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ABNT NBR 16935:2021
27 páginas
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Sumário Página
Prefácio.................................................................................................................................................v
Introdução............................................................................................................................................vi
1 Escopo.................................................................................................................................1
2 Referências normativas......................................................................................................1
3 Termos e definições............................................................................................................1
4 Simbologia...........................................................................................................................2
5 Propriedades do concreto reforçado com fibras (CRF)..................................................4
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5.1 Gerais...................................................................................................................................4
5.2 Resistências........................................................................................................................5
5.2.1 Resistência à compressão.................................................................................................5
5.2.2 Resistência à tração............................................................................................................5
5.2.3 Relações mínimas entre resistências...............................................................................6
5.3 Diagrama de tensão-abertura de fissura (ELU)................................................................6
5.4 Diagramas de tensão-deformação (ELU) específicos para elementos de placa com
interface com o meio elástico............................................................................................8
5.4.1 Momento resistente da seção reforçada somente com fibras........................................8
5.4.2 Momento resistente da seção reforçada com fibras e armadura para As ≤ 0,15 % A...10
5.4.3 Momento resistente da seção reforçada com fibras e armadura para As > 0,15 % A... 11
5.5 Leis constitutivas para análise numérica.......................................................................12
5.6 Coeficientes de ponderação ...........................................................................................12
6 Estruturas de concreto reforçado com fibras................................................................13
6.1 Requisitos gerais..............................................................................................................13
6.2 Classificação conforme geometria e função estrutural................................................13
6.3 Classificação conforme o método de produção............................................................13
6.4 Classificação conforme o método de análise estrutural...............................................13
6.4.1 Generalidades....................................................................................................................13
6.4.2 Análise linear.....................................................................................................................13
6.4.3 Análise plástica.................................................................................................................14
6.4.4 Análise não linear..............................................................................................................14
6.4.5 Análise por meio de modelos físicos..............................................................................14
6.5 Princípios de projeto.........................................................................................................15
7 Dimensionamento no estado-limite último (ELU)..........................................................16
7.1 Elementos lineares sujeitos a solicitações normais.....................................................16
7.2 Elementos lineares sujeitos à força cortante.................................................................16
7.2.1 Elementos lineares somente com CRF, sem armaduras longitudinal e transversal.....16
7.2.2 Elementos lineares com CRF, com armadura longitudinal e sem armadura
transversal.........................................................................................................................17
7.2.3 Elementos lineares com CRF, com armadura longitudinal e com armadura
transversal.........................................................................................................................18
7.2.4 Armadura mínima de cisalhamento.................................................................................18
7.3 Elementos lineares sujeitos à torção e cortante............................................................18
Figuras
Figura 1 – Comportamentos de softening e hardening do CRF sob tração direta........................5
Figura 2 – Curva de força – CMOD.....................................................................................................5
Figura 3 – Leis constitutivas de pós-fissuração...............................................................................6
Figura 4 – Modelo simplificado adotado para determinação de fFtu, por meio de fR3..................7
Figura 5 – Diagrama de deformação e tensões nas seções para o modelo linear........................7
Figura 6 – Lei constitutiva linear pós-fissuração do CRF................................................................8
Figura 7 – Diagramas de distribuição de tensões axiais e deformações da seção reforçada
somente com fibras............................................................................................................9
Figura 8 – Diagramas de distribuição de tensões axiais e deformações da seção reforçada
com fibras + armaduras (para As ≤ 0,15 % A).................................................................10
Figura 9 – Diagramas de distribuição de tensões axiais e deformações da seção reforçada
com fibras + armaduras (para As > 0,15 % A)................................................................ 11
Figura 10 – Curva típica de carga-deslocamento vertical para estrutura de CRF.......................15
Figura 11 – ELU para momento fletor e força normal – Diagrama simplificado com λ e αc........16
Figura 12 – Área efetiva de concreto tracionado............................................................................23
Figura 13 – Distribuição de deformações e tensões de uma viga de CRF, no ELS.....................24
Tabela
Tabela 1 – Coeficientes de ponderação para os materiais no ELU...............................................12
Prefácio
A ABNT chama a atenção para que, apesar de ter sido solicitada manifestação sobre eventuais direitos
de patentes durante a Consulta Nacional, estes podem ocorrer e devem ser comunicados à ABNT
a qualquer momento (Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996).
Os Documentos Técnicos ABNT, assim como as Normas Internacionais (ISO e IEC), são voluntários
e não incluem requisitos contratuais, legais ou estatutários. Os Documentos Técnicos ABNT não
substituem Leis, Decretos ou Regulamentos, aos quais os usuários devem atender, tendo precedência
sobre qualquer Documento Técnico ABNT.
Ressalta-se que os Documentos Técnicos ABNT podem ser objeto de citação em Regulamentos
Técnicos. Nestes casos, os órgãos responsáveis pelos Regulamentos Técnicos podem determinar
as datas para exigência dos requisitos de quaisquer Documentos Técnicos ABNT.
A ABNT NBR 16935 foi elaborada no Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-002) pela
Comissão de Estudo de Estruturas de Concreto Reforçado com Fibras (CE 002:124.026). O Projeto
circulou em Consulta Nacional conforme Edital nº 12, de 21.12.2020 a 03.02.2021.
Esta ABNT NBR 16935:2021 não se aplica aos projetos de construção que tenham sido protocolados
para aprovação no órgão competente pelo licenciamento anteriormente à data de sua publicação
como Norma Brasileira, bem como àqueles que venham a ser protocolados no prazo de 180 dias após
esta data.
Scope
This Standard establishes the requirements of the mechanical performance for structures of Fiber
Reinforced Concrete (FRC) for acting alone or in conjunction with the reinforcements, for structural
elements and slabs with capacity for redistributing efforts considering the interface with elastic base,
dimensioned and verified in the Ultimate Limit State (ELU) and Service Limit State (ELS).
This Standard applies to fiber-reinforced concrete structures, identified by a dry specific mass greater
than 2 000 kg/m3, not exceeding 2 800 kg/m3, of resistance group I (C20 to C50), according to
ABNT NBR classification 8953.
This Standard establishes the specific requirements related to the design of fiber reinforced concrete
structures, in addition to the general requirements of ABNT NBR 6118.
This Standard does not include requirements applicable for the design of tunnel lining made of fiber
reinforced shotcrete.
This Standard does not include requirements applicable for avoiding limit states caused by certain
types of actions such as earthquakes, impacts, explosions and fire.
Introdução
O concreto reforçado com fibras (CRF) é um material compósito, caracterizado por uma matriz
cimentícia com fibras descontínuas estáveis em meio alcalino.
1 Escopo
Esta Norma estabelece os requisitos de desempenho mecânico para estruturas de concreto reforçado
com fibras (CRF) para atuação isolada ou em conjunto com as armaduras, para elementos estruturais
e placas que apresentem capacidade de redistribuição de esforços considerando a interface com meio
elástico, dimensionados e verificados no estado-limite último (ELU) e no estado-limite de serviço (ELS)
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Esta Norma se aplica às estruturas de concreto reforçado com fibras, identificadas por massa específica
seca maior do que 2 000 kg/m3, não excedendo 2 800 kg/m3, do grupo I de resistência (C20 a C50),
conforme classificação da ABNT NBR 8953.
Esta Norma não se aplica aos requisitos para o dimensionamento de revestimento de túneis executados
em concreto projetado reforçado com fibras.
Esta Norma não se aplica aos requisitos para evitar os estados-limite gerados por certos tipos de
ações, como sismo, impacto, explosões e fogo.
2 Referências normativas
Os documentos a seguir são citados no texto de tal forma que seus conteúdos, totais ou parciais,
constituem requisitos para este Documento. Para referências datadas, aplicam-se somente as edições
citadas. Para referências não datadas, aplicam-se as edições mais recentes do referido documento
(incluindo emendas).
ABNT NBR 16940, Concreto reforçado com fibras – Determinação da resistência à tração por flexão
(limite de proporcionalidade e residual) – Método de ensaio
ABNT NBR 8953, Concreto para fins estruturais – Classificação pela massa específica, por grupos de
resistência e consistência
3 Termos e definições
Para os efeitos desta Norma, aplicam-se os termos e definições da ABNT NBR 6118 e os seguintes.
3.1
concreto reforçado com fibras (CRF)
material compósito, caracterizado por uma matriz de concreto estrutural com fibras descontínuas
3.2
elementos de concreto reforçado com fibras
elementos estruturais elaborados com concreto reforçado com fibras que não possuem qualquer tipo
de armadura
3.3
elementos de concreto reforçado com fibras em conjunto com armaduras
elementos estruturais elaborados com concreto reforçado com fibras e armaduras passivas ou ativas
3.4
elementos de placas com capacidade de redistribuição de esforços com um meio elástico
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elementos estruturais bidimensionais elaborados com concreto reforçado com fibras com cargas
aplicadas perpendiculares ao seu plano, que considerem interações com um meio elástico
3.5
fibras descontínuas estáveis em meio alcalino
material de formato linear cortado longitudinalmente em comprimentos uniformes e que mantenham
as propriedades mecânicas necessárias quando submetido ao ambiente alcalino
3.6
comportamento softening
comportamento mecânico pós-fissuração do concreto reforçado com fibras em que a manutenção de
carga fica abaixo da carga de limite de proporcionalidade
3.7
comportamento hardening
comportamento mecânico pós-fissuração do concreto reforçado com fibras em que a manutenção de
carga fica acima da carga de limite de proporcionalidade
3.8
crack mouth opening displacement
CMOD
medida da abertura da face inferior do entalhe no ensaio de tração na flexão do concreto reforçado
com fibras
3.9
limite de proporcionalidade
valor da força de tração considerada como o limite de proporcionalidade entre a tensão e a deformação
do concreto reforçado com fibras
3.10
resistência residual à tração
valor da resistência correspondente à força residual pós-fissuração da matriz do concreto reforçado
com fibras
4 Simbologia
Para os efeitos desta Norma, aplica-se a seguinte simbologia.
F Força
F1, F2, F3, F4 Forças correspondentes respectivamente aos CMOD1, CMOD2, CMOD3, CMOD4
σ Tensão
ε Deformação
δ Deslocamento
w Abertura de fissura
γ Coeficiente de ponderação
A matriz de concreto sem adição de fibras apresenta comportamento frágil quando comparada à
matriz de CRF, tendo baixa capacidade de resistência das seções e baixas deformações quando
submetidas a esforços de tração, e praticamente não apresentando deformações plásticas.
A adição de fibras descontínuas e aleatoriamente distribuídas na matriz atua como reforço estrutural
e possibilita o controle da abertura e da propagação de fissuras no concreto, alterando o seu
comportamento mecânico após a ruptura da matriz, aumentando a capacidade de absorção de energia
do concreto e diminuindo o nível de fragilidade do material.
O comportamento mecânico pós-fissuração do CRF submetido à tração direta, pode ser caracterizado
conforme a Figura 1. A Figura 1 indica que, após a fissuração da matriz de concreto (Fcr), a curva
de força versus o deslocamento do CRF pode assumir dois tipos de comportamento: (a) softening,
caracterizado pela redução gradual dos valores de força abaixo da força Fcr, (b) hardening,
caracterizado pelo aumento inicial dos valores de força (F) com múltipla fissuração antes de se atingir
a força máxima (Fmáx.).
5.2 Resistências
Pode-se considerar que, em geral, as relações de compressão válidas para concreto simples (sem
fibras) se aplicam também ao CRF.
As resistências à tração indiretas (resistência à tração na flexão) do CRF (fL, fR1, fR2, fR3 e fR4)
são determinadas por meio de ensaio de flexão em corpos de prova com entalhe, conforme a
ABNT NBR 16940 (ver Figura 2).
As resistências à tração direta (fFtu e fFts) do CRF são obtidas de acordo com 5.3 ou por meio de
análise inversa.
As aplicações estruturais do CRF são baseadas nas resistências residuais fR1, fR2, fR3 e fR4.
O diagrama de tensão–abertura de fissura sob tração direta é definido pelo comportamento pós-
fissuração do CRF, que deve ser aplicado no ELU.
Duas hipóteses de leis constitutivas podem ser utilizadas para aplicação em seções solicitadas
normalmente à tração, que podem ser extraídas a partir de ensaios de flexão. O modelo rígido-
plástico e o modelo linear, considerando o comportamento pós-fissuração de hardening ou softening,
conforme Figura 3, na qual fFts representa a resistência à tração direta de serviço do CRF e fFtu
representa a resistência à tração direta última do CRF. As linhas tracejadas e contínuas se referem ao
comportamento pós-fissuração tipificado como de hardening e softening, respectivamente.
O modelo rígido-plástico utiliza como valor de referência único, fFtu, o valor baseado no comportamento
último dado pela equação a seguir:
f
fFtu = R3
3
O modelo considera a equivalência estática, mostrada na Figura 4. O valor de fFtu resulta do pressuposto
de que toda resistência de compressão é concentrada na parte superior da seção. Assim, o momento
resistente é dado pela equação a seguir:
f b h2 fFtu b h2
MU = R3 =
6 2
onde
Figura 4 – Modelo simplificado adotado para determinação de fFtu, por meio de fR3
O modelo linear utiliza dois valores de referência, obtidos por meio das seguintes equações:
wu
fFtu = fFts − ( fFts − 0, 5fR3 + 0, 2fR1 ) ≥ 0
CMOD3
onde
A equação para obtenção de M com wu = CMOD3 é obtida a partir do diagrama de tensão de tração
ao longo da seção, como mostra a Figura 5.
A equação para obtenção de fFtu com wu ≠ CMOD3 é uma reta, definida no intervalo das abscissas
entre CMOD1 e CMOD3, conforme Figura 6.
CMOD3
No modelo linear, os valores-limite de CMOD, de fFtu e fFts são respectivamente 2,5 mm e 1,5 mm. No
caso das estruturas previstas em 5.4, o valor-limite de CMOD pode ser de 3,5 mm.
Pode-se assumir alternativamente aos diagramas de 5.3 no estado-limite último (ELU), que a resistência
à tração direta na linha neutra é σr1 e na face mais tracionada é σr4 com distribuição trapezoidal entre
os dois pontos.
onde
O diagrama de distribuição de tensões axiais e deformações da seção reforçada somente com fibras
é apresentado na Figura 7.
Legenda
h altura da seção
hux posição da linha neutra
T força.
O momento resistente máximo no ELU é calculado com deformação máxima de compressão de 3,5‰
e deformação máxima de tração igual a 25 ‰, concomitantemente.
O momento resistente máximo, por metro de largura, é calculado pelas equações a seguir:
0, 877h 0, 877h h2
Mu = T21 + 0, 075h + T22 + 0, 075h γm → Mu = ( 0, 29σ r4 +0,16σ r1)
2 3 γm
sendo
T21 = 0,88hσr4
onde
h é a altura da seção;
5.4.2 Momento resistente da seção reforçada com fibras e armadura para As ≤ 0,15 % A
Para situações combinadas (fibras + armaduras) com área de armadura As ≤ 0,15% da área da seção
transversal (A), o diagrama de distribuição de tensões axiais e deformações da seção reforçada com
fibras e armadura é apresentado na Figura 8.
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Legenda
Com o escoamento da armadura, devido ao baixo percentual desta, o momento resistente máximo por
metro de largura deve ser calculado pela equação a seguir:
h2 Asfyk ( d − 0, 048h )
Mu = ( 0, 29σ r4 +0,16σ r1) +
γm γs
sendo
onde
h é a altura da seção;
5.4.3 Momento resistente da seção reforçada com fibras e armadura para As > 0,15 % A
Para situações combinadas (fibras + armaduras) com área de armadura As > 0,15 % da área da
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seção transversal (A), o diagrama de distribuição de tensões axiais e deformações da seção reforçada
com fibras e armadura é apresentado na Figura 9.
Legenda
Assumindo que a armadura escoa, hux pode ser encontrado com o equilíbrio:
0, 64hux fck = ( h − hux ) [ σr3 + 0, 5 ( σr1 − σr4 )] + Asfyk
Para proporcionar o adequado comportamento dúctil da seção, o valor de hux no ELU deve ser menor
do que 0,3 d.
Para esse percentual de armadura, esta irá escoar, assim, o momento resistente máximo por metro
de largura é calculado como:
Mu = [0, 5 ( σr1 − 4 )( h − hux )( 0, 28hux + 0, 33h )] γm + [ σr4 ( h − hux )( 0,11hux + 0, 5h )] γm
+ [ Asfyk ( d − 0, 39hux )] γm
sendo
hux = 0,123.h.
onde
h é a altura da seção;
Para assegurar a ductilidade na análise plástica, esta equação é válida apenas se hux < 0,3.d.
Assim, calcula-se Mu a partir de hux obtido para uma quantidade específica de As. Se necessário,
repete-se com valores maiores/menores de As até que se obtenha o valor de Mu a ser atingido.
Para projeto baseado em análises numéricas, leis constitutivas de tensão-deformação à tração mais
avançadas são recomendadas, incluindo-se a resistência à tração de primeira fissura.
As resistências à tração direta (fFtu e fFts) do CRF podem ser obtidas por meio de análise inversa.
Neste caso, a curva de tensão-deformação do CRF à tração direta deve ser obtida por métodos
analíticos ou numéricos que aproximem, com o menor erro possível, da curva força-deslocamento
ou força-abertura de fissura (CMOD) obtida desses métodos com a curva média obtida do ensaio de
flexão em corpos de prova com entalhe, conforme a ABNT NBR 16940.
Resistências Coeficientes
No ELS, os coeficientes de ponderação dos materiais podem ser admitidos iguais a 1,0.
As estruturas de CRF devem atender aos requisitos mínimos de qualidade (capacidade resistente,
desempenho em serviço e durabilidade), durante sua construção e uso, e aos requisitos adicionais
estabelecidos pelas partes interessadas.
de utilização durante sua vida útil, não podendo apresentar danos que comprometam em parte ou
totalmente o uso para o qual foi projetada.
As estruturas de CRF podem ser divididas como a composição de elementos lineares e de superfície
(conforme ABNT NBR 6118) e elementos de volume.
As estruturas de CRF podem ser classificadas em função de sua produção, podendo ser divididas
em estruturas de concreto moldado e estruturas de concreto projetado. Cada um desses métodos de
produção tem especificidades, principalmente em relação à adição de fibras ao concreto e, também,
para seu controle.
6.4.1 Generalidades
O objetivo da análise estrutural é determinar os efeitos das ações em uma estrutura, com a finalidade
de efetuar verificações dos estados-limite últimos e de serviço.
A análise estrutural deve ser feita a partir de um modelo estrutural adequado ao objetivo da análise.
Em um projeto, pode ser necessário mais de um modelo estrutural para realizar as verificações
previstas nesta Norma.
As estruturas de CRF também podem ser classificadas em função do método de análise estrutural.
Assim, pode-se considerar como métodos de análise estrutural a análise linear, a análise plástica,
a análise não linear e a análise através de modelos físicos.
Os esforços solicitantes decorrentes de uma análise linear podem servir de base para o dimensionamento
dos elementos estruturais no estado-limite último, mesmo que esse dimensionamento admita
a plastificação dos materiais, desde que se assegure ductilidade mínima às peças.
A análise estrutural é considerada plástica quando as não linearidades puderem ser consideradas,
admitindo-se materiais de comportamento rígido-plástico perfeito ou elastoplástico perfeito. Este tipo
de análise deve ser usado apenas para verificações no estado-limite último.
b) não houver suficiente ductilidade para que as configurações adotadas sejam atingidas.
No caso de carregamento cíclico com possibilidade de fadiga, deve-se evitar o cálculo plástico,
atendendo à ABNT NBR 6118.
Na análise por meio de modelos físicos, o comportamento estrutural é determinado a partir de ensaios
realizados com modelos físicos de CRF, considerando os critérios de semelhança mecânica.
Se for possível uma avaliação adequada dos resultados, pode-se adotar as margens de segurança
da ABNT NBR 6118. Caso contrário, quando só for possível avaliar o valor médio dos resultados,
deve ser ampliada a margem de segurança referida nesta Norma, abrangendo a segurança e as
variabilidades avaliadas por outros meios.
Devem ser obtidos resultados para todos os estados-limite últimos e de serviço a serem empregados
na análise de projeto da estrutura.
Todas as ações, condições e possíveis influências que possam ocorrer durante a vida da estrutura
devem ser convenientemente reproduzidas nos ensaios.
Este tipo de análise é apropriado quando os modelos de cálculo forem insuficientes ou não forem
abrangidos por esta Norma.
Em todas as estruturas de CRF sem nenhuma armadura convencional, uma das seguintes condições
deve ser atendida:
δu ≥ 20 δELS
δPICO ≥ 5 δELS
onde
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Legenda
No caso de elementos lineares sem armadura convencional, sujeitos a tração axial com pequena
excentricidade (sem tensões de compressão na seção), além das limitações vindas de δu ≥ 20 δELS
e δPICO ≥ 5 δELS, o CRF deve ter um comportamento similar ao de hardening sob tração.
O estado-limite último é atingido quando uma das seguintes condições é alcançada (ver Figura 11):
Figura 11 – ELU para momento fletor e força normal – Diagrama simplificado com λ e αc
Nos elementos estruturais somente de CRF e comportamento hardening, considerar o mesmo εFu,
assumindo-se que:
εFu =10 %o para distribuições de tensões de tração constantes ao longo da seção transversal.
Um material é considerado hardening quando apresenta esse comportamento até pelo menos εFu = 10 ‰.
7.2.1 Elementos lineares somente com CRF, sem armaduras longitudinal e transversal
Quando o CRF for utilizado em elementos estruturais sem armadura longitudinal e transversal,
a tensão principal de tração, σ1, não pode ser maior do que a resistência à tração de projeto dada pela
equação a seguir:
f
σ1 ≤ Ftuk
γc
onde
7.2.2 Elementos lineares com CRF, com armadura longitudinal e sem armadura transversal
A resistência do elemento estrutural, em uma determinada seção transversal, deve ser considerada
satisfatória, quando verificada a seguinte condição:
Vsd ≤ VRd,f
0,18 13
fFtuk
VRd,F = ⋅ k ⋅ 100 ⋅ ρ1 ⋅ 1 + 7, 5 ⋅ ⋅ fck + 0,15 ⋅ σcp ⋅ bw ⋅ d ≥ VRd,Fmín
γ c fctk
sendo
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200
k = 1+ ≤ 2, 0 ;
d
ρ1 = Asl / bw . d;
O valor de VRd,Fmín. é limitado superiormente pelo valor obtido pela equação a seguir:
f cotθ + cotα
VRd,máx. = kc ⋅ ck bw ⋅ z
γc 1 + cot 2 θ
Asl é a área da seção transversal da armadura que se estende além da seção considerada
(≥lbd + d);
fFtuk resistência característica à tração direta do CRF, valor último, considerando wu = 1,5 mm
σcp é a tensão média na seção transversal de concreto (Ac) por ação de força axial (Ned) devida
ao carregamento ou a ações de pré-tensão (NFd>0 para compressão);
7.2.3 Elementos lineares com CRF, com armadura longitudinal e com armadura transversal
A resistência do elemento estrutural, em uma determinada seção transversal deve ser considerada
satisfatória, quando verificada a seguinte condição:
onde
A armadura mínima de cisalhamento convencional (estribos), conforme prevista na ABNT NBR 6118,
pode ser dispensada quando for utilizado o CRF e a seguinte condição for atendida:
fFtuk ≥ 0, 08 fck
sendo
wu
FFtu = fFts − ( fFts − 0, 5 ⋅ fR3 + 0, 2 ⋅ fR1 ) ≥ 0
CMOD3
onde
fFtuk é a resistência característica à tração direta do CRF, valor último, considerando wu = 1,5 mm;
A presença de fibras aumenta a capacidade de resistência à torção, no entanto ainda não estão
disponíveis modelos para consideração em projeto. Assim, para essas aplicações, os modelos devem
ser comprovados por meio de experiências em elementos de tamanho real.
7.4.1 Generalidades
Para painéis sem armadura longitudinal carregados no plano, a verificação nos ELU e ELS deve ser
feita por meio de critério de ruptura biaxial, considerando as resistências à tração direta fFts ou fFtu, de
acordo com o estado-limite considerado.
Em estruturas com CRF, a contribuição das fibras como reforço pode ser levada em conta por meio
de análises de elementos finitos não lineares e modelo biela-tirante, utilizando-se as leis constitutivas
estabelecidas em 5.3 ou 5.5.
Quando a análise é linear, o momento solicitante de cálculo deve ser inferior a MRd obtido por meio
da equação a seguir:
f ⋅ t2
MRd = Ftud
2
onde
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t é a espessura da placa.
Este procedimento é válido para placas com predominância de solicitação de flexão, onde a verificação
da capacidade resistente deve ser feita com base no momento resistente MRd avaliado considerando
uma relação rígida plástica.
Quando uma análise de limite for realizada, o MRd pode ser admitido como valor de referência.
Quando a análise é linear, o momento resistente de cálculo referente ao CRF pode ser somado ao
momento resistente de cálculo da seção com armadura longitudinal, devendo ser obtido por meio da
seguinte expressão:
f ⋅ t2
MRd = Ftud
2
onde
t é a espessura da placa.
De maneira alternativa, a verificação também pode ser feita por meio de análise não linear.
7.5.3.1 Generalidades
Para placas apoiadas em meio elástico, a análise estrutural deve ser feita com um modelo estrutural
realista, que permita representar a interação solo-estrutura e que permita também representar
a resposta não linear do material CRF.
Assim, para esses casos, contempla-se também a possibilidade da análise estrutural ser feita por meio
da análise plástica, admitindo-se materiais de comportamento rígido-plástico perfeito ou elastoplástico
perfeito e análise não linear, admitindo-se materiais de comportamento não linear.
No caso específico de placas apoiadas em meio elástico, a análise plástica consiste no tratamento
das placas com base na teoria das charneiras plásticas. A finalidade da teoria das charneiras plásticas
é a determinação dos momentos de plastificação que se devem atribuir à placa para que sua ruína não
ocorra sob a ação de cargas de cálculo inferiores às especificadas pelo projetista. Assim, a carga de
colapso é função da soma dos dois momentos máximos informados a seguir:
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a) Mn: Momento fletor negativo dado pelo momento radial (Mr), que deve ser tomado como limite
o valor do momento fletor elástico (Me);
b) Mp: Momento fletor positivo dado pelo momento tangencial (Mt), que deve ser levado à plastificação
em função do teor de fibras incorporadas ao concreto (Mf).
Quando o valor da soma (Mp + Mn) for inferior ao valor de Me, teoricamente não há necessidade de
utilização das fibras e a placa trabalha, dentro da teoria das linhas de ruptura, como concreto simples.
No entanto, para esta situação, a forma de ruptura é frágil, o que não é seguro. Assim, é necessário
utilizar as fibras com a finalidade conferir ductilidade ao CRF e atender, desta forma, aos requisitos
de segurança. As dosagens incorporadas devem ser feitas de acordo com as dosagens mínimas
específicas para cada tipo de fibra.
Quando o valor da soma (Mp + Mn) for superior ao valor de Me, o momento fletor Mp deve ser levado
à plastificação, assim tem-se a seguinte equação:
(Mp + Mn) = Me + Mf
No caso específico para a situação de projeto, em que os elementos estruturais de CRF, na análise
estrutural, forem considerados como análise plástica, e apresentarem capacidade de redistribuição
de esforços considerando a interface com o meio elástico, a substituição total ou parcial da armadura
convencional nas peças de concreto dimensionadas no estado-limite último com CRF pode ser feita,
se as seguintes relações forem atendidas:
Na análise não linear, pode ser utilizado o método dos elementos finitos e admitir-se o comportamento
do material com base na mecânica da fratura não linear.
VRd ≤ VRd,F
Sendo que a resistência ao cisalhamento de projeto atribuído às fibras pode ser considerada conforme
a equação a seguir:
f
VRd,F = Ftuk ⋅ bw ⋅ d
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γF
onde
fFtuk resistência característica à tração direta do CRF, valor último, considerando wu = 1,5 mm;
7.7.1 Punção em placas somente com CRF ou com CRF e armadura de punção
Para elementos de placa com CRF ou com CRF e armadura de punção deve ser utilizada a seguinte
equação:
sendo
VRdF = VRdf + Vc
onde
fFtuk é a resistência característica à tração direta do CRF, valor último, considerando wu= 1,5 mm.
Quando o reforço com fibras for utilizado para a resistência à punção, uma quantidade mínima
de fibras (e se aplicável armadura transversal) é necessária a fim de assegurar uma capacidade
de deformação suficiente, considerando a equação a seguir:
σ1 ≤ 0,6 . fFtuk
sendo
fFtsk = 0, 45fR1m
f
fFtsm = Ftsk
0, 7
As
ρs,ef =
Ac,ef
Ac,ef = b hc,ef
h−x
hc,ef = 2, 5 ( h − d ) <
3
σs = Es ε s ,
f
σsr = ctm (1 + α eρs,ef )
ρs,ef
onde
k é o coeficiente que considera a não uniformidade das tensões internas no concreto reforçado
com fibras e armadura convencional. Para vigas com altura de mesa inferior a 300 mm, k = 1,0;
fctm é a resistência média do concreto à tração direta, estimada como sendo ft = 0, 9fct sp ;
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Ac,ef é a área efetiva de concreto tracionado (ver Figura 12), expressa em milímetros quadrados (mm2).
x é a distância da aresta mais comprimida da viga até a altura da linha neutra, expressa em
milímetros (mm);
Para o cálculo da posição da linha neutra no Estádio II do CRF em serviço, é considerada a distribuição
de deformações e tensões conforme a Figura 13.
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Legenda
Na Figura 13, todo o concreto abaixo da linha neutra já se encontra fissurado e apenas as fibras
contribuem para a resistência à tração.
Para determinar a posição da linha neutra, dn, primeiramente é necessário arbitrar um valor inicial.
Com este valor, deve ser calculada a deformação na fibra mais comprimida, ε0, pela equação a seguir:
Ms
ε0 =
D d d − dsc D dn d − dn dn D
0, 5Ec bdn + n + Es Asc n + − dsc + Es Ast d − −
2 6 dn 2 2 dn 2 2
Nesta equação, o momento fletor de serviço, Ms, pode ser estimado como 50 % do momento fletor
último.
Com o valor da deformação ε0, devem ser calculadas as deformações nas armaduras tracionadas
e comprimidas, εst e εsc, pelas equações a seguir:
d − dn
εst = ε0
dn
dn − dsc
εsc = ε0
dn
sendo
E ε A − Es εsc Asc + f0,5 bD
dn = s st st
1
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Ec ε0 b + f0,5 b
2
Em seguida, deve ser recalculado o valor da profundidade da linha neutra dn. Este cálculo iterativo
é repetido até que os valores calculados de dn em duas iterações consecutivas sejam iguais.
Pode-se dispensar as armaduras mínimas para controle de fissuração dos elementos submetidos
à flexão se a seguinte condição for atendida:
σ1 ≤ fFtsm
Caso seja necessária a utilização de armadura para controlar a fissuração dos elementos submetidos
à flexão, esta deve ser calculada pela equação a seguir:
Act
As,min = kc ⋅ k ⋅ ( fctm − fFtsm )
σs
onde
fctm é a resistência média do concreto à tração direta, estimada como sendo ft = 0, 9fct sp ;
σs é a tensão máxima no aço no estágio de fissuração, podendo ser considerado igual à tensão
de escoamento do aço;
k é o coeficiente que considera a não uniformidade das tensões internas no concreto reforçado
com fibras e armadura convencional. Para vigas com altura de mesa inferior a 300 mm, k = 1,0.
Quando As,min é negativo, considera-se como armadura mínima apenas o reforço da fibra.
9 Especificação do CRF
A especificação da resistência à tração na flexão do CRF deve ser por meio de suas resistências (fL,
fR1, fR2, fR3 e fR4).
As resistências à tração na flexão do CRF devem ser especificadas como valores característicos e
expressas em megapascals (MPa). Para situações de elementos de placa com interface com o meio
elástico, os valores das resistências à tração na flexão do CRF podem ser especificados como valores
médios.
O controle da qualidade do CRF deve contemplar critérios para qualificação do CRF (qualificação
prévia das fibras e qualificação do compósito), critérios para controle tecnológico do CRF e critérios
para aceitação do CRF, conforme ABNT NBR 16938.
Bibliografia
[2] Concrete Society’s TR34 4th Edition - Concrete industrial ground floorsa guide to design and
construction – Jan2018
[3] EHE/08 – Instrucción de Hormigón Estructural - Anexo 14: Recomendaciones para La utilización
de hormigón com fibras
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