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Manual de

boas práticas em
ANESTESIA

1
ÍNDICE

A ESPECIALIDADE 3
Instruções gerais do Rol de procedimentos
Unimed de interesse da anestesiologia 5
Consulta anestésica 6
Anestesia para procedimentos
sem porte anestésico 7
Para procedimentos diagnósticos e
intervencionistas, existem códigos específicos
de anestesia na tabela do Rol da Unimed 8
Percentualização do honorário do anestesista para
Serviços de Apoio Diagnóstico Terapêutico (SADT) 9
Acréscimo de 30% no honorário do
anestesista na realização de TC ou RM 9
Anestesia combinada, instalação de bomba
de analgesia e instalação de cateter peridural
para analgesia contínua 9

CONCEITOS E DEFINIÇÕES
SOBRE ANESTÉSICOS 12
Princípios da anestesia geral 13
Técnicas anestésicas 13
Fases da anestesia 15
SENSOR BIS® (Índice Bio Espectral) 16
Drogas específicas 18
TOF – Razão T4/T1 24
Anestesia regional 27

ORIENTAÇÕES PARA AUDITORIA 31


Sedação 32
Probabilidade do tipo de
anestesia x porte anestésico (PA) 32
Geral inalatória 33
Geral venosa 33
Geral mista (venosa + inalatória) 33

2
A ESPECIALIDADE

3
A anestesiologia é a especialidade médica que estuda e proporciona au-
sência da dor e da consciência e outras sensações ao paciente que neces-
sita realizar procedimentos médicos, como cirurgias ou exames diagnós-
ticos, identificando e tratando eventuais alterações das funções vitais.

O ato anestésico não se limita a simplesmente tirar a dor ou “fazer dor-


mir”. O médico anestesiologista acompanha integralmente seu paciente
durante a cirurgia, mantendo-o anestesiado (já que a cirurgia pode durar
de minutos até várias horas), e monitorando e tratando as diversas re-
percussões que podem ocorrer no organismo devido o ato cirúrgico. É o
“anjo da guarda” do paciente durante a cirurgia.

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INSTRUÇÕES GERAIS DO ROL DE PROCEDIMENTOS UNIMED DE IN-
TERESSE DA ANESTESIOLOGIA
O ato anestésico inicia com a visita pré-anestésica, prossegue com a ad-
ministração da técnica indicada, que compreende o acesso venoso, intu-
bação traqueal (quando indicada), instalação de controles e equipamen-
tos necessários à anestesia e administração de drogas, encerrando-se
com a recuperação dos parâmetros vitais, exceto nos casos em que haja
indicação de seguimento em UTI.

Ele não inclui medidas/controles invasivos que poderão ser valorados


separadamente pelo anestesiologista, que deverá utilizar, para tal, o por-
te previsto para o cirurgião. Por exemplo, a dissecção de veia central não
está inclusa na anestesia, poderá ser feita pelo anestesista e possui códi-
go e porte específicos.

Os atos anestésicos estão classificados em portes de 0 a 8, conforme as


indicações do quadro a seguir:

PORTE ANESTÉSICO
0 Anestesia local
1 3A
2 3C
3 4C
4 6B
5 7C
6 9B
7 10C
8 12A

O porte anestésico “0” significa não participação do anestesiologista.

Nos atos cirúrgicos em que ocorram procedimentos pela mesma via de


acesso, seja a mesma equipe cirúrgica ou equipes diversas, a valoração
do anestesista se dará em 100% pelo procedimento de maior porte anes-

5
tésico e 50% dos demais procedimentos praticados.

Nos atos cirúrgicos em que ocorram procedimentos por outra via de


acesso, seja a mesma equipe cirúrgica ou equipes diversas, a valoração
do anestesista se dará em 100% pelo procedimento de maior porte anes-
tésico e 70% dos demais procedimentos praticados.

Em caso de cirurgia bilateral no mesmo ato anestésico, inexistindo códi-


go específico, os atos praticados pelo anestesiologista serão acrescidos
de 70% do porte atribuído ao primeiro ato cirúrgico.

Para os atos AN7 e AN8, ou naqueles nos quais seja utilizada circula-
ção extracorpórea (CEC), em procedimentos de neonatologia cirúrgica
e outras cirurgias que tenham duração acima de 6h, o anestesiologista
responsável poderá solicitar o concurso de um auxiliar (também anes-
tesiologista), quando houver necessidade. Para esse, será atribuída uma
valoração correspondente a 30% dos portes previstos para o(s) ato(s) re-
alizado(s) pelo anestesiologista principal. Cabe à auditoria retrospectiva
endossar a solicitação, analisando a duração e a complexidade do pro-
cedimento. Atualmente, as cirurgias de obesidade mórbida dificilmente
excedem 3h.

Seja em procedimentos cirúrgicos, diagnósticos ou terapêuticos, em re-


gime de internação ou ambulatorial, a valoração do porte inclui a aneste-
sia geral, condutiva regional ou local, por indicação do cirurgião ou soli-
citação do paciente.

CONSULTA ANESTÉSICA
Será paga apenas em consultório, fora do ambiente hospitalar, devida-
mente registrada e somente para cirurgias eletivas com agendamen-

6
to prévio. Após a internação, a visita pré-anestésica está inclusa no ato
anestésico, não sendo remunerada como visita ao paciente internado,
conforme Mame 2021, página 20.

ANESTESIA PARA PROCEDIMENTOS SEM PORTE ANESTÉSICO


DESCRIÇÃO
Anestesia para procedimentos clínicos ambulatoriais e hospitalares

Quando houver necessidade da participação do anestesista em procedi-


mentos clínicos ambulatoriais ou hospitalares (alocados no grupo 2 da
TUSS), os atos médicos praticados pelo anestesiologista serão valorados
por meio do código 31602312.

CÓDIGO DESCRIÇÃO
Anestesia realizada pelo anestesiologista em
atos médicos que não tenham seus portes
31602347
especialmente previstos ou para as situações de
imperativo clínico

Para os procedimentos alocados nos grupos 3 e 4 da TUSS, em que não


está prevista a participação do anestesista, mas caso seja necessária, e
não sendo procedimentos específicos como em item seguinte, utilizar o
código 31602347, conforme previsto pelas instruções gerais.

Esse código também serve para os atos odontológicos (codificações da


aba de procedimentos odontológicos iniciam-se pelo número 8) que, por
imperativo clínico, necessitam de suporte hospitalar. Nessas situações,
remunera-se por código odontológico, independentemente da quanti-
dade de vezes em que for executado. Exemplo: 82000786 – Exérese ou
excisão de cistos odontológicos (1x) + 82000603 – Enxerto com osso
autógeno do mento (1x) + 82000875 – Exodontia simples de permanen-
te (5xx). Nesse exemplo, seria pago 31602347 (3xx com redução e via de
acesso).

7
A Unimed Executora deve enviar justificativa médica para os procedi-
mentos que não sejam de baixo risco.

Não há necessidade de justificativa nos casos de procedimentos da ta-


bela de baixo risco, sendo responsabilidade da Unimed Executora a con-
firmação da participação do anestesista por meio de conferência do rela-
tório de anestesia devidamente preenchido e assinado pelo profissional
executante. Não cabe solicitação desse documento para pagamento do
honorário no Intercâmbio Nacional.

PARA PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS E INTERVENCIONISTAS,


EXISTEM CÓDIGOS ESPECÍFICOS DE ANESTESIA NA TABELA DO ROL
DA UNIMED:

CÓDIGO DESCRIÇÃO
31602231 Anestesia para endoscopia diagnóstica
31602240 Anestesia para endoscopia intervencionista
Anestesia para exames radiológicos
31602258
de angiorradiologia
31602266 Anestesia para exames de ultrassonografia
Anestesia para exames de tomografia
31602274
computadorizada
31602282 Anestesia para exames de ressonância magnética
31602290 Anestesia para procedimentos de radioterapia
31602320 Anestesia para procedimentos de medicina nuclear
Anestesia para exames específicos, teste para diag-
31602304
nóstico e outros procedimentos diagnósticos
Anestesia geral ou condutiva para realização
31602037
de bloqueio neurolítico

8
Observação: a codificação 31602037 – Anestesia geral ou condutiva para
realização de bloqueios neurolíticos é cabível de ser cobrada somente se
o procedimento neurolítico não tiver porte anestésico.

PERCENTUALIZAÇÃO DO HONORÁRIO DO ANESTESISTA PARA SER-


VIÇOS DE APOIO DIAGNÓSTICO TERAPÊUTICO (SADT)
A remuneração do ato anestésico deve ser de acordo com o número de
procedimentos diagnósticos realizados, devendo ser aplicada a regra de
percentualização de HM.

Instrução Geral do Rol - página 5 – itens 7.3.5 e 7.3.6

7.3.5 Nos atos cirúrgicos em que ocorram procedimentos pela mesma via
de acesso, seja a mesma equipe cirúrgica ou equipes diversas, a valora-
ção do anestesista se dará em 100% pelo procedimento de maior porte
anestésico e 50% dos demais procedimentos praticados.
7.3.6 Nos atos cirúrgicos em que ocorram procedimentos por outra via de
acesso, seja a mesma equipe cirúrgica ou equipes diversas, a valoração
do anestesista se dará em 100% pelo procedimento de maior porte anes-
tésico e 70% dos demais procedimentos praticados.

ACRÉSCIMO DE 30% NO HONORÁRIO DO ANESTESISTA NA


REALIZAÇÃO DE TC OU RM
Não deve ser aplicado o acréscimo de 30% em função da idade (criança –
até 12 anos – ou idoso – acima de 65 anos).

ANESTESIA COMBINADA, INSTALAÇÃO DE BOMBA DE ANALGESIA E


INSTALAÇÃO DE CATETER PERIDURAL PARA ANALGESIA CONTÍNUA
Conforme instruções gerais, seja em procedimentos cirúrgicos, diagnós-
ticos ou terapêuticos, em regime de internação ou ambulatorial, a valo-
ração do porte inclui a anestesia geral e/ou condutiva loco-regional por
indicação do cirurgião ou solicitação do paciente.

9
Exceções permissíveis de associação de codificação incluem 31602207,
31602223 e 31602029. A solicitação de anestesia geral associada a blo-
queio com instalação de cateter peridural com a finalidade de analge-
sia contínua ou instalação de bomba de analgesia deve ser checada pela
Unimed Executora antes do envio para autorização pela Unimed Origem.

CÓDIGO DESCRIÇÃO
31602207 Instalação de bomba de infusão para analgesia em dor
aguda ou crônica, por qualquer via

O código de instalação de bomba para analgesia contínua deve ser pago


apenas uma vez e não permite a cobrança do código de analgesia diária
na mesma data. O acompanhamento diário pelo anestesista é remunerá-
vel por visita enquanto o paciente estiver internado.

A instalação de bomba de infusão para analgesia deve ser remunerada


apenas quando utilizada bomba de PCA, já que a simples instalação de
droga no acesso escolhido (seja peridural ou endovenoso) não justifica a
cobrança desse item como procedimento.

CÓDIGO DESCRIÇÃO
31602223 Passagem de cateter peridural ou subaracnóideo com
bloqueio de prova

O pagamento de instalação de cateter peridural para analgesia contínua


deve ser realizado apenas uma vez, e já inclui a analgesia no primeiro dia.
Não procede a cobrança do código de analgesia diária (31602029 - Anal-
gesia por dia subsequente. Acompanhamento de analgesia por cateter pe-
ridural) quando cobrado no mesmo dia, conforme Mame/2021, página 22.

CÓDIGO DESCRIÇÃO
31602029 Analgesia por dia subsequente - acompanhamento de
analgesia por cateter peridural

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Remunerar sempre que for mantido o cateter peridural, a partir do se-
gundo dia. Remunerar por dia enquanto forem aplicadas medicações no
cateter peridural.
Conforme ATA 83 - Remuneração do ato médico conforme realizado:

• Anestesia geral (100%) + Peridural (70%);


• Anestesia geral (100%) + bloqueio de plexo (70%).

Os procedimentos associados devem estar descritos na ficha anestésica,


a ser auditado pela Unimed Executora.

11
CONCEITOS E DEFINIÇÕES
SOBRE ANESTÉSICOS

12
Os tipos e doses dos anestésicos são bastante variáveis, de acordo com o
perfil biofísico e emocional do paciente, e com o procedimento a ser re-
alizado (anatomia, fisiopatologia, duração do procedimento, posição do
paciente durante a cirurgia, potencial álgico, hemorrágico, interferências
autonômicas, facilidade de acesso à cabeça do paciente durante a reali-
zação do procedimento, entre muitos outros).

A definição do tipo de anestesia se dá conforme a necessidade individu-


al e específica em cada procedimento e de decisão do anestesiologista,
que irá escolher o melhor método que providencie adequadas hipnose e
analgesia, relaxamento e rápida reversão ao término do procedimento.

PRINCÍPIOS DA ANESTESIA GERAL


• Analgesia
• Hipnose - amnesia
• Relaxamento muscular
• Proteção neurovegetativa

A anestesia possui três fases: a pré-anestesia, quando é feito o prepa-


ro para o procedimento anestésico; a anestesia propriamente dita, que é
o acompanhamento do ato anestésico para controle da dor, redução da
consciência, relaxamento muscular e manutenção da homeostasia (ven-
tilação pulmonar, reposição de sangue e fluídos, controle térmico, prote-
ção neurovegetativa, proteção contra isquemia de órgãos) durante o ato
cirúrgico; e também a pós-anestesia, nos cuidados em pós-operatório,
no controle de dor e vômitos, além de cuidados tardios, referente ao im-
pacto na qualidade de vida do paciente.

Pré-anestesia Anestesia Pós-anestesia

TECNICAS ANESTÉSICAS
Devem contemplar todos os quatro componentes da anestesia: analge-
sia, hipnose, relaxamento e proteção neurovegetativa.

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CLASSES DE MEDICAÇÃO
1 - Hipnóticos
• Inalatórios: sevofluorano e isofluorano;
•Venosos: midazolan, propofol, cetamina, α2adrenérgicos (clonidina,
dexmedetomidina) e neurolépticos (droperidol e clorpromazina).

2 - Analgésicos
• Opioides: fentanil, sufentanil, remifentanil;
• Cetamina.

3 - Bloqueadores neuromusculares:
• Vecurônio, rocurônio e atracúrio.

4 - Anestesia inalatória: fármacos voláteis são administrados sob pres-


são, resultando em anestesia, inconsciência e hipnose/amnésia. É possí-
vel estimar a concentração dos anestésicos inspirados e expirados.

5 - Anestesia venosa total: infusão com objetivo de alcançar analgesia,


hipnose/amnésia, relaxamento muscular e proteção neurovegetativa.
Destacam-se o propofol e remifentanil.

6 - Anestesia balanceada (inalatória + intravenosa): combinação de dro-


gas para potencializar efeitos desejados, contrabalançar efeitos adver-
sos e complementação de efeitos dos anestésicos. Exemplo: o propofol
não tem efeito analgésico e o fentanil tem pouco efeito hipnótico, então
são usados em associação.

7 - Anestesia combinada (bloqueio + geral): combinação amplamente


utilizada, em que é combinado o bloqueio loco-regional (raqui, peri, blo-
queio de plexo, entre outras) e anestesia geral, com ou sem cateter para
bloqueio contínuo, combinando a anestesia local e a sedação profunda
com anestésicos em doses inferiores às utilizadas em anestesia geral,
tanto inalatória, quanto venosa ou balanceada.

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FASES DA ANESTESIA
1ª fase - Pré-anestesia: preparo, medicação VO.
Conforme Instruções Gerais do Rol, item 7.3.1, o ato anestésico se ini-
cia com a visita pré-anestésica, prossegue com a administração da téc-
nica anestésica indicada, que compreende o acesso venoso, intubação
traqueal (quando indicada), instalação de controles e equipamentos ne-
cessários à anestesia e administração de drogas, encerrando-se com a
recuperação dos parâmetros vitais, exceto nos casos que haja indicação
de seguimento em UTI.
Sendo assim, não é pertinente a remuneração de visita do anestesio-
logista para avaliação pré-anestésica, uma vez que está inclusa no porte
anestésico previsto para o procedimento.

2ª fase – indução: começa com administração de oxigênio e agentes


anestésicos, e se prolonga até o início do procedimento cirúrgico, nesta
fase é realizado o acesso central, a canulação arterial, a intubação orotra-
queal. Tem como objetivo a rápida perda de consciência.

3ª fase – manutenção: corresponde ao período do início ao término da


cirurgia, pela inalação de agentes e/ou administração de anestésicos EV/
IM.

4ª fase – reversão: período da interrupção da cirurgia até a superficia-


lização do estado de anestesia, depende da profundidade e duração da
anestesia, termina quando o paciente está pronto para deixar a sala.
Exemplo: em anestesia geral balanceada em crianças, é utilizada medi-
cação pré-anestésica com midazolan ou clonidina; indução com alfenta-
nil + propofol; atracúrio para intubação; manutenção com sevoflurano.
Sem reversão ao final.

Estágios e sinais de anestesia


I: estágio inicial da analgesia ou hipnose até a perda de consciência.
II: agitação e inconsciência – perda de consciência até o início de padrão
regular de respiração e desaparecimento do reflexo palpebral.

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III: cirúrgico – retorno ao padrão de respiração normal, mas pouco depri-
mida, pupila miótica e centrada.
IV: paralisa bulbar – atualmente não é mais feito.

SENSOR BIS® (ÍNDICE BIO ESPECTRAL)


O índice bispectral é um equipamento utilizado para monitorização do
componente hipnótico da anestesia. São colocados eletrodos na região
frontotemporal, que captam as ondas corticais cerebrais, e o equipamen-
to processa, gerando valores a partir de algoritmos por combinação de
modelos estatísticos, que se correlacionam com a profundidade anesté-
sica na indução, manutenção e despertar da anestesia.

A escala do BIS vai de 0 a 100, sendo que o valor máximo indica que
o paciente está acordado e o valor mínimo indica supressão. Durante a
anestesia geral, o valor ideal indicado pelo BIS deve estar entre 40 e 60.
O Sensor BIS ainda mede outras variantes, como a eletroneuromiografia,
que tende a maior frequência de registro quando o paciente está na imi-
nência de despertar.

Existem vários fatores que podem afetar o Sensor BIS, como hipoglice-
mia, condições clínicas que reduzam o débito cardíaco, que reduzam o
fluxo cerebral, hipotermia, além de sofrer interferência com fármacos e
equipamentos elétricos.

Apesar de todas as vantagens da monitorização com Sensor BIS, tais


como menor consumo de anestésicos, tempo de recuperação de anes-
tesia menor e, também, da incidência de náuseas e vômitos, seu uso não
reduz o tempo total de permanência no centro cirúrgico e existe aumen-
to do custo. “

Utilização do Sensor BIS®:


https://www.medtronic.com/content/dam/covidien/library/us/en/pro-
duct/brain-monitoring/bis-complete-4-channel-monitoring-consciou-
sness-during-anesthesia-brochure.pdf

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https://www.medtronic.com/content/dam/covidien/library/us/en/pro-
duct/brain-monitoring/bis-complete-4-channel-monitoring-consciou-
sness-during-anesthesia-brochure.pdf

https://www.medtronic.
com/content/dam/
covidien/library/us/en/
product/brain-monitoring/
bis-complete-4-channel-
monitoring-consciousness-
during-anesthesia-brochure.pdf

O Sensor BIS não é remunerado em Intercâmbio, conforme deliberado


pelo CNA em Atas 58, 60 e 89; inicialmente não recomendado (Atas 58 e
60), posteriormente deliberado, negociar inclusão do Sensor BIS nas ta-
xas de sala cirúrgicas, essa deliberação foi publicada na Ata 89 assunto 11
com vigência em 1/8/2018 e sendo ratificada no Mame/2021, página 417.

O uso de medicação inalatória apenas como isofluorano + O2 demanda


uma grande depressão do córtex cerebral para reduzir o risco de respos-
ta do paciente, e esse efeito causa também uma depressão o sistema
cardiovascular.

O uso de isofluorano associado a opioides em baixa doses (como fen-


tanil ou morfina) reduz muito a necessidade de depressão cortical para

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alcançar a anestesia, com isso reduz o gasto com anestésico inalatória,
portanto a depressão sistêmica também é menor.

A uso de anestesia venosa, como a infusão de propofol associado ao


alfentanil requer menos depressão cortical e sistêmica para promover
anestesia cirúrgica.

Para alcançar a anestesia cirúrgica com altas doses de opioide (como o


fentanil), é necessário associar anestesia inalatória, como isofluorano ou
oxido nitroso, para abolir a consciência do paciente, não deprime o cór-
tex ou o sistema cardiovascular, é usado para pacientes críticos ou que
não podem sofrer depressão hemodinâmica.

DROGAS ESPECÍFICAS
INALATÓRIAS
1 - Sevorane: anestésico geral que promove todos os componentes da
anestesia, anestésico halogenado com menor depressão cardíaca e ação
vasodilatadora.
• Para crianças = 30 kg e adultos 0,39 a 0,48ml/min.
• Anestesia: 20 ml/h Sedativo 10 ml.
• Sedativo: 10 ml/h em anestesia combinada.

2 - Isofluorano: anestésico geral que promove todos os componentes da


anestesia, causa pouca depressão cardíaca, mas promove vasodilatação.

3 - Óxido nitroso.

4 - Halotano: não é mais usado por promover alto depressão cardíaca.

ANALGÉSICOS
1 - Fentanil: usado de forma rotineira, a meia vida inicial do fentanil é
de 15-30 min, e após 3-4h aumenta para 6-12h. É usado para anestesia
analgésica e na anestesia balanceada, associada a hipnótico e bloquea-
dor neuromuscular.

18
Dose para sedação: 0,5 a 1 mcg/kg/h (15 amp/dia ou 150 ml/dia).
Dose para anestesia: 2 mcg/kg/h.

2 - Alfentanil: a duração do efeito desse anestésico venoso muda pouco


com o passar do tempo. É usado para anestesia analgésica e na anestesia
balanceada, associada a hipnótico e bloqueador neuromuscular.

3 - Sufentanil.

4 - Remifentanil: opioide de ação ultracurta, tem meia vida de 10-15 mi-


nutos constante, isto é, ao interromper a administração, após 10-15 mi-
nutos o efeito desaparece, e por esse motivo precisa associar morfina
para promover a analgesia no pós-operatório imediato (POI). Não pro-
move depressão cardiovascular, anestesia em pacientes críticos, cirurgia
de grande trauma e paciente que irão permanecer em ventilação mecâ-
nica no POI.

Obs.: fentanil, sufentanil e remifentanil promovem analgesia cirúrgica,


não causam depressão cardíaca, mas podem causar depressão respirató-
ria, e também causar hipotensão e bradicardia, passíveis de controle com
vasopressores, não promovem hipnose completa (pode ficar acordado),
utilizados associados a anestésico inalatório, midazolan ou propofol.

5 - Morfina: atualmente é usada em pós-operatório imediato (POI até


48h).

6 - Cetamina: em baixas doses melhorar a qualidade da analgesia, pa-


ciente mantém olhos abertos, mantém reflexos, não precisa suporte ven-
tilatório, mantém PA e parece que está dissociado, potente analgésico, é
um broncodilatador eficaz, porém causa delírio, vômitos e hipertensão,
aumenta secreção salivar e aumenta reflexo laríngeo, é possível promo-
ver laringoespasmo (usar succinilcolina), podendo levar a morte.
Em geral é usado em associação com dexmedetomidina ou propofol.
Pode ser usado IM.
• Dose de indução: 0,5 a 1,5 mg/kg EV OU 4 a 10 mg IM.

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7 - Dexmedetomidina: ½ vida de 2 a 3h, que é próximo da ½ vida do
propofol, então é apropriada para infusão contínua; produz analgesia e
aumenta diurese.

HIPNÓTICOS
1 - Tiopental: é um barbitúrico e está em desuso, deprime a contratilida-
de miocárdica, o tônus venoso, e promove depressão ventilatória, inade-
quado para uso com máscara laríngea. Ampola 500 mg para reconstitui-
ção com 20 ml AD – solução 25 ml/ml.
• Dose 4-5 mg/kg – hipnose.

2 - Diazepan: pouco usado.

3 - Midazolan: utilizado em indução anestésica, a duração do efeito des-


se anestésico venoso muda pouco com o passar do tempo.
Concentração de 2 mg/ml - 0,03 a 0,2 mg/kg/h.
10 ampolas 15 mg ou 4 amp 50 mg/dia (ampolas de 15 mg/3 ml).
• Como pré-anestésico ou para sedação em crianças 0,05 a 0,1 mg/kg EV;
• Como pré-medicação em crianças 30 minutos antes da cirurgia, dose
oral 0,5 mg/kg;
• Como agente endovenoso único na dose de 0,3 mg/kg;
• Ampolas de 5 mg/5 ml – utilizadas para sedação;
• Ampolas de 50 mg/10 ml – utilizadas para sedação contínua (UTI).

4 - Etomidato: indução da anestesia – concentração de 2 mg/ml, dose


padrão de indução 0,3 mg/kg, uso reduzido por maior morbidade.

4 - Propofol: anestésico venoso não opioide, pode ser usado como agen-
te único ou em conjunto com anestesia venosa combinada, inalatória, lo-
co-regional e em sedação. Não é muito usado em crianças. Muito utili-
zado na indução, por possuir ação hipnótica rápida assim como rápida
recuperação, como não é analgésico, e se o procedimento induz a estí-
mulo nocivo, é usado em associação com fentanil ou alfentanil. Reduz o
laringoespasmo, e é um potente antiemético, reduz consumo O2 cere-
bral e promove relaxamento muscular, porém é depressor cardíaco, vas-

20
cular e respiratório. A duração do efeito anestésico não muda muito com
o passar do tempo.
• Como anestésico, a dose média em paciente de 70 kg sem comorbida-
des e em procedimentos com duração de 2-4h é de 20 ml/h;
• Para indução são usados 10 ml associados ao midazolan e 10 ml;
• Na manutenção de anestesia combinada, é usado a cada 30 ou 40 mi-
nutos, em associação com os anestésicos escolhidos, poupando-se mi-
nutos antes do término do procedimento (ao término do fechamento
da aponeurose, por exemplo), salvo condições especiais, para agilizar a
recuperação do paciente no POI. Nesse momento, os opioides são ad-
ministrados para garantir analgesia para esse período;
• Na sedação para pacientes em VM em UTI, as doses são ainda menores,
tendo em vista as complicações clínicas já instaladas nesses pacientes;
utilizar propofol de 3 a 8 ml/h para sedação desses pacientes, o que
gera a utilização de 5 a 10 ampolas por dia, com raras exceções;
• Indução anestésica: isolado: 1 a 2,5 mg/kg (paciente de 70 kg = 70 a 175
mg ou 1 ampola a 1% = 200 mg);
• Manutenção anestésica: isolado 0,05 a 0,2 mg/kg/min (paciente de 70
kg = 210 mg a 840 mg/h ou de 1 a 4 ampolas a 1%/h);
• Sedação: 0,2 a 1 mg/kg/h (paciente de 70 kg = 14 a 70 mg/h – 1 amp a
cada 2h);
• Anestesias associada a bloqueio locoregional: dose de sedação.

Anestesias mistas (venosa e inalatória): até 2 ampolas (400 mg) por


hora para anestesia combinada
• 0,3 a 12 mg/kg/h;
• 1 ampola 20 ml a 1% para indução (200 mg);
• Até 4 ampolas (800 mg) por hora para manutenção quando anestesia
analgésica (propofol + fentanil);
• Até 2 ampolas (400 mg) por hora para anestesia combinada (bloqueio
ou inalatória);
• 1 ampola a cada 2h para sedação;
• 10 ampolas/dia em UTI.

21
Diprivan 1% é apresentado em: embalagens com 5 ampolas contendo
20 ml. Embalagens com 1 frasco-ampola contendo 50 ou 100 ml. – utili-
zada para sedação leve e rápida.
Diprivan 1% PFS é apresentado em: embalagens com 1 seringa pronta
para uso contendo 50 ml. – utilizada para sedação prolongada.
Diprivan 2% é apresentado em: embalagens com 1 frasco-ampola con-
tendo 50 ml – utilizada para sedação prolongada ou contínua.
Diprivan 2% PFS é apresentado em: embalagens com 1 seringa pronta
para uso contendo 50 ml – utilizada para sedação prolongada.

5 - Clonidina/dexmedetomidina: agente hipnótico completo ou adju-


vante.

Bloqueadores neuromusculares
1 - Succinilcolina: usado em urgências;
2 - Pancurônio: pouco usado;
3 - Rocuronio: usado de rotina, curta duração e sem efeito hemodinâmi-
co, dose 0,004 a 0,006 mg/kg/min - 60 ml/dia;
4 - Atracúrio: usado de rotina, curta duração e sem efeito hemodinâmico,
dose - 0,6 a 0,8 mg/kg/h - 24 ampolas de 5 ml/dia;
5 - Vecurônio: usado de rotina, curta duração e sem efeito hemodinâmi-
co.

Drogas adjuvantes: melhoram a qualidade de anestesia, podem reduzir o


consumo de anestésicos e proteger órgãos do risco de lesão isquêmica.

1 - Atropina: bloqueador de secreções e previne bradicardia;


2 - Lidocaína: é um antiarrítmico usado em crianças para intubação e ex-
tubação;
3 - Vasopressores (efedrina, adrenalina);
4 - Magnésio: promover anestesia geral;
5 - Antiéticos: administrados no início da cirurgia, tem longa duração -
dexametasona e ondasentrona;
6 - Anti-histamínicos;
7 - Corticoides;

22
8 - Ranitidina e omeprazol;
9 - Droperidol: efeito neuroléptico – melhora o efeito sedativo e hipnó-
tico, além de ser antiemético;
10 - Adren (agonista a2): doses para melhorar a qualidade da analgesia;
11 - Clonidina: tem ½ vida longa 6 a 12h.

Analgesia pós-operatória
12 - AINE: cetoprofeno mais eficaz;
13 - Opioide: morfina ou tramadol;
14 - Dipirona;
15 - Bloqueio regional;
16 - Opioide regional (peridural, raquianestesia).

AGENTES DE REVERSÃO
Não são indicados rotineiramente no procedimento anestésico.

1 - Reversão de efeitos hipnóticos e sedativos


Flumazenil: é usado para encerramento da anestesia geral induzida e
mantida com benzodiazepínicos, é usado também quando o paciente é
sedado para intubação e por dificuldades técnicas, não é possível sua re-
alização, indicada reversão rápida; se foi usado um hipnótico para indu-
ção, não existe indicação para uso ao final do ato anestésico, deve ser
justificado.

O Flumazenil é indicado para reversão de depressão respiratória provo-


cada por benzodiazepínicos; tem indicação nas intoxicações por benzo-
diazepínicos, assim como no diagnóstico diferencial de depressão respi-
ratória de causa não conhecida, em que se deseja afastar intoxicação por
benzodiazepínicos; tem duração de ação muito menor que a dos benzo-
diazepínicos, e requer monitorização e doses adicionais a cada 2h até se
obter a reversão da depressão respiratória, usualmente em 36 a 48h.
Sendo a administração anestésica de doses adequadamente controladas
do benzodiazepínico, sua indicação em anestesia restringe-se aos casos
de superdosagem acidental ou decorrente de comorbidades que promo-
vam superdosagem metabólica, como insuficiência hepática, renal, obe-

23
sidade mórbida, entre outros.

Naloxona: é um antagonista opioide indicado para tratamento emergen-


cial de superdose ou intoxicação por opioides, que provoquem em de-
pressão respiratória, com uso de morfina, nalbufina e sufentanila.
Sendo a administração anestésica de doses adequadamente controladas
do opioide, sua indicação restringe-se aos casos de superdosagem con-
forme citado para os benzodiazepínicos.

2 - Reversão de bloqueio neuromuscular


Os bloqueadores musculares são essenciais na prática anestésica, facili-
tando a intubação orotraqueal e promovem condições cirúrgicas ótimas
para uma variedade de procedimentos, mas relaciona-se ao aumento da
mortalidade em anestesia geral, por complicações respiratórias associa-
das à paralisia residual, que é definida como paralisia ou fraqueza mus-
cular devido à ausência completa ou parcial do antagonismo aos bloque-
adores neuromusculares, descrita com razão TOF T4/T1 < 0.9.

A administração de anticolinesterásicos ao final do procedimento reduz


de 62% para 3% esse tipo de complicação, e associando atropina, por
exemplo, evita a bradicardia e hipotensão.

A reversão do bloqueio muscular, quando indicada, pode ser feita com


anticolinesterásicos.

O rocurônio é uma medicação de curta duração (40 min) e se não for ne-
cessária uma dose próxima ao final da cirurgia, não requer reversão.

TOF – RAZÃO T4/T1


A recuperação do bloqueio neuromuscular é avaliada por meio do uso de
estímulos elétricos em nervos motores periféricos (resposta evocada).
A estimulação do nervo é realizada por meio de quatro estímulos supra
máximos com intervalos de 0,5 seg por um período de 2 segundos (train
of four – TOF).

24
Na ausência de bloqueio, as quatro respostas possuem a mesma ampli-
tude.

Na presença de um bloqueio, a contração muscular exibe um decréscimo


progressivo na amplitude (fadiga), que é proporcional à intensidade do
bloqueio.

A presença de apenas 1 contração significa 90% de bloqueio; de duas


contrações, 80% de bloqueio; de três contrações, 75% de bloqueio e au-
sência de qualquer resposta, significa bloqueio total.

É por meio da relação de amplitude da quarta e primeira resposta (T4/T1)


que o bloqueio é avaliado.
Razão T4/T1 > 0.7 sugere que o paciente não desenvolverá dificuldade
respiratória, mas não é suficiente para prevenir aspiração do suco gástri-
co ou obstrução de vias aéreas.
Razão T4/T1 ≥ 0,8 representa a capacidade do paciente gerar volume cor-
rente, fluxo inspiratório e expiratório e ventilação voluntária. Essa asso-
ciada à capacidade do paciente manter a cabeça elevada por 5 segundos.
Razão ≥ 0.9 dificuldade de deglutição desaparece.

1 - Neostigmina: possui efeito teto com dose máxima recomendada 0,07


mg/kg, sua capacidade de reverter o bloqueio depende do início da recu-
peração espontânea. Estima-se que o tempo médio de recuperação após
duas respostas no TOF é de 18,5 min. Estudos demonstram que apenas
16% dos pacientes entre três e quatro respostas no TOF alcançam rela-
ção T4/T1 >0,9 em 10 minutos.

2 - Sugamadex: é uma gamaciclodextrina formulada para encapsular a


molécula de rocurônio e vecurônio, diminuindo rapidamente sua con-
centração sérica, e possui eliminação renal. Capaz de promover reversão
de todas as profundidades de bloqueio neuromuscular induzido por ro-
curônio ou vecurônio, a dose de Sugamadex depende da profundidade
do bloqueio neuromuscular, da dose bloqueador e do tempo decorrido
após a administração do bloqueador. É uma medicação segura e eficaz,

25
além de possuir tempo reversão menor que a Neostigmina, com perfil de
segurança semelhante.

Obs. 1: em pacientes com doença renal, o bloqueio se processa lenta-


mente, e o complexo permanece mais tempo na circulação, não há estu-
dos que garantam segurança nessa população.

Obs. 2: em um estudo, doses de 4 mg/kg e 16 mg/kg resultaram em pro-


longações de TTPa e TP, de curta duração, não houve efeito clinicamente
relevante sobre incidência de complicações hemorrágicas.

Cameron KS, Clark JK, Cooper A, Fielding L, Palin R, Rutherford SJ, Zhang MQ.
Modified gamma-cyclodextrins and their rocuronium complexes. Org Lett. 2002 Oct
3;4(20):3403-6. doi: 10.1021/ol020126w. PMID: 12323029.

INDICAÇÕES EM BULA DE BRIDION® REGISTRADA NA ANVISA


Indicações bridion® é indicado para proporcionar a reversão do bloqueio
neuromuscular induzido por rocurônio ou vecurônio. Para a população
pediátrica, o sugamadex é recomendado apenas para reversão de rotina
do bloqueio induzido por rocurônio em crianças e adolescentes.

Sugestão de uso racional do Sugamadex:


1 - Casos em que exista contraindicação aos anticolinesterásicos (tais
como asma, insuficiência coronariana, bradiarritmias);

2 - Casos que se espera um efeito prolongado do relaxante (insuficiên-


cia hepática, disfunção renal, obesidade mórbida), uma vez que o antico-
linesterásicos é fugaz, e em raríssimas ocasiões em que o paciente aca-
bou de ser anestesiado e a cirurgia é suspensa, é que o sugamadex está
indicado;

26
3 - Em procedimento de curta duração, em que há contraindicação
ao uso de succinilcolina (miorrelaxante despolarizante, ação rápida e
fugaz), tais como grandes queimados, miopatias, síndrome do neurô-
nio motor, miastenia, quando se utiliza rocurônio em vez de succi-
nilcolina para IOT e o procedimento é rápido (uma troca de sonda
de traqueo, por exemplo), então se usa sugamadex para reverter o
rocurônio. A administração de sugamadex em altas doses, 3 minutos
após o rocurônio, demonstrou ser uma técnica para reversão imedia-
ta de bloqueio neuromuscular eficaz, com tempos de reversão mais
rápidos quando comparado ao uso de succinilcolina.

A dose preconizada para reversão de efeito residual de rocurônio é


de 2 mg/kg; desta forma, uma ampola de 200 mg é suficiente para
tal finalidade.
Doses superiores requerem justificativa para utilização, como co-
morbidades que retardam a eliminação do rocurônio e assim prolon-
guem seu efeito relaxante muscular.

ANESTESIA REGIONAL
Perda reversível da sensibilidade regional, decorrente da administra-
ção de um ou mais analgésicos, com objetivo de bloquear ou aneste-
siar a condução nervosa a uma extremidade ou região do corpo. Pode
ser por bloqueio de neuroeixo (BNE) ou de nervo periférico (BNP),
recomendadas para realização em cirurgia ambulatorial.

Quanto ao bloqueio de neuroeixo, é usada baixa dose de anestésico


local com ou sem opioides – BSA “mini-dose” com pouco bloqueio
motor, e paciente acordado, pode ser unilateral (apenas do lado da
cirurgia) ou seletivo (administração de doses mínimas de anestésico
local para bloqueio segmentar dos nervos envolvidos na área cirúr-
gica), permite minimizar o efeito sobre a função motora.

A opção pela anestesia regional em detrimento da anestesia geral


reflexe:

27
• Preferência do paciente;
• Doenças com patologia associada (ASA III) – coagulopatia, doença neu-
rológica e MAV;
• Síndrome da apneia obstrutiva do sono;
• Patologia cardiorrespiratória;
• Obesidade;
• Refluxo gastro esofágico;
• Via aérea difícil;
• Local cirúrgico.
Contraindicações absolutas: infecção no local da punção, alergia aos
anestésicos locais ou recusa por parte do paciente.

DOSE MÁXIMA RECOMENDADA


ANESTÉSICO LOCAL
(mg/kg)
Bupivacaina* 2,0
Levobupivacaina 2,3 - 3,0
Ropivacaina 3,0 - 4,0
Lindocaina sem adrenalina 4,0
Lindocaina com adrenalina 7,0
Meprivacaina 7,0
*bupivacaina não está recomendada para BNP.

1 - RAQUIANESTESIA
O anestésico é injetado no espaço subaracnóideo e se mistura ao liquor.
Ocorre bloqueio seletivo sensorial do nervo periférico e de raízes nervo-
sas, perda de atividades autonômica (temperatura), sensitiva e motora.
O anestésico pode ser uma solução mais pesada que o liquor, assim, por
gravidade, se deposita no liquor após injeção, é possível direcionar o ní-
vel do bloqueio para cima, para baixo ou para um lado do cordão, com a
mobilização do paciente, demandando menores doses de anestésicos.
Duração não controlável.

28
Utiliza bupivacaina, lidocaína, procaína e
mepivacaina.
A associação com epinefrina, fenilefrina e
opioides aumentam a duração do bloqueio.
Feita nos níveis L2-L3, L3-L4 ou L4-L5.
Principalmente usado em cirurgias de ca-
vidade pélvica e MMII.
www.mdsaude.com

2 - Peridural
Muito realizada em crianças, o anestésico é injetado entre o ligamento
amarelo e a dura mater e pode ser feita em qualquer nível da coluna. Tem
menor incidência de cefaleia quando comparada com raqui, possível fa-
zer bloqueios mais restritos a faixas de dermátomos e permite a realiza-
ção de técnicas com cateter (peridural contínua) para analgesia pós-ope-
ratória. A concentração administrada diferencia analgesia da anestesia.

Uso de bupivacaina, lidocaína, ropivacaina e cloroprocaina, associação


com adrenalina aumenta a duração do bloqueio. Agulhas mais calibro-
sas para permitir a passagem do cateter. Espaço virtual maior, demanda
maiores doses de anestésicos.

3 - Bloqueio de plexos
Injeção de anestésico local nas proximidades de um plexo nervoso, como
braquial, cervical, lombossacral e femoral.

O início e duração do bloqueio são relacionados à droga utilizada, sua


concentração e volume, preferencialmente associada a vasoconstritor,
prevenindo isquemia e necrose da extremidade, exceto em regiões de
irrigação terminal.

4 - Bloqueio de nervos periféricos


Utilizado em associação com anestesia para prolongar a analgesia pós-
-operatória, pode ser realizado em membros superiores, inferiores, pare-
de torácica ou abdominal, o acesso ao nervo pode ser guiado por UG.

29
Exemplo: bloqueio de nervos intercostais - utilizado em cirurgias de pa-
rede abdominal com bupivacaina + adrenalina, de T6 a T12, com analge-
sia de pós-operatório de até 18h.

5 - Anestesia local
É um bloqueio reversível da condução nervosa, determinando perda das
sensações, em nível local, sem alteração do nível de consciência. Obtida
por infiltração em tecidos da área a ser operada, com anestésicos locais,
para área cirúrgica circunscrita. A administração local concomitante com
um vasoconstritor reduz efeitos sistêmicos e prolonga efeitos locais.
Procedimentos ambulatoriais sem pré-anestesia.

30
ORIENTAÇÕES
PARA AUDITORIA

31
Para todo procedimento anestésico (exceto anestesia local), é necessá-
rio instalação de cateter de O2, bom acesso venoso e hidratação venosa
com SF 0,9%.

SEDAÇÃO
A sedação é um método utilizado para o alívio da dor e manejo do pa-
ciente, aumentando a chance de sucesso técnico do procedimento.
1 - EDA, Ecoendoscopia alta, CPRE: midazolan ou propofol. A associação
de propofol com midazolan reduz o consumo de propofol, porém leva o
maior tempo de recuperação do paciente.
2 - Colonoscopia: propofol associado ou não a midazolan/fentanil é su-
perior ao uso de midazolan associado a opioides (fentanil ou meperidina).
3 - BERA, TC, RM em pacientes pediátricos: exame indolor, duração en-
tre 30-90 min., tem como objetivo promover a imobilidade. O uso pro-
pofol está associado a maior incidência de hipotensão arterial. Utilizada
cetamina, midazolan e fentanil.
4 - Procedimentos ortopédicos: a desinsuflação do manguito pneumá-
tico após procedimento ortopédico produz liberação de radicais livres,
relacionados com lesão de isquemia e reperfusão, o propofol promove
menor liberação, resultando em menor agressão.

PROBABILIDADE DO TIPO DE ANESTESIA X PORTE ANESTÉSICO (PA)


1 - PA 0 em geral é associada a procedimentos que demandem anestesia
local:
• Lidocaína ou neocaína ou bupivacaína com vasoconstritor (na maioria
dos casos), máximo 40 ml.

2 - PA 1 a 3 em geral associada a procedimentos que demandem sedação


com xx + yyy medicação:
• Dormonid + Propofol + hidratação venosa.
• Sedação para procedimentos álgicos, se acrescenta Fentanil (colonos-
copia, por exemplo). Eventualmente antieméticos.

32
3 - PA 4 em geral associada a procedimentos que demandem anestesia
geral.

GERAL INALATÓRIA
Dormonid + propofol (dose sedação) + relaxante muscular + hidratação
venosa + dexametasona + antibiótico + anti-emético + atropina + neos-
tigmina ou bridion + sevorane 20 ml/h. Opióde ao final para analgesia no
POI.

GERAL VENOSA:
Dormonid + propofol (dose anestésica) + fentanil (dose anestésica) +
anti-inflamatório + relaxante muscular + hidratação venosa + dexameta-
sona + antibiótico + atropina + neostigmina ou bridion. Não requer mais
opioide ao final, mas é usualmente utilizado.
fentanil pode ser substituído por ultiva.

GERAL MISTA (VENOSA + INALATÓRIA)


Dormonid + propofol (dose sedação) + fentanil (dose sedação) + relaxan-
te muscular + hidratação venosa + dexametasona + antibiótico + atro-
pina + neostigmina ou bridion + sevorane 10 ml/h. Opióide ao final para
analgesia no POI.

4 - PA 5-6 em geral associada a procedimentos que demandem raquiane-


setsia + geral.

A raquianestesia é utilizada para anestesia pélvica e de MMII de média


duração (até 2h), considerar sedação associada.

A peridural é utilizada para procedimentos de abdome superior ou mes-


mo pélvica e de MMII mais longos, considerar associar anestesia mista
(geral + inalatória).
Parto vaginal: analgesia com bupivacaina 0,25% + fentanil.
Parto cesariano: anestesia com bupivacaina 0,5% (analgesia + bloqueio
de sensações + relaxamento muscular).

33
Bloqueios locorregionais como os de plexo para cirurgia ortopédica de
membro superior, considerar associar sedação.

A título de exemplo, em cirurgias abdominais/pélvicas, usualmente reali-


za-se bloqueio (raqui, peridural, epidural) + anestesia geral (indução com
benzodiazepínico e propofol ou sufentanila, manutenção com sevorane
+ opioides + propofol, relaxante muscular para proporcionar boa ventila-
ção mecânica e relaxamento da musculatura abdominal, potencializados
pelo protóxido.

Sendo a analgesia pós-operatória um importante fator na recuperação


do paciente, há casos em que são indicadas técnicas anestésicas que
promovam tal analgesia.

Tema discutido pelo CNA em Ata 81:


• Remuneração de anestesia geral associada ao bloqueio com instalação
de cateter peridural atrelada à solicitação prévia do médico assistente,
solicitação que deve ser checada pela Unimed Executora antes do envio
para autorização pela Unimed Origem;
• Remuneração: obedecer às instruções gerais do Rol de Procedimentos
Unimed;
• Pagamento de instalação de bomba para analgesia contínua apenas uma
vez e tornando excluído o código de analgesia diária, quando cobrados
no mesmo dia;
• Pagamento de instalação de catéter peridural para analgesia contínua
apenas uma vez e tornando excluído o código de analgesia diária, quan-
do cobrados no mesmo dia.

Complemento em Ata 83:


Quando realizado bloqueio com finalidade específica de analgesia pós-
-operatória, após término do procedimento anestésico, o anestesiolo-
gista deverá ser remunerado separadamente:
• Anestesia geral (100%) + Peridural (70%);
• Anestesia geral (100%) + bloqueio de plexo (70%);

34
• Os procedimentos associados devem estar descritos na ficha anestési-
ca, a ser auditada pela Unimed Executora;
• Instalação de bomba de infusão para analgesia – remunerar apenas
quando utilizada bomba de PCA, já que a simples instalação de droga
no acesso escolhido (seja peridural ou endovenoso) não justifica a co-
brança desse item como procedimento;
• Analgesia por dia subsequente – remunerar sempre que for mantido o
cateter peridural.

Não é devida a remuneração de bloqueio (peridural ou de plexo), ou de


passagem de cateter peridural com bloqueio de prova, se o bloqueio fez
parte do procedimento anestésico para realização da cirurgia, pois nes-
se caso tais procedimentos já foram remunerados pelo porte anestésico
previsto para o procedimento.

Lembrando que o procedimento 31602029 - Analgesia é por dia subse-


quente.

Acompanhamento de analgesia por cateter peridural é exclusivo para a


presença de cateter peridural, conforme descrição do código no Rol.
O acompanhamento de analgesia por dia subsequente para quaisquer
outros métodos deve ser remunerado pela visita médica.

35
ELABORAÇÃO

Dra. Eliane Gomes Amorim


Auditoria Unimed Fesp

Dra. Maria Helena Gogone


Auditoria Unimed Fesp

EQUIPE DA UNIMED FESP

Mauro Couri
Superintendente Operacional
mauro.couri@unimedfesp.coop.br

Michel Abud
Gerente de Contas Médicas
michel.abud@unimedfesp.coop.br

Adriana Francisca dos Santos


Coord. Adm. Auditoria
Técnica de Contas
adriana.francisca@unimedfesp.
coop.br

36
EQUIPE TÉCNICA

Eliane Gomes Amorim


eliane.amorim@unimedfesp.coop.br

Maria Helena Vargas Pinto Gogone


maria.gogone@unimedfesp.coop.br

37
REFERÊNCIAS

38
1 - https://www.apca.com.pt/documentos/recomendacoes/recomenda-
coesAnestesiaRegional2.pdf

2 - https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=1489913

3 - Alencar AFF, Louzada LAL, Jorge JC, Sá MCC. Adversida-


des do bloqueio e da reversão neuromuscular. DOI://www.dx.doi.
org/10.5935/2238.20160005

4 - Fuchs-Buder T, Meistelman C, Raft J. Sugammadex: clinical develop-


ment and practical use. Korean J Anesthesiol. 2013;65(6):495-500.

5 - Song IA, Seo KS, Oh AY, No HJ, Hwang JW, Jeon YT, et al. Timing of
reversal with respect to three nerve stimulator end-points from cisatra-
curium-induced neuromuscular block. Anaesthesia. 2015;70(7):797-802.

6 - Milagre AF, Teixeira AB, Souza N, Filho NL, Heck J. Monitoriza-


ção do bloqueio neuromuscular. https://docs.bvsalud.org/biblio-
ref/2018/03/880752/monitorizacao-do-bloqueio-neuromuscular.pdf

7 - Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências – Unimed do


Brasil. Sumário das Evidências e Recomendação para a Utilização de Su-
gamadex na Reversão de Bloqueio Neuromuscular em Anestesia Geral.
Porto Alegre, fevereiro de 2012

8 - Mitcell C, Lobaz S. Uma Visão Geral do Sugammadex. https://tuto-


riaisdeanestesia.paginas.ufsc.br/files/2016/07/332-Uma-Vis%C3%A3o-
-Geral-do-Sugammadex.pdf

9 - Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Anestesia Venosa Total para


Sedação. 27 de janeiro de 2009. Projeto Diretrizes.

10 - Lupton T, Pratt O. Fármacos endovenosos utilizados para indução


anestésica. Tutorial de Anestesia. Sociedade Brasileira de Anestesiologia.

39
11 - RECOMENDAÇÕES PARA ANESTESIA REGIONAL EM CIRURGIA
AMBULATÓRIA. https://docplayer.com.br/6449051-Recomendacoes-
-para-anestesia-regional-em-cirurgia-ambulatoria.html

12 - Manual de Consultas das Normas de Auditoria Médica e Enferma-


gem – 2021 – Unimed do Brasil

13 - Effects of bispectral index monitoring on ambulatory anesthe-


sia: a meta-analysis of randomized controlled trials and a cost analysis.
Anesthesiology 2004;101:311-5.

14 - Uso correto do monitor de consciencia. http://rmmg.org/artigo/


detalhes/878

15- Monitorização dos niveis de consciencia em anestesiologia. http://


rmmg.org/artigo/detalhes/239

16- MONITORING CONSCIOUSNESS Using the Bispectral Index™


(BIS™) brain monitoring system. www.meditronic.com

17- Cameron KS, Clark JK, Cooper A, Fielding L, Palin R, Rutherford SJ,
Zhang MQ. Modified gamma-cyclodextrins and their rocuronium com-
plexes. Org Lett. 2002 Oct 3;4(20):3403-6. doi: 10.1021/ol020126w.
PMID: 12323029.

40
Agosto de 2021

41

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