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CLARO EDUCACIONAL

O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NA CONSCIENTIZAÇÃO DA


CONSERVAÇÃO DA AMAZÔNIA

Nome do Curso: Segunda Licenciatura em Geografia


Nome do Orientador: Viviani Rodrigues
Nome do autor Geroliza Carla Santiago Sousa
E-mail do aluno: geroliza@yahoo.com.br
RESUMO

O Brasil é inegavelmente o país que possui as maiores riquezas naturais do


mundo e a Amazônia contém de longe a maior parcela das florestas úmidas
remanescentes. A Amazônia Legal cobre cerca de 60% do território brasileiro e
abriga 21 milhões de habitantes, 12% da população total, dos quais 70% vivem
em cidades e vilarejos. O Brasil também tem o maior manancial de água doce
do mundo, e a região amazônica sozinha responde por quase um quinto das
reservas mundiais. Uma das ferramentas mais importantes para enfrentar essa
problemática é a educação. Neste sentido, levar o ensino sobre essa situação
para dentro da escola é de extrema relevância. Objetivo: verificar os processos
de ensino e aprendizagem na conservação da Amazônia. Metodologia: utilizado
revisão bibliográficas. Conclusão: o trabalho concluiu que é importante que os
professores incluam nas suas práticas de ensinos espaços educativos formais e
não formais abordando o tema de conservação do meio ambiente e a relevância
da Amazônia para o Brasil e para o mundo.
Palavras-chave: Educação , Meio ambiente, Sustentabilidade.

ABSTRACT
Brazil is undeniably the country with the greatest natural wealth in the world and
the Amazon contains by far the largest portion of the remaining rainforests. The
Legal Amazon covers about 60% of the Brazilian territory and is home to 21
million inhabitants, 12% of the total population, of which 70% live in cities and
villages. Brazil also has the largest source of fresh water in the world, and the
Amazon region alone accounts for almost a fifth of the world's reserves. One of
the most important tools to face this problem is education. In this sense, taking
the teaching about this situation into the school is extremely important. Objective:
to verify the teaching and learning processes in Amazon conservation.
Methodology: bibliographic review was used. Conclusion: the work concluded
that it is important that teachers include formal and non-formal educational
spaces in their teaching practices addressing the issue of environmental
conservation and the relevance of the Amazon for Brazil and for the world.

Word-key: Education, Environment, Sustainability.


INTRODUÇÃO
A escola é um espaço privilegiado para a aprendizagem da fauna amazônica. E
muito mais do que isso, para a construção de um pensamento de conservação
ambiental, ou seja, para educar as novas gerações acerca de seus deveres e
direitos de cidadãos responsáveis pelo meio.

O interesse pela sustentabilidade é aumentado pelas taxas de desmatamento da


Amazônia. Da cobertura florestal original, 17% foram desflorestados, embora
pelo menos um terço desse total esteja se recuperando. Seu valor global pode
ser visto em sua rica biodiversidade e no possível impacto climático decorrente
de seu desaparecimento.

A diversidade biológica é uma característica específica da Amazônia. Sua


floresta possui uma grande variedade de espécies nativas pouco estudadas e
distribuídas principalmente em florestas de terra-firme, várzea e igapó. Essa
diversidade florística e faunística constitui-se numa ferramenta potencial para
subsidiar o ensino e aprendizagem em botânica. Sua imensa floresta nativa pode
funcionar como um laboratório vivo para o desenvolvimento de atividades de
ensino e de pesquisa.

Os elementos bióticos como as árvores, os animais, os fungos e os elementos


abióticos como a água presente nos rios e riachos, o solo podem constituir-se
em recursos pedagógicos para o Ensino de Ciências e Biologia.

Os espaços formais de Educação constituem-se nos espaços escolares com


todas as suas dependências como salas de aula, laboratórios de ciências,
laboratório de informática, quadra poliesportiva, biblioteca, videoteca, cantina e
refeitório. A educação realizada nos espaços formais é formalizada, garantida
por Lei e organizada de acordo com um padrão estabelecido pelo Conselho
Nacional de Educação (CNE).

A Educação não-formal é diferente da Educação formal por utilizar ferramentas


didáticas diversificadas e atrativas, isto nem sempre é verdade. Há muitos
exemplos de professores que adotam estratégias pedagógicas variadas para
abordar um determinado conteúdo, fugindo do tradicional método da aula
expositiva não dialogada e há exemplos de aulas tradicionais e autoritárias que
são realizadas em espaços não escolares.
AMAZÔNIA ENSINO E APRENDIZAGEM

Debater questões sobre o ensino e a aprendizagem da conservação da fauna


amazônica é relevante no sentido de entendermos o quão necessário e urgente
é que os estudantes abranjam que eles também são responsáveis por tais
questões.

Para tanto, cabe aos educadores a importante tarefa de conduzir seus


estudantes à conscientização da conservação dos diversos ecossistemas.
Quanto a isso, Neiman (2002, p.21), destaca que: “A questão ambiental passou
a emergir como um saber reintegrador de novos valores, multiplicado nas suas
possibilidades pelos muitos saberes, associados a um mundo bastante difícil de
se ver: igualitário, democrático, etc.”

Isto significa dizer, que o ensino da conservação do ambiente é imprescindível


em qualquer processo de aprendizagem. As questões ambientais passam a ser
elemento significativo na formação de novos valores sociais. Falar de valores é
falar de educar. Isso logo nos remete a professores e estudantes, pois são eles
os agentes principais do processo ensinar/aprender.

Guimarães (2011), afirma que em educação ambiental é necessário que o


professor trabalhe intensamente a relação entre ser humano e ambiente e se
conscientize de que o ser humano é natureza e não apenas parte dela.

Sem dúvida, fazer essa relação é preciso para que o ensino da conservação
ambiental deixe de ser algo apenas obrigatório e se torne extremamente eficaz.
No entanto, para que os conteúdos relacionados a educação ambiental sejam
trabalhos de maneira que produza uma conscientização acerca da conservação,
é preciso que haja um empenho maior por parte dos educadores, a fim de
conduzir os estudantes a uma mudança de comportamento em relação ao
ambiente, mais precisamente aqui, a fauna amazônica.

Ensinar não se configura unicamente em transmitir conhecimento,


mas criar as possibilidades para a sua produção, de modo que,
educador e educando aprendam e ensinem numa dinâmica dialógica e
transformadora na consciência de si com o mundo (FREIRE, 2011,
p.88).
Os espaços formais de Educação constituem-se nos espaços escolares com
todas as suas dependências como salas de aula, laboratórios de ciências,
laboratório de informática, quadra poliesportiva, biblioteca, videoteca, cantina e
refeitório. A educação realizada nos espaços formais é formalizada, garantida
por Lei e organizada de acordo com um padrão estabelecido pelo Conselho
Nacional de Educação (CNE). Os espaços não-formais de Educação são
espaços diferentes da escola onde é suscetível de ocorrer uma ação educativa.
São instituições e não instituições em que ocorre a educação não-formal.
Jacobucci (2008, p. 56) descreve que:

Na categoria Instituições, podem ser incluídos os espaços que são


regulamentados e que possuem equipe técnica responsável pelas
atividades executadas, sendo o caso dos Museus, Centros de
Ciências, Parques Ecológicos, Parques Zoobotânicos, Jardins
Botânicos, Planetários, Institutos de Pesquisa, Aquários, Zoológicos,
dentre outros. Já os ambientes naturais ou urbanos que não dispõem
de estruturação institucional, mas onde é possível adotar práticas
educativas, englobam a categoria Não-Instituições. Nessa categoria
podem ser incluídos teatro, parque, casa, rua, praça, terreno, cinema,
praia, caverna, rio, lagoa, campo de futebol, dentre outros inúmeros
espaços.

Desse modo, a Educação Formal é aquela ligada ao espaço escolar e apresenta


um programa sistemático de ensino, leis e normas com um currículo rígido.
Enquanto a Educação não-formalocorre em ambientes fora da escola, como
Museus e Zoológicos (GOHN, 2006) por meio de metodologias e currículos
flexíveis tendo o aluno como centro do processo de ensino e aprendizagem.

Marandino (2008, p. 13) difere educação formal e educação não-formal da


seguinte forma: Educação formal: sistema de educação hierarquicamente
estruturado e cronologicamente graduado da escola primária à universidade,
incluindo os estudos acadêmicos e as variedades de programas especializados
e de instituições de treinamento técnico e profissional.

Educação não-formal: qualquer atividade organizada fora do sistema formal de


educação, operando separadamente ou como parte de uma atividade mais
ampla, que pretende servir a clientes previamente identificados como aprendizes
e que possui objetivos de aprendizagem.

Embora seja consenso entre os autores que a Educação não-formal é diferente


da Educação formal por utilizar ferramentas didáticas diversificadas e atrativas,
isto nem sempre é verdade. Há muitos exemplos de professores que adotam
estratégias pedagógicas variadas para abordar um determinado conteúdo,
fugindo do tradicional método da aula expositiva não dialogada. E também há
exemplos de aulas tradicionais e autoritárias que são realizadas em espaços não
escolares. Para Pivelli (2006, p. 75) “a estrutura que caracteriza a educação não-
formal não indica que não exista uma formalidade e que seu espaço não seja
educacional; ambas as condições estão presentes, porém de uma maneira
diversa da escola”.

A educação não formal pode preencher as lacunas deixadas pela educação


escolar e é importante ressaltar que esta forma de educação sempre coexistiu
com a educação formal. Outro tipo de educação considerada é a educação
informal que “abrange todas as possibilidades educativas proporcionadas ao
longo da vida de um individuo, constituindo um processo permanente e não
organizado” (PIVELLI, 2006, p. 74).

A educação informal pode ser transmitida pelos pais, por amigos, pela leitura de
livros, revistas e jornais. É um tipo de educação decorrente de processos
naturais mesmo que seja carregada de valores e representações. O termo
espaço não-formal tem sido utilizado por pesquisadores e profissionais que
trabalham com divulgação científica para descrever lugares, diferentes do
espaço escolar, onde é possível desenvolver atividades educativas. Jacobucci
(2008) afirma que a definição do que é um espaço não-formal de Educação é
muito mais complexa do que se pode imaginar.

Apesar do termo espaço não-formal ser constantemente usado para definir


lugares em que pode ocorrer uma Educação não-formal, a conceitualização do
termo ainda está sendo construída. Alguns espaços não-formais têm se
constituído como um campo para diversas pesquisas em Educação que buscam
compreender as relações entre os espaços não-formais e a Educação formal.
Concomitantemente, esses locais são utilizados por alunos e professores para a
obtenção de conhecimentos científicos pelas potencialidades que apresentam
em favorecer o trabalho interdisciplinar, a contextualização, a motivação, a
divulgação da ciência e da tecnologia e, promover a alfabetização cientifica
(PRAXEDES, 2009, p. 29).
As aulas em espaços não-formais favorecem a observação e a problematização
dos fenômenos naturais. Segundo Almeida e Terán (2011, p. 5) a visita a
espaços não-formais é uma estratégia para o ensino-aprendizagem, podendo
corroborar com o conteúdo estudado em sala de aula. Nesses ambientes, o
aluno tem a possibilidade de realizar observações in loco de seres vivos (plantas,
animais e fungos) que não é possível em sala de aula.

O processo ensino e aprendizagem dos conteúdos da fauna amazônica nos


ambientes formais

No contexto da fauna amazônica encontram-se indivíduos que usufruem de seus


benefícios, mas poucos conhecem a verdadeira realidade de nossos
ecossistemas. Dentre esses cidadãos, estão estudantes e educadores que na
vivência da sala de aula procuram saber os conteúdos apresentados sobre o
meio ambiente faunístico. Embora compartilhem esses saberes, são poucos os
que adquirirem a consciência da necessidade de conservar e preservar a fauna
amazônica, apesar de ser algo tão importante como destaca Neves apud
Barbosa (2011, p.152):

O conhecimento de aspectos ecológicos referentes à realidade


amazônica é fator decisivo para o efetivo desenvolvimento desta
região, devendo ser estendido aos habitantes da floresta, sujeitos
principais de qualquer projeto que pretenda articular o espaço
amazônico, a Ciência e a relação homem versus natureza.

Para Guimarães (2011), trabalhar com a conscientização da preservação do


ambiente não é simplesmente transmitir valores verdes de professor para o
estudante, mas sim, possibilitar ao estudante questionar criticamente os valores
estabelecidos pela sociedade, bem como os valores do próprio educador que
está trabalhando em sua conscientização.

Podemos dizer da importância que o educador tem no processo de ensino e


aprendizagem dos conteúdos referentes à fauna amazônica. Este não basta
apenas transmitir e incutir na mente do estudante que conservar é preciso, mas
proporcionar condições cognitivas para que o estudante adquira um pensamento
crítico e reflexivo acerca do assunto.
Cachapuz (2005) chama a atenção para uma educação científica de cunho
construtivista, onde propõe a participação ativa dos estudantes na construção do
conhecimento e não a simples reconstrução adquirida através do professor ou
livro escolar. Isto significa dizer, que transmitir ou repassar os conteúdos
faunísticos ao estudante não significa necessariamente que o mesmo terá um
espírito de preservação, é necessário trabalhar com a forma de pensar do
estudante, para a partir daí seu comportamento possa sofrer alterações.
Segundo a teoria vygotskana, necessita-se de uma escola em que:

As pessoas possam dialogar, duvidar, discutir, questionar e


compartilhar saberes. Onde há espaço para transformações, para as
diferenças, para o erro, para as contradições, para a colaboração
mútua e para a criatividade. Uma escola em que professores e alunos
tenham autonomia, possam pensar, refletir sobre seu próprio processo
de construção de conhecimentos (VYGOTSKY apud REGO, 2011, p.
54).

A escola é um espaço privilegiado para a aprendizagem da fauna amazônica. E


muito mais do que isso, para a construção de um pensamento de conservação
ambiental, ou seja, para educar as novas gerações acerca de seus deveres e
direitos de cidadãos responsáveis pelo meio. A conservação ambiental, como
Jacobi (2003) ressalta, é uma questão do universo educativo e, portanto,
também de responsabilidade da escola. Sua abordagem deve se voltar a uma
transformação social, relacionando o homem, a natureza e o universo de

2 A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA DA AMAZÔNIA


É consenso que o início da colonização portuguesa na Amazônia ocorreu com
a fundação de um núcleo urbano em 1616, tornando-se, posteriormente, na
cidade de Belém. Em 1622, introduziu-se a atividade da pecuária e, em 1634,
entrou em funcionamento o primeiro engenho na região para a fabricação de
açúcar.

Uma agricultura diversificada para os padrões da época, embora incipiente, foi


inicialmente praticada por um grupo de famílias açorianas que chegou a Belém
em 1676. Tal agricultura consistia no cultivo de arroz, tabaco e cacau (Homma,
2006). A estratégia da Coroa Portuguesa era, basicamente, ocupar o território,
independente do uso que poderia ser dado a ele. De forma a ter um
aproveitamento econômico, tentou-se a implantação da cultura da cana-de-
açúcar, atividade que se mostrou infrutífera na região devido às condições
naturais desfavoráveis ao desenvolvimento dessa gramínea (Prado Júnior,
1993).

Como afirma Furtado (1991, p. 153), ao longo do século XVII “as colônias da
região norte ficaram abandonadas aos seus próprios recursos e as vicissitudes
que tiveram de enfrentar demonstraram vivamente o quão difícil era a
sobrevivência de uma colônia de povoamento nas terras da América”. Durante o
Período Colonial, é possível afirmar que o desmatamento na região estava
localizado em pontos isolados, nas margens dos principais rios, sempre em
pequenas extensões.

No Estado do Pará, o desmatamento ocorria nas proximidades de Belém, em


função de constituir-se, neste estado, a primeira aglomeração populacional na
região, pela presença das atividades da agricultura e da pecuária e por ser o
local do primeiro engenho de fabricação do açúcar no Estado do Pará,
demandando terras para o cultivo da cana-de-açúcar. Além de Belém, o
desmatamento ocorria nos núcleos urbanos de Bragança, Ourém e Paru.

No atual Estado do Amapá ocorreram pequenas áreas de desmatamento


decorrentes da colonização em Macapá. No Estado do Amazonas, o
desmatamento ocorreu na cidade de Manaus e nas áreas destinadas aos
cultivos de cacau, café e tabaco, principalmente em Curupá.

Do Império ao Ciclo da Borracha Até o final do século XIX, a Região Amazônica


experimentou um relativo crescimento com as culturas do algodão, do arroz e do
cacau. No entanto, esse crescimento não foi suficientemente vigoroso para
promover uma fase sustentada de desenvolvimento.

Já no final do século XIX e início do século XX, o produto de maior destaque na


região foi a borracha, que teve uma elevada demanda decorrente da implantação
do setor automobilístico na Europa e nos Estados Unidos. Dadas as
características naturais da região e da organização produtiva, o aumento de
produção da borracha dependia tão somente da quantidade de mão de obra
utilizada.
O período de secas no Nordeste, entre 1887 e 1890, fez com que governo
federal estimulasse um grande fluxo de trabalhadores do Nordeste para a
Amazônia. Furtado (1991) registra que cerca de 260.000 pessoas migraram para
a Região Norte no último decênio do século XIX, predominantemente atraídos
pelo Ciclo da Borracha.

Além do mais, como a região necessitava importar bens de outras regiões do


país e de outros países, em 1903 foi inaugurada a Estrada de Ferro Belém-
Bragança com o objetivo de transportar alimentos até os seringais. Em 1903 e
1907 iniciaram-se, respectivamente, as obras das estradas de ferro Tucuruí e
Madeira-Mamoré (Homma, 2006).

O surgimento e o crescimento da produção da borracha possibilitaram o


povoamento ao longo dos principais rios da região, o que fez surgirem várias
cidades ou vilas. A atividade de produção da borracha pouco gerou o
desmatamento, devido às características de extração e beneficiamento do látex.
No entanto, como se poderia esperar, o surgimento de núcleos urbanos gerou
diretamente o desmatamento devido à construção do espaço urbano e para a
extração ou produção de bens (que não eram oriundos de outras regiões)
destinados a atender predominantemente a população local.

Se na fase anterior o desmatamento estava concentrado em alguns pontos,


agora ele se torna disperso por boa parte da região, mas sempre próximo aos
rios, que eram os únicos meios de transporte na época. As construções das
ferrovias Belém-Bragança, MadeiraMamoré e Tucuruí também propiciaram o
desmatamento ao longo de seus traçados. Além disso, as colônias de japoneses
nos municípios de Parintins (no atual Estado do Amazonas) e Tomé-Açu (no
Pará) para o cultivo da juta e da pimenta-do-reino, respectivamente, também
geraram pontos de desmatamento no centro da floresta amazônica.

A partir da segunda década do século XX, o Ciclo da Borracha entrou em crise,


promovida pela concorrência da produção de países asiáticos. Para amenizar os
efeitos da crise, em 1912 foi criado o Plano de Defesa da Borracha, tendo como
órgão responsável por sua execução a Superintendência de Defesa da
Borracha, subordinada ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. O
Plano visava retomar a inserção da borracha brasileira nos mercados
internacionais.

“Além de preconizar a modernização da extração, beneficiamento, transporte e


comercialização do produto, o plano pretendia tornar mais racional o processo
de trabalho, por meio de medidas de saneamento e assistência médica que
mantivessem nos limites normais o coeficiente de mortalidade absurdamente
elevado” (Benchimol, 1990, p. 42).

A região da Amazônia abriga a última floresta de dimensão continental no mundo


(Ross, 2006) e identifica, quanto ao seu uso, no mínimo, dois grupos de atores:
um com interesse no grande potencial de recursos, visando, dessa forma, sua
extração e transformação e outro com interesse em sua preservação.

Tais interesses poderiam ser conciliatórios, como demonstrado pelas indústrias


farmacêuticas e de empresas biotecnológicas e de engenharia genética, que
manifestam o desejo de que a Amazônia ofereça o que tem, mas que fique em
seu lugar com suas características intactas (Souza, 2002).

No entanto, não é isso que vem ocorrendo na região. O modelo de


desenvolvimento da Amazônia implica sua transformação, ou seja, a
manutenção das características naturais e o desenvolvimento são elementos
dissociativos, no qual este último compete e se sobrepõe àquele. A região
passou por diversas fases de desenvolvimento. Durante a colonização
portuguesa no Brasil, houve algumas tentativas de instalar alguma atividade para
extrair ou gerar riqueza, mas que foram impossibilitadas pelas dificuldades
naturais da região, restando apenas núcleos em pequenas áreas.

O mesmo aconteceu no período do Império. Desde o final do século XIX, é


possível identificar quatro grandes processos que deram sentido à ocupação
territorial da Amazônia. O primeiro é marcado pela influência internacional,
quando a região se inseriu no mercado internacional por meio da produção e
exportação da borracha; o segundo é caracterizado por intervenções
esporádicas do governo federal, no momento em que a região passou por certa
indefinição econômica; o terceiro se mostra quando o Estado Nacional escolhe
a região para ser o grande palco de suas ações de planejamento territorial e,
finalmente, o quarto é caracterizado pela conjugação de ações estatais, embora
2.1 DESMATAMENTO E IMPACTOS USO SUSTENTÁVEL

O desmatamento na Amazônia brasileira tem aumentado continuamente desde


1991, variando de acordo com as mudanças relacionadas às forças econômicas.
Estas mudanças incluem um pico no desmatamento em 1995, resultado do
Plano Real, iniciação em 1994 e uma queda em 2005, resultado de taxas de
câmbio desfavoráveis para exportações, combinado com a “operação Curupira”
para reprimir a exploração madeireira ilegal em Mato Grosso, junto com criação
de reservas e uma de área interditada no Pará após o assassinato da Irmã
Dorothy Stang.

É provável que o desmatamento futuro aumente ainda mais rapidamente por


causa da constante expansão da rede de estradas. Decisões para construir ou
pavimentar rodovias têm consequências de longo alcance, condenando a
floresta circunvizinha ao desmatamento (por exemplo, Ferreira et al., 2005;
Soares-Filho et al., 2004, 2005).

Os atores e as forças que conduzem ao desmatamento variam entre partes


diferentes da região, e variam ao longo do tempo. Em geral, os grandes e médios
fazendeiros respondem pela grande maioria da atividade do desmatamento, mas
os pequenos agricultores podem atuar como forças importantes nos lugares
onde estão concentrados.

Em Mato Grosso, grandes plantações de soja têm se alastrado em direção ao


norte a partir da área de cerrado (Fearnside, 2001). A parte norte do Mato Grosso
e muito das partes sul e leste do Pará são dominadas por grandes fazendas de
pecuária. Em partes do Pará (tais como focos de desmatamento em Novo
Repartimento), pequenos agricultores representam a força principal. Em
Rondônia e ao longo da rodovia Transamazônica no Pará e no Amazonas,
pequenos agricultores são agentes importantes.

Os impactos do desmatamento incluem a perda de oportunidades para o uso


sustentável da floresta, incluindo a produção de mercadorias tradicionais tanto
por manejo florestal para madeira como por extração de produtos não-
madeireiros. O desmatamento, também, sacrifica a oportunidade de capturar o
valor dos serviços ambientais da floresta.
A natureza não sustentável de praticamente todos os usos de terra implantados,
numa escala significante em áreas desmatadas, faz com que as oportunidades
perdidas de manter a floresta de pé sejam significativas a longo prazo.

2.2 BIODIVERSIDADE E ALIMENTAÇÃO COM A MUDANÇA DE CLIMA

Os serviços ambientais providos pela manutenção da floresta são muitos. Três


grupos de serviços provêm ampla justificativa para manter áreas grandes de
floresta: biodiversidade, ciclagem de água e armazenamento de carbono
(Fearnside, 1997).

A Amazônia brasileira tem um número grande de espécies, embora, para muitos


grupos, tanto os membros e as distribuições são mal conhecidos. Esta
biodiversidade tem valor significativo tanto em termos de utilidade tradicional
como em termos de valor de existência (Fearnside, 2003a).

A socio diversidade também é ameaçada pela perda de floresta, já que isto


elimina culturas indígenas e extrativistas tradicionais tais como seringueiros.

A floresta amazônica tem uma série de ligações de retroalimentação com e


mudança climática que representa uma ameaça séria à existência da floresta e
para a continuação de seus serviços ambientais.

Um mecanismo é por perda de evapotranspiração, assim reduzindo a


precipitação a ponto em que a floresta deixa de ser o tipo de vegetação
favorecido pelo clima da região (por exemplo, Shukla et al., 1990).

A floresta seria substituída com um tipo de vegetação parecido com o cerrado,


por meio da savanização. Até 60% da floresta amazônica no Brasil poderia ser
transformado em cerrado pelo processo de savanização (Oyama & Nobre,
2003). Uma ameaça separada resulta do aumento da freqüência do fenômeno
de El Niño.

Os eventos El Niño aumentaram em freqüência desde 1976, indicando uma


mudança no sistema climatológico global (Nicholls et al., 1996). O fenômeno El
Niño causa secas na Amazônia que, por sua vez, provê condições para
incêndios destrutivos, como os que ocorreram em Roraima em 1997-1998
(Barbosa & Fearnside, 1999).
Eles também conduzem à perda de carbono de ecossistemas de floresta em pé,
mesmo na ausência de fogo (Tian et al., 1998; Camargo et al., 2004). A mudança
continuada no equilíbrio entre anos El Niño, quando a floresta perde carbono, e
os anos do tipo “normal” e de La Niña, quando a floresta pode ganhar carbono,
implica em uma perda a longo prazo de quantias grandes de carbono. Vários
estudos apontam para o efeito estufa como a causa subjacente do aumento de
El Niño (por exemplo, Timmerman et al., 1999).

O aumento contínuo do aumento do efeito estufa, como projetado por todos os


modelos climáticos na ausência de mudanças significantes nas emissões
antropogênicas mundiais, implica em eventos de El Niño que são mais
frequentes e, provavelmente, mais severos.

O efeito estufa pode causar a morte da floresta amazônica diretamente, além de


seu efeito provável por meio do El Niño. Médias de temperatura mais altas
exigem que cada árvore use mais água para executar a mesma quantia de
fotossíntese. O efeito estufa não acontece uniformemente sobre o planeta, e é
esperado que a Amazônia seja um dos locais com os maiores aumentos de
temperatura (Stainforth et al., 2005).

Simulações que presumem alta sensibilidade climática (a quantidade de


elevação da temperatura média global para cada unidade de concentração de
CO2 adicional na atmosfera) indicam aumentos de temperatura média tão alto
quanto 14o C na Amazônia (Stainforth et al., 2005, p. 405).

Isto implica em picos de temperatura de bem mais de 50o C, o que não só


resultariam em morte da floresta, mas também em aumento na mortalidade
humana. Projeções mais modestas indicam aumentos de temperatura de
aproximadamente 6o C, que também seriam catastróficos.
3 METODOLOGIA

O trabalho foi realizado através de revisão bibliográficas na língua portuguesa


sendo descartados os de língua estrangeiras, utilizando as seguintes palavras-
chaves: Educação, Meio ambiente, Sustentabilidade.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Aulas fora do ambiente escolar são importantes na medida em que os


professores façam um bom planejamento e estejam dispostos a realizar essas
atividades, pois trabalhos dessa natureza tiram o professor da sua zona de
conforto e exige um esforço maior por parte dos mesmos e sua equipe
pedagógica.

As aulas práticas são pouco difundidas, pela falta de tempo para preparar
material e também a falta de segurança em controlar os alunos. Mas que, apesar
de tudo reconhece que o entusiasmo, o interesse e o envolvimento dos alunos
compensam qualquer professor pelo esforço e pela sobrecarga de trabalho que
possa resultar das aulas práticas.

As aulas práticas em ambientes fora da sala de aula, usando espaços não


formais de ensino para ministrar conteúdos sobre o tema da conservação da
fauna Amazônica. Portanto, podem proporcionar aos alunos experiências
marcantes não somente para sua vida escolar, mas sobretudo, para preparar os
alunos de maneira mais consciente balisticamente para a vida cotidiana, onde
poderá agir de forma crítica e ajudar a comunidade na conservação e
preservação do meio ambiente e de maneira particular da fauna amazônica.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de muitas dificuldades que a escola ainda apresenta e com evidente


formação tradicional dos professores, acreditamos que o ensino e a
aprendizagem através dos espaços não formais podem ser uma ferramenta
pedagógica importante vislumbrando uma ciência significativa e que contemple
de maneira satisfatória uma educação que transforme alunos e professores para
uma consciência faunística de conservação da fauna Amazônica.

Aulas práticas tornam-se bastante construtivas quando o professor busca formas


de aproveitar o ambiente ao máximo para expor o conteúdo. Para os alunos é
muito mais agradável e proveitoso devido à curiosidade pelo diferente, incomum.
A aula prática torna o aprendizado mais interessante e mais fácil, pois constatar
o que os livros dizem é uma forma bastante eficaz de ensino.

Ficou muito claro, tanto para professores que poderão rever suas práticas de
ensino, quanto para os discentes que puderam desfrutar de uma maneira
diferente de ver os assuntos de ciências naturais, que as aulas planejadas
explorando os diversos espaços educativos, podem contribuir para se criar um
novo olhar para a fauna Amazônica, no sentido de que a conservação é
responsabilidade de cada um de nós e que essa realidade e essa consciência
faunística pode começar a mudar na escola, onde alunos e professores podem
se tornar disseminadores em potencial para que possamos ter uma fauna
conhecida e sobretudo conservada.
BIBLIOGRAFIA

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