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Monitorização hemodinâmica invasiva

Article · June 2013

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Luis Miguel Nunes Oliveira


Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
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ciência & técnica

Entrada do artigo ABRIL 2013

MONITORIZAÇÃO
HEMODINÂMICA INVASIVA
Thereza Raquel Machado Azeredo
Estudante em Erasmus, finalista do curso de licenciatura da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

LUIS MIGUEL N. OLIVEIRA


Professor adjunto da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
ABRIL 2013

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Resumo Abstract
O processo de avaliação do doente crítico faz-se, The process of evaluation of critically-ill patients
também, por meio da utilização do monitor cardí- it is, also, through the use of the cardiac monitor,
aco, das linhas de monitorização hemodinâmica lines of hemodynamic monitoring and laboratory
e das análises laboratoriais, o que difere na sua analyzes, which differs in its evaluation of other
avaliação de outros doentes. Porém, os dados da sick people. However, monitoring data does
monitorização não significam nada se não forem not mean anything if they are not added to
somados a achados físicos e analisados de forma the physical findings and analyzed critically
crítica pelo enfermeiro. Neste artigo pretende-se
by nurses. This article seeks to describe the
descrever as intervenções e o papel do enfermeiro
interventions and the role of the nurse in in-
na monitorização hemodinâmica invasiva.
vasive hemodynamic monitoring.

Palavras-Chave: monitorização invasiva, enfer-


Keywords: Invasive monitoring, nurse, criti-
meiro, doente crítico cally-ill patients
ciência & técnica

INTRODUÇÃO mas e avalie de forma contínua a resposta


Apesar do rápido avanço das técnicas de do doente ao equipamento; pesquise sinais
monitorização não invasiva, a monitoriza- inflamatórios nos locais de inserção dos ca-
ção hemodinâmica invasiva é fundamen- teteres; crie uma rotina de substituição dos
tal em Unidades de Cuidados Intensivos pensos (Monahan, F.D., 2007).
e cabe ao profissional escolher o método Assim, é de extrema importância que o
mais correto para essa monitorização, res- enfermeiro intensivista esteja preparado
peitando a individualidade de cada doen- e seja conhecedor das diferentes técnicas
te. Esta monitorização é feita por meio da de monitorização invasiva para uma me-
utilização de cateteres e transdutores que lhor assistência ao doente internado. A
ligados ao sistema, mostram os resultados avaliação do doente com monitorização
encontrados em forma de onda no moni- invasiva deve ser rigorosa, organizada e
tor cardíaco (Dias et al., 2006). individualizada, para que sejam evidentes
Os profissionais de saúde envolvidos nos pequenas alterações ou desvios de dados
cuidados com o paciente crítico são res- e para que se identifiquem as reacções fí-
ponsáveis por garantir a validade da in- sicas e psicológicas do organismo, no que
formação sobre a hemodinâmica do do- se refere ao stresse a que esses pacientes
ente. Para isso, é indispensável que o en- estão submetidos (Monahan, F.D.,2007).
fermeiro saiba interpretar a morfologias
das ondas, para poder analisar e respon-
der adequadamente aos valores indica- MONITORIZAÇÃO HEMODINÂMICA 45
dos no ecrã (Nunes & Terzi, 1999). Assim, INVASIVA
erros na leitura e interpretação dos valo- A monitorização hemodinâmica refere-se
res obtidos, problema na permeabilidade à monitorização invasiva do sistema arte-
do sistema ou até erros na calibragem do rial e venoso, utilizada para medir pres-
sistema, podem levar a obtenção de va- sões intracardíacas, intrapulmonares, in-
lores não fiáveis que acarretam compli- travasculares e também para determinar
cações na assistência prestada ao doente a eficácia da terapia (Ramos et al., 2008).
(Monahan, F.D., 2007).
Como sabemos, a monitorização invasi- Monitorização intra-arterial
va acarreta riscos para o paciente crítico, A monitorização intra-arterial faz-se
que além de se encontrar numa situação através da introdução de um cateter
de fragilidade, fica exposto a um risco au- numa artéria e a ligação deste cateter a
mentado de complicações, como a embolia um sistema de fluxo de alta pressão, com
gasosa, a hemorragia, a má colocação dos soro heparinizado. As artérias geralmen-
cateteres, a lesão dos tecidos ou compro- te escolhidas para esse tipo de monito-
misso hemodinâmico decorrente da in- rização são a radial ou a femoral. Essa
trodução de um corpo estranho ou do seu monitorização é utilizada nos casos que
incorreto posicionamento. Desta forma, é há necessidade de uma monitorização
fundamental que o enfermeiro utilize téc- contínua da pressão arterial do doente
nica assética para manutenção dos siste- e permitindo também um rápido acesso
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para obter gasometria arterial ou outras Material necessário:


amostras laboratoriais (Monahan, F.D., • monitor de pressão invasiva;
2007). São indicação para a utilização • kit introdutor para pressão arterial
deste tipo de monitorização: (radial ou femural);
• hipotensão ou hipertensão grave; • kit de monitorização;
• arritmias graves; • solução salina;
• grandes cirurgias; • bolsa de pressurização;
• vasoconstrição periférica; • bandeja e material para punção veno-
• oscilações súbitas da pressão arterial. sa.
Para que haja uma maior precisão nos
dados obtidos por meio da monitoriza- Riscos e complicações:
ção intra-arterial, é necessário manter • comprometimento vascular (ex.: trom-
o nível do transdutor no ponto de refe- bose; hematoma; espasmo vascular);
rência zero, limitar o uso de torneiras de • desconexão e exsanguinação;
três vias, retirar todas as bolhas de ar do • injeção acidental de medicamentos;
sistema e calibrar o transdutor para uma • infeção local e sistémica;
pressão atmosférica anterior ao seu uso • lesão nervosa (neuropatia compressi-
(Jevon & Ewens, 2007). va);
• formações aneurismáticas;
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• fístulas arteriovenosas; sões. Assim, é de grande importância que
• necrose e gangrena dos dígitos; o enfermeiro faça uma análise cautelosa
• fenómenos embólicos distais e proxi- da conformação das ondas de pressão re-
mais; gistadas no monitor, para se detetarem
• embolização da artéria vertebral. problemas técnicos que possam interfe-
rir de modo significativo, nos valores re-
Calibração do Sistema com ponto zero ais da pressão arterial.
Após a montagem de todo o sistema de
conexão da linha arterial ao transdutor Onda da pressão intra-arterial
de pressão, o monitor eletrónico deve O traçado da linha arterial pode apresen-
ser programado para o registo das cur- tar diferente configuração, dependendo
vas. Posiciona-se o transdutor ao nível da de possíveis problemas na monitoriza-
linha zero de referência, terceiro espaço ção. Jevon & Ewens (2007), descrevem os
intercostal da linha média axilar, fecha- seguintes problemas na onda da pressão
-se a torneira de três vias para o doente, intra-arterial:
abrindo para a atmosfera e carrega-se no • Traçado achatado – pode ser causa-
botão indicado no monitor, para realizar do por:
o zero. Seguidamente, o sistema é fecha- – perda de pressão ou ausência de
do para a atmosfera e aberto para a linha líquido na bolsa pressurizadora;
arterial, iniciando-se os registos das pres- – formação de trombo/fibrina na
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extremidade do cateter; gem de turno;


– ar na extensão do cateter ou no – retirar as bolhas de ar do sistema;
transdutor; – utilizar técnica assética na manipu-
– demasiadas torneiras 3 vias no lação do sistema;
circuito; – restringir o cateterismo arterial ao
– posição incorreta do membro; tempo máximo necessário para o con-
– torneira fechada para o paciente trole hemodinâmico do paciente (ideal
ou transdutor. 48h, limite de 4 a 5 dias)
• Não há onda arterial:
– torneira fechada para o paciente
ou transdutor; Monitorização da Pressão Veno-
– desconexão do cateter; sa Central (PVC)
– desconexão do cabo do transdu- A monitorização da pressão venosa cen-
tor ao monitor; tral pode ser realizada por meio da utiliza-
– posição incorreta do cateter; ção de um cateter venoso central, ligado a
– assistolia. um transdutor ou por meio de um manó-
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• Fluxo de retorno de sangue do cate- metro de água, ou por meio da utilização


ter para o transdutor: do cateter da artéria pulmonar (cateter de
– conexão solta da torneira com o Swan-ganz), quando for necessário a ava-
circuito; liação da pressão da artéria pulmonar e
48 – pressão diminuida da bolsa de ir- da função cardíaca esquerda. Os locais de
rigação. inserção do cateter venoso central são a
veia jugular interna ou externa e veia sub-
clávia (Monahan, F. D., 2007).
Cuidados essenciais na monitorização Os cateteres da PVC são utilizados para in-
intra-arterial dicar as pressões cardíacas direita (pressão
– utilizar cateter 16-20G inserido na de enchimento do lado direito ou a pré-car-
artéria radial ou artéria dorsal pedio- ga do ventrículo direito) e o estado de hi-
sa; dratação. Além disso, podem ser utilizados
– evitar as artérias braquial e femoral; para administração intravenosa de fárma-
– conectar a uma infusão com baixa cos por períodos longos. Assim, os deter-
dose de heparina com pressão contí- minantes da PVC são: o volume de sangue
nua; circulante, o tónus vascular e a função ven-
– medir a pressão com transdutor co- tricular direita. Os seus valores médios nor-
nectado a um tubo não-distensível mais variam de 0 a 8 mmHg. São indicação
– manter penso seco, estéril e com- para esse tipo de monitorização:
pressivo no local; • guia para reposição líquida;
– posicionar o zero ao nível da linha • avaliação da função cardíaca;
axilar média, com o paciente em decú- • colheita de sangue;
bito dorsal, ou num ângulo máximo de • infusão de medicamentos;
40°. Conferir a posição a cada passa- • passagem de marcapasso;
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• passagem de cateter da artéria pulmo- Calibragem do sistema com o ponto zero


nar. Após a montagem de todo o sistema de
conexão, o monitor deve ser programado
Factores que interferem no valor real da para o registro das curvas. Posiciona-se o
PVC transdutor ao nível da linha zero de refe-
• Em relação ao doente: rência, terceiro espaço intercostal da li-
– mudança de posição no leito; nha média axilar, fecha-se o sistema para
– mobilização excessiva; o doente, abrindo para o ar ambiente e
– movimentos respiratórios amplos carrega-se no botão indicado no moni-
e laboriosos (inspiratórios ou expi- tor para realizar o zero. Seguidamente,
ratórios); o sistema é fechado para a atmosfera e
– pacientes conectados a ventilado- aberto para o doente. Colocar o zero da
res mecânicos com pressão inspira- PVC, garante que a pressão atmosférica
tória ou PEEP, pois haverá diminui- no ponto de medida esteja no zero.
ção do retorno venoso e consequen-
temente níveis alterados de PVC. Onda da PVC
• Em relação ao cateter e aos sistemas A onda da PVC reflete as mudanças da
de conexão: pressão arterial direita durante o ciclo car-
– deficiente posicionamento da díaco. A sua configuração é descrita por
ponta do cateter; Jevon & Ewens (2007), da seguinte forma:
– presença de coágulo no cateter; • Onda A: contracção arterial direita 49
– cateteres excessivamente finos ou (onda P no ECG) – Se a onda A estiver
de alta complacência; elevada, o doente pode apresentar in-
– presença de bolhas de ar no sis- suficiência ventricular direita ou este-
tema; nose da tricúspide.
– cateteres dobrados ou com pon- • Onda C: encerramento da válvula tri-
tos de estrangulamento; cúspide (após complexo QRS no ECG)
– cateteres e conexões com vaza- – A distância da onda A à onda C deve
mentos. ter relação com o intervalo PR no ECG.
• Em relação ao sistema de medida: • Onda V: pressão gerada para o
– zero de referência inadequada- átrio direito durante a contração
mente posicionado, ventricular, apesar de a válvula tri-
– zero elétrico inadequado; cúspide estar fechada (a parte fi-
– alteração na membrana do trans- nal da onda T no ECG) – Quando a
dutor; onda V estiver elevada, o paciente
– transdutor e amplificador inade- poderá ter alguma doença na vál-
quadamente calibrados; vula tricúspide.
– pequena faixa de resposta da co-
luna de água, em relação aos parâ- Riscos e Complicações:
metros hemodinâmicos. Os riscos e complicações da monitoriza-
ção da PVC estão relacionados com a in-
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trodução, manutenção e vigilância o ca- Seguidamente, procede-se à realização


teter venoso central (Bongard & Sue). As de um penso compressivo vigiando-se o
complicações mais referidas na literatura mesmo durante as primeiras 24 horas
são: para despiste de hemorragia ou sinais de
• perfuração da veia cava superior, infeção local. Durante todo o processo
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• laceração do ventrículo direito, deve ser utilizada técnica assética cirúr-


• lesões no plexo braquial, gica. O enfermeiro deve ter atenção à in-
• migração, embolia e infecção do cate- tegridade do CVC e retirar uma amostra
ter, de 5cm da ponta do CVC, para análise mi-
50 • sepsis. crobiológica (Mendes 2007).

Retirada do Cateter Venoso Central (CVC) Cuidados essenciais na monitorização da


Cabe ao enfermeiro a retirada do CVC PVC:
quando não há mais necessidade da sua • inserir o cateter venoso central na ju-
permanência, por óbito ou por compro- gular interna ou na veia subclávia uti-
misso da sua função, obstrução ou infe- lizando técnica asséptica;
ção. Para isso, devem ser retiradas todas • preencher o sistema com solução sali-
as perfusões e clampados os lúmens, de- na fisiológica heparinizada;
vendo o doente deve ser posicionado em • retirar qualquer bolha de ar do siste-
decúbito dorsal, com a cabeça voltada ma de medida;
para o lado contrário ao da inserção do • medir a PVC através da coluna de água
CVC. Procede-se à desinfeção da região graduada em cm ou medir por meio de
de inserção, corte dos pontos de fixação transdutor e monitor calibrados;
e retirada do CVC de forma suave e num • observar a oscilação da coluna de água
ritmo constante. Durante este movimen- ou da linha de base no monitor elétri-
to deve solicitar-se ao doente que reali- co, acompanhando os movimentos
ze a manobra de Valsalva (suspendendo respiratórios do paciente;
a respiração após inspiração profunda), • rotular, identificando o CVC com me-
enquanto se retira o CVC e aplica pressão dicamentos/líquidos sempre que ese-
no ponto de inserção até à hemostase. jam a ser infundidos, evitando o risco
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de injeção acidental de bolos; subaracnoídeo ou no ventrículo cerebral.


• caso não esteja em uso, irrigar regu- Tal como na monitorização da pressão
larmente o cateter para ajudar a evitar intra-arterial e da PVC, esta funciona por
trombose; meio de um sistema com transdutor que
• manter local de punção com penso es- reúne dados que são apresentados con-
téril; tinuamente no ecrã, permitindo ao en-
• utilizar técnica asséptica para manu- fermeiro avaliar constantemente todas
seio do sistema; as respostas do doente às intervenções
• observar o local da punção quanto e atuar imediatamente. Este tipo de mo-
referir presença de dor, calor, rubor e nitorização é utilizado para controlar as
edema; não deixar o cateter por mais alterações na pressão dentro da cavidade
que 5 dias. craniana em doentes com PIC instável ou
que apresentem hipertensão intracrania-
na. Além disso, o cateter também pode
Monitorização da pressão intra- ser utilizado para aspirar líquidos cefa-
craniana (PIC) lorraquidianos para análise ou exames
A monitorização da pressão intracrania- bacteriológicos, e para aliviar a PIC eleva-
na faz-se por meio da implantação de da (Monahan, F. D., 2007).
um cateter através do crânio, no espaço As causas mais comuns de hipertensão

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intracraniana são: mo cerebral. Já a hipotermia prolonga-


• trauma craniano grave; da pode diminuir os leucócitos, aumen-
• hemorragia intraventricular; tando o risco de infeção. Ainda pode
• meningite; causar distúrbios na condução ventri-
• meningoencefalite; cular e alterações da coagulação.
• envenenamento por chumbo; • Monitorização hemodinâmica: é reco-
• hipervitaminose A; mendada a instalação de um cateter
• cetoacidose diabética (durante o tra- arterial, para medida de Pressão Arte-
tamento) rial Média contínua, e cateter central
Segundo Giugno, Maia & Bizzi (2003), os com medida de pressão venosa central
valores normais da PIC variam com a ida- (PVC). A hipotensão deve ser tratada
de. Em adultos, o valor normal está entre com o uso de drogas vasoactivas. Nas
10 a 15 mmHg; 3 a 7mmHg para crian- situações de perda da auto-regulação
ças, e 1,5 a 6 mmHg para latentes. Essa cerebral, qualquer alteração de pres-
monitorização é indicada, entre outras, são pode ser diretamente transmitida
nos casos de TCE, hidrocefalia, pós-ope- aos vasos cerebrais, com maior risco
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ratório neurocirúrgico e encefalopatias de edema ou isquémia. Nestes casos,


metabólicas. pode-se empregar o nitroprussiato de
sódio ou betabloqueadores.
Cuidados essenciais ao doente com mo-
52 nitorização da PIC Monitorização da Artéria Pulmo-
Segundo Giugno et al. (2003), os cuidados nar
com um doente em monitorização da PIC
A monitorização da artéria pulmonar faz-
são:
-se por meio da introdução do cateter de
• Posição da cabeça: a cabeça deve ser
Swan-Ganz, pela veia subclávia ou pela
mantida em posição neutra e elevada
veia jugular interna até a artéria pulmo-
a 30o, para otimizar o retorno venoso.
nar. O cateter de Swan-Ganz, que possui
Quando houver necessidade de mo-
um balão na ponta distal, que é insuflado
bilização do paciente, a cabeça deve
com cerca de 1 ml de ar quando o fluxo
ser mantida em alinhamento com a
de sangue, que passa pelo coração do do-
coluna. Movimentos de rotação para
ente, empurra o balão até a artéria pul-
a direita podem aumentar os valores
monar. Uma vez colocado corretamente
da PIC, do que movimentos para a es-
o cateter, o balão é esvaziado e o equipa-
querda. A posição de pronação deve
mento de monitorização e transdução é
ser evitada, por aumentar as pressões
ligado ao cateter. (Monahan, F.D., 2007).
intra-abdominal e intratorácica, com
Além disso, este cateter tem vários lúme-
consequente aumento da PIC.
nes incluídos num lúmen maior e cada
• Temperatura corporal: o objetivo é a
um abre num ponto diferente ao longo
manutenção do paciente apirético, evi-
do comprimento do cateter, podendo ser
tando agressivamente a hipertermia,
usados para administração de soluções
pois esta pode aumentar o metabolis-
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mais agressivas, que poderiam lesar as de amostra de sangue venoso ou mis-


veias periféricas. (Monahan, F.D., 2007). to, na artéria pulmonar.
Segundo Ramos et al. (2008), a cateteri- • Via do balão (vermelha): auxilia na mi-
zação da artéria pulmonar permite o re- gração do cateter pela flutuação diri-
gisto das seguintes pressões: Pressão do gida pelo fluxo sanguíneo, permitindo
Átrio Direito (PAD); Pressão da Artéria o encunhamento do cateter e a medi-
Pulmonar (PAP); Pressão de Capilar Pul- da da pressão.
monar (PCP); Débito Cardíaco (DC) e Ín-
dice Cardíaco (IC). Riscos e complicações
Como em toda a monitorização invasiva,
Indicações para cateterização da artéria o paciente crítico fica submetido a maio-
pulmonar res riscos. Em relação à passagem do ca-
O cateter da artéria pulmonar está indi- teter, há risco de pneumotórax hiperten-
cado em pacientes onde se pretende in- sivo, arritmias ventriculares e bloqueios
formações da pré-carga, pós-carga, con- de ramo direito. A presença do cateter na
tractilidade, consumo e oferta de oxigé- circulação predispõe o desenvolvimento
nio. Assim, está indicada a cateterização de enfarte pulmonar, trombose venosa
da artéria pulmonar nas seguintes situa- e complicações infeciosas. Além disso,
ções, entre outras: pode ocorrer lesão da artéria pulmonar
• choque cardiogénico; ou um de seus sub-ramos, o que pode
• enfarto agudo do miocárdio; estar relacionado com a migração distal 53
• insuficiência cardíaca congestiva re- do cateter ou a insuflação inadequada do
fractária; balão (Bongard &Sue, 2005).
• período perioperatório em paciente
grave; Cuidados de essenciais ao doente com
• choque séptico; Cateter de Swan-Ganz:
• síndrome da dificuldade respiratória • posicionar os elétrodos para monitori-
aguda. zação eletrocardiográfica,
Descrição do cateter de Swan-Ganz • colocar o paciente em posição de de-
• Via proximal (azul): o seu orifício si- cúbito dorsal,
tua-se a 29 cm da extremidade distal. • montar sistema de pressurização com
Permite a injeção de líquidos para as heparina e soro fisiológico (volumes
medidas hemodinâmicas e é utilizado determinados pelo médico),
também para medida da pressão veno- • deixar o soro fisiológico heparinizado
sa central (PVC) e colheita de sangue. para posteriormente acoplar nas vias
• Via distal (amarela): o seu orifício si- distal e proximal do cateter;
tua-se na ponta do cateter, permitin- • montar o transdutor de pressão com
do a medida das pressões nas câmaras técnica assética,
cardíacas, direitas, pressão arterial • auxiliar na paramentação do médico,
pulmonar e pressão capilar, pulmonar, • montar material para passagem do ca-
durante a inserção, além da colheita teter,
ciência & técnica

• após o término da passagem do cate- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ter, assegurar-se de que não há bolhas Bongar, F. S., & Sue, D. Y. (2005). Monitorização em Te-
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que tais parâmetros invasivos só trarão pdf/rlae/v7n2/13465.pdf
Ramos, C. C. S., Sasso, G. T. M. D. Martins, C. R., Nasci-
benefícios evidentes se os dados forem mento, E. R., Barbosa, S. F. F., Martins, J. J. et. al. (2008).
fidedignos. Cuidar de um doente com Monitorização Hemodinâmica Invasiva na Beira do Lei-
to: avaliação e protocolo e cuidados de enfermagem.
este tipo de monitorização não é fácil e
Sue, D. Y. & Vintch, J. (2006). Monitorização e Suporte.
requer uma atenção redobrada dos pro- In Sue, D.Y. & Vintch, J. Fundamentos em Terapia Inten-
fissionais de saúde, uma vez que, na sua siva. (vol. Único, 1ªed, pp. 24-26). Brasil: Artmed.
maioria, utiliza-se mais que um tipo de
monitorização invasiva. Isso reforça a im-
portância do enfermeiro, que é o respon-
sável por garantir essa fidedignidade dos
dados apresentados no monitor, devendo
ser conhecedor, não apenas das técnicas
necessárias a uma boa monitorização in-
vasivo, como também deve ter um conhe-
cimento teórico e científico para avaliar
criticamente o doente.

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