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Médicos em
DE EDUCAÇÃO
Atenção Primária
PERMANENTE à Saúde
EM SAÚDE
DA FAMÍLIA
UNIDADE
Procedimentos
1
dermatológicos
em APS I
Condições necessárias
As condições de ambiência e insumos para realização de procedimentos na Atenção Primá-
ria à Saúde (APS) ainda são grandes desafios para essa prática no Sistema Único de Saúde
(SUS). Contudo, um médico, ciente de suas competências e das demandas da população,
irá tencionar, junto aos gestores, e valendo-se de argumentos cientificamente embasados,
ajudar na construção de uma Atenção Primária à Saúde (APS) de maior qualidade no país
(GUSSO; LOPES, 2012).
Linha do tempo 1
Linha do tempo 2
Linha do tempo 3
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/alertas/2009/
informe_tecnico_1.pdf
Esses insumos e instrumentais estão presentes no contexto da sua APS? Você costuma uti-
lizá-los em sua prática profissional? Eles serão essenciais para a realização de alguns proce-
dimentos que veremos a seguir, tais como a anestesia locorregional, que será abordada na
próxima aula.
A maioria das cirurgias de menor porte, ou ambulatoriais, é realizada com anestesia local.
A técnica de administração adequada pode reduzir o desconforto do paciente, melhorar a
sua satisfação com o serviço e também o desfecho do procedimento (MAYEAUX, 2012).
Os anestésicos locais produzem bloqueio reversível dos impulsos neurais em uma região
delimitada do corpo, sem alterações sistêmicas significativas (DUNCAM et al., 2013).
Toxicidade
Embora raros, efeitos adversos da anestesia podem ocorrer. As manifestações clínicas
podem ter início com sensação de dormência na língua e distúrbios visuais e auditivos,
e então progredir para contraturas musculares, inconsciência, convulsões, hipotensão arte-
rial, coma, depressão respiratória e morte (DUNCAM et al., 2013).
A profilaxia é a melhor estratégia para impedir os efeitos adversos, assim, deve-se evitar
a infiltração inadvertida em vasos sanguíneos, além de fazer uso da menor dose necessária,
respeitando a dose máxima de equivalência de 3,5 mg/kg de lidocaína (CFM, 2008).
Anestesia tópica
Na anestesia tópica, a analgesia é obtida pelo contato direto do agente anestésico sobre
a pele ou mucosas. É bastante utilizada na anestesia de conjuntiva ocular (tetracaína 1% por
gotejamento), mucosa nasal, conduto auditivo, mucosa orofaríngea (lidocaína 2% solução)
e mucosa uretral (lidocaína 2% geleia).
Anestésicos locais em geral não têm efeito tópico sobre a pele intacta. Preparações especí-
ficas são usadas para esse fim, como a mistura eutética de anestésicos locais (EMLA®). No
Brasil, a formulação mais comum é lidocaína 2,5% + prilocaína 2,5% em creme. A aplicação
deve ser feita em pele intacta, ao menos uma hora antes do procedimento, e coberta com
curativo oclusivo.
A anestesia local cutânea tem como principais indicações pequenos procedimentos derma-
tológicos, como curetagem, shaving, aplicação de toxina botulínica, exérese de acrocórdons,
microagulhamento, além de auxiliar nas infiltrações e punções por agulhas.
Os anestésicos locais podem ser injetados por via intradérmica ou subdérmica. A adminis-
tração intradérmica produz uma elevação visível na pele, e o início de ação do anestésico é
quase imediato. As injeções subdérmicas agem mais lentamente, mas em geral produzem
muito menos desconforto para o paciente (MAYEAUX, 2012).
Tem como indicações principalmente a drenagem de abscesso, visto que a anestesia infil-
trativa é ineficaz devido à acidez do meio infectado. Além disso, usa-se o bloqueio de campo
quando se deseja preservar a topografia da lesão, visto que a anestesia local infiltrativa
promove distorção na pele devido ao volume de anestésico infiltrado (GUSSO; LOPES, 2012).
O bloqueio troncular consiste na injeção da solução anestésica no trajeto dos troncos nervo-
sos ou ao longo das fibras dos nervos periféricos. Na atenção primária, o bloqueio troncular
mais utilizado é o bloqueio digital.
O bloqueio nervoso digital anestesia simultaneamente os quatro nervos digitais que cruzam
as laterais dos dedos. Essa técnica propicia uma duração maior da anestesia do que a infil-
tração local e não distorce as marcas anatômicas para cirurgia dos dedos.
A secção transversa do dedo revela os nervos cruzando lateralmente de cada lado dele. Um
nervo cursa no aspecto plantar ou palmar e um é mais dorsal.
Anestésico
Duração Dose máxima Dose para
Concentrações Toxicidade Potência
do efeito para adultos crianças
mais comuns
150mg ou
Lidocaína 1 a 2% 300mg ou 3,5 a 2,5mg/kg
2 4 1 hora
sem adrenalina 4,5mg/kg Regra de Young
ou Clark
Lidocaína 1 a 2%
com adrenalina
2 4 Até 3 horas 500 ou 7mg/kg 3,5 a 4,5mg/kg
a 1/100.000 ou
1/200.000
Mepivacaína a 3%
sem adrenalina
4,5 a 6,6mg/kg,
Mepivacaína a 2% 4,5 a 6,6mg/kg
1,5 a 2 4 1 a 6 horas no máximo 5
com adrenalina até 400mg
tubetes
1/100.000 a
1/200.000
Na situação-problema deste módulo, dona Vitória procurou a UBS para realizar drenagem
do abscesso nas costas. Vamos ver como realizar esse procedimento?
Suturas
O náilon é a sutura não absorvível mais usada em cirurgia de pele. Tem alta força tensora,
mínima reação no tecido, excelentes propriedades elásticas e baixo custo. O único ponto
negativo do náilon é seu alto grau de memória. Um grande número de nós (três ou quatro)
é recomendável para segurar a sutura no lugar (GADELHA; COSTA, 2017).
Para a escolha da espessura do fio a ser utilizado na pele, utiliza-se como regra básica: 5-0
na face, 4-0 no pescoço, 3-0 ou 4-0 no tronco, 3-0 para nuca, couro cabeludo e membros.
Em extremidades dos dedos, regiões de mãos e pés com menor tensão, pode-se utilizar
fios mais finos, como o 4-0. Nas pálpebras, utiliza-se fio 5-0 ou 6-0 (GUSSO; LOPES, 2012).
É importante destacar que o tamanho e a tensão sobre a lesão também influenciam sobre
a espessura do fio a ser utilizado.
Drenagem de abscesso
Abscessos, quando mal delimitados e sem flutuação ou menores de 5 mm, podem ter tra-
tamento conservador, devendo o quadro ser revisado em até 48 horas. A terapia conserva-
dora para os pequenos abscessos inclui compressas mornas úmidas e antibióticos anties-
tafilococos.
Quando não se resolvem os abscessos por drenagem espontânea, se encontram bem delimi-
tados e com flutuação, o tratamento deles é, primariamente, por meio de incisão e drenagem.
https://www.youtube.com/watch?v=f3Zc6_-kUzY&t=7s.
- Anestesia: por bloqueio troncular ou de campo em leque ou circular à lesão, na pele sã.
Pode ser realizado um botão anestésico no local da incisão (o ambiente de um abscesso é
ácido, o que pode causar perda da eficácia do anestésico).
- Após, evacua-se o conteúdo purulento. A cavidade deve ser explorada com uma pinça
hemostática a fim de desfazer possíveis septações dentro do abscesso. O abscesso não deve
ser espremido. Em seguida, deve-se lavar a loja, injetando soro fisiológico com baixa pres-
são, utilizando-se uma seringa.
- Curativo: ao final do procedimento, faz-se um curativo, que deverá ser trocado todos os
dias. O paciente deve ser instruído a manter o local da drenagem limpo, seco e coberto com
material absorvente.
Pedir para o paciente retornar em um ou dois dias para remoção das gazes e do dreno, e
para verificação da ferida. Associar compressas mornas no local até melhora, podendo-se
usar analgésicos ou anti-inflamatórios para dor.
Deve-se evitar o manejo de alguns tipos de abscesso na APS pelo risco de complicações sis-
têmicas, representando contraindicações ao procedimento nesse nível de assistência:
Agora sabemos o que pode ser feito com o abscesso da dona Vitória da situação-proble-
ma. Na próxima unidade, teremos mais aulas sobre procedimentos dermatológicos na APS.
Bons estudos!
Procedimentos Médicos em Atenção Primária à Saúde
Procedimentos dermatológicos em APS I 21