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PUC/SP
GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA
SÃO PAULO
2011
1
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC/SP
GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA
SÃO PAULO
2011
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Banca Examinadora
______________________________________________
______________________________________________
____________________________
Data___/___/___.
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Agradecimentos
Primeiramente à minha orientadora, amiga, mãe, protetora Profª Drª Maria
Cecília de Moura, pelo grande estímulo que contribuiu de forma maravilhosa para a
realização dessa dissertação e para minha formação acadêmica.
À Kathy Harrison, que aceitou dar seu parecer a este trabalho fornecendo uma
criteriosa e brilhante ajuda e conselhos que me fizeram desenvolvê-lo de forma mais
ampla.
Aos meus pais, Adriana e Renato, que nunca desacreditaram de mim e sempre
me deram forças para não desistir e não me entregar.
Aos meus irmãos, Ana Carolina e Renato, que me fizeram rir neste tempo de
tanta correria, e me ensinaram novamente como é ver o mundo com os olhos de
criança.
Aos meus familiares, que sempre estiveram por perto com a mão estendida,
mas confiantes de que eu conseguiria caminhar sozinha.
Ao meu namorado, Jé, que não me deixou cair e me manteve calma nesse
momento de tanto nervosismo e ansiedade.
À toda minha classe, pelo carinho, pela cumplicidade e por esses inesquecíveis
quatro anos. Mas principalmente à Ana Luiza, Jackeline e Juliana, pela amizade, e por
me mostrarem que tudo tem jeito e que ver as coisas com olhos alegres é uma questão
de opção.
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Agradeço também à Tarcilla Zalla pela maravilhosa contribuição que teve para
minha formação acadêmica e para o meu amadurecimento e à Fernanda Borges pela
enorme paciência nesse momento tão complicado.
E também agradeço à minha madrinha, Renata Novaes; sei que de onde estiver
está olhando por mim e me iluminando em todas as minhas realizações.
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SUMÁRIO
Resumo ........................................................................................................................... 7
Abstract ........................................................................................................................... 8
Introdução ....................................................................................................................... 9
Objetivo ......................................................................................................................... 14
Método .......................................................................................................................... 16
1.Socialização ............................................................................................................... 20
3. Acessibilidade ........................................................................................................... 25
Conclusão ..................................................................................................................... 38
Bibliografia .................................................................................................................... 42
Anexos .......................................................................................................................... 46
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Resumo
Por essa razão, esse trabalho teve como objetivo pesquisar e observar se o Surdo
está realmente inserido na sociedade em geral em seus momentos de lazer e de que
forma eles lidam com todos os obstáculos lingüísticos e de comunicação que possam
aparecer.
A partir deste estudo verifiquei como se dá essa troca interacional quando os dois
mundos, de surdos e de ouvintes, se cruzam. Os dados foram obtidos por meio de
questionários respondidos por dez Surdos que freqüentam ambientes de lazer em seu
tempo livre. A pesquisa foi realizada para melhor compreensão da socialização dos
Surdos com os Ouvintes com a preocupação de captar a forma pela qual o Surdo
vivencia as relações diante do estigma social da surdez, levando em consideração as
vivencias sócio-culturais e a influência da sociedade.
Seria muito bom se essa interação social mais livre e dissociada de preconceitos
pudesse se estender a todas as esferas sociais, mas o mais importante é poder ter
percebido que ela é possível e depende apenas do desejo daqueles envolvidos.
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Abstract
Man found the language as the main form of communication and identity
construction. It can be found in four main skills: listening, reading, writing and
talking. But when this does not occur, there is a breakdown in the social relations. As an
example, we can see that the deaf were considered as different because they did not
"obey" the normal patterns imposed by society in general. Being deaf makes a person
exposed to different linguistic and cultural possibilities when compared to the hearing.
Therefore, this study aimed to investigate and observe if the Deaf is actually
inserted at the society at large in their leisure time and how they deal with all language
and communication barriers that may arise.
From this study I verified how is the exchange interaction when the two worlds of
deaf and hearing, intersect. Data were collected through questionnaires completed by
ten deaf who attend leisure environments in their spare time. The survey was conducted
to better understand the socialization of the Deaf with the listeners with the intention of
capturing the way the Deaf experience relationships facing the social stigma of
deafness, taking into account the socio-cultural experiences and the influence of
society.
We can find different forms of communication in the deaf. They can use oral and
written and yet, of course, Brazilian Sign Language (Libras) and since the language is
not easily understood by the hearing they use the other methods mentioned to
communicate when in contact with those who do not understand Libras. In this work we
realized that this way of being in the world where they use different forms of
communication is intended to fit into society. It is also important to note that we realized
that the pleasure and socialization are closely linked.
It would be very good if this social interaction, free and disconnected of prejudice
could be present in all social environments, but the most important was to be able to
realize that it is possible and depends just form the ones involved.
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Introdução
9
Introdução
Há muito tempo o Surdo é tido como alguém excepcional, com dificuldades para
expressar seus sentimentos e vontades. As escolas não conseguem incluir de forma
efetiva os alunos Surdos fazendo-os aprender tendo como base o currículo normal,
pois não há infraestrutura para abraçar essa situação. Como que o Surdo criará sua
identidade então?
Sabemos que é na família que o indivíduo vai se constituir como ser social e que
essa constituição se dá pela linguagem (BERGMAN, LUCKMAN, 1973).
[...] A família é um dos fatores mais influentes, junto com o sistema educacional,
na construção de caminhos para o surdo. É a sociedade que não respeita a diferença
do homogêneo, tornando o surdo heterogêneo na única coisa que deveria ser
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homogênea: o humano. A pertinência ao mundo depende da forma como este é trazido
ao individuo nas situações do dia-a-dia.[...] (P.87)
Uma pessoa pode apresentar surdez em razão de vários fatores, que podem
ser, por exemplo: surdez congênita, quando a criança já nasce surda por causa
hereditária ou embrionária (causada pela sífilis, rubéola, toxoplasmose,...); surdez
adquirida, que aparece em razão de doenças ou acidentes; surdez causada por
exposição a ruído intenso e a presbiacusia, que é a perda de audição que pode
aparecer em idosos, é que constitui um processo degenerativo de células do ouvido e
das fibras nervosas que se conectam com o cérebro (MONDELLI, BEVILAQUA, 2010).
Independente do fator etiológico da surdez, uma pessoa que nasce surda ou fica
surda antes da aquisição da linguagem terá implicações em sua escolaridade, se a
escola que freqüentar não estiver preparada para recebê-la. Sem uma atenção
adequada a criança não acompanhará e acabará sendo dada como incapaz. Os fatores
culturais em seu redor também poderão implicar na sua exclusão social, pois no
momento em que as pessoas não entendem o que o Surdo fala ou esse Surdo não
entende o que as pessoas ao seu redor falam, há uma exclusão, monta-se um grupo
no qual ele nem sempre se encaixará. A escola acaba, na maioria das vezes, criando
um pré-conceito para a criança com relação à cultura ao seu redor. Sabemos também
que a escola é uma das instituições responsáveis pela socialização secundária do ser
humano (BERGMAN, LUCKMAN, op.cit. 1973). Será nesse espaço que as normas
sociais mais gerais serão negociadas entre os indivíduos e seus pares, esses já fora de
seu círculo familiar. E, novamente, isso se dá por meio da linguagem.
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A linguagem é a forma que o ser humano encontra para a comunicação, para o
pensamento, para o registro de informações, para expressar emoções, para construir a
sua identidade. Pode ser expressa em quatro habilidades principais: escrever, ler, ouvir
e falar. O que a sociedade espera é que o ser humano tenha essas quatro habilidades
bem desenvolvidas (FACURE, 2011). Quando isso não ocorre acontece uma ruptura
nas relações sociais e, se não houver algum tipo de intervenção, uma alteração na
integração do indivíduo com o mundo. Além disso, temos que pensar a linguagem
como forma de organização do pensamento e de constituição do sujeito (MOURA,
2000).
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indivíduo seja exposto, tenha contato com outros falantes da Libras), mas a oralidade
deve ser ensinada e treinada. Nem todos os Surdos têm acesso precoce à Libras e da
mesma forma nem todos podem frequentar o fonoaudiólogo. Assim, podemos
encontrar diferentes desempenhos linguísticos nos surdos, mas eles sempre
encontram uma forma para se comunicar.
A fala é uma habilidade que deve ser ensinada aos Surdos, podendo levar anos
de ensinamento intensivo. A aquisição da Libras já pode acontecer de forma natural, já
que se trata de uma língua visual, se lhe forem dadas condições para tanto.É
importante se observar que a aquisição dessa língua depende de uma ambiente
propício para isso, desde que qualquer aquisição de língua depende basicamente de
outros significativos que levem o indivíduo a poder capturar essa língua. Se
considerarmos que é pela linguagem que o indivíduo pode se constituir como ser social
e que essa linguagem está a seu redor em todas as situações (ou deveria estar)
podemos imaginar que será intermediado por ela que ele fará seus laços e se
constituirá sujeito pleno. Mas, quando pensamos no surdo, sabemos que ele pode ter
um prejuízo nas suas relações sociais desde que a língua dos ouvintes lhe pode ser de
difícil compreensão e a sua, a Libras, por sua vez não compreendida também pelos
ouvintes. Mas, de uma maneira ou de outra, o surdo se insere na sociedade. A
pergunta que desejamos responder se refere à forma pela qual essa inserção social se
dá naquilo que faz parte da vida de qualquer indivíduo: nas situações de lazer e como
isso poderá influenciar na sua perspectiva de vista da sociedade. Desde pequeno
tratado de, muitas vezes, forma diferenciada, o Surdo tem que enfrentar barreiras para
conquistar seu espaço, ainda mais quando, em seu momento de lazer, o mundo dos
ouvintes e dos Surdos se cruzam.
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Objetivo
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Objetivo
Objetivos Específicos
2. Analisar se a comunicação por ele utilizada é efetiva para a sua inclusão social.
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Método
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Método
Para a coleta dos dados, seis surdos com idade entre 18 e 30 anos
responderam a questionários via e-mail. Após a coleta, os questionários foram
analisados pela proposta de Bardin (1977) que propõe a organização da análise em
torno de cinco pólos cronológicos: a pré-análise, a exploração do material, o tratamento
dos resultados, a inferência e a interpretação.
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Existem baladas para ouvintes e para surdos – qual você acha melhor? Por
que?
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Análise e Discussão
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Análise e Discussão
1.Socialização
Após observar esses dados, vemos que o numero é grande, mas mesmo assim
ele ainda é tratado como minoria por não obedecer às regras clássicas impostas pela
sociedade a qual é formada pela „maioria ouvinte‟. Essas regras acabam implicando na
cultura da população e há quem pense que a cultura é algo que pode influenciar o
sujeito, excluindo o fato de serem formativas e que a individualidade se dá no
envolvimento nas praticas sociais. Para Vigotski (1995), a formação individual se dá em
relações que se vinculam, em primeiro momento, à estrutura social de coletivos,
referente ao campo interpessoal, e, em outro momento, à estrutura social da
personalidade, referente ao campo intrapessoal.
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O sujeito B nos diz uma coisa muito importante para entendermos melhor o dito
acima
“os surdos sentem muita dificuldade quando vão efetuar o pagamento. Qualquer
coisa que atrapalhe a visão do surdo para com o rosto da pessoa que faz o
atendimento atrapalha a comunicação. A falta de pessoas habilitadas com o básico
para atendimento. Entendam que pessoas surdas também são consumidoras.”
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Suas respostas traziam dados como:
Nesse dado obtido, percebe-se que a ânsia por conhecimento e novidades não
são barrados pela surdez. Podemos confirmar isso em outra resposta obtida:
“Sou surda oralizada, faço leitura labial e me comunico com pessoas ouvintes,
com pessoas surdas uso Libras” (Sujeito A)
Nem todos os surdos são oralizados, mas mesmo assim confirmam a resposta
acima. Podemos observar isso aqui:
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“Com surdos usava Libras, com ouvinte usava gestos, leitura labial e bilhetes
escritos” (Sujeito E)
Percebe-se, nas respostas que as pessoas são ligadas umas as outras por meio
de relações sociais. Nenhuma ação humana existe sem a interação, todo mundo age
através de referência e da interpretação sobre os significados que as coisas têm para
eles. A interação pode modificar o comportamento dos sujeitos envolvidos. O sujeito B
diz que algumas pessoas fogem quando ele se comunica em Libras, outras acham
interessante.
3. Acessibilidade
Quando o sujeito Surdo se assume como Surdo e aceita a LIBRAS como forma
principal de comunicação, finalmente assumirá um papel de cidadão perante a essa
sociedade de maioria ouvinte.
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“Gostaria de solicitar um pouco mais de acessibilidade em estabelecimentos,
pois os surdos sentem muita dificuldade quando vão efetuar o pagamento.
Qualquer coisa que atrapalhe a visão do surdo para com o rosto da pessoa que
faz o atendimento atrapalha a comunicação. A falta de pessoas habilitadas com
o básico para atendimento. Entendam que pessoas surdas também são
consumidoras.” (Sujeito B)
4. Relação surdo-ouvinte
“Por mim não atrapalha a relação, as pessoas ouvintes precisam ter paciência
conosco." (Sujeito A)
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Outra pessoa concorda com a resposta acima, dizendo que:
“Acredito que a surdez não atrapalha, mas o ouvinte precisa conhecer um pouco
da minha língua e cultura.” (Sujeito B)
5. Cultura Surda
A cultura permite ao ser humano adaptar-se ao meio e adaptar este meio a ele,
de acordo com as suas necessidades e ambições. Sendo assim, a Cultura Surda é o
jeito do Surdo entender o mundo e modificá-lo, tornando-o acessivel para suas
necessidades, contribuindo também para a sua constituição como sujeito, moldando a
sua Identidade Surda.
Uma vez que a cultura Surda é dada como diferente perante a sociedade e ela é
muito importante para o surdo se constituir como sujeito, ela deveria estar presente
logo no inicio de sua infância.
Ao deixarmos uma questão mais aberta, dando espaço ao surdo falar o que
quiser sobre a balada, encontramos respostas que reclamam da falta de funcionários
com conhecimento da cultura surda.
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homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo
menos habitável, da sensação de invalidez, de inclusão
entre os deficientes, de menos valia social [...]
“As duas são ótimas, a que tem mais surdos o que ganha é a comunicação. O
prazer de estar com seu igual.” (Sujeito D)
6. Identidade Surda
A Libras é uma das principais marcas da Identidade Surda por ser algo peculiar
aos surdos, a comunicação que levará o Surdo a ter conhecimento do mundo, dos que
o cerca e de si mesmo. É necessário pensar na relação entre Surdo e a sociedade para
a formação da identidade. Com a pessoa se identificando realmente como Surda e
aceitando essa situação de ter como principal meio de comunicação a Libras, será
mais fácil haver uma aceitação de que pertence a um grupo diferente mas que também
pode defender seus ideais, não sendo necessário que sejam oralizados para que isso
ocorra.
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de tentar ser ouvinte. Além disso, ele não precisará usar a falta da audição como
desculpa para seus fracassos utilizando padrões de comportamento compensatórios da
sua desvantagem e não terá que se haver com perplexidade de não ser aceito pelos
demais e nem realizar modificações na sua condição de estigmatizado.
Não podemos evitar que a estigmatização imposta pela sociedade exista, mas o
que deveria ocorrer é o desenvolvimento de uma identidade preservada em que o
surdo possa se saber íntegro, capaz e possa se impor como sicacão com direitos que
devem ser respeitados (MOURA, 2000). Cada um deve perceber que pertence a um
grupo com uma história e identidade própria. E que aceitar-se é mais importante do que
ser aceito. Mas há quem não consiga pensar assim, e, durante sua vida, fique apenas
fingindo que encontrou sua identidade, sem ao menos olhar para fora e perceber que
há mais pessoas que lhe são semelhantes. Seria através desse contato que esse
Surdo poderia entender e se relacionar melhor com mundo à sua volta se constituindo
pela igualdade e não pela diferença.
Podemos observar em MOURA (2002) que ao ser aceito num grupo social,
padrões de identidade com os quais ele se identifica são oferecidos e é neste grupo,
que já tem uma identidade definida, que ele se encontrará como sujeito. Assim, a
construção da identidade também dependerá e se modificará de acordo como os
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outros o olharem. Se a sociedade o tratar como incapaz, este crescerá menos
do que aquele que foi tratado como qualquer um de desenvolvimento normal.
Trata-se de uma identidade fortemente marcada pela politica Surda. São mais
presentes em Surdos que pertencem à comunidade Surda e apresentam
características culturais como:
São os surdos que nasceram ouvintes e com o tempo alguma doença, acidente, etc
os deixaram surdos.
Os surdos que não têm contato com a comunidade surda. Ou surdos que
viveram na inclusão ou que tiveram contato da surdez como preconceito ou
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desenvolvimento social. São outra categoria de surdos, visto de não contarem com
os benefícios da cultura surda.
Estão presentes na situação dos surdos que devido a sua condição social
viveram em ambientes sem contato com a identidade surda ou que se afastem da
identidade surda.
IDENTIDADES INTERMEDIÁRIAS
O que vai determinar a identidade surda é sempre a experiência visual. Neste caso,
em vista desta característica diferente distinguimos a identidade ouvinte da identidade
surda. Temos também a identidade intermediária. Geralmente esta identidade é
identificada como sendo surda. Essas pessoas têm outra identidade, pois tem uma
característica que não lhes permite a identidade surda, isto é, a sua captação de
mensagem não é totalmente na experiência visual que determina a identidade surda.
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Assim, vemos que nem todos os surdos se sentem com poder suficiente para dizer
ao mundo que está bem e consegue viver perfeitamente bem com a vida que leva. Há
muitos surdos que chegam a tolerar situações desconfortáveis por realmente acreditar
que vivem em um mundo de audição. Eles crescem acreditando que é
responsabilidade deles fazer as coisas de uma forma auditiva, agindo como ouvintes,
ou até mesmo fingir que estão ouvindo e que estão confortáveis em ouvir em
ambientes que não são acessíveis para eles. A maneira de cada um ver e agir sobre o
mundo vai depender da sua identidade, o que pode ser visto nesse trabalho.
VIGOTSKI, L.S. (2000, p. 25) diz algo muito interessante em uma citação: “eu me
relaciono comigo tal como as pessoas relacionaram-se comigo”.
O surdo pode duplicar e até multiplicar seus saberes quando se encontra com
outros surdos e também com outros ouvintes quando este reconhece as necessidades
da sua comunidade surda. Esses surdos, tendo consciência de pertencerem a uma
comunidade diferente do mundo ouvinte, podem criar então uma resistência às
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imposições criadas e exercidas por esse mundo predominantemente ouvinte. Um dos
entrevistados diz:
Um dos entrevistados diz algo muito interessante sobre isso que vale a pena ser
ressaltado:
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“Não devemos separar os dois mundos diferentes. As pessoas ouvintes têm que
conhecer nosso mundo e nossa cultura. É uma troca de experiências.” (Sujeito
A)
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Conclusão
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Conclusão
Por meio de desse trabalho podemos ver que essas barreiras estão em
atividades comuns do nosso dia a dia e que nenhum desses lugares tem uma saída
alternativa para lidar com isso. Os surdos entrevistados reconhecem que o problema
da comunicação está presente sim. Como já dito anteriormente, esses problemas nem
sempre são reconhecidos como obstáculos nos questionários, mas mostram
persistência em diversos momentos.
“A inclusão [...] é ser respeitado nas suas diferenças e não ter de submeter a
uma cultura, a uma forma de aprender, a uma língua que não é sua.” (GARDIA
VARGAS)
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A partir desta pesquisa ficou claro que, por mais que haja gente que acredite ou
pelo menos se diz acreditar na inclusão, na socialização, vemos que essa inclusão é
fictícia no momento em que esse Surdo opta por ficar sozinho, por acabar não se
identificando com os ouvintes a sua volta. O Surdo, assim como qualquer outro, se
relacionará com as pessoas da mesma maneira que estas se relacionam com ele.
Uma vez que a primeira língua dos Surdos seja a Libras e o restante da
sociedade desconheça essa língua, há a falta de comunicação, ocorrendo assim, um
grande buraco entre a socialização do Surdo no seu processo de interação.
Com todos os dados obtidos, vemos que ainda há um longo caminho para ser
percorrido até que a inclusão seja realmente real e funcional aos Surdos dentro dessa
sociedade ouvinte. Todos os entrevistados foram unânimes ao responder que sentem
falta de um ambiente mais acessível à todos, uma vez que tenham sempre que se
adaptar à maioria. Dizem também ser interessante que haja profissionais preparados e
capacitados à atender essas dificuldades, sendo interessante então que esses saibam
Libras.
A Libras trata-se de uma língua rica e complexa que tem estrutura gramatical
organizada a partir de alguns parâmetros que estruturam sua formação nos diferentes
níveis lingüísticos, sendo essa estrutura diferente da encontrada na língua oral. Mas
apenas o conhecimento e aprendizado desta não demonstra condição suficiente para
esses profissionais atuarem bem com os Surdos, é necessário também vê-lo como
alguém normal que está ali para aproveitar seu tempo livre, afinal, também são seres
humanos consumistas e com necessidade de lazer e prazer como qualquer outro. É
importante assegurar que essas pessoas saibam que assegurar oportunidades iguais
não significa garantir tratamento igual a todos, mas sim oferecer a cada um meios para
que este se saia melhor da sua maneira, desenvolvendo o máximo das suas
potencialidades.
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Bibliografia
42
Bibliografia
43
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.
São Paulo: EPU, 1986.
44
SKLIAR, C. Bilingüismo e biculturalismo: uma análise sobre as narrativas
tradicionais na educação dos surdos. Revista Brasileira de Educação, São
Paulo, maio-jun.-jul.-ago. 1998.
<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_notic
ia=438&id_pagina=1> (Acesso em 20 de Outubro de 2011)
45
Anexos
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Anexo I
Caro(a) Senhor(a),
Essa é uma forma muito útil para se obter dados com relação ao procedimento
em questão.
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Também é garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer
momento e deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo, punição ou atitude
preconceituosa.
O Sr(a). tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das
pesquisas e caso seja solicitado, darei todas as informações que solicitar.
Anexo está o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso não
tenha ficado qualquer dúvida.
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Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Acredito ter sido suficiente informado a respeito das informações que li ou que
foram lidas para mim, descrevendo o estudo: “O Surdo e o lazer e a inclusão Social –
Como fica o discurso?”.
Ficou claro também que a minha participação é isenta de despesas e que tenho
garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a qualquer tempo.
Concordo voluntariamente participar deste estudo e poderei retirar o meu
consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou
prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.
___________________________________
Assinatura
Nome:
Endereço:
RG.
Fone: ( )
Data_______/______/______
__________________________________
Data _______/______/______
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Anexo II
Questionário do sujeito A
50
R: Os dois. Não devemos separar os 2 mundos diferentes e pessoas ouvintes
tem conhecer nosso mundo e nossa cultura. É uma troca de experiências.
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Anexo III
Questionário do sujeito B
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R: Na verdade não. Existem baladas organizadas por ouvintes e os surdos
freqüentam, mas muitas vezes sentem-se como índios por falarem uma outra
língua. Existem baladas organizadas por surdos e os ouvintes freqüentam para
se relacionarem com amigos surdos, para ver e entender a cultura ou por
simples curiosidade.
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Anexo IV
Questionário do sujeito C
3- Como é a comunicação?
R: A comunicação em tecnologia é feito em SMS ou E-mail ou VideoChamada. A
Comunicação em fluência é em LIBRAS e às vezes comunico através da oralização
devido aos surdos oralizados.
55
Anexo V
Questionário do sujeito D
56
Anexo VI
Questionário do sujeito E
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vezes tem festas que o próprio surdo organiza, convida para ir, é um lugar onde
há trocas de conhecimentos isso é importante para a auto-estima do surdo, para
a confirmação de sua identidade surda.
8- Existem baladas para ouvintes e para surdos – qual você acha melhor? Por
que?
R: Pra mim não há diferença, mas numa balada pra surdo a comunicação é
perfeita.
58
Anexo VII
Questionário do sujeito F
59