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E o meu coração, porque ver

você é uma sensação assim...

“Ele é tão bonito...” Muriel suspirou profundamente enquanto ela


olhava Kurunir sentado em um pedra com aquele ar de total desinteresse que
ele mantinha sempre ao olhar o mundo, ele vivia dentro de seu próprio mundinho
em sua cabeça, tinha um livro qual quer nas mãos e o dedilhava como se
estivesse acariciando um gatinho filhote.
- Porque não fala com ele, ele não morde sabe? – Ariana riu enquanto
olhava a amiga, ela era a filha do meio dos descendentes de Thorgar e um elfo
ter tantos filhos era algo bem incomum, quando muito tinham era dois,
geralmente paravam no primeiro mas sua família em certa maneira era bem
incomum. Ela era a mais animada dos três, não tinha a pressão de ser a mais
velha e muito menos a superproteção da pouca idade, no fim era o mais
confortável lugar pra se ficar.
Muriel sentiu o coração bater mais forte e pular quase a boca, segurou
o engasgo e olhou para amiga um pouco assustada de ser pega no flagra
fazendo aquilo, respirou fundo e falou com a maior normalidade que conseguiu.
- Não mas... ele é tão inatingível sabe? Lembra de quando recebemos
aquela última caravana? Tinha tantas beldades nela, lembra de quando aquela
moça...eu não lembro o nome dela, chegou para falar com ele de repente a
conversa estava animada, mas ela saiu como se tivesse levado uma bofetada–
Muriel fez uma careta contrariada e depois riu ao ver a cara de deboche de
Ariana afinal elas estavam falando do irmão dela.
- Não ligue pra isso, ele estava querendo saber do mundo la fora e ela
queria elogios, ele não é tão bom com elogios assim – Cutucando a amiga e
então sussurrou como se contasse um segredo – Olhe como ele coça atras das
orelhas – Ariana apontou com uma cara de riso e um ar cúmplice e ela não
perderia a oportunidade então falou com tom de provocação- Ele faz isso
quando se sente contrariado, feliz, infeliz ou quando não sabe o que fazer, mas
a realidade é que ele não sabe o que quer fazer, mas com a ajuda de uma bela
mulher como você talvez ele encontre o seu lugar como pai, ele é carinhoso
sabe? É bom com crianças mas não sabe fazer la muita coisa, o que consegue
só consegue porque tem meio que um talento natural. Isso ainda vai fazer papai
ficar careca e olhe que ele tem bastante cabelo. – Ao ouvir aquilo Muriel sentiu
o coração acelerar mas sabia que a amiga não estava falando serio, estava
apenas a provocando pra ver como reagiria.
A pequena vila era situada dentro de um conjunto de cavernas e a
principal era belíssima, e naquele dia em especifico a atmosfera estava
carregada de magia e antecipação enquanto elfos que ali moravam se reuniam
com outros de várias para celebrar uma festa especial, era a festa de mudança
dos cristais sagrados, haviam encontrado um especial que trazia poderes de luz
do sol mesmo para os locais mais escuros. As paredes da caverna eram
adornadas com brilhantes cristais que lançavam uma luz suave e colorida por
todo o ambiente, criando um cenário verdadeiramente que trazia uma sensação
de aconchego.
A entrada da vila estava decorada com uma série de lanternas
mágicas, que emitiam um suave brilho verde e azul, iluminando o caminho para
os visitantes que vinham de longe para participar da festa. Os elfos da vila
haviam trabalhado incansavelmente para criar uma atmosfera acolhedora e
festiva, com guirlandas de flores e folhagens exuberantes penduradas por toda
parte. No centro da vila, havia uma grande clareira onde a festa iria acontecer.
Uma enorme fogueira mágica ardia no centro, lançando faíscas douradas e
aromas deliciosos no ar. As chamas dançavam em ritmo com a música, que era
tocada por músicos elfos habilidosos que usavam instrumentos feitos de cristais
e madeira encantada.
Elas tinham tirado os olhos dele por um segundo e ele havia saído
caminhando, provavelmente para encontrar algo para fazer, ou para comer
alguma coisa o que não seria nada de se estranhar ele era o maior apreciador
da boa comida e o cheio do lugar estava divino, as melhores cozinheiras da vila
estavam montando mesas longas e bem arrumadas que estavam repletas de
iguarias da culinária élfica, como cogumelos mágicos recheados, frutas exóticas
e néctar de flores silvestres e ele com todo o seu charme e educação conseguiria
provar de tudo com um jeitinho.
Muriel, era uma jovem de cabelos negros que brilhavam como a noite
e olhos dourados como os raios do sol, como todos os seus afazeres já tinham
terminado ela estava no seu melhor momento admirando ao longe, observava
Kurunir, enquanto ele se movia graciosamente entre os elfos, com um livro
sempre em mãos, absorvido em suas palavras e histórias. Ela admirava sua
inteligência e a maneira como ele desvendava os segredos do mundo por meio
de suas leituras. Mas Ariana a havia distraído e ela tinha perdido a oportunidade
mais uma vez, de a coragem vir e talvez, quem sabe talvez falar com ele.
- Não precisa me olhar de forma tão irritada sabia? Ele logo aparece
de novo, com suas desculpas “Oh me perdoe acabei perdendo a hora” “Oh o que
aconteceu não lembro o que eu estava fazendo” – A voz de Ariana era zombeira
e seu tom tão afetado que fez Muriel revirar os olhos e suspirar.
- Ele não é assim sabe? Ele é tão...Tão...
-Monótono? Cansado? – Ela falou em meio a uma risada contida
- Você poderia ser mais elogiosa, eu diria interessante, inteligente,
dedicado, misterioso.
A conexão de Muriel com ele era ainda mais complicada, pois ela era
amiga das irmãs dele, o que tornava a situação ainda mais delicada. Elas
compartilhavam uma amizade profunda e cúmplice, corriam juntas pelas
cavernas desde de pequeninas, primeiro com Ari e Elysia logo depois, pois
aquela pequena manipuladora jamais se deixaria ficar para trás, e a verdade era
que Muriel não queria fazer nada que pudesse prejudicar essa relação afinal
amava demais aquelas duas, cada uma a seu modo. Ela temia que confessar
seus sentimentos a Kurunir pudesse afetar sua amizade com as irmãs dele e
criar um desconforto entre todos. As meninas é claro já sabiam e a cutucam
sempre que tem qual quer oportunidade.
- Sabe quem vai estar aqui hoje Muri? Adivinhe quem vai estar aqui
hoje que só tem olhos pra você, não meu irmão que só tem olhos pros livros.
- Não me diga que ele vem pelo amor de deus – E revirou os olhos
suspirando.
- Lirion deve estar chegando, com sua voz maravilhosa de Bardo,
suas musicas.
Ela se levantou e arrumou o vestido suspirando querendo terminar
aquela conversa o mais rapidamente possível, Lirion havia saído da aldeia a
muitas luas, tantas que ela nem lembrava mais, era mais velho que Kurunir, eles
eram apegados, talvez Lirion fosse o único que Kurunir considerasse um amigo
e era mais uma desgraça pra ela contornar, parecia que seu amor infantil tinha
crescido, e agora tinha que brigar com todos.
- Nos vemos mais tarde Ari? Minha mãe deve estar me procurando.
- Nem ao menos vai responder sobre Lirion? Você precisa começar a
pensar no futuro, imagine filhos de cabelos brancos e olhos como os dele – Ela
forçou um suspiro, porém o mesmo se irrompeu em uma risada livre enquanto
ela mesma se levantava, logo a festa começaria e não queria levar bronca
também.
Ao se afastar Muriel até imaginou crianças, mas com aqueles cabelos
de sol e olhos de musgo, com aquele ar de criança e as vezes um pouco ranzinza
mas aquilo parecia um futuro completamente impossível. Ela se perguntava se
as irmãs de Kurunir já haviam percebido seus sentimentos e como reagiriam se
ela tentasse se aproximar de forma mais romântica se aquelas brincadeiras eram
um incentivo ou uma piada, não queria fazer nada que pudesse prejudicar essa
relação. Ela temia que confessar seus sentimentos a Kurunir pudesse afetar sua
amizade com as irmãs dele e criar um desconforto entre todos.
Algumas horas se passaram, ela se arrumou, deixou os cabelos soltos
adornado com uma coroa de flores pequenas que brotavam perto dos cristais
sagrados, seu vestido era de um linho de uma cor violeta suave adornado por
pequenos cristais, usava chinelos que trançavam em seus calcanhares e dois
pequenos brincos de perolas que sua mãe tinha e havia deixado usar pois eram
relíquia de família.
O início da festa na pequena vila dentro da belíssima caverna foi um
momento de grande expectativa e alegria, enquanto a noite caía suavemente,
os elfos das cavernas de diferentes tribos começaram a chegar ao local da
celebração, cada um trazendo consigo um toque único de sua cultura e estilo. O
chão da clareira estava coberto com tapetes de musgo macio, criando um
espaço confortável para os elfos se reunirem e dançarem.
Alguns usavam túnicas de cores vibrantes e ricas em detalhes,
bordadas com padrões geométricos que remetiam à sua tribo. Outros
escolheram roupas mais simples e elegantes, feitas de materiais naturais como
seda e algodão. Muitos elfos usavam joias encantadas, como colares com
pedras luminosas que emitiam um brilho suave, ou pulseiras de prata adornadas
com símbolos mágicos. Alguns elfos usavam flores e folhas em seus cabelos,
adicionando um toque de frescor e natureza às suas vestimentas.
À medida que os elfos se reuniam na clareira, a expectativa estava no
ar. Cumprimentos calorosos e sorrisos amigáveis eram trocados entre os elfos
das diferentes tribos, enquanto todos aguardavam ansiosamente o desenrolar. A
fogueira central já começava a crepitar, as musicas e historias de Lirion voz de
luar começavam a preencher o ambiente, criando uma trilha sonora encantadora
para o começo da celebração.
Lirion Canção da Lua ou voz de luar como era conhecido carregava
um instrumento musical de madeira entalhada e adornada com pedras
preciosas, que parecia uma extensão natural de suas mãos. Quando ele
começou a tocar e cantar, sua voz era como um sussurro de vento nas folhas
das árvores, suave e melodiosa, enchendo a caverna com uma aura de encanto
e magia. Ele vestia uma túnica de seda azul-marinho que fluía em torno dele
como água corrente. Bordados intrincados representavam cenas da natureza e
da mitologia élfica ao longo das bordas da túnica. Seus olhos eram de um verde
profundo, como as folhas de uma floresta antiga, e brilhavam com uma sabedoria
e compaixão que cativavam a todos que os encontravam.
Foi então que Muriel finalmente o viu, e ele sorriu diretamente pra ela,
Kurunir trajava uma roupa de algodão simples tinha um pequeno colar trançado
no pescoço que segurava uma pedra de luz e ele se aproximou dela, Muriel
sentiu seu corpo tremer e segurou o suspiro, ao longe ela conseguiu ver Elysia
e Ariana espiando de longe e pensou “vou matar aquelas pestinhas” mas o
sorriso dele era tão solto que ela sentiu o coração derreter.
- As meninas acharam que você iria gostar, então pediram pra eu fazer
pra você também – Kurunir tinha em mãos uma pequena pulseira trançada com
galhos, um fio de prata e pequenas pedras brilhantes, não era nada precioso
mas extremamente bonito, ele havia feito, por ter irmãs acabara desenvolvendo
algumas habilidades para acalmar e mimar suas almas infantis, ele conseguia
trançar os cabelos delas com muita habilidade e por sinal era isso que tinha feito
antes da festa. – Não é nada demais fiz pras meninas também...
Ele parecia tão constrangido que era quase engraçado, aquele elfo
tão alto, tão gentil com vergonha, ela recebeu e colocou no pulso.
- Vou ganhar com muito carinho... Mas vamos elas estão nos
observando acho melhor irmos ficar com elas. – E os dois caminharam juntos
até próximo onde estava o Bardo e Muriel pensou que talvez com um pouco de
paciência seu futuro poderia ser brilhante.

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