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APRESENTAÇÃO
O determinante de uma matriz de números reais é um número real. Este, como você verá,
carrega importantes informações sobre a matriz ou o sistema a ela associado. O cálculo desse
determinante pode ser realizado de maneira simples, porém a quantidade de operações aumenta
rapidamente à medida que cresce o número de variáveis do sistema. A álgebra linear consiste
em área matemática responsável por fornecer ferramentas de significativa importância em suas
modernas aplicações computacionais. Ela está presente desde os aplicativos de GPS até os
sofisticados serviços de inteligência artificial.
Para que você possa acompanhar adequadamente esta Unidade, é necessário que esteja
familiarizado com os seguintes tópicos: produto de matrizes, sistemas lineares e matrizes e
resolução de sistemas lineares.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar os determinantes e suas propriedades, além
de verificar como encontrar a matriz inversa com o uso de determinantes e saber de que modo
relacionar autovalores com o processo de diagonalização de matrizes.
Bons estudos.
DESAFIO
Você deve conhecer a fórmula para calcular a área de um retângulo: base x altura, além de saber
que a área de um triângulo retângulo é igual à metade da área do retângulo.
Mas essas fórmulas não funcionam em todos os casos. Você sabia que uma das mais
importantes aplicações do cálculo está na determinação de áreas? E que o determinante se
relaciona diretamente com o cálculo da área de um triângulo em geral?
O triângulo da figura tem vértices nos pontos (2, 1), (4, 0) e (1, -3). Como você pode utilizar
determinantes para encontrar a área desse triângulo?
INFOGRÁFICO
O método dos cofatores é um dos que você vai aprender nesta Unidade a fim de calcular
determinantes.
Ele permite calcular determinantes para matrizes de tamanhos arbitrários. Contudo, à medida
que a dimensão da matriz aumenta, também cresce o número de cálculos necessários.
Boa leitura.
ÁLGEBRA LINEAR
Introdução
Neste capítulo, você estudará um pouco mais sobre matrizes, que têm
aplicações nos mais variados locais — desde a planilha de Excel ao pro-
cesso de gerenciamento de estoques, ou mesmo o controle de complexos
sistemas de produção.
Nesse contexto, o determinante é uma poderosa ferramenta, um
invariante numérico de uma matriz que pode auxiliar a obter preciosas
informações sobre a matriz e, até mesmo, o sistema associado a ela.
Você também será apresentado às ferramentas utilizadas no processo
de diagonalização de uma matriz, como autovetores, autovalores e po-
linômios característicos.
Caso 2 × 2
Consideremos a seguinte matriz:
det(A) = (2 × 1) – (3 × 1) = 2 – 3 = –1
Se , então det(A) = (a × d) – (c × b)
1 1
Para calcular o determinante da matriz B = . Você deverá proceder da seguinte
2 2
maneira:
det(B) = (1 × 2) – (2 × 1) = 2 – 2 = 0
Caso 3 × 3
Para matrizes de tamanho 3 × 3, você poderá calcular o determinante utilizando
determinantes menores e cofatores.
1 0 2
Considere a matriz A = 1 1 1 . O cálculo para C31 pode ser realizado da seguinte
maneira. 3 0 2
Sabe-se que C31 = (–1)3+1M31 e que o menor M31 é o determinante da matriz que
obtemos após eliminar a linha 3 e a coluna 1 da matriz A. Ou seja:
0 2
M= = 0 × 1 – 1 × 2 = –2
1 1
Portanto:
C31 = (–1)3+1M31
C31 = (–1)4(–2)
C31 = 1(–2)
C31 = –2
Expansão em cofatores
É muito importante estar alerta ao termo (–1)i+j, pois um erro de sinal nessa parte do
cálculo é muito comum. Para evitar que isso aconteça, lembre-se de que o resultado
dessa conta depende da paridade de i + j. Se i + j for par, o resultado será igual a 1; se
i + j for ímpar, o resultado será igual a –1.
C11 = 2 C31 = –3
Segue que:
det(A) = 2 + 2 × (–3) = –4
1 0 0
Considere a matriz H = 3 2 1 . Pode-se calcular o seu determinante fazendo a
3 1 1
expansão em cofatores a partir da linha 1, tendo em mente que essa é a linha que tem
a maior quantidade de elementos nulos.
Utilizando a fórmula de expansão, obtemos:
Perceba que, como a linha tem dois elementos nulos, o cálculo do determinante
reduziu-se ao de um determinante de ordem 2 × 2.
6 Determinantes e autovalores
C11 = 1
1 2 3
Considere a matriz A = 2 4 6 . Pode-se calcular o seu determinante fazendo uso
3 0 2
das propriedades do determinante. Observe que a linha 2 é múltipla da linha 1. De
forma mais precisa, L2 = 2L1. Portanto, o determinante da matriz é igual a zero.
7 0 0
Considere a matriz A = 2 –1 0 . Pode-se calcular o seu determinante fazendo uso
1 1 –4
das propriedades do determinante. Observe que a matriz é do tipo triangular superior.
Logo, seu determinante é igual ao produto dos elementos em sua diagonal. Portanto:
1 0 0 5
Considere a matriz A = 1 2 4 1 . Pode-se calcular o seu determinante fazendo
3 0 0 0
1 1 0 0
uso da fórmula de expansão em cofatores. Para tal, a escolha da terceira linha da
matriz pode ser uma boa opção, tendo em vista que é a que contém mais elementos
nulos. Obtém-se:
0 0 5
C31 = (–1)3+1 × 2 4 1
1 0 0
0 5
C31 = 1 × 1 (–1)3+1 ×
4 1
C31 = –20
Matriz inversa
Na seção anterior, você aprendeu que uma matriz possui inversa se, e somente
se, seu determinante é diferente de zero. Além disso, você também aprendeu
a calcular a matriz inversa de uma matriz 2 × 2, utilizando o determinante.
Agora, verá como utilizar a fórmula de expansão em cofatores para encon-
trar a inversa de uma matriz quadrada de qualquer dimensão. Para tal, você
precisará do seguinte resultado.
Teorema: seja A3×3 uma matriz cujo determinante é diferente de zero, e então
sua matriz inversa A–1 pode ser calculada desta forma:
1 0 3
Considere a matriz A = 0 1 0 , do tipo triangular inferior. Portanto, seu determinante
0 0 2
é igual ao produto dos elementos em sua diagonal. Segue que det(A) = 1 × (1) × (2) = 2.
Portanto, pode-se aplicar o resultado anterior a essa matriz. Agora, basta montar a
transposta da matriz de cofatores para encontrar a inversa:
2 0 –3
1 0 2 0
A–1 =
2 0 0 1
1 0 –3/2
A–1 = 0 1 0
0 0 1/2
Uma simples multiplicação das matrizes é suficiente para verificar que A × A–1 = I3×3.
Teorema: dada uma matriz An×n, as afirmações listadas a seguir são equivalentes.
1. An×n é invertível.
2. det(A) ≠ 0.
3. As n linhas de An×n são linearmente independentes.
1 1 0
Considere a matriz A = 0 1 0 . Como decidir se ela é invertível ou não? Podemos
1 0 2
utilizar qualquer um dos itens da equivalência apresentada. Escolhemos, então, a mais
comum: o valor do determinante.
Usaremos a expansão em cofatores a partir da segunda linha. Por que? Porque essa
é a linha com a maior quantidade de elementos nulos. Obtemos:
1 0
C22 = (–1)2+2 ×
1 2
1 0
C22 = 1 ×
1 2
C22 = 1
Logo:
det(A) = 1 ≠ 0
Outro fato importante sobre matrizes inversas é que elas são fortemente
relacionadas aos sistemas lineares. Considere um sistema de equações lineares
homogêneo, cuja forma matricial seja:
Ax = 0
Fato: o sistema linear homogêneo anterior tem apenas a solução trivial se, e
somente se, a matriz A é invertível.
Esse fato nos fornece uma maneira simples e prática de verificar se a solução
trivial (vetor nulo) é a única de um sistema linear homogêneo.
23 0 0
Considere a matriz A = 2 1 0 . Qual é o determinante de A–1?
1 1 1
Sabemos que A é uma matriz triangular inferior. Logo, segundo as propriedades
do determinante, ele é igual ao produto dos elementos em sua diagonal. Ou seja:
det(A) = 23
1
det(A–1) =
23
Av = λv
12 Determinantes e autovalores
2 0 0
Dada a matriz A = 3 1 0 , que é do tipo triangular superior, pode-se encontrar
1 –2 2
o polinômio característico da seguinte maneira:
2–λ 0 0
p(λ) = 3 1–λ 0
1 –2 2–λ
p(λ) = (2 – λ)2(1 – λ)
Agora, você verá um resultado apresentado por Nicholson (2006), que nos
permite relacionar autovalores e autovetores com o processo de diagonalização
de matrizes.
Determinantes e autovalores 13
1. a é diagonalizável se, e somente se, ela possui autovetores x1, x2, ..., xn,
tais que a matriz P = [x1, x2, ..., xn] é invertível;
2. quando esse for o caso, temos PAP–1 = diag(λ1, λ2, ..., λ n), onde λi é o
autovalor associado ao autovetor xi.
2 0 0
A = –3 0 0
0 1 0
–1 0 0
v1 = 2 v2 = 1 v3 = 1
1 1 –1
Segue que a matriz P tem a seguinte forma:
–1 0 0
P= 2 1 1
1 1 –1
–1 0 0 2 0 0 –1 0 0 2 0 0
2 1 1 –3 0 0 2 1 1 = 0 1 0
1 1 –1 0 1 0 1 1 –1 0 0 –1
O fato de termos P = P–1 foi apenas uma coincidência, não é uma regra.
14 Determinantes e autovalores
https://qrgo.page.link/htszk
Dada a matriz:
3 0 0
H= 0 2 0
–1 0 7
Deve-se encontrar sua forma diagonal D. Para tal, começa-se encontrando o poli-
nômio característico da matriz. Observe, ainda, que essa matriz é do tipo triangular
superior. Portanto:
3 0 0
D= 0 2 0
0 0 7
p(A) = 0
ANTON, H.; BUSBY, R. C. Álgebra linear contemporânea. Porto Alegre: Bookman, 2006.
612 p.
NICHOLSON, W. K. Álgebra linear. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. 394 p.
Leitura recomendada
LIPSCHUTZ, S.; LIPSON, M. Álgebra linear: mais de 600 exercícios resolvidos. 4. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2011. 434 p. (Coleção Schaum).
DICA DO PROFESSOR
Na sequência, veja como calcular o determinante de uma matriz de tamanho 3 x 3 por meio
da regra de Sarrus, simples, mas aplicável apenas nessa situação.
EXERCÍCIOS
1) Alguns problemas exigem mais do que um simples cálculo. Utilize uma equação
adequada para determinar o valor de a que faz o determinante a seguir ser igual a
zero.
A) -6
B) 6
C) -3
D) 3
E) 2
2) Você aprendeu que o determinante de uma matriz tem importantes propriedades.
Utilize-as para calcular , sabendo que a matriz A3X3 é tal que det(A) = 1.
A) 1/2
B) 1/4
C) 1/8
D) 1/10
E) 0
A) 3
B) 4
C) 2
D) 1
E) 6
4) Os elementos nulos de uma matriz são muito uteis no cálculo de determinantes, assim
como a análise das linhas de uma matriz. Com isso em mente, utilize as propriedades
dos determinantes para calcular o determinante da matriz.
A) 1
B) 99
C) 4
D) 396
E) 0
A) 1
B) 2/14
C) 1/14
D) 7
E) 1/7
NA PRÁTICA
A álgebra linear tem aplicações em diversos ramos da ciência. Apesar do grande destaque nas
aplicações tecnológicas, as matrizes também podem ser utilizadas em problemas de
biologia. Uma classe de modelos muito conhecidos em nessa área e suas aplicações são os
modelos de dinâmica populacional. Grosso modo, eles envolvem a maneira como populações se
comportam no decorrer do tempo em termos de quantidade.
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Para quem deseja se aprofundar um pouco mais sobre o assunto, excelente opção são vídeos do
curso de Introdução à Álgebra Linear do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA).
Lista de exercícios
Para aprender determinantes e autovalores, é importante que você treine fazendo diversos
exercícios. Para tanto, baixe a lista de exercícios a seguir e resolva as questões.