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Caso Maria da Penha e marco no Direito Internacional

1-Breve relato da história de Maria da Penha:


Maria da Penha Maia Fernandes nasceu em Fortaleza/CE em 1945, depois de
formada foi para São Paulo fazer um curso de mestrado, através de amigos conheceu
o recem chegado colombiano Marco Antônio Heredia Viveiros, ficaram amigos e ele
sempre se mostrou prestativo e amável, começaram namorar e se casaram.
Quando Maria conclui os estudos a primeira filha já havia nascido, quando resolveu
voltar para Fortaleza onde tiveram outras duas filhas.O nascimento das filhas permitiu
a Marcos que se naturaliza-se brasileiro.
Após conseguir a naturalização Marcos começa a mudar seu comportamento, e
transforma-se numa pessoa violenta.
Marcos agredia Maria e as filhas.Maria sempre conversava com Marcos para que eles
se separassem mas ele não aceitava o fim do relacionamento.
Em Maio de 1983 por volta de 5:00 da manhã Maria acordou com um barulho forte no
quarto e foi quando percebeu que não conseguia se mover.Ela sabia que havia levado
um tiro e que seu marido tinha tentado matá-la.
A versão de Marcos é que houve um assalto na residência. Após quatro meses do
ocorrido foi que Maria prestou seu primeiro depoimento a polícia, depois o delegado
chamou Marcos para prestar novo depoimento caindo em várias contradições.
Sendo então indiciado como autor de tentativa de homicídio contra Maria da Penha só
que ficou apenas cinco dias preso, até que fosse concluido o inquérito.
O processo demorou oito anos para ser julgado a defesa do agressor sempre alegava
irregularidades no processo e o “suspeito”aguardava o jugamento em liberdade.
Por 6 votos a 1 Marcos foi considerado culpado mas o advogado de Marcos recorreu
da decisão alegando que o julgamento tinha sido contra as provas dos autos.
Após alguns meses Maria decidiu escrever um livro contando sua versão e as
contradições do réu, em 1994 ela lançou o livro Sobrevivi, Posso Contar onde narra as
violências vividas por ela e pelas 3 filhas sendo ajudada por amigos e familiares para o
lançamento do livro.
Dois anos após o lançamento do livro foi marcado um novo julgamento e novamente
foi condenado e o advogado novamente recorreu alegando que se tratava de provas
contra seu cliente.E novamente ficou em liberdade.
2- Porquê foi um julgado internacional?
Diante da ineficácia judicial dos tribunais brasileiros, que permaneceram inertes por 19
anos e 6 meses.
Em 20 de agosto de 1998, o Centro Pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL), o
Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa do Direitos da Mulher (CLADEM)
e a própria Maria da Penha apresentaram uma denúncia perante a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos
(OEA).
A Comissão Interamericana encaminhou petição ao Estado solicitando
informações a respeito das violações apresentadas, garantindo dessa forma a
defesa ao Estado Brasileiro. Este por sua vez, não apresentou qualquer
informação ou resposta com respeito aos fatos e direitos violados da
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a
Mulher (Convenção de Belém do Pará).
No ano de 2001, a Comissão Interamericana elaborou o Relatório Final
responsabilizando o Estado brasileiro pelas violações sofridas por Maria da Penha
pela obstrução de seu direito à justiça, por tantos anos de impunidade.Estabelecendo
assim a CIDH/OEA recomendações de natureza individual e de políticas públicas para
o país.
3- Lei Maria da Penha – Uma Construção Social

A Lei Maria da Penha, n°11.340 ,sancionada em 7 de agosto de 2006, foi batizada


assim em homenagem à farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes. Ela
lutou por 20 anos para que seu agressor, o ex-marido Marco Antonio Herredia
Viveiros, fosse condenado pelo Estado brasileiro.

A lei é fruto de um intenso trabalho iniciado em 2002 por um consórcio de


organizações não governamentais (ONGs), formado pela CEPIA - Cidadania, Estudo,
Pesquisa, Informação e Ação, CFEMEA - Centro Feminista de Estudos e Assessoria,
AGENDE - Ações, gênero, cidadania e desenvolvimento, ADVOCACI - defesa de
direitos, CLADEM - Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos
da Mulher, IPÊ - Instituto para a Promoção da Equidade, THEMIS - Assessoria
Jurídica e Estudos de Gênero, e outras tantas feministas e integrantes do movimento
de mulheres, como Rosane Reis Lavigne, Leilah Borges da Costa, Ela Wiecko de
Castilho e Letícia Massula.

A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres também contribuiu para a


elaboração da lei, enviando para a Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (PL)
4559/04. Na Câmara, o projeto foi relatado pela deputada Jandira Feghali, e no
Senado Federal, recebeu o número PLC 37/2006 e foi relatado pela senadora Lúcia
Vânia.

Além da contribuição de juristas e especialistas, a mobilização das mulheres e dos


movimentos feministas e de mulheres foi fundamental para a elaboração e aprovação
da lei. Em audiências públicas realizadas em seis estados brasileiros, elas indicaram a
urgência de uma legislação voltada para a proteção dos direitos das mulheres, que até
então não eram suficientemente protegidos pela legislação nacional.

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