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ATROPA BELLADONA

Família: Solanaceae
Sinonímia: Belladona, Solanum letale.
Sinonímia popular: Erva moura. Cerejas do diabo. Cereja negra. Erva do diabo.
Cereja do Traquinas. Grande cereja.
Partes usadas: Raiz, folhas e extremidades.
Habitat: Espalhada por toda Europa Sul e Central, Sudoeste da Ásia e Algéria,
cultivada na Grã bretanha, França e América do Norte, introduzida no Brasil há
muito tempo como planta ornamental e uso industrial. Vegeta de preferência à
sombra, em solos calcáreos, suportando bem a luz e o sol (quando diminuem de
tamanho), tornando-se neste caso mais rico em “Atropina”, que é quase sempre
acompanhada dos isômeros “Hyosciamina”, “Atropamina” e “Belladonina”. É uma
planta perene com raiz espessa, carnosa e esbranquiçada, ereta de caule
cilíndrico, ramoso, formando arbustos, com até 1,5ms de altura, talo violáceo;
folhas alternas, pecíolo curto, ovalo acuminadas, sendo a superiores geminadas e
muito desiguais, inteiras ou sinuadas, grandes, verde escuras, mais ou menos
glabras, as veias das folhas são proeminentes na face inferior; flores violáceo
castanhas, túbulo campanuladas, grandes; fruto baga globosa, bi locular,
suculenta, polispérmica, contendo numerosas sementes compridas. Quando
amassado exala um odor desagradável, as folhas tem um sabor amargo. As
bagas (frutos) são preenchidas por um suco escuro e muito doce e atrai as
crianças, mas são muito venenosas. Toda planta, com exceção das flores é
medicinal, diurética e diaforética, estupefaciente, contra contraturas de qualquer
natureza, inclusive cólicas renais e hepáticas, hérnia estrangulada e vômitos
gravídicos. Em casos de envenenamento recomenda-se rapidamente um emético,
como um copo de vinagre quente ou mostarda e água; dar magnésia e café forte,
aquecer o paciente, respiração artificial se necessário. Um sintoma peculiar do
envenenamento por Belladona é a perda da voz, com freqüente dobrar para frente
do tronco e movimentos contínuos das mãos e dedos, além das pupilas dilatadas.
Seu nome vem do escandinavo "dool", atrasar o sono; outros acham que vem de
"deuil" (pesar), como referência às suas propriedades. O caráter venenoso é
devido à Atropina. Todas as partes da planta são venenosas, sendo a raiz a mais
venenosa. É bastante tóxica para os seres humanos, mas menos tóxica para
animais inferiores. Está associada à história e mitologias grega e romana; é a
“Mandrágora de Hecate” ou “Erva dos feiticeiros” da Idade Média. Supõe-se que
as tropas de Marco Antônio, durante as guerras Parsianas, tenham sido
envenenadas pela Belladona. O nome Belladona liga-se a uma superstição que
ela assumia uma forma encantadora e adorável e que era perigoso olhar para ela.
O nome pode lhe ter sido outorgado por que era usada pelas senhoras italianas,
em pequenas quantidades, para tornar seus olhos brilhantes e suas pupilar
dilatada. Atropa vem do grego Atropos, uma das Parcas que ajudava os tosões a
cortar o fio da vida humana - referência à sua natureza venenosa. Em 1585 dizia
Thomas Lupton que a Belladona fazia dormir enquanto cortavam ou
cauterizavam. Parece ser a raiz que enlouquecia os prisioneiros, citada por
Shakespeare. Conta a história que os Escoceses vencidos, acabaram vencendo
os dinamarqueses seus vencedores por terem adicionado Belladona ao vinho e à
cerveja que eles beberam comemorando a vitória. No Egito e na Síria era usada

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em fumigações e as alucinações que provocava a aspiração de seus vapores
explicam a aparição de seres sobrenaturais de que falam os que se entregam a
este vício (Maspero). É tanto mais venenosa quanto mais evoluído o animal
(10mgs. matam um homem enquanto que 500mgs. Injetados num coelho apenas
provocam midríase). Gerard (1597) dizia que as folhas embebidas em vinho de
vinagre induziam ao sono. A poção usada por Julieta foi uma preparação com
Mandrágora (uma das espécies de Belladona). O cultivo da Belladona na Grã
bretanha data do sec. XVI. Chamava-se Solanum letale em 1809 e foi mudado
para Belladona folia. A raiz não foi usada como medicamento até 1860, quando
Peter Squire a recomendou como um linimento anidro.
CONSTITUINTES: Hyosciamina. Atropina (extraída das folhas encontrada em
0,45% das folhas secas). A raiz é a base das principais preparações. O total de
alcalóide é entre 0,4% e 0,6%. Contém ainda belladonina, atropamina, goma,
atrosina, escopolamina, (hyoscina), apoatropina, l-hyosciamina, l-metilaesculina
(substância florescente azul parente as Aesculina do Aesculus hippocastanum),
flavonóides, cumarinas e bases voláteis (nicotina). Nas cinzas da Belladona
encontramos um teor de ácido silícico, de magnésio e traços de cobre (metal
venusiano, a serviço da astralidade). A silicea e o magnésio nos remontam à
aspiração secreta à luz, pois são elementos luminosos. O extrato verde é
preparado das folhas verdes. Os alcalóides inibem o sistema nervoso
parassimpático, que controla as atividades involuntárias do corpo, reduzindo a
salivação, as secreções gástricas, intestinais e bronquiais, assim como a atividade
dos túbulos urinários, bexiga e intestinos, além de aumentar a freqüência
cardíaca.
USOS E AÇÃO MEDICINAL: Narcótico, diurético, sedativo, anti espasmódico,
midriático. Doenças dos olhos. A Atropina dilata os músculos circulares, como as
pupilas. Muito usada para cirurgia oftalmológica (midriático). Antidota o ópio em
injeções subcutâneas. Antidota o clorofórmio. As terminações nervosas dos
músculos involuntários são paralisadas por grandes doses de atropina, paralisia
que pode afetar o sistema nervoso central, provocando excitação e delírio.
Aplicada localmente diminui a irritação e a dor; como loção em casos de
nevralgia, gota, reumatismo ou ciática. Como medicamento, afeta o cérebro e a
bexiga. Usada em secreções excessivas, inflamações e em transpiração tísica.
Pequenas doses aliviam a palpitação cardíaca e um emplastro na área cardíaca
pode ser usado também para aliviar o desconforto da dor. Antiespasmódico
intestinal e anti-asmático. As folhas podem ser usadas para aliviar
broncoespasmo. Tosse comprida. Usada no colapso da pneumonia, febre tifóide e
outras doenças agudas. Aumenta o número de batimentos cardíacos por minuto
em 20/40, sem diminuir a força cardíaca. Dor de garganta aguda. A tintura mãe
em pequenas doses protege contra escarlatina. As folhas curam câncer quando
aplicadas externamente como cataplasma. As folhas entram na composição do
“bálsamo Tranquillo” (do sapateiro Tranquillo) e de outros preparados, em
especial anti hemorroidários. Uma mistura de pasta de Belladona, ácido salicílico
e pasta de Chumbo é muito eficiente contra calos e joanetes. Pode ser usada nos
sintomas da doença de Parkinson, reduzindo os tremores e melhorando a fala e a
mobilidade. Por suas propriedade de relaxante da musculatura lisa pode ser

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usado como anestésico, principalmente para inibir as secreções gástricas e
brônquicas.
ADVERTÊNCIAS: Os primeiros sintomas de envenenamento são: gargalhadas e
gestos violentos e desordenados, aos quais suceda a sede, dificuldade de
deglutição, náusea, dilatação das pupilas, rubor e tumefação do rosto, estupor,
delírio, pulso fraco, paralisia dos intestinos, convulsões e morte. Qualquer
substância tanífera (chá, café), o iodeto de potássio, a quinina e estricnina são
contra venenos; o ópio apesar de antagônico à Belladona, não impede o
desenvolvimento de sua ação tóxica. Por outro lado, o sulfato rubro de Atropina é
um bom antídoto no envenenamento por cogumelos. Doses excessivas podem
causar paralisia respiratória, coma e morte. A dose terapêutica é muito próxima da
quantidade tóxica.
HOMEOPATIA
É conhecida juntamente com o Hyosciamus e o Estramônio como e “Trio do
Delírio”. Atua em todas as partes do sistema nervoso, produzindo congestão,
excitamento, sensações pervertidas, contorções, convulsões. Atua também no
sistema vascular, pele e glândulas. Alucinações, delírios, acessos de furor,
insônia, mania furiosa. Quebra o que lhe chega às mãos. Enrubescimento facial,
congestão, intolerância à luz e ao ruído. Aumento da pressão arterial. Taquicardia.
Eritema. Rash escarlatiniforme. Atua sobre as glândulas e mucosas paralisando
suas secreções (salivar, secura e hiperemia da boca e faringe, diminuição da
secreção urinária, da lactação, das secreções do pâncreas e bile). Cefaléias
congestivas, latejantes, de cima para baixo. Em indivíduos pletóricos e
intelectuais. Ataques súbitos e de evolução rápida, violentos, agudos. Muito calor
e hiperemia. Sensação de queimadura. Sintomas aparecem e desaparecem
bruscamente. Hiperestesia. Excitabilidade reativa. Espasmos. Processos
inflamatórios febris no cérebro, pulmões, fígado e garganta. Meningites.
Lateralidade D. Face vermelha, olhos brilhantes, midríase, latejos.
Hipersensibilidade do couro cabeludo. Vertigem que cai para trás e para E.
Cabeça sensível às correntes de ar. Ilusões ópticas, vê objetos dobrados ou
invertidos. Fotofobia durante calafrio. Midríase na febre. Estrabismo. Amaurose.
Halo de cores ao redor da luz. Arranca o cabelo. Não reconhece seus familiares,
morde, range os dentes, golpeia objetos imaginários, bate a face contra a parede,
rasga sua roupa e de sua cama, fala de forma ininteligível, semelhante à
hidrofobia. Alucinações visuais, vê animais horríveis: cachorros, insetos, caras
horríveis ao fechar os olhos, ilusão que vai ser assassinado, pensa que o cortam
em dois. Medo de tudo: cachorros, animais, coisas imaginárias, morte iminente.
Sai da cama, muita atividade durante o sono. Cleptomania. Hipersensibilidade a
objetos brilhantes. Chora facilmente. Choro agrava e piora por consolo.
Sobressaltos ao dormir e por susto. Ansiedade à noite, pior na menstruação.
Tendências suicidas: afogando-se, enforcando-se, atirando-se de altura ou com
faca. Tendência a ficar sentado quebrando alfinetes. Ninfomania. É muito sensível
à dor. Convulsões em crianças, na menstruação e puerpério, com aura. Sensação
de como se corresse um rato pela pele. Desejo de limonada ou cerveja. Aversão à
água e alimentos quentes. Agrava às 15hs. ou de 15 às 3hs., por movimentos ou
sacudidelas. Previne escarlatina. Escarlatina. Preventivo da raiva. Otalgias à D
com dor facial para o pescoço. Coriza com odor fétido, com tosse. Secura nasal.

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Face vermelho escuro, cianótica, com calor, febril. Expressão feroz, riso
sardônico. Parotidite aguda à D. Cachumba (grande medicamento). Nevralgia
facial D. Língua quente, com papilas hiperemiadas e eretas. Dificuldade para falar,
gagueja. Ausência de paladar. Inflamação aguda da garganta à D, com irritação,
hiperemia e secura. Manchas vermelhas no pescoço. Pulsação forte nas
carótidas. Gastralgias que agravam por sacudidas ou movimento. Dor no ventre
que vão e vêem rapidamente. Dor no hipocôndrio D que piora deitado sobre a dor.
Dor no fígado ao respirar. Dor em pressão no hipogástrio até os genitais
femininos. Hérnia estrangulada. Peritonite. Hepatite. Dor no colo da bexiga que
agrava por sacudidas. Enurese por dificuldade da criança acordar. Cistite. Nefrite.
Dor na próstata que agrava por sacudidas. Menstruações abundantes, vermelho
vivo, com coágulos. Metrorragias bruscas. Contrações espasmódicas do colo
uterino no trabalho de parto. Retenção da placenta. Aborto. Deslocamento do
útero. Ooforite. Metrite. Dor ovário D. Dor uterina paroxística que agrava por
sacudidas e movimentos, andando, que vai e vem. Dor em pêso para baixo como
se fosse sair tudo, pior pela manhã e durante a menstruação. Dores de falso
trabalho de parto. Constrição e sensibilidade da laringe, com secura e aversão a
beber, sensação de corpo estranho na laringe. Irritação da laringe por ar frio.
Rouquidão dolorosa quando grita ou chora. Laringismo estriduloso. Tosse
atormentadora, violenta, que esgota, paroxística à noite, como latido, persistente.
Irritação ou coceira na laringe. Expectoração sanguinolenta, vermelho vivo.
Ansiedade pré cordial. Constrição convulsiva no tórax. Pontadas que agravam
deitado do lado doloroso. Dor nas mamas ao subir e descer escadas. Mastite.
Aumento da lactação. Dor na coluna ao tossir ou por sacudidas. Dor como se as
costas fossem quebrar, durante a menstruação ou ao suprimi-la e também na
região cervical e lombar. Mãos frias com cabeça quente. Debilidade dos
antebraços. Artrites agudas com inchaço. Dor paralítica. Dor nas coxas que
melhoram caminhando. Pontadas nas coxas, acima dos joelhos, quando sentado.
Ciática que aparece e desaparece de repente, que piora por sacudidelas. Sonhos
com quedas. Sono semi consciente. Calafrios que começam nos braços, após
comer. Febre alternando com calafrios. Febre queimante, intensa, com delírio,
pele seca, ardente , brilhante, vermelha.
ANTROPOSOFIA - A astralidade cósmica configura fortemente o aspecto físico da
planta: peluda, folhas recortadas, fedores que atraem animais , flores com aspecto
assustador. Cresce na meia penumbra onde encontram-se a claridade do dia e as
trevas da floresta; quando o Sol é inclemente e as forças da escuridão abandonam
a planta, esta desaparece. Também a forma da Belladona exprime um combate
entre forças luminosas e obscuras. Mergulhado nas trevas, o potente rizoma
emite, com a idade vários ramos, que na Primavera emitem brotos ornados por
grandes folhas pecioladas, inteiras, ovadas de bordos unidos, agudas nas pontas,
conduzindo-a ao reino do alto até o Outono quando o reino subterrâneo às inibe;
parecendo ser uma planta muito vigorosa, seu crescimento é bruscamente
interrompido por uma flor que cruza seu caminho como um obstáculo, fazendo
com que a planta se divida em três ramos laterais, que não permitem a abertura
de ramos oblíquos, de tal modo que a planta parece um funil bem aberto, como
uma inflorescência muito herbácea e com numerosas folhas (brácteas). No
momento em que a planta iria se desenvolver com toda sua força foliar ela sofre

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positivamente a agressão do processo floral. Disto decorre que os ramos laterais
tornam-se um emaranhado singular de processos florais e processos foliares.
Observa-se uma disposição ternária que se repete regularmente até a
extremidade dos ramos: uma pequena folha (bráctea inferior) que pertence
intimamente à flor e bem junto do outro lado, uma grande folha que recobre
(bráctea superior) que é a bráctea da flor precedente, situada logo embaixo. Esta
grande folha pertence ao crescimento e deve seu desenvolvimento às forças
etéricas que a permeiam; a folha pequena tem seu crescimento inibido pelas
forças astrais atuantes sobre a flor que a acompanha. Os botões florais colocam-
se nas faces internas do chamado funil e dirigem-se à vertical. Ao desabrochar, a
flor sofre um movimento de rotação para o lado e para baixo, procurando a
sombra da folha grande vizinha como um guarda chuva. “Ela foge da luz e
sucumbe, deste modo na gravidade”. As flores abertas são pendentes, com forma
de goela profunda; as cores variam de amarelo lavado, claro, lutando com o
violeta obscuro. A esta altura as abelhas vem colher o néctar e a seguir cresce a
“cereja envenenada”, bem conhecida, que quando madura é de um violeta
sombrio, brilhante, comparado ao olho de um animal e contendo numerosos
grãos; ela deixa a sombra tutelar e retorna tanto quanto possível à claridade do
dia. É como um fluxo de sombras coloridas violeta escuro impregnando os brotos,
ramos e flores. Este aspecto da planta é a expressão entre a luz e a escuridão,
ela é sensível à ação da luz e do escuro. Esta planta caracteriza-se também por
um confronto entre as forças da água e do ar. As raízes e brotos absorvem
avidamente a água do húmus da floresta e a volatilizam. Esta “vaporização” se
revela quando machucamos um galho: logo ele pende mole. Os impulsos de
fenescência, provenientes do ar (astral) continuamente tendem a se apoderar da
planta sendo contrapostos pelas frescas forças etéricas ligadas à água. Um
processo vital vigoroso compensa a astralização intensa. Isto já foi observado na
aliança bem sucedida do foliar e do floral após a irrupção prematura da flor.
Reencontramos esta característica no cálice com sépalas muito verdes e
persistentes, que se apresentam como um prato de verduras sobre o qual é
colocada uma baga violeta escuro (combate entre vitalização e desvitalização).
As folhas, por sua estrutura anatômica são de “sombra”, mas tudo nelas muda
quando passam a receber mais luz. As sementes de Belladona tem necessidade
da luz para desenvolver-se, na obscuridade este crescimento é inibido. As forças
astrais do ar que levam ao murchar e ao perecer querem se apossar da planta,
deste modo, continuamente, as forças etéricas tem que pulsar pela planta
refazendo-a. Um processo vital intenso equilibra o excesso de astralização. É
venenosa para o homem, mas não para aves e coelhos que tem o neuro sensorial
muito desenvolvido. Atua sobre regiões especiais do organismo, ocupando os
olhos uma posição privilegiada, o que nos admirará, pela sua ligação com a luz e
escuridão, que significa também a passagem da consciência noturna para a
consciência de vigília. Rudolf Steiner explicou que certas plantas defendem-se
contra as forças da terra e economizam uma grande parte de suas forças
formatrizes para sua floração e frutificação (é o caso da Belladona); é uma planta
que gostaria de lançar um olhar ao mundo, como fazem os seres dos mundos
superiores; ela não tem organização para isto, sendo uma planta que quer
desenvolver algo semelhante ao que existe no humano; não podendo desenvolver

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um olho ou nada do corpo animal ou humano chama-se “cereja dos tolos”. Na raiz
da Belladona há forças que a levam a produzir a sua baga negra; são forças
parentes àquelas que no homem levam à estruturação final dos órgãos sensoriais,
levando o homem para fora da esfera de sua organização na esfera de seus
sentidos. Os processos que se revelam com doses dinamizadas de Belladona
lembram os processos do sono, aonde a percepção sensível é potencial. A
intoxicação provoca no homem o fenômeno do sono alerta de um modo
duradouro, fenômenos estes que fazem parte da vida do homem, porém de curta
duração. É então, o homem “noturno” que é reconduzido ao homem “diurno” pelo
efeito da Belladona, mas que não para de estar presente neste homem “diurno”.
Os olhos estão abertos, mas são de uma profunda obscuridade (pupila dilatada).
O homem inferior (homem do sangue) sai de suas profundezas inconscientes e
subconscientes e sobe para “o homem dos nervos” na cabeça (pletora e
hipertonia), pois, o organismo dorme no metabolismo e acorda nos órgãos dos
sentidos. O sangue sobe, a cabeça esquenta, a vista fica vermelha, as glândulas
salivares e amígdalas incham, assim como a língua entumece e fica vermelha.
Ocorre hipersensibilidade ao frio. Sendo estes sintomas característicos do início
de doenças agudas, a Homeopatia utiliza a Belladona nestes casos. Ocorrem
enxaquecas, cefaléias congestivas, seqüelas de gripe cerebral, devemos nestes
casos utilizar a raiz da Belladona. Compreende-se que uma planta na qual o astral
é tão comprimido atue em estados em que o corpo astral domine anormalmente
em determinados órgãos, nestes casos é utilizada em coqueluche, asma,
espasmos estomacais e intestinais, estados convulsivos devidos à vesícula biliar e
aos rins, espasmos uterinos e em certas paralisias do esfíncter da bexiga. No
domínio neuro sensorial “o homem diurno” exerce a atividade espiritual
consciente; no sistema metabólico e dos membros, ele vive em um estado de
consciência atenuada, análoga à do sono onde vive “o homem noturno”: muito
espiritual, ficando inconsciente, como preso à atividade dos órgãos e trocas de
matéria. Em seguida à intoxicação da Belladona, uma parte desta espiritualidade
pode ser liberada de seus fundamentos orgânicos, o que deve ser feito no
cérebro, nos nervos e nos órgãos sensoriais. Se esta espiritualidade eleva-se
liberada, das profundezas do metabolismo, a alma recebe experiências anormais
e aberrantes, visões, etc; ao mesmo tempo o sistema muscular fica exposto a uma
necessidade patológica de movimento. Daí a importância da Belladona no
tratamento de doenças mentais. A astralidade que a impregna obriga-a a
defender-se produzindo alcalóides: atropina, escopolamina, hiosciamina, mais
fortemente presentes nos frutos que são bagas redondas e de cor violeta escuro.
A astralidade está presente na porção sulfúreo metabólica da planta e que no
homem se dirigirá a êste plano equivalente. Ela "puxa" o corpo astral humano a
partir de um processo metabólico que invade o sistema neuro sensorial e outros
órgãos. Há uma relação com o olho e com a passagem da consciência para a
inconsciência. É usada para que o processo da planta "segure" o Corpo Astral
irritado no tecido inflamado, ou seja, quando o Corpo Astral está desarmônico a
partir do sistema nervoso central, no caso de cólicas, espasmos e epilepsia. Em
dosagem adequada ativa o vital (etérico) - planta macia entre etérico e astral -
combatendo tendências mineralizantes e endurecedoras (envelhecimento
precoce, principalmente no olho); a Belladona sempre fica maleável e fresca

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durante todos as suas fases de desenvolvimento, até o Outono, quando
desaparece, sem deixar vestígios.
BIBLIOGRAFIA
Vijnovsky, Bernardo.(Materia Medica Homeopatica) Vol I pg 247.
Grieve, M.(A Moderna Herbal, Tiger books, London, 1994) pg 583.
Pio Correa, M.(Dicionário das plantas úteis do Brasil, Min. Agricultura, 1984) Vol I
pg 295.
Boericke, William.(Materia Medica with repertory, B. Jain Publishers, India, 1991)
pg 159.
Curtis, Susan e Fraser, Romy.(Natural Healing for womem, Thorsons, London,
1991) pg 212.
De Moraes, Wesley Aragão.(Botânica Medicinal ampliada pela visão de uma
antroposofia, Juiz de Fora, 1995) pg 25.
Chevalier, Andrew.(The Encyclopedia of medicinal plants, DK, New York, 1996) pg
66(Foto).
Pelikan, Wilhelm.(L’Homme et les plantes medicinales, Triades, Paris, 1986) Vol I
pg 183.

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