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OBSERVATÓRIO
NACIONAL
DO MERCADO
DE TRABALHO
2
VOLUME
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
Caderno do Observatório
Nacional do Mercado
de Trabalho
Volume 2
Ministro do Trabalho
Ronaldo Nogueira
Ministério do Trabalho
Secretaria de Políticas Públicas de Emprego – SPPE
Esplanada dos Ministérios Bloco F- Anexo Ala B,
2º Andar-Sala 211
Telefone (61) 2031-6667 | Fax (61) 2031-8272
Direção técnica
Clemente Ganz Lúcio – Diretor Técnico
Patrícia Toledo Pelatieri – Coordenadora Pesquisa e Tecnologia
José Silvestre Prado de Oliveira – Coordenador de Relações Sindicais
Fausto Augusto Jr – Coordenador de Educação e Comunicação
Ângela Maria Schwengber – Coordenadora de Estudos em Políticas Públicas
Rosana de Freitas – Coordenadora Administrativa e Financeira
Projeto gráfico
Caco Bisol Produção Gráfica
Diagramação
Zeta Studio
DIEESE
140 p.
ISBN 978-85-87326-84-X
CDU 331.5
SUMÁRIO 5
7 APRESENTAÇÃO
12 INTRODUÇÃO
8
mão de obra, por exemplo, perce- videncie a disponibilização de infor-
be-se que, entre 2013 e 2015, houve mações atualizadas dos indicadores
uma queda constante no número e, quando possível, os bancos de da-
de trabalhadores inscritos, encami- dos que subsidiam os seus cálculos”.
nhados e colocados, bem como das
vagas oferecidas no sistema público. O papel de sistematizar o conjunto de
Em 2015, pouco mais de 10% dos informações e produzir conhecimen-
trabalhadores que procuraram a rede to é atribuído ao Observatório Na-
de atendimento do Sistema Nacional cional do Mercado de Trabalho, que,
de Empregos (Sine) conseguiram ser ademais, assume a tarefa de se cons-
contratados por meio dos serviços de tituir como intermediário entre as
intermediação oferecidos por meio áreas responsáveis pela produção dos
do órgão e apenas 29% dos emprega- dados e seus usuários, internos ou ex-
dores que ofereceram vagas no siste- ternos ao Ministério. Nesse sentido,
ma tiveram sucesso no recrutamento.
A organização do Observatório deve
Os números chamam a atenção, so- prever ramificações regionais, e nesses
bretudo em um contexto socioeco- casos pode ser importante a parceria
nômico de crise e, como o Ministério com institutos de pesquisas e com as
do Trabalho é o ator central das polí- entidades representantes dos trabalha-
ticas públicas de emprego, há que se dores e dos empregadores, buscando
atuar proativamente. abrir caminhos para a coleta de infor-
mações produzidas por esses atores do
Faz-se necessário, para isso, a profis- mercado de trabalho. [...] a forma de
sionalização da política pública por atendimento do serviço de emprego a
meio do aumento da utilização das essas comunidades pode se beneficiar
estatísticas produzidas pelo próprio e se alimentar das informações obtidas
Ministério e por outros órgãos pú- juntos a esses parceiros. Ademais, isso
blicos como subsídio para interven- pode ser importante para a realização
ção e tomada de decisão no âmbito de estudos prospectivos que apontem
da implementação de políticas pú- os caminhos do futuro do trabalho”
blicas. Tal necessidade foi apontada (MORETTO, 2007, p. 214-215).
inclusive pelo Tribunal de Contas
da União, por meio do Acórdão do O reconhecimento pelo governo des-
TCU 732/2015, que identificou, a sa necessária ramificação foi oficiali-
respeito dos indicadores de efetivi- zado com a publicação do Decreto nº
dade da política pública de trabalho, 8.893, em 3 de novembro de 2016,
APRESENTAÇÃO
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de Trabalho, experiência também afastamento histórico da universida-
relatada neste Caderno. Destaca-se, de brasileira em relação às demandas
deste esforço conjunto, a ênfase na sociais e da desvalorização da exten-
construção de indicadores com espe- são universitária como componente
cial foco no subsídio à tomada de de- indissociável do ensino e pesquisa no
cisão de políticas públicas e à oferta tripé universitário, o que dificulta o
de informações relevantes para em- estabelecimento de uma cultura de
pregadores e trabalhadores. colaboração entre a gestão pública e
o ambiente acadêmico.
Envolver as universidades federais
nesse processo significa convocar Outro fator explicativo deste afasta-
essas instituições para desenvolver o mento é a fragilidade institucional
conhecimento aplicado às políticas das políticas de trabalho nas gestões
públicas e provocar o diálogo com estaduais e municipais. Desta forma,
a sociedade civil e o poder público. cabe ao Ministério o papel de fomen-
Registram-se, desta forma, avanços tador da utilização de ferramental
importantes, como o envolvimento analítico e processos de inteligência
de um número ampliado de estu- informacional como parte do neces-
dantes, pesquisadores e professores sário processo de profissionalização
na temática do mercado de trabalho, das políticas públicas de trabalho,
fomentando a massa crítica de infor- aproximando produtores de conheci-
mação e análises disponíveis para os mento e tomadores de decisão. É este
tomadores de decisão. o processo iniciado com as parcerias
aqui apresentadas e que deve se apro-
Por outro lado, é possível perceber, fundar e institucionalizar.
nas experiências dos Observatórios
criados nas universidades, o grande Esperamos que todos façam uma
desafio que é garantir que esse co- boa leitura.
nhecimento seja efetivamente aplica-
do ao aperfeiçoamento das políticas
públicas de emprego, trabalho e ren-
Leonardo José Arantes
da. Essas dificuldades podem ser Secretário de Políticas Públicas de Emprego
APRESENTAÇÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 11
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão 732/2015: plenário. Brasília, DF,
2015. Relator: Augusto Sherman. Disponível em: www.tcu.gov.br/consultas/juris/docs/judoc/
acord/20150409/ac_0732_12_15_p.doc
MORETTO, Amilton José. O sistema público de emprego no Brasil: uma construção
inacabada. Tese (Doutorado) - Instituto de Economia, Unicamp, Campinas, 2007.
Introdução
VOLUME 2
OBSERVATÓRIO NACIONAL DO MERCADO DE TRABALHO
12
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o título “O Observatório Nacional do do Trabalho nas cinco universidades
Mercado de Trabalho: Trajetória Ins- federais a partir da parceria com o
titucional e Premissas Metodológicas”, MTb e detalha as atividades desen-
o artigo situa a criação do ONMT volvidas pelo Observatório do Mer-
como parte da estratégia do MTb cado de Trabalho da Paraíba. Em
para a produção de informações seguida, o texto detalha o processo
para o sistema público de emprego, de desenvolvimento dos indicadores
em consonância com as recomenda- relativos à mobilidade ocupacional e
ções da Organização Internacional saúde do trabalhador, eixos temáticos
do Trabalho (OIT). Em seguida, o aprofundados pelo Observatório no
artigo apresenta as premissas meto- trabalho, desenvolvido em conjunto
dológicas que embasaram a estra- com o ONMT e as demais univer-
tégia desenvolvida desde 2014 pelo sidades federais. Por fim, os autores
ONMT para promover levantamen- analisam alguns indicadores sele-
to, análise e disponibilização de dados cionados para traçar um quadro do
sobre o mercado de trabalho ao MTb mercado de trabalho paraibano e dos
e às gestões de estados e municípios, municípios acompanhados pelo Ob-
bem como aos demais atores sociais servatório, evidenciando a vulnera-
envolvidos com as políticas públi- bilidade e precariedade ocupacional
cas de emprego, trabalho e renda no dessas localidades. Entre os princi-
Brasil. Destaca-se nesse sentido, além pais desafios do Observatório está
das parcerias desenvolvidas com o o de avançar na articulação com os
DIEESE, Ipea e as universidades fe- atores sociais locais envolvidos com
derais o desenvolvimento do Painel as políticas públicas de emprego,
de Monitoramento do Mercado de para que o conhecimento produzido
Trabalho, com informações sobre pelo Observatório seja compartilha-
o emprego e as políticas públicas de do e aprimorado, contribuindo para
emprego, trabalho e renda no Brasil. a transformação da realidade local.
16
No escopo pactuado com as demais orienta as análises do Observatório.
universidades federais e o ONMT, o Os autores fazem uma análise do
OMT-MA assumiu a tarefa de de- mercado de trabalho formal per-
senvolver indicadores relacionados nambucano, a partir de indicadores
à caracterização demográfica e da estruturais e conjunturais, revelando
atividade, paralelamente ao acompa- os impactos da crise econômica re-
nhamento estrutural e conjuntural cente sobre o nível de emprego e a
do mercado de trabalho local, o que distribuição por setor de atividade.
é feito por meio de relatórios com di- Por fim, indicam como atividade es-
ferentes periodicidades e recorte ter- tratégica para o próximo período o
ritorial. Por fim, os autores analisam investimento na comunicação para
algumas informações estatísticas, aprimorar a disseminação do traba-
as quais revelam a precariedade do lho desenvolvido pelo Observatório
mercado de trabalho maranhense. para toda a sociedade.
18
ção, em 1959, do Índice do Custo distributiva, foi objeto de vários es-
de Vida (ICV-DIEESE), cuja finali- tudos que procuravam revelar sua
dade era embasar as reivindicações deterioração e apresentar alternati-
dos trabalhadores por reajustes sala- vas para a recuperação de seu valor,
riais nas negociações coletivas entre sendo o de maior destaque o Salário
patrões e empregados. A motivação Mínimo Necessário2 para o sustento
dos sindicalistas da época para o de- dos trabalhadores e de suas famílias.
senvolvimento desse indicador era Esse indicador passou a ser calcula-
a desconfiança gerada pelos índices do e divulgado sistematicamente e
apresentados pelo patronato como tornou-se uma importante referência
parâmetro para a recomposição do no debate sobre a política de salário
poder aquisitivo dos salários. Quase mínimo no Brasil3.
duas décadas após sua implantação,
mais precisamente no ano de 1977, Ainda no início dos anos de 1980,
diante de denúncia de manipulação quando os níveis de desemprego
do índice oficial de inflação relativo atingiram patamares preocupan-
ao ano de 1973 -, o ICV-DIEESE foi tes, o DIEESE, em parceria com a
reconhecido como o índice que refle- Fundação Seade, elaborou a PED
tia o real aumento do custo de vida – Pesquisa de Emprego e Desem-
1. O índice relativo à inflação oficial
correspondia a 13,7 % e o do DIEESE, no Brasil1, o que projeta a entidade prego, implementada em meados da
a 26,9%
no cenário nacional e lhe confere a década. Para essa pesquisa, desenvol-
2. O Salário Mínimo Necessário
é a projeção do valor que o credibilidade que o acompanha des- veu-se um instrumental capaz de in-
salário mínimo deveria ter para
fazer frente aos gastos de uma de então. vestigar a heterogeneidade típica do
“família típica”, definida como um
casal e dois filhos. Para maiores mercado de trabalho brasileiro, que
detalhes, ver a metodologia do
indicador aqui: https://www. No decorrer dos anos 1970 e 1980, possibilitou desvendar as diversas
dieese.org.br/metodologia/
metodologiaCestaBasica2016.pdf com o processo continuado de des- formas de ocultação do desemprego,
3. Em 1984, o salário mínimo,
antes definido regionalmente,
valorização dos salários em geral – e viabilizando a aferição do verdadeiro
foi unificado nacionalmente, e
passou a figurar entre os direitos
do salário mínimo, em particular -, número de desempregados e da pre-
dos trabalhadores rurais e urbanos
assegurados, posteriormente,
o DIEESE dedicou-se ao desenvol- cariedade dos empregos oferecidos
pela Constituição Federal de 1988:
“IV - salário mínimo, fixado em lei,
vimento de análises sobre o poder no país. Em 1993, a PED foi reco-
nacionalmente unificado, capaz de
atender às suas necessidades vitais
de compra da população e a distri- nhecida pelo Conselho Deliberativo
básicas [do trabalhador] e às de sua
família com moradia, alimentação,
buição da renda. Inúmeras foram as do Fundo de Amparo ao Trabalha-
educação, saúde, lazer, vestuário,
higiene, transporte e previdência
avaliações realizadas pela instituição dor (Codefat) como a mais adequa-
social, com reajustes periódicos que
lhe preservem o poder aquisitivo”
a respeito dos efeitos das sucessivas da para a compreensão do mercado
(artigo 7º, inciso IV da CF 1988).
políticas econômicas decretadas pe- de trabalho no Brasil e passou a ser
4. Resolução Codefat nº 54 de
14 de dezembro de 1993: http:// los governos sobre os trabalhadores. considerada a pesquisa oficial do Sis-
portalfat.mte.gov.br/wp-content/
uploads/2016/01/Res54.pdf Também o salário mínimo, como tema Nacional de Emprego (Sine)4, o
CONHECER PARA TRANSFORMAR:
A PRODUÇÃO DE INFORMAÇÕES NO DIEESE
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se referem diretamente às condições, exemplo, deve-se considerar sua pro-
relações e regulamentação do traba- funda heterogeneidade estrutural, a
lho até as atinentes à formulação de flexibilidade contratual da força de
políticas públicas, sempre visando à trabalho, a alta rotatividade e a in-
transformação social. tensa transição entre postos de tra-
balho com maior ou menor proteção
PROCESSO DE PRODUÇÃO social. Nesse sentido, embora uma
DE INFORMAÇÕES PARA A base de dados possa contribuir mais
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL para o conhecimento de um aspec-
to desse mercado de trabalho do que
A produção de informações pelo outra, deve-se utilizar um conjunto
DIEESE tem origem e destino na de fontes de informações de nature-
ação dos trabalhadores. As inves- zas distintas e complementares.
tigações realizadas pela instituição
partem da necessidade de supera- Existe no Brasil, hoje, uma ampla
ção de situações-problema e geram disponibilidade de dados estatísticos
conhecimentos que alimentam as sobre os mais variados aspectos so-
organizações de representação dos ciais e econômicos. Para que esse vo-
trabalhadores - e outras instituições lume de dados seja transformado em
sociais e públicas - para uma atuação informação, é necessária sua organi-
qualificada nos espaços constituídos zação a partir da intencionalidade
para sua resolução. do analista, com base em um diag-
nóstico inicial acerca do problema
Para a produção de informações, é e das medidas de superação a serem
necessário que algumas etapas sejam adotadas, que deverá ser confrontado
percorridas, de modo a viabilizar a com os dados analisados em todas as
transformação de dados brutos em etapas da produção das informações.
subsídio para a ação. O primeiro mo-
mento desse percurso é a escolha das A produção de conhecimento só
fontes de dados para a investigação ocorre quando os atores se apropriam
do fenômeno sobre o qual se quer in- da informação gerada para sua ação,
tervir, que deve levar em conta sua o que requer a utilização de recursos
complexidade para o levantamen- que possibilitem essa apropriação,
to da maior diversidade possível de por meio de linguagem clara e trans-
informações que permitam elaborar parência na exposição da metodolo-
um diagnóstico completo do pro- gia empregada. O DIEESE, como
blema. Se o objeto de análise for o mediador entre o objeto analisado e
CONHECER PARA TRANSFORMAR:
A PRODUÇÃO DE INFORMAÇÕES NO DIEESE
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terísticas distintas. Tomemos como ça de trabalhadores por conta-própria
exemplo a comparação entre a posição (26,6%), empregados sem carteira de
dos ocupados em mercados de traba- trabalho assinada (15,7%), trabalha-
lho tão distintos quanto os do Acre e dores na produção para o próprio
de São Paulo, cujos dados estão discri- consumo (8,3%) e trabalhadores
minados na Tabela 1, a seguir. não remunerados (6,8%), formas de
inserção ocupacional menos prote-
A comparação entre os dados apre- gidas do ponto de vista trabalhista e
sentados possibilita visualizar a previdenciário. Esses dados podem
heterogeneidade da estrutura ocu- ser relacionados a outros indicadores
pacional dos dois estados. Em São econômicos e sociais que revelem o
Paulo, destaca-se a importância do contraste da realidade local, confor-
emprego com carteira de trabalho mando um panorama analítico da
assinada, situação de mais da metade situação complexa que se pretende
(52,3%) dos ocupados. No Acre, por conhecer em profundidade.
TABELA 1
Distribuição dos ocupados por posição na ocupação
Acre e São Paulo 2015 (em %)
Posição na ocupação Acre São Paulo
Empregado com carteira 20,9 52,3
Militar 0,9 0,3
Funcionário público estatutário 11,4 6,2
Empregado sem carteira 15,7 10,5
Trabalhador doméstico com carteira 1,8 2,7
Trabalhador doméstico sem carteira 4,9 4,1
Conta própria 26,6 18,5
Empregador 2,4 4,0
Trabalhador na produção para o próprio consumo 8,3 0,4
Trabalhador na construção para o próprio uso 0,2 0,1
Não remunerado 6,8 0,7
Total 100,0 100,0
Total (em nºs absolutos) 330.409 21.362.148
Fonte: IBGE.Pnad
CONHECER PARA TRANSFORMAR:
A PRODUÇÃO DE INFORMAÇÕES NO DIEESE
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Estatísticos tem início com a defini- estado ou outra área delimitada) e
ção das informações necessárias para estabelecem como ponto de partida a
subsidiar os atores envolvidos na dis- organização e a produção de infor-
puta social. Em seguida, levantam-se mações associadas à produção de
as fontes de informação disponíveis, análises e ao fomento ao debate e
dentre as quais, as produzidas pelo participação social. A organização
próprio DIEESE: Custo de Vida de informações é o ponto de partida
(ICV e Cesta Básica), Emprego e ao qual o Observatório do Trabalho
Desemprego (PED) e Indicadores volta recorrentemente ao longo da
Sindicais (Sistemas de Acompanha- sua atividade, trazendo os elementos
mento de Contratações Coletivas de da conjuntura e a percepção dos ato-
Trabalho, de Greves e de Reajustes res sociais para uma (re)construção
Salariais). Também são coletadas constante da interpretação acerca
informações de bases de dados pro- dos fenômenos analisados.
duzidas por outras instituições, que
se distribuem em Registros Admi- O primeiro desafio dos Observató-
nistrativos e Pesquisas (domicilia- rios do Trabalho ocorre na etapa de
res, em estabelecimentos, amostrais, coleta dos dados brutos, na qual de-
censitárias etc.), cuja organização e vem ser identificadas as fontes de in-
tratamento são centralizados pelo formações que produzem estatísticas
Núcleo de Produção de Informações referentes à área geográfica em que
(NPI), unidade de trabalho criada o Observatório atua. No caso dos
pelo DIEESE em fevereiro de 2006 municípios brasileiros, essas infor-
para a sistematização do processo de mações são escassas, o que leva à ne-
produção de informações e padro- cessidade de identificação de fontes
nização institucional no tratamento de informação locais, como registros
das bases de dados secundárias. administrativos da gestão pública
municipal, por exemplo, ou a produ-
OBSERVATÓRIO DO TRABALHO zir pesquisas primárias no local para
DO DIEESE: INFORMAÇÕES PARA preencher essa lacuna.
ANÁLISE LOCAL E A GESTÃO
DAS POLÍTICAS DE EMPREGO, Nesse sentido, ao refletir sobre os re-
TRABALHO E RENDA gistros administrativos municipais e
as estruturas locais, o Observatório
Os Observatórios do Trabalho do contribui para explorar suas poten-
DIEESE têm por finalidade formu- cialidades e aprimorá-los. Pode-se
lar conhecimento para a ação num tomar como exemplo a consulta aos
CONHECER PARA TRANSFORMAR:
A PRODUÇÃO DE INFORMAÇÕES NO DIEESE
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dados pelos Cartórios e centralização de variáveis e uma metodologia de-
na coleta e processamento pelo IBGE. talhada e pública. Neste sentido, a
Entretanto, a própria melhora na qua- primeira etapa da organização da
lidade dos registros administrativos informação deve ser a elaboração
em países com dimensões continentais de um dicionário de variáveis dos
como o Brasil se deve fundamental- bancos de dados relacionais.
mente à melhora da própria realidade
dos trabalhadores e suas famílias nas Os dicionários de variáveis (existentes
diferentes regiões do país. Os contras- ou desenvolvidos pelos Observatórios
tes regionais em infraestrutura social do Trabalho) são elaborados para
e acesso a direitos são limitantes na compor um cadastro de fontes e va-
superação de problemas históricos de riáveis, no qual são descritas todas
sub-registro e registro tardio. as variáveis disponíveis nos bancos de
dados que possam ser analisadas pe-
Um limite atualmente para o uso los Observatórios, relacionando por
dos registros administrativos decorre tema as principais características das
da desarticulação entre as políticas fontes e variáveis (cobertura, regula-
públicas. Essa desarticulação, parti- ridade, série histórica, etc.).
cularmente presente entre as políti-
cas públicas de emprego, trabalho e As informações assim organizadas
renda, resulta da persistente setoriali- são agrupadas a partir das necessi-
zação do Estado brasileiro e, além de dades impostas pelo objeto que será
aumentar o custo da produção de in- analisado. O conhecimento multi-
formações e o retrabalho6, implica a disciplinar é fundamental na hora
produção de registros administrativos de definição dos indicadores que se-
com diferentes unidades de registro rão desenvolvidos e monitorados, sen-
(e sem um identificador único), co- do os critérios estatísticos usados para
bertura, períodos de captação, entre contribuir em determinada análise, e
outras restrições que impossibilitam não como definidores da direção que
a comparação entre as suas informa- a análise irá tomar. No mesmo senti-
ções. Os Observatórios do Trabalho do, para que a compreensão dos fenô-
também podem contribuir para supe- menos do mercado de trabalho local
rar esses problemas, ao reforçar esse avance em cada território, é preciso
6. Na Bahia, a organização das
políticas públicas em torno dos diagnóstico e propor mudanças. que a produção de indicadores se des-
Territórios de Identidade, está sendo
uma iniciativa para promover a cole da organização a partir das bases
superação dessa desarticulação:
http://www.seplan.ba.gov.br/ Nem todos os registros administra- de dados que permitem o seu cálculo,
modules/conteudo/conteudo.
php?conteudo=17 tivos possuem, como no caso das e passe cada vez mais para uma orga-
CONHECER PARA TRANSFORMAR:
A PRODUÇÃO DE INFORMAÇÕES NO DIEESE
nização temática e das dimensões que muitos moradores do interior vão até
27
fazem parte do complexo ocupacio- a capital para a inscrição nos progra-
nal e territorial a ser compreendido. mas do Ministério do Trabalho.
28
BOX 1
Indicadores para acompanhar e avaliar as políticas públicas
“Cada etapa do ciclo envolve o uso de um conjunto de indicadores de diferentes naturezas e propriedades, em função
das necessidades intrínsecas das atividades aí envolvidas” (JANNUZZI, 2005, p 147 e 148). No caso da elaboração do
diagnóstico, os indicadores devem abranger as temáticas da realidade social. Além de indicadores com boa confiabilidade
e validade, os pesquisadores ou técnicos devem atentar para sua possibilidade de desagregação ao nível territorial
desejado, ou seja, ao nível intraterritório (até municípios, quando considerarmos as políticas públicas estaduais, e
intramunicipais, no caso de políticas públicas municipais). Assim é possível comparar as diferentes regiões e se os
resultados esperados da ação afetam parcelas da população mais vulneráveis. A matriz de indicadores define a situação
inicial, cuja intervenção pública irá operar, permitindo, portanto, o seu acompanhamento quanto às mudanças desejadas.
Na fase da formulação da política pública (ou dos programas), o conjunto de indicadores pode ser mais reduzido e
deverá estar relacionado aos objetivos que se quer alcançar. Segundo Jannuzzi (2005), os indicadores de formulação
da política pública devem ser baseados em informações sobre a realidade social (assim como na fase de diagnóstico),
mas devem estar focados nas temáticas relacionadas aos objetivos concretos da política pública.
Na etapa de implementação da política pública, são necessários indicadores de monitoramento, que devem primar
pela periodicidade com que estão disponíveis. Como esse é um grande problema, uma vez que as informações
produzidas pelas agências estatísticas não são, em geral, específicas para os propósitos de monitoramento de
programas, uma solução é a elaboração de indicadores baseados em registros administrativos.
O ideal é, nessa fase, estruturar um sistema de indicadores que permitam monitorar a implementação processual
do programa na lógica insumo-processo e resultado-impacto. Ou seja, os indicadores deverão possibilitar a análise
quanto ao dispêndio realizado por algum tipo de unidade operacional prestadora de serviços ou subprojeto; uso
operacional dos recursos humanos, financeiros e físicos; geração de produtos e a percepção dos efeitos sociais mais
amplos dos programas (Jannuzzi, 2005).
30
PRODUÇÃO E USO DE INFORMAÇÕES seio inapropriado e o uso dos bancos
de dados disponibilizados, pelos pes-
Um dos primeiros desafios para uma quisadores pode ser limitado.
instituição se consolidar na produ-
ção e uso de informações é sua cre- Um caso especial dessa situação, e
dibilidade junto à sociedade. Para que demanda atenção adicional na
isso, além da adoção de princípios e hora de se registrar a metodologia,
diretrizes sólidos na produção das in- se apresenta quando há necessidade
formações, bem como, dos próprios de mudanças metodológicas. Con-
princípios institucionais, é funda- siderando que a sociedade está em
mental que estes se tornem públicos. constante transformação social, esta
Estes princípios tratam de: i) trans- pode implicar a necessidade de ajus-
parência metodológica, ii) validação te na forma de captação da infor-
da produção e uso das informações mação, sejam pesquisas ou registros
pelos atores sociais; e iii) cooperação administrativos. Isso representa, a
interinstitucional. rigor, um aprimoramento das fontes
de dados. Nesse sentido, uma dire-
Do ponto de vista da transparência triz importante na produção e uso
metodológica, é importante que a de informações é a sistematização de
metodologia completa da produção toda a documentação das bases de
das informações esteja devidamente dados com o propósito de analisar os
registrada, e disponível para quem eventos ocorridos ao longo do tempo
quiser consultar. Ela tem como sem perder a dimensão histórica em
missão possibilitar a reprodução da que está referenciada a mudança me-
pesquisa realizada ou do indicador todológica7.
elaborado e, como princípio básico,
contribui para o debate público das Para além da produção primária das
ideias e concepções sobre o mercado informações, a transparência meto-
de trabalho de diferentes instituições. dológica é igualmente importante
O cálculo de um indicador apresen- quando da utilização de dados se-
tado por uma instituição possui di- cundários. No caso da utilização das
versos atributos, e a publicidade do informações oriundas dos cadastros
método utilizado para sua criação públicos e registros administrativos
possibilita o debate sobre estas carac- recomenda-se, por exemplo, que se
terísticas, o que reforça a credibilida- registre a data de processamento da
de institucional. Sem a transparência informação, pois a informação ex-
metodológica, a informação produ- traída reflete a posição dos dados
CONHECER PARA TRANSFORMAR:
A PRODUÇÃO DE INFORMAÇÕES NO DIEESE
32
ção de medidas de políticas públicas presença é verificada na mobilização
de mercado de trabalho. Esse princí- da produção para temas pertinentes
pio tem como estratégia o fortaleci- da agenda do trabalho, que se am-
mento interinstitucional na disputa plia consideravelmente, tornando-se
pelo acesso às informações estatísti- imperativa a ampliação e a conso-
cas públicas, na constituição de uma lidação do conhecimento das bases
rede de pesquisadores multidiscipli- de dados existentes na sociedade que
nares para a análise do mercado de contribuem para o reconhecimento
trabalho e na ampliação de parceiros da realidade do mercado de traba-
na disputa da narrativa pública sobre lho. Apenas para ilustrar, a política
os determinantes da desestruturação de valorização do salário mínimo e
do mercado de trabalho e do subde- a discussão sobre os impactos da ro-
senvolvimento social, econômico e tatividade no mercado de trabalho
ambiental brasileiro. são dois exemplos de ampla mobili-
zação interna de produção de infor-
Esses princípios são renovados co- mação para subsidiar essas ações de
tidianamente na produção de co- política nacional.
CONHECER PARA TRANSFORMAR:
A PRODUÇÃO DE INFORMAÇÕES NO DIEESE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33
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Pinheiro Machado (Orgs.). Profissional da informação: o espaço de trabalho. Brasília:
Thesaurus, 2004. p.154- 176.
O Observatório Nacional do Mercado
VOLUME 2
OBSERVATÓRIO NACIONAL DO MERCADO DE TRABALHO
34
de Trabalho: Trajetória Institucional
e Premissas Metodológicas
Vinicius Lobo, Viviani Anze, Felipe Pateo, Mariana Almeida*
Augusto Albuquerque**
36
Sine é promover a intermediação de os Estados e Municípios, por meio
mão de obra, por meio da implanta- do Sistema Nacional de Emprego
ção de serviços e agências de inter- (Sine), nos termos da lei” (BRASIL,
mediação de mão de obra em todo 1990). E, como visto acima, os ter-
o país. O Decreto também prevê o mos da Lei, no caso do Sine (e da
desenvolvimento de uma série de Convenção nº 88 da OIT que o fun-
objetivos específicos relacionados a damenta), determinam que o sistema
essa finalidade principal, dos quais o público de emprego deve dispor de
primeiro a ser citado pelo Art. 3º do um sistema de informações e pesqui-
Decreto é o de “organizar um siste- sas sobre o mercado de trabalho ca-
ma de informações e pesquisas sobre paz de subsidiar a operacionalização
o mercado de trabalho, capaz de sub- das políticas públicas de emprego.
sidiar a operacionalização da política
de emprego, em nível local, regional No caso brasileiro, há um grande
e nacional”. A organização de um sis- conteúdo de informações sobre mer-
tema informações e pesquisas sobre o cado de trabalho. Somente o Minis-
mercado de trabalho é, portanto, em tério do Trabalho (MTb) dispõe de
linha com aquilo que está posto na quatro registros administrativos ex-
Convenção nº 88, um dos objetivos tremamente ricos, com informações
do Sine, sendo, ademais, colocada sobre a movimentação no mercado
como o instrumento que deve sub- de trabalho formal (celetista, estatu-
sidiar a operacionalização da política tário e trabalhadores temporários),
pública de emprego e renda nos ní- os beneficiários do seguro-desempre-
veis local, regional e nacional. go e os trabalhadores atendidos pelo
Sine, por meio, respectivamente, do
Hoje, o Sine, por meio da Lei nº Cadastro Geral de Empregados e
8.016, de 11 de abril de 1990, é parte Desempregados (Caged), da Rela-
integrante do Programa Seguro-De- ção Anual de Informações Sociais
semprego, tal como coloca o Artigo (Rais), do Sistema de Registro de
13º da Lei: “A operacionalização Empresas de Trabalho Temporário
do Programa Seguro Desemprego, (Sirett) e das informações do sistema
no que diz respeito às atividades de Portal MTb Mais Emprego. Além
2. É importante destacar que o
Ministério do Trabalho enviou ao pré-triagem e habilitação de reque- disso, existem ainda bases de dados
Congresso Nacional, no primeiro
semestre de 2016, um projeto de rentes, auxílio aos requerentes e se- de outros órgãos produtores de infor-
lei (PL 5.278) para reestruturar a
organização e a gestão do Sistema gurados na busca de novo emprego, mações, também oriundas de regis-
Nacional de Emprego (Sine), que
se encontra em tramitação e já foi bem como às ações voltadas para re- tros administrativos ou de pesquisas
aprovado em sua primeira comissão
na Câmara dos Deputados. ciclagem profissional, será executada amostrais.
O OBSERVATÓRIO NACIONAL DO MERCADO DE TRABALHO:
TRAJETÓRIA INSTITUCIONAL E PREMISSAS METODOLÓGICAS
38
parte dos atores da sociedade civil em duas seções, além desta introdu-
que devem exercer o controle social, ção e das considerações finais. Na
em que se destaca aqui a institucio- seção seguinte, apresenta-se a traje-
nalidade das Comissões Estaduais e tória institucional do Observatório
Municipais de Emprego3. Nacional do Mercado de Trabalho,
apontando as dificuldades enfren-
Assim, prover gestores estaduais e tadas para a consolidação enquanto
municipais e atores sociais envolvi- parte da estrutura do Ministério do
dos com o controle social da política Trabalho. Na segunda seção, discu-
pública com conhecimento adequado tem-se as premissas metodológicas
sobre a situação do mercado de traba- para se alcançar efetividade nas ações
lho nacional e local e sobre o público do Observatório do Trabalho e apre-
das políticas de emprego e de merca- senta-se a segunda versão do painel
do de trabalho significa dar condições de monitoramento do mercado de
para que a governança das políticas trabalho. Por fim, são traçadas algu-
públicas de emprego possa ser efetiva. mas considerações finais.
Em última instância, a partir dessas
informações, o Sine pode cumprir 1. O OBSERVATÓRIO NACIONAL
plenamente com a sua finalidade de DO MERCADO DE TRABALHO:
organizar o mercado de trabalho na- TRAJETÓRIA INSTITUCIONAL
cional e promover o pleno emprego.
O Observatório Nacional do Merca-
3. No contexto dos anos 1990, O presente artigo apresenta o pro- do de Trabalho (ONMT) foi criado
dentro da lógica descentralizada de
execução das políticas de emprego, cesso de construção do Observatório em 2002, por intermédio da Portaria
trabalho e renda, foram criadas as
Comissões Estaduais e Municipais Nacional do Mercado de Trabalho, nº 339, de 23 de agosto, como uma
de Emprego, em decorrência da
criação do FAT e do Codefat e a instância responsável, no Ministé- “comissão técnica” ligada ao gabinete
determinação de que deveria haver
uma estrutura correspondente rio do Trabalho, pelo levantamento, da Secretaria Executiva do então Mi-
em estados e municípios, de
caráter tripartite (empresários, análise e disponibilização de dados nistério do Trabalho e Emprego. Seu
trabalhadores e governos) e que
deveria ser a responsável pela sobre o mercado de trabalho no objetivo, segundo a Portaria, seria o
elaboração de diagnósticos e
propostas para a gestão das políticas âmbito do sistema público de em- de “promover estudos sobre o pro-
de geração de trabalho e renda
no nível local. Os critérios para prego brasileiro, conforme definido cesso de formulação, implementação
reconhecimento das Comissões
estaduais, distritais e municipais de em Portaria Ministerial nº 2.061 e avaliação de políticas públicas de
emprego foram estabelecidos pelas
Resoluções nº 63 (1994) e nº 80 de 30/12/2014. Para melhor com- trabalho, bem como de assessorar os
(1995) do Codefat, as quais tiveram
pequenas alterações por meio preender este processo, destacam-se órgãos do Ministério”. Além desse
das Resoluções 114/96, 138/97,
227/99 e 270/01. em: Ministério a trajetória institucional, premissas objetivo, de caráter mais geral, tam-
do Trabalho. Disponível em: (In:
http://portal.mte.gov.br/codefat/ metodológicas, principais resultados bém são atribuídas 10 competências,
comissoes-estaduais-e-municipais-
de-emprego.htm). e desafios enfrentados ao longo do como, por exemplo, “promover es-
O OBSERVATÓRIO NACIONAL DO MERCADO DE TRABALHO:
TRAJETÓRIA INSTITUCIONAL E PREMISSAS METODOLÓGICAS
40
go (SPPE/MTb) e das Secretarias do e informações, estudos, formação de
Trabalho dos governos subnacionais. gestores e conselheiros, entre outros
Isso fez com que, em 2014, uma subsídios que contribuirão, sobretudo
nova portaria fosse editada, a já ci- com os propósitos do ONMT.
tada Portaria do Ministério do Tra-
balho nº 2.061, de 30 de dezembro, Além disso, o Observatório desen-
publicada no DOU de 02 de janeiro volveu uma plataforma para o mo-
de 2015, que instituiu formalmente nitoramento analítico do mercado
o Observatório junto ao Gabinete da de trabalho, incorporando, na ferra-
SPPE, embora a alteração referente a menta desenvolvida em software livre
sua incorporação na estrutura regi- e de atualização mensal, informações
mental da secretaria não tenha sido oriundas da Relação Anual de Infor-
realizada até o presente momento. mações Sociais (Rais), do Cadastro
Geral de Empregados e Desemprega-
O Observatório passou, então, pela dos (Caged) e do Sistema de Registro
ampliação da equipe técnica com ser- de Empresas de Trabalho Temporá-
vidores concursados, pela retomada e rio (Sirett), de forma a disponibilizar,
ampliação das suas atividades e das não só a movimentação do emprego,
parcerias com outras instituições, como também o rendimento, em
entre elas com o DIEESE e com o diversos níveis de desagregação ge-
Instituto de Pesquisa Econômica ográfica e setorial5. Por meio dessa
Aplicada (Ipea), esta última orienta- mesma parceria, de maneira automa-
da para a produção de estudos sobre tizada e coordenada por sua equipe
o mercado de trabalho e para a ava- técnica, o Observatório faz o envio
liação de políticas e programas sob regular de Boletins sobre os merca-
responsabilidade da SPPE. dos de trabalho locais para todos os
convenentes da SPPE, além dos con-
O Convênio firmado entre o MTb selheiros municipais e estaduais do
e o DIEESE, em 2014, prevê uma trabalho e entidades econômicas. O
meta específica voltada para o forta- envio do boletim é feito, hoje, para
lecimento do Observatório Nacional mais de 10.000 instituições, em todo
do Mercado de Trabalho, no sentido país. Além da importância de garan-
da constituição da Rede Nacional de tir, de maneira amigável, aos gestores
Observatórios do Trabalho. Contu- subnacionais, o acesso a informações
do, no conjunto das metas do convê- sobre o mercado formal de trabalho
5. Disponível em: nio, serão desenvolvidos instrumentos local e nacional, tais iniciativas pos-
<mercadodetrabalho.mte.gov.br>.
Acesso em: 01 de dezembro de 2016. (anuários estatísticos, sistemas de sibilitaram uma aproximação entre
O OBSERVATÓRIO NACIONAL DO MERCADO DE TRABALHO:
TRAJETÓRIA INSTITUCIONAL E PREMISSAS METODOLÓGICAS
esses gestores que, graças ao debate e, assim, passem a incidir cada vez
41
sobre tais ferramentas, agora mantém mais sobre a gestão das políticas pú-
um fluxo contínuo de comunicação. blicas de emprego, trabalho e renda
e, dessa forma, qualificá-las para que
Devido a esse trabalho de reestrutu- entreguem melhores resultados aos
ração, com a publicação do Decreto trabalhadores e empregadores.
nº 8.893, em 03 de novembro de
2016, que aprovou a estrutura re- 2. PREMISSAS METODOLÓGICAS
gimental e o quadro demonstrativo
dos cargos em comissão e das fun- A missão do ONMT é aprimorar a
ções de confiança do Ministério do administração das políticas públicas
Trabalho, o Observatório Nacional de emprego, trabalho e renda, o que
do Mercado de Trabalho foi final- procura fazer com a disponibilização
mente institucionalizado, passando a de um programa/política de alcance
ter atribuições no quadro de compe- nacional, capaz de produzir e disse-
tências da Secretaria de Políticas Pú- minar conhecimento e informação
blicas de Emprego. Esta deve agora, significativa para o planejamento e a
segundo o inciso VIII do art. 14º do gestão de tais políticas.
mesmo decreto, “promover o desen-
volvimento da Rede de Observatório Por ter o aprimoramento da gestão
do Trabalho”; e também, atuar no como seu fim, as informações e o
quadro de competências do Depar- conhecimento produzido no âmbito
tamento de Emprego e Renda, o qual do observatório nacional precisam
a partir de agora deve, segundo o in- observar pelo menos quatro premis-
ciso VI do art. 15º, “supervisionar, sas, que são o ponto de partida para
orientar e coordenar as atividades do qualquer discussão metodológica.
Observatório Nacional do Mercado
de Trabalho e elaborar informações A primeira é a necessidade de que as
estatísticas e indicadores da evolução informações produzidas sejam signi-
do mercado de trabalho e emprego, ficativas do ponto de vista da gestão
de análises, pesquisas e relatórios ca- das políticas públicas de emprego,
pazes de subsidiar a formulação de trabalho e renda, ou seja, precisam
políticas públicas de trabalho, em- expor aspectos da realidade local
prego e renda”. que induzam o gestor a refletir sobre
iniciativas, no âmbito da execução
Com essa institucionalização, espe- da política, que melhorem os seus
ra-se que as ações hoje em curso no resultados. As informações e o co-
ONMT possam ter continuidade nhecimento desenvolvido precisam,
portanto, ser produzidos de uma re-se à importância de disponibilizar
VOLUME 2
OBSERVATÓRIO NACIONAL DO MERCADO DE TRABALHO
42
maneira que permita ao gestor, ou o conteúdo de maneira customiza-
ao representante da sociedade civil da, tempestiva, automatizada e com
envolvido com a política, perceber baixo custo operacional e de manu-
a possibilidade de uma intervenção tenção. Estas características pressu-
por parte do poder público naquele põem a utilização de ferramentas de
aspecto em particular. Tecnologia de Informação e Comu-
nicação adequadas que viabilizem o
A segunda premissa tem a ver com a processamento ágil de grandes volu-
forma de disposição, apresentação e mes de dados, de forma a propiciar
fácil usabilidade das informações, ga- a disponibilização de informações
rantindo que elas estejam dispostas customizadas para todas as Unida-
em interfaces cuja compreensão seja a des Federativas do Brasil.
mais intuitiva possível. Trata-se de um
pré-requisito para que as análises pro- Feita a apresentação dessas premissas
duzidas possam ser absorvidas pelos básicas, pode-se concluir essa sessão
gestores públicos locais e representan- apresentando alguns aspectos da se-
tes da sociedade civil, um público-alvo gunda versão do painel de monito-
não acadêmico, e aplicadas na imple- ramento do mercado de trabalho,
mentação de políticas públicas. que está sendo desenvolvido, nesse
momento, por meio de uma parceria
A terceira premissa é a de promoção com o Centro de Apoio ao Desen-
do diálogo social. Além de serem volvimento Tecnológico da Universi-
significativas e de fácil assimilação, dade de Brasília (CDT/UnB) e cujo
espera-se que as informações dispo- lançamento está previsto para o pri-
nibilizadas facilitem e qualifiquem meiro semestre de 2017.
a interação entre gestores públicos
e representantes dos trabalhadores e Como destacado na primeira seção
empregadores nos espaços de interlo- do texto, em julho de 2015, o ONMT
cução institucionalizados ou não, tais disponibilizou, em seu sítio online, a
como seminários, oficinas, reuniões primeira versão do painel de moni-
das comissões estaduais e municipais toramento do mercado de trabalho,
de emprego etc. Desta forma, permi- criado para apoiar a gestão estadual
te-se que os debates ocorram a partir e municipal das políticas públicas de
de dados confiáveis e atualizados. emprego, trabalho e renda. O painel
foi concebido para integrar e organi-
A última premissa que é considerada zar, em um ambiente único e de fácil
central ao trabalho do ONMT refe- utilização, dados que possam ajudar
O OBSERVATÓRIO NACIONAL DO MERCADO DE TRABALHO:
TRAJETÓRIA INSTITUCIONAL E PREMISSAS METODOLÓGICAS
44
dadas (processo a ser tratado mais a desigualdades estruturais do mercado
frente), foram selecionadas as seguin- de trabalho. Sempre que a informação
tes bases de dados: a) de produção do esteve disponível e com significância
próprio Ministério do Trabalho, a estatística, buscou-se apresentar os
Rais, o Caged, a BG-IMO (base de indicadores do mercado não só para o
gestão da intermediação de mão de conjunto da população, mas também
obra), a BG-SD (base de gestão do se- para os diferentes grupos populacio-
guro-desemprego) e o Cadsol (cadas- nais a partir de recorte por gênero,
tro de empreendimentos de economia raça/etnia, faixa etária e para pessoas
solidária); b) do IBGE, são utilizados com deficiência (ABRAMO, 2006;
os dados da Pnad anual e contínua CORSEUIL E FRANCA, 2015).
e os dados das Contas Regionais do Ao se agrupar essas informações em
Brasil; c) do Sebrae, agrega-se a base segmentos específicos, busca-se per-
dos Microempreendedores Individu- mitir ao gestor público e à sociedade
ais - MEI e; d) do MDS, agrega-se a civil organizada observar quais ações
base do Cadastro Único. públicas ainda são necessárias para
reduzir e buscar a eliminação dessas
Percebe-se, pelas bases selecionadas, desigualdades.
que se buscou aproveitar ao máximo
os registros administrativos produzi- De forma geral, os indicadores cons-
dos pelo Ministério do Trabalho, mas truídos foram organizados em cinco
também agregar a utilização de pes- eixos (sendo dois destes divididos
quisas amostrais que permitem veri- em oito subeixos), cujas informa-
ficar o comportamento das posições ções estão organizadas em relatórios
informais e não-assalariadas. Mesmo e painéis que serão atualizados pe-
com o avanço da formalização nos riodicamente (trimestralmente). Os
anos 2000, a relevância do traba- recortes temporais utilizados foram:
lho informal continua sendo uma informações do presente; evolução
característica marcante do mercado no curto prazo (últimos oito trimes-
de trabalho brasileiro que, como o tres); e evolução no médio prazo (úl-
de outros países em desenvolvimen- timos seis anos). Este recorte visou
to, é marcado pela heterogeneidade permitir a observação de mudanças
ocupacional (POCHMANN, 2014; conjunturais e características estru-
KREIN E PRONI, 2010). turais do mercado de trabalho.
46
Instituto de Filosofia, Sociologia e Observatório possa apresentar uma
Política da Universidade Federal de contribuição para a estruturação do
Pelotas e do Departamento de Ciên- Sistema Público de Emprego é a dis-
cias Sociais da Universidade Federal seminação das informações e do uso
de Pernambuco, e dos técnicos do delas para os gestores públicos locais
Departamento Intersindical de Es- e estaduais.
tatística e Estudos Socioeconômicos
(DIEESE). Nesse sentido, apresentam-se alguns
caminhos ainda a percorrer. Em pri-
CONSIDERAÇÕES FINAIS meiro lugar, é preciso reconhecer
que a ferramenta construída gera in-
O caminho percorrido pelo Observa- formações com certo grau de deta-
tório Nacional do Mercado de Traba- lhamento e periodicidade para todas
lho nos últimos anos e o lançamento as unidades da federação, mas para
da segunda versão, ampliada e deta- serem aplicados, os resultados produ-
lhada, do Painel de Monitoramento zidos requerem um esforço de inter-
do Mercado de Trabalho marcam pretação e análise que não é trivial.
a conclusão de uma primeira etapa
desse processo de construção, com Desta forma, entende-se que um
a institucionalização e a disponibili- próximo passo necessário é a cons-
zação de uma ferramenta robusta e trução de um caderno metodológi-
acessível, que permite a apresentação co da segunda versão do Painel do
de uma gama ampla de informações Mercado de Trabalho, que contenha
e deixa aberta a possibilidade de seus orientações sobre como as informa-
usuários terem conhecimento conso- ções produzidas podem ser utilizadas
lidado sobre o mercado de trabalho para a tomada de decisão de inter-
do seu território. venção em políticas públicas estadu-
ais e municipais. O ideal é que esse
Esta é uma etapa que nunca estará processo de construção seja feito de
plenamente concluída, pois é somen- forma participativa, contando com
te a partir da efetiva disseminação, gestores públicos que estejam já en-
apropriação, e uso das informações volvidos com essas políticas e espe-
disponibilizadas que será possível cialistas técnicos de universidades e
perceber as necessidades de apri- institutos de pesquisa.
moramento e desenvolvimento dos
indicadores e relatórios realizados. A disseminação da ferramenta é um
Além desse constante aprimoramen- processo e desafio constante a ser fa-
O OBSERVATÓRIO NACIONAL DO MERCADO DE TRABALHO:
TRAJETÓRIA INSTITUCIONAL E PREMISSAS METODOLÓGICAS
48
ABRAMO, Laís. Desigualdades de gênero e raça no mercado de trabalho brasileiro.
Cienc. Cult., São Paulo, v. 58, n. 4, dez. 2006
BRASIL. Câmara dos Deputados. Lei 7.998. 1990. Disponível em: < http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7998.htm>.
CORSEUIL, Carlos Henrique L; FRANCA, Maíra A. P. Inserção dos jovens no
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Brasília: OIT, 2015
KREIN, D.; PRONI, M. Economia informal: aspectos conceituais e teóricos. Brasília,
DF: OIT, 2010. Documento de Trabalho n. 4 da série Trabalho Decente no Brasil.
MORETTO, Amilton José. O sistema público de emprego no Brasil: uma construção
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OBSERVATÓRIO DO TRABALHO DO MERCOSUL. Disponível em: www.
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mte.gov.br/pentaho/api/repos/:public:SPPE:INDEX.xaction/generatedContent. Acesso em 01
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POCHMANN, M.. Brasil: segunda grande transformação no trabalho?. Estudos
Avançados (USP. Impresso), São Paulo, v. 28, p. 1-292, 2014.
RICCA, S. Los servicios de empleo. Suíça, Genebra: OIT, 1983.
A experiência do Observatório 49
do Mercado de Trabalho
da Paraíba: entre escolhas
metodológicas e desafios futuros
Mario Henrique Ladosky*
Nadine Gualberto Agra**
APRESENTAÇÃO
50
cintamente, uma breve análise do atribuições, na SPPE levantou-se a
mercado de trabalho da Paraíba, em necessidade de conhecer mais pro-
especial sobre os municípios escolhi- fundamente a realidade do mercado
dos no âmbito do projeto para rece- de trabalho nacional nas suas mais
berem acompanhamento e subsídio variadas configurações, de modo
do OMT-PB na elaboração de polí- que o conhecimento produzido pu-
ticas públicas de emprego, trabalho e desse subsidiar as ações da secretaria,
renda em nível local. sobretudo, no tocante ao enfrenta-
mento da informalidade no mercado
Ao final, apresentam-se algumas con- de trabalho.
siderações ressaltando o desafio maior
do OMT-PB, que é o de empoderar A partir dessa necessidade de co-
os atores envolvidos – gestores, repre- nhecimento, no âmbito da SPPE,
sentantes de trabalhadores e de em- foi instituída uma comissão técnica
pregadores – e, com isso, fortalecer o denominada Observatório Nacional
espírito do tripartismo na elaboração do Mercado de Trabalho - ONMT,
de políticas públicas de emprego, tra- tendo como objetivos: promover es-
balho e renda em nível local. tudos sobre o processo de formula-
ção, implementação e avaliação de
1. A CONSTITUIÇÃO DO políticas públicas de trabalho, em-
OBSERVATÓRIO DO MERCADO prego e renda, bem como assessorar
DE TRABALHO DA PARAÍBA os órgãos do Ministério do Trabalho
(BRASIL, 2014).
O Ministério do Trabalho - MTb
tem como competência institucio- O ONMT, então, tem como com-
nal a elaboração e acompanhamen- petência: 1) promover estudos sobre
to de políticas públicas de geração o mercado de trabalho e as políti-
de emprego e renda, bem como de cas públicas de geração de emprego
apoio ao trabalhador. Nesse universo e renda; 2) subsidiar a formulação
de competências, cabe a Secretaria de políticas públicas de emprego e
de Políticas Públicas de Emprego - renda, bem como efetuar estudos e
SPPE, entre outras atribuições, sub- avaliação de seus impactos; 3) proce-
sidiar a formulação de políticas de der à interlocução com instituições
emprego e qualificação profissional, de estudo e pesquisas e centros pro-
e ainda, planejar, monitorar e avaliar dutores de estatísticas, cujas ações
programas relacionados à geração estejam voltadas para o mercado de
de emprego e renda. Levando-se em trabalho, entre outras.
A EXPERIÊNCIA DO OBSERVATÓRIO DO MERCADO DE TRABALHO DA PARAÍBA:
ENTRE ESCOLHAS METODOLÓGICAS E DESAFIOS FUTUROS
52
diar os gestores públicos municipais, sido escolhidos como fruto de um
representantes da classe empresarial, esforço coletivo de todos os Obser-
dos trabalhadores, bem como as vatórios criados nas universidades
Comissões Municipais de Empre- federais a partir de 2015, coordena-
go Trabalho e Renda com dados dos pelo ONMT, com o apoio técni-
que lhes auxilie no diagnóstico e na co do DIEESE.
proposição de políticas públicas. Os
dados do OMT-PB, portanto, são Como apresentado na Figura 1 do
produzidos tendo em vista a promo- artigo anterior, após várias reuniões
ção do diálogo social de forma tri- com representantes de cada observa-
partite, buscando sempre envolver os tório, realizadas no MTb, em Brasília,
mais variados atores. foram definidos os eixos e subeixos te-
máticos para elaboração dos indicado-
2. ASPECTOS METODOLÓGICOS res pelos Observatórios do Trabalho
das Universidades Federais1.
Pretende-se, aqui, destacar tanto as
questões relativas à proposta meto- A ideia central que norteou a escolha
dológica para produção de conhe- dos indicadores foi a necessidade de
cimento local, quanto o processo se gerar uma base de conhecimentos
de escolha e acompanhamento dos que refletisse aspectos estruturais de
indicadores realizado de forma ar- cada localidade, com as devidas dife-
ticulada com a rede nacional. Ini- renciações da realidade socioeconô-
cialmente, destaca-se que, sendo mica e do mercado de trabalho. No
realizada em rede, a pesquisa dos entanto, uma análise estrutural sem
Observatórios possui um eixo cen- prescindir questões conjunturais, de
tral e eixos temáticos. O primeiro maneira que as oscilações do merca-
volta-se à análise de indicadores so- do de trabalho também possam ser
cioeconômicos locais; e o segundo, a contempladas como objeto de estu-
1. Eixos e subeixos de pesquisa questões específicas de cada localida- do. Logo, entende-se que a observa-
dos Observatórios do Trabalho
das Universidades Federais: 1. de, ficando, portanto, discricionário ção conjunta de questões estruturais
Caracterização econômica; 2.
Caracterização demográfica; 3. aos pesquisadores de cada região, de e conjunturais ajudará a compreen-
Características da ocupação (3.1
Rendimento e Jornada; 3.2 Saúde acordo com seus interesses de estudo são mais detalhada de cada região,
do Trabalhador; 3.3 Mobilidade
Ocupacional; 3.4 Estrutura Setorial; em consonância com as peculiarida- possibilitando que potencialidades e
3.5 Rotatividade e Flexibilidade;
3.6 Posição na Ocupação e des do local. vulnerabilidades dos diversos merca-
Informalidade); 4. Caracterização
do desemprego; e 5. Caracterização dos de trabalhos sejam evidenciadas
das políticas de emprego, trabalho
e renda (5.1 Políticas para os No que diz respeito à elaboração dos e devidamente contempladas em fu-
assalariados; 5.2 Políticas para
posições não assalariadas). indicadores do eixo central da pes- turas políticas públicas.
A EXPERIÊNCIA DO OBSERVATÓRIO DO MERCADO DE TRABALHO DA PARAÍBA:
ENTRE ESCOLHAS METODOLÓGICAS E DESAFIOS FUTUROS
Após a escolha dos eixos, cada Ob- les que têm maior probabilidade de
53
servatório local e o ONMT assumiu uma trajetória de ascensão ou de des-
dois dos eixos ou subeixos para ela- censo no decorrer dos anos, e quais
borar uma proposta de dicionário de variáveis mais contribuem para isso.
indicadores, conforme demonstra o Foram considerados, por exemplo,
Quadro 1. Nessa divisão de tarefas, fluxos de trabalhadores que entram
coube à equipe do OMT-PB os su- e permanecem no mercado de tra-
beixos “mobilidade ocupacional” e balho com o mesmo vínculo; os que
“saúde do trabalhador”. entram e permanecem mudando de
vínculo; os que saem e retornam; os
Seguindo a ideia central do grupo, que saem e não retornam; os que
em ambos os temas, considerou-se saem e procuram tornar-se Micro-
que os indicadores deveriam refletir empreendedores Individuais (MEI);
mais a condição estrutural da mo- os que saem e tornam-se beneficiá-
bilidade ocupacional e da saúde do rios do Programa Bolsa-Família etc.
trabalhador, fazendo interface com Foi ainda proposto cruzar tais fluxos
outros eixos que retratem uma di- com as características pessoais, as
nâmica mais conjuntural como, por características do vínculo, o muni-
exemplo, de “rotatividade e flexibili- cípio, as probabilidades de inclusão
dade”. Porém, deve-se sempre pensar e de exclusão etc. Os indicadores do
em ajustes para que tais interfaces eixo “mobilidade ocupacional” es-
entre os eixos não resultem, de fato, tão listados no Quadro 22.
em sobreposição ou vieses contradi-
tórios na mirada sobre o mercado de Com tal perspectiva, foi proposto
trabalho. Em termos metodológicos, um corte transversal para acom-
optou-se por utilizar a base de dados panhar determinados anos (1991,
da Rais como principal fonte para os 1995, 1999, 2003, 2009 e 2015),
indicadores nos subeixos. que tiveram capacidade de inflexão
sobre trajetórias individuais no mer-
A compreensão estrutural da mo- cado de trabalho: início do governo
bilidade ocupacional, assim, passa Collor (1991); início do Plano Real e
pela identificação dos mais variados sua crise (1995 e 1999); início do go-
fluxos de “entrada” e “saída” do mer- verno Lula (2003) e sua dinâmica até
cado de trabalho que denotem um o enfrentamento da crise financeira
movimento em sua constância, de global (2009), e seu maior impacto
modo a reconhecer o perfil daque- sobre a economia brasileira (2015).
2. Estes indicadores estão em
processo de desenvolvimento. Ainda
não foram testados, nem proposto
uma fórmula de cálculo.
QUADRO 1
VOLUME 2
OBSERVATÓRIO NACIONAL DO MERCADO DE TRABALHO
QUADRO 2
Indicadores de mobilidade ocupacional
Indicadores
Número de trabalhadores que saíram e não retornaram ao mercado formal;
Número de trabalhadores que saíram e não retornaram ao mercado formal (em percentual);
Características pessoais dos trabalhadores que saíram e não retornaram ao mercado formal;
Características dos vínculos dos trabalhadores que saíram e não retornaram ao mercado formal;
Identificação dos trabalhadores com maior probabilidade a sair e não retornar ao mercado formal;
Número de trabalhadores que saíram e não retornaram ao mercado formal, cadastrados como microempreendedores individuais;
Número de trabalhadores que saíram e não retornaram ao mercado formal, cadastrados como beneficiários do Programa Bolsa Família;
Número de trabalhadores que saíram e não retornaram ao mercado formal que procuraram uma agência do MTb/Sine;
Número de trabalhadores que permaneceram no mesmo vínculo no mercado formal;
Número de trabalhadores que permaneceram no mesmo vínculo no mercado formal (em percentual);
Características pessoais dos trabalhadores que permaneceram no mesmo vínculo no mercado formal;
Características dos vínculos dos trabalhadores que permaneceram no mesmo vínculo no mercado formal;
Identificação dos trabalhadores com maiores probabilidades a permanecer no mesmo vínculo no mercado formal;
Número de trabalhadores que saíram e voltaram ao mercado formal;
Número de trabalhadores que saíram e voltaram ao mercado formal (em percentual);
Características pessoais dos trabalhadores que saíram e voltaram ao mercado formal;
(continua)
A EXPERIÊNCIA DO OBSERVATÓRIO DO MERCADO DE TRABALHO DA PARAÍBA:
ENTRE ESCOLHAS METODOLÓGICAS E DESAFIOS FUTUROS
QUADRO 2
Indicadores de mobilidade ocupacional (continuação) 55
Indicadores
Características dos vínculos dos trabalhadores que saíram e voltaram ao mercado formal;
Identificação dos trabalhadores com maiores probabilidades a sair e voltar ao mercado formal;
Número de trabalhadores que mudaram de faixa salarial, por tipo de fluxo, por características pessoais;
Número de trabalhadores que mudaram de faixa salarial, por tipo de fluxo (em percentual);
Características pessoais dos trabalhadores que mudaram de faixa salarial, por tipo de fluxo;
Características dos vínculos dos trabalhadores que mudaram de faixa salarial, por tipo de fluxo;
Distribuição dos fluxos intersetoriais;
Distribuição dos fluxos intersetoriais (em percentual);
Probabilidade de encontrar trabalho;
Probabilidade de desistir de encontrar trabalho;
Probabilidade de se manter desempregado;
Probabilidade do trabalhador em manter-se empregado;
Probabilidade de encontrar trabalho no mercado formal ou informal;
Probabilidade de sair da condição de ocupado no mercado formal e ir para uma ocupação informal;
Probabilidade de deixar de estar ocupado no mercado formal como assalariado, empregador ou sem remuneração e ir para uma atividade por conta própria;
Probabilidade de estar ocupado no mercado formal e se retirar da força de trabalho;
Probabilidade de estar ocupado no mercado informal e se retirar da força de trabalho;
Probabilidade de estar ocupado no mercado informal e ir para um emprego formal;
Probabilidade de estar ocupado no mercado informal como assalariado, empregador ou sem remuneração e ir para uma ocupação por conta própria;
Cálculo de tendência para todas as transições acima;
Porcentagem dos Microempreendedores Individuais – MEI - que eram empregados celetistas;
Porcentagem dos MEIs que eram empregados celetistas e mudaram de setor de atividade.
Número de trabalhadores afastados por acidente de trabalho típico por atividade econômica e ocupação;
Características pessoais dos trabalhadores afastados que sofreram acidentes de trabalho típico;
Número de trabalhadores afastados por acidente de trabalho de trajeto por atividade econômica e ocupação;
Características pessoais dos trabalhadores afastados que sofreram acidentes de trabalho de trajeto;
Número de trabalhadores afastados com doença relacionada ao trabalho; por atividade econômica e ocupação;
Número de trabalhadores afastados com doença relacionada ao trabalho por características pessoas;
Número de trabalhadores afastados com doença não-relacionada ao trabalho por atividade econômica e ocupação;
Número de trabalhadores afastados com doença não relacionada ao trabalho por município;
Número de trabalhadores afastados com doença não relacionada ao trabalho por características pessoais;
Número de trabalhadores falecidos em decorrência de acidente de trabalho típico por atividade econômica e ocupação;
Número de trabalhadores falecidos decorrente de acidente de trabalho de trajeto por atividade econômica e ocupação;
Número de trabalhadores falecidos em decorrência de acidente de trabalho de trajeto por característica pessoal;
Número de trabalhadores falecidos decorrente de doença profissional por atividade econômica e ocupação;
Número de trabalhadores falecidos em decorrência de doença profissional por atividade por município;
Número de trabalhadores aposentados por invalidez decorrente de acidente de trabalho, por atividade econômica e
ocupação;
Número de trabalhadores aposentados por invalidez decorrente de acidente de trabalho por município;
Número de trabalhadores aposentados por invalidez decorrente de acidente de trabalho por características pessoais;
Número de trabalhadores aposentados por invalidez decorrente de doença profissional por atividade econômica e
ocupação;
Número de trabalhadores aposentados por invalidez decorrente de doença profissional por município;
Número de trabalhadores aposentados por invalidez decorrente de doença profissional por característica pessoal.
A EXPERIÊNCIA DO OBSERVATÓRIO DO MERCADO DE TRABALHO DA PARAÍBA:
ENTRE ESCOLHAS METODOLÓGICAS E DESAFIOS FUTUROS
58
pesquisa adotados pelo observatório possui uma produção de riqueza ex-
paraibano, é importante destacar a tremamente concentrada na capital
escolha do campo de pesquisa. Desse e no seu entorno. Segundo os dados
modo, foram adotados os municí- do IBGE por municípios, disponibi-
pios de João Pessoa, Campina Gran- lizados pelo Instituto de Desenvolvi-
de, Guarabira, Monteiro e Patos. Os mento Municipal e Estadual (Ideme),
municípios a serem analisados foram em 2014, João Pessoa concentrava
escolhidos devido à representativida- 32,9% do PIB estadual. No mesmo
de socioeconômica em cada mesorre- ano, Campina Grande, com um PIB
gião do estado, ou seja, conforme sua de R$ 7,5 bilhões, foi responsável por
relevância econômica em diferentes 14,2% da geração da riqueza estadual,
regiões do estado, que, geralmente, seguida por Patos (5º maior PIB mu-
cumprem um papel de mercado de nicipal) com R$ 1,3 bilhões, que cor-
trabalho atrativo para a população responde a aproximadamente 2,5%
que vive em outras localidades, em do PIB paraibano; Guarabira (R$
um raio de até 50 km da cidade-po- 788 milhões e 1,5% do PIB estadu-
lo. Maiores especificações sobre os al); e Monteiro (18º PIB municipal),
municípios citados serão expostas no que embora tenha aproximadamente
item destinado à análise do mercado R$ 343,9 milhões e participe com
de trabalho paraibano. apenas 0,6% da riqueza estadual, ca-
racteriza-se como um polo de atrati-
3. MERCADO DE TRABALHO vidade na região do Cariri paraibano,
DA PARAÍBA: UM QUADRO DE justificando sua escolha para ser uma
VULNERABILIDADE E PRECARIEDADE das cidades a serem analisadas pelo
OMT-PB (IDEME, 2014).
Feitas as considerações metodológicas
do OMT-PB em conjunto com a Rede Outro indicador observado quando
Observatórios do Trabalho, neste da escolha dos municípios foi o Ín-
item, passa-se a indicar sucintamente dice de Desenvolvimento Humano
alguns dados preliminares acerca da Municipal (IDHM).
realidade da Paraíba, como forma de
demonstrar, minimamente, os estudos No Gráfico 1, observa-se que o Ín-
3. Os dados do Índice de
Desenvolvimento Humano introdutórios realizados pela equipe dice de Desenvolvimento Humano
Municipal (IDHM) foram obtidos do
Atlas do Desenvolvimento Humano nesse primeiro ano de trabalho. (IDH) dos municípios paraibanos
do Brasil, publicado em 2013 em
conjunto pelo Programa das Nações selecionados e acompanhados pelo
Unidas para o Desenvolvimento
(Pnud), IBGE e Fundação João Com um Produto Interno Bruto de Observatório melhorou no período
Pinheiro, com dados de 1991, 2000
e 2010. aproximadamente R$ 53 bilhões, em 1991 – 20103. Partindo de um pata-
A EXPERIÊNCIA DO OBSERVATÓRIO DO MERCADO DE TRABALHO DA PARAÍBA:
ENTRE ESCOLHAS METODOLÓGICAS E DESAFIOS FUTUROS
GRÁFICO 1
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) 59
Municípios selecionados da Paraíba – 1991,2000,2010
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0.3
0.2
0,1
0
1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010
IDH – Renda IDH – Saúde IDH – Educação IDH – Total
João Pessoa 0,659 0,710 0,770 0,660 0,720 0,832 0,384 0,523 0,693 0,551 0,644 0,763
Campina Grande 0.584 0,647 0,702 0,586 0,717 0,812 0,316 0,467 0,654 0,476 0,601 0,720
Patos 0,535 0,595 0,667 0,586 0,719 0,821 0,265 0,403 0,628 0,436 0,557 0,701
Guarabira 0,494 0,560 0,641 0.652 0,699 0,812 0,193 0,350 0,586 0,396 0,516 0,673
Monteiro 0,448 0,536 0,625 0,538 0,591 0,709 0,164 0,291 0,558 0,341 0,452 0,628
60
salários mínimos. No caso de Cam- centração da geração de emprego,
pina Grande, considerando o ano como demonstrada na Tabela 1.
de 2010, o percentual dos ocupados
com fundamental completo era de No tocante à atividade econômica,
64,7%; e o dos ocupados com ní- no conjunto dos municípios selecio-
vel médio completo era de 48,9% nados, os vínculos de emprego formal
(PNUD; IPEA; FJP, 2016). se concentram nas atividades de ser-
viços (34,4%), administração pública
Em Patos, o quadro social da esco- (31,0%) e comércio (16,5%), segundo
laridade e rendimento dos ocupados os dados da Tabela 2. Na capital do
era o seguinte: 56,8% tinham apenas estado, João Pessoa, destaca-se o peso
o fundamental completo; e 41,6%, o da Administração Pública (37,7%),
médio completo. Aproximadamente pois o município registra boa par-
81,8% tinham rendimento até dois te dos vínculos de órgãos públicos
salários mínimos. Guarabira, por estaduais, e a maior participação da
sua vez, tinha 54,7% da população Construção Civil (7,4%) entre os mu-
ocupada com escolaridade no ensi- nicípios selecionados. Destoa dessa
no fundamental completo, em 2010, tendência, apenas o setor da indústria
e 41,7% com o ensino médio com- de transformação, onde se destaca da
pleto. Em termos de rendimento, geração de empregos em Guarabira
no mesmo ano, 83,1% tinham um (31,4%) e Campina Grande (17,4%).
rendimento de até dois salários míni-
mos. Por fim, na cidade de Monteiro, Com relação ao nível de remuneração
a parcela da população ocupada que do estado da Paraíba, o Gráfico 2 mos-
tinha o ensino fundamental comple- tra que os vínculos de emprego formal
to era de aproximadamente 40,2%, e se concentram na faixa de trabalhado-
a que tinha o ensino médio comple- res que têm rendimentos entre 1,0 e
to, de 29,6%. O rendimento com até 1,5 salário mínimo, ou seja, que rece-
dois salários mínimos correspondia a biam entre R$ 788,00 e R$ 1.182,00,
90,1% dos ocupados. segundo valores de 2015. No estado,
44,7% dos trabalhadores concentram-
O quadro estrutural de concentração se nessa faixa, e com exceção de João
da atividade econômica na capital e Pessoa (40,3%), o gráfico ressalta que
em Campina Grande e os níveis de a concentração de trabalhadores nessa
baixa escolaridade e vulnerabilidade faixa se deve ao peso relativo dos mu-
social do estado refletem-se nos nú- nicípios de Campina Grande (53,8%),
meros do mercado de trabalho, onde Patos (54,6%), Guarabira (63,0%) e
A EXPERIÊNCIA DO OBSERVATÓRIO DO MERCADO DE TRABALHO DA PARAÍBA:
ENTRE ESCOLHAS METODOLÓGICAS E DESAFIOS FUTUROS
TABELA 1
Estoque de vínculos de emprego¹ formal
Paraíba e municípios selecionados - 2015
Município Nº de vínculos Participação %
Campina Grande 104.215 15,6
Guarabira 9.602 1,4
João Pessoa 291.292 43,7
Monteiro 2.469 0,4
Patos 14.289 2,1
Total municípios selecionados 421.867 63,2
Paraíba 667.030 100,0
Fonte: MTb. Rais 2015
Nota: (1) Estoque de vínculos ativos em 31 de dezembro de 2015
TABELA 2
Distribuição do estoque de vínculos de emprego formal por setor de atividade econômica
Municípios selecionados da Paraíba – 2015 (em %)
Total -Muni-
Campina João Pes- cípios Sele-
Setor de atividade econômica Grande Guarabira soa Monteiro Patos cionados Paraíba
Extrativa mineral 0,2 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,2
Indústria de transformação 17,4 31,4 5,6 3,6 9,6 9,2 11,7
Serviços industriais de utilidade pública 1,1 2,1 1,7 1,0 1,9 1,6 1,2
Construção Civil 6,1 1,6 7,4 2,5 4,5 6,9 5,5
Comércio 20,4 24,9 14,1 27,9 29,3 16,5 16,0
Serviços 40,3 16,1 33,3 15,2 28,8 34,4 25,4
Administração Pública 14,2 17,2 37,7 49,0 25,3 31,0 38,1
Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca 0,3 6,6 0,2 0,7 0,5 0,4 2,0
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: MTb. Rais 2015
Nota: (1) Estoque de vínculos ativos em 31 de dezembro de 2015
Conforme o mesmo gráfico, há ainda No que diz respeito ao tipo de vín-
VOLUME 2
OBSERVATÓRIO NACIONAL DO MERCADO DE TRABALHO
62
um percentual significativo de traba- culo dos empregos formais, apre-
lhadores nas faixas de renda de 0,51 sentados na Tabela 3, o vínculo
a 1 SM; de 1,51 a 2 SM; e de 2,01 a celetista de trabalhadores urbanos
3 SM, declinando nas faixas salariais empregados por pessoa jurídica por
seguintes. Somados os números rela- tempo indeterminado predomina
tivos de trabalhadores nestas faixas, (56,1%), seguido pelos empregos es-
tem-se na Paraíba 81,8% de traba- tatutários (19%), muito em função
lhadores recebendo até três salários- da quantidade de emprego público
mínimos, ou seja, R$ 2.640,00 em concentrado na capital. Porém, é
valores de 2015. importante destacar a quantidade
de empregos estatutários não efe-
Só uma parcela mínima da população tivos (12,8%), o que mostra a pre-
possui renda superior a R$ 3.000,00, cariedade das relações de trabalho
como demonstrado no Gráfico 2. também no setor público.
GRÁFICO 2
Estoque de veículos de emprego formal¹ por faixa de remuneração em salário mínimo
Paraíba e municípios selecionados – 2015
0,7
0,6
0,5
João Pessoa
0,1
0,9
Até 0,50 0,51 a 1,01 a 1,51 a 2,01 a 3,01 a 4,01 a 5,01 a 7,01 a 10,01 a 15,01 a Mais de
1,00 1,50 2,00 3,00 4,00 5,00 7,00 10,00 15,00 20,00 20,00
TABELA 3
Distribuição dos vínculos de emprego formal¹ por tipo de vínculo empregatício do trabalhador 63
Paraíba e municípios selecionados
João Pessoa Campina Grande Patos Guarabira Monteiro Paraíba
CLT 171.557 58,9% 89.423 85,8% 10.648 74,5% 7.943 82,7% 1.259 51,0% 406.506 60,9%
Estatutários 119.735 41,1% 14.792 14,2% 3.641 25,5% 1.659 17,3% 1.210 49,0% 260.524 39,1%
Estatutário (3) 71.277 24,5% 12.932 12,4% 2,368 16,6% 1.399 14,6% 0 0,0% 126.739 19,0%
Estatutário não efetivo (4) 48366 16,6% 1.847 1,8% 1.257 8,8% 260 2,7% 102 4,1% 85.343 12,8%
Estatutário RGPS (5) 92 0,0% 13 0,0% 16 0,1% 0 0,0% 1.108 44,9% 48.442 7,3%
Total 291.292 100,0% 104.215 100,0% 14.289 100,0% 9.602 100,0% 2,469 100,0% 667.030 100,0%
64
na quantidade e na qualidade dos no 11.648/2008) e gestores expunham
empregos gerados na Paraíba e das suas demandas e dificuldades, o que
possibilidades de renda pelos empre- funcionou como uma lente a ampliar
endimentos da economia solidária. o olhar sobre a realidade do mercado
de trabalho na Paraíba.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO A partir dessas visitas, o OMT-PB
PARA OS GESTORES LOCAIS foi convidado a participar das reuni-
E O DESAFIO DA PROMOÇÃO ões do Conselho Estadual de Traba-
DO DIÁLOGO TRIPARTITE lho e Emprego (Cete), atividade que
vem garantindo inserção nos fóruns
Completando um ano de atividade, de discussão institucionalizados,
o OMT-PB tem logrado êxito na abrindo espaço para divulgação do
execução do plano de trabalho pro- que vem sendo produzido, além de
posto pelo MTb à rede de observa- possibilitar uma ampliação do olhar
tórios das universidades federais. No sobre o fazer-se cotidiano do Siste-
decorrer desse ano, foi realizado o ma Público de Trabalho, Emprego e
Seminário “Mercado de trabalho da Renda da Paraíba.
Paraíba em perspectiva” para que o
trabalho fosse apresentado à socie- Algumas dificuldades já percebidas
dade civil paraibana, quando se al- na tarefa do OMT-PB em subsidiar
cançou uma presença expressiva dos os gestores dos cinco municípios esco-
atores sociais. O sucesso do evento se lhidos refletem a própria dificuldade
deveu, em grande medida, às visitas de capilarização das políticas públi-
que foram realizadas aos represen- cas de emprego, trabalho e renda no
tantes empresariais, trabalhadores e país. Isso pelo fato de, com exceção
gestores públicos pela equipe técnica de João Pessoa e de Campina Gran-
do OMT/PB ao longo do ano. de, nos demais municípios escolhidos
– Patos, Monteiro e Guarabira – não
Do contato direto com várias lideran- haver uma área dedicada especifica-
ças municipais e estaduais, pode-se mente aos temas de trabalho, emprego
destacar a credibilidade da universida- e renda, denotando uma fragilidade
de pública junto à sociedade, segundo institucional nas prefeituras. Geral-
os vários depoimentos. Da mesma mente, nos municípios menores há
forma, esse contato ofereceu a rica uma Secretaria de Desenvolvimento
experiência da escuta, na medida em Social que trata de diversos assuntos,
que empresários, trabalhadores (cen- desde o Programa Bolsa Família, as-
A EXPERIÊNCIA DO OBSERVATÓRIO DO MERCADO DE TRABALHO DA PARAÍBA:
ENTRE ESCOLHAS METODOLÓGICAS E DESAFIOS FUTUROS
66
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 2061, de 02 de janeiro de
2015. Institui a Comissão Técnica denominada Observatório do Trabalho e dá outras
providências. Brasília, DF, 2015. Disponível em: http//www.legisweb.com.br. Acesso
em: 30 out. 2016.
BRASIL. Ministério do Trabalho. Relação Anual de Informação Social: RAIS.
Brasília, DF, vários anos. Disponível em: http://www.mte.gov.br. Acesso em: 30 out.
2016.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Amostra
a Domicílio: PNAD. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br.
Acesso em: 30 out. 2016.
PARAÍBA. Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual – IDEME. Produto
Interno Bruto dos Municípios do estado da Paraíba: 2104. Disponível em: http://
ideme.pb.gov.br/servicos/pib/nota-tecnica_pib-municipal_2014.pdf/view. Acesso em:
05 jan. 2017.
PNUD; IPEA; FJP. Atlas do desenvolvimento humano no Brasil: 2013. Disponível
em: http://atlasbrasil.org.br/. Acesso em: 13 out. 2016.
O Observatório Social 67
do Trabalho (Ufpel) e as
transformações dos mercados
locais de trabalho: abordagens
analíticas, limites e desafios
Francisco E. B. Vargas*
1. INTRODUÇÃO
68
RIO SOCIAL DO TRABALHO, desemprego como aquela referente
2015). Apesar da ambição de ter um à multiplicação das formas de ocu-
alcance regional, o Observatório, es- pação flexíveis e precárias têm ocu-
trategicamente, passou a concentrar pado um lugar central no debate
suas atividades nos municípios de Pe- sociológico contemporâneo. O pro-
lotas e Rio Grande 2, devido à limita- cesso de reestruturação do capitalis-
ção de recursos materiais e humanos. mo, que já vem ocorrendo há mais
Além disso, os dois municípios em de três décadas, provocou uma pro-
pauta, sendo polos regionais, têm funda transformação no chamado
concentradas, em seus territórios, as paradigma produtivo, consolidan-
principais atividades econômicas da do, ao mesmo tempo, uma revolu-
região, o que permite monitorar com ção tecnológica e uma revolução na
amplo alcance os aspectos mais cen- organização do trabalho, além de
trais de seu desenvolvimento. alterar os princípios de regulação
do próprio Estado. Um novo capi-
2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS: talismo, flexível, global, financeiri-
AS TRANSFORMAÇÕES NO zado, marcado pela exacerbação do
2. Pelotas e Rio Grande são dois
municípios que apresentam perfis MUNDO DO TRABALHO individualismo, pela instabilidade
econômicos e demográficos
distintos, mas que foram igualmente econômica, psíquica e cultural,
impactados pela forte crise do
mercado de trabalho dos anos O enfoque teórico das atividades constituem a tônica dessas recentes
de 1990. Pelotas é um município
que possui economia baseada extensionistas do Observatório transformações nas sociedades con-
no comércio e serviços, mas que
apresenta também importante Social do Trabalho está balizado temporâneas (CASTEL, 2001).
segmento nas atividades
agroindustriais, principalmente pelas transformações contempo-
no setor de beneficiamento do
arroz e nas indústrias de conservas râneas no mundo do trabalho que É nesse cenário que o trabalho se
vegetais. Rio Grande abriga um
importante complexo industrial vêm sendo amplamente analisadas converte em um tema central de
portuário, sendo um corredor de
entrada e saída de produtos de pela sociologia do trabalho. Parte-se debate. Isto porque ele é decisivo
exportação e que possui atividades
relevantes ligadas à indústria do pressuposto de que a dinâmica não só para que os trabalhadores
naval, à indústria química e de
fertilizantes e à indústria pesqueira ocupacional é central na estrutura- tenham acesso a um rendimento
e de óleos vegetais. Segundo o IBGE,
a população estimada para Pelotas, ção das formas de integração e con- estável – o que é colocado em risco
em 2016, era de 343.651 habitantes.
Em 2014, o PIB de Pelotas era de flito nas sociedades modernas e pelo desemprego e pela precariedade
R$ 6.657.759.394,00, ficando em
décima posição na economia gaúcha, contemporâneas (OFFE, 1989). A do trabalho – mas também porque
e com PIB per capita de R$
19.464,00, bem abaixo da média do sociologia do trabalho tem trazido o trabalho se constitui em um ele-
estado, de R$ 31.927,00. O município
de Rio Grande, por sua vez, tinha importantes aportes no sentido de mento fundamental na construção
uma população estimada de 208.641
habitantes, em 2016. Em 2014, o PIB identificar essas transformações, da cidadania e da identidade social,
era de R$ 7.357.681.054,00, ficando
na oitava posição da economia bem como sua importância na con- individual ou coletiva. Como mo-
gaúcha, e seu PIB per capita
era de R$ 35.538,00, um dos mais figuração das desigualdades e dos dalidade de pertencimento social, o
altos do estado do Rio Grande do Sul
(FEE, 2016). problemas sociais enfrentados por trabalho tem estado no centro dos
O OBSERVATÓRIO SOCIAL DO TRABALHO (UFPEL) E AS TRANSFORMAÇÕES DOS MERCADOS LOCAIS DE TRABALHO:
ABORDAGENS ANALÍTICAS, LIMITES E DESAFIOS
70
aos direitos sociais básicos e de seus do Ministério do Trabalho (MTb),
mecanismos de proteção. principalmente a Relação Anual de
Informações Sociais (Rais) e o Ca-
3. ABORDAGENS METODOLÓGICAS dastro Geral de Empregados e De-
E ANALÍTICAS: A PRECARIEDADE sempregados (Caged), esta última
E AS TRANSFORMAÇÕES NOS fonte sendo mais sistematicamente
MERCADOS LOCAIS DE TRABALHO destinada à análise das mudanças
conjunturais nos mercados locais de
Depois da formação e, sobretudo, trabalho6.
a partir da consolidação como pro-
jeto de extensão institucionalizado, O boletim informativo sobre a con-
as ações do Observatório Social do juntura do emprego em Pelotas e
Trabalho se concentraram na tenta- Rio Grande, publicado mensalmente
tiva de consolidar uma competência desde o final de 20127, utiliza dados
metodológica de análise e interpreta- do Caged para monitorar as varia-
ção dos principais indicadores locais ções sazonais do emprego formal
de mercado de trabalho. A partir das nesses dois municípios. Tais análises
principais fontes estatísticas brasilei- procuram captar tanto a variação ab-
ras, realizou-se um conjunto de pes- soluta e relativa do emprego total e
quisas visando à consolidação de um setorial através dos saldos do Caged
banco de dados, acessível no portal (diferença entre o volume de admis-
do Observatório na internet4, e de sões e desligamentos), como a distri-
um boletim informativo sobre a con- buição setorial do emprego formal,
juntura do emprego nos municípios revelando o peso dos diversos setores
de Pelotas e Rio Grande. da geração de emprego formal. No
4. A esse propósito, ver: http://
wp.ufpel.edu.br/observatoriosocial/ presente momento, esse boletim está
5. Sistema IBGE de Recuperação Apesar do alcance limitado das fon- sendo reavaliado, sobretudo quanto à
Automática (Sidra). Esse sistema,
acessível no Portal do IBGE, permite tes de dados estatísticos sobre mer- forma e à abrangência de apresenta-
fazer levantamentos de dados
nas mais diversas áreas e temas, cado de trabalho em nível local ção dos dados, com o intuito de fa-
possibilitando ao pesquisador se-
lecionar variáveis e montar tabelas, (municipal), explorou-se vastamente cilitar a leitura das informações pelo
automaticamente, segundo suas
necessidades (SIDRA, 2015). as fontes disponíveis: tanto os censos público em geral e pelos gestores.
6. Estas bases estão disponíveis
ao público no Portal do Programa
demográficos realizados e disponi- Pretende-se, também, alterar o perí-
de Disseminação de Estatísticas
do Trabalho (Pdet) do Ministério
bilizados pelo Instituto Brasileiro odo da análise, que passará de men-
do Trabalho (MTb), no seguinte
endereço eletrônico: http://acesso.
de Geografia e Estatística (IBGE), sal para trimestral ou semestral.
mte.gov.br/portal-pdet/.
através da ferramenta Sidra5, pró-
7. A esse propósito, ver: http://
wp.ufpel.edu.br/observatoriosocial/ prios para analisar as transformações Durante estes últimos anos, também
estudos-e-analises/boletim-
informativo/ estruturais do mercado de traba- foram produzidos relatórios e arti-
O OBSERVATÓRIO SOCIAL DO TRABALHO (UFPEL) E AS TRANSFORMAÇÕES DOS MERCADOS LOCAIS DE TRABALHO:
ABORDAGENS ANALÍTICAS, LIMITES E DESAFIOS
72
nesse período, um forte crescimento Em Pelotas, essa taxa cai de 39,8%,
da ocupação, acompanhada de uma em 2000, para 33,6%, em 2010. Em
correspondente redução das taxas de Rio Grande, ela cai de 36,9% para
desocupação, tanto em Pelotas como 29,9% nesse mesmo período10.
em Rio Grande. Em Pelotas, a popu-
lação ocupada cresceu 18,8% nesse Apesar dessa melhoria dos principais
período e a taxa de desocupação caiu indicadores de mercado de trabalho
de 17,3%, em 2000, para 7,6%, em nesse período, evidenciando-se, por-
2010. Em Rio Grande, a taxa de cres- tanto, um processo de “desprecariza-
cimento da população ocupada foi ção” dos mercados locais de trabalho
ainda maior, de 25,8%, com a taxa em seu conjunto, é importante re-
de desocupação caindo de 19,1%, em gistrar que os níveis de precariedade
2000, para 8,6%, em 2010. A taxa de desses mercados continuam muito
crescimento da população ocupada elevados em 2010. Somando-se a po-
foi superior à da população economi- pulação ocupada, submetida a uma
camente ativa, que foi de 6,3%, em situação de informalidade, com a po-
Pelotas, e de 11,5%, em Rio Grande.8 pulação desempregada, identifica-se
um número elevado de trabalhadores
8. Essas mesmas tendências são Além disso, é possível observar, em uma situação de vulnerabilidade
igualmente observáveis no Rio
Grande do Sul e no Brasil. No Rio igualmente, no mesmo período, o no mercado de trabalho. Trata-se,
Grande do Sul, a taxa de crescimento
da população ocupada foi de 22% e, crescimento do emprego protegido, neste caso, de trabalhadores em si-
no Brasil, de 31,6%. No Rio Grande
do Sul, as taxas de desocupação com carteira de trabalho assinada, e tuação de risco e de limitado acesso
caem de 12,2%, em 2000, para
4,9%, em 2010. No Brasil, essas uma redução do emprego sem car- a seus direitos sociais, trabalhistas e
taxas caem de 15,3%, em 2000,
para 7,6%, em 2010. A taxa de teira de trabalho. O crescimento do previdenciários. Em 2010, o volume
crescimento da população ativa foi
de 12,7% no Rio Grande do Sul e de emprego protegido se deu em níveis de trabalhadores em condição de vul-
20,7% no Brasil.
superiores ao próprio crescimento da nerabilidade é de 62.483 pessoas em
9. No Rio Grande do Sul, a taxa
de crescimento do emprego com ocupação, o inverso ocorrendo com Pelotas e de 32.342 em Rio Grande.
carteira no referido período foi de
45,2% e, no Brasil, de 63,4%. As o emprego sem carteira de trabalho Trata-se, respectivamente, de 38,6% e
taxas médias anuais de crescimento
do emprego com carteira foram, assinada. Na década, a taxa de cres- de 35,9% de suas populações econo-
respectivamente, de 3,80% e 5,03%
nesses dois níveis geográficos. cimento do emprego com carteira, micamente ativas11. A forte dinâmica
10. Vale registrar que, no estado do
Rio Grande do Sul, essas taxas caem
em Pelotas, foi de 35,4% e, em Rio de crescimento da economia brasilei-
de 39,9% para 32,7%, no mesmo
período, enquanto no Brasil, elas
Grande, de 45,7%, o que correspon- ra e da economia local, bem como de
caem de 48,5% para 39,5%.
de a taxas médias anuais de 3,07% e melhoria de seus indicadores de mer-
11. Para o estado do Rio Grande
do Sul e para o Brasil, essas taxas 3,84%, respectivamente.9 cado de trabalho, não deu conta de
de vulnerabilidade são de 36,0%
e de 44,1%, respectivamente. No superar esse patamar elevado de vul-
Rio Grande do Sul, nesse mesmo
ano, eram 2.092.901 pessoas nessa Finalmente, a taxa de informalidade nerabilidade, uma vez que é enorme a
condição. No Brasil, eram 41.246.271
pessoas. da população ocupada diminuiu sen- “dívida histórica” herdada do período
O OBSERVATÓRIO SOCIAL DO TRABALHO (UFPEL) E AS TRANSFORMAÇÕES DOS MERCADOS LOCAIS DE TRABALHO:
ABORDAGENS ANALÍTICAS, LIMITES E DESAFIOS
TABELA 1
Indicadores demográficos e de mercado de trabalho
Pelotas e Rio Grande, 2000 e 2010
Pelotas Rio Grande
Indicadores Var.Rel. Var.Anual Var.Rel. Var.Anual
2000 2010 Var.Abs. 2000 2010 Var.Abs.
(em %) (em %) (em %) (em %)
População Total 323.034 328.275 5.241 1,6 0,16 186.544 197.228 10.684 5,7 0,56
PIA 270.427 288.984 18.557 6,9 0,67 154.739 171.530 16.791 10,9 1,04
PEA 152.095 161.707 9.612 6,3 0,61 80.751 90.004 9.253 11,5 1,09
PO 125.768 149.472 23.704 18,8 1,74 65.363 82.230 16.867 25,8 2,32
Emp. c/cart. (1) 49.561 67.087 17.526 35,4 3,07 27.112 39.509 12.397 45,7 3,84
Emp. s/cart. 21.629 23.330 1.701 7,9 0,76 12.880 14.078 1.198 9,3 0,89
Ocup. s/ cont.
prev. 50.025 50.247 222 0,4 0,04 24.148 24.568 420 1,7 0,17
PD 26.327 12.236 -14.091 -53,5 -7,38 15.388 7.774 -7.614 -49,5 -6,60
PNEA 118.332 127.277 8.945 7,6 0,73 73.988 81.525 7.537 10,2 0,97
Taxa de Ativ. (em %) 56,2 56,0 -0,3 -0,5 52,2 52,5 0,3 0,5
Taxa de Des. (em %) 17,3 7,6 -9,7 -56,3 19,1 8,6 -10,4 -54,7
Taxa de Vulner.(3)
(em %) 50,2 38,6 -11,6 -23,0 49,0 35,9 -13,0 -26,6
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010
Nota: (1) Incluídos os trabalhadores domésticos e excluídos os militares e funcionários públicos estatutários; (2) Participação percentual dos ocupados que não contribuem para a previdência social em relação ao
total da população ocupada. (3) Soma dos ocupados que não contribuem para a previdência social com os desocupados, dividido pela população economicamente ativa e multiplicado por 100
Os dados do Gráfico 1 sobre a evolu- desse quadro positivo de crescimen-
VOLUME 2
OBSERVATÓRIO NACIONAL DO MERCADO DE TRABALHO
74
ção anual do estoque de vínculos de to do emprego. O elevado cresci-
emprego formal, com base na Rais, mento do emprego em Rio Grande
revelam essa tendência. De 2010 a foi fortemente marcado pela migra-
2014, o crescimento do emprego for- ção de trabalhadores de outras cida-
mal em Pelotas e Rio Grande se mos- des e estados da federação, uma vez
trou bastante elevado, especialmente que para um sem número de postos
neste último município, pois foi en- de trabalho gerados pela indústria
tre 2011 e 2014 que as atividades do naval não existiam trabalhadores lo-
polo naval atingiram seu ápice. Nes- cais qualificados14. Para minimizar
se período, tomando como base o essa situação, vários programas de
ano de 2010, foram criados 9.958 formação profissional foram imple-
novos postos de trabalho em Pelotas mentados com o objetivo de qualifi-
e 17.011 em Rio Grande. A taxa de car a população local para trabalhar
crescimento do emprego formal nes- no polo, mas essas iniciativas não
ses municípios foi de 14,3% e 42,7%, deram conta de atender à elevada
respectivamente. A taxa média anual demanda de força de trabalho nes-
de crescimento do emprego formal se período de boom econômico lo-
foi de 3,4% em Pelotas e de 9,3% em cal. Portanto, o fluxo migratório e a
Rio Grande13. Nota-se o impressio- busca de oportunidades de emprego
nante crescimento do emprego neste no polo pelos trabalhadores locais
último município, capitaneado pelo explicam, em parte, as diferenças de
crescimento do emprego industrial crescimento da população total, da
nas atividades do polo naval. população em idade ativa e da popu-
lação economicamente ativa entre os
Esses dados levam a crer que a me- dois municípios na década de 2000,
lhoria dos indicadores de mercado conforme a Tabela 1. Em Rio Gran-
de trabalho tenha continuado de- de, o crescimento dessas populações
pois de 2010, principalmente em foi bem superior ao de Pelotas. Todo
Rio Grande. No entanto, em relação esse quadro leva a crer que a redu-
13. Entre 2010 e 2014, no estado do
a este município, que já apresentava ção dos níveis de vulnerabilidade
Rio Grande do Sul, o crescimento do
emprego formal foi de 10,9%, o que
melhores indicadores de mercado da população trabalhadora de Rio
representa uma taxa média anual de
2,6%. No Brasil, esse crescimento foi
de trabalho que Pelotas, é preciso Grande não tenha sido capaz de dar
de 12,5%, a uma taxa média anual
de 3,0%.
considerar que o crescimento do conta do déficit histórico de integra-
14. Algumas estimativas, emprego deve ter estimulado um ção desses trabalhadores, conforme
provavelmente superestimadas, dão
conta de que em torno de 10.000 aumento significativo da população constatado através da análise dos
trabalhadores de fora do estado
teriam ido trabalhar no polo durante ativa, pressionando o mercado de indicadores de mercado de trabalho
o período de auge da produção naval
(SIMON, 2015). trabalho e minimizando os efeitos realizada acima.
O OBSERVATÓRIO SOCIAL DO TRABALHO (UFPEL) E AS TRANSFORMAÇÕES DOS MERCADOS LOCAIS DE TRABALHO:
ABORDAGENS ANALÍTICAS, LIMITES E DESAFIOS
GRÁFICO 1
Evolução anual do estoque de empregos formais, vínculos ativos em 31 de dezembro 75
Pelotas e Rio Grande – 2010 a 2015 (em números absolutos)
90.000
77.670 78.340 79.601 76.606
80.000 74.726
69.643
70.000
30.000
2010 2011 2012 2013 2014 2015
76
emprego, trabalho e renda – como no políticas públicas de emprego, bem
âmbito do debate acadêmico. como devido à inexistência de co-
missões municipais de emprego e de
O Observatório Social do Traba- secretarias municipais especializadas
lho tem tentado atuar nessas duas na área de trabalho e emprego16, o
dimensões, apesar das dificuldades Observatório não conseguiu avan-
enfrentadas até o presente momento. çar no sentido de produzir subsídios
efetivos aos gestores na análise e ava-
No que diz respeito à aproximação liação dessas políticas em âmbito
do Observatório com outras institui- municipal, uma vez que as mesmas
ções ligadas ao mundo do trabalho, são, com frequência, pensadas como
procurou-se implementar algumas o resultado de políticas mais amplas
parcerias, levantando e publicando de desenvolvimento local e regional.
15. Em 2014, entre 14 de outubro
uma série de indicadores como, por As diversas instituições públicas que
e 04 de novembro, promoveu-se
um Ciclo de Debates intitulado “As
exemplo, aqueles referentes à inter- atuam na área de trabalho e empre-
Transformações do Trabalho na Região
Sul do RS e o Papel das Instituições
mediação de mão de obra do Siste- go também não conseguem dialogar
Públicas”, dele participando o Sine/
Pelotas e o Cerest.
ma Nacional de Emprego (Sine) e e estabelecer um debate sobre suas
16. O município de Pelotas não aqueles referentes à saúde dos tra- ações. Neste sentido, as ações do
possui uma secretaria focalizada
em políticas de emprego, trabalho balhadores do Centro de Referência Observatório pouco avançaram nes-
e renda, apenas secretarias
de desenvolvimento, quais em Saúde do Trabalhador (Cerest). sa direção.
sejam: “Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Econômico e Procurou-se, ainda, organizar e ana-
Turismo” e “Secretaria Municipal
de Desenvolvimento Rural”, lisar os indicadores do Ministério da Um passo decisivo nessa direção foi
além da “Secretaria Municipal de
Assistência Social”, que faz a gestão Previdência Social sobre a concessão dado com a formação da Rede Ob-
das políticas de inclusão social no
município (PELOTAS, 2015). Já o de benefícios acidentários e de do- servatórios do Trabalho, desencadea-
município de Rio Grande possui
uma secretaria especializada ença profissional, mas a publicação da em meados de 2015 por iniciativa
que inclui tanto a questão do
desenvolvimento como a questão do desses indicadores ainda não foi im- do Ministério do Trabalho e do De-
emprego, denominada “Secretaria
de Município de Desenvolvimento, plementada. Criou-se, também, um partamento Intersindical de Esta-
Inovação, Emprego e Renda”. No
entanto, na descrição das atribuições espaço inicial de reflexão, no âmbi- tísticas e Estudos Socioeconômicos
dessa secretaria consta que ela
“tem por finalidade o planejamento, to acadêmico (seminários, debates), (DIEESE). Naquele ano, foram rea-
a proposição, a articulação, a
coordenação, a execução e a no qual vem se discutindo a ação de lizadas duas oficinas e um seminário
avaliação das políticas municipais
voltadas ao desenvolvimento algumas dessas instituições, desta- nacional destinados a discutir e for-
da indústria, do comércio, da
prestação de serviço, da ciência e cando-se, nesse particular, a partici- matar a rede que se encontra em pro-
tecnologia, do emprego e renda no
âmbito local e, de forma integrada, pação do Sine/Pelotas, do Ministério cesso avançado de estruturação e que
regional, valendo-se da criatividade,
da inovação e do planejamento Público do Trabalho e do Centro de terá um papel fundamental na con-
estratégico” (RIO GRANDE, 2015).
Aparentemente, a questão do Referência em Saúde do Trabalha- solidação técnica e metodológica dos
emprego aparece subsumida à
questão do desenvolvimento, dor (Cerest)15. observatórios do trabalho no Brasil.
algo muito comum nos discursos
políticos dominantes.
O OBSERVATÓRIO SOCIAL DO TRABALHO (UFPEL) E AS TRANSFORMAÇÕES DOS MERCADOS LOCAIS DE TRABALHO:
ABORDAGENS ANALÍTICAS, LIMITES E DESAFIOS
78
propriamente exterior ao ambiente públicas de emprego.
acadêmico, face não só à precariedade
das políticas públicas de emprego e ao De outro lado, no âmbito externo, e
frágil debate público e diálogo social dotado de recursos suficientes, o Ob-
sobre o tema trabalho, como também servatório pode ampliar suas ações
à limitação de recursos para ampliar tanto no sentido de estreitar os laços
suas ações. Nesse sentido, duas di- e parcerias com os atores e institui-
mensões devem ser priorizadas nas ções ligados ao mundo do trabalho,
ações futuras do Observatório. como no sentido de ampliar a pro-
dução de conhecimentos acadêmicos
De um lado, no âmbito interno, pre- que sirvam também para subsidiar
cisa-se ampliar as parcerias acadêmi- a ação dos gestores. Neste sentido,
cas que podem propiciar não apenas o passo dado nessa direção através
um maior volume de atividades na do acordo de cooperação técnica fir-
área, mas também um rico diálogo mado entre algumas universidades
interdisciplinar. A qualificação do públicas e o Ministério do Trabalho
Observatório é possível através da mostra-se estratégico.
participação de diversas áreas aca-
dêmicas, dentro ou fora das ciências Os próximos passos na execução
sociais, como as áreas de jornalismo desse projeto envolverão a intensi-
(qualificação da comunicação so- ficação da interação e do diálogo
cial), matemática e estatística (qua- com os gestores das políticas públi-
lificação do tratamento das bases de cas e com os demais atores envolvi-
dados estatísticos sobre mercado de dos com a temática do trabalho. As
trabalho), gestão pública e adminis- experiências desses gestores consti-
tração (qualificação da intervenção tuem um importante repositório de
junto às instituições públicas), di- conhecimento não só sobre o fun-
reito (qualificação da pesquisa e do cionamento do mercado de trabalho,
debate no âmbito dos direitos sociais mas também sobre a estrutura e fun-
e trabalhistas), psicologia e terapia cionamento das políticas públicas e
ocupacional (qualificação da inter- seus problemas.
venção no âmbito da questão da
saúde no trabalho), além das áreas Além disso, essa aproximação tam-
tradicionais das ciências sociais (ci- bém implicará o estímulo à dimen-
ência política e antropologia), com são essencial do diálogo social, que
as quais as parcerias podem ser in- envolve tanto os trabalhadores como
tensificadas, visando qualificar a com os empregadores. Trabalhadores
O OBSERVATÓRIO SOCIAL DO TRABALHO (UFPEL) E AS TRANSFORMAÇÕES DOS MERCADOS LOCAIS DE TRABALHO:
ABORDAGENS ANALÍTICAS, LIMITES E DESAFIOS
80
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2008.
CARDOSO, Adalberto. A construção da sociedade do trabalho no Brasil: uma
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O OBSERVATÓRIO SOCIAL DO TRABALHO (UFPEL) E AS TRANSFORMAÇÕES DOS MERCADOS LOCAIS DE TRABALHO:
ABORDAGENS ANALÍTICAS, LIMITES E DESAFIOS
82
do mercado de trabalho e as
fontes de informação necessárias
à sua compreensão: breve
exposição do caso paraense*
José Raimundo Trindade**
1.INTRODUÇÃO
Nas últimas duas décadas, mudanças profundas nas relações de trabalho capi-
talistas se observaram: novas práticas de gestão e organização do processo de
trabalho, além do uso de tecnologias flexíveis e, principalmente, uma crescen-
te desregulamentação das relações de assalariamento em nível internacional.
Em diversos países, observou-se a reestruturação produtiva e industrial como
parte das estratégias empresariais de adequação à crise do padrão de acumu-
lação assentado no pós-guerra (fordismo) e a insurgência de um regime de
“acumulação flexível”, pautado em uma “nova racionalização econômica” que
ensejou uma “crescente insegurança” no mundo do trabalho1. A retomada de
estudos que acompanhem as atuais alterações no mercado de trabalho brasi-
leiro, buscando desenvolver metodologia de acompanhamento periódico e de
oferecimento de análises qualificadas para a sociedade, constitui a fundamen-
* Agradeço à equipe do Observatório tação da construção de observatórios locais do mercado de trabalho.
Paraense do Mercado de Trabalho
(Opamet) e as críticas do DIEESE
que tornaram este trabalho melhor.
Erros e incompreensões, no entanto, Por solicitação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socio-
são somente de responsabilidade
do autor. econômicos (DIEESE) e do Observatório Nacional do Mercado de Trabalho
** Professor do Programa de Pós-
graduação em Economia da UFPA e
(ONMT/MTb) preparamos o artigo que segue, tendo, justamente como um
Coordenador do Opamet
dos objetivos tratar de elementos metodológicos, inclusive categoriais, para
1. A bibliografia que trata
das alterações no regime de análise do mercado de trabalho. Cumpre, também, objetivo deste breve texto,
assalariamento ao nível brasileiro
e global é variada. Podemos citar ensejar elementos da construção, ainda embrionária, do observatório local do
a título de ilustração os seguintes
trabalhos: Mattoso (1995); Oliveira mercado de trabalho.
et al. (1996); Alves (2009); DIEESE
(2008); Braga (2012); Harvey (2010).
AS DIMENSÕES DA FORMA SOCIAL DO MERCADO DE TRABALHO E AS FONTES DE INFORMAÇÃO NECESSÁRIAS À SUA COMPREENSÃO:
BREVE EXPOSIÇÃO DO CASO PARAENSE
84
senvolvidas pelo Opamet. Este núcleo se reúne semanalmente
(às terças-feiras), estabelecendo uma
A conformação do observatório deve-se agenda que inclui quatro atividades
à articulação do Programa de Pós-gra- permanentes: a confecção do Bole-
duação em Economia da Universidade tim Conjuntural do Emprego For-
Federal do Pará (PPGE/UFPa) com mal, o debate dos indicadores que
a Secretaria de Políticas Públicas de comporão o Relatório Anual do
Emprego do Ministério do Trabalho Mercado de Trabalho, a agenda de
(MTb), tendo sido firmado convênio pesquisa do grupo (constituída por
entre as duas instituições, com respon- planos de trabalho individuais) e es-
sabilidades compartilhadas através de tudos sobre temas específicos eleitos
um Termo de Cooperação Técnica2. semanalmente para discussão3.
Um dos objetivos fundamentais do
observatório é estabelecer um grupo Vale notar que o debate público e
permanente de especialistas no gran- acadêmico do mundo do trabalho
de tema das relações de trabalho, algo ganha com o observatório uma im-
que inclui, de um lado, a análise de portante ferramenta de produção e
cenários de mercado de trabalho e socialização de conhecimento, ao
indicadores de acompanhamento da mesmo tempo em que pode gerar
situação de empregabilidade e de ren- capacidade institucional de articu-
da no estado do Pará e nos cinco mu- lação dos atores sociais comprome-
nicípios foco de estudo e, por outro, tidos com as políticas públicas de
2. O Termo de Compromisso assim
como o Plano de Trabalho firmado promover estudos sobre o mercado de emprego, trabalho e renda. Fruto
entre a UFPa e o MTb relacionam um
conjunto de objetivos cujo principal trabalho, a fim de subsidiar a gestão e deste esforço foi o desenvolvimento
é “implantar e manter uma unidade
local de observação do mercado de o planejamento das políticas públicas do Relatório Estrutural do Mercado
trabalho, integrada ao observatório
nacional do mercado de trabalho”. de emprego e renda. de Trabalho4, que foi apresentado
Este Termo foi assinado em sua
primeira versão em novembro para sindicatos e gestores públicos
de 2015.
3. O site do Opamet (https://
O esforço inicial foi de mobilizar e enquanto primeira atividade de in-
goo.gl/p6kG0r) e sua página
no facebook (https://goo.
engajar um grupo de pesquisadores terlocução com os principais atores
gl/wfTTC5) disponibilizam os
principais trabalhos e atividades
que, a partir do interesse de análise sociais do mundo do trabalho.
desenvolvidas.
do mundo do trabalho, buscassem
4. O Relatório consolida uma
primeira versão de aplicação da também uma postura mais proativa 3. ELEMENTOS ESTRUTURAIS
base metodológica formulada
conjuntamente entre os de debate com a sociedade. O núcleo DA FORMA SOCIAL MERCADO
Observatórios Locais e coordenada
pelo Observatório Nacional (ONT). atual conta com dois professores, DE TRABALHO
O Relatório é constituído de cinco
seções de análise do mercado de nove alunos de graduação dos cursos
trabalho paraense centrada na
apresentação de 18 indicadores, de Economia, Ciências Sociais e Di- A análise do mercado de trabalho
para acesso ao Relatório: https://
goo.gl/gm2MMS. reito e quatro da pós-graduação (mes- pressupõe o entendimento da própria
AS DIMENSÕES DA FORMA SOCIAL DO MERCADO DE TRABALHO E AS FONTES DE INFORMAÇÃO NECESSÁRIAS À SUA COMPREENSÃO:
BREVE EXPOSIÇÃO DO CASO PARAENSE
86
desta forma de reprodução econô- riada – se combina com as formas de
mica: o regime salarial. Para desen- auto reprodução das mais variadas,
volver os componentes dimensionais além da oferta de bens e serviços re-
do que se convenciona chamar de lativamente autônoma aos vetores de
“mercado de trabalho” faz-se neces- acumulação de capital formais (in-
sário entender o caráter da reprodu- formalidades diversas), por mais que
ção econômica do capitalismo e das não haja na relação entre “formal” e
relações de trabalho dominantes. “informal” nenhum traço de “dua-
lismo” e sim complementariedade
Vale notar que o assalariamento entre os mesmos, constituindo uma
constitui, antes de tudo, o padrão interação presente permanentemen-
de organização social capitalista, te, e estrutural à formação capitalis-
cuja importância corresponde tan- ta nacional (THEODORO, 2005;
to à produção da riqueza líquida OLIVEIRA, 2003).
(excedente econômico), quanto à
reprodução das condições sociais e Em termos clássicos, o mercado de
econômicas gerais. Esse padrão, po- trabalho converge para a contraposi-
rém, não é homogêneo nas diferen- ção entre ofertantes e demandantes
tes sociedades e economias, havendo da mercadoria força de trabalho. O
graus diferenciados de preponderân- entendimento da especificidade dessa
cia de assalariamento conforme a mercadoria é central para a análise es-
formação social. trutural do capitalismo (BRUNHO-
FF, 1985, 1991). A mercadoria força
No caso brasileiro, por exemplo, as de trabalho proporciona uma massa
condições estruturais capitalistas não de valor superior ao seu próprio valor
processaram a universalização do as- de reprodução, agindo no processo
salariamento e, mesmo nos setores produtivo de forma diferente das de-
em que ele é a regra, parcelas impor- mais mercadorias que somente inte-
tantes da força de trabalho ocupada gram o referido processo.
não é contratada mediante o regime
de assinatura da carteira de traba- A relação de troca desta mercadoria
lho, constituindo formas mais ou estabelece a base contratual funda-
menos precárias de assalariamento, mental do sistema, sendo que o as-
característicos da heterogeneidade salariamento é o centro dinâmico do
ocupacional no mercado de traba- próprio capitalismo. A relação sala-
lho. Assim, a base de determinação a rial é uma contratação conflituosa
partir da acumulação de capital – de- que envolve processos mercantis con-
AS DIMENSÕES DA FORMA SOCIAL DO MERCADO DE TRABALHO E AS FONTES DE INFORMAÇÃO NECESSÁRIAS À SUA COMPREENSÃO:
BREVE EXPOSIÇÃO DO CASO PARAENSE
88
1988; BOYER, 2009). No caso nacional, correspondendo a certo pa-
brasileiro, a sustentabilidade das drão médio de assalariamento, sen-
dinâmicas indústrias dos duráveis do estabelecidas jornadas médias de
se deu com base em um consumo trabalho, salários mínimos e médios,
restringido de produtos primários produtividade média setorial e grau
e crédito facilitado – implicando o médio setorial de intensidade de es-
endividamento interno – com vistas forço de trabalho. No caso brasileiro
ao alargamento desta demanda. A este padrão inclui os trabalhadores
opção pelo modelo de concentração assalariados com carteira de trabalho
da renda ou de demanda restringida assinada, assim como os estatutários
implicou, no caso brasileiro, entre e os militares. A categoria propos-
outros aspectos, a não incorpora- ta tem o objetivo de verificar como
ção dos ganhos de produtividade à a regulamentação e as condições de
determinação do nível real de salá- normalidade das relações de trabalho
rios, mesmo nos setores dinâmicos se projetam historicamente.
da economia (OLIVEIRA, 2003;
MATTOSO, 1995). A RTAN é uma forma social histó-
rica, sendo estabelecida em confor-
A regulação social refere-se, por sua midade com as realidades nacionais,
vez, à interação de formas sociais podendo ser mais ou menos flexíveis
vinculadas ao estabelecimento de a depender das características estru-
6. Esta legislação social das relações
de trabalho teve no famoso “Fair
regramentos sobre o “uso e dispo- turais de cada formação nacional.
Labor Standards Act”, de 1938,
do “New Deal” de Roosevelt, um
nibilidade” da mercadoria força de Segundo Lipietz (1988, p. 52) o re-
primeiro ensaio de gestão estatal
da força de trabalho. Essa lei
trabalho. A forma mais visível refere- gime salarial estabelecido no pós-
determinava, entre outras coisas, um
salário mínimo, jornada máxima de
se à legislação social, compondo um guerra nas chamadas economias
trabalho, regulamentava a hora-
extra e proibia o trabalho infantil
sistema de regras de contratualidades centrais, caracterizava-se pelos “acor-
(BRUNHOFF, 1985, p. 76). No Brasil o
governo de Vargas cria em maio de
que garantiram a institucionalização dos coletivos constringentes para o
1943 a chamada Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), cujas normas
dos mercados de trabalho nos paí- conjunto dos empregadores de um
atributivas e regulamentadoras
regem, até hoje, as relações formais
ses centrais, estabelecendo normas ramo ou região de produção”, o que
de trabalho no país.
de controle social sobre as empresas inviabilizava a concorrência pelos
7. Freyssenet (2009, p. 27) observa
que, na Europa como um todo, quanto à contratação e demissão de salários baixos6. As alterações mais
houve, nas últimas três décadas,
a disseminação de “formas mão de obra, remuneração mínima recentes, nas duas últimas décadas,
particulares de emprego”, sendo
que as relações contratuais de e jornada de trabalho máxima, o demonstram que a flexibilidade da
trabalho são distintas dos contratos
“normais”, ou seja, “do trabalho que propomos denominar de Rela- relação normal se impõe historica-
em tempo integral, de duração
indeterminada, com um empregador ção de Trabalho Assalariado Normal mente, porém com certo nível de
único que é o usuário efetivo da força
de trabalho”, porém os contratos (RTAN). Essa forma contratual, nor- rigidez necessária à manutenção da
normais ainda se mantêm como
forma majoritária no emprego total. mal na maioria dos países, é subme- ordem reprodutiva capitalista7. As-
AS DIMENSÕES DA FORMA SOCIAL DO MERCADO DE TRABALHO E AS FONTES DE INFORMAÇÃO NECESSÁRIAS À SUA COMPREENSÃO:
BREVE EXPOSIÇÃO DO CASO PARAENSE
RTAN
Padrão Médio de Relações
Formais de Assalariamento
Dimensão Mobilidade Ocupacional Dimensão Desligamentos
92
próprios e que, em função desses a socialização do conhecimento das
“marcadores” sociais, requerem principais fontes de dados disponí-
acompanhamento. Definimos cin- veis possibilita condições favoráveis
co marcadores sociológicos que ao desenvolvimento econômico e so-
estabelecem nichos de acompa- cial. A análise das unidades estadu-
nhamento específicos: a) cor/raça; ais e municipais, quanto aos aspectos
b) gênero; c) juventude; d) idosos; mais gerais do mercado de trabalho,
e) deficiência física e mental. A ca- como teoricamente tratado, possi-
racterística e dimensão volumétri- bilita uma melhor ação dos agentes
ca própria de cada um desses seg- sociais, a seção seguinte busca desen-
mentos influenciam, por sua vez, volver essa primeira aproximação em
as demais dimensões, bem como relação ao estado do Pará e alguns
têm impacto nos condicionantes dos municípios que o constitui.
primários estabelecidos (produti-
vidade, regulação social e conflitos 4. EMPREGO E RENDA NO PARÁ E
sociais). NAS PRINCIPAIS CIDADES: UMA
PRIMEIRA ANÁLISE APROXIMATIVA A
O domínio e capacidade de uso das PARTIR DAS DIMENSÕES PROPOSTAS
fontes de informação disponíveis
sobre as relações de trabalho, consi- Com base em dados do Censo De-
derado “o manejo de códigos em per- mográfico e da Pesquisa Nacional
manente atualização, articulando os por Amostra de Domicílios (Pnad)
trabalhadores intelectuais dos dife- do Instituto Brasileiro de Geografia
rentes campos do saber” (BOLAÑO, e Estatística (IBGE) e da Relação
2007, p. 42), possibilita a melhor in- Anual de Informações Sociais (Rais)
teração entre os agentes sociais en- do Ministério do Trabalho (MTb)
volvidos com as políticas públicas fazemos neste texto breve balan-
de emprego e renda e, ao mesmo ço crítico da evolução do mercado
tempo, posiciona a sociedade quanto de trabalho do Pará e de suas cinco
aos possíveis agravamentos das cri- maiores cidades em termos do PIB e
ses econômicas e suas consequências da população (Belém, Ananindeua,
sociais. Uma das etapas principais Marabá, Santarém e Parauapebas),
necessárias ao domínio das fontes sob o ponto de vista das condições
de informações disponíveis refere-se de emprego e renda, visualizando
à compreensão de sua codificação e aspectos como desemprego, grau de
origem. O conhecimento sobre esses informalidade, renda média e princi-
aspectos possibilita o uso mais efi- pais setores de emprego formal.
AS DIMENSÕES DA FORMA SOCIAL DO MERCADO DE TRABALHO E AS FONTES DE INFORMAÇÃO NECESSÁRIAS À SUA COMPREENSÃO:
BREVE EXPOSIÇÃO DO CASO PARAENSE
94
formalidade acima de 60% da PEA no médio prazo, como se verá com
(Santarém). Mesmo no caso da capital a rápida desestruturação recente,
(Belém), as relações formalizadas in- a partir da crise de 2011. Por mais
cluem somente metade da população que se tenha tido uma certa elevação
ocupada. Neste caso, considera-se, do assalariamento celetista, o nível
para efeito de análise, a informalidade de informalidade permanece muito
como sendo resultante dos trabalha- elevado, preponderando empregos
dores empregados sem carteira e os informais e precários, ou seja, assa-
conta-próprias, que inclui tanto os tra- lariamento sem carteira de trabalho
balhadores urbanos, quanto rurais14. assinada, algo visível em todo Estado
e relevante nos municípios focaliza-
O principal avanço registrado na dos, como pode ser visto no Gráfico
década passada pode ser observado 1. A restrição do trabalho assalariado
nos números referentes à ocupação formal (Gráfico 2), que correspondia
assalariada formal (celetistas, esta- a 54,4% dos ocupados no Pará, em
tutários e militares), com o parcial 2014, também é um indicador da
avanço das relações do tipo RTAN, fragilidade das relações de trabalho
porém com elevada instabilidade e no estado.
TABELA 1
Indicadores de atividade econômica e ocupação no mercado de trabalho
Pará e Municípios Selecionados (2010)
Unidade Federativa
Indicador Ananin- Santa-
Belém Marabá Parauapebas Pará
deua rém
PIB Per Capita (em R$) 13.506,19 8.692,24 7.835,47 14.814,51 97.342,96 10.876,00
14. A taxa de informalidade
considerada corresponde a Pop. em Idade Ativa (PIA)(1) 1.188.026 394.224 234.565 185.156 122.067 5.701.872
razão entre o total da população
empregada sem carteira de trabalho
assinada (SCart) e aqueles que Pop. Econ. Ativa (PEA) 663.589 225.162 125.665 103.197 71.569 3.206.614
trabalham por conta própria (CC) em
relação a população empregada com Pop. Ocupada (PO) 595.399 199.899 114.556 93.234 63.804 2.901.986
carteira de trabalho assinada, do
setor público (ME) e do setor privado
(CCart); empregadores (E); como
Pop. Desocupada (PD) 68.190 25.263 11.109 9.963 7.765 304.628
também a população empregada
sem carteira de trabalho assinada Taxa de Atividade
e por conta própria. Em termos 55,9% 57,1% 53,6% 55,7% 58,6% 52,8%
formais, (PEA/PIA)
SCart + CC
Taxa de Informalidade = × 100 .
CCart + ME + E + SCart + CC (continua)
AS DIMENSÕES DA FORMA SOCIAL DO MERCADO DE TRABALHO E AS FONTES DE INFORMAÇÃO NECESSÁRIAS À SUA COMPREENSÃO:
BREVE EXPOSIÇÃO DO CASO PARAENSE
TABELA 1
Indicadores de atividade econômica e ocupação no mercado de trabalho 95
Pará e Municípios Selecionados (2010) (continuação)
Unidade Federativa
Indicador Ananin- Santa-
Belém Marabá Parauapebas Pará
deua rém
Taxa de Desocupação
10,3% 11,2% 8,8% 9,7% 10,8% 9,5%
(PD/PEA)
Nível de Ocupação
50,1% 50,7% 48,8% 50,4% 52,3% 50,89%
(PO/PIA)
Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010
Elaboração do autor
Nota (1): Considera-se a parcela da população acima de 10 anos de idade que se encontra ocupada ou desocupada
GRÁFICO 1
Distribuição dos ocupados no Estado do Pará e municípios selecionados, segundo
formalidade e informalidade
2010 (em %)
100%
90%
80% 68,5 49,5 51,2 53,6 40,6 56,9
70%
60%
Situação de
50% informalidade (%)
40%
Situação de
30% formalidade (%)
20%
31,5 50,5 48,8 46,4 59,4 34,1
10%
0%
Pará Belém Ananindeua Marabá Parauapebas Santarém
Nas duas últimas décadas, a economia 261 mil, em 2000, para 357 mil, em
de Belém aprofundou uma tendência 2009, com uma taxa de crescimento
já presente na década anterior: a per- médio de emprego de 3,6%, distri-
da de dinamicidade industrial para buídos em quatro segmentos princi-
outros municípios, porém reverten- pais: administração pública, que em
do, parcialmente, o peso econômico 2000 respondia por quase 41,0% dos
via setor terciário, especialmente ser- empregos formais; serviços e comér-
viços especializados e um novo boom cio, responsáveis no início da década
imobiliário centrado na capacidade por 46,5% dos empregos; indústria
comercial da cidade, principalmente a de transformação com uma partici-
partir de 2005 com o crescimento da pação de 5,6% e finalmente, cons-
indústria de construção civil, puxada trução civil, com 4,7% do total. Em
pelos investimentos do Programa de 2009, os setores de serviços e comér-
Aceleração do Crescimento (PAC) e cio já respondiam por 51,5% daquele
Minha Casa Minha Vida. total, e a indústria de transformação
tinha reduzido sua participação para
Vale observar, pelos dados do Ca- somente 4,5% do total.
dastro Geral de Empregados e De-
sempregados (Caged/MTb), que Esses números aparentemente acom-
em 10 anos o estoque de empregos panham a tendência de aumento da
com carteira assinada na capital pa- importância do setor terciário nas
raense passou de aproximadamente economias urbanas no país, porém as
AS DIMENSÕES DA FORMA SOCIAL DO MERCADO DE TRABALHO E AS FONTES DE INFORMAÇÃO NECESSÁRIAS À SUA COMPREENSÃO:
BREVE EXPOSIÇÃO DO CASO PARAENSE
90,4
88,2
86,5
85,7
83,5
82,8
80,7
71,8
70,9
70,5
70,0
68,6
68,2
67,7
66,0
65,3
68,2
64,1
63,9
63,4
63,4
62,3
61,9
61,4
61,4
59,1
55,6
54,8
52,9
52,9
52,6
50,2
48,9
48,9
47,8
2002 2004 2006 2008 2011 2012 2014
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TRINDADE, J. R. B. A metamorfose do trabalho na Amazônia. Belém: Editora da
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Observatório do Mercado 101
de Trabalho do Maranhão:
considerações sobre o processo
de implantação e organização
Tadeu Gomes Teixeira, Flávia de Almeida Moura,
Bruno Rogens Ramos Bezerra*
1. APRESENTAÇÃO
102
são a) impulsionar estudos sobre Intersindical de Estatísticas e Es-
trabalho e mercado de trabalho na tudos Socioeconômicos (DIEESE),
Universidade Federal do Maranhão; pelos Observatórios do Trabalho da
b) analisar as características do mer- Bahia, do Instituto Federal de Goiás,
cado de trabalho maranhense; c) di- pelo Instituto de Pesquisa Econômi-
fundir estatísticas sobre trabalho e d) ca Aplicada (Ipea), entre outros.
subsidiar políticas públicas de traba-
lho, emprego e renda no Maranhão. A diretriz para constituição dos Ob-
servatórios do Trabalho estabelecia o
Desde o início do processo de im- desenvolvimento e a apropriação de
plantação, o OMT-MA foi estru- um conjunto de indicadores sobre os
turado em Coordenação Geral1, temas da demografia, setores de ativi-
Coordenação Técnica, Coordena- dade econômica, ocupação e desocu-
ção Organizacional, Pesquisadores pação, políticas de emprego, trabalho
e Assistentes de Pesquisa. A equipe é e renda, para acompanhamento das
formada por três professores doutores, características do mercado de traba-
que estão na Coordenação, um pes- lho em âmbito local e regional.
quisador de nível técnico com mestra-
do na área de Ciências Sociais e cinco O processo de apropriação metodo-
alunos de graduação. lógica por parte dos integrantes do
OMT-MA foi acompanhado pela
Na próxima seção, apresenta-se o interlocução com representantes
percurso metodológico seguido no do poder público, sobretudo com a
OMT-MA para a compilação e di- Secretaria de Estado de Trabalho e
vulgação de estatísticas do trabalho Economia Solidária do Estado do
e, a partir disso, proceder à interlo- Maranhão (Setres) e representantes
cução com o poder público e a socie- locais do Sistema Nacional de Em-
dade maranhense. prego (Sine-MA).
1. Os integrantes do OMT-MA são
os seguintes: Dr. Marcelo Sampaio
Carneiro (coordenador geral), IMPLANTAÇÃO DO OMT-MA: Nesse sentido, desde a primeira ativi-
dra. Flávia de Almeida Moura
(coordenadora organizacional), Dr. DESAFIOS METODOLÓGICOS dade, o OMT-MA incentivou a par-
Tadeu Gomes Teixeira (pesquisador
desde a implantação e coordenador E INTERLOCUÇÃO SOCIAL ticipação de atores sociais e agentes
técnico a partir de agosto de 2016),
Dr. Paulo Keller (coordenador públicos, com uma oficina ministra-
técnico até julho de 2016 e
pesquisador a partir de então), prof. Após celebrar o convênio com a da pelo analista técnico de Políticas
ME. Bruno Rogens (pesquisador),
Anacleto Aníbal Xavier Domingos e SPPE/MTb, o OMT-MA teve acesso Sociais da SPPE/MTb e Coordena-
Cellyna Manuelle Silva da Paixão
(assistentes de pesquisa), sendo aos dicionários, relatórios e estudos dor Geral do Observatório Nacional
incluídos posteriormente mais três
assistentes de pesquisa. preparados pela Rede Observatórios do Mercado de Trabalho, Vinícius
OBSERVATÓRIO DO MERCADO DE TRABALHO DO MARANHÃO:
CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO
104
mercado de trabalho de cinco muni- ta Filho (Unesp) e pesquisador de
cípios maranhenses, como previsto temas relacionados ao trabalhador
no convênio com o Ministério do rural, complexo sucroalcooleiro e
Trabalho: São Luís, Açailândia, Im- políticas agrícolas. O objetivo prin-
peratriz, Codó e Barreirinhas. cipal do evento foi reunir pesquisa-
dores, professores, agentes públicos,
Ainda no âmbito da qualificação dos sindicalistas, estudantes e sociedade
membros do OMT-MA, a equipe do para discutir os desafios relacionados
DIEESE, através do Convênio com ao mercado de trabalho no contex-
o MTb, realizou uma oficina duran- to atual. Neste sentido, o encontro
te três dias no mês de maio de 2016, possibilitou estreitar vínculos com a
da qual participaram os integrantes sociedade civil e divulgar o processo
do Observatório e servidores do Sine de implantação do OMT-MA.
do Maranhão. O objetivo foi capa-
citar os participantes para utilizar os Durante a organização do I Encon-
registros administrativos do Ministé- tro, a equipe do OMT-MA pode
rio do Trabalho nas análises sobre o estreitar o relacionamento com o po-
mercado de trabalho local. der público estadual, principalmente
com a Setres do Maranhão, que além
A consolidação do OMT-MA junto de ajudar com recursos para viabilizar
à comunidade acadêmica e também o evento, também se interessou pela
à sociedade maranhense se deu na proposta e tem realizado várias par-
realização do I Encontro do Obser- cerias com a equipe do observatório.
vatório do Mercado de Trabalho no Desde então, a equipe do Observa-
Maranhão, ocorrido em julho de tório esteve presente em várias reuni-
2016 na UFMA. Na ocasião, além ões e eventos promovidos pela Setres,
dos pesquisadores do Maranhão, integrando o Grupo de Trabalho
estiveram presentes integrantes da sobre Mulheres e Pessoas com Defi-
Rede Observatórios do Trabalho ciência, além de ministrar formações
(Pelotas, Pernambuco, Bahia, Pará para agentes públicos de emprego,
e Campina Grande), especialistas na representantes de agências estaduais
área de trabalho, como os professores do Sine da capital e de municípios
José Dari Krein, do Instituto de Eco- do interior do estado. Realizaram-se
nomia da Unicamp e pesquisador também reuniões técnicas com a di-
do Cesit (Centro de Estudos Sindi- retoria do Sindicato dos Bancários do
cais e Economia do Trabalho) e José Maranhão, tendo em vista possíveis
Giacomo Baccarin, da Universidade articulações de trabalho.
OBSERVATÓRIO DO MERCADO DE TRABALHO DO MARANHÃO:
CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO
Para encerrar o primeiro ano de im- ção e sindicalistas, sobretudo, por es-
105
plantação do OMT-MA, foi reali- sas informações mensalmente.
zada a I Oficina de articulação com
agentes públicos no dia 15 de dezem- O Boletim Mensal abrange o Estado
bro de 2016, ocasião em que foram do Maranhão.
publicados os Boletins Estruturais e
Conjunturais. Os temas e indicadores presentes no
boletim foram selecionados para 1)
3. ESTUDOS E RELATÓRIOS: evidenciar o desempenho do merca-
PRODUTOS DO OMT-MA do de trabalho e 2) indicar o perfil
do trabalhador admitido e desligado
O OMT-MA elaborou, a partir dos no mês de referência.
eixos metodológicos, quatro rela-
tórios para atender à demanda do Assim, na primeira seção do Boletim,
ONMT e para acompanhar a dinâ- há informações sobre os seguintes te-
mica local do mercado de trabalho: mas no que se refere ao desempenho
1) Relatório Mensal; 2) Relatório do mercado de trabalho maranhense:
Conjuntural; 3) Relatório Estrutural
Municipal e, por fim, 4) Relatório • Saldo de empregos formais no
Estrutural do Maranhão2. Nordeste e no Maranhão;
106
ram postos de trabalho no mês de mercado de trabalho e as característi-
referência. cas demográficas. Com periodicida-
de trimestral, abrange o Estado e a
Quanto ao perfil do trabalhador, os capital, São Luís.
seguintes aspectos foram seleciona-
dos para acompanhamento: O Boletim Conjuntural está orga-
nizado em três seções: 1) Caracte-
• Admitidos e desligados por sexo rização Demográfica; 2) Aspectos
no mês de referência; Estruturais do Mercado de Trabalho
e 3) Mercado de Trabalho Formal.
• Grau de instrução dos admitidos
no mês de referência; Os indicadores e temas monitorados
são os seguintes:
• 10 ocupações que mais admiti-
ram no mês de referência; • Distribuição da população mara-
nhense por sexo;
• 10 ocupações que mais demitiram
no mês de referência; • Distribuição da população mara-
nhense por grupos de idade;
• Faixa salarial média dos admiti-
dos e desligados no mês de refe- • Distribuição da população mara-
rência; nhense por nível de instrução;
108
ta-se, na próxima seção, uma carac-
• População Ocupada (PO) por es- terização e tendências da ocupação
colaridade no Maranhão.
GRÁFICO 1
Evolução da taxa de desocupação no Brasil, Nordeste, Maranhão e São Luís
3º trimestre de 2013 ao 3º. trimestre de 2016 - Em %
60
#+"'$
50
14,7
40
##"&$
14,3
10,6
9,1
30
8,4
#("#$
7,7 7,4 6,7
20
10,8
9,4 9 8,6
11,8
10
8,9
7,1 6,9 6,8
0
3º trimestre 2012 3º trimestre 2013 3º trimestre 2014 3º trimestre 2015 3º trimestre 2016
GRÁFICO 2
Evolução da População Ocupada por Posição na Ocupação entre 2000 e 2010 - Em %
35,7
Conta própria
27,5
1,3
Empregador
0,9
11,4
Trabalhador na produção para o próprio consumo
12,4
9,4
Não remunerado em ajuda a membro do domicílio
3,3
23,7
Empregado sem carteira de trabalho assinada
28,9
6,2
Empregado – militar e funcionário público estatutário
5,9
12,4
Empregado com carteira de trabalho assinada
21,6
2000 2010
28,1
Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e...
19,8
6,4
Indústria geral
6,6
5,0
Indústria de informação
5,3
9,8
Construção
9,7
1,8
Comércio, reparação de veículos automotores e ...
21,5
3,5
Transporte, armazenagem e correio
4,1
3,1
Alojamento e alimentação 4,9
4,3
Informação, comunicação e atividades finaceiras, ...
4,4
16,2
Administração pública, defesa, seguridade social, ...
18,6
4,4
Outro serviço
4,4
6,0
Serviço doméstico
6,0
3º trimestre 2012 3º trimestre 2013 3º trimestre 2014 3º trimestre 2016
GRÁFICO 4
Evolução do estoque de vínculos de empregos formais no Maranhão 111
2003 a 2015 (em números absolutos)
562.275
540.010
482,938
400.154
348.761
2003 2005 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Masculino Feminino
TABELA 1
Distribuição da população maranhense por faixa de rendimento médio mensal
Maranhão - 2011, 2013 e 2015 (em %)
Faixas de rendimento 2011 2013 2015
114
versos formatos: mensal, trimestral e maranhense, elementos que estão
semestral, contemplando tanto uma alinhados, portanto, ao propósito de
análise de municípios selecionados, produção de informações locais so-
como também aspectos conjunturais bre o mercado de trabalho.
OBSERVATÓRIO DO MERCADO DE TRABALHO DO MARANHÃO:
CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO
116
do Trabalho de Pernambuco:
atividades iniciais e alguns
resultados preliminares
1. APRESENTAÇÃO
118
OMNT-PE. não demarcará seus estudos de dados
levantados a partir de uma única op-
Mesmo com os objetivos destacados, ção teórica.
uma pergunta de caráter geral tor-
nou-se fundamental, pois orientará, A abrangência das questões desta-
ao menos até novos questionamentos, cadas permite agregar, além das in-
os subsídios levantados/pesquisados, formações em caráter de subsídios
enriquecendo o saber-fazer em ter- para análise do mercado do traba-
mos de procedimentos metodológi- lho (mais técnico-descritivo do que
cos e também teóricos do OMT-PE. teórico8), possibilidades de reflexões
variadas sobre o tema, as quais não
Assim, no âmbito mais geral, uma deixarão de dialogar com as mais
questão estruturou nosso horizonte diversas linhas teóricas, mas que de-
teórico-metodológico: A partir da In- verão possibilitar, antes de tudo, ne-
fluência de Aspectos Estruturais e Con- cessárias interpretações do mercado
junturais do Mercado do Trabalho, de trabalho em Pernambuco em ter-
como é possível compreender e iden- mos estruturais e conjunturais
tificar quem é a nossa Classe Traba-
lhadora? Isso se desdobrou em duas O OMT-PE foi instalado e teve o
importantes indagações: (1) Quem é início formal de suas atividades em
e como é o fazer-se trabalhador(a)? e fevereiro de 2016, com a formaliza-
(2) Como o mercado de trabalho está ção do convênio entre a UFPE e o
organizado em termos de suas dinâmi- Ministério do Trabalho, embora -
cas de modo diacrônico e sincrônico? como destacado - as ações tenham
começado a ser desenvolvidas meses
Aqui, reflexões clássicas e contempo- antes.
râneas sobre classe social (ALVES,
2000; ANTUNES, 2005; BOUR- Inicialmente o foco dos estudos, que
DIEU, 2008; BRAGA, 2012; PO- será ampliado a partir de 2017, tem
CHMANN, 2012; SOUZA, 2011; em seis municípios da Região Metro-
STANDING, 2013; THOMPSON, politana do Recife (RMR) sua fonte
9. Em alguns momentos, existirá 1997; WRIGHT, 2015) e merca- empírica de análise: Cabo de Santo
a produção de informações com
caráter mais descritivo (sem que do de trabalho (BARBOSA, 2008; Agostinho, Camaragibe, Jaboatão
isso signifique ausência de análises
mais aprofundadas) e, em outros (a CARDOSO, 2010; SORENSEN, dos Guararapes, Paulista, Olinda
depender o público solicitante e da
necessidade), a pesquisa poderá ter 2015) apresentam-se como essen- e Recife compõem o nosso quadro
um caráter mais acadêmico (sem
deixar de expressar e conter uma ciais, especialmente a depender dos para desenvolvimento de análises e
linguagem acessível ao público
em geral). sujeitos focalizados na análise a ser debates dos dados.
OBSERVATÓRIO DO MERCADO DO TRABALHO DE PERNAMBUCO:
ATIVIDADES INICIAIS E ALGUNS RESULTADOS PRELIMINARES
120
mento sindical e setores do patro- na composição da tabela (como as
nato, o que se torna mais ágil. diferentes fontes e bancos de dados).
122
FORMAL EM PERNAMBUCO siderável na participação dos salários
na renda nacional, ocorrendo uma
3.1 EVOLUÇÃO DO EMPREGO inversão no que tinha acontecido an-
FORMAL – 2004-2015 teriormente, porque “entre 2004 e
2010, o peso dos salários subiu 10,3%
Saída de uma década de grandes difi- e o da renda da propriedade decresceu
culdades econômicas (os anos 1990) 12,8%” (POCHMANN, 2012, p. 9).
que apresentou um quadro recessivo
com profundas repercussões negati- Distintamente do que ocorreu no
vas no mercado de trabalho em todo decênio de 1990 no Brasil, houve,
país (aumento da informalidade, pre- no início do século XXI, a retomada
carização das relações de trabalho, do crescimento econômico a partir
desemprego, por exemplo), a primei- de 2003, o que conduziu o país a 10
ra metade do decênio de 2000 ainda anos seguidos de saldos positivos no
sentiu a força desse impacto negativo. que diz respeito ao número de vín-
Dois indicadores sintetizam tal ques- culos de empregos formais gerados
tão no País: se, por um lado, o Brasil conforme revela o Gráfico 1.
foi palco do decréscimo da renda no
universo do trabalhador, de outro, Nos últimos anos, a estagnação e
houve uma considerável concentra- a queda do Produto Interno Bruto
ção da renda da propriedade entre nacional (que variou 0,1% em 2014,
os anos de 1995 a 2004. A partir de e -3,8% em 2015) refletiram-se em
dados do IBGE, Marcio Pochmann um mercado de trabalho formal
frisou o seguinte sobre esse momento com menor potencial de geração de
histórico nacional: postos de trabalho, bem como uma
elevação dos números referentes a
Assim, por nove anos seguidos houve a desligamentos.
trajetória de queda na participação sa-
larial na renda nacional, acompanha- Observa-se, também no Gráfico 1,
da simultaneamente pela expansão das que a partir de 2012 o mercado de
rendas da propriedade, ou seja, lucros, trabalho formal começou a dar si-
juros, renda da terra e aluguéis. Entre nais de menor dinamismo, com os
1995 e 2004, por exemplo, a renda do saldos positivos declinando acentu-
trabalho perdeu 9% de seu peso rela- adamente nos três anos seguintes.
tivo na renda nacional, ao passo que Em 2014, o crescimento zero da
a renda da propriedade cresceu 12,3% economia coincidiu com um saldo
(POCHMANN, 2012, p. 9). positivo pequeno na geração de vín-
OBSERVATÓRIO DO MERCADO DO TRABALHO DE PERNAMBUCO:
ATIVIDADES INICIAIS E ALGUNS RESULTADOS PRELIMINARES
GRÁFICO 1
Saldos anuais de vínculos de empregos formais gerados
Brasil - 2004-2015
2.136.947
2.500.000
1.617.392
1.566.043
2.000.000
1.523.276
1.452.205
1.228.686
1.253.981
1.500.000
995.111
868.241
730.687
1.000.000
500.000
152.714
2015
0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
–500.000
–1.000.000
–1.500.000
–1.625.551
–2.000.000
98.505
100.000
70.062
52.800
46.348
46.717
40.230
37.426
38.885
50.000
27.800
5.062
2014 2015
0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
–25.517
–50.000
–100.000
–92.100
–1050.000
GRÁFICO 3
Saldo mensal de vínculos de emprego formal em PE
Janeiro a setembro - 2015-2016
15.721
9.035 15.248
–20.154
PE 2015 PE 2016
126
TABELA 1
Distribuição do estoque de vínculos de emprego formal por atividade econômica (CNAE 2.0 Seção) –
2006 x 2015 (em %)
CABO CAMARAGIBE JABOATÃO OLINDA PAULISTA RECIFE
Setores de atividade
econômica 2006 2015 2006 2015 2006 2015 2006 2015 2006 2015 2006 2015
Agricultura, Pecuária,
Produção Florestal, Pesca e
Aquicultura 4,4 1,9 1,9 1,2 2,0 0,6 0,1 0,0 0,1 0,5 0,5 0,3
Indústrias Extrativas 0,0 0,1 0,0 0,0 0,2 0,2 0,0 0,0 0,0 0,2 0,1 0,0
Indústrias de Transformação 39,9 30,8 9,1 10,1 18,0 15,0 6,6 4,9 20,8 18,6 5,4 4,1
Eletricidade e Gás 0,4 0,4 0,0 0,0 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 0,5 0,5
Água, Esgoto, Atividades
de Gestão de Resíduos e
Descontaminação 0,0 0,2 0,1 0,1 2,8 0,7 1,6 1,6 0,3 1,2 1,0 1,1
Construção 6,7 9,2 1,4 2,6 3,1 5,3 7,1 8,8 2,6 5,1 5,8 7,5
Comércio, Reparação de
Veículos Automotores e
Motocicletas 12,7 17,7 23,9 31,5 18,2 22,5 11,9 12,8 19,0 24,1 17,5 16,5
Transporte, Armazenagem e
Correio 4,0 9,8 11,3 1,5 9,8 11,7 6,9 6,9 0,5 1,5 3,3 3,9
Alojamento e Alimentação 2,8 3,4 1,8 3,6 3,4 4,6 3,1 3,5 1,8 3,9 4,0 4,4
Informação e Comunicação 0,1 0,2 0,1 0,7 1,9 3,8 1,6 0,9 0,2 0,5 1,7 2,1
Atividades Financeiras,
de Seguros e Serviços
Relacionados 0,4 0,8 0,8 1,1 0,5 0,5 1,1 0,8 0,7 0,6 1,9 1,7
Atividades Imobiliárias 0,0 0,1 0,3 1,1 0,1 0,2 0,0 0,1 0,0 0,0 0,2 0,3
Atividades Profissionais,
Científicas e Técnicas 0,8 0,9 0,4 0,8 0,3 8,1 2,5 4,0 0,7 4,4 2,3 3,1
Atividades Administrativas e
Serviços Complementares 2,8 2,5 2,9 9,4 19,6 9,2 39,4 36,3 15,9 8,9 11,0 13,4
Administração Pública, Defesa
e Seguridade Social 21,8 14,7 32,4 24,7 13,1 9,1 8,8 8,3 27,3 15,6 31,1 24,8
Educação 1,3 2,5 4,1 7,4 3,4 3,5 3,9 4,8 5,1 5,8 3,7 6,0
Saúde Humana e Serviços
Sociais 0,9 4,0 7,2 1,3 1,5 3,2 2,6 4,1 2,4 5,5 5,7 6,7
(continua)
OBSERVATÓRIO DO MERCADO DO TRABALHO DE PERNAMBUCO:
ATIVIDADES INICIAIS E ALGUNS RESULTADOS PRELIMINARES
TABELA 1
Distribuição do estoque de vínculos de emprego formal por atividade econômica (CNAE 2.0 Seção) – 127
2006 x 2015 (em %) (continuação)
CABO CAMARAGIBE JABOATÃO OLINDA PAULISTA RECIFE
Setores de atividade
econômica 2006 2015 2006 2015 2006 2015 2006 2015 2006 2015 2006 2015
Artes, Cultura, Esporte e
Recreação 0,0 0,1 1,1 1,4 0,2 0,2 0,4 0,4 1,4 0,7 0,5 0,6
Outras Atividades de Serviços 0,9 1,0 1,2 1,5 2,0 1,4 2,3 1,7 1,1 2,8 3,8 3,2
Serviços Domésticos 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Organismos Internacionais
e Outras Instituições
Extraterritoriais 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Total 100 100 100 100 100 100 100 100,0 100 100 100 100
Fonte: MTb. Rais
Elaboração: Observatório do Trabalho de Pernambuco
128
de vínculos de emprego formal que parece um paradoxo, pois as
na construção civil entre 2006 e cidades que ainda possuem gran-
2015, em todas as cidades obser- des áreas rurais como Jaboatão e
vadas, reproduzindo, de certa ma- o Cabo de Santo Agostinho ti-
neira, um fenômeno nacional que veram um decréscimo), não foi
atingiu a maioria das cidades bra- expressiva em uma década. No
sileiras, principalmente as regiões caso de Camaragibe, manteve-se
metropolitanas. praticamente inalterado o quadro
e, em Paulista, houve um cresci-
2. Cresceu a participação dos víncu- mento. Talvez, o que justifique
los de emprego formal nos setores esses números em Recife, Cama-
de educação e saúde na maioria ragibe e em Paulista seja o cresci-
dos municípios. mento legal (via registro no Mi-
nistério da Pesca e Aquicultura)
3. Ocorreu queda da participação de trabalhadores (as) pertencentes
percentual da Administração pú- à pesca e à aquicultura (isso me-
blica, defesa e seguridade social rece uma abordagem mais deta-
(esta categoria abrange atividades lhada em futuro próximo) para
típicas de Estado, compreenden- que pudessem ter acesso a várias
do a administração geral nos três políticas governamentais, dentre
poderes, regulamentação e fisca- as quais o seguro defeso da pesca.
lização de atividades de defesa,
justiça, gestão do sistema de segu- 5. Outro setor que apresentou cres-
ridade social obrigatória etc.), em cimento no geral, embora isso seja
todos os municípios. As cidades algo pouco significativo dentro
observadas aqui seguem a tendên- do âmbito total de empregos, foi
cia geral brasileira, qual seja, a de o de Artes, Cultura, Esporte e Re-
diminuição da participação per- creação. De maneira geral, houve
centual do setor público no total uma valorização e/ou estímulo a
de vínculos de emprego. essa área, especialmente a partir
da construção de várias políticas
4. Houve redução de vínculos de públicas nos âmbitos federal, esta-
emprego na Agricultura, Pecu- dual e municipais.
ária, Produção Florestal, Pesca e
Aquicultura na RMR. Contudo, 6. A participação considerável das
cabe uma observação oportuna: indústrias de transformação em
tal redução, quando são consi- alguns municípios da RMR, não
OBSERVATÓRIO DO MERCADO DO TRABALHO DE PERNAMBUCO:
ATIVIDADES INICIAIS E ALGUNS RESULTADOS PRELIMINARES
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