com as melhores famílias.
No entanto, tiveram de conquistar com esforço o espaço profissional. O pai não
os aceitava na firma enquanto não conhecessem bem todos os setores, desde a base.
Só que o interesse de Jodan sempre estivera voltado para computadores.
Estava com vinte e cinco anos ao tomar posse dos bens deixados pelos avós maternos.
Com a aprovação do pai, iniciou seu próprio negócio, conseguindo alcançar grande
sucesso.
E agora, dez anos depois, decidira se casar com Kasey Beazleigh, sendo que
poderia escolher qualquer moça da alta sociedade. Kasey sabia que era invejada.
Muitas desejavam estar em seu lugar.
Contudo, uma dor profunda oprimia o seu peito. Nem a rejeição de Greg causara
dor semelhante, algo que Kasey sentia como um profundo desapontamento.
Naquele espaço de tempo, começara a gostar de Jodan. Ela o admirava como
pessoa, alguém que parecia preocupar-se com os outros, porém descobriu que estava
enganada. Também ele era motivado apenas pelo egoísmo.
Desejava não ter comparecido à festa do quadragésimo aniversário de
casamento dos pais de Jodan, duas semanas atrás. Aquela noite havia mudado tudo,
provara que não devia mais confiar em homem algum.
Luzes coloridas iluminavam a frente da casa, que estava cheia de parentes e
amigos do casal. A mãe de Jodan, Margaret, aparentava ter menos que os seus
sessenta e um anos. Parecia feliz com a noiva do filho, e até disse a Kasey que Jodan
nâo poderia ter feito melhor escolha.
Kasey foi apresentada aos convidados. Recebeu muitos cumprimentos pelo
noivado. Olhava continuamente para o noivo, que parecia retribuir seu carinho, ou pelo
menos foi o que lhe pareceu.
— Ah! Essa é a garota de sorte que irá se casar com meu sobrinho!
Uma mulher baixa e um pouco gorda aproximou-se de Kasey, apoiando-se em
uma bengala. Caminhou cm direção a algumas cadeiras, dispostas no canto da sala.
— Sente-se aqui do meu lado, para batermos um papo — disse ela,indicando uma
cadeira.
Kasey sentou-se, cruzando as pernas com elegância, vestida com um traje de
noite preto que lhe caía muito bem. Enquanto isso, Jodan conversava com alguns
amigos.
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— Sou a tia Grace — afirmou ela, sorrindo. — Irmã do pai de Jodan. Kasey
relaxou. Estava gostando muito daquela senhora.
— Então, você é a garota que conquistou o meu sobrinho? — Grace piscou com
malícia.
— Sim, acho que sim. Ou talvez seja ele que tenha me conquistado — respondeu
Kasey, safando-se habilmente.
— Estou feliz pelo fato de que Jodan tenha encontrado uma pessoa inteligente
como você. Ele costumava sair com algumas garotas que eram apenas bonitas. Tenho
certeza de que se entediava logo com elas. Cheguei até a perder a esperança.
— Creio que Jodan sabe se cuidar — Kasey apressou-se em dizer.
A simples idéia de imaginá-lo com outras mulheres parecia aborrecê-la.
— Oh! Não se impressione com as mulheres que passaram pela vida dele. —
Grace deu uma palmadinha na mão de Kasey. — Jodan está apaixonado por você e será
um marido maravilhoso. Sempre me preocupei com meu sobrinho.
Enquanto ouvia a tia, Kasey deu uma vista d'olhos pelo salão e viu Jodan falando
com um casal. Ele parecia estar muito seguro de si. Não achava motivo para a
preocupação de Grace.
— Jodan era muito diferente do irmão, David, um tipo sério que contrastava
bastante com a natureza aventureira de Jodan.
Kasey não conseguia entender onde a tia estava querendo chegar, porém
continuou prestando atenção. Era a oportunidade de conhecê-lo melhor.
— Isso lhe causou muitos problemas — prosseguiu ela. — Mas estou feliz por
ele ter feito uma ótima escolha. Estava preocupada pelo medo de que cometesse outro
erro... — Parou ao perceber que havia ido longe demais. — Que bobagens estou
dizendo! Fale-me um pouco de você.
Outro erro? Então, Jodan estivera comprometido anteriormente. Casado,
talvez. Tentou concentrar-se no que dizia tia Grace. Porém, sentiu-se grata ao ver
Margaret aproximar-se, levando a velhinha para comer algo. Estava sozinha quando
Jodan a procurou.
— Você já foi casado? — indagou-lhe de súbito.
Jodan deu urna gargalhada, surpreso com a pergunta.
— Não. Esta será a primeira vez — disse ele, com um brilho malicioso no olhar.
Kasey corou com a insinuação contida naqueles olhos.
— E você? — quis saber Jodan.
— Eu o que? — gaguejou ela.
— Já esteve casada?
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— Mas eu me importo com elas. Amo Shelley e Lisa, porém ando aborrecida com
tudo.
— Não posso fazer nada, Desiree — Jodan suspirou. — Já lhe disse que não me
agrada a idéia de servir como distração a uma esposa entediada.
— Ninguém precisa saber. Seremos discretos. Oh, Jodan, nunca deixei de amá-
lo!
— Não se esqueceu de algo, Desiree?
— Sobre o que você está falando?
— Em duas semanas estarei me casando. Desiree sorriu.
— Oh, sim! Com a Donzela de Gelo.
Kasey levou um choque ao ouvir o apelido ser pronunciado por Desiree.
— Por que a surpresa, Jodan? Não me julga capaz de fazer pequenas
investigações?
— Não posso acreditar!
— Não foi difícil. Todos estão comentando o casamento do ano. A união da
fortuna dos Caine com a dos Beazleigh.
— O dinheiro não tem nada que ver com o casamento, Desiree.
— Quem diz isso é alguém que nunca sentiu falta de dinheiro — filosofou
amargamente. — Mas estou desapontada com sua escolha.
Jodan arqueou as sobrancelhas, desconfiado.
— Oh! Sem dúvida, ela é atraente, para quem gosta de ruivas, porém fazer
amor com a Donzela de Gelo deve ser...
— Desiree! Cale-se! — Jodan interrompeu-a, nervoso. — Eu me casarei com
Kasey. É melhor se acostumar com a idéia.
— Por que, Jodan? Por que tão de repente?
— Talvez seja amor à primeira vista.
— Houve uma época em que você me dizia que era como se sentia a meu
respeito, Jodan.
— Já faz muito tempo. Foi antes de descobrir a mercenária que existe em você.
— É fácil para você me julgar. Nunca entendeu. Eu necessitava de segurança
financeira. O futuro de David já estava traçado. O seu, apenas começando. Não podia
me arriscar com você. No entanto, ainda te amo, Jodan. Sempre amarei.
— Amor? — Jodan caçoou dela. — Você nem sabe o significado dessa palavra.
Você me enoja. Suma da minha frente! Volte para o seu marido!
— Sempre orgulhoso! Bem, eu posso esperar.
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
CAPÍTULO IV
Para Kasey, aquele não parecia ser o dia tão ansiosamente esperado pela maioria
das jovens. Na manhã do dia do próprio casamento, precisou fazer um grande esforço
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
para conseguir se levantar. Desanimada, forçou-se a engolir uma torrada apenas para
alegrar Jessie.
A governanta parecia ser a própria noiva, de tão preocupada e eufórica. Além da
expectativa pelo casamento, Jessie estava inquieta por estar em Sidney. Acostumada
com a vida na fazenda, não se sentia bem na cidade.
Após o café da manhã, as horas transcorreram rapidamente, pois havia muita
coisa a ser feita. Kasey foi ao cabeleireiro escolher o arranjo de cabeça e o buquê.
Cuidou de uma infinidade de detalhes, que poderia ter deixado sob a responsabilidade
de outra pessoa qualquer, mas preferiu providenciá-los pessoalmente. Assim, não
sobrou tempo para ficar refletindo sobre tudo o que sucedera.
Ficar sentada no apartamento, esperando chegar a hora da cerimônia, seria
desesperador. Seria mesmo capaz de enlouquecer.
Começou a se trocar bem cedo. Fizera questão de que o modelo do vestido fosse
simples. Era cor de marfim e se ajustava perfeitamente a seu corpo, delineando a
cintura fina. A saia farta, bem rodada, farfalhava delicadamente ao andar. Um véu,
fino e delicado, preso ao arranjo na cabeça, não chegava a ofuscar o brilho do cabelo
ruivo. Estava muito bonita.
Como adornos, apenas o medalhão delicado, em forma de coração, que
pertencera à mãe, e os brincos de ouro que o pai mandara fazer para combinar com a
jóia.
A pele mimosa dispensava qualquer maquiagem. Apenas um blush rosado, para
disfarçar a palidez, e o batom destacando o contorno da boca bem delineada.
Parada em frente do espelho, Kasey surpreendeu-se por estar absolutamente
calma. Nem se abalou com a cena de choro das duas garotinhas loiras, filhas de
Desiree, ao entrarem no carro que as levaria para a igreja.
Observou divertida o pai abotoar e desabotoar o paletó várias vezes. Estava
nervoso, pois não costumava usar aquelas roupas, que pareciam enforcá-lo. Kasey havia
decidido casar-se em Sidney. Sabia que não seria capaz de encarar os amigos e
conhecidos no ambiente familiar da fazenda, onde nascera e crescera.
A noiva chegou à igreja. As cabeças se voltaram, curiosas, ao vê-la na porta da
frente, diante do longo corredor acarpetado que levava até o altar. Mas Kasey não
notou nada.
Jodan virou-se lentamente em direção à entrada ao ouvir o primeiro acorde da
marcha nupcial. Vestia um terno cinzento azulado, que moldava impecavelmente o
corpo alto e musculoso, e trazia na lapela uma rosa vermelha igual às do buque que
Kasey portava.
Os olhos azuis e brilhantes encontraram-se com os de Kasey, e foi como se um
raio a imobilizasse ao se conscientizar da importância daquele momento. O pai colocou
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
estampada nos olhos de Greg. Foi tomada de imediato por um sentimento de culpa.
Virou-se para Jodan, que a observava por entre as pálpebras semicerradas. Será que
havia notado que olhava para Greg? Faria alguma diferença? Jodan não fazia idéia dos
seus sentimentos em relação a Greg.
Kasey, furiosa, interrompeu seus pensamentos. Jodan era a última pessoa a ter
direito de fazer acusações, já que ele possuía suas próprias razões para estar ali,
casando-se com uma pessoa que mal conhecia. Ela tentou sorrir e fez um comentário
qualquer sobre os arranjos florais que enfeitavam as mesas. Mas, tensa, não conseguiu
comer nada.
Aos primeiros acordes da valsa nupcial, Kasey viu-se enlaçada pelos braços de
Jodan. Sentia o pânico retornar. Estava consciente demais do abraço vigoroso que a
envolvia, das mãos do marido sobre o seu corpo. Agora ele obtivera direitos legais
para tocá-la.
Não conseguia encará-lo, porém sabia que ele a olhava. Estaria consciente da
pulsação acelerada, das loucas batidas do seu coração? Oh, sim, o experiente Jodan
Caine perceberia! Não resistindo, fitou-o de frente. Ele soltou um gemido, que a tocou
fundo, fazendo com que se arrepiasse toda.
— Ah, lembrou-se de que estou aqui! — murmurou ele, a boca próxima à orelha
de Kasey, enquanto os dois dançavam de rosto colado.
Ela afastou-se por um instante.
— Não sei do que você está falando.
— Não? Calculo que esta é a terceira vez que olha para mim hoje.
— Que absurdo!
— Será? — Ele deu uma risada rouca. — Estou feliz por ter pelo menos espiado
para ver se era eu mesmo que a esperava no altar, antes de entrar na igreja. Seria
terrível se houvesse outra pessoa em meu lugar, não acha?
Kasey olhou-o assustada. O que Jodan queria dizer? Estaria insinuando... não,
ele não sabia de nada. Tentou se recompor.
— Pensou que eu poderia estar esperando Tom Selleck? — Ela tentava parecer
natural, brincando com a situação.
Jodan fez uma careta.
— O galã bonitão da televisão? Kasey, você não pode estar falando sério.
Galã bonitão? Talvez. Mas Jodan, com suas feições másculas, era sem dúvida
muito mais atraente do que qualquer ator. A seu lado, Kasey não conseguia pensar em
outro homem.
Nem em Greg! Uma sensação de culpa a atingiu novamente. Como podia ter se
esquecido de Greg tão depressa? Sempre o amara. Ainda o amava. Será que não?
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
prosseguiu ele, naquele tom sensual. — Por não ter aproveitado quando tive
oportunidade.
— Isso, caso eu permitisse — contestou ela, rápido. Jodan riu. Aquele som
característico, que a desarmava totalmente.
— Você deixaria. — A segurança era inabalável.
— Não esteja tão certo!
— Você está blefando. Mas nunca saberemos — declarou, o olhar cativo ao dela.
— Até esta noite — acrescentou, com uma promessa naquela voz sedutora.
À noite. O que faria quando estivesse a sós com Jodan? Sentiu a pulsação
acelerar. Não conseguia se imaginar fazendo amor com alguém que não amava. Nas
fantasias que tivera durante a adolescência, Greg era o homem com quem partilhava
todos os momentos.
Agora Jodan Caine, que era praticamente um estranho, tinha todo o direito de
beijá-la, tocá-la, conhecendo aquele corpo como nenhum homem havia feito até então.
Nem mesmo Greg.
Deveria ser Greg a pessoa com quem faria amor naquela noite. Greg, porém,
nunca seria dela, e Jodan esperava uma esposa ardente em sua cama. Não, não
conseguiria. Precisava acabar com aquela farsa. Se fizessem amor, estariam usando um
ao outro em substituição a outra pessoa. Não poderia aceitar uma relação física
nesses termos. Abriu a boca para dizer tudo a Jodan, mas foi impedida pela
aproximação do pai. Jodan cedeu seu lugar, lançando um olhar que parecia devorá-la,
antecipando a noite.
Kasey estremeceu. O pai notou.
— O que foi, meu bem? Não está com frio, está?
— Não, apenas... Creio que estou cansada. É isso, foi um dia longo.
A noite parecia ainda reservar muitos acontecimentos.
Dançou também com o irmão. Percebeu quando Jodan estava dançando com
Desiree. Teve de admitir que formavam um belo par.
— Kasey... Kasey? — Greg teve de chamá-la duas vezes, antes que ela notasse
sua presença.
— Oh, Greg! Sinto muito, acho que estava distraída. A minha mente devia estar
a quilômetros de distância.
Tentou se recompor. Não, não estava a quilômetros de distância. Estava apenas
no outro lado da pista de dança, nos braços de Jodan.
— Quer dançar comigo?
Parecia abatido. Kasey aquiesceu ao pedido.
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
Greg não dançava tão bem quanto Jodan, e Kasey precisou fazer um esforço
para se concentrar na dança, evitando comparações.
— A cerimônia estava muito bonita. — Greg parecia se esforçar para dizer
aquilo.
— Sim. — Kasey sentiu novamente uma onda de culpa. Mas por aquele remorso?
Greg fizera a escolha. — Como estão os preparativos para o seu casamento? —
perguntou calmamente.
— Tudo bem. Não será uma grande festa como esta. — Greg olhou ao redor. —
O pai de Paula não tem passado bem. Uma grande festa seria cansativa demais para
ele. Você irá? — Ele olhava diretamente para Kasey.
Os passos dos dois foram se tornando mais lentos. Pareciam ter esquecido que
estavam dançando.
— Sim — ela respondeu, hesitante.
Não havia ainda conversado com Jodan sobre o convite. O casamento de Greg.
Era aquela a razão de seu próprio casamento .
— Jodan e eu estaremos lá — acrescentou com firmeza.
— Meu Deus, Kasey! Você com este vestido! Hoje poderia ser o nosso
casamento!
— Greg, por favor!
— Bem, poderia ser. Eu poderia... Aquela noite, em seu apartamento, poderia ter
feito amor com você. — Os lábios estavam comprimidos. — Deus, seria capaz de matá-
lo... só de pensar que irá tocar em você!
Kasey arregalou os olhos, perplexa com a veemência na voz de Greg.
— Eu não te entendo, Greg. Realmente não entendo. Como pode... Foi você
mesmo que escolheu!
— Simplesmente não consigo, Kasey! Vê-la nesse vestido, sabendo que é para
aquele arrogante pretensioso.
— Chega, Greg!
— Por que teve de casar-se com um sujeito como aquele, Kasey?
— Talvez esteja apaixonada por ele. — Ela tentou parecer convincente.
Greg estreitou a vista, fazendo um gesto negativo com a cabeça.
— Não, Kasey. Não acredito. Você está fazendo isso para me punir, não é? Para
me fazer sofrer. Ele é completamente diferente. É tudo o que eu não sou.
— Greg...
— Dinheiro, é isso, não é? E posição. Bem, vejo que não vai durar muito. Não
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— Oh, sim! Mas você queria. Meu cunhado é um demônio envolvente. Dinheiro,
aparência atraente, atração física. Jodan possui tudo isso.
Fez uma pausa, aguardando o efeito das suas palavras. Kasey estava tensa,
esperando o bote final.
— Naturalmente, Jodan e eu nos conhecemos muito bem. Antes de me casar
com David.
— Eu sei.
Kasey respondera com calma, causando uma ligeira mas perceptível admiração
nos olhos cor de violeta.
— Oh, creio que não seja segredo! — Recompôs-se rapidamente. — Na
realidade, conheci Jodan antes de David. Jodan e eu éramos — fez uma pausa,
propositadamente — mais do que bons amigos.
— Suponho que sim.
— Sim, Jodan e eu éramos inseparáveis.
— Você, porém, escolheu casar-se com David — lembrou a cunhada.
— Sim, David é um pai maravilhoso para as meninas. Mas deixa muito a desejar
como marido.
Kasey tentou encerrar aquela conversa desagradável. Não queria servir de
diversão para a cunhada.
— Creio que é melhor eu ir andando.
Começou a fechar a mala. Desiree, no entanto, parecia não ter terminado ainda.
— Esta farsa de casamento não durará muito. Jodan não se contentará somente
com você.
— Meu casamento não é uma farsa. E, quanto à experiência de Jodan, não tenho
por que me queixar. Quem iria querer um marido inexperiente?
— Oh, está começando a mostrar as garras! Talvez eu a tenha subestimado.
— Pode ter certeza que sim — disse, empinando o queixo, desafiadora. — Já
que tocamos nesse assunto, que você insiste em levar adiante, deixe-me informá-la.
Sou mulher o bastante para manter Jodan satisfeito, sem que tenha de procurar por
outras mulheres. Fui clara?
— Como cristal. Mas vou colocar as cartas na mesa. Jodan é meu. Sempre foi e
continuará sendo. É melhor você se acostumar com a idéia. Basta eu estalar os dedos
para que volte correndo para os meus braços. Fui clara?
Sem poder acreditar no que estava sucedendo, Kasey deu uma risada divertida.
Será que se achava mesmo disputando a posse de um homem que não amava, que
mal.conhecia? Parecia uma piada.
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
— Sinto muito, Desiree, porém não consigo levar isso a sério. Parece até cena
de um filme de segunda categoria.
Os olhos cor de violeta faiscaram.
— Pode julgar engraçado agora, Kasey. Mas ri melhor quem ri por último. Tenho
ainda um trunfo guardado. Jodan me ama.
— Então, por que não se casou com você?
— Porque sabia que David estava loucamente apaixonado por mim, e não queria
magoar o irmão. Tem sido uma tortura, todos esses anos, tentar negar nossos
sentimentos. No entanto, às vezes, Jodan e eu... Somos humanos, afinal de contas —
suspirou significativamente.
Sim, Kasey entendia o que a outra insinuava.
— David ficaria arrasado se descobrisse. Já não tem passado bem,
ultimamente. E as pessoas falam demais. Jodan decidiu casar-se com alguém, qualquer
mulher serviria. Apenas para que David não acredite nas fofocas, caso venha a saber.
Kasey ficou abatida. Desiree exultou ao ver o efeito que suas palavras provocaram.
— É verdade! Jodan precisava de alguém para encobrir o nosso caso,
— Uma medida drástica — Kasey observou, sarcástica.
— Jodan sempre volta para mim.
— Não dessa vez! — Kasey desejava ardentemente acreditar naquelas palavras.
— Jodan é meu. Dou um mês para que ele se canse de você. Aí, voltará para
mim.
Feliz por ter dado a última palavra. Desiree saiu do quarto, fechando a porta
atrás de si.
CAPÍTULO V
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Jodan não tentou impedi-la. Parecia muito concentrado na pista, agora que a
rodovia se tornava sinuosa. Passaram por um minúsculo vilarejo, e logo à frente Jodan
entrou em uma estrada sem sinalização.
— Estamos quase chegando — informou.
Os portões estavam fechados. Jodan apertou um botão no controle remoto do
painel e as grades se abriram, deslizando lentamente. Após estacionar o carro na área
coberta, bem em frente à porta principal, ele desceu, dando a volta para abrir a porta
para Kasey.
— Bem-vinda a Valley View, Sra. Caine!
Kasey desceu e olhou ao redor, para o que podia ver do jardim e da casa. Jodan
destrancou a porta e esperou por ela.
— A casa é linda! — Kasey começou a falar. Jodan pegou-a no colo. — Jodan, me
solta! Sou muito pesada — protestou.
— Quietinha! — E caminhou sem dificuldade para dentro. — É uma tradição
ultrapassar a soleira da porta com a noiva no colo. — Beijou-a rapidamente e deixou
que ela deslizasse até os pés tocarem o chão. Ainda com a mão na cintura delgada,
alcançou o interruptor de luz, iluminando a sala.
— Estou feliz por termos vindo direto até aqui — afirmou, com voz rouca. — Vá
entrando, enquanto pego nossas malas.
Kasey, aturdida, não pôde deixar de observá-lo retirar as malas do carro. Ele as
carregara como se tivesse o peso de uma pluma. Podia sentir ainda aqueles braços
fortes a envolver seu corpo trêmulo. Desejou que o casamento tivesse sido um ca-
samento normal: a união de duas pessoas que se amassem realmente.
Jodan voltou e, como trouxesse as mãos ocupadas, fechou a porta com os pés.
— Vou mostrar-lhe a casa.
Ainda carregando a bagagem, Jodan atravessou a sala de estar, subindo um
pequeno lance de escada que conduzia a um corredor estreito. Kasey tentava
acompanhá-lo, fazendo com que os saltos altos ecoassem ao tocar o piso encerado.
Passaram por quatro quartos antes de chegarem à última porta do corredor.
Relutante, Kasey entrou.
As paredes, de um azul bem claro, combinavam com a colcha azul estendida
sobre uma enorme cama de casal. Uma cortina também azul ocultava o que parecia ser
uma parede de vidro, com vista para todo o vale abaixo. Jodan deixou as malas em um
canto do quarto e virou-se para Kasey.
Se ele me tocar agora, Kasey disse a si mesma, vou gritar como uma histérica!
— Já viu tudo. O banheiro é ali — disse ele, apontando. Kasey, muito nervosa,
continuava calada.
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— Vou fazer um café, enquanto você se refresca um pouco. A não ser que
prefira algo mais forte. — Um brilho divertido iluminou seus olhos.
— Não. Café está ótimo.
Será que pensava que era alcoólatra? Só por causa daquela noite?
— Tome um banho, se preferir. Vá para a sala de estar, assim que estiver
pronta.
Kasey soltou a respiração, que prendia sem perceber. Estava esgotada, com o
corpo todo dolorido pelo esforço e pela tensão do dia. Tudo o que queria era deitar
naquela cama confortável e dormir, mas sabia que não podia. Deveria explicar tudo a
Jodan. E seria durante aquela noite.
Caminhou lentamente até a porta do banheiro. Era luxuoso, também azul com os
detalhes em dourado, com um boxe de vidro fumê. Havia um espelho que cobria a
parede inteira, refletindo todo o aposento.
Juntou suas coisas e levou-as para o banheiro. Abriu a mala para procurar a
camisola. Ao arrumar a mala, quase colocara uma com a estampa do Garfield, que
costumava usar, porém a presença de Jessie a impedira de fazê-lo. Acabara trazendo
uma que comprara num impulso, especialmente para a lua-de-mel, antes daquela
terrível noite em que ouvira Jodan e Desíree no jardim.
Censurava-se pelo gesto, pois, mesmo que não ouvisse aquelas revelações, o seu
casamento estava longe de ser um casamento romântico.
A camisola era de cetim cor de marfim, longa e, ao experimentá-la na loja,
pareceu ajustar-se sensualmente a seu corpo. Talvez estivesse tentando convencer a
si mesma de que seria um casamento normal.
Definitivamente, aquela peça era do tipo que se escolhe pensando em agradecer
a um amante. Com Jodan em mente. Não! Era Greg!
Não tente se enganar, Kasey, zombou uma voz interna. Aquela velha camisola
era compatível com Greg, mas esta era pura sedução.
Furiosa, trancou-se no banheiro. O chuveiro morno serviu para reanimá-la. Ao
sair do boxe, virou-se de costas para a parede espelhada. A última coisa que queria
naquele momento era apreciar a imagem do próprio corpo nu.
Já com a camisola e o penhoar cobrindo o corpo, olhou-se no espelho para
pentear os cabelos ruivos. Não estava mais tão pálida. Enrubesceu ao correr os olhos
pela imagem. Pelo menos a camisola não era transparente, porém o tecido macio
moldava-lhe o corpo. Sentiu os bicos dos seios enrijecerem projetando-se sob o tecido
fino.
Cruzou os braços, inspirou profundamente e voltou ao quarto.
A mala de Jodan achava-se aberta e a camisa que usara estava pendurada na
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cadeira. Quase levantou o braço para tocá-la, mas conteve-se. Precisava manter-se
controlada. Caminhou para a sala de estar, julgando que uma conversa lá seria pre-
ferível a encarar Jodan no quarto, com aquela cama convidativa.
— Sem açúcar. — Jodan passou uma xícara a Kasey, que agradeceu.
Estava com o mesmo roupão que usara na manhã em que Kasey acordara em sua
cama.
— Sente-se aqui — afirmou, indicando o sofá. No entanto, Kasey escolheu a
poltrona. — Não abri as cortinas, pois está muito escuro lá fora, Terá de esperar até
amanhã para ver a paisagem. É a mesma vista que temos do nosso quarto.
As palavras de Jodan fizeram-na estremecer. Ele realmente esperava partilhar
a mesma cama com ela. Mas mal se conheciam. Tomou um gole do café, tentando se
acalmar.
Jodan suspirou cansado. Esticou as pernas, cruzando-as na altura dos
tornozelos.
— Estou satisfeito por tudo haver acabado, você não está?
— Sim. Não. Quero dizer... — Kasey ficou confusa, enquanto Jodan a olhava
divertido.
— Relaxe, Kasey. Não estou prestes a atacá-la como um homem da caverna,
levando-a para a minha toca. Não, enquanto não tivermos pelo menos acabado de tomar
nosso café — declarou, insinuante.
— Jodan, precisamos conversar. Queria ter falado antes, porém nunca surgiu a
oportunidade. — Parou para tomar fôlego. — Creio que não devemos precipitar as
coisas.
Jodan arqueou as sobrancelhas. Tomou um gole do café, antes de perguntar:
— O que exatamente não devemos precipitar?
— Bem... o casamento.
— Não considera um pouco tarde? — perguntou, irônico.
— Não quis dizer nosso casamento, isto é, a cerimônia. Queria dizer que não...
mal nos conhecemos... Penso que não devemos...
— Não devemos...? Não.devemos o quê?
— Você sabe. Não devemos — respirou fundo — dormir juntos — completou
abruptamente.
Os olhos azuis denotaram frieza. Não havia mais nenhum sinal de divertimento.
— O que você está tentando dizer, meu amor? Camas separadas, ou
simplesmente sem sexo?
Kasey enrubesceu toda.
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— Acho que não devemos complicar as coisas, iniciando uma relação física antes
de nos conhecermos.
— Eu a conheço, Kasey.
— Quando disse que queria um marido e você se ofereceu para casar-se comigo,
realmente não pensei que... não esperava que fosse acontecer tão rápido, e...
— Não teria concordado em me casar com você se não tivesse certeza de que
seria um casamento de verdade, Kasey. Além disso, não há melhor modo de se
conhecer um ao outro do que na cama,
— Para um homem, talvez. Contudo, para uma mulher é diferente. Creio que não
o conheço, Jodan. Não posso... não seria capaz... — Ela não conseguia terminar a frase.
— Você pode. Você queria naquela vez em que passamos a noite juntos.
— Estava deprimida naquela noite, como você sabe. — Kasey levantou-se
agitada. — Sinto muito, Jodan. Não posso dormir com você. Tente compreender. Não
seria sensato. Além disso, eu não... acho que não amo você.
Havia dito tudo. Ficou observando-o, cautelosamente. Com movimentos lentos,
Jodan colocou a xícara na mesinha a seu lado e ergueu-se.
— O que o amor tem que ver com isso? — Havia um tom de amargura em sua
voz.
— Tem tudo que ver.
Jodan deu uma risada cínica.
— Certamente, você não imagina que todo casal que se entrega a uma relação
sexual o faça por amor. Julga que amava toda mulher com quem fui para a cama?
Kasey sentiu uma dor no peito. Aposto que não foram poucas, quis atirar-lhe.
Mas manteve a boca fechada.
— Você considera o amor pré-requisito para o ato físico?
— Para mim, é.
— Você não consegue transar com um homem que não ama, é isso?
Kasey fez que sim com a cabeça.
Jodan encarou a esposa por longo tempo. Num movimento brusco, afastou-se.
— Droga! Por que quis esse casamento? Ou talvez deva dizer, por que quis
arranjar um casamento, qualquer que fosse,
Kasey?
Por quê? O que poderia dizer? Que fora para mostrar a Greg que não precisava
dele? Provocar-lhe ciúme?
— imagino que foi sem pensar.
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dominava. Pôde sentir aquele corpo másculo em toda a extensão colado ao seu. As mãos
fortes exploravam-lhe as costas, trazendo-a para mais perto, tocando cada pedaço
daquele corpo escultural, descobrindo os pontos sensíveis, exigindo e conseguindo
resposta ao mais leve toque. O corpo traía o auto-controle dela.
Ergueu a cabeça novamente para fitá-la. Ambos estavam com a respiração
acelerada. Kasey apertou os lábios, para que paressem de tremer. Não se notava mais
resquício algum de raiva nem de zombaria. No rosto afogueado de Jodan havia apenas
uma forte emoção, que suavizava os traços másculos. Os olhos cintilavam de desejo.
Kasey pensou consigo mesma se também estaria daquele jeito, ardendo com a
urgência de uma necessidade de satisfação incontrolável, tão desconhecida mas ainda
assim tão almejada. É apenas atração física, meditou, sem conseguir conter a chama
que ardia, crescia, varrendo qualquer vestígio de controle que ainda pudesse ter.
— Um homem não é capaz de resistir a tanta provocação, Kasey. Especialmente
em sua noite de núpcias.
A voz era suave. Kasey mantinha os olhos presos naquela boca, naqueles lábios
que eram capazes de atormentar e torturar.
— Agora, nós temos de decidir se terminamos ou não o que começamos.
— Eu não comecei nada!
— Não?
— Não!
Kasey estava indignada. Ele deu uma risada, baixa e rouca.
— Você falou que era virgem. É verdade?
Ela ficou completamente corada.
— Kasey, estou perguntando, porque hoje em dia é pouco comum que uma garota
da sua idade seja virgem. O que disse era verdade?
— Era verdade. É verdade.
Uma emoção passageira iluminou o rosto viril. Talvez ele fosse reconsiderar,
pensou Kasey, sabendo que era inexperiente.
— Então, tentarei não machucá-la, Kasey.
Calmamente, Jodan recomeçou.a explorar o corpo trêmulo, roçando com os
lábios a pele sensível do ombro, do pescoço...
— Jodan, não podemos... — As palavras morreram em sua garganta, enquanto
tentava inutilmente lutar contra a torrente de desejo que a inundava.
A pele estava quente, queimava com aqueles lábios que tocavam as pálpebras, a
testa, o nariz. Achou que fosse enlouquecer se Jodan não a beijasse na boca. Quando
ele o fez, os lábios se abriram de forma voluntária, permitindo que a língua dele
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está bem?
Kasey fez que sim.
— A culpa não foi só sua — conseguiu ela dizer.
Sim, era verdade. Poderia ter se trancado em qualquer outro quarto, desde o
começo. Mas parte de seu corpo ansiava por tudo o que ocorrera.
— Pensei que poderia me controlar, quis apenas provocá-la um pouco, vencer a
sua reserva. Então, viraria para o lado e dormiria, quase como um jogo. E eu soube
jogar bem, não acha?
Jodan falava suavemente, porém com amargura na voz. Os olhos desceram de
novo para os seios dela, e ele não conteve um longo suspiro.
— Você é uma mulher muito desejável, Kasey. Não justifica os meus atos, eu
sei. — Não resistindo, ele colocou gentilmente a palma da mão em concha sobre um dos
seios. — Meu Deus, quero tanto fazer amor com você de novo!
Kasey retraiu-se.
— Não esta noite — acrescentou rápido. — Não sou tão insensível assim. Da
próxima vez, vai ser diferente, prometo. Vai ser tão bom para você quanto foi para
mim, Kasey.
Jodan inclinou-se para beijá-la, um beijo leve, suave e confortante.
— Agora, creio que devemos dormir realmente. Esticou os braços para apagar a
luz do abajur, e, mal havia se deitado, o telefone tocou. Acendeu a luz de novo.
— Jodan Caine — disse no aparelho, franzindo as sobrancelhas. — Acalme-se,
Desiree!
Kasey levou um choque ao ouvir aquele nome. Sentou-se na cama, escutando o
que Jodan dizia.
— Quando? — perguntou, tenso. — Ligou para papai? Já deveria ler ligado.
Onde estão as meninas? Então, deixe-as com mamãe e vá para o hospital. Encontrar-
me-ei com você lá assim que for possível. Desligou o telefone, preocupado.
— O que foi? O que sucedeu?
— David. Ele foi levado para o hospital. Parece que teve um ataque cardíaco.
— Oh, não! — Kasey colocou a mão no braço dele, porém Jodan pareceu não
notar.
— Desiree está histérica. Tenho de vê-la.
CAPÍTULO VI
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Kasey sentiu a face arder. O que Desiree pensaria se dissesse que desejava que
tivesse interrompido quinze minutos antes? Então, eles não teriam... Manobrou o
carro, saindo do estacionamento, vendo, pelo espelho retrovisor, Jodan segurar o
braço de Desiree, caminhando para o prédio.
As luzes da casa estavam acesas. Os pais de Jodan vieram a seu encontro assim
que estacionou o carro. John Caine carregou Shelley, que também dormia, enquanto
Kasey levava Lisa. Colocaram as duas na cama.
— Não consigo acreditar no que aconteceu — Margaret soluçou. — Sabia que
ele não estava bem, dava para ver em seu rosto. E parecia cansado também, mas...
Margaret irrompeu em lágrimas. John a abraçou.
— Jodan disse que David estava repousando tranquilamente. — Os olhos
buscavam a confirmação de Kasey.
— Sim. Ele estava adormecido, foi medicado com sedativos..
— Oh, meu Deus! Só espero que... — Margaret fechou os olhos, meneando a
cabeça.
— Podemos ir para o hospital agora — John falou, carinhosamente.
— Sim, quero vê-lo.
Estava na porta, quando se voltou para dirigir-se a Kasey. .
— Já ia me esquecendo, reservei o velho quarto de Jodan para você. Julguei
que gostaria — disse, apertando a mão de Kasey. — Sinto tanto pelo fato de sua lua-
de-mel ter sido interrompida desse jeito!
— Não se preocupe com isso, pois Jodan e eu ainda temos bastante tempo.
Lua-de-mel interrompida? Kasey suspirou ao ver o carro se afastar. A lua-de-
mel deles nem deveria ter acontecido. Já estava condenada ao fracasso, muito antes
do ataque cardíaco de David.
Fechou a porta lentamente. Mesmo exausta, sabia que não conseguiria dormir,
então resolveu dar uma olhada nas meninas. De volta à luxuosa sala de estar, afundou-
se em uma poltrona de couro, tentando não pensar em nada, perdida no tempo e no
espaço. Só saiu desse entorpecimento quando os primeiros raios de sol invadiram o
ambiente, aquecendo o grosso carpete.
Se David morresse...Não. Não conseguiria sequer considerar tal possibilidade.
Era muito jovem para se recordar da morte da mãe, enquanto o pai sempre fora tão
saudável, cheio de energia. Nunca pensou que pudesse perdê-lo, talvez por egoísmo.
Mas o pai não era mais tão jovem... Kasey forçou-se a parar com aqueles pensamentos
mórbidos, porque não iriam ajudar em nada.
Como se sentiria se fosse Jodan que estivesse na cama do hospital, ligado a
tubos e fios, as funções vitais registradas naquelas máquinas sofisticadas? Não, ele
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— Bem mais do que eu, aliás — Jodan continuou. — Conversei um pouco com ele,
antes que voltasse a dormir. Os médicos estão otimistas.
— Isto é maravilhoso! — exclamou Kasey, e apertou a mão de Shelley
reconfortando-a.
— David teve sorte. Segundo os médicos, foi apenas um aviso, porém poderia
ter sido bem pior. Ele se recuperará completamente, mas vai demorar um pouco. Terá
de repousar bastante.
— Ele ficará ainda muito tempo no hospital?
— Depende do estado que apresentar nos próximos dias. De qualquer modo, não
vai demorar muito. — Jodan parou por alguns momentos. — Levarei Desiree para a
casa dela, para que descanse. Depois, passo por aí.
— Tudo bem. Vejo-o mais tarde, então.
— Papai está melhor? — Shelley indagou, assim que Kasey desligou o aparelho.
— Está bem melhor, mas terá de ficar no hospital por mais algum tempo.
A criança suspirara aliviada, como se tivessem lhe tirado um peso enorme
daqueles ombros frágeis.
— Podemos ir vê-lo agora?
— Vamos esperar o tio Jodan chegar, tá?
Contudo, Jodan não chegou no decorrer das próximas horas. Kasey tentava não
formar imagens de Jodan e Desiree juntos em sua mente; porém, com o passar do
tempo, ia ficando cada vez mais angustiada. Onde estaria ele? Será que David tivera
alguma recaída? Poderia ter ocorrido algum acidente com Jodan...
Shelley e Lisa viram o carro chegar, encarapitadas na janela da sala de estar, e
correram para a porta, escancarando-a antes mesmo que Jodan tivesse tempo de
alcançá-la. Ele ergueu as duas ao mesmo tempo nos braços fortes, respondendo às
intermináveis perguntas.
Parecia cansado e abatido, os cabelos despenteados, uma mecha caindo na testa,
a barba por fazer sombreando o rosto. Kasey esperou-os junto à porta.
Jodan soltou as meninas, conduzindo-as para o interior da casa, e mandou que
fossem pedir à empregada que fizesse um café. Atirando-se em uma poltrona de couro
macia, descansou a cabeça no encosto e fechou os olhos, suspirando fundo.
— Você deve estar bem cansado — Kasey arriscou, sentando-se no braço
da poltrona oposta.
Jodan abriu os olhos, observando-a por entre as pálpebras semicerradas.
— Tirei uma soneca no hospital.
Ele correu os dedos pela linha do queixo, a barba por fazer.
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CAPÍTULO VII
para o vértice do decote. O robe estava um pouco aberto, deixando entrever uma boa
parte da pele macia e a saliência dos seios firmes.
Kasey lutou bravamente contra a vontade de fechar o robe, protegendo-se do
olhar que a perturbava. Será que Jodan estava sugerindo que ela gostaria de...?
Antes que pudesse se recuperar para responder, Jodan balançou a cabeça,
passando as mãos pelos cabelos.
— Kasey — a voz grave transformava o nome em uma carícia , — gostaria que
você fosse comigo.
À medida que a raiva desaparecia, Kasey era tomada por outra emoção. Uma
pequena espiral de sensação aflorava rapidamente. Estava se afogando, presa nas
profundezas frias e azuis por um redemoinho de água. "Ir com ele?" Naquele
momento, seria capaz de ir até o fim do mundo com ele. E por ele.
— Você vai?
— Tudo bem!
Ele deu um leve sorriso.
— Ótimo! Não precisamos nos demorar lá — bradou, olhando outra vez para o
relógio de ouro. — Não temos muito tempo. É melhor eu tomar um banho rápido. —
Começou a tirar a gravata, enquanto saía do quarto.
Kasey demorou para se aprontar. Já havia tomado banho, precisava apenas pôr o
vestido. Escolhera o seu favorito, um de corte simples, matiz azul-pavão brilhante.
Todo o esmero era apenas por ela, pensou decidida, enquanto aplicava o rímel,
destacando os longos cílios. Não era para impressionar ninguém. Sentiu-se bem por
saber que estava muito bonita.
Será que Jodan também acharia que...? Kasey refreou os pensamentos, antes
que se concretizassem. Não deveria ter outra recaída. Já não fora suficiente que a
tivesse convencido a ir para a festa? Havia cedido, num gesto de fraqueza.
Ao deixar o quarto, estava ciente da aparência impecável, algo que a carreira de
modelo havia lhe ensinado. Jodan endireitava o punho da camisa na sala de estar,
quando ela se aproximou. A aparência dele também não deixava nada a desejar, e
Kasey precisou de muita força de vontade para poder se controlar. Não quis
demonstrar nenhuma emoção, porém foi impossível continuar andando. Parou para
examiná-lo. O blazer cinzento prateado assentava bem nos ombros largos, a camisa
branca realçava a pele bronzeada e os cabelos negros, ainda molhados do banho. A
calça, um pouco mais escura que o blazer, moldava as coxas musculosas, acentuando as
longas pernas.
Sim, ele estava irresistível. Não havia como negar a atração que exercia sobre
ela, embora fosse apenas atração física, insistiu em assegurar a si mesma. Jodan era
capaz de atrair qualquer mulher, tivesse dezesseis ou sessenta anos.
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vida. Pobre Greg, não tinha a menor chance. Greg. O casamento. Havia se esquecido do
convite, de falar para Jodan.
— Eu fui... quer dizer, fomos convidados para um casamento no sábado, daqui a
duas semanas. O convite chegou na semana... uma semana antes do nosso casamento.
Creio que esqueci de mencionar. — Kasey tentava parecer natural.
— É, você não mencionou — declarou ele, sorrindo. — Mas é compreensível.
— Você poderá comparecer?
— Você quer ir?
— Quero. Contudo, é na fazenda. Quer dizer, na igreja perto de Akoonah
Downs. Teríamos de ir para lá. Você poderia viajar? — Ela segurou a respiração,
esperando a resposta.
— Não há nada que me impeça. De quem será o casamento? — quis saber.
Kasey perguntou a si mesma se ele conseguiria manter a calma, se dissesse a
Verdade. Que era o casarnento do homem que amara, com quem sempre pensara que
fosse se casar, o homem que a rejeitara na noite em que pedira Jodan em casamento.
Ela virou o rosto, evitando encará-lo, sem contudo conseguir prestar atenção nas ruas
por onde passavam.
— De um dos empregados do meu pai. No entanto, é como se pertencesse à
família. É um grande amigo de Peter.
— Eu o conheço?
— Sim, acredito que sim. Ele estava no nosso casamento — lutou para manter a
voz firme. — Greg Parker.
— Ah!
Haveria alguma coisa por trás daquela simples exclamação? Será que Jodan
sabia? Claro que não. Estava imaginando coisas, pensou Kasey.
— Parker — Jodan continuou. — Alto, loiro. Sua noiva era aquela garota morena
que ouvia interessada tudo o que ele dizia?
— Sim. Greg e Paula. O pai de Paula é fazendeiro. Vizinho de meu pai.
— Entendo.
O que entendeu ou deixou de entender, ela não teve oportunidade nem
disposição de perguntar, pois chegavam à imponente casa de seus anfitriões.
Transcorrida meia hora depois das apresentações, cumprimentos pelo
casamento e conversas superficiais, Kasey e Jodan se separaram. Ela não se importou.
Naquela noite, a presença dele a perturbava demais. Estava muito vulnerável ao
magnetismo exercido por ele. Longe de Jodan, teria oportunidade de recuperar o
domínio sobre as emoções.
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Kasey estremeceu e notou, pelo suspiro de Jodan, que ele sentira o movimento
involuntário.
— Que perfume é este? — ele interrogou. — É capaz de enlouquecer um
homem.
Seus lábios roçaram-lhe o lóbulo da orelha, que Jodan mordiscou levemente,
antes de explorar cada centímetro de pele sensível com a ponta da língua.
Kasey, as pernas bambas, apoiou-se no corpo másculo de Jodan, eniaçando-o no
pescoço. Através do tecido fino do vestido, podia sentir a vibração dos dois corpos,
oscilando ao som da música lenta e sensual.
— Hum! — Jodan sussurrou, com voz rouca. — A sua pele é deliciosa!
As mãos experientes, uma sobre a cintura delgada, outra movendo-se
lentamente e acariciando as costas, combinadas com a desconcertante proximidade, a
doce tortura dos lábios sobre o lóbulo da orelha, a respiração ofegante em seus cabe-
los, tudo fazia com que se sentisse aprisionada em uma teia, com fios sedosos e
resistentes. Não havia fuga. Fundiu o corpo ao dele.
Brincava com os dedos, afagando-lhe os cabelos negros da nuca. Os bicos dos
seis, ao serem pressionados contra o peito musculoso de Jodan, enrijeceram.
A excitação que podia sentir em Jodan fez com que perdesse completamente o
pouco de juízo que ainda lhe restava, entregando-se à volúpia daquele momento.
Enquanto se moviam juntos, toda a inibição se evaporou, como se nunca tivesse
existido, e Kasey desejou que aquele momento não acabasse mais.
Jodan deu um gemido rouco, deslizando os lábios pelo queixo até alcançar a boca
bem desenhada. Beijou-a suavemente num dos cantos, em seguida no outro, beijos
provocantes que torturavam, atormentavam, fazendo com que Kasey desejasse gritar,
pedindo que a beijasse na boca, saboreando a doçura que havia entre eles.
Jodan arrebatou-a para fora através das portas laterais. Na semi-escuridão
encostou-se a um pilar branco, puxando-a para si. Abraçou Kasey com força, beijando-
a como ela nunca fora beijada antes, como nunca imaginara que pudesse ser beijada,
nem em suas fantasias mais loucas. Quando ele finalmente fez uma pausa, ambos
estavam com a respiração entrecortada.
— Na realidade, creio que — ele começou a falar com dificuldade — devemos ir
imediatamente para casa, Sra. Caine.
Kasey assentiu, os olhos brilhantes.
— Sim, senão acabaremos dando um lindo espetáculo. E francamente, nesse
momento, não me sinto responsável pelos meus atos.
— Dê-me apenas alguns minutos, para me recompor — Jodan pediu, sorrindo.
Inspirou profundamente, segurando-a firme pelo braço.
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— Está pronta?
Voltaram para o interior da casa, contornaram a pista de dança, esquivando-se
de alguns grupos de pessoas que conversavam animadamente. Mal havia se despedido
dos anfitriões, e uma voz petulante chamou por Jodan, atrasando a saída.
— Jodan! Você não está indo embora, está? — Desiree perguntou, amuada.
— Já è tarde, Desiree. Kasey e eu tivemos um longo dia — respondeu, paciente.
— Mas você ficou de me levar para casa. Não quero ir embora ainda.
— Então, pegue um táxi — Jodan sugeriu. — Onde está David? Ele não pode
ficar até tão tarde assim.
Desiree encolheu os ombros.
— Oh, ele já foi para casa há horas! Disse-lhe que iria com você.
— Bem, estou indo agora. Desiree hesitou.
— Oh, está certo! Julgo que é melhor eu ir também. Você pode me levar para
casa depois de deixar Kasey primeiro. Ela parece estar extremamente cansada.
Jodan dirigiu um olhar penetrante para Kasey, uma ruga pairando na testa.
— Então, vamos indo.
Desceram a escada de mármore.
Logo estavam no carro, a caminho de casa. Kasey ficou admirada com o
descaramento de Desiree. Havia manobrado habilmente, de tal forma que Kasey
acabou relegada ao banco traseiro do carro, enquanto Desiree sentava-se ao lado de
Jodan. Kasey reprimiu uma risada cínica, imaginando que nem mesmo um general em
campanha teria se saído melhor ao arquitetar tal estratégia.
Desiree conversou longamente a respeito de várias pessoas que estavam na
festa, ignorando completamente a presença de Kasey. Jodan respondia por
monossílabos.
Kasey olhava para a nuca de Jodan, lutando contra a vontade de passar
novamente as mãos pelos cabelos negros, de beijar o pescoço musculoso.
Viu quando a mão de Desiree se moveu, indo descansar no braço dele, e sentiu-
se gelar ao perceber que os dedos acariciavam a manga do blazer.
Desiree e Jodan. Como pudera se esquecer tão rapidamente? Permitira que a
atração física por um homem atraente bloqueasse seus pensamentos, deixara o
coração passar por cima da razão. Não, o corpo a traíra, o que sentia por Jodan era
pura e simplesmente desejo carnal.
Quando ele estacionou o carro em frente ao prédio em que moravam, Kasey
desceu sem olhar para trás. Deixando o motor do carro ligado, Jodan a acompanhou
até a porta do edifício.
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— Está entregue.
Ergueu a mão para apalpar de leve uma mecha dos cabelos ruivos; porém, Kasey
recuou instintivamente, evitando que a tocasse. O maxilar dele ficou rijo, os olhos a
estudaram por um longo e doloroso segundo.
— Voltarei em meia hora. — Virou-se e foi embora.
CAPÍTULO VIII
Kasey puxou as rédeas, fazendo com que o cavalo diminuísse a marcha ao chegar
ao topo da pequena elevação. Foi reduzindo aos poucos a velocidade. Quando parou
finalmente, pôde observar ao redor a sede da Fazenda Akoonah Downs, a construção
central cercada por outras menores esparramadas ao longo de uma grande área.
Estava em casa havia uma semana. Uma semana sem Jodan.
Retornara da casa de Desiree quando havia passado uma hora do prazo que ele
mesmo estipulara, de trinta minutos. Se soubesse que demoraria tanto, Kasey não
precisaria ter se apressado para ir para a cama. Ouviu quando ele se aproximou da
porta do quarto, parou, bateu levemente, chamando-a pelo nome.
Desejara poder correr para a porta, abrindo-a completamen-te, e então se
atirar nos braços de Jodan, recomeçando no ponto em que haviam parado na festa.
Mas recusava-se terminantemente a permitir-se tal ato. Já sofrera demais.
Jodan girou a maçaneta, rnas a porta permaneceu fechada, trancada a chave
por Kasey.
Parte de seu corpo desejava ardentemente que ele arrombasse a porta, porém a
maçaneta voltou à posição inicial e os passos recuaram. Permaneceu só, deitada na
cama com o corpo doendo, ansiando pela satisfação que só o contato do outro corpo
poderia proporcionar. Ainda estava acordada quando as luzes anunciaram o nascer do
dia.
As horas seguintes foram como um suplício para ela. Jodan trancou-se no
escritório, trabalhando até tarde da noite. Na manhã de segunda-feira quando Kasey
se levantou de uma noite maldormida, descobriu que ele havia viajado, deixando um
bilhete onde explicava que a filial em Adelaide apresentara graves problemas, e por
isso tivera de voar para lá imediatamente. Deveria permanecer fora uma semana, mas
ligaria antes de regressar.
Passou aquele dia se sentindo ainda mais infeliz do que na noite anterior. Chegou
a cancelar um trabalho que teria naquela manhã. Não conseguiria enfrentar a câmera
fotográfica, parecer feliz, quando se sentia tão miserável por dentro.
Por isso, quando Jessie ligou para lhe contar o pequeno acidente que Mike
sofrera, proporcionou-lhe a desculpa perfeita para que pudesse voltar correndo para
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sua casa. A governanta garantiu que o pai dela estava bem, havia apenas engessado a
perna quebrada, porém Kasey insistiu em ir. Estava fingindo.
Kasey respirou profundamente. Trocou as rédeas de mão, tirando o chapéu da
cabeça, para poder abanar o rosto, afogueado pelo calor da manhã, com o sol
predominando no céu límpido. Jessie deveria estar resmungando, pois saíra para ca-
valgar sem tomar o café da manhã.
Percorreu com os olhos o casarão em que vivera a maior parte de sua vida, uma
construção antiga, típica daquela região — grande, confortável, com o telhado elevado
e bastante inclinado circundado por largas varandas, que protegiam do sol o velho
casarão e deixavam o vento circular livremente. Eram fundamentais para combater o
calor do verão, quando a temperatura chegava a ultrapassar os trinta e sete graus
centígrados.
O bisavô de Kasey erguera a casa e sabiamente plantara várias árvores ao redor
da construção, árvores que agora estavam bem altas, sobrevivendo apesar da aridez
da região.
Seu pai estava na varanda da frente, sentado na cadeira favorita, o pé
engessado apoiado em outra cadeira um pouco mais elevada, próxima a uma pequena
mesa que Jessie arrumara para servir o desjejum.
Mike Beazleigh acenou ao vê-la passar a caminho da cocheira, onde Kasey tirou a
sela e escovou o cavalo, antes de correr para se juntar ao pai.
— Você está um pouco atrasada esta manhã — o pai falou, enquanto ela galgava
a meia dúzia de degraus de madeira desgastados pelo tempo. — Perdeu um telefonema
para você.
— Telefonema? Quem era?
Kasey parou, a mão buscando apoio no pilar da varanda. Sentiu uma leve tontura.
Sabia exatamente o que o pai iria dizer.
— Seu marido.
Kasey engoliu com dificuldade.
— Oh! — exclamou, sentindo a boca seca.
— Ele chegará amanhã — Mike disse. As palavras atingiram-na como um raio.
Jodan estaria vindo para Akoonah Downs? Era a última coisa que esperara da
parte dele. Por que estaria fazendo aquilo?
A testa estava úmída de suor, embora a causa não fosse o calor. Quando a
governanta se aproximou carregando um enorme prato com um bolo de frutas caseiro,
Kasey saiu apressada, pedindo desculpas por se retirar. Só de pensar em comer, sentia
o estômago embrulhar.
Por que ele a perseguia?
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
Foi a primeira noite mal dormida desde que chegara à fazenda. Nem saiu para a
habitual cavalgada matutina.
Sentou-se em frente ao espelho, penteando distraidamente os cabelos ruivos e
encaracolados.
— Vá se arrumar, garota — Jessie afirmara. — Ele chegará daqui a pouco, se o
avião não se atrasar.
Arrumar, ficar bonita, a governanta não sabia de nada. Ali não havia
necessidade de se arrumar como a modelo Katherine, ou então como a invejada Sra.
Caíne. Não havia fofoqueiras, colunistas de jornais nem tipo algum de difamador ali em
Akoonah Downs. Fora tudo uma farsa ardilosa. Para Jodan ela representara apenas o
papel de esposa, servira como um disfarce para esconder o caso amoroso com a
cunhada.
Sim, sabia das razões que haviam levado Jodan a se casar, nem podia negar que
ele se sentisse atraído fisicamente por ela. Mesmo após a primeira vez, após a
fracassada noite de núpcias. Soltou um gemido, enquanto uma mistura de sensações
voltava a assombrá-la — agitação, medo, dor, humilhação. Era impossível esquecer.
Lembrou-se da noite em que fora à festa com Jodan, de como haviam dançado
colados, das carícias, do desejo intenso de fazer amor com ele que ardia então em
suas entranhas. Se entregaria em plena pista de dança, se ele assim o quisesse.
Kasey colocou a escova sobre a cômoda e levantou-se. Agora ele vinha para
Akoonah Downs. Por quê? Precisava de mais tempo, queria ficar sozinha, longe da
luxuosa cobertura, daquele casamento maluco. Longe de Jodan, para poder avaliar a
sua vida. Como poderia, se a presença dele a perturbava tanto? Fora por isso que
fugira. Precisava evitá-lo.
Apanhando o chapéu, passou pela cozinha a caminho da porta dos fundos. Não
estava preparada para enfrentá-lo,
— Kasey, aonde você está indo? — Jessie perguntou, surpresa.
— Vou dar uma volta. Só até o alto do morro.
— Mas Jodan chegará a qualquer momento.
A governanta falava enquanto contornava a enorme mesa de madeira, enxugando
as mãos no avental.
— Eu sei. Não vou demorar, prometo. Lá de cima dá para ver o avião aterrissar.
Kasey correu para a estrebaria, selou Minty e saiu a galope em direção ao topo
do morro, que ficava atrás da sede da fazenda. Parou sob a sombra das árvores,
desmontou e, comprimindo os olhos, ficou vasculhando o céu azul até a linha do
horizonte, à procura do pontinho que iría se materializar em um pequeno avião.
Ela ouviu o barulho, antes de conseguir ver o avião, que aos poucos foi se
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
aproximando, ofuscado pelo brilho do sol, perdendo altitude pouco a pouco, até
deslizar pela pequena pista de pouso, envolto em uma nuvem de poeira.
Billy Saturday, conduzindo o veículo da fazenda, parou, aguardando o passageiro
desembarcar.
Kasey prendeu a respiração enquanto observava Jodan caminhar para o jipe
empoeirado, jogar uma pequena sacola na parte traseira do carro e se sentar ao lado
do capataz. Bily o levou até a enorme casa, e Jodan desapareceu sob o telhado da
varanda. O pai e Jessie deveriam estar lhe dando as boas-vindas.
A vontade de Kasey era fugir, cavalgando pela planície afora, mas estava
paralisada, com os pés presos ao chão. Sabia que Jodan a vira durante sua chegada.
Mesmo quando o avistou encaminhando-se para a cocheira, permaneceu imóvel,
incapaz de fugir. Jodan montou na sela com grande agilidade, indo ao encontro de
Kasey.
Em pouco tempo, Jodan estava a seu lado. Desmontou, caminhando lentamente.
— Oi, Kasey! — A voz profunda e vibrante a abalou. — Jessie me falou que eu a
encontraria aqui.
— Estava... eu vim dar uma volta. — A voz não era calma e segura como a dele.
— Você não precisava ter vindo até aqui. Já ia descer.
— Achei que precisávamos conversar. — Parou a poucos passos dela. — Em
particular.
— Sinto muito, porém não tive como avisá-lo no hotel em Adelaide — começou
ela a dizer, mas Jodan a interrompeu movendo as mãos agitadamente. Os olhos azuis
coriscavam.
— Não é por isso que estou aqui. — Ele estreitou os olhos, em razão da
claridade excessiva. — Você quer o divórcio? — perguntou, objetivo.
— O divórcio? — Kasey repetiu.
Ergueu os olhos, fitando chocada aquele perfil vigoroso, que parecia esculpido
em pedra. Nunca havia pensado em divórcio. Jodan virou o rosto, voltando a encará-la.
— A separação oficial. Não é o que você queria com essa fuga para a casa de
seu pai?
Ele estava tenso, transpirava raiva por todos os poros, uma raiva submetida a
um rígido autocontrole, o que o tornava mais assustador. Kasey nunca vira Jodan
assim.
— Vim para cá porque o meu pai precisava de mím — disse Kasey, empinando o
queixo, desafiadoramente.
No fundo, sabia que o acidente do pai era apenas uma pequena parcela do real
motivo de querer voltar para Akoonah Downs, Mas divórcio?
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— Está bem — afirmou ele, inclinando a cabeça. — Ponto para você. Tenho,
porém, o pressentimento de que a desventura de seu pai foi apenas uma desculpa que
estava aguardando, motivo, se assim preferir, para colocar a maior distância possível
entre nós. Portanto — disse colocando as mãos nos quadris , — que tal responder à
minha pergunta? Você quer o divórcio?
— Eu não... não cheguei a pensar... — atrapalhou-se ela com as palavras,
tentando ordenar os pensamentos.
As idéias se atropelavam em sua mente. Teria, na realidade, pensado em um
final para aquele casamento? Um divórcio após um mês? Provavelmente, o casamento
mais curto da história.
— Com certeza, o divórcio já deve ter passado pela sua cabecinha — Jodan
bradou, sarcástico.
Fugir dele sim, admitia a si mesma, mas nunca em termos tão definitivos como o
divórcio. Era apenas uma fuga irracional, conduzida pelas emoções, pelo pânico.
O casamento fora um erro. Em várias ocasiões antes do acontecimento quase
chegara a cancelar tudo, porém não o fez. Até mesmo quando ouviu a conversa entre
Jodan e Desiree... Mordeu o lábio inferior, tentando esquecer a cena.
A noite de seu casamento, então, não gostava nem de lembrar! Desejara
ardentemente estar em qualquer lugar do planeta, menos na cama de Jodan. Depois de
tudo... Ele se afastou alguns passos para apoiar a mão no tronco da árvore, fazendo
com isso que ela retornasse ao presente, longe daquelas lembranças terríveis.
— Creio que não conseguimos tornar bem-sucedido o nosso casamento,
conseguimos? — Jodan indagou de repente, dirigindo-lhe apenas um rápido olhar.
— Não — reconheceu ela. — Mas...
Por que estaria hesitando? Deveria estar dando pulos de alegria. Não seria
melhor que cada qual fosse para um lado? Era a atitude sensata a tomar naquelas
circunstâncias. Se estivessem livres... Não, não iria ajudar em nada.
— Mas...? — Jodan quis saber.
— Meu pai ficaria contrariado — murmurou, distraída. Ele se voltou para
encará-la. Os longos cílios escondiam a expressão dos olhos azuis.
— Ele ficaria? — O tom era incrédulo. Kasey corou.
— Claro!
— Talvez fique, é um pai dedicado. Contudo, estava contrariado também quando
nos casamos.
— Só porque mal nos conhecíamos. Papai julgou que fomos muito precipitados,
que poderíamos ter esperado um pouco.
— Parece que ele estava certo.
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
Kasey não disse nada, enquanto os dedos brincavam nervosamente com o chapéu.
Sim, poderiam ter esperado. Esperado! Kasey reprimiu uma risada histérica. A
coisa toda não deveria ter ultrapassado a sua frase ridícula, fruto de um momento em
que se sentia deprimida, fora de si, e dissera a Jodan que precisava de um marido.
— Acho que posso compreender como ele se sentiu — Jodan declarou. Kasey
olhou-o confusa. —- Seu pai. Compreendo como deve se sentir. Você é filha única.
Aposto que esperava que se casasse com um homem daqui, alguém como ele. Pelo
menos, foi a impressão que tive. Eu nasci e cresci na cidade, não era o que seu pai
esperava.
— Não diria isso.
— Não? Está sendo gentil, meu bem. Havia nele um ar de fria arrogância.
— Meu pai gosta de você e o admira. A contrariedade, como já disse resultara
do nosso casamento muito repentino.
Ele deu uma risada.
— É, de fato não tivemos um longo noivado. No dia anterior ao casamento, seu
irmão veio conversar comigo, fazendo-me a clássica pergunta.
— Que pergunta?
— "Você se aproveitou de minha irmã e a deixou em maus lençóis?"
Kasey enrubesceu.
— Parece brincadeira, se considerarmos que mal havíamos nos beijado, não?
Embora eu mesmo me perguntasse inicialmente se não era gravidez o motivo da sua
proposta.
— Não era, como já sabe. E sinto muito se você... se meu pai e Peter... — Ela
engoliu em seco. — Se você ficou embaraçado com a pergunta.
— Fiquei lisonjeado, Donzela de Gelo — sussurrou ele suavemente e fixando-a
bem. — Não costumo me embaraçar fácil.
— Eu... nós... Eu não sei como... O que falar para o meu pai — Kasey bradou,
reticente.
— Ele vai entender, Kasey. Vai perceber que estava certo quando pediu que eu
prolongasse o noivado. Agora poderá dizer: "eu não avisei?"
— Meu pai não é desse tipo — protestou. Jodan encolheu os ombros.
— No entanto, tem todo o direito. Mal nos conhecíamos. — Ele parou por alguns
momentos. — Não tão bem quanto você conhece Parker, por exemplo.
Kasey encarou-o com indisfarçável surpresa. Ao conscientizar-se do que ele
havia dito, ficou vermelha, desviando os olhos.
— Presumo que vocês cresceram juntos.
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Realmente, sabia muito pouco a respeito do marido. Estava mais para o papel de
secretária do que de esposa, se bem que a secretária particular de Jodan, com
certeza, devia vê-lo com mais frequência do que ela. Abafou uma risada amarga. Não,
eles nem chegaram a estar propriamente casados. Como poderia, então, haver um
divórcio?
Um divórcio. Cortar o vínculo, vínculo este que jamais existira. Fora tudo uma
farsa, desde a hora em que ele aceitara a proposta até o momento em que fizera a
sugestão civilizada da dissolução do casamento.
Um sentimento de depressão profunda se abateu sobre Kasey. Lutava contra
uma vontade enorme de chorar, de colocar a cabeça entre os braços, vertendo
lágrimas até a exaustão, A dor parecia ser a sua sina, negava-lhe qualquer chance de
sentir novamente aquela felicidade pura, que fora sua companheira até a noite em que
ouvira a conversa entre Jodan e Desiree. Não, até Greg falar-lhe sobre Paula.
A verdade a atingiu como um raio. Via claramente, pela primeira vez, o motivo de
ter permitido que o casamento fosse levado adiante, o porquê de ter fugido de Jodan
na primeira oportunidade. Ela o amava, e isso fez com que percebesse que o que sentia
por Greg não era amor, era apenas empolgação. Ao desmontarem, entregaram os
cavalos ao menino encarregado pela estrebaria e caminharam em direção à casa.
Kasey estava atordoada, como se tivesse sido nocauteada. Amava Jodan Caine, e
agora ele queria o divórcio. Será que mudaria de idéia se lhe contasse que o amava? O
orgulho falou mais alto. Sabia que jamais lhe revelaria seus sentimentos. Ao andar,
notou a poeira que cobria os sapatos de Jodan, impróprios para cavalgar ou andar por
àquele terreno arenoso. Mas ele parecia não se incomodar com a poeira nem com o
calor. Nada conseguia abalar Jodan Caine, sempre seguro de si, controlado. Até mesmo
na noite em que fizeram amor. O sol forte iluminava-lhe os cabelos negros e Kasey
reparou que eles estavam bem mais compridos. Dava para ver também alguns fios de
cabelos brancos que começavam a aparecer nas têmporas. Estava começando a ficar
grisalho, apesar de ter apenas trinta e cinco anos. Porém os cabelos brancos não
diminuíam o seu charme, muito pelo contrário... Ela o amava. Apressou o passo em
direção à casa. O pai e a governanta estavam na varanda, observando a aproximação do
casal.
— Vejo que conseguiu encontrá-la — disse Mike, sorrindo para o genro. — Kasey
sempre dá um jeitinho de fazer o que quer. Espero que a mantenha de rédeas curtas.
Jodan sorriu, mas não falou nada.
— Eu vou trocar de roupa — Kasey anunciou, friamente.
— Você não vai, não, senhora — Jessie interrompeu. — Vai se sentar e tomar o
chá que acabei de fazer.
Kasey hesitou antes de acomodar-se obedientemente na cadeira. A governanta
entregou-lhe a xícara de chá, servindo a todos antes de encher a sua própria.
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
que estremecesse.
O que ele estava dizendo? Por que insinuar uma intimidade que não existia? Há
menos de uma hora Jodan falara em divórcio, e agora seria bem mais difícil comunicar
à família que iriam se separar.
O pai estava rindo, e até mesmo Jessie começou a sorrir.
— Sou mesmo uma velha intrometida, não? É que tenho me preocupado muito
com Kasey, desde que ela chegou aqui. Conheço-a desde que nasceu, sei que algo a
estava preocupando. Contudo, agora que está aqui, Jodan, estou certa de que Kasey
ficará feliz novamente. Devia ser apenas saudade de você.
Kasey afundou-se na cadeira, sofreando um sorriso amargo. Aquela conversa era
absurda. Grávida? Fazendo o possível? Mas que gracinha, tinha vontade de esganá-lo!
Num, ponto Jessie estava certa. Sentira saudade de Jodan.
— Agora, Jessie, vamos mudar de assunto — Mike admoestou. — Já causou
embaraços demais à menina. Tudo ocorrerá no seu devido tempo.
Naquele instante o telefone tocou. Kasey tentou se levantar, porém Jessie se
antecipou. Kasey foi obrigada a permanecer na varanda, ouvindo a conversa, sem
conseguir prestar atenção ao que diziam, consciente apenas do som grave e vibrante
da voz de Jodan.
Ele falou novamente, entrecruzando as longas pernas. Um só gesto daquele
homem já a deixava tensa. Forçou-se a prestar atenção à conversa.
— Fui um tolo — dizia Mike. — Descer do cavalo como se ainda fosse um
adolescente. Quando vi, estava com a perna quebrada. E escolhi a pior hora, pois Peter
está nos Estados Unidos, visitando os pais de Sandy, e Greg mudou-se para
Winterwood.
Jessie voltou, meneando a cabeça,
— Era a fofoqueira da Norma Main. Trabalha na Fazenda Winterwood, aqui do
lado — disse, dirigindo-se a Jodan. — Lígou com o pretexto de confirmar uma receita
de bolo que eu lhe dei, porém o que queria mesmo era saber se Jodan estava aqui.
Havia conversado com alguém, que por sua vez tinha conversado com o piloto. E este
disse que o marido de Kasey havia chegado.
Jodan alteou as sobrancelhas, surpreso.
— As notícias voam — bradou, irônico.
— Aquela mulher se sentiria perdida sem o telefone. Ah! Greg e Paula voltaram
de Perth esta manhã.
Kasey manteve-se alerta, sem ousar olhar para Jodan.
— Parece que os pais dele concordaram em vir para o casamento. Paula está
radiante.
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
CAPÍTULO IX
deixou que se livrasse do contato, assim que saíram de perto de Jessie e Mike. Kasey
se controlou para não esfregar o braço no local tocado pelos longos dedos, onde a pele
parecia queimar.
— Sinto muito. — Ficou feliz por conseguir falar com firmeza. — Eu nem havia
pensado sobre... — parou, fazendo um gesto com as mãos.
— Sobre os arranjos para a noite — Jodan complementou. — É natural que eles
esperem que nós compartilhemos a mesma cama — disse automaticamente, como se
falasse sobre o tempo.
Talvez, para Jodan, ela de fato não tivesse mais importância do que o próprio
tempo. Como desejava poder aparentar indiferença!
— Mas o que faremos? — Kasey abriu a porta do quarto e entrou.
Era uma peça espaçosa, de paredes pintadas em um tom pálido de maçã verde,
com altas portas de folhas duplas, que se abriam para a varanda. Todos os quartos
eram assim, e raramente se fechavam as portas, mesmo durante a noite.
Dois enormes guarda-roupas de cedro estavam encostados a uma parede, e o
cheiro do lustra-móveis se misturava com o odor de grama e eucalipto que vinha de
fora.
O espelho sobre a penteadeira refletia a enorme cama de cedro, um móvel
sólido e antigo, com o qual a colcha branca de croché combinava perfeitamente.
Parecia macia e convidativa.
Fechou os olhos para não pensar no conforto oferecido pela cama e, ao reabri-
los, virou para encarar o marido.
Jodan estava desabotoando a camisa, cujo tecido branco contrastava com a pele
bronzeada e firme do peito.
— O que você está fazendo? — indagou, com voz embargada pela ansiedade.
— Vou tomar banho. Geralmente, tiro a roupa para entrar no chuveiro. Suponho
que o banheiro seja essa próxima porta,
— Sim, porém você não pode... quer dizer, nós não podemos...
Ele livrou-se rapidamente da camisa, jogando-a sobre a cadeira rente à porta.
Um imã parecia atrair os olhos de Kasey em direção aos ombros largos, o peito
musculoso, coberto por pêlos escuros, que iam se afunilando em direção ao umbigo.
Molhou os lábios ressequidos com aponta da língua, quase vencida por uma
necessidade puramente física de cruzar o espaço, abrindo os braços em um doce
convite, para poder sentir o contato daquela pele. Ficou aterrorizada ao reconhecer a
intensidade do próprio desejo.
— Não ia sugerir que tomássemos banho juntos — bradou Jodan, interpretando
mal a expressão na face pálida.
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
Ele abriu a porta do guarda-roupa, pegou uma camisa limpa que Jessie já havia
pendurado, observado por uma Kasey silenciosa, atordoada com a visão dos músculos
das costas se contraindo ao menor movimento.
— Ou será que é este o nosso problema, Kasey? Deveríamos ter tomado banho
juntos desde o começo? — Ele voltou a encará-la, jogando a camisa no canto da cama.
Ela sentiu que enrubescia. Ele estava brincando com Kasey, .conforme atestava
o brilho atento e divertido nos olhos azuis.
— Ainda podemos consertar isso — afirmou Jodan, com doçura.
— Não seja ridículo! — exclamou ela, cruzando os braços defensivamente. —
Vou usar o meu próprio banheiro.. E, não se preocupe, dormirei no meu velho quarto. —
Virou-se para sair.
— Kasey — O tom de voz fez com que paralisasse. — Se você não quiser
responder às perguntas embaraçosas de Jessie, é melhor dormir aqui.
— E onde você irá dormir?
— Aqui mesmo.
— Não poderia dormir...
— Pelo amor de Deus, Kasey! — explodiu, nervoso. — Você estará segura.
Asseguro-lhe que não pretendo forçá-la a nada. — O olhar que Jodan lhe dirigiu era
sério.
— Eu não disse que você, bem... que você iria. — Kasey queria desaparecer e,
sem jeito, enfiou as mãos nos bolsos da calça jeans. As memórias da noite de núpcias
vinham nítidas à sua mente.
—Tudo já está resolvido; portanto, vamos nos portar como adultos civilizados. —
Jodan começava a tirar o cinto da calça. Kasey virou-se e saiu correndo em direção ao
banheiro.
"Adultos civilizados!", ela repetiu furiosa embaixo da ducha fria, sentindo-se
como uma adolescente nervosa. Jodan deveria estar acostumado a partilhar a cama
com uma série de mulheres, porém Kasey sempre dormira sozinha, mesmo durante as
semanas após o casamento, exceto a primeira noite.
Fechou os olhos, deixando a água escorrer pelo rosto, mas era impossível
afastar da mente a imagem de Jodan, o corpo másculo se deitando na cama, a seu lado.
Tomar banho juntos. Só em pensar, Kasey quase sentia as mãos firmes,
ensopadas, deslizando sobre sua pele. Um gemido escapou de seus lábios, fazendo com
que voltasse à realidade.
Deveria estar louca! O calor do sol lá fora deve tê-la afeta-do. Furiosa consigo
mesma, desligou o chuveiro, saiu rapidamente do boxe e apanhou uma toalha felpuda,
enxugando o corpo com vigor desnecessário.
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
Vestiu uma bermuda caqui, que combinava com uma blusa de listras brancas e
caqui. Ainda descalça, passou pela porta do antigo quarto, saindo para a sacada.
Encostou o rosto, como tantas vezes fizera, no pilar da varanda e suspirou.
Há apenas um mês, pensava que não iria conseguir se recuperar da dor, da
ferida causada por Greg. Mas a vida dá tantas voltas. Naquela noite em que Greg a
visitara, sua vida tomara um novo rumo.
Um erro atrás do outro. Seria a sua sina viver dando murro em ponta de faca?
O que deveria fazer?
— Oi, Kasey!
Ao ouvir o seu nome, ela pulou de susto, voltando-se então para o homem
montado em um cavalo negro.
— Sinto muito por tê-la assustado. Pensei que tivesse visto eu me aproximar.
— Não, tudo bem. Creio que estava no mundo da lua. Como tem passado, Greg?
Enquanto a observava, ele respondeu:
— Eu vou indo. Você parece estar muito bem. A vida na cidade deve estar sendo
boa para você.
— Talvez seja a vida de casada — afirmou ela, em tom de brincadeira. Então,
arrependeu-se, sentindo um pouco de culpa. — Por falar em casamento, como estão os
preparativos para o seu?
— Tudo sob controle. Paula tem cuidado de todos os preparativos. Por mim,
assinava só os papéis, porém ela quer tudo como manda o figurino.
Kasey notou que ele não parecia muito feliz. Mas aquilo era problema dele, Greg
fizera a sua escolha e agora era tarde demais para voltar atrás.
— Como está o Mike?
— Está bem, só um pouco chateado por não poder trabalhar. Está na varanda da
frente,, se você quiser vê-lo.
Ele se encabulou um pouco.
— Na verdade, vim para te ver.
Desmontou com habilidade, amarrando o cavalo à sombra de uma árvore, e subiu
os degraus da varanda, parando a um passo de Kasey, que se afastou um pouco.
— Jessie me contou que você e Paula foram visitar seus pais — declarou Kasey.
— Paula é quem armou tudo.
— Ficaram felizes em te ver? — Kasey tentava manter a conversa, enquanto
analisava seus sentimentos por aquele homem que significara tanto para ela. Seu
primeiro amor.
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
Parker, que eu tinha outras coisas em mente naquela noite. — Os lábios roçaram o
pescoço de Kasey.
— Acho que vou falar com Mike. — Greg a olhava friamente, enquanto Kasey
permanecia entre os braços do marido.
— Jessie acabou de fazer um bule de chá — Jodan disse-lhes. — E eu fui
instruído para não deixar Kasey escapar.
— Não acredito que Jessie queria dizer isso literalmente. — Kasey forçou um
sorriso, tentando afastar os braços de Jodan; porém ele apertou ainda mais forte.
— Vá andando, Parker. Nós já estamos indo. — O sorriso sugeria a intenção de
ficar alguns momentos a sós com a esposa,
Sem nada dizer, Greg se afastou a passos largos, fazendo o ruído das botas
ecoar forte no chão de madeira.
Jodan a soltou lentamente.
— Não me faça de bobo, Kasey! — exclamou ele.
— Não sei do que está falando.
— Você é minha esposa. Aconselho-a a não partilhar momentos românticos com
esse Parker.
— Estávamos apenas conversando — bradou ela, com raiva.
— Segurando as mãos, enquanto conversavam. — Jodan sorriu, irônico. — Que
bonitinho!
— Se você insistir, vou pensar que está com ciúme! — zombou Kasey.
Os lábios de Jodan estavam comprimidos, os músculos do maxilar pulsavam, e
ele a olhava como se desejasse estrangulá-la. Contudo, pareceu conseguir controlar-se.
— Não me provoque, Kasey! Sabemos que não aguentaria as consequências.
Apenas fique longe de Parker. É melhor nos juntarmos aos outros.
A discussão girou em torno de assuntos ligados à fazenda. Jodan parecia
interessado em escutar a conversa, enquanto Kasey não conseguia sequer prestar
atenção naquilo que era dito.
Quando Jessie se levantou para começar a preparar o jantar, Kasey apressou-se
em oferecer ajuda.
— Jodan vai ficar até o fim da semana, para o casamento? — Jessie perguntou,
enquanto abria a massa para a torta de carne.
— Não sei. Ele não... nós não conversamos a respeito. Mas creio que não. Ele não
poderá ficar tanto tempo afastado dos negócios.
— E você irá com ele — afirmou Jessie.
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
Kasey permaneceu imóvel, olhando para a enorme cama de casal. Havia bastante
espaço para que não precisassem se tocar.
Apressadamente, livrou-se das roupas e vestiu uma camiseta larga, que
disfarçava suas formas, e cujo decote revelava apenas parte do colo. Sentindo-se
protegida, meteu-se entre os lençóis perfumados.
Nesse exato momento, Jodan reapareceu, olhando de soslaio para Kasey, antes
de tirar os sapatos e começar a abaixar o zíper da calça.
— Você não pode se despir aqui! — As palavras escaparam, sem que ela pudesse
segurá-las.
Jodan parou.
— Por que não? — indagou, arqueando as sobrancelhas.
— Bem, porque...
Ele deslizou a calça pelos quadris, ficando à vista apenas uma minúscula cueca,
que deixava muito pouco espaço para a imaginação.
Enquanto Kasey o observava, com a boca seca, a pulsação disparada, ele
caminhou em direção à cama.
— Você não vai querer dormir só com...
— Não, não vou querer dormir com isto — disse com ar de zombaria. — Na
realidade, eu durmo ao natural, como imagino que você já deve saber.
Assim dizendo, livrou-se da última peça do vestuário. Com a face ardendo, Kasey
virou o rosto, retesando o corpo ao sentir o colchão ceder sob o peso de Jodan.
— Aposto que você está corada, meu bem. Que recato virginal! Meio fora de
moda hoje em dia, não acha?
Kasey gelou, atordoada com a arrogância sarcástica. Mordeu o lábio inferior.
Virginal! Como ousava, logo ele, que havia sido o responsável por...?
— Não era o que eu queria dizer, Kasey, creio que você sabe disso.
— Não, não sei de nada. Você está zombando de mim.
Só quis dizer que já compartilhamos uma cama antes.
— O que não era exatamente a minha intenção...
— Kasey, estou cansado...
— Também estou! Cansada desse casamento! É sempre o que você quer que
seja. O todo-poderoso Jodan Caine.
Ele sentou-se num movimento ágil, que fez o lençol escorregar até os quadris.
— Se você deseja uma briga, Kasey, gostaria que deixasse para outra hora. Tive
um dia desgastante!
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CAPÍTULO X
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
descendo para os quadris, as nádegas firmes, roçando os lábios pelo peito coberto de
pêlos crespos, os pequenos mamilos. Respirou fundo, embriagando-se com o cheiro
másculo que emanava da pele quente, sensível ao toque. Jodan soltou um gemido forte
e rouco, enquanto as carícias se intensificavam, apossando-se -com fúria da boca que o
enlouquecia.
Sem receios, Kasey arqueou o corpo dolorido, consumido pelo desejo, ao
encontro do de Jodan. Ansiava ardentemente por aquele contato e Jodan deslocou-se,
deitando sobre ela, que prendeu a respiração, levemente apreensiva.
A voz grave e vibrante murmurava palavras que ela não conseguia entender, os
dedos experientes atiçando a chama do desejo a um ponto insuportável, até que Kasey
implorou que Jodan satisfizesse aquela necessidade ardente que a atormentava.
Seu desejo fundiu-se ao dele, recebendo e retribuindo prazer, até os dois
corpos sucumbirem exaustos e saciados sobre a cama. Kasey adormeceu logo em
seguida, aninhada entre-os braços de Jodan. Fora maravilhoso, bem diferente daquela
primeira vez. Sabia que um sorriso pairava em seus lábios, enquanto ele a abraçava
com fervor crescente.
Quando acordou, o sol já invadia o quarto. Jodan estava em frente ao espelho,
de costas para ela, e escovava os cabelos negros. Acabara de tomar um banho, tinha os
cabelos ainda molhados e o rosto exalava a fragrância da loção para após a barba. Só
de observar aquele corpo másculo, sentia uma pontada de desejo. Havia mesmo agido
daquela forma tão desenfreada há apenas algumas horas? Era inacreditável, talvez
fosse um sonho... Mas não, fora bem real. Fez um leve movimento, e a dor que sentiu
nos músculos mostrou que aquela noite de amor existiu, tal qual o brilho do sol.
Devia ter feito algum barulho ao se mexer, pois Jodan se virou, com a escova
ainda na mão e um olhar prudente.
Só então Kasey se conscientizou completamente do ocorrido. Teria realmente
pedido que fizesse amor com ela, que se apossasse de seu corpo? Temia que sim. Corou
enquanto puxava os lençóis para ocultar a sua nudez.
Uma máscara cobriu a face de Jodan, enquanto recolocava a escova na
penteadeira.
— Bom dia — disse, calmo.
Kasey arregalou os olhos. Como poderia agir tão naturalmente, como se nada
tivesse sucedido? Por que não era novidade para Jodan, pensou, bem diferente da
principiante encabulada que fora.
— Vou deixá-la para que possa se trocar. Jessie já preparou o café da manhã.
Caminhou em direção à porta, parando um instante como se quisesse falar
alguma coisa, para então continuar, fechando-a com cuidado.
Ela sentou-se na cama, aturdida. Deveria ter sido apenas uma alucinação, um
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
sonho erótico, porém enrubesceu ao notar um leve hematoma no seio esquerdo. Furiosa
consigo mesma, correu para cobrir-se com o robe e arrumou, apressada, os lençóis,
desejando poder varrer da memória aquela lembrança.
Quando se juntou aos outros na sala após o banho, escolheu a cadeira que
ficasse o mais distante possível de Jodan. Não conseguia sequer fitá-lo.
— Por que não leva Jodan até o lago, meu bem? — Mike sugeriu.
Kasey havia terminado de comer, engolindo a contragosto uma torrada,
acompanhada de uma xícara de café. Olhou para Jodan.
— Está muito quente para cavalgar — declarou ela.
— Vá com o jipe —- propôs Mike,
— Mas você não precisará do jipe para ir até a pista de pouso buscar as peças
do trator que chegam hoje?
— São só duas caixas de papelão. Billy pode trazê-las sem problema.
Virou-se para o genro.
— Você vai gostar, Jodan. É como um oásis no deserto.
— Apreciaria muito conhecer, porém preferia ir a cavalo. Não tenho tido muita
oportunidade de praticar equitação.
— Bem, então está resolvido. Kasey, peça a Billy que sele os cavalos.
— Eu o chamarei — afirmou Jessie sorrindo, enquanto recolhia as xícaras.
— Vou pôr um jeans — declarou Kasey, retirando-se.
— Não esqueça de levar o maio! — Jessie gritou.
Como iria conseguir se portar, nas próximas horas, sozinha com Jodan? Se
fosse um casamento normal, teria vibrado com a oportunidade de ficar a sós com o
marido, no lugar onde passara tantas horas da sua vida, sonhando com o futuro.
Voltou para a varanda, no momento em que Jodan também retornava.
— Billy não trouxe os cavalos ainda.
— Estou vendo — bradou irônico. — Podemos cavalgar para direções opostas se
preferir.
— Não sei o que está querendo dizer.
— Claro que sabe. Posso ler nos seus olhos que prefere deitar em uma cama de
pregos a ir cavalgar comigo.
— Ora, Jodan, isto é...
Uma risada amarga a interrompeu:
— Por falar em cama, é este o problema, não? Kasey não conseguiu evitar que
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seu rosto avermelhasse. — Desde que deixamos a cama, você tem me evitado. Ele
permanecia em pé, as pernas afastadas, com as mãos nos quadris.
— Você não pode fingir que não aconteceu, simplesmente não mencionando o
fato ou então fazendo de conta que não estou aqui.
— Jodan, você está sendo... — E procurava a palavra.
— Honesto — Jodan completou. — Dormimos juntos e fizemos amor, eu e você.
E nós dois gostamos — afirmou, aproximando-se um passo. — Não é verdade, Kasey?
Como ela não respondia, Jodan suspirou.
— Não sou ingênuo, Kasey. Sei quando uma mulher está gostando ou não. Você
não simulou a sua reação.
— Não disse que estava... que eu não gostei — disse Kasey, a voz quase sumindo.
Moveu-se em direção ao pilar, buscando apoio. Será que ele não percebia o
efeito produzido por aquelas palavras? As memórias que elas evocavam? Era capaz até
de sentir novamente as mãos, os lábios sobre a pele quente. Se Jodan a olhasse nos
olhos, veria a verdade estampada neles, veria também que ela desejava que estivessem
juntos outra vez na enorme cama, fazendo amor.
— E agora — Jodan retomou a palavra, — suponho que espera um pedido de
desculpa. Sim, pois eu lhe garanti que estaria segura. Portanto, devo ter me
aproveitado de você.
— Jodan, não sei por que... temos de ficar discutindo... discutindo a respeito do
que sucedeu. Não seria melhor esquecermos tudo?
Houve um pesado silêncio. Então, Jodan a segurou forte pelo braço, fazendo
com que o encarasse.
— Esquecer o que aconteceu? Você pode, Kasey? — sussurou entre dentes.
Tentou parecer natural.
— Claro! — A voz soou inconvincente.
— Você está tomando precauções?
Kasey levantou os olhos, surpresa. Tentou falar, mas a voz não saía, a garganta
estava seca. Apenas balançou a cabeça fazendo um gesto negativo.
— Isso... isso não quer dizer que... Que eu... — Kasey engoliu com dificuldade. —
É muito improvável!
Jodan sorriu. Um sorriso frio e tenso.
— Muitas dizem a mesma coisa, querida.
— Jodan, isto é... Oh, pelo amor de Deus, eu não quero mais falar nisso! Tem a
minha palavra de que não farei nada para obrigá-lo a ficar comigo, nem contestarei o
divórcio. A noite passada foi apenas um erro.
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poderia resolver o problema em Adelaide, porém há mais outra coisa. Desiree foi me
procurar no escritório esta manhã. Pediu que me avisassem que está abandonando
David.
CAPÍTULO XI
Desiree! Kasey sentiu um enorme vazio dentro de si. Não era o problema no
escritório que fazia Jodan voltar para a cidade, e sim a sua cunhada. Bastava estalar
os dedos, e lá ia Jodan! Ela sentiu-se uma tola por ter imaginado que isso pudesse
mudar.
Agora, Desiree estava abandonando o marido. Estaria livre.
— Terei de voltar e conversar com ela.
Kasey já conhecia esse filme, desde a noite de seu casamento.
— Só Deus sabe em que confusão Desiree está se metendo — continuava ele
massageando a nuca.
— Talvez ela já tenha idade suficiente para resolver os próprios problemas.
Jodan comprimiu a vista, enquanto a fitava. Ela sorriu, quase histericamente.
— Mas não, o velho Jodan está sempre lá para ajudá-la.
— Kasey?
Havia uma pergunta naquela voz, porém Kasey não foi capaz de entender, nem
tentou identificar. Sabia apenas que precisava se afastar dele, fugir antes que
perdesse o controle, antes de trair a si mesma, implorando que não fosse, que ficasse
e que a amasse tão intensamente como ela o amava. Mas seria perda de tempo. Ele
amava Desiree. Juntou todas as forças para conseguir falar.
— É melhor você se apressar. Estou ouvindo o barulho do avião.
Falando isso, ela virou-se quase correndo, saindo para a varanda, e desceu a
escada, pegando as rédeas das mãos do capataz assustado. Montou no cavalo e saiu em
disparada.
As lágrimas escorriam pela face de Kasey embaçando a paisagem. Puxou as
rédeas, fazendo o cavalo diminuir a marcha até parar completamente. Ela enxugou o
rosto com a manga da blusa, e só então tomou conhecimento de que não havia ido muito
longe. Virou a tempo de ver uma pessoa alta, de camisa branca, abandonar o jipe
parado ao lado do avião e subir a bordo.
Jodan estava voltando para Desiree, pensou, enquanto novas lágrimas lhe
rolaram pela face. Ouviu o ronco do motor. Desiree estava certa, Jodan sempre
voltava para ela.
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O avião começou a se mover, enquanto Kasey enxugava mais uma vez as lágrimas.
Era tarde demais, o pequeno Cessna taxiava na extremidade da pista, pronto para
decolar.
"Oh, Jodan, não vá!"
O barulho do motor foi aumentando cada vez mais, até que o avião começou a
deslizar pela pista, ganhando velocidade. As rodas já estavam se levantando do chão,
quando Kasey viu, horrorizada, o avião mergulhar de nariz na terra vermelha.
Tudo sucedeu tão rapidamente, em apenas alguns segundos, mas para Kasey,
montada no cavalo, em estado de choque, pareceu levar uma eternidade. O avião havia
se espatifado bem na sua frente.
Jodan! Uma pequena espiral de fumaça sobre a fuselagem do avião. Fogo!
Kasey esporeou o cavalo, descendo em louca disparada. As palavras ecoavam em
sua mente: "Não! Jodan, não! Por favor, não!"
A descida pareceu demorar demais. Parou o animal perto do avião, pouco antes
que o jipe chegasse, e, num salto ágil, desmontou, enquanto o cavalo, assustado, saía
em disparada para a sede da fazenda.
Kasey ouviu alguém chamá-la pelo nome, porém não virou para ver quem era.
— Jodan! — gritou histérica, enquanto corria em direção ao avião.
Viu um vulto branco arrastar-se para fora do aparelho, cambalear e cair,
permanecendo imóvel.
— Jodan!
Ela viu uma pessoa ultrapassá-la, ao mesmo tempo que era jogada ao chão.
— Não se mexa, sua maluca! — alguém exclamou em seu ouvido, imobilizando-a
com o peso do corpo.
Kasey procurou respirar, tentando se libertar dos braços que pressionavam seu
rosto de encontro ao chão. A poeira entrava-lhe pelo nariz e pela boca, mas, antes que
pudesse pensar no quanto aquilo a incomodava, ouviu o estrondo de uma explosão.
Quando voltou a si, estava deitada no assoalho de madeira da varanda. Por que
estaria no chão? Teria desmaiado? Tentou se levantar, porém o corpo protestou,
dolorido. Abriu a boca, sentindo nela o gosto da areia. Deveria ter caído... Não! Ela
fora derrubada.
De repente, lembrou-se de tudo, da queda do avião, do fogo. Jodan! Jodan
estava caído no chão. E então, a explosão.
Começou a chorar e as lágrimas rolaram pela face, traçando uma trilha no rosto
sujo.
— Jodan! — bradou tentando se erguer novamente,
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— Não. ia procurá-la para dizer o quanto a amava e pedir uma chance para
poder provar isso a você. Estava quase montando no cavalo, quando aconteceu o
acidente. Então, vi você galopando em direção ao avião e tentei chamá-la enquanto Billy
pegava o jipe. Vi a fumaça e o fogo, precisava detê-la antes que.., — balançou a cabeça,
a dor sombreando-lhe a face.
— Foi você quem me derrubou? — indagou, surpresa.
— Foi o único modo de detê-la. Sabia que o avião estava prestes a explodir e
não poderia deixar que algo acontecesse a você — sussurrou beijando-a ternamente. —
Eu te amo tanto, meu amor! — exclamou carinhosamente.
Kasey suspirou.
— Oh, Jodan, eu também te amo! Mas não consigo acreditar... nem cheguei a
suspeitar... E o nosso casamento, foi...
— A manobra de um homem desesperado — Jodan completou.
Kasey afastou-se para observá-lo.
— Sim, um homem totalmente desesperado — murmurou, beijando-lhe a ponta
do nariz. — Queria ser bem convencional, cortejando-a, pedindo-a em casamento de
joelhos, e tudo o mais. Mas você estava tão distante, Donzela de Gelo. Apaixonei-me
no momento em que a vi, algo que nunca havia acontecido antes. Fiquei atrapalhado
como um adolescente. Pedi a Betty Cable que nos apresentasse, porém você não queria
me dar uma chance, por mais que eu tentasse.
Kasey baixou os olhos, os dedos brincando com os pêlos do peito de Jodan.
— Eu estava... Naquela época, estava um bocado confusa.
— Por causa de Parker? — perguntou ele, calmo. Ela assentiu.
— Imaginava que o amasse desde pequena, achando que Greg também me
amasse, que nos casaríamos e moraríamos aqui. Fui para a cidade quando ele me disse
que iria se casar com Paula. Creio que fugi. Naqueles primeiros meses, estava meio
descontrolada.
Parou de falar. Sempre receara contar tudo, e agora se surpreendia com a
naturalidade com que as palavras saíam.
— Quando estava superando o problema, Greg me procurou dizendo que me
amava, que sentira falta de mim. Pensei que tivesse desfeito o noivado com Paula,
porém estava enganada, isso sucedeu naquela noite em que o encontrei no bar. Havia
bebido apenas dois drinques, mas não estava acostumada com álcool e não havia comido
nada. Imaginei que precisava de um marido para dar uma resposta a Greg. Agora, vejo
que era algo ridículo. Sinto muito, Jodan.
— Contudo, eu não sinto, Kasey. Não era nenhuma coincidência eu estar naquele
bar com os seus amigos. Aproximei-me deles na esperança de poder te encontrar.
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
Fazia aquilo sempre que tinha uma oportunidade. Naquela noite, como você não se
encontrava lá, estava quase indo embora para casa.
Jodan sorriu,
— Então, você chegou e eu não pude acreditar na minha sorte. Mas tudo o que
fazia ou falava parecia aborrecê-la.
— Quando você me trouxe limonada, fiquei furiosa. Para afrontá-lo, pedi uísque.
— O pior foi quando você acordou e não se lembrou da proposta de casamento.
— Você achava de fato que eu levaria aquilo até o fim? Ele a beijou antes de
responder.
— Passava o tempo todo morrendo de medo que você desistisse. E no dia do
casamento! Desde o momento em que o organista começou a executar a marcha nupcial
até a hora em que você assinou o livro de registro, fiquei totalmente desarmado!
— Você disfarçou muito bem.
— Mas os indícios do meu estado foram evidentes. Fazia as coisas erradas,
dizia as coisas que não queria dizer, principalmente na noite do nosso casamento.
Fechou os olhos por longo tempo.
— Nunca me perdoarei, Kasey. Não pretendia fazer amor com você naquela
noite. Queria que nos conhecêssemos melhor, que se sentisse bem ao meu lado, porém
você estava tão tensa. Pretendia apenas beijá-la, depois virar para o outro lado e
dormir. Que tolo eu fui! Não consegui me controlar e agi como um egoísta. Na verdade,
sinto muito, Kasey.
Kasey sorriu timidamente.
— Você já compensou nesta manhã — declarou ela sorrindo, com um brilho nos
olhos, ao recordar-se do prazer que desfrutara.
— Pensei que a tivesse perdido para sempre.
— Já te amava antes de nos casarmos, mas achava-me confusa demais. E me
sentia culpada. Creio que estava tão acostumada a pensar que amava Greg que não
conseguia admitir que queria você.
— Que tolos fomos! Tudo deu errado, foi uma péssima maneira de começar uma
lua-de-mel, desde o meu comportamento até a ligação de Desiree.
Kasey gelou. Havia se esquecido dela. Será que ele ainda amava Desiree, depois
de tudo o que lhe confessara?
— Kasey? — Jodan envolveu-a pelos ombros. — Kasey, o que foi? Não se feche
novamente, não agora!
—- É... é sobre Desiree. Você e Desiree... Eu os ouvi na festa de aniversário dos
seus pais. E no nosso casamento Desiree rne disse que você sempre voltava para ela —
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Lynsey Stevens Dúvidas de um Casamento
declarou, nervosa.
Jodan, que mantivera presa a respiração, relaxou.
— Desiree é um problema. Volta e meia se aborrece com o casamento e
envolve-se com qualquer pessoa disponível. David fica em uma posição desagradável e
eu me sinto responsável.
— Você a apresentou para David.
— Sim, conheci Desiree quando ainda estava na faculdade. Julguei que a amava.
Levei-a para conhecer meus pais e meu irmão. Ela descobriu que David era o mais
velho, o herdeiro de meu pai.
— Ela o trocou por David?
— E eu me dediquei de corpo e alma ao trabalho, para fazer com que a Caine
Computers fosse um sucesso. No início foi para mostrar o erro dela, porém logo
percebi que tive sorte por ter conseguido escapar daquelas garras.
Parou, tentando organizar os pensamentos. Precisavam esclarecer todos os
pontos obscuros.
— Na época em que te conheci, Desiree estaya aborrecida novamente.
Acreditou que poderia retomar o relacionamento comigo e eu achei que o nosso
casamento pudesse pôr um fim aos caprichos dela, mas Desiree era persistente.
Imaginei que, se ficasse por perto, ao seu alcance, logo se cansaria, e acharia outra
pessoa. No entanto, o que eu sentia por Desiree morreu antes mesmo do casamento
dela com David. Por favor, acredite, Kasey!
Kasey fitou bem dentro dos olhos e viu refletido neles todo o amor que nunca
sonhara que Jodan pudesse sentir por ela. Sorriu, sabendo que finalmente estava livre
da cunhada.
— Ah, o que você faz comigo, Sra. Caine! — Ele deu um sorriso triste. — Tenho
outra confissão a fazer. Esta manhã, quando sugeri a possibilidade de você estar
grávida, tal era meu desespero para que não me abandonasse que cheguei a desejar
que tivéssemos de fato concebido um bebê.
— Nós poderíamos — admitiu ela, rouca.
— Você se incomodaria? — ele perguntou, inquieto.
— Como poderia? Eu te amo, Jodan! Quero ter os nossos filhos, vê-los crescer,
partilhar minha vida com você e envelhecer a seu lado.
Jodan aproximou-se lentamente, despertando-lhe uma torrente de desejo com
os lábios ávidos e fazendo com que a chama de paixão se espalhasse por todo o corpo.
Pouco depois, estavam deitados na cama, a boca experiente de Jodan ansiando
pelos seios firmes de Kasey.
Ele parou olhando para Kasey, os dedos deslizando suavemente sobre o
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fim
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