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Abrakadabra!

Alakazham!
Abrakadabra!

Alakazham!

Textos e ilustrações: Katiuscia de Sá.


(Em memória de Lucy).
Para meus “anjos da guarda”:
(Em ordem alfabética)
Aníbal Pacha
Carmen Ribas
Daniele Queiroz
Dennis Wilber
Edson Fernando
Jackson Guajajara
Jaqueline Sosi
Luna Kim
Nilson Damasceno
Pietro Milan
Priscila Romana
Apresentação

Este livro é voltado para o público infantil, contém 13


histórias relacionadas à Antiga Religião pagã. As
narrativas explicam de maneira lúdica sobre as histórias
e folclore que permeiam a Roda do Ano através dos
Sabbats; sobre a Deusa Lua e o Deus Sol; narra o que são
os Elementais, além de conter valores imprescindíveis
para a formação do caráter da criança, tais como:
conscientização ecológica, valores familiar,
solidariedade, autoconfiança, respeito, amor, amizade,
etc.
São narrativas mágicas, envolventes e divertidas
voltadas para o público infantil, a partir dos quatro anos
de idade, como forma introdutória aos conhecimentos
do mundo da bruxaria. Sobretudo, revelam à criança os
valores de base da tradição e festejos seculares da
Antiga Religião pagã.
Por esse caráter introdutório, este livro torna-se
também uma ferramenta didática aos pais bruxos que
seguem esta tradição, a fim de abrirem caminhos aos
filhos para o aprendizado da Antiga Arte pagã.
Todas as histórias são ilustradas, contendo nas imagens
elementos do universo mágico, que a criança
compreenderá futuramente ao seguir esta Arte, com o
aprofundamento de seus estudos pessoais de bruxaria.
Dedico todas as histórias às figuras mágicas de Aine e
Cernunnos, bem como ao meu panteão de fadas. Dedico
também à maravilhosa Hekate, quem me revelou e me
guiou para fazer este manuscrito. Também dedico às
nossas ancestrais e guardiãs.
E às futuras gerações que darão seguimento e vida à
Antiga Religião...

Evoé!!!
A DEUSA LUA E A FADINHA PERGUNTADEIRA
Era uma vez... uma fadinha muito perguntadeira. Seu
nome era Eileen. Certa noite a fada estava sentada
numa nuvem bem próxima à Lua, e como se houvesse
uma coceira na língua perguntadeira... Eileen, disparou
sem noção:
– deusa Lua, tenho observado a senhora! E tem vezes
que a senhora parece outra pessoa... e isso me intriga!
A deusa Lua riu da sinceridade da pequenina, e explicou
que é porque ela é uma deusa tríplice. “Então, a senhora
é três pessoas ao mesmo tempo?”, perguntou a fadinha.
– Hm... não exatamente!, disse a deusa Lua. Ela explicou
que seu aspecto de deusa tríplice está relacionado ao
que ela representa juntamente à energia de suas fases
lunares, e isso reflete nas suas faces de Grande deusa.
– E que faces são essas, afinal?!” Pra deixar a senhora
tão diferente, às vezes que venho aqui visitá-la? , estava
muito intrigada a fadinha.
A deusa Lua disse que são as faces do feminino sagrado:
a donzela (jovem), a mãe (mulher adulta), e a anciã (a
sábia). E cada uma delas é exatamente associada aos
ciclos lunares. A lua crescente representa a face da
donzela, a lua cheia é a face da mãe, e a lua minguante
é a anciã.
– Nossa deusa Lua! A senhora não se cansa de ficar
mudando assim o tempo todo!?, comentou baixinho a
pequena fada perguntadeira...
– Não canso não, minha pequena! Pois a cada novo ciclo
temos a chance de recomeçar novamente para fazermos
diferente àquilo que achamos que podemos melhorar.
Então a fadinha compreendeu que desse modo, há
espaços para pequenas pausas que nos remete a
reflexões sobre nossas atitudes, e todos ficamos mais
experientes e sábios para viver a vida.
– Hm... entendi! Acionando cada uma de suas faces, a
senhora pode ter melhores energias para lidar com
diferentes coisas!
– Isso mesmo!, comentou deusa Lua. E finalizou fazendo
a pequena fada compreender, que cada pessoa tem
esses poderes dentro de si. E que a magia acontece
quando nos damos a chance para começar, desenvolver,
e finalizar algo quantas vezes forem preciso, até
acertarmos
– Ah deusa Lua... como é lindo sermos responsáveis por
nossas próprias escolhas e ainda termos a chance de
tentar melhorar cada vez mais.
– Essa é a verdadeira magia!, disse a deusa Lua, na sua
face de anciã...
NOITE DE TODAS AS BRUXAS
Aila levantou-se cedinho e muito feliz na manhã que
seria a visita de sua avó. Fazia alguns meses que ela não
ia visitar a neta, pois morava em outra cidade.
Era o mês de aniversário de Aila, por isso era uma
ocasião especial. Quando a avó dela chegou foi uma
festa! As duas se divertiram muito juntas durante o dia
todo, justamente para matar a saudade.
De noite, a avó de Aila foi colocá-la para dormir. E disse-
lhe que contaria uma história diferente. Contaria sobre
a noite de todas as bruxas.
Ao ouvir isso, Aila entusiasmou-se! Sua avó contou-lhe
que há milhares de anos, havia um povo muito antigo
que celebrava as épocas das estações e faziam magias,
era um povo formado por bruxas e magos. E havia um
período especial, onde eles celebravam a colheita dos
alimentos plantados durante a Primavera e o Verão e
também para dar boas vindas à metade escura do Ano.
“O ano tem uma metade clara e outra escura, vovó?”,
perguntou Aila.
Sua avó disse que sim. Pois era a estação do Outono que
estaria em seu auge, e por isso, o sol estava mais fraco,
fazendo os dias ficarem mais curtos e as noites mais
longas.
“Ah, entendi... com pouco sol haveria mais céu escuro
do que céu claro...”, sorriu Aila.
Sua avó disse, que nessa noite especial de celebrações
do Outono, que os povos antigos chamavam “Samhain”
(pronuncia-se: /soueim/), o véu que separava o mundo
dos vivos e o mundo invisível ficava muito fininho e
aqueles ancestrais que não estavam mais neste mundo,
vinham visitar seus entes queridos.
Então, as pessoas acendiam fogueiras nas aldeias,
acendiam lampiões e velas nas casas para iluminar os
caminhos deles para encontrarem seus parentes vivos e
também para ajudá-los a enxergar o caminho de volta
para o mundo invisível.
Aila ficou feliz em saber disso, pois pensou quando sua
avó não estivesse mais viva, ela poderia vir visitar-lhe
nessa noite de todas as bruxas. Então falou:
- Vovó, quando a senhora não estiver mais aqui, e
acontecer essa noite de todas as bruxas, vou acender
uma vela para que a senhora não se perca, e venha me
ver!
Ambas sorriram e se abraçaram. Aila foi dormir
pensando no dia seguinte, que seria maravilhoso,
porque ambas iriam divertir-se muito novamente.
MENINO SOL E AS FADAS
Lá estavam as duas fadinhas rodopiando feito
mariposas atraídas pela luz... elas queriam brincar com
o menino sol, que nascera na noite de Yule.
Diz a lenda, que há milênios, alguns povos antigos
tinham o Sol e a Lua como seus deuses, e celebravam as
estações da natureza através da Roda do Ano. Ela
marcava os festejos para comemorar a Primavera, o
Outono, o Inverno e o Verão. Essas eram as principais
festas, mas haviam outras também.
Segundo a lenda, a partir do período especial de Yule,
os dias se tornariam cada vez mais longos e com menos
frio. Isso era o sinal de que o Inverno estaria terminando.
Esse fenômeno da natureza é conhecido como Solstício
de Inverno. Indica que a cada dia a luz do sol ficará mais
e mais brilhante, levando calor a terra nutrindo as
plantas.
E este era o momento propicio para que as fadas dos
bosques e florestas pudessem se aproximar do sol sem
se queimar.
Uma dessas pequeninas, juntamente com seu
irmãozinho fada, teve a ideia de apanhar na floresta
alguns cipós para enlaçarem os raios do Sol, e brincarem
como se fosse um balanço pelos céus.
Teriam de pedir, se ele deixava! Perguntaram, e ele
deixou. Porém, o cipó amarrado não durou muito.
Queimou-se devido o calor que o Sol emanava.
Mesmo assim, as fadinhas conseguiram brincar com o
menino Sol. Ele as levou sob seus cabelos de raio. Os três
se divertiram atravessando todo o céu até o entardecer.
BRÍGIDA E A BONECA DE PALHA
Brígida arrumou sua mochila com os cadernos e livros.
Pegou o estojo de canetinhas e também a lapiseira.
Tudo pronto! Hoje na sua escola era dia da apresentação
do trabalho de aula que falaria um pouco sobre os pais,
e cada estudante deveria escolher um tema que
envolvesse toda sua família. Brígida escolheu falar sobre
as atividades em que seus pais trabalhavam.
Quando foi sua vez de se apresentar para a turma, a
menina estava muito feliz e orgulhosa. Ela disse que seus
pais, tios, tias, primos e primas moravam todos juntos
em uma fazenda. Cultivavam trigo, da onde tiravam o
sustento.
Disse ainda que sua fazenda estava na família há quatro
gerações. E por isso mesmo havia costumes de seus
antepassados que seus familiares mantinham até hoje.
Ela deu o exemplo da celebração chamada Imbolc, que
é feita durante o inverno, onde seus familiares acendem
uma enorme fogueira na noite mais longa do ano,
agradem por estarem bem e com saúde. E todos tecem
bonecas de palha.
- Essas bonecas representam a antiga deusa Brigith,
senhora do fogo e das colheitas, – disse a menina.
Brígida disse que há também o costume de tecer a ‘cruz
de Brigith’, para agradecer pela colheita, e colocar
dentro de casa como enfeite e para proteção.
- Mas essa cruz eu ainda não sei fazer, porque é difícil de
tecer. Mas minha mãe e primas estão me ensinando..., -
sorriu a menina.
Brígida disse também que sua avó aprendeu com a avó
dela a tecer a boneca de palha, quando tinha a idade
que Brígida tem hoje. E foi essa antiga boneca que a
menina levou para mostrar à turma.
Seus coleguinhas de classe ficaram impressionados em
saber que aquela boneca de palha tinha quase cem
anos.
- E meu nome Brígida é a tradução do nome ‘Brigith’.
Meus pais me batizaram assim para homenagear a
cultura de nossos antepassados, pois eu pertenço a uma
família de agricultores e me orgulho disso. – finalizou a
menina.
Todos aplaudiram! E a professora deu uma medalha à
Brígida pela linda apresentação.
AURORA E O COELHO
Era uma vez..., em uma época muito, muito, muito
distante da que estamos hoje, quando os humanos
ainda não habitavam todo o planeta, e os seres mágicos
corriam livres pelas florestas e vales, havia uma coelha
que estava triste porque não conseguia ter filhotes.
Era o inicio da Primavera, e por isso havia muitas fadas
brincando por entre as flores. Então uma fadinha avistou
a coelha triste encolhida num canto... e como as fadas
são muito alegres e felizes, a pequena não aguentou ver
a coelha daquele jeito, e aproximou-se:
- Oi dona coelha! Porque você está assim? O que houve?
A pobrezinha cabisbaixa, falou já com a voz sumida:
- É que eu não consigo ter filhotes. Todas as minhas
parentes já tiveram os seus, menos eu!
A fada então falou que poderia ajudar dona coelha a
solucionar esse contratempo... Dito isso, imediatamente
os olhos da coelha brilharam de esperança: “Como?” –
disse ela voltando-se para a fada.
A pequenina explicou que na direção Leste, bem nas
profundezas da floresta morava Eostre, a senhora da
Aurora. Quando os primeiros raios do sol despontavam
no céu, ela costuma aparecer todas as manhãzinhas
para caminhar pela relva colhendo o orvalho das plantas
para banhar seu rosto e depois retornava para seu sono
de beleza. E que ela realizava desejos mediante algum
presente.
A coelha matutou:
- Tenho que pensar o que posso dar à senhora da
Aurora...
A fada sugeriu ovos, pois simbolizavam a fertilidade.
- Mas onde conseguirei ovos? – disse a coelha.
- Vamos pedir às aves da floresta, ora! – completou a
fada. Assim o fizeram. Desse modo, cada futura mamãe
ave que tinha um ovo sobrando, entregou à dona
coelha, pois seria por uma boa causa!
Então todas as madrugadas, a coelha pegava um ovo,
enfeitava com flores alegres para se destacarem por
entre as folhagens, e escondia pela mata para que
Eostre os encontrasse quando tivesse colhendo orvalho.
A senhora da Aurora gostou dos presentes e descobriu
que era dona coelha que estava ofertando. Daí
concedeu-lhe a realização de seu desejo!
Desse modo a figura do coelho e dos ovos simbolizam
fertilidade, esperança e renascimento. E os povos
antigos faziam essas oferendas à senhora da Aurora
sempre no início da Primavera, no festival chamado
Ostara, em homenagem à Eostre, pedindo a ela saúde,
renovação, fertilidade e fartura.
Assim diz a lenda...
O CASAMENTO DO SOL E DA LUA
Diziam os povos antigos que o sol e a lua são os deuses
máximos da natureza. Poeticamente, diziam eles que, a
lua se vestia de azul durante o dia, disfarçada para ver o
sol.
Desse modo, a lua toda faceira se confundia com o céu
porque estava enamorada do astro-rei e ia vê-lo em
segredo durante o dia.
Ele, todo interessado, lógico que notava a presença da
lua. E ambos se apaixonavam! E isso acontece desde
sempre, bem no auge da Primavera!
Essa era a lenda que os povos antigos celebravam em
Beltane, onde acontecia o casamento do deus Sol e da
deusa Lua. Época de plantar e semear! Pois a Primavera
trazia fertilidade ao solo, período apropriado para iniciar
os arados.
Para os festejos desse casamento, os aldeões que viviam
do sustento da terra, com suas plantações, arados,
criadouros de rebanhos, etc..., faziam uma
comemoração que iniciava pela manhã, erguendo o
“mastro de Bel”, repleto de flores e fitas coloridas!
Todos moradores das aldeias dançavam ao redor do
mastro segurando e entrelaçando as fitas. A noite,
acendiam uma imensa fogueira, pedindo que os deuses
abençoassem seus arados para obter uma boa colheita,
nos meses seguintes.
Havia também a celebração nos bosques, sob a luz da
lua cheia. Os homens se fantasiavam de “Cernunnos”,
deus da caça. E as mulheres, de donzelas-fadas que
seriam conquistadas para namoro. Era uma noite de
intensas aventuras para os adultos. E também de muita
comida farta e brincadeiras para todos aldeões. Pois a
Primavera é sinônimo de vida e alegria!
O MENINO E AS FADAS
Pietro abriu os olhos. Mal conseguiu dormir direito,
devido o calor. Ele sempre costumava cochilar um pouco
ao cair da noite. Porém hoje não conseguiu. Estava
inquieto devido o calor do alto Verão. Desceu as escadas
rumo à cozinha para pegar um copo d’água.
Mas de repente, achou que estivesse dormindo ou
sonhando... Ele viu cinco crianças na cozinha de sua
casa... mas eram crianças diferentes, com orelhas
pontudas, e tinham asinhas de borboletas nas costas.
Além disso eram tão pequeninas que cabiam na palma
de suas mãos!
– Como pode ser?! – exclamou Pietro para si mesmo.
Então o menino ficou escondido atrás da cortina,
olhando.
As pequeninas criaturas queriam abrir um pote de mel
que estava sobre a mesa. Mas não tinham forças. Pietro
riu das crianças, e não se conteve. Aproximou-se
amigavelmente para ajudá-las:
– Oi... me chamo Pietro. Eu moro aqui. Vocês querem
um pouco de mel? Eu abro o pote para vocês!
Num alvoroço as criaturinhas voaram para longe,
assustadas. Mas o menino, se mostrou inofensivo. Então
as crianças aladas o rodearam.
Pietro perguntou o que elas eram. As criaturinhas
disseram que eram fadas e estavam ali por se tratar do
Solstício de Verão, o dia mais longo do ano. Dia em que
as criaturas encantadas podiam transitar livremente
sobre a terra.
As fadas explicaram que os povos antigos celebravam
esse dia sob o nome de “Litha”, em homenagem à
energia do Sol, que está com todo seu brilho e poder
mágico!
– Os povos antigos acendiam enormes fogueiras nesta
noite, e faziam jogos e brincadeiras para celebrar o
Verão e a vida! – disse uma das fadas.
– Então, vocês estarão na minha casa todas as vezes que
acontecer Litha? – perguntou o menino. As fadas
disseram que poderiam ir visitar Pietro nos demais
Solstícios de Verão! E assim foi durante muitos anos.
Pietro ficou amigo das fadas até longa idade. E ele
sempre contava essa história para seus filhos e netos.
A RECEITA MÁGICA DA VOVÓ
Luiggi e Simonetta brincavam no átrio da casa onde
havia uma portinha de acesso ao porão. Ainda não
tinham entrado lá. Eles estavam passando as férias na
casa da avó, entretanto, ainda não tinham explorado o
porão. Resolveram entrar lá para brincar.
Encontraram vários objetos, roupas e móveis antigos.
Avistaram um grande livro, de capa dura com um
desenho em alto relevo. Era uma menina com asas de
borboleta na capa. Ela segurava uma espécie de
bolsinha.
– Veja, tem algo dentro! – comentou Simonetta.
– Uma chave! – disse Luiggi. E completou: – Olha! Tem
um cadeadinho fechando o livro..., Logo concluíram que
aquela chave daria acesso ao interior dele.
Havia muitos desenhos estranhos, folhas secas pregadas
nas páginas seguido da descrição sobre elas. Havia
também receitas de comida...
– Acho que deve ser um antigo livro de receitas da
vovó..., arriscou dizer Simonetta.
Escolheram algo fácil de preparar para fazer uma
surpresa à avó deles!
– Depois dizemos àvovó que o achamos..., disse
Simonetta com o livro nas mãos. Seu irmão concordou,
desde que ele ficasse à frente, pois era o mais velho. Aos
13 anos era bastante responsável e sabia usar o fogão.
Escolheram fazer a “Massa de Lugh”, – que nome
engraçado pra uma receita de pão..., brincou Simonetta.
Como a sua avó tinha ido ao mercado e depois visitar
uma amiga, haveria tempo de sobra para preparar a
massa, deixar descansar e depois assá-la.
A noitinha, as crianças surpreenderam a avó mostrando
a receita pronta. Mostraram também seu antigo livro.
A senhora ficou feliz e nostálgica, afinal aquele não era
um livro de receitas..., era seu antigo grimório.
A avó das crianças explicou que “Lugh” era um antigo
deus celta, e essa receita fazia o pão mágico em
agradecimento a ele pela primeira colheita do ano, dentro
do festival anual de Lammas.
– Os antigos povos celtas eram na sua maioria agricultores,
e nesta festividade agradeciam pela força e vitalidade que o
sol depositava nas suas plantações, – disse a senhora.
Explicou que os grãos da primeira colheita eram
destinados a preparar a massa de Lugh, e por esse
motivo o festival também era conhecido pelo nome de
“Lughnasadh”, fazendo referência ao deus Lugh.
Luiggi e Simonetta ficaram muito felizes de conhecerem
essa história e terem feito um pão mágico. Então avó
deles preparou um chocolate quente e todos comeram
o pão, que estava uma delícia!
A COLHEITA DE OUTONO
Elora estava muito feliz, pois este ano participaria da
grande colheita de Outono. Já tinha idade para
acompanhar o grupo. Seu irmão mais velho, Danzel,
ficaria responsável por ela enquanto estivessem nessa
tarefa.
Além da colheita, Elora também seria ensinada a se
camuflar na mata. Como elfos, deveriam ser cuidadosos
para não serem vistos pelos humanos. Afinal, estes
também realizavam suas colheitas no mesmo período
que o povo mágico da floresta.
Com a chegada do Outono era preciso estocar
mantimentos para ter comida no inverno. Os elfos se
alimentavam basicamente de sementes, cogumelos e
frutinhas. Mas também tinham de coletar gravetos para
acender fogo, a fim de se protegerem do frio. Elora foi
incumbida disso.
Ela estava fazendo sua tarefa, quando percebeu um
grupo de pessoas nas proximidades. Ficou curiosa, afinal
era a primeira vez que avistava humanos. Escondeu-se
entre os arbustos, e percebeu tratar-se de uma reunião,
algo como uma pequena festa.
As pessoas estavam ao redor de uma mesa improvisada
repleta de bolos, tortas, maçãs, milho assado, vinhos,
sucos e outras comidas.
– hm... parece delicioso! – suspirou Elora. Olhou a sua
volta, e seu irmão estava ocupado colhendo um
cogumelo, daí pensou: – Acho que não tem problema
de eu ir provar um pedacinho daquela torta... posso me
esconder.
Quando a elfa ia em direção aos humanos, Danzel a
segurou pela camisa. Elora compreendeu e desistiu de
ir, mas perguntou ao irmão se ele sabia o quê os
humanos estavam festejando.
- Celebram Mabon! (Pronuncia-se /meibon/). É assim
que os humanos chamam a segunda grande colheita do
ano, antes do inverno chegar! Eles honram a Natureza e
agradecem aos deuses por tudo que plantaram e
colheram.
Danzel explicou à sua irmã que além disso, os humanos
celebram a lenda onde o deus Sol morre em sacrifício,
pois ele dará seus últimos raios aquecendo a Terra para
que todos os seres vivos se preparem para o inverno. E
a deusa Lua grávida dele, aguardará seu nascimento no
início da Primavera, quando o sol voltará a brilhar com
mais força novamente.
Dito isso, os irmãos elfos seguiram com suas tarefas e
retornaram a seus lares levando consigo apenas o que
precisavam para passar o inverno. Eles e todos os povos
mágicos da floresta, honram a Natureza e por isso a
preservam.
HISTÓRIA SOBRE OS ELEMENTAIS
Os Elementais são energias em forma de criaturinhas
mágicas. Existem vários Elementais correspondentes
para cada elemento da Natureza: Terra, Água, Fogo e Ar.
Vamos conhecer alguns deles?!

Elemento Terra
O Saci Pererê é um duende brasileiro. Os duendes
juntamente com os gnomos e elfos são os Elementais
mais comuns ligados ao elemento Terra. Eles cuidam da
Natureza, vivem em bosques, florestas e também
próximos a casas da zona rural.
O saci sendo um duende, é um garotinho bastante
brincalhão. Ele têm poderes mágicos: pode voar
rapidamente num redemoinho de vento, e pula em um
pé só podendo desaparecer e reaparecer em outro
lugar. Ele também tem o dom de encontrar qualquer
coisa perdida.
No geral o saci é bonzinho, mas como todo menino
travesso, gosta de fazer travessuras! Às vezes visita as
casas dos vilarejos em fazendas. E vai direto para a
cozinha. Se houver alguma guloseima, ele come. Adora
doces e salgados.
Mas o que ele gosta mesmo são os panos de prato... Ah!
o saci adora dar nós em panos de prato, fazer tranças
nas crinas dos cavalos, e trocar as coisas do lugar. Mas é
um duendinho inofensivo.
Além do saci, existem vários tipos de duendes que vivem
em outros Países, e em cada lugar eles têm uma
aparência e poderes diferentes, porém todos têm
orelhas pontudas e são pequeninos.
Eles aparecem para os humanos apenas quando
querem. Por isso, é muito especial quando vemos algum
Elemental!
Elemento Água
Como o nome diz, eles vivem nas águas ou próximo de
rios, igarapés, lagos, igapós e oceanos. Os Elementais
das águas mais conhecidos são as sereias. São muito
bonitas e encantadoras, tem corpo de gente e cauda de
peixe.
Ao redor do mundo existem várias histórias relacionadas
às sereias. No folclore brasileiro também temos uma
sereia, ela se chama Iara.
Minha avó me contava uma história sobre a Iara quando
eu era criança. A história é assim:
“Numa noite de lua cheia, todo viajante que adentrasse
nas matas próximas aos rios amazônicos, poderia ouvir
a Iara cantar. Eles eram atraídos pela sua bela voz. E isso
os encantava. Porém, se os viajantes não acordassem
desse encanto, poderiam ir parar o fundo das águas,
hipnotizados seguindo o canto da sereia.
Os moradores próximos dos rios, já conheciam essa
história, e por isso jamais entravam nas matas em noites
de lua cheia, com receio de irem parar no fundo das
águas!”
Além das sereias, existem outros Elementais das Águas
como as ondinas, e as ninfas.
Elemento Ar
As fadas são as principais representantes dos Elementais
do Ar. São seres alados. Elas podem se mostrar como
minusculos pontos de luz flutuando pelo espaço, mas
podem ter a aparência de pequeninas crianças de
orelhas pontudas com asas de borboletas nas costas.
De todos os Elementais, as fadas são as mais sensíveis e
criativas! Cuidam de perto de toda manutenção da
Natureza. São muito poderosas, pois são feitas da
energia mais forte e pura do Universo: o Amor.
As fadas gostam de flores, de aromas agradáveis e de
doces. São como pequeninas crianças sem maldade
alguma.
Dizem que quando os humanos machucam a Natureza e
os animais, as fadas choram e sofrem. No mundo mágico
invisível dos Elementais, não existe coisa mais triste do
que uma fada que perdeu a alegria do amor em seu
coração. Porque sem isso, ela morre...
Sendo assim, é bom cuidar da Natureza e dos animais,
ter atitudes ecológicas e prezar pela preservação da
Natureza, cuidado com os animais e propagar a
educação ambiental. Agindo assim você estará fazendo
o bem para o planeta e também fazendo as fadinhas
felizes.
Elemento Fogo
As salamandras, e dragões são os Elementais
representantes mais conhecidos do elemento Fogo.
Estão nas chamas de velas, em lavas de vulcões,
fogueiras, e incêndios ou onde houver labaredas ativas.
A seguir vamos conhecer a história de Guillem, o dragão.
Guillem era um exemplar da linhagem Golden Dragão.
Tinha a pele amarelo claro, era apenas um filhote, mas
pensava: “um dia eu vou ficar grandão!”
Caminhava cabisbaixo, pois preocupado estava! Ainda
não sabia cuspir fogo. Como era um bebê, só conseguia
dar golfadas...
Tentava de todo jeito: estufava o peito. Retinha o ar a
engolir! Lançava-o para fora... mas só conseguia cuspir!
Sentou na grama, brandiu os dentes, como aborrecido
estava. Curvou a cabeça, acalmou sua mente,
concentrou esforços... dessa vez acertava!
Produziu fogo tão alto em sua boca que fumaça saia de
seu nariz! Com os olhos meio ardidos por conta das
labaredas, nem ligava! Pois estava feliz.
Conseguiu um grande feito! Quis dar orgulho aos seus
pais! Voou para mostrar. Ao chegar fez surpresa.
Começou cuspir fogo, cheio de técnica e destreza.
Muito contente e orgulhoso de si, Guillem aprendeu que
todos têm o seu valor. Nunca desista de seus sonhos! É
só confiar em si mesmo, realizando tudo com verdade e
amor!

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