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lA SALGAD O

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A MARATONA DOS
CONCURSOS PÚBLICOS

2a edição

2007
LIA SALGADO

A MARATONA DOS
CONCURSOS PÚBLICOS

Uma história real sobre como ultrapassar


com êxito momentos muito difíceis

e Editora Ferreira
Copyright © Editora Ferreira Ltda., 2003- 2007

1. ed . 2003; 2 . reimpressão 2005; 2 . ed . 2007

Projeto gráfico, direção de arte, capa e ilustrações


Anita Santoro & Eduardo Amador

Revisão
~Apoio Produção Ltda.

CIP-BRASIL, CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

S158c
2.ed.

Salgado, Lia, 1961-


Como vencer a maratona dos concursos públicos : uma história real sobre como
ultrapassar com êxito momentos muito difícies I Lia Salgado . - 2.ed . - Rio de Janeiro :
Ed. Ferreira, 2007 .
112p.

ISBN 978-85-99041-54-3

1. Método de estudo . 2 . Concursos . 3. Exames - Manuais, guias, etc. I. Título .

07 -0283 .
CDD: 371.3028
CDU: 371.398

26 .01.07 31.01.07 000266

Editora Ferreira
www.editoraferreira .com .br

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - É proibida a reprodução total ou


parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio . A violação dos direitos de autor
(Lei no 9 .610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto no 1.825,


de 20 de dezembro de 1907.

Impresso no Brasii/Printed in Brazil


2002 - junho 60
Toques e dicas práticas. Ainda... 61
Estudar é divertido 63
Agradecimentos 8 2002 - julho 64
Prefácio à 2a edição 9 Está desempregado? Excelente! 6$
Pré-fácil?! IO Dia livre + atividade física =
Advertência 11 continuidade 66
Qual é sua situação atual? I 2 Maratonista, mexa-se! 67
E por que concurso público? I S Equilíbrio é a chave 68
Comigo foi assim 2002 -setembro 69
1999 - últimos meses 16 Toques e dicas filosóficas 70
Decisão 18 Essa é a lei 7 I
Recado aos familliares 20 Qual concurso escolher? 72
Uma grande amiga 22 Enfim, o edital. .. 7$
Macete para passar 21 Por que preciso passar? 79
Depressão 24 O dia " D": a prova. 80
2000 - março a setembro 2$ 2002 - 29 de setembro
Toques e dicas práticas 26 I a prova do ISS 84

Agora é sério 29 2002 - outubro - I a Pane 89


Estudar melhor lO 2002- 24 de novembro
2a prova do ISS 9 I
2000 - outubro ll
Mas, nem tudo é tristeza e
Simulados - sim ou não? 34
preocupação 94
200 I - janeiro 37
E se nada der certo? 9$
Sono? 18
Cuidado, Sr. Exagerado ! 96
2001 - março 41
2002 - dezembro 97
Planejar é preciso 42
Festas 98
De novo? 49
2003 - janeiro - 2a Pane 99
Fim de 200 I S I
2003 - 12 de janeiro
Você ouve vozes? 52 3a (e última) prova do ISS I 00
2002 - 03 de março 54 Depois de tudo I OS
Quanta matéria! S S Um pedido ou um desejo? I 07
Não passei. Por quê? 58 Esta ficha é para você I 09

7
AGT8d~clilíí:iíÍ:05
-.)

\
A todos os que me ajudaram nessa maratona, tornando a vitória possível :
Meus filhos, que ficaram "abandonados" durante todo esse tempo, cuida-
ram uns dos outros, e suportaram a minha ausência na confiança de que tempos
melhores viriam. Aos maiores, que tiveram de assumir uma idade que não tinham,
responsabilidades que não eram deles e oferecer aos irmãos menores o que tam-
bém lhes faltava. Aos pequenos, por serem ainda tão pequenos para passarem por
essas coisas sem poder compreender direito o porquê.
Meus pais, que tanto se sacrificaram, ajudando-me de todas as for mas, pri-
vando-se muitas vezes de sua vida pessoal, doando seu tempo ao cuidado de meus
filhos ou dedicando os limitados recursos financeiros ao custeio de meus estudos
e da própria subsist ência da família.
Meu padrasto que, mesmo sem ninguém saber, contr ibuiu co m o suporte
financeiro para que eu pudesse chegar às últimas provas com menos stress e aguardar
até a nomeação e posse (ou primeiro salário) .
Meu ex-marido, pelo exercício da amizade, oferecendo toda a ajuda pos-
sível.
Meu sócio, que teve de segurar a barra sozinho t antas vezes e nunca me
cobrou por isso.
Meu irmão, que foi babá, office boy, mot or ista e funcionário do ateliê, co-
brindo minhas múltiplas funções.
Agradeço, também , a toda a equipe da Editora Ferreira, pelo seu carinho e
interesse em todas as etapas do processo deste livro. À Anita Santoro e Eduardo
Amador, pela maestria com que captaram a emoção de minhas palavras e as trans-
formaram em um projeto gráfico que deu ao livro uma nova dimensão.
Tantas pessoas queridas, que torceram sinceramente pelo meu sucesso...
Meus companheiros de maratona, que me ajudaram concretamente a superar
obstáculos ofertando-me resumos, aulas particulares, explicações e, acima de tudo,
apoio nos momentos mais difíceis (Léo, Flávia, Renato, é pra vocês, viu?).
Mauro, responsável por eu ter entrado nessa corrida e por ter-me man-
tido nela.
Meus mentores espirituais, que cobriram meus esforços de Luz.
Mãe, a você, que batalhou todos os dias comigo, acompanhando-me a cada
passo, secando o suor, oferecendo-me água, encorajando-me, obrigada pelo seu
amor.

8
Olá! É com muita alegria que escrevo este novo prefácio. Afinal. vamos para
a segunda edição e isso parece querer dizer que o objetivo do livro vem sendo
atingido.
A verdade é que "Como Vencer" nasceu quase de um jorro só e ainda na
minha fase de preparação para concursos. As idéias ficavam rodando na cabeça e
eu, depois de estudar o dia inteiro, era obrigada a colocá-las no papel para poder
dormir. Foi publicado em dezembro de 2003, somente seis meses após eu haver
assumido meu cargo de fiscal do ISS na Prefeitura do Rio . Era tudo muito forte,
novo e cheio de emoção. Acho, até, que esta foi a força do livro: a sinceridade, a
veracidade, o coração pulsando em cada página.
· Mas, o tempo passou (caramba, o tempo voa mesmo...) e eu terminei me tomando
uma espécie de "consultora em concursos públicos". Então, muitos e-mails recebidos,
conversas de corredor e perguntas ansiosas nas palestras que ministrei, percebi
que faltava algo na primeira versão do livro: o "como fazer " para vencer. Notei que
existe uma enorme dificu ldade das pessoas para o rganizar o estudo. As dúvidas
são de todo o tipo, tanto que priorizei este tema logo nas pri meiras edições da
coluna que mantenho no Guia dos Concursos (Edit ora Ferreira). O retorno foi
bastante favorável e, por isso, decidi trazer aquelas orientações para o livro, a fim
de conjugar, de fo rma mais efetiva, o apoio emocional ao aspecto objetivo da pre-
paração. Afinal , de que adianta mostrar que vale a pena seguir adiante até a vaga,
que a aprovação é, não só possível, como garantida, se não ofereço um suporte
prático para fazer isso?
Assim , agradeço às pessoas que leram e divulgaram as edições anteriores
e, também , àquelas que, de algu ma forma, me ajudaram a ver como melhorar a
qualidade do que estava oferecendo . Do mesmo modo, a cada um que esteve pre-
sente em minhas palestras, e aos que me procuraram, pessoal mente ou via e-moi/
para compartilhar suas histórias pessoais , generosamente fazendo-me acreditar
que meu trabalho tem sido útil.
Um agradecimento especial ao Diniz, da Editora Ferreira, pela presteza e
infinita paciência em todo o " vai e volta" decorrente da revisão completa desta
nova edição.
Agradeço, ainda, ao meu consultor especial, João Alfredo, pela parceria na
busca de novos caminhos. Ao Cláudio, pelo apoio e orientação da minha trajetória
como autora e palestrante. Mais uma vez, ao Mauro, por ter mesmo assumido o
papel de meu "anjo da guarda" nas maratonas da vida. Sempre, à minha mãe, pela
presença incondicional, em todos os momentos. E a todas as formas em que se
transmuta a luz de Deus, por sua Bondade e Sabedoria.

9
ci1?!

Se há algo de que nunca tive dúvidas na vida é da minha paixão


pelos livros. Desde muito pequena, e por toda a tortuosa caminhada
até hoje, nunca abri mão de ler. É a coisa mais deliciosa a se fazer
sozinha (porque acompanhada há outras .. .) e nos permite viajar,
aprender, encontrar a nós mesmos.
E escrever? Parece presunção querer mostrar aos outros o
que descobrimos, o que sabemos. Mas, vejo de outra forma: sem-
pre gostei de partilhar o que aprendo; acho que se de alguma forma
tive a oportunidade de descobrir algo, devo oferecer aos outros a
mesma chance.
Afinal, quanto do que sou hoje é fragmento de livros, autores
queridos, histórias que me levaram para dentro de mim mesma?
Penso que livros são como pessoas: têm uma freqüência energética;
se não for compatível com a nossa, naquele momento, tornam-se
desinteressantes, distantes. Quando ocorre o contrário, são " ami-
gos íntimos" . Tantas vezes quis conhecer autores com quem me
identificava para saber se eram reais, se eu não estava louca por
acreditar naquelas coisas. E também para sentir-me menos só, já
que alguém mais comungava das mesmas idéias.
Por outro lado, é bom dizer que não pretendo ser mais do que
uma mão amiga. Simplesmente, uma colega que poderia sentar-se ao
seu lado na sala ou num grupo de estudo e contar algumas coisas que
descobriu quando passou por essa estrada um tempo atrás. Este relato
é fruto de muitas "cabeçadas" e perdas de tempo desnecessárias.
Espero que possa suavizar um pouco o seu caminho.

10
'
c1a

Se você está procurando uma forma de obter um emprego


imediatamente, acho que está lendo o livro errado. Mas, se deseja
um emprego para o resto da vida, temos muito o que conversar.

11
al é sua situação atual?
Está insatisfeito no emprego? Ano após ano, dizendo que gos-
taria de mudar de vida? O que acha de colocar um objetivo luminoso
à sua frente?

Em qual dos casos específicos abaixo você se encontra?

I - Está satisfeito com seu trabalho, mas não com a remu-


neração; precisa ganhar mais, mas não tem coragem de
largar o emprego (e nem deve mesmo);

11 - Ganha bem , mas não está satisfeito com o tipo de


trabalho que realiza e adoraria "virar a mesa";

111- Gosta do seu trabalho, ganha bem, mas se sente in-


seguro, porque sabe que pode ser mandado embora de
uma hora para out ra;

IV- Está desempregado ou subempregado, sem perspec-


tiva, dependente da ajuda de outras pessoas, amordaçado
emocionalmente;

V- Adora o que faz, ganha bem e está feliz da vida.

Opções I, 11, 111, IV:


O concurso público pode ser a solução da sua vida.

Opção V:
Parabéns! Você é um felizardo!
Dê este livro de presente a um amigo que se enquadre nas
opções I a IV.

12
Por outro lado,
se você está COMEÇANDO A VIDA agora ...

E acabou de concluir o Ensino Médio (2° grau), talvez o seu


maior sonho seja ingressar numa Universidade a fim de conseguir uma
boa colocação no mercado de trabalho. Em resumo: um bom emprego,
com um bom salário.

Ou, UM POUCO MAIS À FRENTE ...

Você acaba de concluir a faculdade e deseja conseguir uma boa


colocação no mercado de trabalho. Em resumo: um bom emprego, com
um bom salário.
Talvez chegue à conclusão de que seria interessante fazer
logo um mestrado para estar melhor qualificado. Mais dois anos de
estudo ...

Veja bem : em ambas as situações você teria mais alguns anos


de formação pela frente e, depois, mais uns dois para encontrar seu
espaço e começar a ser minimamente remunerado.
Então pense: em dois anos (que você levaria para inserir-se no
mercado de trabalho), você pode, seguramente, estar com um BOM
EMPREGO, um BOM SALÁRIO e, aí, dedicar-se à profissão dos seus
sonhos, sem a preocupação de que seja tão rentável a curto prazo.
Talvez este seja um dos melhores argumentos para encarar
essa empreitada: o concurso público paga o seu
sonho.

13
Veja os seguintes exemplos:

Joana, 45 anos, formada em turismo. Parou de trabalhar depois


que casou . Hoje tem uma relação falida, sem perspectiva emocional
ou financeira.

Paulo, 38 anos, artista plástico. Prestador de serviços para


televisão, dá aulas, desenvolve fantasias para shows. Orçamento in-
suficiente e totalmente imprevisível.

Bruno, 18 anos, família com dificuldades financeiras. Desejos


de conquistar o mundo.

O concurso público pode significar uma excelente opção nos


três casos.

Por tudo o que foi dito, sugiro que reflita: há quanto tempo as
coisas estão difíceis para você? Quantas alternativas de solução para
sua vida financeira já foram tentadas? Será que não vale a pena investir
em algo garantido e definitivo, mesmo que demore um pouco?

14
Vivemos, hoje, um mercado de trabalho insano, onde um jovem
recém-formado é recusado por ser inexperiente, uma pessoa com
mais de quarenta anos é considerada obsoleta e quem conquista uma
posição financeira confortável está quase sempre na iminência de
perdê-la para um substituto mais barato.
Com o concurso público existe uma justa troca: você se qualifica
por meio do estudo, comprova isso na realização da prova e obtém
um emprego digno, com remuneração compatível.
Além disso, nem todas as pessoas são empreendedoras para
conquistarem seu lugar num mercado privado cada vez mais cruel.
Aliás, pouquíssimos conseguem unir essa capacidade a oportunidade,
sorte e competência. Mas, ainda assim, apresentam excelentes quali-
dades que poderão ser muito bem utilizadas no serviço público. Isso
porque aquela visão do funcionário público de antigamente, ineficiente
e desmotivado, vem cedendo lugar a uma imagem mais moderna,
de pessoas que oferecem , como contrapartida do seu salário, um
serviço de qualidade no interesse da Administração e da comunidade
que as remunera.

Então, dedique uma parte do seu tempo a esse investimento.


Pense que a cada semana estará mais perto de conseguir o que quer.
E, se realmente deseja, faça algo AGORA. Não adianta pensar que
decidiu. Ratifique esta decisão por meio de uma atitude concreta: ligue
para alguém que tenha material que possa emprestar, telefone para
algum curso, compre um jornal e informe-se sobre as possibilidades
de concurso. Coloque essa mensagem no astral : VOU ESTUDAR
PARA CONCURSO.

15
amigo foi assim

Tinha um ateliê de pintura em tecidos. Às vezes, dava um dinhei-


rinho. Muitas vezes, não dava. Faltava o dinheiro para as contas, para
a comida.
Comecei a perceber que meu sonho de liberdade e arte não sobre-
viveria muito tempo mais, se não encontrasse outra forma de comprar
arroz e feijão . Separada, com quatro filhos, trinta e oito anos. Precisava
de uma solução definitiva e, de preferência, rápida.
Em outubro/novembro de 1999, comecei a pensar seriamente na
possibilidade de fazer concurso público. Havia ainda um certo conflito no
sentido de que estaria abrindo mão dos meus ideais. Conversei com um
amigo especial, quase uma segunda consciência. Ele me contou a história
de uma outra amiga que também passara por problemas financeiros ,
decidiu estudar poro concurso, foi aprovada e já estava de carro zero.
Na virada do ano de /999 para 2000, tomei a decisão. Pensei que
em seis meses estaria empregada. já tinha feito provas anteriores com
sucesso. la ser uma moleza ...
Não sabia que, agora, os tempos eram outros. Recessão prolongada,
transformação acelerada do mercado de trabalho, rotatividade de mão-
de-obra, tudo isso tem gerado uma insegurança muito grande poro quem

16
está na economia privada. Daí a procura cada vez maior pelos concursos
públicos: é a possibilidade de obter um emprego por seus próprios méritos
e esforços, além de uma certa garantia de estabilidade. Existe ainda o
orgulho de ser concursado.
-;: Por outro lado, em função disso, os programas estão a cada dia mais
abrangentes e os candidatos, extremamente bem preparados.
A minha situação pessoal também era muito diferente: antes, era
somente estudante; agora, carregava a responsabilidade de ser chefe de
uma família, com tedas as atribuições decorrentes.
Com todas essas questões, de que forma começar a estudar depois
de tantos anos? Não sabia o que fazer. Procurei anúncios de cursinhos
no jornal. Telefonei para o que mais me agradou: início do Básico Fiscal
14 de março de 2000. Começou aí minha maratona.
·são
- Vou estudar para concurso público.
- "Tá" doida? Esse é um jogo de cartas marcadas, há muita
" marmelada"! Além disso, você passa e nunca é chamada ...

Frases assim "encorajadoras", você ouvirá de monte.


Mas, se já tomou sua decisão, siga em frente. Há milhares de
pessoas empregadas e felizes, usufruindo um salário fixo e estabilidade
por conta de opção semelhante.
E, claro, há as que desistiram no meio do caminho ou que nem
chegaram a dar o primeiro passo.

Quando você entra nessa maratona, é, provavelmente, o últi-


mo de uma multidão de cor redores. Parece uma tarefa impossível.
Não se preocupe com eles. Cuide de você. Prepare-se física e psi-
cologicamente para a empreitada. É UMA MARATONA! Cuide da
alimentação, do sono, da saúde e do físico. MEXA-SE!
Após algum tempo, os primeiros da fila sairão, ou porque pas-
saram, ou porque desistiram. Você ficará mais perto.
Após mais algum tempo, outros sairão da sua frente, pelos
mesmos motivos. Se você continuou , já estará nas primeiras filas.
Chegará o momento em que não haverá ninguém na sua frente. Você
está preparado, domina as principais matérias, aprendeu a estudar,
está em plena condição. Passará no concurso que quiser!
Mas esteja atento! Se pára de estudar por um período, corredo-
res que estavam atrás passam a sua frente e você perde importantes
posições. Torna-se mais difícil retomar a empreitada.
Portanto, como ouvi quando comecei , " só há dois tipos de
candidato: o que desiste e o que passa".

18
Em quanto tempo? Depende. Depende do tempo de que você
dispõe para estudar. De quantos concursos estão acontecendo no
momento (há alguns períodos de "entressafra" e outros com muitas
oportunidades). Do tipo de concurso que você deseja ou de que pode
participar. Mas é projeto para médio prazo, talvez dois ou três anos.
Pode ser menos? Claro, muito menos! Um ano, por exemplo.

Que tal?

É verdade que iniciar e manter um projeto como este dá tra-


balho.
Mas, e se você não fizer nada, o que acontecerá? Imagine sua
vida daqui a cinco anos, dez, quinze ... O que, provavelmente, acon-
tecerá?
As mesmas queixas, sensação de impotência, aprisio-namento.
Agora, imagine sua vida daqui a três anos (na pior das hipóteses),
se você começar a estudar do "zero" , com muitas dificuldades, mas
não desistir? Como estará?
Salário garantido, emprego estável. E uma vida total-
mente nova. A escolha
é sua.

19
ecado aos familiares

Se há pessoas que podem interferir profundamente no processo


de preparação do candidato, são: pais, filhos, cônjuges ou pretendentes.
Na posição de aliados, dão um suporte inestimável em apoio emocional,
tático, prático. Por outro lado, podem colocar-se como algozes,
atormentando com infindáveis cobranças, chantagens etc. , tornando-se
mais um obstáculo a ser vencido.
Por este motivo, sugiro uma conversa sincera, amorosa, a fim
de conscientizá-los da importância de sua atitude nesse momento.
Vou repetir: uma conversa sincera, amorosa, sem cobranças, lamúrias
etc. Conquiste aliados, e não inimigos.
Aqui vai uma idéia para o caso de faltar inspiração:

- Preciso de sua ajuda. Tornei uma decisão que pode mudar nossa
vida para melhor, acabar com o fantasma dos problemas financeiros.
mas é muito difícil. Sinto-me mal por não ter o tempo de que gostaria
com você, mas. nesse momento. é preciso que seja assim.
Quando eu for bem sucedido nessa empreitada, teremos tempo,
tranqüilidade, menos stress. Poderemos compartilhar uma
qualidade de vida que hoje não temos. Preciso muito de seu apoio
e compreensão para que eu só pare de lutar quando conquistar
minha vaga, e não ceda à pressão e ao cansaço.

Acho importante lembrar sempre que seu amor permanece.


E, ainda, que o afastamento é temporário e motivado pelo estudo,
e não por deixar de gostar. Para crianças pequenas, dizer também,
de forma simples e clara, que vai fazer uma prova importante e que,

20
depois, terão tempo juntos e dinheiro para brinquedos e passeios.
E, principalmente, diga sempre que a ama muito.

Para os meus filhos, dizia que poderíamos viajar juntos, comprar


coisas, ir a restaurantes, e que eu seria mais calma e feliz.
Enfim, uma mãe melhor.

Mas, atenção! Não deposite a responsabilidade de seu


equilíbrio emocional em ninguém. Na verdade, foi você que tomou
a decisão e o projeto é seu. Além disso, não há como quem está de
fora compreender esse "mundo dos concursos públicos" . Feira de
concurso, aulão de fim de semana, horas e horas de estudo diário,
sites especializados, editoras exclusivas , isso tudo é uma loucura
para quem não está no contexto. Portanto, é mais fácil para você
compreender que o outro está sofrendo com a sua ausência e com
a ansiedade da sua aprovação . Você tem notícias de pessoas que
venceram e se fortalece com isso. Sabe que vai chegar lá. Então,
sustente-se nas suas pernas, aprecie o apoio, se e quando ele vier, e
esteja preparado para também apoiar o outro (família e correlatos)
quando for necessário.

21
Tenho Uma grande amiga que teve uma
oportunidade de dar um salto na carreira (já era servidora pública)
por meio de concurso.
Casada, dois filhos pequenos, havia parado de estudar há muitos
anos. Trabalhava o dia todo e assistia às aulas à noite.
Disse-me que teve de esquecer suas funções de casa e dedicar-
se somente ao estudo. Quando abria os armários, as coisas caíam em
cima dela. Por sorte, contou com o apoio irrestrito do marido (sábio
homem), que ficava com os filhos e não se queixava de sua ausência
naquele período.
No início, parecia que sua cabeça fazia barulho, como uma
máquina enferrujada que volta a funcionar. Temia não ser capaz, mas
insistiu, porque era uma chance única.
Conquistou sua vaga.

Essa mulher era minha mãe.

22
Certa vez, numa entrevista, perguntaram -me se havia
algum macet e para passar nas provas.

E eu disse:
-Tem , tem sim: PERSEVERANÇA É não desistir, não desistir,
e não desistir! Independente mente dos obstáculos ou dificuldades
que apareçam. Lembrar que, ao alcance do seu braço, está a solução
definitiva para seus problemas financeiros.

Não é a profissão com a qual você sempre sonhou? Talvez não,


mas pode permitir que depois você se dedique àquela profissão,
desde que, obviamente, haja compatibilidade de horário e não exista
vedação legal.

23
Eu sofria de depreSS á e tive recomendaçã o tera-
pêutica de começar a correr diariamente, na tentativa de evitar o uso
de medicamento s. Sou adepta do naturalismo e achei uma excelente
troca, já que não gosto de tomar remédios.

Decidi começar a correr na praia, porque, sendo um lugar onde


me sinto muito bem, achei que tornaria a tarefa mais amena. Meu
filho mais velho dispôs-se a acompanhar-m e.
No primeiro dia, fiz um breve alongamento, caminhei uns me-
tros para aquecer e disparei o cronômetro quando comecei a correr.
Quando não agüentava mais, travei o marcador e olhei: um minuto
e quinze segundos! Quase caí para trás - eu precisava correr vinte
minutos, pelo menos, para obter algum resultado!
Bom, levei aproximadam ente uma hora para correr os tais vinte
mi nutos. Corria, andava, descansava, voltava a correr. Meu filho, de
persona/ trainer, motivando, estimulando-m e a vencer meus limites.
Quinze dias depois, eu já corria os vinte minutos em do is perío-
dos de dez, com um pequeno intervalo para normalizar a respiração.
Um mês após, corria vinte e cinco minutos, sendo quinze minutos,
pausa e mais dez minutos, com t ranqüilidade.
Controlei a depressão, e era essa corrida que me dava forças
para vencer o stress nas épocas mais tensas do concurso.

Por isso, falo em persistência. Qualquer coisa que iniciamos,


em qualquer área, requer dedicação, perseverança. Assim é com um
atleta, obrigado a treinar horas e horas perseguindo uma melhor per-
formance, superando seus próprios limites, muitas vezes enfrentando
dor e medo. Assim deve ser o concursando.

24
Quando comecei a estudar, morava em Niterói, Pendotiba e tinha
aula no Centro do Rio três vezes por semana. Saía de casa às 7h da ma-
nhã e retornava mais ou menos às 13h30. Almoçava já no ateliê, para
ir-me inteirando de como estavam as coisas. Trabalhávamos até as seis
ou sete da noite, quando assumia minhas funções de mãe e dona-de-
casa. Depois que os pequenos (3 e 6 anos) dormiam, eu ia estudar um
pouco. Quando agüentava.
Mas é claro que, na prática, as coisas não funcionavam assim,
com essa organização. As solicitações eram simultâneas e muitas vezes
atendia a telefonemas de clientes e filhos na aula, resolvia coisas de
casa e deveres escolares das crianças junto com o trabalho e estudava
enquanto cuidava deles. Aprendi a "multiplexar" (ainda bem que sou
geminiana) .
Nos dias em que não havia aula, pretendia rever a matéria em
casa pela manhã. Mas, aí, o ateliê exigia minha presença, e a culpa de
estar abandonando o trabalho nas costas dos meus sócios inviabilizou
essa alternativa.
Quando, finalmente, concluí o módulo básico, inscrevi-me na turma
de exercícios, na esperança de sedimentar melhor a matéria.

25
ques e dicas práticas (conselhos não, por favor...)

Investi mento
Escolha os melhores cursos e professo res, adquira livros e
apostilas. Não encare isso como despesa, e, sim, investime nto. É
a base para obter os melhores resultados. Por outro lado, não adianta
comprar tudo o que houver. Adquira aos poucos, conforme for efe-
tivamente utilizar, e procure informar-se com colegas, professores e
sites confiáveis sobre o que realmente vale a pena. Afinal, livros em-
poeirand o na estante não representam conhecim ento adquirido.
Existem pessoas que optam por estudar sozinhas em casa,
sem assistir às aulas. Particularmente, acho fundamental freqüenta r
um curso para ter uma referência do que está acontece ndo e man-
ter-se atualizado. Também, ter um foco melhor em relação ao que
é importan te estudar. Porque não é só teoria, mas tendências de
julgamentos, posicionamento do STF, alterações nas leis .. . Além disso,
o contato com os concorre ntes não deixa você esquecer de que eles
existem. De longe, tudo esfria e você perde a noção de como está
sua colocação na maratona.

Organiz ação
Você tem um lugar no mundo. Pode ser uma mansão (não creio
muito - por que estaria enfrentan do essa loucura?), um apar-tam ento
inteiro, um quarto ou um cantinho. Independentemente disso, precisa
escolher um local onde organizar toda a parafernália de estudo. Não
importa se o espaço é grande ou pequeno, mas que esteja bem or-
ganizado. Pode ser uma estante, gavetas, prateleiras ou até no chão,
mas separe a matéria em pastas individuais, abertas (daquelas com

26
lombada larga), coloridas, onde possa colocar absolutamente tudo
referente a cada assunto, incluindo notas de aula, apostilas, exercí-
cios, provas anteriores, livros. Grampeie o que for afim, use clipes,
enfim, poupe seu tempo na hora do estudo. Além disso, pelo menos
para mim, quando vejo tudo bagunçado, parece que minha cabeça
também fica confusa.

Local de estudo
Limpo, organizado , confortáve l, bem iluminado e fresco.
Vale investir numa boa cadeira, pois é lá que passará muitas horas
do dia.

Bibliotec as
Tenho um amigo que tinha de se trancar no carro para poder
estudar, porque senão sua filhinha não o deixava em paz.

Até onde sei, em casa estamos sempre sujeitos a chantagens


emocionais , culpa pelo abandono dos familiares, tentações. Mães e
filhos sempre têm "só uma coisinha a dizer", "é rapidinho" ... Não têm
noção de quanto tempo você levará para retomar a concentração
obtida com tanto esforço. E sentem-se magoados se você pergunta se
não podiam ter aguardado a hora do intervalo do estudo para resolver
aquele assunto (ainda que pudessem ... ).
Então, se a sua casa não é propriamen te um modelo de silêncio
e tranqüilidade - e, a menos que você more sozinho ou tenha um
bunker', nenhuma é-, tenho uma ótima notícia para você:
Existe uma infinidade de bibliotecas maravilhosas, com salas de
estudo, ar-condicionado e, o mais importante , ninguém para inter-
romper. Toda universidade tem uma ou mais bibliotecas, com acesso

'casamata, local à prova de bombas

27
gratuito para visitantes . Informe-s e e experime nte. O silêncio e a
energia do local favorecem a concentração, e o estudo rende infinitas
vezes mais do que em qualquer outro local.

Não deixe acumul ar matéria


Vá estudando conforme for recebend o as informações. Isso faz
a maior diferença no aproveita mento das aulas.
Se possível, leia a matéria antes de ser passada, mesmo que não
compree nda tudo, somente para familiarizar-se.
De nada adianta freqüenta r aulas e não sediment ar as informa-
ções recebidas . Vai-se criando um "bolo" difícil de digerir depois e o
tempo perdido pode ser a diferença entre passar ou não passar.

Nunca mais
Não saia de casa NUNCA, nem para ir à padaria, sem levar al-
gum material de estudo. Não existe nada pior do que um contratem po
(engarrafamento, fila, sala de espera) que faça você ficar preso em
algum lugar sem ter o que estudar; ver o tempo passando, enquanto
você está totalmen te improdut ivo.

28
, , .
ra e seno

O conhecimento muito novo, recém-adquir ido, é extrema-


mente volátil. Precisa ser fixado por meio de exercícios e sucessivas
revisões e aprofundamentos. Só então, chega o momento em que ele
passa a fazer parte de você e dificilmente se perderá. Costumo dizer
que o primeiro contato com a matéria é somente para familiarizar-
se com as palavras, ter uma idéia do que se trata. Ou, como diz um
amigo meu, é para "quebrar o gelo" . A segunda leitura permite um
entendimento um pouco melhor. Na terceira, você já faz ligações com
outros pontos do conteúdo, ampliando a compreensão.

Eu gosto muito de " conversar" com a matéria:


- Ah, então é por isso que ...
- Ah! Isso fecha com aquele ponto tal tal. ..

Ou até:
- Caramba! O que será que isso quer dizer?!

Veja bem! Estamos falando de leitura atenta, concentrada e


inteligente. Não adianta ficar tentando decorar tudo o que lê sem
compreender realmente. Às vezes, uma frase ou outra escapa mesmo,
tudo bem. Mas, no geral, é importante que ocorra o entendimento .
O conhecimento precisa ser memorizado de forma dinâmica, a fim
de permitir o "manuseio" posterior daquele conteúdo. As questões
de prova não vêm literais e, se você não tem o domínio do assunto,
poderá encontrar grandes dificuldades, mesmo possuindo ótima
memória.

29
tudar melhor

Parece que, quando estamos nos prepara ndo para concurso, a


questão que mais aflige é: qual é a melhor forma de estudar?
A resposta é: depende.
De quê? Da sua realidade. Entre outros fatores, de quanto
tempo tem disponível, se tem ou não hábito de estudo, das dificul-
dades/facilidades que possa apresentar diante das matérias.
Por isso, vamos conversar mais detalhadamente. Penso que
existem três aspectos distintos a serem tratados: TEMPO , PLANE-
JAMEN TO e MATÉRIAS. Mas, vamos por partes.

Tempo de estudo
Aqui, ainda não estamos falando de tempo disponível, mas de
tempo possível, ou seja, do quanto você tem condições pessoais de
perman ecer concent rado e atento ao estudo.
É preciso, em primeiro lugar, identificar em qual tipo de concur-
sando você se encaixa no moment o. Fique tranqüil o porque existem
vários tipos mas, ainda bem, para todos eles existe uma saída.

CONCU RSAND O "INICIA NTE": Faz anos que não pega uma
folha de papel para estudar.
Amigo, nem pense em estudar durante seis, oito, dez horas,
mesmo que tenha todo este tempo. Até ficar sentado na cadeira será
insuportável. Assim como uma pessoa comum que decide tornar-
se um atleta, você tem de se condicio nar aos poucos, aumentando
gradativamente o tempo e o esforço. Começa r com duas horas, por
exemplo , pode ser uma boa idéia. Aceite o fato de que, no início, a
concentração é bastante difícil. Dá sono, sede, fome, uma vontade
inadiável de telefona r para aquele amigo ou fazer aquele favorzin ho
para a mãe. Calma! Com persistência, você consegue superar isso.

30
Ler em voz alta e fazer resumos são recursos interessantes, que
costumam espantar o sono e a falta de concentração. Se necessário,
andar mes_m o, com o livro ou apostila na mão, falando como um
maluco. Fica impossível dormir, garanto.

CONCURSA NDO "ESPERTO": Acabou de concluir o Ensino


Médio, Superior ou outro (mestrado, doutorado, MBA). Ou seja, não
chegou a se afastar dos estudos.
Também se aplica ao concursando que estuda há alguns meses,
quase final de turma básica, mas ainda um pouco perdido.
Imagino que você tem algum hábito de estudo e deve ter
condições de dedicar-se a esta atividade durante um tempo maior:
dois períodos de três horas, por exemplo. Se já está na maratona
dos concursos há um tempo, tem bastante matéria com que se
entreter.

CONCURSA NDO " VETERANO" : Já está fazendo simulados


e/ou módulos específicos.
Presumo que está ficando pronto nas matérias gerais, que vem
aprofundando e sedimentando. Quem sabe, até, já foi reprovado em
algum concurso (acredite, esta etapa é necessária e faz parte do cur-
rículo de quase todos os aprovados, mesmo os que, depois, tiraram
primeiros lugares). Então, tem condições de estudar até dez horas
por dia, principalment e se tiver edital publicado para o seu concur-
so. Não esqueça de fazer intervalos, a cada duas horas e meia, por
exemplo. Aproveite esse tempinho para movimentar o corpo, comer
algo, beber água, ir ao banheiro. Tudo isso estimula a circulação, o
que ajuda a recuperar a atenção e a concentração. Faça um intervalo
maior no meio do período, almoce algo saudável e não muito pesado
(fica um pouco difícil estudar enquanto digere uma feijoada ...) e dê
uma relaxada. Depois, retome os trabalhos.

31
Calma aí! Não precisa se zangar! Estou apenas supondo a
situação ideal em que você teria todo o tempo do mundo somente
para o estudo. Sei bem que esta não é a realidade da maioria dos con -
cursandos; aliás, é a de bem poucos. O mais importante é aceitar a
sua realidade e trabalhar com ela, buscando o melhor. Evite com -
parar-se com pessoas que tenham uma vida mais fácil do que a sua
(no bom sentido ... ). Pode ter certeza de que, mesmo trabalhando,
tendo tarefas familiares e/ou domésticas, é possível passar. Lembre
que eu tinha quatro filhos (que ainda tenho, graças a Deus!), falta de
dinheiro, uma família e uma casa sob minha exclusiva responsabilidade.
De quebra, enormes dificuldades nas matérias exatas. E consegui ser
aprovada em três excelentes concursos, após três anos de batalha. E
sem ter lido o meu livro. Então, pense: se a Lia conseguiu, eu também
posso! De que forma? Vamos seguir.

32
Ainda cursando o módulo de exercícios, comecei também a fazer
simulados no sábado, o dia inteiro. Isso significa que, além das tarefas
da semana, acordava cedo no sábado, deixava as crianças na casa da
minha mãe, e me despencava para o Rio: prova das 8h30 às 12h30 (não
tinha dinheiro para almoçar; levava um sanduíche de casa e tudo bem);
correção das 13h30 às 19h30. Nas primeiras vezes, pensava que ia "sur-
tar ". Aquele monte de informações , entra professor, sai professor, muda
a matéria, perguntas que eu não entendia, menos ainda as respostas.
Saía de lá completamente zonza.

Não sem motivo, em meados de novembro fiquei muito doente.


Na verdade, a correria não me deixou perceber que algo já não ia bem.
Tive uma "pane " generalizada, que terminou por afastar-me de todas
as funções. Aliás, acho que era essa mesma a idéia do "Lá de cima".
Passei vários dias de cama, com possibilidade de diagnósticos bastante
pessimistas. Graças a Deus, não se confirmaram.

33
ulados - sim ou não?

Existem dois momentos bem distintos nesse processo de estudo


para concurso público. No primeiro, você está procurando adquirir
o conhecimento referente às matérias gerais, que costumam cair
em todos os certames da área escolhida (jurídica, fiscal, etc.). Não
há edital publicado e é necessário ter uma determinação férrea para
não deixar o tempo escoar, já que não há ainda um objetivo visível
à frente. Por outro lado, é quando você pode, silenciosamente, ir
ganhando posições na sua maratona. Nesse contexto, os simulados
são um excelente recurso.
Em primeiro lugar, você se habitua a passar quatro horas sentado
numa cadeira fazendo prova. Pode parecer bobagem mas, no início,
é quase insuportável. Depois, mais outras tantas horas assistindo à
correção. Melhor! Há concursos com prova pela manhã e à tarde.
Ponto para você que já estará " escolado" nisso, enquanto os outros
entrarão em desespero, sem posição na cadeira .. .
Em segundo, você se sente obrigado a melhorar o desempenho
a cada semana. Ou a mantê-lo, se já estiver ótimo. Considero que um
péssimo resultado no simulado equivale a um " sacode" que levamos,
no sentido de focar melhor os estudos. Nada de desanimar. Encarar
como um alerta, um puxão de orelhas e meter bronca na semana seguin-
te. Sem contar que, com certeza, terá muito a aprender com a correção,
já que cometeu tantos erros ...
Por outro lado, um ótimo simulado é um car inho no ego.
Ficamos orgulhosos, confiantes e com mais vontade de continuar a
estudar.
Eu gostava de concorrer comigo mesma; não me preocupava
muito com os outros. Mas, também , gostava de observar pessoas que

34
estavam sempre entre os primeiros lugares. Percebi que eu chegava
tarde, ficava entediada, saía várias vezes da sala e, muitas vezes, não
ficava até o fim do tempo permitido, ainda que não houvesse termina-
do a prova. Aquelas pessoas, ao contrário- especialmente um rapaz,
que se tornou meu ídolo secreto - chegavam cedo, concentravam-
se todo o tempo, ficando até os últimos minutos. Procurei absorver
essa conduta e passei a levar mais a sério aquelas oportunidades. Meu
rendimento mudou consideravelmente.
Um outro momento do estudo é quando a prova para valer
está marcada, já se sabe qual será a banca examinadora, o número de
questões. Aí você poderá efetivamente testar seus conhecimentos,
porque as provas simuladas trarão o mesmo número de questões,
mesmo tipo de formulação. Os cursinhos conhecem o estilo de cada
banca e oferecem a oportunidade de você ser submetido, toda se-
mana, a uma prova bastante semelhante à que enfrentará no dia do
concurso. Com isso, você pode decidir como dividir o tempo, ques-
tões de que matéria responder primeiro.Tem até o direito de errar
umas bobagens, porque é simulado. Daí ficar atento, verificar o que
não funcionou, ajustar. No dia da prova, vai com a tranqüilidade de
quem tem a estratégia testada e aprovada. Já seu concorrente pode
se "enrolar" ...

Mas, atenção! O resultado do simulado não é determinante do


seu desempenho no dia da prova (inclusive porque alguns cursinhos
pegam pesado e fazem questões bem acima do nível da prova real).
Ele apenas serve de parâmetro: se está nos primeiros lugares, ok,
esteja confiante, mas não relaxe. Se não está, atenção total para fazer
a melhor prova possível e ganhar posições.

35
Eu, por exemplo, nas duas primeiras fases do ISS-RJ, estive
bem posicionada nos simulados, conseguindo até um primeiro lugar
entre a elite dos concursandos. Em compensação, na terceira fase
ficava sempre entre os últimos e o sábado tornou-se um dia muito
difícil para mim - não conseguia sequer terminar a prova no tempo
determinado, porque havia muitas matérias exatas que, decididamen-
te, não eram o meu forte. Entretanto, continuei batalhando, fazendo
exercícios para reduzir o tempo de solução e, graças a Deus, a prova
não trouxe tantas questões longas. No fim das contas, foi a minha
melhor pontuação naquele concurso.

36
li
janeiro

Quando reorganizei a vida e retornei ao curso, estávamos no


início de janeiro de 200 I. Eu totalmente perdida, desvinculada dos
meus colegas de turma e em cima de um concurso para Auditor-Fiscal
do INSS, com prova marcada para fevereiro. Comecei a freqüentar os
módulos específicos já pela metade, tentando freneticamente chegar
a algum lugar. Inexperiência absoluta, pois se nem as matérias gerais
eu tinha sedimentado ... É claro que aquela tentativa desesperada de
recuperar o tempo perdido não me conduziu a lugar algum.

Enfim, depois disso, houve outros concursos, mas nenhum com


vagas para o Rio. Como seria um ônus muito grande mudar-me para
outra cidade sozinha com as crianças, nem tentei.

37
Estudar é ótimo ... sonífero. Meio da manhã, após o almoço,
ai. .. é mortal. E aí, fazer o quê?
Bom, a batalha começa na hora em que toca o despertador:
- Levanta, "tá" na hora!
- Ai , que preguiça... Preciso dormir mais um pouco ...
Só um pouquinho .. .
- Vamos lá, você tem um CONCURSO! Seus concorrentes já
estão estudando!
- " Tá" bom! "Tá" bom!

Ótimo! No diálogo interno entre o responsável e o malandro,


venceu o guerreiro. A questão é que, quando vence o preguiçoso (ou
o cansado mesmo; muitas vezes não é preguiça), na hora é ótimo,
mas depois você se mortifica por não ter sido capaz de honrar a
programação. Quando você cria coragem e levanta (ainda que seja
no "piloto automático"), toma uma chuveirada, toma o café da manhã
e senta-se para estudar, vem uma sensação de poder, de ter vencido
a inércia. E é por aí. Todo dia a mesma batalha, como um viciado.
Pense em vencer aquele momento, daquele dia.

E no decorrer das horas, novamente aparece nosso vilão. As


letras vão ficando difusas, os olhos fechando ... Nessa hora, coragem .
Lavar o rosto, tomar um café, mate, guaraná n;;ttural, qualquer coisa.
Uma balinha também ajuda a espantar o tédio (quando passar, poderá
pagar a conta do dentista). Biscoito, barra de cereais, maçã, o que
mais lhe aprouver. Desde que ajude a superar a tentação de deitar e
perder um tempo precioso.

38
Mas, existe uma exceção: há pessoas que precisam mesmo
de um cochilo à tarde, de vinte minutos que seja, senão ficam
imprestáveis. Dormem de qualquer jeito, sentadas, com o caderno
na mão. Há, então, duas opções: colocar oficialmente a tal soneca na
programação (é o melhor) ou, se o caso não for tão grave, nos dias em
que estiver insuportável, resignar-se e tirar os minutos de descanso
onde estiver. Tenho um amigo que deitava nas cadeiras mesmo,
sob a mesa da sala de estudo; minutos depois, levantava totalmente
recuperado. O pessoal das bibliotecas costuma não gostar muito,
mas acho que só deitar a cabeça sobre a mesa é aceitável.
Mas, por favor, não vá tomar energéticos à noite e depois perder
as horas de sono, porque ficou " ligado". Aí "entorta" tudo.

Uma noite, vi um amigo tomar uma bebida energética no


intervalo da aula. Depois, ele bebeu mais uma. Eu perguntei :

- Caramba! Isso não tira o seu sono?

E ele:
- Não. Quer dizer, será que foi por isso que ontem só consegui
dormir às duas e tal?

Enfim, é necessário dormir na hora de dormir, o melhor


possível, um número de horas suficiente para o seu ritmo. Estudar
na hora de estudar.

Para se ter uma idéia, o meu maior sonho para quando


acabassem as provas era poder dormir um dia inteiro, sem culpa,
tal era o cansaço.

39
E não se iluda. É uma batalha constante:

dormir ou estudar
passear ou estudar
namorar ou estudar
ir à praia ou estudar
fazer nada ou estudar

Mantenha-se firme: estudar ou estudar. E mais: não é "estudar


para passar", mas "estudar até passar".
Depois que colher os resultados, verá que valeu a pena!

40
Acabaram as aulas durante a semana. Fiquei só com os simulados.
Mas o trabalho engoliu o tempo de estudo. Sobrava a noite, e muitas
vezes eu "apagava" quando colocava as crianças para dormir.
Ou seja, meu estudo ficou em "banho-maria".
Fui lapidando as matérias, procurando melhorar minha performance
nos simulados, mas os resultados eram bastante inconstantes. Procurei
vencer minhas astronômicas dificuldades em Contabilidade, fazendo mais
algum módulo, pegando material com amigos, assistindo às fitas de aula.
Mas o progresso era lento.
A falta de_um concurso iminente fazia com que eu perdesse um
pouco o foco e não aproveitasse tão bem o tempo, já que outras coisas
ocupavam aquele espaço.

41
'
aneJar . '
e prec1so
Em primeiro lugar, precisamos nos conhecer.
Ué ... Terapia, auto-conhecimento?
Nada disso, pelo menos, não agora.
O que quero dizer é que precisamos ser realistas. Como é sua
vida? Que tipo de obrigações ocupam seu tempo?

Novamente, vamos nos deparar com três tipos de concur-


sandos.

CONCURSANDO "LIGHT" : Mora com os pais, que o susten-


tam, e não tem qualquer obrigação doméstica (que moleza... ). Todo
o tempo livre para estudar, se for capaz de aproveitar a oportu-
nidade que a vida está oferecendo.
CONCURSANDO "MÉDIO": Tem algumas tarefas domésticas
e/ou familiares, mas conta com a inestimável ajuda de algum "anjo da
guarda" (pais ou cônjuge compreensivos e solidários) . Trabalha, mas
tem parte do dia livre.

CONCURSANDO "EM DESESPERO": Trabalha o dia todo,


é casado e tem filhos. Seria o caso de pensar em suicídio? Claro
que não! Se está aqui, lendo este livro, você já merece parabéns!
Está buscando uma alternativa concreta para sua vida. Você, com
certeza, é uma pessoa especial. E não desanime. É claro que temos
mais dificuldades do que os outros dois tipos de concursandos, mas
temos algo de extremo valor: coragem . Então, não vamos "viajar"
em turnos de três horas, porque você precisa dormi r. Na real , uma
a duas horas por noite, ou no transporte para o trabalho. Converse
com a família e conquiste um dia do fim de semana para estudar.
DEIXE UM DIA LIVRE (ou , pelo menos, um turno do domingo - a
partir das 14 horas, não menos), caso contrário, as pressões exter-
nas e internas podem tornar-se insuportáveis. E confie. O bacana do
concurso público é que cada um faz no seu tempo, mas todos podem
chegar lá. Inclusive nós.

42
Então, para todos: por que e como fazer a programação?

Por quêt
Bem, a falta de um horário definido de estudo faz com que você
se sinta culpado durante todo o tempo em que não está estudando.
Mesmo que esteja ocupado com algo que faz parte de suas obriga-
ções (mercado, cuidar de filhos etc.). O lazer, então, fica impossível
de viver, tamanha cobrança nos impomos (ou nos impõem uns cha-
tos que nada fazem da vida, mas se acham no direito de perguntar,
quando você está tentando ter alguma distração: " ué, você não tinha
que estar estudando?").
Então, o fantástico da programação é que você se liberta dos "gri-
lhões da culpa" e tem uma resposta precisa para as pessoas inconvenientes:
"estou fora do meu horário de estudo". Porque, agora, você sabe qual
é o horário de estudo e sabe que é um " ser" livre nos outros horários.
O emocional agradece. Também fica mais fácil acostumar as pessoas
a não interromperem você e a fazerem as solicitações fora daquele
horário. Além disso, torna-se mais fácil você também respeitar a hora
de estudo e não ocupá-la com interferências, porque sabe que existe
tempo para as outras tarefas. Agora, existe um compromisso claro
assumido com você mesmo e que deve ser honrado.

Como%
Vamos fazer uma tabela com os dias da semana e do mês.
Como se fosse um calendário do mês em curso. No fim do livro, há
um modelo de exemplo. Marque MANHÃ, TARDE e NOITE e os
horários em que cada turno começa e termina para você.
É fundamental reservar tempo para:
. estudo
. aulas
. atividade física
. compromissos de rotina (mercado, pagamentos, etc.)
de acordo com seu estilo de vida e necessidades
.lazer

43
De preferência, deixe uma certa folga (sem exagero), de forma
que você possa absorver imprevistos indelegáveis e inadiáveis, sem
comprometer muito o planejamento inicial.
Há duas coisas importantes a considerar nesse momento: é
proposta para médio prazo, então, não pode ser tão onerosa que
comprometa sua continuidade - em outras palavras, tem de ser
algo que você suporte viver por um período de tempo relativamente
longo; a outra questão é que deve incluir um dia totalmente livre
na semana. Na pior das hipóteses, um turno livre, pelo menos. É aí
que você recarrega suas baterias para a semana seguinte.
Na verdade, você estará fazendo um acordo com você mes-
mo: cumprir as obrigações com a certeza de que também haverá
o tempo do prazer. Não é necessário, nem conveniente, que você
deixe de namorar, jogar futebol ou o que mais fizer parte da sua vida.
Caso contrário, essas atividades represadas terminarão sabotando
seu tempo de estudo.
Eu gostava de fazer a programação a lápis para poder reajustá-
la sempre que necessário . Por exemplo, o início de uma aula nova ou
o cancelamento de outra que já est ava agendada.
É claro que na ficha est ará o ideal a ser atingido. Muitos fa-
tores, externos e internos, podem interferir naquela programação e
isso não é motivo para desespero (algum mau humor por conta da
interrupção é aceitável).

Um fator que altera totalmente o planejamento é a publicação


do edital, porque aí deixamos de trabalhar para um futuro distante
e passamos a ter uma data relativamente próxima. Nesse caso, vale
até sacrificar alguns prazeres e delegar absolutamente tudo, já que é
por um período de tempo bem mais curto e precisamos convergir
TODOS os esforços para estarmos efetivamente prontos.

44
Outro aspecto interessante da programação é que, no mo-
mento de planejar, você está motivado para alcançar a meta e não
existe a preguiça de "encarar" a matéria. No dia de estudar, já terá
um compromisso assumido com você mesmo e será mais fácil vencer
o desânimo.

Vamos ver, então, como poderia ser a tabela de cada um dos


nossos queridos concursandos típicos:

Concursando uLight":

Rapaz: solteiro, morando com os pais, desempregado.


Concurso para Área Fiscal, edital publicado

Este foi o Cláudio. O concursando mais tranqüilo que conheci. Fazia três
períodos de estudo com três horas cada, sem o menor stress. Saia às sextas-
feiras e finais de semana (fazia simulados aos sábados), sem preocupação.
Aprovadíssimo no concurso, com menos de um ano de estudo. Exemplo
de programação light e equilibrada, que dá para levar por muito tempo.

45
Concursando "Médio":

Rapaz casado, sem filhos.


Concurso para a Área Fiscal, sem edital publicado

Tumo l-feira 3" feira 4"feira S"felra 6" feira s.bado Domingo
s
l1lnhl 8h-14h TRABALHO TRABALHO TRABALHO TRABALHO TRABALHO I L
M I
Tll'da u v
15h-18h ESTUDO ESTUDO DIVERSOS ESTUDO ESTUDO L
R
A
o E
Noite 18hl0 -llh30 MALHAR AULA FUTEBOL AULA MALHAR
o

Observe que a tarde de quarta-feira é livre para providências diversas. Caso


surja algo que deva ser resolvido em outro dia, move-se aquela programação
para a quarta-feira. Caso contrário, aproveita-se também aquele período
para estudar. Funcionaria como um "bônus".

Concursando "em Desespero":


la opção

Turno 1" feira 3"felra 4" feira s• feira 6"feira Sábado Domingo
Manhi 8h -llh TRABALHO TRABALHO TRABALHO TRABALHO TRABALHO ESTUDO
L
I
Tlll'de llb-llll TRABALHO TRABALHO TRABALHO TRABALHO TRABALHO ESTUDO v
R
Noite 18h-19h CAMINHAR CAMINHAR CAMINHAR E
-----················ AULA AULA AULA ····················· ·------------·····
20h -llh ESTUDO ESTUDO LIVRE

2a opção

1Umo 1"feira 3" feira 4• feira s•felra 6"feira Sábado Domingo


...... ·, eh·l3h
<
TRABALHO TRABALHO TRABALHO TRABALHO TRABALHO AULA
L
I
T. . "'j~IJh TRABALHO TRABALHO TRABALHO TRABALHO TRABALHO AULA v
' '-'. Jll·lth CAMINHAR CAMINHAR CAMINHAR CAMINHAR CAMINHAR
R
E
Noite ----·-·············· ···········-··-······ ·······--············· --------············ ·········-··········· LIVRE
211Jh- UI( ESTUDO ESTUDO ESTUDO ESTUDO ESTUDO

46
Concursando "Avançado":

a l anos de maratona. Quase pode ''tocar" a vaga.


Edital publicado.

Minha programação para a terceira fase dos concursos para


Fiscal de Rendas e Controlador, mais de dois anos de maratona - ia
para a biblioteca às 8h30 e saía de lá às 20h:

Janeiro I 2003

:z• feira 6"felra Dominao


Livre

Prova
ISS

Livre

FÉ!\IAS

* na verdade, tudo ali era revisão; este último dia ficou como " coringa" para o que fosse
mais necessário .

Muitas vezes, era só nisto que pensava: estava muito perto


de acabar.

47
ISS: Matérias N° de questões Tempo máximo

Matemática 15 60 minutos
Matemática Financeira lO 50 minutos
Português lO 30 minutos
Estatística os 20 minutos
Redação 50 pontos 80 minutos

Essa seria a distribuição de tempo que utilizaria para a última


prova do ISS, considerando o número de questões de cada matéria.
Não tinha sido divulgado o tempo exato de duração da prova. Então,
estimei em 240 minutos (4 horas). Sabia que precisaria, ainda, "salvar"
uns minutos para qualquer emergência e para marcar o cartão.

Corria, pelo menos, três vezes por semana.

48
Preciso comentar sobre a minha difícil relação com a Contabili-
dade. Logo que iniciei o Básico, sentou-se ao meu lado um rapaz que
respondia a tudo o que o professor de Contabilidade perguntava.
Fiquei impressionada e comentei :
- Você sabe tudo?

Ao que ele respondeu :


- É a terceira vez que faço esse módulo, com professores
diferentes.

E eu :
- Ahn ... - Enquanto pensava: " nossa, que cara burro! "

Bom, fiz o primeiro módulo. Acompanhei até um ponto e de-


pois "travei" . Não entendia mais nada e limitava-me a copiar a matéria.
Quando passava para outro assunto, às vezes, conseguia acompanhar
alguma coisa e depois "viajava" novamente. Fiquei apavorada e achei
que o professor era péssimo (afinal , eu sou tão inteligente ... ).
Reclamei no curso e permitiram-m e assistir novamente à ma-
téria com um outro professor. Aceitei. Refiz o módulo até o fim e
isso serviu para eu conseguir finalmente entender quais contas seriam
debitadas ou creditadas e em quais situações. E só.
Depois disso, tentei estudar sozinha para superar as dúvidas e
caminhei um pouco mais. Já conseguia entender alguma coisa, mas
não concluía exercício algum.
Pedi nova orientação ao curso e decidimos que eu assistiria às
aulas em fita de vídeo. Passei uma semana inteira acordando e dormindo
com aquelas fitas; não fazia mais nada. E foi ótimo! Podia dar pause no

49
professor toda vez que não entendia alguma coisa e, assim, revi toda
a matéria (pela terceira vez). Já tendo saneado uma boa parte dela,
aquilo permitiu-me um salto de qualidade. Passei a fazer metade das
questões de simulado e a entender a correção.
Ainda assim, aquele continuava sendo meu ponto fraco.
Um tempo depois, peguei um material com um amigo - pro-
fessor de Contabilidade para não-contadores. Achei que podia ser
minha salvação. É verdade que me ajudou bastante a compreender
a lógica da coisa, mas ainda precisava de mais.
Também fiz um módulo de exercícios com um terceiro profes-
sor, por indicação de uma amiga. Outro passo.
Depois, surgiu a oportunidade de refazer a teoria com outro
professor (o quarto).
Após tudo isso, no carnaval de 2002, peguei novamente todas
as fitas do primeiro professor e fiz um resumo da matéria, desta vez
acompanhando tudo. Sucesso total!
Mesmo assim, no auge do concurso do ISS-RJ, ainda estava
insegura com a tal da Contabilidade. Na semana seguinte à primeira
prova, comprei o livro indicado pela banca e praticamente o esgotei,
procurando fazer todos os exercícios.
Bom, pelas minhas contas, foram seis módulos completos, mais
tentativas solitárias ... A meu favor, tenho a declarar que sou formada
em Direito.
Enfim, nem sempre as coisas foram muito fáceis ...

50
Foi publicado o edital para o ICMS de São Paulo. Início de verão
era o período de mais trabalho no ateliê. Eu tinha de fazer uma escolha:
salvar o dinheiro do mês ou investir no futuro e na solução definitiva.

Além disso, minha avó (com noventa e nove anos à época) ficou
trinta dias internada no hospital; filhos e netos revezávamos plantões.
Não passei para a segunda fase do concurso.

51
ocê ouve vozes?
Cruzes! O que é isso?
Calma! Estou referindo-me a vozes externas e internas
que passam o tempo todo desviando você do objetivo:

... ...
Amigos, namorados(as) e congêneres .. .
- Vamos sair hoje? Tem uma parada maneira .. .
.. .
- Vamos à praiat ... ..

Mães, filhos, cônjuges ...


- Ai, você não liga mais para mim, nunca tem
....
tempo para me dar atenção.

Diversos ...
-Você ainda não passou? Será que adianta ficar estudando assim?
-E se você não passar, o que vai fazer? (essa foi meu filho de 18 anos,
antes da última prova; uma delícia ... )
- Você não acha que precisa cuidar mais dos seus filhos? Nem tudo
pode ser adiado! (o de 15 anos ... )

E as internas, nossos "fantasmas" pessoais:


- Ai, meu Deus! E se eu não for capaz%

-E se eu ficar doente no dia da prova? Se sofrer um acidente?


- E se o concurso for anuladot ..........
-E se me der um "branco"?

52
Sugestão: faça-se de surdo. Dê um sorriso e diga:
- Vou fazer o meu melhor, pedir proteção; se ainda não for
a minha hora, continuarei estudando.
Ou ainda:
- Nunca passo nas provas, sempre fui péssimo aluno ,
não tenho base ...
Esqueça todo esse registro. Você hoje é um adulto (ou quase)
e tem algo que não tinha antes: MATURIDAD E. Isso faz toda a
diferença. Verá.
Fortaleça sua determinação , focalize com todas as suas forças
o concurso, de forma que todo o resto saia um pouco de foco.
Durante todo o tempo, pergunte:
- Isso é importante para a prova? Está me ajudando a
estudar?
Fora isso, só enxergue algo realmente grave, inadiável
mesmo.
I • e. e
.........
. .... . . . . . . .
. .... . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . .. . . . .. . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . .
Assim que virou o ano, veio o ISS de Nitei"'Ói•RJ. Reduzi
o trabalho e dediquei todas as manhãs àquele concurso; nos dias em que
não tinha aula, estudava em casa. Agora, tinha novamente um objetivo
concreto à frente. Mas, mesmo expandindo o tempo de estudo, ainda
me sentia- e estava- muito "crua ". A prova disso é que, na véspera da
prova, achei melhor fazer uma revisão geral das matérias: 20 minutos para
cada uma (e acreditei nisso!). Até hoje, rimos disso eu e a Flávia (que,
àquela época, já se tornara minha companheira de batalha). Obviamente
impossível.
Mesmo assim, fiquei em 44° lugar. Mas emm apenas trinta vagas.
A frustração foi enorme. Diziam que eu seria chamada, mas eu
não acreditava. E mesmo que fosse , quando?! Fiquei muito triste. Sentia-
me incapaz. De que forma conseguiria estudar mais? Tinha feito o meu
melhor e isso não havia sido suficiente! Como concorrer com pessoas que
não tinham filhos, casa, trabalho, falta de dinheiro?

54
Quanta matérial

matéria

Bacana, fiz meu quadrinho de estudo. Mas, socorro! É matéria


para caramba! De que forma vou fazer essa distribuição?
A dúvida é: estudo cada matéria até o fim, dedico uns quinze dias
para cada uma, estudo uma matéria por dia ou várias por dia?
Então, pergunto eu o seguinte: se você tem em torno de seis
matérias numa turma de Básico Fiscal, por exemplo, quanto tempo
levará para voltar à primeira matéria se decidir ir até o fim de cada
uma? Mesmo se resolver dedicar quinze dias para cada uma delas?
Será que, quando retornar à primeira, ainda se lembrará do que
estudou anteriormente?
Eu defendo a tese de que o conhecimento só é fixado a partir
de sucessivas repetições (retornos) ao mesmo ponto. Desta forma,
considero mais proveitoso dividir todas as matérias pelos períodos
de estudo de que você dispõe a cada semana ou quinze dias, de
maneira que não passe tanto tempo sem rever cada uma delas. Ou
seja, distribua os períodos de estudo da semana ou quinzena,
conforme o seu caso, por todas as matérias. É claro que não vai
esgotar a matéria a cada vez. Por isso, sugiro fazer marcações do tipo
"parei aqui-data". Quando retornar, da vez seguinte, volte um pouco
atrás daquele ponto para retomar o " fio da meada" e siga adiante.
No dia em que chegar ao fim da matéria, volte ao início e repita o
procedimento . Você vai perceber que, a cada vez que revê a matéria,
revisa mais conteúdo, em menos tempo. Também, dúvidas anterio-
res (faça anotações, interrogações ... ) serão naturalmente sanadas. E

55
aspectos que você não havia percebido anteriorment e saltarão aos
olhos. É como se o mergulho fosse cada vez mais claro e profundo
(bacana isso). Claro que, quando estiver mais seguro, deve procurar
outras fontes, livros, provas anteriores, para que o mesmo conteúdo
possa ser visto de outras maneiras. Procure alternar matérias exatas
(Matemática, Contabilidade, Estatística) com aquelas que requerem
mais leitura (Português e Direitos).
Existe, ainda, quem defenda que não se estude a mesma matéria
por mais de duas a três horas. Acho que esta é uma decisão pessoal.
Eu, por exemplo, levo uns vinte minutos para ficar realmente con-
centrada e depois permaneço assim por muito tempo. Se resolver
trocar de matéria a cada duas horas, perco (se não errei a regra de
três) mais de 15% de produtividade a cada período. Não gosto.
Quando se tem o dia inteiro, aí, sim , acho que podemos estudar uma
matéria pela manhã e outra à tarde, até porque já paramos mesmo
para o almoço.
Outro aspecto a observar é se você tem muita dificuldade em
alguma matéria. Nesse caso, acho interessante fazer um "intensivo",
de vez em quando, naquele assunto. Uma semana inteira na mesma
matéria, a cada dois ou três meses, ajuda a manter todas no mesmo
patamar de aprendizado. Fiz isso algumas vezes com a Contabilidade
(meu eterno "calcanhar de Aquiles ").
Veja, a seguir, duas sugestões. A primeira, para quem tem
tempo suficiente para encaixar todas as matérias a cada semana. A
segunda, para quem tem menos tempo para estudar e precisa de
uma quinzena para incluir todas as matérias. Caso você esteja mais
seguro em um assunto e com mais dificuldade em outro, opte por
uma divisão desigual dos períodos de estudo.

56
Tabela I :

S"felra 6"felra 5'bUo Dominao

..
2" feira l"felra 4"felra

TRABALHO TRABALHO TRABALHO TRABALHO SIMULADO L


TRABALHO
I
REVISÃO v
DIR. CONST MAT. FIN. DIR. ADM . SIMULADO
T DIR. TRIBUT SIMULADO R
CAMINHAR CAMINHAR E
CAMINHAR
N ·········-----------··- AULA
"f.oii1ú(;iJ~s-·
AULA ------------·-··--· LIVRE
CONTAS. LIVRE

Tabela 2:

2"felra l"felra 4"felra s• feira 6"felra SábMio Domingo

TRABALHO TRABALHO SIMULADO


M TRABALHO TRABALHO TRABALHO L
I

TRABALHO TRABALHO TRABALHO TRABALHO SIMULADO v


T TRABALHO
R
CAMINHAR CAMINHAR E
CAMINHAR
N ····-····················
DIR. TRIBUT
AULA --------·············
MAT FIN.
AULA ..Põiil-u(;iJE.. LIVRE

TRABALHO TRABALHO SIMULADO


M TRABALHO TRABALHO TRABALHO L
I

TRABALHO TRABALHO TRABALHO TRABALHO SIMULADO v


T TRABALHO
R
CAMINHAR CAMINHAR E
CAMINHAR ··········------------ LIVRE
N ---···········-··- ··- AULA ········-----····-······ AULA
DI R. CONST CONTAS. D IR. ADM .

Nos exemplos acima, o concursando trabalha, faz turma de


exercícios ou módulos específicos e simulados. Cabe a você fazer o
planejamento de acordo com suas possibilidades e etapa em que está
no momento . Com o tempo , passará a ter menos períodos de aula e
poderá ampliar o tempo de estudo.

57
Não pass ei. Po r quê%
A

7• PO
' UE tl

• '

É uma das piores sensações. Às vezes, a gente se sente prepa-
rada, acha que tem condições de passar e, quando chega
o resultado,
não conseguiu.
Dá raiva, medo , sentim ento de rejeição e impotência. Inveja
de
quem passou. Vem à topa o nosso lado mais somb rio. Não
se cobre.
Deixe essas emoções fluírem . Chore , grite, encolha-se
até que elas
se acalmem. Isso pode levar alguns dias.
Depois, acenda uma luz dentr o de você e lembr e que perde
u
somente uma batalha de uma guerra com várias oportunidad
es. Então,
a luta contin ua e o guerr eiro tem de se levantar. Procu
re ver, com
isenção, em que pode melho rar, examine suas armas, sua
condição
física, sua estratégia. Não é mais hora de pena ou ódio, que
enfraque-
cem. Mire seu objeti vo e caminhe para ele, com a consciência
de que
quando vence r sua prime ira batalha, terá venci do toda a
guerr a, não
impor tando quantas vezes tenha sido derro tado anter iorme
nte.

Então , o que quero lembr ar é que existe m mome ntos


muito s
difíceis na vida do concursando, mome ntos de grande decep
ção: não
fomos aprovados em algum concurso, o concurso foi anulad
o, tivemos
algum imped iment o sério no períod o da prova (doen ça pesso
al ou na
família, por exem plo) ... A vida não pára porqu e temos um
concu rso
pela frente e, muitas vezes , ela até nos atrope la. É impor
tante, aliás,
decisivo, que você não se deixe vence r nessa hora. Ficam
os abatidos,
58
confusos, decepcionados, mas busque forças para seguir adiante até o
objetivo. Se você desiste, seria como jogar fora todo o tempo, dinheiro
e energia já investidos no projeto. A relação custo/benefício fica des-
favorável e o registro que fica é o da derrota. Se você, ao contrário ,
segue adiante, quando conquistar a vaga e a vida que desejava, terá,
para sempre, o registro da vitória. E tudo terá valido a pena!

Tem mais uma coisa: o que vemos como insucesso, muitas


vezes é o caminho traçado com Amor para que cheguemos ao melhor
lugar. Então, é preciso confiar que nosso caminho não é aleatório, mas
parte de um projeto maior. É que, por vezes, só podemos entender
muito depois porque algo não saiu como esperávamos em determi-
nado momento .

59
Depois de uns trinta dias parada, desanimada. decidi reagir e
voltar à luta: os jornais estavam divulgando novo concurso para fiscal
do INSS, que viria com muitas vagas. Matriculei-me nos módulos
específicos para fazer tudo com antecedência e retomei meu lugar
na maratona.

60
ues e dicas práticas. Ainda ...

Nada de jejum
Seu cérebro consome energia enquanto você estuda. Logo ,
você precisa ingerir carbo idrato (fruta , pão , bolo , cereais) a
cada três horas. Caso contrário, ele fica sem matéria-prim a para
trabalhar.
Mas tome cuidado! Não abuse, porque permanecerá sentado por
muitas horas. Será quase inevitável ganhar uns quilinhos extras.

Reforço
Vitaminas, complemento s alimentares , calmantes naturais,
fortificantes, antifadiga, remédio para memória. Acho que vale uma
força extra para melhorar a performance. Procure orientação médica
ou use recursos naturais que não apresentem contra-indicação. Jamais
comprometa sua saúde.

Atividade física
Caminhada é uma ótima opção para quem tem vida sedentá-
ria. Não requer grandes preparos (somente um alongamento antes
e depois), nem oferece riscos. Um tênis confortável , roupas leves
e disposição. Evite horário de muito calor e use protetor solar. O
resultado é uma melhora acentuada da disposição física, da concen -
tração (experimente e terá uma surpresa) , e até do humor. O que
está esperando?
Se você já pratica esporte ou outra atividade física, ótimo!
Continue e mantenha a regularidade. Só vai contribuir para melhorar
o seu desempenho. Já a interrupção tende a deixá-lo irritado e com
menos atenção.

61
Equilíbr io
Outra opção interessante são recursos que favoreçam o
centramen to: meditação, ioga, tai chi chuan, que reduzem o stress e
equilibram corpo e mente.
Também apoio espiritual, de acordo com suas crenças ou tradi-
ções; ainda mais nesse momento em que toda proteção é muito
bem-vinda .. .
Em resumo, em vez de criticar-se, acolha suas dificuldades,
compreenda-as e busque soluções - naturais, sem agressões, pre-
servando a saúde. Aprenda a pedir e a aceitar ajuda.

Resumos
Faça resumos organizados, com ótima letra, de todas as
matérias. Inclua fórmulas , exemplos, dicas, casos especiais. Ajudam
a fixar a teoria e serão muito úteis quando quiser fazer uma revisão
geral às vésperas da prova. Além disso, quando já estiver sabendo
todo o conteúdo, bastará ler o resumo e fazer somente exercícios.
Anote suas dúvidas. Cada vez que retornar àquele ponto, verá
que elas vão desaparecendo pela melhor compreens ão da matéria. A
cada vez o entendime nto aprofunda- se mais um pouco. Peça também
ajuda aos professores. É difícil para algumas pessoas, mas eles têm
muita experiência e são nossos aliados nessa batalha.

Sublinhe
Sublinhe a matéria enquanto estuda. Um grifo bem feito vale
um resumo. Só tome cuidado para não marcar tudo, porque de nada
adiantará.

62
tudar é divertido

Não acha? Então comece a relaxar e descubra o prazer de


aprender e saber um pouco mais a cada dia.

"Decorebas" intermináveis? Arranje frases engraçadas para


ajudar. Conte para todo mundo o que aprendeu (mesmo que não
estejam nem um pouco interessados), é ótimo para fixar! Converse
com as paredes, o gato, as crianças. Acharão que você está louco, e
não deixam de ter um pouco de razão. Quando atingir este ponto,
estará chegando a hora de passar.

63
'' julho

Quinze dias depois de começar a cursar os módulos específicos para


o INSS, saiu o edital do Município do RJ: Fiscal de Rendas e Controlador.
Fiquei completamente perdida, sem saber em qual dos concursos investir:
o INSS poderia não ter vaga para o Rio, mas o ISS era coisa pro gente
grande, pessoal que estudava a sério há vários anos. E eu ...
Lembro-me bem daquele sábado de simulado: fiquei totalmente
paralisada pela dúvida.Qual dos caminhos seguir? Em qual deles
encontraria minha vitória?
Ainda estava nesse dilema, quando recebi um recado taxativo do
dono do curso:

- Fala para a Lia largar tudo e se concentrar no ISS!

Fiquei assustada: será mesmo? Será que tenho condições de


concorrer?
Decidi abandonar o trabalho - não dava dinheiro mesmo - e só
estudar. Viver de quê? Do mesmo jeito que já estava: cortando o que
fosse possível e com a ajuda de pai, mãe, ex-marido. Era o que eu podia
usar a meu favor: o tempo.
Agora era um caminho sem volta. Passar ou passar. Se não fosse
nesse, seria em outro próximo, mas eu queria (e precisava) muito que
fosse logo.

64
Está desempregado% Exce lente !

Não, eu não estou doida e já passei por isso.


Você tem a seu favor duas coisas importantíssimas:

1- Todo o tempo do mundo para estudar (enquant o seus


concorre ntes consomem a maior parte do dia no trabalho);
2- A melhor motivação possível: a necessidade absoluta.

Tudo bem . Quem está emprega do, com as contas pagas e


comida em casa tem mais tranqüilidade. Mas, por isso mesmo, não tem
tanto empenho e, na hora em que surgem os obstáculos ou tentações
(feriados, programas etc.), não tem a mesma determina ção que você.
Como não há dinheiro para passeios, o melhor é estudar. Mas, por
favor, não se considere um coitado! Pense que está preparan do seus
passeios futuros, com dinheiro no bolso e segurança.

65
ia livre + atividade fisica = continuidade

E, no sétimo dia, Deus descan sou...

Olha só! Se até Ele tirou um dia de descanso na semana, por


que nós, simples mortais, não faríamos o mesmo?
A questão é que, quando estamos estudando para concurso,
o stress é inevitável. A semana tem todas as obrigações, mais aulas e
estudo. Se você não tira um dia ou, na pior das hipóteses , um turno
(a partir das 14 h do domingo, por exemplo) , a cada semana tem
menos qualidade de concentração e memória . E não estou falando
de, simplesmente, descansar. Refiro-me a PRAZER. De preferênc ia,
coisas que você coloque "para fora" como jogar bola, conversar com
amigos, dançar, ir à praia, escrever (para quem gosta) etc. Melhor do
que ler, ir ao cinema, que jogam mais coisas "para dentro", repetindo o
padrão da semana. De qualquer forma, SEJA FELIZ, muito feliz nessas
vinte e quatro horas. Isso é combustível para a empreitad a da semana.
Acredite! E é o que vai garantir a continuidade da sua maratona até
a conquista da vaga, independ entement e do tempo necessário para
isto acontecer.

66
aratonista, mexa-se!

Falando em condições de continuidad e, quero esclarecer o


porquê da minha insistência com relação à importância da ATIVIDADE
FÍSICA regular. Sei que corro o risco de estar me tornando desagradável,
mas conheço a resistência dos concursandos em dedicar algum tempo
(às vezes tão escasso) a algo que não seja o estudo propriame nte
dito. A proposta que faço é que você inclua na programaç ão, pelo
menos três vezes por semana, algum trabalho físico. No mínimo,
uma caminhada de 40 minutos. Se você praticava algum esporte,
retome; se freqüenta academia, mantenha. Não é hora de exageros,
recordes ou de obter o "corpo dos sonhos" (deixe isso para depois
que for aprovado no concurso), mas é fundament al cuidar da saúde
e bem-estar do corpo, para que ele não venha a sabotar você na
hora em que mais precisar dele.
Então, não pense que está desperdiçando tempo de estudo.
Ao contrário, você está potencializando e qualificando o aprendi -
zado. Isto, porque durante a atividade física ocorre um aumento da
circulação sanguínea, o que melhora a oxigenação do cérebro. Além
disso, ocorre a liberação de cerotonina e endorfina, responsáveis pela
transmissão das informações entre os neurônios. De quebra, esses
chamados "hormônios do bem-estar" produzem sensação de euforia.
O resultado é que seu corpo agradecerá devolvendo concentração,
atenção, memória, disposição e reduzindo o stress (que, além de
muito desagradável, consome preciosa energia que deveria ser usada
no estudo). Ou seja, o tempo investido na atividade física retornará
com dividendos consideráveis para o rendimento do seu cérebro.
Será que, agora, consegui convencer você? Por favor, experi-
mente e observe a mudança.

67
uihbrio é a chave

Como viemos falando, é o equilíb rio que garantirá a


continuidade do seu trabalho, e é essa contin uidade que o
levará à aprova ção. Lembre-se, não são cem metros rasos
e, sim , uma maratona; precisamos de resistência. O estudo deve
passar a fazer parte da sua vida - como atividade prioritária , é
verdade -, mas não pode impedi-lo de viver. Corpo, mente,
emocional e, até, espiritual , devem estar em harmonia, como seus
aliados. Isso garantirá a sua

Vitó ria.

68
Dificuldades

Antes da primeira prova, tive de mudar-me da casa onde morava


para o apartamento da minha avó, porque não tinha mais como pagar
o aluguel. Foi uma mudança relâmpago, de segunda a quinta-feira
organizamos, na sexta-feira mudamos.
Bateram no meu carro, o (litro de água quebrou, a geladeira pifou.
Apesar disso, arrumamos tudo no sábado e domingo, com direito a quadros
na parede e enfeites no lugar.
Na segunda-feira, parece que perdi as forças. Quando minha mãe
telefonou-me, chorei à beça, porque sentia-me só, com tantas coisas a
resolver que dependiam de mim. Aí ela disse que me amava, que estava
comigo vinte e quatro horas por dia, e que tinha certeza de que eu
venceria. Foi a maior declaração de amor que e/o já me fez. Sempre foi
muito amiga, mas pouco afetiva, e eu guardei aquilo como um presente
especial.

Na semana seguinte...
Eu usava um fogão emprestado. Dias depois da mudança, o dono
me telefonou e disse que o pegaria de volta dentro de três dias. Lá fui
eu procurar um fogão barato, que fosse entregue em 24 horas e que
eu pudesse pagar. Angustiada, porque já se escoava mais um dia de
estudo .. .

69
oques e dicas filosóficas
Respeite o seu jeito de ser e simplesmente ajuste seus
recursos ao estudo. Tire proveito e não brigue com você, com os
outros- família, namorado (a) etc. - nem com a matéria afinal, é o
seu passaporte para atingir o objetivo.

Não subestime ninguém, nem você mesmo. Busque a


superação. Não se compare. Cada um tem sua própria história.

Durante o período de estudo, ofereça ajuda, compartilhe.


Cada um tem um talento : tempo , facilidade de compreensão,
resumos, livros, pesquisas de provas, informações na Internet .. . No
fim, todos ganham com esse intercâmbio, inclusive você.

Se encontrar parceiros de estudo que se afinem com seu


jeito, ótimo. Podem até ter níveis diferentes de conhecimento e um
ajudar ao outro. Isso não atrasa ninguém, pelo contrário, ensinar é
uma ótima forma de fixar. Só esteja atento para que haja empenho
de todos- não é momento de carregar ninguém às costas.

Cada um passa quando chega a sua hora. Acredito que não


são somente conhecimentos técnicos, mas todo um momento de
vida que converge para a aprovação.

Alegre-se sinceramente com o sucesso dos outros. Com


certeza mereceram. So lidarize-se com a tristeza dos que terão
de continuar. Se puder, colabore de alguma forma produtiva.

70
Atenção! Quando ouvir um colega perguntando coisas ao
professor que você sequer suspeitava existirem, não pense que está
diante de um gênio; pode ter certeza: ele leu a lei. Por mais incrível
que possa parecer, é ali que se "escondem" todas as facetas, os de-
talhes surpreendentes dos quais o professor fala e que fazem você
ficar com aquela cara...

A familiaridade com a letra da lei faz toda a diferença no estudo.


O ideal é ler, reler, periodicamente, com toda a atenção. Não diria
que você deve decorá-la, mas ter uma ótima noção do que existe e
de como se relacionam os diversos aspectos.

71
POLÍCIA CIVIL
BACEN
staDES SS TJ
ual concurso escolher? ICMS

EDE DELEGADO T E
AGÊNCIAS PETROBRAs

~ECE\1'P. ISC

Eu daria um outro enfoque: qual área escolher? Isso, porque


acho temerário definir, já no início, um concurso específico. Primeiro,
porque dificilmente saberemos quando ele vai sair. Segundo, porque
fica uma expectativa muito grande em cima de uma oportunidade,
um momento só. Conforme comentamos anteriormente, a vida às
vezes prega peças e traz uma dificuldade justamente no período
daquela prova. Penso que a decepção é tanto maior, quanto maior é
a expectativa. Fica mais complicado de superar. Desta forma, sugiro
escolher uma área: jurídica, fiscal , polícia, bancos etc. e, só quando
estiver seguro nas matérias básicas, decidir qual concurso vale a pena,
conforme forem se aproximando os editais.
Outro equívoco freqüente é ficar preocupado em se manter
na sua área de formação ou buscar somente concursos que tenham
ênfase na sua área de conhecimento, em razão da dificuldade em
outras matérias. Gostaria de lembrar que isso nem sempre é in-
teressante , porque limita muito o leque de oportunidades, sem
necessidade. A preparação adequada para concursos pressupõe que
você está partindo do "zero" em todas as matérias. Sempre haverá
aquelas em que você tem mais facilidade e aquelas que parecem
incompreensíveis inicialmente. O que importa é ter determinação e
lembrar que todos têm dificuldades a superar, assim como você. No
meu caso, por exemplo, apesar da formação em Direito e da minha

72
comentada dificuldade nas matérias exatas, obtive melhor nota na
prova de Matemática, Estatística e Matemática Financeira do que na
de Direito, no concurso do ISS-Rio.
Além disso, se você está querendo mudar de vida, talvez
devesse pensar sob outra ótica: qual é sua maior motivação no con-
curso público? Já sei : salário fixo e estabilidade. Digo algo além disso:
oportunida de de sair da cidade onde mora, flexibilidade de horário,
outro patamar salarial. .. Pense, também, no dia-a-dia do trabalho e
não só no salário para escolher melhor. Afinal, aquilo fará parte da
sua vida, pelo resto dela.
Outro fato que deve ser levado em conta é que você não pre-
cisa encerrar a trajetória na primeira aprovação. Isso porque, quando
chegamos ao ponto de sermos bem-sucedidos em um concurso,
estamos realmente preparados . Dominamo s as matérias comuns e
temos tempo e serenidade para dedicar às específicas. Amadurece -
mos e sabemos fazer a melhor prova possível. Lembre: não existe
sorte em concurso público. O resultado é fruto do estudo sério e
eficiente. E a aprovação é o atestado de que estamos num patamar
de excelência. Portanto, se formos aprovados e seguirmos estudan-
do, a chance de conquistarm os colocações cada vez melhores em
concursos posteriores (da mesma área, claro) é enorme. Por isso,
se observarm os o histórico de quem passa nos primeiros lugares,
veremos que é comum uma trajetória de aprovações anteriores na
mesma área. São gênios? Não (somente alguns poucos) . Simples-
mente, prosseguiram na maratona, aproveitan do o conhecime nto
e a experiência adquiridos e qualificando-se cada vez mais. Assim
como um atleta que, após anos de treinament o, passa a bater todos
os recordes. Com a vantagem de que, em competiçõe s desportivas,
sempre pode aparecer alguém com talento natural superior, indepen-
dentement e de treinament o. No nosso caso, não existe mágica, mas
uma quantidade de conhecime nto que deve ser assimilada passo a
passo. Por isso, a chance de cair um craque de repente na sua frente,
invertendo a ordem anterior da fila, é mínima. Desta forma, pode
73
ser interessante, em alguns casos, fazer um concurso inferior às suas
pretensões para aliviar a pressão, e continuar se preparando para o
concurso dos sonhos até conquistá-lo (o que poderá ser mais fácil ,
se já estiver empregado e confiante de que é capaz).
Nesse sentido, atenção aos concursos menos "badalados",
alguns bastante interessantes. Observe os concursos municipais
também.

74
fim, o edital. ..

Em que será que isto interfere na nossa estratégia?

Em muitas coisas. Tudo o que conversamos, até agora, tinha


como objetivo a continuidade da maratona, já que não sabíamos
·quanto tempo ainda haveria pela frente. A publicação do edital do
seu concurso inverte a situação: passamos a ter uma data concreta ,
próxima (sempre mais próxima do que gostaríamos ou precisaríamos)
e temos de priorizar o estudo acima de, praticame nte, todo o resto.
É a hora do arranque final, quando cada minuto é precioso.

Antes de tudo, pare e examine sua situação com "olhos de


ver": tem chances reais de ser bem sucedido nesta prova? Porque,
caso contrário , é melhor continuar no ritmo normal, aprofund ando
as matérias gerais, a fim de ter condições de vencer num momento
mais adiante. Enquanto isso, os "apavora dos" ficam fazendo todas
as provas que aparecem, e módulos específicos que só servirão para
um concurso, sem ter ainda base suficiente. Quando vier o próximo,
você estará bem preparad o em todas as matérias, com serenidade e
tempo para estudar somente as específicas. Já quem ficou "atirando
para todos os lados" estará em desvantagem.
Ok. Chegamos à conclusão de que "estamos no páreo". Primei-
ra coisa: vamos ver quantas semanas teremos até a prova e fazer um
planejamento global. Se possível, deixando as duas últimas semanas
para revisar todas as matérias - isso é o ideal. Na pior das hipóteses,
deixe pelo menos a..lJitima semana para revisão. Se você está seguro
nas matérias gerais e vem fazendo uma manutenção bacana, conse-
guirá revisá-las em pouco tempo.

75
Mas, preste atenção! Não divida o tempo uniformemente. Deixe
mais tempo para as matérias em que você tem mais dificuldade ou
está mais fraco e menos tempo para aquelas em que está bastante
tranqüilo. Leve, também, em conta a extensão da matéria (algumas
são enormes e outras têm o conteúdo mais limitado) e, ainda, a im-
portância e peso de cada uma na sua prova.
É preciso ter muito cuidado, ainda, com aquelas que parecem
bobas, a respeito das quais só cairão poucas questões, mas que eli-
minam o candidato que "zerar". De que adianta fazer uma excelente
prova e ser desclassificado por causa daquela matéria que parecia tão
simples? É de chorar...

E como estudar nesse momentot


Vamos dividir o tempo, então, em dois períodos: no primeiro,
todos os dias, exceto aqueles que serão dedicados à revisão. Você
tem "x" dias até a prova. Lembre-se disso. Portanto, faça o melhor
aproveitamento possível. Delegue todas as tarefas, adie o que puder,
inclusive amigos, amor, família. Cuide deles no seu dia de folga (fun-
damental para preservar o seu rendimento) .
Quando bater o desespero, lembre-se de que é por um tempo
limitado e, ali na frente, você poderá retomar a vida, passando ou
não no concurso. Claro, porque, mesmo se não passar, depois da
primeira semana de "ressaca" mental e emocional (ninguém é de
ferro) , voltará ao ritmo de maratona, incluindo novamente todas as
pessoas e tarefas na vida, até o próximo edital.
Cumpra as metas desde o início, para evitar o desespero dos
últimos dias, quando já não haverá mais tempo. Se necessário, crie
novos horários de estudo para repor o que não tiver sido suficiente.
Afinal, é a hora do seu sprint 2 •

2
arranque final do maratonista

76
Assim, estude atentamente cada matéria, como se fosse a pri-
meira vez, a fim de fechar o entendimento, perceber algo que ainda
havia escapado, sedimentar. Faça muitos exercícios, principalmente
das matérias exatas, para ganhar agilidade, já que o tempo, às vezes,
é fator determinante na hora da prova. Resolva muitas provas ante-
riores da mesma banca, para familiarizar-se com a abordagem e o
formato.
Na semana (ou semanas) de revisão, leia seus resumos. É claro
que você os fez, com anotações de casos específicos, aqueles deta-
lhes que você sempre esquece, dicas das pegadinhas em que você se
atrapalha .. . Você fez, não fez? Revise fórmulas , detalhes.

É fundamental, também, procurar saber a duração da prova e


já estabelecer o tempo que utilizará para cada matéria, deixando 30
minutos (não menos!) para marcar o cartão de respostas com calma
e atenção. Além disso, reserve alguns minutos (de 15 a 30) para
qualquer imprevisto, uma questão mais trabalhosa, sei lá. Fica como
um "cheque especial" de tempo. Considere o número de questões
e o grau de facilidade ou dificuldade que você tem em cada matéria,
a fim de fazer a distribuição mais adequada.
Procure definir logo a ordem de matérias mais favorável para
você fazer a prova. Sugiro que comece por aquelas em que tem mais
segurança e, também, decorebas, leis, para esvaziar o " HD" para ou-
tras que exijam raciocínio. Mas é uma questão pessoal. Avalie bem .
Essas pequenas coisas, decididas fora do ambiente da prova,
evitarão perdas de tempo geradas pela confusão e nervosismo daquele
momento e que, não raro, são fatais para o melhor desempenho do
concursando.

Atenção total ao bem-estar na semana da prova! Alimentação,


sono, equilíbrio, tudo aquilo sobre o que já falamos.

Não planeje estudar na véspera da prova. Aproveite o dia para


relaxar e carregar as baterias. É fundamental estar descansado física e

77
mentalmente naquele dia. Isso contribuirá mais para o seu resultado
do que uma matéria vista de forma ansiosa e com pouco tempo.
Se isso não for possível, pelo menos estabeleça uma hora-limite
em que, como dizia meu sócio: " fechou o barracão". Nos desfiles de
escola de samba, as coisas não ficam exatamente conforme idealizado;
sempre falta um retoque aqui ou ali. Mas existe o momento em que
pára tudo, porque a escola tem de sair.
Da mesma forma, nunca sabemos absolutamente tudo o que
gostaríamos e, se não controlarmos a ansiedade, sempre haverá
algo mais a estudar. Mas, nessa hora, não é a melhor opção. Estar
descansado no dia da prova vale mais do que um detalhe que possa
ser aprendido na véspera. A mente descansada vai permitir que a
atenção, o raciocínio e a memória estejam em plena forma. Esse trio
trabalha por você em toda a prova. Já uma informação de última hora
pode até não cair.
Fiz essa bobagem na primeira prova do ISS: fiquei relendo a
matéria até tarde da noite. Quase "apaguei" na hora da prova, não
de sono, porque a adrenalina não permitiria, mas de exaustão men-
tal. Cometi erros que poderiam ter sido evitados, se estivesse em
melhores condições. Aprendi a lição.

78
Nos momentos de meditação, quando pedia proteção para
minhas provas, procurava mentalizar, com clareza, por que precisava
passar.

Preciso:
. sustentar meus filhos
. recuperar minha dignidade
. ter serenidade para viver
. oferecer à minha família uma pessoa mais equilibrada
. honrar meu compromisso de mãe, sendo o apoio necessário
ao desenvolvimento saudável dos meus filhos
. tirar tanta preocupação e peso dos ombros de meus pais
. poder desenvolver-me em outros aspectos
. ser feliz.

Com o tempo, descobri que a conexão com a minha real ne-


cessidade trazia a proteção desejada. Quando estamos ligados à
nossa essência, estamos também ligados ao Universo, e tudo trabalha
na mesma sintonia a nosso favor.

É importante, também, ter em mente que não estamos queren-


do somente o dinheiro do salário. Aquele é o meio para conquistar-
mos coisas mais importantes em nossas vidas. Se ele se torna o
objetivo único e final de seus esforços, sua luta desconecta-se de uma
força maior e você segue sozinho. Torna-se mais árido o caminho.

79
dia "D": a prova.

Todo mundo sabe : acordar com bastante antecedência,


alimentar-se bem , sair de casa cedo e chegar tranqüilo ao local da
prova. Sugiro levar água e algo leve para comer (maçã, barra de
cereais, biscoito). Nada deve desviar sua atenção, nem comprometer
seu rendimento. Lembre-se , também, do cartão de inscrição,
identidade, canetas, lápis, borracha.

Enquanto aguarda o sinal , concentre-se. Se tiver alguma crença,


reze. Se não, busque sua inteligência plena, memória, atenção. Respire
fundo. Dê uma ordem ao seu subconsciente para que tudo o que
estudou possa estar disponível no momento necessário, de forma
dinâmica para que possa ser manipulado conforme a solicitação da
prova. Inspire e expire profundamente várias vezes, buscando um
relaxamento.

A estratégia do guerreiro
Durante todo o tempo, confie no trabalho que foi feito.
Mesmo que apareça uma coisa que nunca viu, leia com calma e
atenção e tente relacionar com algo que conheça. Um bom recurso
é "conversar" com a prova, tentar perceber a intenção do exami-
nador.

Cuidado com a letra, com as contas. Para não ser traído por
uma observação confusa, tente organizar as anotações. Vale até usar
a carteira como rascunho, se for de fórmica clara. Quando acabar a
prova, apague tudo, por uma questão de gentileza.. .

Lembre-se do tempo para marcar o cartão de respostas. Uma


questão por vez, com o máximo de atenção e cuidado.

80
Muitas vezes, o tempo é um fator primordia l na hora da prova.
Algumas pessoas dizem que é o maior inimigo. Prefiro achar que pre-
cisamos fazer dele nosso melhor aliado. Se tiver feito uma preparação
correta, já terá escolhido a melhor estratégia a ser adotada, ordem de
matérias etc., conforme sugerimos no capítulo "Enfim, o edital. .. ".
Com base nisso, considero mais proveitos o responder, na or-
dem de matérias pré-estabelecida por você, a todas as questões em
que não tenha dúvida e que não vão tomar muito tempo (cálculos
demorados, por exemplo) . Ao lado das opções, acho interessante
fazer algumas anotações que possam ajudar a decidir posterior mente
e circundar as questões em que tem dúvida.
Concentr e-se numa questão de cada vez. É ler, marcar e seguir
em frente. Se precisar pensar, pule para a seguinte, sem preocupação.
Dessa forma, vai garantir o maior número de pontos com o mínimo
de tempo. Se demorar muito em questões trabalhosas e depois não
houver tempo suficiente para outras que talvez fossem simples, pode-
ria perder uma preciosa diferença em relação a outros candidatos.

Quando chegar à última matéria, faça uma pequena pausa, dê


uma alongada e faça algumas respirações mais profundas para recu-
perar o equilíbrio.

E se houver redação? Talvez seja melhor fazê-la logo após essa


primeira "rodada" (salvo se não estiver conseguindo desenvolvê-la de
jeito algum; aí é mais prudente adiantar as questões) . Porque, quando
voltar para a parte objetiva, já haverá uma certa tranqüilidade de que
tudo o que sabe está feito e a redação, pronta.
Foi até o fim da prova uma vez? Retorne, então, à primeira
matéria escolhida, com a consciência de que garantiu muitos pon-
tos. Siga, novamente, até a última matéria, sem reler aquilo a que
respondeu com segurança da primeira vez. Dedique-se às questões
que dependem de você pensar um pouco mais, mas que não tomarão

81
muito tempo. Por vezes, é só uma questão de compreender melhor
o enunciado. A serenidade de já ter feito boa parte da prova torna
o seu olhar mais preciso e a mente mais atenta. Muitas vezes, esta
segurança é suficiente para enxergarmos coisas que haviam passado
despercebidas na tensão do primeiro olhar. Dedique-se, também, às
questões mais trabalhosas, mas às quais você sabe responder. Siga
até o fim da prova.
Nova pausa, banheiro , se necessário, respiração calma e
profunda. Agora, com todos os pontos possíveis já garantidos, enfrente
aquelas questões (espero que sejam pouquíssimas) que você não tem
idéia do que sejam. Este é o momento crucial: buscar lá no fundo
algo que você um dia ouviu ou leu, tentar recompor essa memória.
Às vezes, brincar mesmo com a questão, fazer suposições (mesmo
as absurdas), sei lá. De alguma forma, encontrar um caminho para
escolher uma das opções. Se você está bem preparado, dificilmente
será um "chute cego". Use o bom senso, o tempo que tem e escolha
a opção mais razoável. Vale rezar para melhorar as chances ...

Costumo sair da prova esgotada, pálida, como se tivesse dei-


xado minha alma lá. Afinal , é o momento de coroar todo o esforço
feito anteriormente.

E, sabe? Aprendi uma coisa: o importante, ao terminar a prova,


não é somente o resultado. É saber se você fez o seu melhor. Porque
errar coisas que não sabia indica que precisa estudar mais. Mas, se
houve realmente dedicação ao estudo e não estava ao seu alcance
ainda, não há por que se cobrar. Agora, errar coisa que sabia é dure-
za. Dá uma tristeza enorme, porque você sabe que tinha condições
e não fez. E aí? Perceber que necessita preparar-se melhor para o
momento da prova. Também é uma estrada a ser trilhada e requer
alguma experiência. Procure não se recriminar e use essa falha como
um alerta sobre quais pontos precisam ser trabalhados.

82
É isso, então. Como vimos, para ser aprovado num concurso
é necessário ter o conhecimento adequado, mas não é suficiente. O
amadurecimento de como fazer a prova pode colocar um candidato
menos preparado em melhores condições do que aquele que sabe
toda a matéria, mas não estabelece uma estratégia adequada na hora
de demonstrar seu conhecimento. Precisamos fazer com que tudo
trabalhe a nosso favor para sair da prova com a sensação de ter
feito o melhor.

83
I a PROVA do ISS

Matérias:
. Direito Administrativo
. Direito Civil
. Direito Comercial
. Direito Constitucional
. Direito Tributário
. Direito Penal
. Ética do Servidor Público

Ainda estava terminando o módulo de Civil, comecei a cursar


Penal e tinha feito um compacto de Comercial na época do concurso
para Niterói. Arranjei o caderno de uma colega que havia feito o módulo
completo de Comercial e revisei a matéria por ali. A matéria de Ética
era pequena e foi dada numa aula específica.
No mais, era aprofundar os Direitos (Constitucional, Administrativo
e Tributário), conhecer bem as leis, fazer muitos simulados, errar muito.
Achar que sabia tudo e depois perceber que ainda tinha um longo caminho
pela frente.

84
Descobri a maravilha que é fazer um planejamento com datas, para
não chegar à semana da prova sem ter visto toda a matéria. Pude conceder-
me o luxo de usar as duas últimas semanas para revisão.
Também descobri que, estudando com antecedência e objetivida-
de , podia partilhar o conhecimento com alguém (no caso, a Flávia) , que
um tem mais facilidade num assunto, outra pessoa em outro, e, no fim,
saímos todos ganhando com a troca.

Na véspera da primeira prova, pretendia dar "só uma olhadinha"


na matéria, mas terminei estudando o dia todo. A ansiedade era enorme
e, quando telefonei para desejar boa sorte à Flávia, disse-lhe: "Se tivés-
semos mais dois meses para estudar "os Direitos", ficaríamos ótimas. "
Esta era a sensação: poderíamos saber muito mais. Lembrei de um
professor que disse que o candidato nunca vai para uma prova sabendo
tudo. Então tá.
Por via das dúvidas , deitei na cama às oito da noite com o
Código Tributário Nacional e a Constituição Federal. Resultado: reli
todo o Sistema Tributário na Constituição e todo o Código Tributário
Nacional com medo de esquecer alguma coisa importante. Fechei o
material às onze da noite com a cabeça meio oca.

No dia da prova, estabeleci meu ritual. Acordava às seis horas,


tomava banho, comia algo saudável (não teste nada novo, para evitar
contratempos digestivos) e rezava. Saía com calma, a fim de não correr
riscos no trajeto. Como vê, buscava estar o mais zen possível.

Quando cheguei ao local da prova, já havia uma porção de flaneli-


nhas sinalizando as vagas. Procurei chegar mais perto e aceitei a indicação
de um deles. Quando estacionei o carro, feliz por ter chegado a tempo, ele
cobrou-me a singela quantia de "dez real"! Disse que não tinha, se tivesse

Comigo foi assim 85


não estaria fazendo prova num domingo, estaria na praia. Ele deixou ,
então, por cinco reais e eu disse que só tinha quatro (e era verdade) . Ele
resmungou que todo mundo ali estava cobrando dez, que eu ia "quebrar
e/e ", mas deixava por quatro. E eu disse que não podia dar tudo, porque
ainda tinha de comprar água para a hora da prova ... Conclusão: dei três
reais e quase apanhei do cara. Que desaforo!

Gosto de entrar logo na sala, para escolher o local mais fresco (as
provas aconteceram no Rio de janeiro e em pleno verão) . Levo barrinha
de cereais e água.

A espera é terrível, mas procuro ocupar minha mente com pensa-


mentos construtivos, e rezo muito.

Quando chega a prova, a adrenalina sobe ao limite, mas procuro


respirar profundamente. Esqueço o mundo. Também não gosto de dar
uma olhada superficial nas questões, para não me desestabilizar se houver
algo que não sei. Escolho a matéria por onde começarei e concentro-me
em uma questão de cada vez. Respondo ao que tenho certeza e não me
preocupo com o que não sei - ainda não é a hora.
Mas, existem exceções: quando a prova vem com características
diferentes do esperado, torna-se necessário faze r uma avaliação prévia,
a fim de redefinir a estratégia e divisão de tempo, se for o caso.

Continuando ...
Vou até o fim da prova, respeitando o tempo que estabeleci por
matéria. Dou uma espreguiçada (xi, é falta de educação .. .) e volto à pri-
meira matéria novamente. Não olho mais o que já marquei com certeza.
Detenho-me nas questões que geraram dúvidas: se decidir, marco. Caso
contrário, pulo.

86 Comigo foi assim


No terceiro retorno é que vou "espremer os miolos " com o que não
sei. Só que, nesse momento, já garanti os pontos de tudo o que sabia. O
tempo que resta será para aquelas questões mais difíceis e para marcar
o cartão de respostas.
Aliás, destine tempo suficiente para o cartão, porque não tem a
menor graça perder questão certa porque marcou o cartão correndo e
errou. Para ser sincera, é um dos momentos em que fico mais tensa,
totalmente alerta para não me enganar.

Naquele dia, quando cheguei em casa, comi algo e caí na cama.


Dormi durante umas três horas seguidas.

Comigo foi assim 87


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prova. já n t . a vagas
Direito. que sou
formada
em

ss

No dia em que reiniciaram as aulas específicas, já preparando para


a segunda etapa do concurso, estava muito fragilizada . Quando encontrei
com o dono do curso, desabei:"Estou tão cansada de lutar, sem dinheiro.' ..
É muita pressão ... Acho que é demais para mim, não agüento mais ... (as
lágrimas pulavam de meus olhos).
E/e me olhava atônito, sem saber bem o que fazer. Disse-me que
poderia contar com sua ajuda, que me acalmasse, tudo ia sair bem.
Como não havia mesmo outra opção, lavei o rosto no banheiro,
respirei fundo e fui para a sala de aula continuar a batalha.

Naqueles dias , o meu estado de espírito era de muita angústia. A


classificação entre os /50 primeiros nada me garantia, e eu temia não
conseguir ganhar as posições necessárias nas duas etapas seguintes
para ficar dentro das vagas. Esse terror estava minando as minhas
forças e deixando-me abatida.
Certa noite, um amigo disse-me que, se estivesse na minha
colocação, estaria "devorando os livros", dando o máximo, e mais: disse
que me via "fiscal".

89
A sinceridade de suas palavras sacudiu-me inteira. Acho que ele
foi porta-voz do meu anjo da guarda. Aquilo seguiu ecoando nos meus
ouvidos e fiquei pensando no que poderia fazer para mudar meu ânimo
rapidamente (na verdade, naquela noite) , a fim de não perder mais
tempo.
Foi aí que decidi oferecer-me uma "carga extra" de energia e passei
a tomar complementos alimentares, antifadiga e correr na praia. Foi uma
virada! Parei de sofrer e decidi lutar até o fim.

90 Comigo foi assim


1. 3 PROVA do ISS

Matérias:
. Contabilidade Bancária
. Contabilidade Geral
. Finanças Públicas
. Legislação Tributária Municipal
. Processo Administrativo-Tributário

Contabilidade Bancária: matéria totalmente nova, sem conexão


com nada que eu já soubesse - uma loucura!

Contabilidade Geral: meu "calcanhar de Aquiles". Comprei o livro


indicado pela banca e dediquei a primeira semana somente a isso. Depois
fiz intensivos de exercícios aos domingos.

Finanças Públicas: ouvi algo a respeito no concurso para Niterói,


em Contabilidade Pública. Mas, no geral, era tudo terrivelmente novo.
Fiz um módulo completo e mais um intensivo de fim de semana. Saía
com vontade de chorar.

Legislação: já havia feito módulo um ano antes. Era memorizar o


máximo possível e garantir muitos pontos.

P. A. T. : idem.

91
Detalhe: como seriam cinco questões de Finanças e Contabilidade
Bancária, havia o risco de "zerar " (dependendo de como viesse a prova)
e ser eliminada, mesmo fazendo boa pontuação nas outras matérias.

ltado da 2~ prova

Cheguei mais perto, mas ainda havia posições a conquistar.


E somente mais uma prova . Seria minha última chance
concurso.

92 Comigo f'oi assim


Pode parecer maluquice, mas hoje agradeço a Deus por não ter sido
chamada para o Município de Niterói naquele momento. Isso me teria
afastado da batalha. Na verdade, a necessidade imperiosa de resolver a
questão financeira foi determinante para o meu empenho.
Nas vezes em que pensei em desistir, nas aulas de Contabilidade
Bancária, Finanças Públicas, quando tinha a impressão de que não sabia
que língua era aquela, via meus sonhos indo por água abaixo novamente.
Parecia que a empreitada era maior do que a minha capacidade. Aí,
pensava em como estava a minha vida, no que poderia conquistar e dizia:
eu vou conseguir, eu vou aprender!
Também não tinha mais o direito de desistir, porque não poderia
devolver o tempo, atenção, cuidados, de que havia privado minha família ,
nem o que havia sido investido a um custo tão elevado, emocional e
financeiramente . Eles acreditaram em mim - também não ofereci outra
alternativa - e eu não podia desapontá-los.

Comigo foi assim 93


s, nem tudo é tristeza e preocup ação

Certa vez, um professor estava resolvendo uma equação


matemática e um aluno contestou a resposta final. Disse que fez as
contas em sua calculadora, "de onde tirava seu sustento há anos", e o
resultado era diferente. Mostrou para a turma, orgulhoso, o número
no visor da máquina. Realmente, parecia que o professor havia errado.
Ocorre que a poderosa calculadora não sabia (tampouco o aluno),
que equações matemáticas requerem certa ordem hierárquica na
solução das operações.

De outra vez, num desgastante sábado de simulado, assistíamos


a uma aula de Estatística, quando o professor que havia dado a
matéria anterior pediu licença para entrar em sala. Licença concedida,
informou que já estava no metrô quando lembrou-se de uma pergunta
que um aluno havia feito e ficara sem resposta. Iniciou, então, uma
minuciosa explicação, repleta de exemplos e detalhes. O outro
professor, bastante educado, já mostrava sinais de impaciênci a.
Afinal, o tempo de correção de simulado é cronometr ado e super
corrido. Muitos minutos depois, o professor "invasor" concluiu sua
dissertação e perguntou se conseguira dirimir a dúvida do aluno. Mas,
"onde está ele?"
Acreditem: não estava. Tinha ido embora. A turma desabou
em gargalhadas.

94
se nada der certo?

Existe aquele dia em que você acorda todo compenetrad o,


decidido a "dar conta" do estudo. Arruma-se , toma café e
senta-se para estudar (ou vai para a biblioteca) . Pega a ficha da
progra-mação, vê a matéria, abre livros e cadernos sobre a mesa
e começa a ler. De repente, você percebe que já passou três
páginas e não se lembra de nada, sequer do assunto. Resolve voltar.
Lê em voz alta. Sente-se um papagaio idiota. O pensamento está longe.
Começa a lembrar-se de coisas pendentes etc. O que fazer?

Depende. Tente todas as alternativas que conhece: lavar o rosto,


café, comer algo. Tente alterar a programação e fazer exercícios, em
vez de ler. Se continuar desconcentrado, relaxe. Escreva uma lista das
coisas que tem a fazer. Às vezes, isso afasta os "ruídos" da mente e
você pode voltar a estudar. Mas, se nada disso funcionar, ou existir
algo concreto tirando sua concentração, talvez seja melhor resolver
as pendências, mesmo usando o tempo de estudo. Ou sair para dar
uma caminhada, espairecer mesmo. Procure não se culpar. Volte,
tome um banho (para mim, pelo menos, é ótimo) e reinicie. Ou não.
Há dias em que, simplesmente, não dá. O estudo não rende de jeito
algum. Então "pule" esse dia.

Só tenha cuidado para que isso não seja uma constante.


Se estiver ocorrendo sempre, você precisa tomar uma providência,
procure rever seus passos, verifique o que pode estar faltando para
o seu bem-estar. Porque senão os dias passam, o concurso chega e
você não estará preparado.

95
'd'P Et '·I' a**'"*' zt. m'
Tenho um amigo para o qual nada do que foi dito no capítulo
anterior tem aplicação. Ele sempre estudou muito, demais até. Sabia
tudo de todas as matérias. Quando pedíamos que nos tirasse alguma
dúvida, dava uma aula completa sobre o assunto.
O problema -é que ele não sabia equilibrar, buscando também
algum lazer, atividade física, relaxamento. Cobrava-se muito e
permitia-se pouco. Graças a Deus, isso não foi suficiente para
prejudicar sua colocação no concurso, mas houve momentos em
que fez menos do que sabia e ficou assustado.
Se você tem esse perfil , gostaria de que se lembrasse: para
darem o melhor rendimento, seu corpo e sua mente precisam
ser bem tratados. O tempo que será "gasto" com outra atividade
retornará multiplicado para o estudo sob a forma de atenção ,
concentração, assimilação (com tanto " ão" perderia pontos em uma
redação). Por outro lado, o corpo maltratado pode sabotar você no
momento mais inconveniente, ficando doente ou dando uma pane
emocional na hora da prova, por exemplo.
Portanto, separe uma hora por dia, um dia por semana para sair,
ver amigos, namorar, enfim , fazer algo que goste muito e, durante
esse tempo, NÃO SE CULPE , por favor! Estará investindo no estudo
da mesma forma. -

96
20h30. Intervalo da aula. Toca o celular:

- Mãe, o Guido está chorando. Quer você. Fala com ele.


- Mamãe, vem pra casa. Eu não quero ficar com o Pedro - soluçava meu
filhinho de cinco anos.

Várias vezes, nos períodos em que tínhamos aula todas as noites,


ele chorava antes de ir para a escola, implorando para que eu estivesse
em casa quando ele chegasse. Mas eu tinha de ir...

Uma noite, os mais velhos brigaram feio, chegando à agressão


física . Os pequenos ficaram assustados. E eu saindo da aula, tentando
controlá-los pelo telefone até que chegasse em casa.
E depois disso, como ir à aula e deixar os quatro sozinhos?
Tive de deixar.

97
s

Natalf Esta foi a primeira vez, desde que tive meu primeiro
filho, em que não armei árvore de Natal. Nem uma bolinha, uma
luzinha, uma bota de Papai Noel.
O apartamento para onde havia mudado era pequeno para
nossa família, então levei somente o essencial. Enfeites e árvore
de Natal ficaram, junto com tantas outras coisas, no sótão da
casa de minha mãe. Não podia dispor do tempo necessário para
localizá-los e, como só parei de estudar no próprio dia 24 de
dezembro, não consegui arranjar nada de decoração. O máximo
que consegui foi "inventar" uma lembrancinha para as crianças.
E foi assim mesmo o nosso Natal. Sem cara de Natal.
Paciência.

98
"Estou com medo", disse assim que sentei na sala de estudo da
biblioteca. Simplesmente debrucei-me sobre a mesa e comecei a chorar
convulsivamente. Era uma quinta-feira e a última prova do concurso
aconteceria no domingo. Léo fechou a porta da salinha a fim de preservar
o silêncio, de tal forma que eu soluçava. Tentou encorajar-me, acalmar-me.
Respirei fundo mas não consegui conter-me.
Saí da biblioteca e chorei durante um bom tempo no pátio,
escondida ao pé de uma frondosa mangueira. Pensei , respirei ,
racionalizei , mas as lágrimas não paravam de correr. Estava
apavorada com a proximidade da última oportunidade que teria para
conquistar minha vaga. Foram seis meses de stress e eu não queria
"morrer na praia".
Só quando me concentrei e rezei, buscando forças e equilíbrio, é
que recuperei a serenidade. Levantei, lavei o rosto e voltei a estudar.

99
3 3 (e última) PROVA do ISS

Matérias:
. Estatística
. Língua Portuguesa
. Matemática
. Matemática Financeira
. Redação

Estatística: não sabia nada. Peguei material emprestado e


dediquei a primeira semana a familiarizar-me com o asSUI)tO. Depois
tive, praticamente, aulas particulares com a Flávia, além de assistir ao
módulo com teoria e exercícios. Consegui aprender o básico, mas não
poderia vir nada muito complicado na prova.

Português: adoro! Aprofundei-me mais um pouco em alguns pontos


da matéria, rendi-me a algumas "decorebas". Fizemos exercícios de
interpretação em provas anteriores da mesma banca.

Matemática: não lembrava quase nada: frações, áreas etc.


Léo começou desde os conceitos iniciais para que eu pudesse ir
tirando a poeira de anos. Tenho um bom raciocínio, mas sou dispersiva
nas contas, o que exigiu um enorme esforço para ser superado.
Fiz centenas de exercícios para acostumar-me e ganhar agilidade. Tempo,
nesta última etapa, era problema.
100
Matemática Financeira: OK; já tinha passado meu "Calvário " nos
tempos do Básico e agora era matéria relativamente tranqüila. Exercitar,
aprofundar.

Redação: colhemos várias "receitas de bolo" para não perdermos


pontos por causa da forma . Tenho letra péssima e tive de treinar algo
mais legível. Discutimos alguns temas, fizemos algumas redações para
o outro criticar.

Foi a etapa que ofereceu o maior desafio, porque havia duas


matérias - Estatística e Matemática - que a maioria dos outros candidatos
dominava e eu não, o que me deixava em desvantagem.
Além disso, era a última prova. Depois disso. não haveria como
recuperar posições e eu precisava subir na classificação para chegar aos
cinqüenta primeiros.
E mais: agora, eu já tinha seis meses de dedicação exclusiva e
absoluta a esse concurso, e sabia que tinha chances. A vontade era maior
ainda. mas o medo também.
Por isso, a batalha contra o tempo era minha preocupação
constante. Foi meu pior período nos simulados. Não conseguia fazer
todas as questões, porque ainda estava muito lenta em Estatística e
Matemática. Saía do curso arrasada aos sábados.
Mas não desisti. Ao contrário, dediquei-me com mais afinco aos
exercícios, para ficar mais rápida. Por causa da dificuldade, priorizei essas
matérias, mesmo nas semanas de revisão (ver quadro de "Concursando
Avançado", pág. 47)
Tracei com muito cuidado a estratégia para o dia da prova:
primeiro Português, para garantir pontos; depois Estatística, porque
seriam cinco questões somente; em seguida, Matemática Financeira e,
por último, Matemática. Logo após a primeira passada geral na prova,
fazer a redação.

101
Quando entregaram a prova, bati logo o olho no tema da
dissertação: Moda. Fiquei em estado de choque! Estava preparada para
redações técnicas, não para aquilo! Enfim, depois de algumas tentativas
e abandonos, consegui escrever algo razoável, no formato exigido, sem
estender-me demais (para falar a verdade, o mínimo possível) , porque
tinha medo de que não desse tempo para passar a limpo com letra boa
- o que era um sacrifício, dava cãibras na mão.
Depois, voltei ao início da prova, ainda com bastante tempo para
fazer as questões mais difíceis. A serenidade de já ter feito o que sabia
- inclusive a redação - foi fundamental nesse momento.

ltado da 3~ prova

102
Fiquei gelada! Estava pertinho das cinqüenta vagas, mas não dentro
delas. Faltava a nota da redação.
Rezei muito, muito, pedindo que a redação pudesse jogar-me para
dentro dos cinqüenta primeiros. Sabíamos que até o centésimo deveria
ser chamado, mas não no primeiro momento. E a pressão que eu vivia
era enorme. A criatividade para fazermos malabarismos de sobrevivência
estava no fim. Os recursos esgotavam-se e não sabia mais o que fazer.

Eu não tinha Internet e ficava aguardando notícias pelo telefone.


Dias depois , ligou-me um amigo e perguntou se eu já sabia. Não, eu não
sabia. Aliás, do quê?
- Saíram as notas das redações: você tirou a maior nota, disparado! Foi
para quinto lugar na classificação final!

5 286 , ~ 47,5

103
Quase morri! Então eu tinha vencido! Não conseguia
entender bem o que estava acontecendo. Fiquei meio paralisada, com
medo de acreditar.
Agradeci muito por sempre ter gostado de ler e escrever.

Bendito vício!

104
ois de tudo

Houve momentos muito legais em todo esse tempo de batalha.


Descobrimos o prazer de estudar nas bibliotecas, em dupla ou grupos,
e éramos felizes. Criamos laços afetivos que permanece ram,
constru ídos na adver-s idade e no
porque foram
compan heirismo .
Também houve dias terríveis, em que o cansaço era quase
insuportáv el e o medo ameaçava dominar totalment e . Um
dia, estava dirigindo e, de repente, não reconheci o local onde
estava - próximo à minha casa, onde passo quase diariament e.
Outra vez, fazendo uma conta, não conseguia subtrair 4 de 6!
Pane mental. Assustador!

Esses são alguns fatos da minha história nesse concurso. Tenho


certeza de que algumas pessoas passaram por dificuldades bem piores
e de que outras tiveram uma trajetória mais amena. Não importa.
não perder de vista o objetivo final: a
A questão é
aprovaçã o. Salvo questões absolutamente inadiáveis, priorizar o
estudo acima de qualquer coisa. Na medida do possível , envolva as
pessoas queridas nesse projeto, de maneira que percebam o quanto
ganharão quando você for bem-sucedido(a).
IMPORTAN TE! Não prometa passar no próximo concurso.
Diga apenas: "Quando eu passar... ", porque, uma hora, isso vai
acontecer. É questão de tempo e persistência. Mas não coloque
sobre você mais uma pressão ou culpa se não conseguir no próximo.
Conforme já vimos, é projeto de médio/long o prazo. Prepare-se , e
aos outros, para isso.
É claro que cada pessoa tem sua trajetória. Nem tudo o
que serviu para mim se adequará a você. A minha intenção é que,

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nos momento s mais difíceis, em que parece que nada está dando
certo, você possa ao menos se lembrar de que outras pessoas
passaram por isso. E venceram.
Acho que ficou claro que não tive um caminho linear, arru-
madinho. Foram subidas e descidas constantes até encontra r o passo
certo. Você também pode.

Hoje, olho para trás e vejo com orgulho o que vivi. Os tempos
de dificuldades foram extremam ente dolorosos em alguns momento s,
mas eu não seria hoje o que sou, se não tivesse passado por tanta
coisa. Foram oportunid ades de aprendizado e crescime nto que me
permitira m redimens ionar a vida. Deram-m e a certeza de que sou
capaz de enfrentar adversidades. Também me trouxeram a humildade
para aceitar situações que não podemos mudar de imediato. Descobri
que elas trazem sempre um ensinamento que, quando compreendido,
permite a transformação. Aprend i que se deve cuidar da
terra e da sement e, mas que a nature za tem seu
próprio tempo de acontec er.
Eu, hoje, sou feliz com o que tenho, com o que sou.
Na verdade, já me sentia feliz enquanto lutava, porque havia descoberto
a minha força. Já me sentia agradecida pelos meus filhos , meus pais,
meus amigos. Por isso, nos momento s de equilíbrio , acreditav a
que minha hora de passar havia chegado. Tinha amadure cido e
internaliz ado os ensinamentos. Só faltava concretiz ar a questão
material. Era receber a medalha e o passaporte para uma nova etapa
de crescime nto em relação a outras questões. Afinal , não era isso o
que eu estava buscando?
Procuro, ainda, compree nder as pessoas e não julgá-las, mas
uma coisa é fato: não sinto muita pena dos outros, porque acho que
sempre se pode encontra r uma saída. Cabe à gente ter coragem de
abrir os olhos e levantar. Os caminh os estão aí, mas temos
de dar os passos para percor rê-los.

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pedido ou um desejo?

Nas páginas anteriores, procurei passar o que julgo ser útil, de


uma forma direta ou indireta, para o seu sucesso nessa empreitada.
Decidi pôr essas informações em um livro, porque considero
que a autonomia material (financeira) faz parte de um processo de
evolução. Vivemos nesse mundo e é importante que sejamos capazes

A prosperi dade material traz:


uma serenida de que possibili ta
a busca da evolução de outros
aspectos de nosso ser.

de gerar a riqueza necessária para uma sobrevivência digna.

Mas gostaria de acreditar, ou mesmo pedir, que quando você


tiver superado essa etapa do caminho, possa perceber a exata
importância do dinheiro e a real dimensão que você mesmo(a) tem
nesse mundo. A fronteira que nos separa uns dos outros e da natureza
é mera ilusão. Na verdade, somos todos parte de uma mesma criação
e cada passo ou gesto que fazemos interferem no todo, quer tenhamos
ou não essa consciência . Da mesma forma, quanto mais pessoas
estiverem equilibradas e felizes , melhor será a vida de todos nós.
Assim, procure uma forma de ajudar alguém a também
conquistar sua própria autonomia. Direcione um pouco de você para
o bem-estar do planeta. Busque ser uma pessoa melhor a cada dia.
Se você desejar, sempre haverá um caminho.

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Esta ficha é para você. Bom trabalho!

l"'Wra.~- I ~feira.~- I s•twa. ~- I ••feira. ~- I Sábado,~- I Dominao,


L
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Lembre : este é o passapo rte para uma vida nova.


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rrer tom outros tindld-;t~~- rt.~, tom
~~:"' P"'" "".' ;:,~ 'O candidato bem preparado
disputa com outros três'
hasp
Lia mostra como se organi-
' Par zar nos estudos e destaca o
peso do apoio e da compreen-
"· são da família. Além da impor-
tância da perseverança de ca-
da um. Isso porque, também
para a autora, estudar é o fa-
tor que leva à aprovação.

Lia Salgado

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