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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

DE SÃO PAULO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA METALÚRGICA


E DE MATERIAIS

PMT 3110
Introdução à Ciência dos Materiais para
Engenharia

EGF
2

DEFINIÇÕES
CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS
A relação entre Ciência dos Materiais e Engenharia de Materiais.
A relação entre composição, estrutura, processamento e
propriedades/desempenho de um material.
Uma classificação dos diferentes tipos de materiais.

EGF
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OBJETIVOS
 Apresentar a relação entre Ciência dos Materiais e
Engenharia de Materiais.
 Apresentar a relação entre composição, estrutura,
processamento e propriedades/desempenho de um
material.
 Apresentar uma classificação dos diferentes tipos de
materiais.

EGF
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Qual é o foco da engenharia e o da ciência dos


materiais?
Ciência dos materiais
 Investigar as relações entre composição e/ou estrutura dos
materiais e as suas propriedades.
Engenharia dos materiais
 Projetar
 Desenvolver, ou aperfeiçoar, técnicas de processamento de
materiais (técnicas de fabricação) com base nas relações
estrutura-propriedades.
 Desenvolver formas de produção de materiais socialmente
desejáveis a custo socialmente aceitável.

EGF
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O que se tem quando se juntam a Ciência e a


Engenharia de Materiais? Quais os seus objetivos?
 Uma área da atividade humana associada com a geração e
a aplicação de conhecimentos que relacionem composição,
estrutura e processamento de materiais às suas
propriedades e usos.*
 Objetivos
 Desenvolver materiais já conhecidos visando novas aplicações ou
visando melhorias no desempenho.
 Desenvolver novos materiais para aplicações conhecidas.
 Desenvolver novos materiais para novas aplicações.

* https://www.jstage.jst.go.jp/article/isijinternational1966/26/2/26_2_93/_pdf

EGF
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Exemplo de desenvolvimento de materiais já


conhecidos visando novas aplicações
 Material
 Vidro
 Aplicação
 Telas para “tablets” e “smartphones”
 Exigências de desempenho
 Resistência a impacto
 Resistência a riscos
 Transparência
 Sensibilidade ao toque
 Custo

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Exemplo de desenvolvimento de novos materiais para


aplicações conhecidas
 Aplicação:
 Embalagens para bebidas carbonatadas (cerveja e refrigerantes, por
exemplo)
 Exigências de desempenho da embalagem:
 Não-tóxica nem reativa quando em contato com o líquido contido.
 Relativamente resistente mecanicamente
 Custo baixo
 Impermeabilidade aos gases (barreira à passagem de CO2)
 É desejável que seja leve
 É desejável que seja transparente
 É desejável que possa ser decorada (colorida, estampada...)
 É desejável que seja reciclável

EGF
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Em Resumo
Desempenho

Composição/Estrutura Propriedade

Engenharia dos Ciência dos


Materiais Processamento Materiais
Necessidades
Ciência básica
e experiências
e compreensão
sociais
Conhecimento Conhecimento
empírico científico
EGF
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Definições
COMPOSIÇÃO
 Corresponde aos tipos, às proporções, e à disposição dos
átomos que estão em uma molécula.
 Água: H2O 

 Alumina: Al2O3 

 Corresponde, também a presença de vários componentes


em um material.
 Latão: Liga metálica, na qual tem em sua composição principalmente
dois componentes o cobre e o zinco.

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Definições
Estrutura
 Associada ao arranjo dos componentes internos do
material.
 Ela se distingue quanto a escala de observação:
 Exemplos:
 Estrutura atômica: elétrons, prótons e nêutrons.
 Estrutura molecular: átomos iguais, ou distintos, ligados entre si.
 Macroestrutura (normalmente igual ou maior que mm)
 Microestrutura (alguns µm = 10-6m até mm)
 Nanoestrutura (da ordem de nm)

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Escala “Macro”
até ≅ 1m
1 mm Al15Fe3Si

Escala “Micro” Si
Al2Cu
Célula unitária
grãos
≅ 1 a 10 mm
poros

Si
Al
0,5 mm

Escala “Micro” 0,25 µm

Fases e
Dendritos
≅ 50 a 500 µm Escala “Nano”
Precipitados
≅ 3 a 100 nm 50 Å

Escala Atômica
≅ 1 a 100 Å
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Propriedades de um Material
 É uma característica do material em termos do tipo e da
grandeza da resposta a um estímulo específico imposto.

Mecânicas;
Principais Elétricas; Magnéticas;
propriedades do Térmicas; Ópticas;
estado sólido Estabilidade ou deterioração (temporal,
dimensional, ambiental).

Isotrópicos: a propriedade é a mesma em


qualquer direção.
Sistemas
Anisotrópicos: a propriedade varia conforme a
direção.
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Processamento
 Conjunto de técnicas para obtenção de materiais com
formas e propriedades específicas.
 Exemplo: Amostras de óxido de alumínio (Al2O3) processadas por
diferentes rotas.

Monocristal Policristal poroso


(transparente) (opaco)

Policristal denso
(translúcido)

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Desempenho
 Corresponde ao rendimento do material durante o seu uso
em função dos estímulos e condições aplicados a ele.
 Exemplos de critérios de desempenho para um bloco de
motor:
 Potência gerada
 Eficiência
 Durabilidade
 Custo

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TIPOS DE MATERIAIS

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Uma Possível Classificação dos Materiais

Metálicos Ligas

Cerâmicos Compósitos

Poliméricos

Semicondutores;
Materiais avançados Inteligentes;
Nano projetados.
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Classificação funcional
 Baseia-se em alguma propriedade específica, por exemplo:
 Semicondutores,
 Materiais magnéticos,
 Biomateriais,
 Materiais para aplicações fotônicas, ....

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Metais

 São materiais compostos a partir dos elementos metálicos


(91 na tabela periódica).
 Possuem elétrons na camada externa do átomo (de
valência) que se movem livremente no sólido metálico
(elétrons livres).
 Importantes propriedades são devidas aos seus elétrons
livres, tais como a condução de calor e de eletricidade.
EGF
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Propriedades Características dos Metais


 São sólidos à temperatura ambiente (exceto o mercúrio).
 Geralmente, são fortes mecanicamente (resistência a
tensão alta), rígidos (módulo elástico alto) e tenazes
(resistentes a fratura).
 Podem ser algumas vezes dúcteis (ex. Al, Au e Cu).
 Maleabilidade (capacidade de adelgaçar-se, ao ser
martelado).
 Densos (Mg=1,74 g/cm3; U=18,95 g/cm3).
 A superfície tem brilho “metálico” em corte fresco ou
quando é polida.
 Bons condutores elétricos e térmicos.
 De um modo geral, reagem facilmente com o oxigênio (se
oxidam).
EGF
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Cerâmicos

 São materiais que podem conter na sua estrutura química


elementos metálicos (■) e não-metálicos (■), principalmente
na forma de óxidos, carbetos e nitretos, incluindo os
semicondutores Si e Ge.
 As estruturas químicas envolvem ligações de caráter misto
iônico-covalente.

EGF
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Cerâmicos
Propriedades
Tipos
Características
 Cerâmicas tradicionais  Isolantes térmicos e
 Cerâmicas de alto elétricos
desempenho  Refratários (elevado
 Vidros e vitro-cerâmicas ponto de fusão)
 Cimentos  Inércia química
 Duros e frágeis
 Elevado módulo de
elasticidade

EGF
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Polímeros

 São principalmente compostos orgânicos com valores


médios de massas moleculares que variam de 103 a 107
g/mol. Por isto são também chamados de macromoléculas.
 Os elementos principais nas suas estruturas são o C e H, e
em proporções menores tem-se outros elementos, tais
como O, Cl, F, N, S e Si.
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Polímeros

Principais categorias Propriedades características

 Termoplásticos:  Geralmente, apresentam uma


distribuição na massa
polietileno, poliestireno, molecular.
PET, das embalagens  Densidade baixa.
 Flexíveis e fáceis de conformar
 Termorrígidos ou (termoplásticos e elastômeros
termofixos: resinas epóxis antes da cura).
dos adesivos  Em geral, tenazes podendo ser
rígidos.
 Elastômeros: borracha  Geralmente, pouco resistentes
natural e as sintéticas a altas temperaturas.
 De um modo geral, o módulo
de elasticidade varia de baixo a
intermediário.

EGF
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Compósitos
 São formados pela combinação de materiais distintos para
formar um novo material com características superiores
daquelas dos componentes individuais (devido ao
sinergismo).
 Em alguns casos, o componente em maior proporção é chamado de
matriz (ou fase contínua) e o(s) outro(s) é(são) a(s) fase(s)
dispersa(s).
 A matriz pode ser metálica, cerâmica ou polimérica; assim
como a fase dispersa.
 A fase dispersa pode se apresentar como fibras contínuas,
partidas, ou em mantas, esféricas, lâminas com dimensões
macro, micro, ou nano, e diferentes razões de aspecto
(comprimento x largura).
 Podem ser isotrópicos e anisotrópicos.

EGF
25

Esquema na formação de compósitos de matriz


polimérica e argila como fase dispersa

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Materiais Híbridos
 São “compósitos moleculares ou nanocompósitos com
componentes orgânicos (ou bio) e inorgânicos, intimamente
misturados, onde pelo menos um dos domínios dos
componentes tem uma dimensão que varia de poucos Å a vários
nanômetros”.*
 As propriedades dos materiais híbridos não são apenas a soma
das contribuições individuais de ambas as fases, mas o papel de
suas interfaces internas pode ser predominante.
 São influenciadas pelo método de síntese.
 São formados a partir de um controle preciso:
 da composição,
 da distribuição,
 da forma, e
 das interações entre as espécies que constituem o material.
*http://www.labos.upmc.fr/lcmcp/site/?q=node/1595
EGF
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Materiais Híbridos
 São bioinspirados.
 Exemplos
 Tecidos à prova de balas inspirados na composição e arranjo
estrutural dos componentes das teias de aranha.
 Superfícies auto-limpantes e auto-reparadoras inspiradas em folhas
de plantas.
 Compósitos de alta resistência inspirados no arranjo estrutural das
conchas.

EGF
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Estrutura e propriedades dos materiais

Resistência mecânica
Metais Metais
Compósitos
Cerâmicos
Cerâmicos
Densidade

Polímeros Compósitos
Polímeros

Metais

Resistência fratura
Metais Cerâmicos Compósitos Compósitos
Módulo elástico

Polímeros Cerâmicos Polímeros

EGF
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Atividade
De que material pode ser feita uma canoa?

Materiais compósitos marinhos


Ferrocimento
 “É um tipo de concreto reforçado, de espessura fina, comumente
constituído de argamassa de cimento hidráulico e camadas de
malhas de arames de aberturas relativamente pequenas e
espaçadas próximas umas às outras. A malha pode ser metálica
ou de outro material adequado.”*
 É provavelmente o primeiro uso de compósitos na indústria
naval, usados para o desenvolvimento de barcaças de baixo
custo.
 A corrosão da armadura é um problema comum em condições
marinhas quimicamente agressivas.
* Definição dada pelo Comitê 549 do American Concrete Institute

EGF
30

O barco de Lambot (1848)

EGF
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LIGAÇÕES QUÍMICAS
Relacionar o tipo de ligação química com as principais
propriedades dos materiais.

EGF
32

OBJETIVO
Relacionar o tipo de ligação química com as principais
propriedades dos materiais.

ROTEIRO
Recordar conceitos básicos:
Conceitos fundamentais da estrutura atômica
Modelo atômico de Bohr e o da mecânica quântica.
Eletronegatividade
Recordar os tipos de ligações químicas.
Energia de Ligação
Relacionar propriedades com os tipos de ligações químicas.

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Recordando conceitos

Átomo de oxigênio

A≅Z+N
16 = 8 + 8

Onde,
A = massa atômica
Z = número atômico ≡ nº de prótons
N = nº de nêutrons

16
  = 8 8 → 
 16
Próton ⊕
Nêutron
Elétron ⊖

EGF
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Cada átomo é composto por:


 Núcleo → prótons e nêutrons.

 Elétrons, que circundam o núcleo.

Elétrons e prótons são carregados eletricamente.


 Elétrons tem carga negativa; prótons tem carga positiva;

nêutrons não tem carga.


 A magnitude da carga do próton e do elétron é 1,602⋅10
-19C.

As massas são muito pequenas:


 Prótons e nêutrons possuem massas quase iguais e que

valem respectivamente 1,673 x 10-27kg e 1,675⋅10-27kg.


 Elétrons tem massa igual a 9,1095⋅10
-31kg.

 Cada elemento é caracterizado:


 Pelo seu número atômico (Z) → número de prótons dentro

do núcleo.
 Pela sua massa atômica (A) → soma do número de prótons

e do número de nêutrons dentro do núcleo.


EGF
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Modelo Atômico de Bohr


Orbital eletrônico
discreto  A posição de cada elétron em particular é
mais ou menos bem definida em termos do
seu orbital.
 As energias dos elétrons são quantizadas;
 A mudança de orbital (nível de energia) é
possível, com absorção (salto quântico para
energia maior) ou emissão (para energia menor)
Núcleo
de energia.
 Estados (ou níveis) de energia adjacentes são separados
por energias finitas.
 O modelo de Bohr é um misto de conceitos clássicos e
quânticos que se revelaram inadequados para explicar a
estrutura completa da matéria.
 Isto é, a tabela periódica e as propriedades dos átomos.

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Modelo Mecânico-Ondulatório
 Nesse modelo, o elétron apresenta características tanto de
onda quanto de partícula.
 O elétron não é mais tratado como uma partícula que se movimenta
num orbital discreto.
 A posição do elétron passa a ser considerada como a probabilidade
deste ser encontrado em uma região próxima do núcleo.

EGF
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Comparação entre os modelos atômicos em termos da


distribuição eletrônica – átomo de hidrogênio

Modelo
Modelo Mecânico-
de Bohr Ondulatório

elétron livre

1
 = ∙ 13,6


Menor nível de energia possível ou


estado de energia fundamental do
e⎺ do H

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Números Quânticos
 São quatro parâmetros que caracterizam cada elétron em
um átomo.
 Eles permitem que não haja dois elétrons com os mesmos números
quânticos.
Eles são:
 Número quântico principal (n) - especifica o nível de
energia. (posição)
 n = 1, 2, 3, 4, 5,f (ou K, L, M, N, O,.f);
 Número quântico orbital (ou secundário) (l), significa a
subcamada - especifica o módulo do momento angular
orbital do elétron. (forma)
 l = 0, 1, 2, 3, 4,f, (n -1) (subcamadas s, p, d, f,f)

EGF
39

Números Quânticos
 Número quântico orbital magnético (ou terceiro) (ml)
especifica a orientação do momento angular orbital do
elétron com respeito a um dado eixo z.
 ml = - l, (- l +1),f, (l - 1), l
 Número quântico de spin (ou quarto) (ms), um para cada
orientação do spin.
 ms = -1/2, +1/2.
Energia

Número quântico principal, n


EGF
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Representação dos estados de energia ocupados e


não ocupados para um átomo de sódio (2311Na12)
K (n=1)

L (n=2)

Energia crescente
M (n=3)

elétron n l ml ms
3s1 +1/2 ou -
11 3 0 0
1/2
10 2 1 +1 -1/2
2p6 9 2 1 +1 +1/2
8 2 1 0 -1/2
7 2 1 0 +1/2
6 2 1 -1 -1/2
5 2 1 -1 +1/2
2s2 4 2 0 0 -1/2
3 2 0 0 +1/2
1s2 2 1 0 0 -1/2
1 1 0 0 +1/2

EGF
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Elétrons de Valência - Configurações Estáveis


K (n=1) Elétrons de Valência
L (n=2)  São aqueles que ocupam a
camada eletrônica mais externa.
Configurações Eletrônicas Estáveis
M (n=3)
 As camadas eletrônicas mais
externas estão completamente
Elétron de valência do Na preenchidas.
 Os átomos com camadas de valência não preenchidas
podem adquirir uma configuração eletrônica estável por três
maneiras:
 Perdendo
 Recebendo ou
 Compartilhando elétrons

EGF
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Tabela periódica
 Todos os elementos foram classificados de acordo com a
configuração eletrônica na tabela periódica:

EGF
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Eletronegatividade
 Conforme L. Pauling, é o poder que um átomo tem de atrair
elétrons para si (IUPAC)*.
 Conforme Mulliken, é a média da energia de ionização e
afinidade eletrônica de um átomo.
Escala relativa de Pauling:
 Define-se arbitrariamente a eletronegatividade de um
elemento, e a dos outros é dada em relação a esse
elemento.

* IUPAC. Compendium of Chemical Terminology, 2nd ed. (the "Gold Book").

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Escala de Eletronegatividade conforme L. Pauling


Maior facilidade em
ganhar elétrons.
ÂNIONS

χr F = 4

χr Fr = 0,7
Inertes – Gases Nobres
Maior “facilidade” em
ceder elétrons.
CÁTIONS
EGF
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O flúor (F) (o elemento mais eletronegativo) foi atribuído o valor


4,0 por L. Pauling. Assim, o menos eletronegativo (ou mais
eletropositivo) é o frâncio (Fr) com o valor de 0,7.

Eletronegatividade (χ)
• Principal bloco 1-2 3
(bloco s)
• Principal bloco 13-18
(bloco p) 2
• Metais de transição
(bloco d)
• Metais de transição 1
(bloco f)

0
10 20 30 40 50 60 70 80 90
Número atômico

EGF
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Ligações químicas predominantes nos materiais


Materiais Metálicos → ligação metálica.
Materiais Cerâmicos → ligação mista iônico-covalente.
Materiais Poliméricos → ligação covalente e ligações
secundárias.
Materiais Compósitos → “mistura” as outras categorias num
mesmo material.

EGF
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Classificação dos Materiais - Tipo de Ligação

Tetraedro que representa a contribuição relativa dos diferentes


tipos de ligação nas categorias de Materiais de Engenharia
(Metais, Cerâmicas e Polímeros)
EGF
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Ligações químicas
 Elas ocorrem entre os átomos apenas se o arranjo final de
seus núcleos e elétrons conferir ao par uma energia
potencial menor que a soma das energias dos átomos ou
íons isolados.
 Podem ser classificadas quanto as suas energias, em:
 Ligações primárias, ou fortes: dependem da diferença do
caráter eletronegativo (A⊖), ou eletropositivo (C⊕), dos
elementos envolvidos e são:
 Ligação iônica (C⊕ + A⊖ ∴ C⊕ ≠ A⊖);
 Ligação covalente (A⊖ + A⊖∴ A⊖ ≅ A⊖);
 Ligação metálica (C⊕ + C⊕).

EGF
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Ligações químicas
 Ligações secundárias, ou fracas: dão origem a atrações
entre uma molécula qualquer e suas vizinhas e as
principais são:
 Pontes de hidrogênio;
 Interações dipolo-dipolo;
 Forças de dispersão de London;
 Forças de van der Waals.
 Algumas propriedades, como o ponto de fusão e a
solubilidade, são influenciadas pelos tipos de forças
eletrostáticas secundárias que atuam entre as moléculas.

EGF
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Ligação Primária Iônica


 Envolve a transferência de elétrons de um átomo para
outro.
 Ou seja, envolve uma atração eletrostática entre dois íons de cargas
opostas.
 A ligação é não-direcional (atração eletrostática estende-se
igualmente em todas direções).
 Forças de atração Coulombianas (F) variam com o quadrado do
inverso da distância interatômica (r) (F≈1/r2).
Grande diferença de eletronegatividade
(χr ) entre os elementos.
Exemplo: cloreto de sódio (NaCl):
χr Na = 0,9 ; χrCl = 3,0.

EGF
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Ligação Primária Covalente


 Envolve o compartilhamento de um par de elétrons entre
dois átomo e a força de ligação depende da sobreposição
entre eles.
 A ligação resultante é altamente direcional.
 Menor diferença de eletronegatividade entre os elementos
do que aquela observada em ligações iônicas.
 A densidade eletrônica dentro de uma ligação não é
atribuída aos átomos individuais, mas em vez disso, ela é
distribuída entre os átomos.

EGF
52

Ligação Primária Metálica


 Os metais possuem de 1 a 3 três elétrons de valência.
 Resulta do compartilhamento de um número variável de
elétrons com um número variável de átomos.
 Os elétrons de valência passam a se comportar como
elétrons “livres”.
 A ligação resultante é não-direcional.
 Apresentam a mesma probabilidade de se associar a um
grande número de átomos vizinhos, formando uma “nuvem
eletrônica” de baixa densidade.

EGF
53

Ilustração esquemática da ligação metálica

EGF
54

Ligação Secundária de Van der Waals


 Uma força de atração fraca entre átomos, ou moléculas não
polares, causada por mudanças temporárias no momento
de dipolo (µ).
 Esta atração é vista como dipolos elétricos.
 A mudança do µ tem origem no breve deslocamento dos
elétrons para um lado do átomo, ou molécula, criando um
deslocamento similar nos átomos, ou moléculas
adjacentes.
 A atração é muito mais fraca que uma ligação primária.
 As forças de van der Waals são forças intermoleculares
que promove a coesão nos estados líquido e sólido da
matéria.
 É importante em propriedades tais como tensão superficial,
ponto de ebulição e efeito capilar.
EGF
55

Dipolos Elétricos
 Interações dipolares:
1. Dipolo induzido ⟺ Dipolo induzido

2. Dipolo induzido ⟺ Molécula polar (com dipolo permanente)


3. Molécula polar ⟺ Molécula polar

PVC

EGF
56

Ponte de Hidrogênio
 É um caso especial de ligação entre moléculas polares.
 É o tipo de ligação secundária mais forte.
 Ocorre entre moléculas em que o H está ligado
covalentemente ao flúor (χr F = 4) (como no HF), ao
oxigênio (χr O = 3,5) (como na H2O) ou ao nitrogênio (χr N =
3) (por exemplo, NH3).
 Ela é responsável pelas propriedades particulares da água.

EGF
57

Força e Energia de Ligação (caso unidirecional)


 As forças de ligação são de dois tipos e suas grandezas
dependem da separação ou da distância interatômica (r).

Atrativa (FA) Repulsiva (FR) Muito próximo – cada átomo exerce uma força sobre o outro

+
Força

̶
FA Muito longe – interação desprezível

FR

̶
+

Distância interatômica

EGF
58

 Atrativa (FA): depende do tipo de ligação


que existe entre os dois átomos.
Forças  Repulsiva (FR): tem a sua origem na
interatômicas interação entre as nuvens eletrônicas
carregadas negativamente dos dois
átomos.

A forca resultante, ou líquida, (FL) entre dois átomos é:


FL = FR + FA
A energia potencial (E) também é função da separação
interatômica (dr). E e F estão relacionadas matematicamente:
  

 =    =    +    =  + 
∞ ∞ ∞
EGF
59

+ Força atrativa FA

Atração
Força F
Separação interatômica r

Repulsão
Força repulsiva FR

Força resultante FL

-
FL = FR + FA = 0 +

Repulsão
Energia repulsiva ER

Energia Potencial E
Separação interatômica r

Energia resultante EL

Atração
Energia atrativa EA
-
Forças de atração e de repulsão e energia potencial em função
da distância interatômica (r) para dois átomos isolados.
r0 e E0 são a distância e a energia de ligação no equilíbrio (FL=0),
respectivamente.
EGF
60

A distância de ligação entre dois átomos é a distância


correspondente ao ponto de mínima energia (soma dos dois
raios atômicos).
(a) Metais puros: todos os átomos têm o mesmo raio atômico.
(b) Sólidos iônicos: os raios atômicos são diferentes, uma vez
que íons adjacentes nunca são idênticos.

EGF
61

Relação entre Propriedade e


Força/Energia de Ligação
F
Átomos
fortemente ligados
Força F

Separação r
Interatômica r

Átomos
Módulo de Elasticidade
fracamente ligados
> dF/dr > E

 O módulo de elasticidade é proporcional ao valor da


derivada dF/dr no ponto r = r0.
 O módulo de elasticidade (E) representa uma medida da
intensidade das forças de ligação interatômicas.
EGF
62

Explique por que os materiais ligados covalentemente são,


geralmente, menos densos do que os ligados ionicamente
ou metalicamente.

Os materiais ligados através de ligações covalentes


possuem massa específica menor do que os materiais com
ligações metálicas e com ligações iônicas porque as
ligações covalentes são de natureza direcional, enquanto
as ligações metálicas e iônicas não o são.

EGF
63

Resumo

 As propriedades dos materiais dependem da sua


composição e estrutura
 Os elementos químicos combinam-se formando sólidos
cuja coesão depende de diferentes tipos de ligações
primária e secundária.
 As ligações primárias são fortes e, dependendo do tipo
de compartilhamento eletrônico, dividem-se em três tipos
principais : iônica, metálica e covalente
 As ligações secundárias referem-se a ligações
intermoleculares e são classificadas em: forças de van de
Waals ou interações dipolares (induzidos e permanentes)
e ligações de hidrogênio.
EGF
64

Resumo

 Nos metais as curvas de força e energia interatômica


refletem a sua rigidez mecânica e expansão térmica.
 Nas cerâmicas estão presentes as ligações iônicas com
característica covalente direcional.
 Nos polímeros, as ligações covalentes direcionais
predominam na cadeia e as ligações secundárias
intermoleculares e o emaranhamento das longas cadeias
dão coesão ao sólido.

EGF
65

Terminamos aqui por hoje.


Mas tem leituras e exercícios no Moodle
importantes que tomam pouco tempo.

Força e Obrigada pela atenção

EGF
66

APÊNDICE

EGF
67

Sistema
 Uma parte do Universo sob
investigação, definida
arbitrariamente, independente
da forma ou tamanho.
 Possui uma fronteira que o
separa da vizinhança.*

Exemplo: a solução sólida entre MgO e NiO formam um


sistema de 1 única fase (monofásico).

*IUPAC Gold Book

EGF
68

Materiais híbridos
Constituintes inorgânicos Matrizes orgânicas
Minerais Argilas Polímeros Hidrogéis Camadas por camada

Metais Semicondutores Polímero escova Copolímero a bloco Lipídeos

Carbonos Cerâmicas Polímero escova Carboidratos Ácidos nucleicos

EGF https://doi.org/10.3389/fchem.2019.00179
69

χr F = 4 ; χr Br = 2,8; χr H = 2,1 ; χr Na = 0,9


∆χ = 0 ∆χ = 0,7 ∆χ = 1,9 ∆χ = 3,1
⊕ ⊖
F2 HBr HF Na F

Aumento do caráter iônico

Aumento do caráter covalente

Ligações Ligações
Ligações
covalentes covalentes
iônicas
não polares
iônicas
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Diferença em eletronegatividade

EGF

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