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Contos

de
Fadas
“Se quiser que os seus filhos
sejam brilhantes, conte contos de
fadas para eles.
Se quiser que sejam ainda mais
brilhantes, conte ainda mais
contos de fadas.”

Albert Einstein
APRESENTAÇÃO

"Há uma grande diferença em alguém deixar


uma criança crescer com conto de fadas"

Rudolf Steiner
APRESENTAÇÃO
Texto escrito pela Pedagoga Juliane Carvalho

O conto de fadas nos conduz a um reino de imagens, ali encontramos nossos


dragões, o rei que ordena, muitas vezes julga e busca discernir o bem do mal, a
bruxa maligna que nos converte em pedra e impede nossa ação...
As histórias podem ser um espelho que reflete nossa imagem, uma chave que abre
e revela aquela questão oculta e até um novo caminho, aliás, sempre encontramos
ali expressões como "pôr-se a caminho", "caminhou por muito tempo", "cruzou
mares e rios"... Muitas vezes o sofrimento no caminhar é certo, mas tudo isso, por
incrível que pareça, leva a criança a cultivar a interioridade e a buscar forças para
suportar tudo aquilo que vem de fora.
Na modernidade foi incutido nos adultos que os contos assustam as crianças com
imagens de crueldade e que isso desperta seus instintos maldosos porém, dentro de
nossa perspectiva pedagógica, sabemos que essas imagens pertencem ao mundo
interior, um exemplo disso é demonstrado em uma situação narrada pela
Dr. Gudrun Kroekel. Um grupo de alunos foi conduzido a uma visita ao zoológico,
lá lhes apresentaram o lobo e logo eles disseram "Esse não é o lobo da história,
aquele é um pobre bichinho aprisionado, o do conto é muito mais forte, mais
selvagem, mais potente".
Para a criança o conto é uma fonte de água da vida: alimenta, enche de colorido,
embeleza... Entra pelos ouvidos atentos, olhos, por sua boquinha entreaberta... Ela
se entrega ao conto vivificando as imagens dentro de si, já que ali contém um grupo
de ideias expressas em palavras e imagens que simbolizam pensamentos universais.
Sabemos que nossos pequenos necessitam de rotina, boa alimentação, cuidados e
amor, então neste caminho os contos vem também ofertar o melhor para eles e
neles brotam qualidades que imitam interiormente as personagens de cada história.
Por esse motivo eles gostam tanto, pedem para repetir, repetir e não se cansam de
escutar... Se observarmos podemos perceber o que a criança está pedindo: pede seu
alimento interior da mesma forma que pede comida, água ou atenção para o seu
corpo físico.

Então... "Era uma vez.."


. SUMÁRIO .
06 Pesico e Pesaco
07 A Pequena Concha

09 O mingau doce
11 Moedas estrelas
16 Rapunzel
21 O Chapeuzinho Vermelho
25 Os figos da figueira
28 A menina dos brincos de ouro
31 Sapo Rei
36 A Beterraba
37 O Ursinho Koala
Pesico e Pesaco
Gestos que contam e encantam - MÃOS

A partir de 2 anos

P esico e Pesaco dois anõezinhos dentro do saco.


Pesico tem um chapeuzinho.
Pesaco um laço em volta de sua testa.
E os dois vão para uma grande festa.
Como dançam bonitinho, com seus passos pequenininhos.
Vão de um lado para o outro.
Mas quando estão bem cansados,
Voltam para dentro do saco.
Mas esse saco tem um buraquinho.

6
Pequena Concha
Histórias Curativas - Susan Perrow
Use elementos no colo para contar

A partir de 2 anos

U ma pequena concha branca


estava flutuando sozinha no mar
azul, azul. Ela pensava:
Rola-embola, gira-gira, mais uma
vez...
E a onda jogou a conchinha nas
- Aonde posso ir, o que eu posso areias secas de uma longa praia
ser? dourada. A conchinha deitou-se na
De repente, uma onda pegou a areia, rosa e branca, brilhante,
conchinha e derrubou-a. brilhando como a luz do sol da
Rola-embola, gira-gira, mais uma manhã. Ela se perguntava:
vez.. -Aonde posso ir, o que eu posso
E ela caiu de cabeça para baixo na ser?
água. Então outra onda a derrubou. Enquanto isso, uma velha mulher
Rola-embola, gira-gira, mais uma caminhava pela praia e viu uma
vez... conchinha, rosa e branca e brilhante.
Antes que a conchinha tivesse
tempo para se perguntar se estava
de cabeça para baixo ou não, uma
onda muito grande a derrubou.
7
Pequena Concha - Histórias Curativas

Ela pegou e olhou a concha: Então, a conchinha foi transformada


-Eu conheço uma garotinha que num pequeno telefone para o ursinho.
gostaria de brincar com você. Ela Logo, a vovó chamou a família para o
disse, e colocou a conchinha em seu café. A conchinha sentou-se à mesa
bolso, voltando para casa. enquanto a garotinha comia o
Quando chegou em casa, entrou mingau. Depois do café, levou a
nas pontas dos pés até o quarto onde conchinha do mar para a areia em
a neta dormia. A velha senhora frente da casa e brincou e brincou-
colocou a pequena concha rosa e cavando na areia, construindo castelos
branca e desenhada brilhante na e fazendo desenhos. A vovó sentou-se
mesinha perto da cama. Então, ela em uma cadeira na varanda assistindo
foi até a cozinha e fez um mingau as suas netas brincarem. A garotinha
para o café da manhã. A conchinha gritou:
sentou-se na mesa e perguntou: - Obrigada Vovó, é um lindo
-Aonde eu posso ir, o que eu brinquedo!
posso ser? A conchinha sabia que, finalmente, ela
Quando a netinha acordou, ela tinha encontrado uma amiga e uma
viu a linda concha na mesinha, casa.
pegou-a e começou a brincar com
ela. A conchinha serviu como um
lindo prato para o chá das bonecas.

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O mingau doce
Conto de fadas dos Irmãos Grimm

A partir de 3 anos

Houve, uma vez, uma moça muito A moça correu para levar a
pobre e muito piedosa, que vivia só panelinha à mãe; desde, então,
com a mãe. Chegou um dia em que ficaram livres da fome, e elas
nada mais tinham para comer. comiam mingau doce sempre que
Então, a moça foi à floresta em queriam. Um dia em que a moça
procura de alguma coisa e lá tivera de sair, a mãe disse:
encontrou uma velha que conhecia a -Faz mingau, panelinha!
sua situação. A velha deu-lhe uma A panelinha pôs-se a fazer o
panelinha que bastava dizer: delicioso mingau e a mãe comeu,
-Faz mingau panelinha e logo a comeu, até não poder mais. Agora
panelinha preparava um mingau queria mandar a panelinha parar
doce, de farinha, que era uma mas, não sabia a palavra
delícia. E bastava dizer: convencional.
- Pára, panelinha! E ela parava de
fazer mingau.

9
O mingau doce

E a panelinha continuou fazendo mingau, o mingau foi aumentando,


aumentando, e transbordou, e encheu a cozinha, e encheu toda a casa, e encheu
a casa da vizinha, e a casa sucessiva, encheu a rua e tudo o mais, como se
quisesse alimentar o mundo inteiro, e ninguém sabia o que fazer para sair dessa
entalada.

Faltava apenas encher uma última casa quando, finalmente, chegou a moça que
disse:

- Chega, panelinha!

A panelinha logo parou de fazer mingau. Mas, quem quisesse ir à cidade, tinha
que abrir caminho comendo mingau.

10
Moedas estrelas
Conto de fadas dos Irmãos Grimm

A partir de 4 anos

E ra uma vez uma pobre menina, cujos pais haviam morrido. Era tão
pobre, que não tinha nem quarto para morar, nem caminha para dormir;
nada mais possuía além da roupa do corpo e um pedacinho de pão, que uma
pessoa caridosa lhe havia dado.
Contudo, era a menina muito boa e piedosa.
Como se achava completamente abandonada de todo o mundo,
pôs-se a vaguear de cá e de lá pelos campos, confiante no bom Deus.

11
Moedas estrelas

No caminho, encontrou um
mendigo, que lhe disse:
- Dê-me alguma coisa para comer!
Estou com tanta fome!
A menina deu-lhe o pedaço de pão que
tinha, dizendo-lhe:
- Que Deus o abençoe!
E continuou o caminho. Logo depois
encontrou uma menina que chorava e
disse-lhe:
- Tenho tanto frio na cabeça!
Dê-me alguma coisa para cobrir. Ela Ela tirou a sua última peça de
tirou prontamente o gorro e entregou à roupa e entregou à menina.
criança. Pouco mais adiante, encontrou Depois de ficar sem nada, sem
outra criança que estava trêmula de frio um farrapo no corpo, ficou lá no
e não tinha sequer um casaco para se bosque muito sozinha. Mas, no
agasalhar. Ela tirou o seu e entregou- mesmo instante, as estrelas do céu
lhe. Finalmente, mais além, outra puseram-se a cair, e ela viu que
menina pediu-lhe a saia; ela eram lindas moedas reluzentes.
imediatamente deu-lhe a sua. Por fim, E, embora ela se tivesse
chegou a um bosque e já caía à noite. despojado da sua camisa, o seu
Aproximou-se lhe outra menina e lhe corpo foi coberto por uma nova
pediu a camisa; a boa criatura pensou: camisa do mais puro fio linho.
- Já é noite escura, ninguém me verá. Então, recolheu nela as
Portanto, posso bem dar-lhe a minha brilhantes moedas estrelas e ficou
camisa. rica para o resto da vida.

12
A Rainha das Abelhas
Conto de fadas dos Irmãos Grimm

A partir de 4 anos

C erta vez, dois filhos de rei


saíram em busca de aventuras e se
- Deixem os bichinhos em paz,
eu não suporto que vocês lhes façam
entregaram a uma vida tão mal. Então eles continuaram
desregrada e dissoluta que nem se andando e chegaram a um lago onde
lembravam de voltar para casa. O nadavam muitos, muitos patos.
mais moço, que era chamado de Os dois irmãos queriam pegar
Bobo, saiu à procura de seus irmãos; alguns para assar, mas o Bobo não
Quando finalmente os achou, só consentiu e disse:
ouviu caçoadas, porque, sendo tão - Deixem os bichinhos em paz, eu
ingênuo, pensava em vencer na vida, não suporto que eles sejam mortos.
enquanto eles, muito mais espertos, Por fim, chegaram a uma
não tinham conseguido. colmeia, onde havia tanto mel que
Os três puseram-se a caminho escorria pelo tronco da árvore.
juntos e chegaram a um Os dois quiseram acender fogo
formigueiro. Os dois mais velhos embaixo para sufocar as abelhas e
quiseram remexer nele para ver as poder tirar o mel. O Bobo tornou a
formigas fugirem alvoroçadas impedir, dizendo:
carregando os próprios ovos, mas o - Deixem os bichinhos em paz, eu
Bobo lhes disse: não suporto que eles sejam
queimados.

13
A Rainha das Abelhas

Afinal, os três irmãos chegaram A primeira dizia que no bosque,


a um castelo. Nas cavalariças havia debaixo do musgo, estavam as
cavalos de pedra, e não aparecia pérolas da filha do rei, em número
pessoa alguma. Eles passaram por de mil, que precisariam ser catadas;
todas as salas até que, no fim, e, ao pôr-do-sol, se ainda faltasse só
encontraram uma porta com três uma, a pessoa que as procurava se
fechaduras. No meio da porta havia, transformaria em pedra.
porém, um buraquinho por onde se O mais velho foi e procurou o dia
podia espiar o aposento. Viram lá inteiro. Como, porém, o dia chegou
dentro um homenzinho grisalho, ao fim e ele tinha achado só cem
sentado diante de uma mesa. Eles o pérolas, aconteceu o que estava
chamaram uma, duas vezes, mas o escrito na placa, e ele se
homenzinho não ouviu. Quando o transformou em pedra. No outro
chamaram pela terceira vez, ele se dia, o segundo irmão assumiu a
levantou, abriu as fechaduras e saiu. tarefa, mas não se saiu melhor que o
Não disse uma palavra, mas os levou mais velho, pois só achou duzentas
a uma mesa ricamente preparada. pérolas e ficou transformado em
Tendo os três comido e bebido, ele pedra. Por fim chegou a vez do
conduziu cada um a seu quarto de Bobo, que procurou no musgo; mas
dormir. era tão difícil encontrar as pérolas e
Na manhã seguinte, o demorava tanto, que ele se sentou
homenzinho grisalho chegou-se em uma pedra e chorou. Neste
para o mais velho, acenou momento, apareceu o rei das
chamando-o e o guiou até uma formigas, cuja vida ele salvara.
placa, onde estavam escritas três Vinha acompanhado de cinco mil
tarefas que poderiam desencantar o formigas.
castelo.

14
A Rainha das Abelhas

Não demorou muito, e os Então chegou a rainha das


bichinhos acharam todas as pérolas abelhas, que o Bobo havia protegido
e as amontoaram ali. Mas a segunda do fogo, e foi provando da boca de
tarefa era ir pegar, no fundo do todas três; por fim ficou pousada na
lago, a chave do quarto da filha do boca da que havia comido mel, e
rei. Quando o Bobo chegou ao lago, assim o Bobo reconheceu qual era a
vieram nadando os patos que ele filha do rei certa. Com isso, o feitiço
uma vez salvara, mergulharam e se desfez, tudo no castelo despertou
pegaram a chave lá no fundo. A daquele sono, e quem tinha virado
terceira tarefa era a mais difícil, pois pedra retomou sua forma. O Bobo
das três filhas do rei que estavam se casou com a mais jovem e melhor
dormindo ele devia escolher a filha do rei e, depois que o pai dela
melhor. Elas eram, porém, morreu, ele ficou sendo o rei; seus
completamente iguais, não tendo irmãos, porém, casaram-se com as
nada que as distinguisse uma da outras duas irmãs.
outra, a não ser por terem comido,
antes de dormir, três doces
diferentes: a mais velha, um torrão
de açúcar; a segunda, um pouco de
melado; a mais moça, uma colherada
de mel.

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Rapunzel
Conto de fadas dos Irmãos Grimm

A partir de 4 anos

E ra uma vez um casal que há muito tempo desejava inutilmente ter um


filho. Os anos se passavam, e seu sonho não se realizava. Afinal, um belo dia,
a mulher percebeu que Deus ouvira suas preces. Ela ia ter uma criança!

16
Rapunzel

Por uma janelinha que havia na O marido, que a amava muito,


parte dos fundos da casa deles, era pensou: "Não posso deixar minha
possível ver, no quintal vizinho, um mulher morrer… Tenho que
magnífico jardim cheio das mais conseguir esses raponços, custe o
lindas flores e das mais viçosas que custar!"
hortaliças. Mas em torno de tudo se Ao anoitecer, ele saltou no muro e
erguia um muro altíssimo, que caiu para o quintal da feiticeira,
ninguém se atrevia a escalar. Afinal, colheu apressadamente um punhado
era a propriedade de uma feiticeira de raponços e levou para a mulher.
muito temida e poderosa. Mais que depressa, ela preparou
Um dia, espiando pela janelinha, a uma salada que comeu avidamente.
mulher se admirou ao ver um Ela achou o sabor da salada tão
canteiro cheio dos mais belos pés de bom, mas tão bom, que no dia
raponços que jamais imaginara. As seguinte seu desejo de comer
folhas eram tão verdes e fresquinhas raponços triplicou. Para ajudar a sua
que abriram seu apetite. E ela sentiu esposa, o marido prometeu-lhe que
um enorme desejo de prová-los. A iria buscar mais um pouco.
cada dia seu desejo aumentava mais. Quando a noite chegou, pulou
Mas ela sabia que não havia jeito de novamente o muro, mas mal pisou
conseguir o que queria e por isso foi no chão do outro lado, levou um
ficando triste, abatida e com um tremendo susto: de pé, diante dele,
aspecto doentio, até que um dia o estava a feiticeira.
marido se assustou e perguntou: - Como se atreve a entrar no meu
- O que está acontecendo contigo, quintal como um ladrão, para
querida? roubar meus raponços? - perguntou
- Ah! - respondeu ela. - Se não ela com os olhos chispando de raiva.
comer um raponço do jardim da - Vai ver só o que te espera!
feiticeira, certamente morrerei!

17
Rapunzel

- Oh! Tenha piedade! - implorou Quando a velha desejava entrar,


o homem. - Só fiz isso porque fui ficava embaixo da janela e gritava:
obrigado! Minha mulher viu seus - Rapunzel, Rapunzel! Joga tuas
raponços pela nossa janela e sentiu tranças!
tanta vontade de comê-los, mas Rapunzel tinha magníficos cabelos
tanta vontade, que na certa morrerá compridos, finos como fios de ouro.
se eu não levar alguns! Quando ouvia o chamado da velha,
A feiticeira se acalmou e disse: abria a janela, desenrolava as tranças
-Se é assim como diz, deixo você e jogava-as para fora. As tranças
levar quantos raponços quiser, mas caíam vinte metros abaixo, e por elas
com uma condição: irá me dar a a feiticeira subia. Alguns anos
criança que sua mulher vai ter. depois, o filho do rei estava
Cuidarei dela como se fosse sua cavalgando pela floresta e passou
própria mãe, e nada lhe faltará. perto da torre. Ouviu um canto
O homem estava tão apavorado, que mavioso que parou, encantado.
concordou. Pouco tempo depois, o Rapunzel, para espantar a solidão,
bebê nasceu. Era uma menina. A cantava para si mesma com sua doce
feiticeira surgiu no mesmo instante, voz. Imediatamente o príncipe quis
deu à criança o nome de Rapunzel e subir, procurou uma porta por toda
levou-a embora. Rapunzel cresceu e parte, mas não encontrou.
se tornou a mais linda criança sob o Inconformado, voltou para casa.
sol. Quando fez doze anos, a Mas o maravilhoso canto tocara seu
feiticeira trancou-a no alto de uma coração de tal maneira que ele
torre, no meio da floresta. começou a ir para a floresta todos os
A torre não possuía nem escada, dias, querendo ouvi-lo outra vez.
nem porta: apenas uma janelinha,
no lugar mais alto.

18
Rapunzel

Em uma dessas vezes, o príncipe E, pondo a mão dela sobre a dele,


estava descansando atrás de uma respondeu:
árvore e viu a feiticeira aproximar- - Sim! Eu quero ir com você!
se da torre e gritar: "Rapunzel, Mas não sei como descer… Sempre
Rapunzel! Joga tuas tranças!" E que vier me ver, traga uma meada
viu quando a feiticeira subiu pelas de seda. Com ela vou trançar uma
tranças."É essa a escada pela qual se escada e, quando ficar pronta, eu
sobe?," pensou o príncipe. "Pois eu desço, e você me leva no seu cavalo.
vou tentar a sorte."No dia seguinte, Combinaram que ele sempre viria
quando escureceu, ele se aproximou ao cair da noite, porque a velha
da torre e, bem embaixo da costumava vir durante o dia. Assim
janelinha, gritou:- Rapunzel, foi, e a feiticeira de nada desconfiava
Rapunzel! Joga tuas tranças! As até que um dia Rapunzel, sem
tranças caíram pela janela abaixo, e querer, perguntou a ela:
ele subiu. Rapunzel ficou muito - Diga-me, senhora, como é que
assustada ao vê-lo entrar, pois lhe custa tanto subir, enquanto o
jamais tinha visto um homem. Mas jovem filho do rei chega aqui num
o príncipe falou-lhe com muita instantinho?
doçura e contou como seu coração - Ah, menina! - gritou a feiticeira.
ficara transtornado desde que a - Pensei que tinha isolado você do
ouvira cantar, explicando que não mundo, e você me engana!
teria sossego enquanto não a Na sua fúria, segurou e enrolou os
conhecesse.Rapunzel foi se cabelos de Rapunzel em uma mão .
acalmando, e quando o príncipe lhe E com a outra mão, pegou uma
perguntou se o aceitava como tesoura e rique raque! Cortou as
marido, reparou que ele era jovem e belas tranças, largando-as no chão.
belo, e pensou: "Com certeza ele me
amará mais que a velha senhora.”

19
Rapunzel

Não contente, a malvada levou a O jovem não morreu, mas caiu


pobre menina para um deserto e sobre espinhos que furaram seus
abandonou-a ali, para que sofresse e olhos e ele ficou cego.
passasse todo tipo de privação. Na Desesperado, ficou perambulando
tarde do mesmo dia em que pela floresta, alimentando-se apenas
Rapunzel foi expulsa, a feiticeira de frutos e raízes, sem fazer outra
prendeu as longas tranças num coisa que se lamentar e chorar a
gancho da janela e ficou esperando. perda da amada. Passaram-se os
Quando o príncipe veio e chamou: anos. Um dia, por acaso, o príncipe
"Rapunzel! Rapunzel! Joga abaixo chegou ao deserto no qual Rapunzel
tuas tranças!" ela deixou as tranças vivia, na maior tristeza, com seus
caírem para fora e ficou esperando. filhos gêmeos, um menino e uma
Ao entrar, o pobre rapaz não menina, que haviam nascido ali.
encontrou sua querida Rapunzel, Ouvindo uma voz que lhe pareceu
mas sim a terrível feiticeira. Com familiar, o príncipe caminhou na
um olhar flamejante de ódio, ela direção de Rapunzel. Assim que
gritou: chegou perto, ela logo o reconheceu
- Ah, ah! Você veio buscar sua e se atirou em seus braços, a chorar.
amada? Pois seu passarinho não está Duas das lágrimas da moça caíram
mais no ninho, nem canta mais! O nos olhos dele e, no mesmo instante,
gato apanhou-a, levou-a, e agora vai o príncipe recuperou a visão e ficou
arranhar os seus olhos! Nunca mais enxergando tão bem quanto antes.
você verá Rapunzel! Ela está Então, levou Rapunzel e as crianças
perdida para você! para seu reino, onde foram
Ao ouvir isso, o príncipe ficou fora recebidos com grande alegria. Ali
de si e, em seu desespero, se atirou viveram felizes e contentes.
pela janela.

20
Chapeuzinho Vermelho
Conto de fadas dos Irmãos Grimm

A partir de 4 anos

H ouve uma vez uma graciosa


menina; que todos a amavam, assim
Põe-te a caminho antes que o sol
esquente muito e, quando fores,
como ela gostava de todos. Mas a comporta-te direito; não saias do
avó era quem mais a amava. E não caminho, senão cais, quebras a
sabia o que dar e o que fazer pela garrafa e a vovó ficará sem nada.
netinha. Certa vez, presenteou-a Quando entrares em seu quarto,
com um chapeuzinho de veludo não esqueças de dizer "bom-dia,
vermelho e, porque lhe ficava muito vovó," ao invés de mexericar pelos
bem, a menina não mais quis usar cantos.
outro e acabou ficando com o - Farei tudo direitinho, - disse
apelido de Chapeuzinho Vermelho. Chapeuzinho Vermelho à mãe, e
Um dia, a mãe chamou-a e despediu-se. A avó morava à beira
disse-lhe: da floresta, a meia hora do caminho
- Vem cá, Chapeuzinho da aldeia. Quando Chapeuzinho
Vermelho. Aqui tens um pedaço de Vermelho chegou à floresta,
bolo e uma garrafa de vinho; leva encontrou o lobo; não sabendo que
tudo para a vovó; ela está doente e era uma fera malvada, não sentiu
fraca e com isso se restabelecerá. medo.

21
Chapeuzinho Vermelho

- Bom dia, Chapeuzinho Andou um trecho de caminho ao


Vermelho, - disse o lobo todo lado de Chapeuzinho Vermelho e
dengoso. foi insinuando:
- Muito obrigada, lobo.- Aonde - Olha Chapeuzinho Vermelho,
vais, assim tão cedo, Chapeuzinho que lindas flores! Por que não olhas
Vermelho? ao redor de ti? Creio que nem
- Vou à casa da vovó.- E que levas sequer ouves o canto mavioso dos
aí nesse cestinho? pássaros! Andas como se fosses para
- Levo bolo e vinho. a escola, ao passo que é tão divertido
Assamos o bolo ontem, assim a tudo aqui na floresta!
vovó, que está adoentada e muito Chapeuzinho Vermelho ergueu os
fraca, ficará contente, tendo com olhos e, quando viu os raios do sol
que se fortificar. dançando por entre as árvores, e à
- Onde mora tua vovó? sua volta a grande quantidade de
- Mora a um bom quarto de hora lindas flores, pensou: "Se levar para
daqui, na floresta, debaixo de três a vovó um buquê viçoso, ela
grandes carvalhos; a casa está certamente ficará contente; é tão
cercada de nogueiras, acho que já cedo ainda que chegarei bem a
deves saber disso, - disse tempo." Saiu da estrada e penetrou
Chapeuzinho Vermelho. na floresta em busca de flores.
Enquanto isso, o lobo ia pensando: Tendo apanhado uma, achava que
"Esta menina nova e tenra é um mais adiante encontraria outra mais
bom bocado, certamente mais bela e, assim, ia avançando e
apetitosa que a avó; devo agir com aprofundando-se cada vez mais pela
esperteza para pegar as duas." floresta a dentro. Enquanto isso, o
lobo foi correndo à casa da vovó e
bateu na porta.

22
Chapeuzinho Vermelho

- Quem está batendo? - Acercou-se da cama e abriu o cortinado:


perguntou a avó.- Sou eu, a vovó estava deitada, com a touca caida
Chapeuzinho Vermelho, trago no rosto e tinha um aspecto muito
vinho e bolo, abre-me.- Abra a esquisito.
maçaneta - disse-lhe a avó; - estou - Oh, vovó, que orelhas tão grandes tens!
muito fraca e não posso levantar-me - São para te ouvir melhor.
da cama.O lobo abriu, a porta - Oh, vovó, que olhos tão grandes tens
escancarou-se e, sem dizer palavra, - São para te ver melhor.
foi direto para a cama da vovozinha - Oh, vovó, que mãos enormes tens!
e engoliu-a. Depois, vestiu a roupa e - São para te agarrar melhor.
a touca dela; deitou-se na cama e - Mas vovó, que boca medonha tens!
fechou o cortinado. Entretanto, - É para te devorar melhor.
Chapeuzinho Vermelho ficara Dizendo isso, o lobo pulou da cama e
correndo de um lado para outro a engoliu a pobre Chapeuzinho Vermelho.
colher flores. Tendo colhido tantas Tendo assim satisfeito o apetite, voltou
que quase não podia carregar, para a cama, pegou no sono e começou a
lembrou-se da avó e foi correndo roncar sonoramente.
para a casa dela. Lá chegando, Justamente, nesse momento, ia
admirou-se da porta estar passando em frente à casa o caçador, que
escancarada, entrou e na sala teve ouvindo aquele ronco, pensou:"Como
uma impressão tão esquisita que ronca a velha Senhora!
pensou: "Oh, meu Deus, que medo É melhor dar uma olhada a ver se está
tenho hoje! se sentindo mal."Entrou no quarto e
Das outras vezes, sentia-me tão aproximou-se da cama; ao ver o lobo,
bem aqui com a vovó!" Então disse disse:
alto:- Bom dia, vovó! - mas -Estás aqui velho malfeitor! Há muito
ninguém respondeu. tempo, estou te procurando!

23
Chapeuzinho Vermelho

Foi pegar a sua espingarda, mas lembrou-se de que o lobo poderia ter comido a avó
e que talvez ainda fosse possível salvá-la; então pegou uma tesoura e pôs-se a cortar-
lhe a barriga, cuidadosamente, enquanto ele dormia.
- Ai que medo eu tive! Como estava escuro na barriga do lobo! Em seguida, saiu
também a vovó, ainda com vida, embora respirando com dificuldade.
E Chapeuzinho Vermelho correu a buscar grandes pedras e com elas encheram a
barriga do lobo.
Quando este acordou e tentou fugir, as pedras pesavam tanto que caiu e morreu.
Os três comemoraram a vitória. O caçador tirou a pele do lobo e levou-o embora; a
vovó comeu o bolo e bebeu o vinho trazidos por Chapeuzinho Vermelho e logo
sentiu-se completamente reanimada. Enquanto isso, Chapeuzinho Vermelho dizia
para si mesma: "Nunca mais sairei da estrada para correr pela floresta, quando a
mamãe me proibir!"

24
Os figos da figueira
Conto Tradicional Brasileirol

A partir de 4 anos

E ra uma vez uma menina. Ela era


muito bonita e tinha cabelos longos
macios que a mãe gostava de pentear.
Muito esperta tratou de agradar a
menina. Fazia bolo de mel muito
cheiroso e oferecia um pedacinho por
Todos os dias, enquanto a penteava, a cima do muro. No dia seguinte, dois
mãe elogiava a menina. Um dia a pedaços, no outro, três pedaços.
menina ficou só. A mãe tão querida A menina começou a falar em
que ela tinha morreu. E ela passou a casamento para seu pai, sugerindo
viver sozinha com o pai que olhava que ele se casasse com ela, pois ele era
para ela brincando no jardim e às tão boa e lhe dava doces. E o pai
vezes suspirava, pensando que devia respondia:
se casar de novo, para ter uma mulher - Cuidado minha filha, hoje ela lhe
que cuidasse da menina.Do lado da dá mel, amanhã lhe dará fel. Mas a
casa dele, morava uma vizinha muito menina insistiu, ela sentia muita falta
ambiciosa e má. Ouvia aqueles da mãe, e acabou convencendo o pai a
suspiros e foi fazendo um plano de se casar com a vizinha. Como ele era
ficar dona daquele casarão, e daquele um homem que viajava muito,
jardinzão, e daquele pomarzão e mais sempre que ele se ausentava a
de tudo o que ela imaginava que madrasta ia mudando, ficava estranha
existia lá dentro. porque nada nela combinava.

25
Os figos da figueira

Era brava quando estava calma, era Ao anoitecer, a madrasta foi


muito doce quando estava prestes a verificar os frutos. Encontrou um
fazer as maiores maldades. Para deles bicado e em um acesso de raiva
piorar, tudo que a menina fazia matou a menina.
irritava a madrasta, principalmente Quando o pai voltou, foi uma
o cabelo. A madrasta odiava pentear tristeza só. A madrasta disse que a
a menina, assim como tinha aflição menina adoecera de repente e
de ouvir sua voz, e arrepio ao ver a morrera em poucos dias de terrível
menina perto do pai. doença. Seu pai, que não cabia em si
Quando o pai viajava a madrasta de tanta tristeza, exigiu que ela
tratava de deixar a menina ocupada fosse enterrada no quintal, perto da
com tarefas dificílimas e demorada. figueira que havia sido plantada por
E nunca deixava que ela brincasse lá sua mãe. E assim foi feito. Desde
fora. Um dia, quando o pai estava que soubera que a figueira havia
saindo para uma de suas viagens a sido plantada pela mãe da menina, a
madrasta se despediu do marido madrasta nunca mais fez uma poda
dizendo que não se preocupasse, no mato que crescia ao redor.
que cuidaria bem de tudo até sua Talvez por ciúmes da mãe da
volta. Nem bem o pai saiu, ela menina ou por medo da enteada
chamou a menina e disse que falecida. E o jardim virou mato,
cuidasse da figueira que estava repleto de plantas crescendo
carregada de figos. Que se ela desordenadas. Até o dia em que o
deixasse algum passarinho bicar um pai da menina, com saudades da
figo, ela morreria. filha, foi ao pé da figueira chorar e
A menina se desesperou, pegou encontrou ali uma planta pequena e
uma vara para alcançar os galhos estranha.
mais altos da figueira e com ela
espantar os pássaros.

26
Os figos da figueira

Decidiu cortar a planta e queimar, além de cortar parte dos galhos, livrar a
figueira de sombra que escondia suas folhas. Um dia o jardineiro veio, para
nunca mais. Ao preparar o facão para o primeiro corte, ouviu:

“Ô, jardineiro de meu pai, não maltrates meus cabelos.Minha mãe me penteou, A
madrasta me enterrou. Pelos figos da figueira que o passarinho bicou”.

Espantado, chamou o pai, que imediatamente desenterrou a menina. Não sei


dizer se ela estava viva ou se viveu outra vez ao encontrar o pai.
A madrasta, ao perceber que suas mentiras foram descobertas, fugiu na
mesma hora. O pai e a menina ficaram morando juntos ainda por um tempão,
quando então ele se casou com uma boa moça que gostava muito da menina, e
viveram felizes para sempre.

27
Conto tradicional brasileiro

A partir de 4 anos
Havia uma menina que morava - Fui eu que peguei seu brinquinho de
com o pai dela, a mãe dela tinha ouro e vou pegar você também!
morrido, mas antes de morrer havia Ele pegou a menina e colocou em um
dado um par de brincos de ouro pra surrão que carregava. Amarrou o
menina que ela amava muito. No surrão, colocou nas costas e começou a
fundo de sua casa havia um riacho caminhar.Andou, andou... Até que
onde a menina gostava muito de tomar encontrou uma casa. Bateu à porta,
banho todos os dias, mas antes de se uma mulher atendeu, viu aquele
banhar ela deixava os brinquinhos de homem estranho e perguntou:
ouro em uma pedra para não perder. -Pois não, o que o senhor deseja?Ele
Um dia a menina estava no riacho e ao respondeu:
sair não encontrou os brincos na -Eu preciso de um prato de comida,
pedra, ficou tão desesperada que estou faminto! A senhora pode me
imediatamente começou a procurar arrumar?
sem encontrar. Fez até uma música - Ah, não tenho comida agora, o
para ajudar a procurar: almoço já foi feit0 e todos já comeram,
“Bem que meu pai falou que eu não fosse não tenho nada. Respondeu a
lá no rio... Adeus meu brinquinho de mulher.Ele insistiu, até que disse:
ouro,Ai, Ai...” -E, se eu fizer meu surrão cantar a
Em um determinado instante um senhora me dá um prato de comida?
homem, muito estranho, saltou de - Surrão cantar!! Essa é boa, e surrão
uma moita e disse: lá canta!
28
A menina dos brincos de ouro

- Se você fizer seu surrão cantar -Pois não, o que o senhor deseja?
lhe dou toda comida que está na Ele respondeu:
dispensa. Respondeu a mulher. -A senhora tem um pouco de
O homem então olhou para o Surrão, dinheiro para me arrumar? Ela
pegou um varão e disse: respondeu:
- Canta, canta meu surrão senão lhe -Não, não tenho. Já é tarde e todos
meto o varão! A menina que estava saíram para trabalhar e não guardo
no surrão com muito medo não se dinheiro aqui.
lembrava de nenhuma música, - Mas e se eu fizer o meu surrão
somente daquela que ela fez na beira cantar, a senhora arruma um
do rio para encontrar os brinquinhos dinheiro para mim? Ele voltou a
de ouro, e então cantou: dizer. Ela continuou falando:
-Não, não insista. Aqui você não vai
“Bem que meu pai falou que eu não fosse receber dinheiro. E ele tornou a
lá no rio... Adeus meu brinquinho de pedir:
ouro, Ai, Ai...” -Por favor! Tanto insistiu que a
mulher falou:
A mulher ficou encantada com o -Tudo bem, se o seu surrão cantar
surrão mágico e deu ao homem toda a eu lhe dou todo dinheiro que tenho
comida que estava na sua dispensa. E no meu colchão! O homem então
ele ficou muito animado. Continuou olhou para o surrão, pegou o varão e
sua caminhada, andou, andou... E disse:
encontrou outra casa, bateu à porta. -Canta, canta meu surrão senão lhe
Uma mulher atendeu, viu aquele meto o varão! A menina que já estava
homem estranho e disse: tremendo de medo cantou: (com uma
voz mais chorosa)...

29
A menina dos brincos de ouro

“Bem que meu pai falou que eu não -Canta sim. Quer ver? Respondeu
fosse lá no rio... Adeus meu brinquinho de o homem.
ouro, Ai, Ai...” -Quero sim! Disse o pai da menina.
Mas o homem pensou melhor e disse:
A mulher, que era comadre do pai da -E o que eu ganho com isso?
menina e sabia que ele estava -Dinheiro, respondeu o pai. Vou
procurando ela há muito tempo, lhe dar muito dinheiro.
reconheceu a voz da menina. E teve O homem ficou animado, e foram os
uma ideia. Convidou o homem para dois para varanda. Pegou o varão e
tomar um café na cozinha, saiu então falou:
por outra porta, foi até a casa do pai -Canta, canta meu surrão senão lhe
da menina e gritou: meto o varão! E, nada.... Tornou
-Compadre acho que sei onde esta então a dizer:
sua filha. E contou a história para ele. -Canta, canta meu surrão senão lhe
O pai da menina saiu correndo e meto o varão! Nada, de novo...
encontrou o surrão na varanda da Como o surrão não cantou. Ele
casa, abriu ele, e viu sua filha lá desceu o varão, e escutou: Miau,
dentro. Retirou ela de lá, deu para a Miau, Miau... Quando ele percebeu
comadre e mandou as duas irem para que tinha sido logrado, correu.
sua casa. Colocou no surrão 7 Correu tanto que dizem estar
gatinhos e amarrou, foi até a cozinha correndo até hoje! O pai da menina
ter com o homem: correu atrás dele, mas não o alcançou.
-Olá, boa tarde! Minha comadre Voltou para casa, encontrou a menina
disse que você tem um surrão mágico de banho tomado, trança no cabelo e
é verdade? E o homem respondeu: os dois brinquinhos de ouro na
-Sim, é verdade. orelha.
-Diz que ele canta? Falou o pai.

30
Sapo Rei
Conto de fadas dos Irmãos Grimm

A partir de 4 anos

“E uma estrela no Céu Brilhou e a história começou!”

E ra uma vez, no tempo em que


os desejos ainda se cumpriam, um
Rei cujas filhas eram todas belas,
Mas aconteceu, certa vez, que a
bola de ouro da filha do rei não caiu
na mãozinha que ela estendia para
mas a menor era tão linda, que até o cima, mas passou, bateu no chão e
próprio sol, que já vira tanta coisa, rolou para dentro da água.
se alegrava quando iluminava o seu A princesa a seguia com os olhos,
rosto. Perto do castelo do Rei havia mas a bola sumiu e o poço que era
grande bosque escuro, e no bosque tão profundo que não se lhe via o
debaixo da grande tília, havia um fundo. Então ela começou a chorar
poço. Quando fazia dia muito e chorava cada vez mais alto e não
quente, a filha do rei saía para o conseguia se consolar. E quando ela
bosque e sentava-se à beira do poço se lamentava assim, ouviu, de
aprazível. E quando a princesinha repente, uma voz que dizia:
se entediava, pegava uma bola de -O que tens, linda princesinha?
ouro, jogava-a para cima e Choras tanto que pode comover até
apanhava-a de novo; e esse era o seu as pedras.
brinquedo preferido.

31
Sapo Rei

-Ah! És tu, velho Chapinhador? -Oh, sim! – disse ela; - prometo


-Estou chorando porque perdi tudo o que quiseres, contando que
minha bola de ouro, que caiu no me tragas a bola. Pensava, porém:
fundo poço. "O que está pretendendo este sapo
-Sossega e não chores, respondeu o tolo, que vive na água coaxando com
sapo, eu posso te ajudar. Mas que me os seus iguais? Jamais poderá ser o
darás em troca, se eu trouxer tua companheiro de uma criatura
bola? humana!" Confiando, pois, na
-Tudo o que quiseres, disse a promessa que lhe fora feita, o sapo
princesa. Eu te darei meus vestidos, mergulhou, reaparecendo, daí a
minhas pérolas e minhas joias pouco, com a bola de ouro na boca,
preciosas, até mesmo a coroa de ouro que jogou delicadamente ao gramado.
que tenho na cabeça. A princesinha, radiante de alegria por
-Nada disso eu quero; nem teus ter recuperado o lindo brinquedo,
vestidos, nem tuas joias, nem pegou-o e saiu pulando.
tampouco tua coroa de ouro. Mas se -Espera! Espera! - gritava o pobre
aceitares gostar de mim, para eu ser sapo;
teu amigo e companheiro de -Leva- me contigo, pois não posso
brinquedos, sentar-me a teu lado à correr como tu! Mas de que lhe
tua mesinha, comer do teu pratinho serviu coaxar e coaxar ao encalço dela,
de ouro, beber da tua tacinha e tão alto quanto podia? Ela não lhe
dormir na tua caminha, se me deu atenção, apressou-se para casa e
prometeres isso, eu descerei para o logo esqueceu o pobre sapo, que
fundo do poço e trarei de volta a bola tinha de descer de volta ao seu poço.
de ouro.

32
Sapo Rei

No dia seguinte, quando se achava E porque eu chorava muito, o sapo


tranquilamente à mesa com o Rei e foi busca-la para mim, e porque ele
toda a corte, justamente quando me exigiu eu lhe prometi que ele
comia no seu pratinho do ouro, seria meu companheiro. Mas eu
ouviu: pensava que ele nunca poderia sair da
-"plaque, ploque, ploque, plaque," sua água. E agora ele está lá na porta
algo subindo a vasta escadaria de e quer entrar aqui.
mármore, avançando até chegar Enquanto isso lá fora o sapo batia na
diante da porta. Ali bateu, gritando:- porta e gritava:
Filha do Rei, a caçula, abre a porta
para mim! Ela correu a ver quem “Princesa, a mais nova, Abre para
assim a chamava. Mas, ao abrir a mim! Lembras o que ontem prometeste a
porta, viu à sua frente o pobre sapo. mim, Lá junto do poço? Prometeste, sim!
Fechou-a, rapidamente, e voltou a Princesa, a mais nova, Abre para mim!”
sentar-se à mesa, com o coração aos
pulos. O Rei, que a observara, Então o rei disse:
percebeu o palpitar de seu coração. -O que tu prometeste, deves
Perguntou: cumprir; vai agora e abre a porta para
-Que tens medo, minha filha? Há, ele! Ela abriu a porta, e o sapo entrou
por acaso, algum gigante aí fora pulando, sempre nos pés da princesa,
querendo levar-te? Oh! não. Não é até a sua cadeira. Então, sentou-se e
nenhum gigante, mas um sapo gritou:
nojento, - respondeu a princesa. -Levanta-me para junto de ti!
-E o que deseja de ti? Ela hesitou, até que finalmente o rei
-Meu pai querido, ontem quando mandou que o fizesse.
brincava com a bola de ouro no Quando o sapo já estava na cadeira,
bosque, ela caiu-me das mãos e rolou quis subir para a mesa, e quando já
para dentro do poço. estava ali, ele disse:

33
Sapo Rei

-Agora empurra o teu pratinho de -Estou cansado, quero dormir,


ouro para mais perto de mim, para igual a ti. Levanta-me, senão, eu
podermos comer juntos! A filha do conto ao teu pai! Aí ela ficou furiosa,
rei obedeceu, mas via-se bem que não levantou o sapo e atirou-o com toda
era de boa vontade. O sapo regalou- força contra a parede:
se a beça com a comida, mas ele -Agora me deixarás em paz! Seu
sentiu cada pedacinho quase sapo nojento! Mas quando ele caiu, já
atravessado na garganta. Finalmente não era mais um sapo, mas um
ele disse: príncipe de olhos belos e carinhosos.
-Fartei-me de comer e estou Agora ele ficou sendo pela vontade do
cansado; agora leva-me para teu pai da princesa, seu companheiro
quartinho e arruma a tua caminha de amado e esposo. E ele contou-lhe, na
seda, onde nós dois vamos dormir. A mesma hora, que tinha sido
filha do rei começou a chorar e tinha enfeitiçado por uma bruxa malvada, e
medo do sapo frio que ela não se ninguém poderia libertá-lo do poço a
atrevia a tocar, e que agora iria não ser só ela, e na manhã seguinte
dormir na sua linda caminha de eles iriam juntos para o reino
seda. Mas o rei ficou zangado e dele. Então adormeceram ambos, e
ordenou: na manhã seguinte, quando o sol os
-Quem te ajudou na hora de acordou, chegou uma carruagem
necessidade, não podes desprezar atrelada a seis cavalos brancos, de
depois! cabeças enfeitadas por seis plumas de
Então ela agarrou o sapo com os dois avestruz, e arreados com correntes de
dedos, carregou-o para cima e ouro, e de pé na traseira estava o
colocou-o sentado num canto. Mas servo do príncipe, que era o fiel
quando ela estava deitada na cama ele Henrique.
veio se arrastando, e disse:

34
Sapo Rei

O fiel Henrique ficara tão triste quando seu amo foi transformado em sapo,
que mandou colocar três aros de ferro em volta do seu coração, para que ele
não partisse de dor e tristeza. A carruagem viera para levar o príncipe de volta
ao seu reino. O fiel Henrique ajudou os dois a subir na carruagem, colocou-se
de novo na traseira e ficou felicíssimo com a libertação. Depois que eles já
tinham vencido uma parte do caminho, o príncipe ouviu um estalo atrás dele,
como se algo se tivesse quebrado. Ele se voltou e gritou:
“Henrique, o carro está quebrado!” “O carro não, príncipe amado. É um aro
do meu coração cheio de dor e compaixão Por vós, no poço aprisionado, E em
feio sapo transformado.”
Ouviu-se mais um e outro estalo, e o príncipe pensou de cada vez que era a
carruagem se quebrando, mas eram apenas os aros que se soltavam do coração
do fiel Henrique, porque agora o seu amo estava livre e feliz.

“E uma estrela no Céu Brilhou e a história acabou!”

35
A Beterraba
Conto Rítmico

V
A partir de 2 anos

ovô plantou uma beterraba e O cachorrinho segurava o netinho, o


disse-lhe: netinho segurava a vovó, vovó
- Cresça beterraba, cresça e fique segurava o vovô, Vovô segurava a
bem doce! Cresça beterraba, cresça e beterraba. Eles puxavam e puxavam,
fique bem forte! mas não conseguiam tirar a beterraba
A beterraba cresceu doce, forte, da terra.
grande, enorme. O cachorrinho então foi chamar o
Vovô foi tirar a beterraba da terra. gatinho. O gatinho segurava o
Puxava, puxava, mas não conseguia cachorrinho, o cachorrinho segurava
tira-la da terra. Vovô então foi o netinho, o netinho segurava a vovó,
chamar a vovó. Vovó segurava o vovô, Vovó segurava o vovô, vovô segurava
vovô segurava a beterraba. Puxavam, a beterraba. Eles puxavam e
puxavam, mas não conseguiam tirar a puxavam, mas não conseguiam tirar a
beterraba da terra. beterraba da terra.
Vovó então chamou o netinho. O O Gatinho então foi chamar o
netinho segurava a vovó, a vovó ratinho, o ratinho segurava o
segurava o vovô e o vovô segurava a gatinho, o gatinho segurava o
beterraba. Eles puxavam, puxavam, cachorrinho, o cachorrinho segurava
mas não conseguiam tirar a beterraba o netinho, o netinho segurava a vovó,
da terra. Vovó segurava o vovô, vovô segurava
O netinho então chamou o a beterraba. Eles puxaram e puxaram,
cachorrinho. O netinho então e conseguiram tirar a beterraba da
chamou o cachorrinho. terra.

36
O Ursinho Koala
Histórias curativas

A partir de 3 anos

M amãe Ursa Koala e seu filhinho viviam na mais alta da árvore. O dia
todo Mamãe Ursa subia de um galho para o outro, pegando folhas
suculentas, para alimentar seu bebê faminto. Quando todas as melhores folhas
galho terminavam, subia para o próximo galho como o bebê koala segurando
firme em suas costas.

Mamãe Koala sentada numa árvore


Bebê Koala chorando ‘estou com fome’!
Pegando folhas suculentas para o café e o almoço
Comendo folhas suculentas, nham, nham, nham
Pegando folhas suculentas para o chá e almoço,
Comendo folhas suculentas, nham, nham, nham

37
O Ursinho Koala

Quando todas as melhores folhas de um galho terminavam, subia para o


próximo galho, com o bebê Koala segurando firme em suas costas.

Mamãe Koala sentada numa árvore


Bebê Koala chorando ‘estou com fome’!
Pegando folhas suculentas para o café e o almoço
Comendo folhas suculentas, nham, nham, nham
Pegando folhas suculentas para o chá e almoço,
Comendo folhas suculentas, nham, nham, nham

Havia tantos galhos na árvore que, todo dia, Mamãe Koala mudava para um
novo galho para encontrar folhas suculentas para seu bebê. Todo dia para cima
ou para baixo, ela subia ou descia com seu bebê Koala nas costas. Ele estava
sempre tão faminto! E a cada dia o bebê Koala crescia cada vez mais, comendo
folhas suculentas no café da manhã, no almoço e no chá – crescendo cada vez
mais!
Quanto mais ele crescia, mais pesado ele ficava, até que ficou tão pesado que
era difícil para Mamãe Koala carregá-lo nas costas – e ainda mais difícil, subir e
descer da árvore com ele. Mamãe Koala estava ficando cansada desse trabalho
duro. Um dia, enquanto estava sentada num galho e o bebê estava chorando
– Estou com fome!
– Mamãe Koala estava tão cansada que caiu no sono. E dormiu tão pesado que
o bebê Koala não conseguia acordá-la, não importava o quanto gritasse.
Finalmente, o bebê Koala desceu das costas da mãe e sentou-se num galho
perto da mãe adormecida. Em cima ele podia ver folhas gostosas para comer –
ele estava com tanta fome! Como ele gostaria de pegar aquelas folhas
suculentas para seu almoço!

38
O Ursinho Koala

Bebê Koala pensou – talvez eu seja grande o suficiente para subir sozinho e
pegar as folhas suculentas para mim. Ele sentou-se por um tempo – as folhas
estavam tão suculentas.
Então, ele começou a subir o tronco – ele tinha um pouco de medo, mas foi
mais fácil do que ele imaginava. Suas patas de bebê tinham crescido e eram
grandes e fortes. Elas impediam que ele caísse. Para cima e para cima, cada vez
mais alto, ele subia, finalmente alcançou o próximo galho. Arrastou-se com
cuidado. Olhando para baixo, ele via sua mãe dormindo no galho abaixo. Ele
estava tão alto que se sentia corajoso. Bem a sua frente, estavam as folhas
suculentas, ele pegou algumas para seu almoço e sentou-se sozinho na arvore,
comendo.
Mais tarde Mamãe Koala acordou e olhou em volta. Onde estava seu bebê?
Ela olhou para baixo, ele teria caído? Bebê Koala não estava em nenhum lugar.
Então ela ouviu um barulho e olhou para cima. Lá estava seu bebê num galho
mias alto, ele não era mais bebê, mas um Koala sozinho almoçando.
Mamãe Koala sorriu. Então, subiu a árvore e sentou-se com o seu Urso
Koala. Juntos pegaram as folhas suculentas para o almoço e o chá e comeram,
nham, nham, nham.

39
Publicação da Escola Casa Buriti - Agosto/2020
Contos de Fadas
Textos: Extraídos de liivros de contos de fadas e contos tradicionais.
Pesquisa: Equipe pedagógica da escola Casa Buriti
Revisão: Equipe pedagógica da escola Casa Buriti
Design Gráfico e Edição: Luiz Menezes
Imagens: Arquivos da escola | Google imagens

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