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Brasil perde 21% das vagas

de residência em Psiquiatria
ENTIDADES SETORIAIS  25/05/2023 

A resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),


que determina a desativação de hospitais de
custódia e tratamento psiquiátrico para pessoas
com transtornos mentais que cometeram crimes,
reforça a urgência de ampliar a rede de atendimento
à saúde mental no Brasil. O país, considerado pela
ONU o mais ansioso do mundo, teve um aumento
de 25% na demanda por atendimento de saúde
mental desde a pandemia, mas ano a ano vê o
número de vagas para a residência médica em
Psiquiatria cair.

Resultado: o número de especialistas está muito


aquém do necessário para atender à demanda até
mesmo dos planos de saúde. Pelo SUS, a espera
por uma consulta pode ultrapassar 1 ano. Segundo
dados da Demografia Médica, o Brasil tinha, em
2022, 13.888 psiquiatras em atuação. O número
considera apenas os profissionais que têm RQE,
título de especialista restrito a quem faz a residência
médica ou outros cursos de pós-graduação ligados
a sociedades médicas privadas.

Vagas insuficientes

Sem uma atuação contundente do MEC na


regulamentação da Pós-Graduação na área médica,
o problema tende a se agravar. Em 2018 haviam
681 vagas para residência médica em Psiquiatria.
Em 2021, o número despencou para 533, uma
queda de 21,7%. “Temos milhares de médicos que
cursaram uma pós-graduação em cursos
chancelados pelo MEC, inclusive em Universidades
Federais, com carga horária e conteúdo
programático semelhantes aos da residência
médica e aos das sociedades médicas, mas não
podem receber o título de especialista ou anunciar
sua pós-graduação. E isso não é definido pelo
governo, mas por sociedades médicas privadas”,
explica o presidente da Associação Brasileira de
Médicos com Expertise em Pós-Graduação
(Abramepo), Eduardo Costa Teixeira.

Reserva de mercado

Pela lei federal que rege o exercício legal da


medicina no Brasil, todo e qualquer médico com
diploma validado pelo MEC e registro no CRM local
está apto a exercer a medicina em qualquer uma de
suas especialidades, mas um decreto de 2015 limita
o acesso ao título de especialista a quem faz as
pós-graduações vinculadas a sociedades de
especialidades por meio da Associação Médica
Brasileira (AMB). “Não faltam psiquiatras no Brasil
para atender à demanda reprimida. O que existe é
uma regra ditada por entidades privadas que têm
interesse em manter uma reserva de mercado”,
afirma Teixeira.

Regras e controle

A Abramepo defende que o MEC regulamente as


normas para a pós-graduação na área médica,
definindo carga horária, avaliando conteúdo
programático e currículo. “Tal como acontece com a
Comissão Nacional de Residência Médica, o MEC
tem que criar uma Comissão de Avaliação da Pós-
Graduação Médica para ditar as regras. Somente o
MEC tem autoridade para definir as regras para a
formação de médicos porque ele é o órgão
formador, não as entidades privadas. Isso garante
uma oferta maior de profissionais em várias
especialidades e pode resolver um problema
crônico do SUS, que é a falta de especialistas”,
completa Teixeira.

Tags: Abramepo AMB CNJ

MEC Psiquiatria Residência Médica

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