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Santo Estevão:

Contos e mitos
Revisitando as lendas
folclóricas locais
Paulo Bibiano da Silva Gomes
Uan Luiz Magalhães Gomes da Silva
(Organizadores)

Santo Estevão: Contos e mitos


Revisitando as lendas folclóricas locais

Alunos da Escola Municipal


Professora Auta Pereira de Azevêdo
(Sítio do Aragão - 2023)

Agatha Lorrana de Jesus Santos Mércia S. Gomes Meneses


Clara da Paixão Santana Nicolli Kelly Santos Gomes
Deferson dos Santos Silva Pedro Henrique C. da Paixão
Emanuele Machado Santana Rafaela Cerqueira Paixão
Emilly Rocha dos Santos Raissa Leite Santana
Fabricio Conceição Costa Raquelly S. Gomes
Felipe Barbosa da Paixão Rayfran Costa de S. Santana
Juan Santos dos Santos Roberta Costa de Almeida
Julia Magalhães de Jesus Tailane M. da I. Conceição
Julia Santana Silva Thainá Machado de Oliveira
Ketully Almeida de Souza Veronica Dias Machado
Leticia da Silva Oliveira Victória de O. Matias
Livia Caline Acelino dos Santos Yarlli Silva Santos
Lorena Santos Silva Yasmin C. Machado
Maria Eduarda F. Nascimento Yasmin Santos dos Anjos
Maria Vitória da S. Souza
Apresentação

Esta obra surge como culminância do Projeto de Leitura,


versão 2023, desenvolvido pela Secretaria de Educação do
município de Santo Estevão, em parceria com as escolas
municipais.

Nessa obra, alicerçado na premissa freiriana de que a


educação deve valorizar a cultura do aluno, e compreendendo
cultura, aqui, enquanto um conjunto de conhecimentos
pertencentes a um determinado grupo social, onde suas histórias,
tradições e costumes recebem relevância inequívoca, um grupo de
alunos do Ensino Fundamental II, da Escola Municipal
Professora Auta Pereira de Azevedo, situada no Sítio do Aragão,
zona rural do município de Santo Estevão, orientado por seus
professores, desenvolveu uma pesquisa, objetivando uma
busca/resgate das tradições orais, relacionadas aos famigerados
contos assombrosos, os quais concorrem, indubitavelmente, para
a composição da identidade do sertanejo nordestino.

Assim, apresentamos aqui, uma obra literária envolvente,


desenvolvida por nossos alunos, e que cumpre com o seu inerente
papel de emocionar, divertir e fazer pensar, fato que será de fácil
constatação àqueles que se predispuserem a mergulhar nesses
relatos misteriosos e maravilhosos.

Paulo Bibiano da Silva Gomes


Diretor da Escola M. Profª Auta Pereira
Prefácio

Bem-vindos a um mundo encantado, onde as tradições


ganham vida e se entrelaçam com a imaginação.

Neste livro, mergulharemos em um universo mágico,


repleto de personagens e histórias fascinantes, narrativas que
atravessam gerações, transmitindo sabedoria ancestral, e
despertando a curiosidade de todos que se aventuram a desbravar
suas páginas.

Preparem-se para conhecer os segredos guardados pelas


árvores centenárias, os sussurros desses avós e sábios, de cada
comunidade onde esses contos nasceram. Cada conto,
especialmente selecionado, é um convite para entrar num mundo
desconhecido, onde o sobrenatural se mistura com o cotidiano,
desafiando nossas crenças e nos levando a questionar o que é real
e o que é fruto da imaginação.

Ao explorar esses contos e mitos, relatados pelos alunos


da Escola Municipal Professora Auta pereira de Azevedo,
adentraremos num universo de sabedoria popular, onde a
simplicidade e a autenticidade são as grandes protagonistas. A
pretensão é que a cada página virada possamos acesssar a essência
cultural local, suas crenças e tradições, as quais resistem
bravamente ao tempo e nos conectam com nossas raízes mais
profundas.

Então, caro leitor, prepare-se para embarcar nessa jornada


literária única. Deixe-se envolver pela magia que permeia cada
linha.

Uan Luiz Magalhães Gomes da Silva


Coordenador Pedagógico da Escola M. Profª Auta Pereira
Sumário
Contos e Mitos do Sítio do Aragão ........................................ 7
Uma criatura estranha a rondar .................................................................. 8
A lenda do lobisomem ................................................................................. 9
História de lobisomem ............................................................................... 10
O passado do Sítio do Aragão e seus mistérios ..................................... 11
Uma criatura na meia noite ....................................................................... 12
A menina amaldiçoada ............................................................................... 13
O poço milagroso e a mulher de branco................................................. 14
Lobisomem .................................................................................................. 15
O arco-íris no tanque do Sítio .................................................................. 16
A fazenda mal-assombrada ....................................................................... 17
A criatura que assustou o Sítio ................................................................. 18
Contos e Mitos do Uruçu ...................................................... 19
A faca de fumo e o lobisomem ................................................................ 20
Lobisomem no Uruçu ................................................................................ 21
Contos e Mitos da Fazenda Varginha ..................................22
A criatura da noite de lua cheia................................................................. 23
O cajueiro mal-assombrado ...................................................................... 24
Meu avô lobisomem ................................................................................... 25
O lobisomem do pé de jaca....................................................................... 26
A lua vermelha e o lobisomem ................................................................. 27
Um bicho sorrateiro ................................................................................... 28
O Pega-carona ............................................................................................. 29
Dizem do lobisomem ................................................................................. 30
Contos e Mitos da Fazenda Tapaúna ................................... 31
A mulher de branco .................................................................................... 32
O Lobisomem e a casa de farinha ............................................................ 33
O marido lobisomem ................................................................................. 34
A noiva amaldiçoada .................................................................................. 35
Contos e Mitos da Fazenda Lamarão ...................................36
Assombração caroneira .............................................................................. 37
A assombração do corredor de Glorinha ............................................... 38
Uma sombra misteriosa ............................................................................. 39
Contos e Mitos do Sítio do Jacaré, Campo do queijo e
Fazenda Inchú.......................................................................40
O lobisomem à espreita ............................................................................. 41
Curas antigas ................................................................................................ 42
Embate das feras ......................................................................................... 43
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
Escola Professora Auta Pereira de Azevedo

Capítulo 1:

Contos e Mitos do Sítio do Aragão


Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
Escola Professora Auta Pereira de Azevedo

Uma criatura estranha a rondar

Certa vez, minha tia Benedita me contou que, numa noite


de lua cheia, ela e sua irmã estavam indo para a igreja quando, de
repente, passou um homem apelidado de Zé de Tonhão. Ele
parecia meio estranho, mas elas continuaram seguindo o caminho.
Ao escutar essa história, meu tio Bina disse que naquela mesma
noite esse Zé de Tonhão havia rondado a casa dele e os cachorros
ficaram rosnando muito. Ele achou essa barulheira muito
estranha, pegou sua espingarda e quis ir lá fora pra ver o que
estava acontecendo. Mas, como já era mais de meia noite, sua
esposa não deixou, pois estava com medo do que poderia estar lá
fora.
Eles passaram a noite sem dormir. Pela manhã, ao saírem
de casa, notaram que alguns dos seus animais foram atacados,
inclusive, duas das suas galinhas haviam sido mortas de maneira
muito estranha, aparentemente por um animal com grandes
dentes afiados...

Um conto de: Livia Caline Acelino dos Santos

[8]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
Escola Professora Auta Pereira de Azevedo

A lenda do lobisomem

A minha vó sempre me falava que o lobisomem é um ser


humano que, em tempo de lua cheia, se transforma. Ela me disse
que essa transformação acontece quando eles leem um livro, à
meia noite...
Aqui onde moro, minha vó fala que tem um homem
chamado Jão da Lua, que vira lobisomem, ele só usa um short
preto de malha e uma blusa azul escura.
Uma noite, minha tia contou que viu ele lá no fundo de
casa, e não demorou muito para ele sumir. Minha mãe conta, que
quando ela era mais nova e morava com tio Nair, o lobisomem
vinha toda noite para a casa dela, mas como ele tem medo de faca
de serra, ela ameaçava falando: vem, que eu te furo com a faca de
serra e ainda te toco fogo. E assim a criatura ia embora.

Um conto de: Veronica Dias Machado

[9]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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História de lobisomem

Minha vó sempre contou que nessa região tem bastante


lobisomem, e meu avô conta que não pode matar o lobisomem,
porque, não estaríamos matando o lobisomem, mas sim, o
homem que se transforma no bicho, e que a melhor forma de
lidar com ele é fazendo uma armadilha para capturá-lo.
Segundo meu avô, ele e alguns dos seus amigos, há
bastante tempo, capturaram um lobisomem. Já minha avó conta
que o pai dela era um lobisomem, e quando ela tinha 5 anos, ela
foi dormir junto com ele. Mas, quando deu meia noite em ponto,
ele se transformou. Ela viu tudo acontecer diante de seus olhos.
Ela ficou com muito medo na hora, mas, ele não fez nada com
ela, porém, ele uivava e rosnava bastante, até que sua mãe entrou
no quarto e ao ver a situação, cortou o lobisomem na perna, o que
o fez ele sair correndo. Quando ela procurou o marido, e viu sua
perna ferida, percebeu que ele era o lobisomem.
Eu tento não acreditar nessa história, sempre achei que
contavam para me assustar. Mas, toda noite de lua cheia, eu ouço
ruídos e corro para debaixo da coberta e fico lá até o sol raiar.
Mesmo com medo, adoro ouvir as histórias dos meus avós, até
porque, minha avó me conforta, dizendo que também sentia
medo na minha idade, mas ela se acostumou com o medo.
Hoje, o pai dela é morto porque, quando ele saiu para se
transformar uma pessoa o viu e atirou nele, no outro dia pela
manhã, quando viram, era o pai de minha avó que estava no lugar.
Essas histórias contadas por minha avó, sempre me encantaram, e
todos os dias que vou à casa dos meus avós, eles me contam
histórias como essa, e o que mais me diverte, é ver a disputa de
casos deles, onde cada um diz que sua história é mais verdadeira
que a do outro. Mas, uma coisa eles sempre entram em consenso,
que hoje em dia ainda existem essas criaturas, e que elas estão
ainda por aí, escondidas nas noites, nos matos altos e nas chácaras
afastadas.

Um conto de: Ketully Almeida de Souza

[ 10 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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O passado do Sítio do Aragão e seus mistérios

Segundo relata minha avó, lá pelos tempos antigos, as


coisas eram mais tranquilas, porém existiam muito mais coisas
estranhas e fantasiosas, tipo, assombrações, fantasmas... Mesmo
sendo difícil ver isso aqui, no Sítio do Aragão, às vezes quando
apareciam, muitas pessoas viam, e outras muitas têm histórias para
contar sobre o assunto.
Meu tio conta que viu um fantasma, daqueles que
aparecem e logo em seguida somem. Já meu avô, ele conta que já
sentiu uma mão tocando no seu braço a noite, então, ele olhou
para o lado, procurando quem o tocou e não viu nada, e nem
ninguém.

Um conto de: Pedro Henrique Cerqueira da Paixão

[ 11 ]
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Uma criatura na meia noite

Em um dia de lua cheia, o meu avô tinha saído para ir a


um bar. Lá, ele ficou até meia noite, quando, resolveu voltar para
casa e pegou uma carona. Porém, o rapaz que deu a carona, não
tinha como leva-lo até sua casa, deixando-o no meio do caminho.
Para meu avô, estava tudo bem, pois, a noite estava bem clara
devido a lua cheia.
Mas, de repente, no meio do caminho, ele avista um vulto.
Num primeiro momento, ele não conseguiu distinguir o que era.
Ele ficou um pouco assustado, mas, seguiu o seu caminho até sua
casa, porém, mais devagar e mais atento.
Enquanto andava, foi esquecendo do ocorrido, e até
achando que aquela visagem poderia ter sido coisa de sua cabeça.
Porém, de repente, ele avista um bicho, peludo, com garras e
dentes bem afiados e grandes. Ele correu, desesperadamente,
enquanto o bicho o perseguia. E quanto mais ele corria, aquela
criatura corria atrás dele. O meu avô correu tanto que quando não
aguentava mais, começou a gritar pedindo por ajuda. Foi quando
conseguiu chegar em sua casa, esbaforido, batendo na porta de
casa de forma desesperada, e minha avó se levantou correndo e
abriu a porta. Ao entrar em casa, ele contou o ocorrido para
minha avó, que ficou surpresa com a situação. E depois desse dia,
nunca mais ele saiu tarde, em noites de lua cheia.

Um conto de: Deferson dos Santos Silva

[ 12 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
Escola Professora Auta Pereira de Azevedo

A menina amaldiçoada

Há muitos anos atrás, no Sítio do Aragão, uma mãe vestiu


a roupa da sua filha e foi para a igreja. Quando a filha viu que a
sua mãe estava vestindo a sua roupa, começaram a discutir e a
filha chamou a mãe de cavala. A mãe respondeu:
- Cavala tu hás de virar!
Passou-se alguns dias e a filha virou um pássaro. Ela
passava todos os dias, à meia noite, no povoado do Sítio, gritando:
CAVALA, CAVALA, CAVALA... assustando, assim, os
moradores.
Os moradores acreditam que depois de muito tempo a
maldição acabou, e nunca mais ninguém ouviu, ou viu, a menina
pássaro.

Um conto de: Tailane Meneses da I. Conceição

[ 13 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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O poço milagroso e a mulher de branco

Há quarenta anos atrás, no Sítio do Aragão, morava um


comerciante chamado Tonho das Pedras. Ele era proprietário de
um terreno, no qual havia um poço que todos chamavam de
minador.
Certo dia, um trabalhador que tinha uma roça que ficava
perto do terreno desse comerciante acabou se ferindo. Então, ele
foi até o poço minador, para lavar aquele ferimento. Para surpresa
de algumas pessoas, passando poucos dias, o ferimento do
trabalhador cicatrizou, fazendo com que corresse o boato pela
comunidade do Sítio do Aragão.
Tempos depois, começaram a vir muitas pessoas de outras
comunidades, e até outros munícipios, visitarem o poço, que
nomearam “poço dos milagres”. Nessa época, foi uma confusão:
muitos romeiros vinham a esse poço em busca do famoso milagre
que os boatos falavam. Temos depois, o comerciante, dono das
terras onde se localizava o poço, veio a falecer, fazendo os
romeiros pararem de visitar o tal poço milagroso.
Alguns anos se passaram e, próximo àquele poço
milagroso, apareceu um vestido branco, pendurado em um galho
de uma árvore. Os moradores que viviam ali próximo, ao ver
aquele vestido branco perto do poço, ficaram curiosos, inclusive
meu pai e meu avô, que ficavam se perguntando como aquele
vestido foi parar ali.
Daí em diante, os moradores, ao anoitecer, começaram a
ver uma mulher de vestido branco, andando ao redor do poço.
Essa aparição circulava ao redor do poço, fazendo sempre o
mesmo trajeto, até que um dia, tanto a mulher quanto o vestido
sumiram, e nunca mais a mulher do vestido branco foi vista
próximo ao poço.

Um conto de: Raissa Leite Santana

[ 14 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
Escola Professora Auta Pereira de Azevedo

Lobisomem

Quando minha mãe, seus irmãos e minha avó, moravam


na Caatinga, aconteceu um episódio sinistro com um dos meus
tios. Ele estava vindo do Sítio do Aragão, de bicicleta, para casa, a
noite. Quando, do nada, sentiu um peso na garupa, como se algo
segurasse a bicicleta, foi quando ele resolveu olhar para trás, e ele
viu aquela figura horrível:
- LOBISOMEM! - gritou ele.
Ele correu o mais rápido que pôde para sua casa, que já
estava próxima. Ele chegou esbaforido, esmurrando a porta e
gritando.
- ABRE A PORTA, MÃE. UM LOBISOMEM SE AGARROU
NA BICICLETA. ABRE, CORRE!
E assim, ele entrou correndo e se salvou daquela situação.
Após esse episódio eles resolveram se mudar para o Sítio
do Aragão, e com o passar do tempo passaram a não dar mais
importância àquele acontecimento.
Mas, em uma noite, minha mãe tinha acabado de chegar
em casa, e enquanto ela estava com seu bebê no quarto, ela ouviu
unas pisadas fortes do lado de fora, próximo a janela de seu
quarto. Em seguida, os sons foram se aproximando e ela começou
a ouvir os sons de garras arranhando a janela, como se tentasse
rasgar a madeira, ela ficou calada, e tentando fazer seu bebê não
chorar, para que o lobisomem fosse embora, o que acabou
funcionando.
No outro dia pela manhã, minha vó viu as marcas de
garras na janela, e marcas de patas bem grandes na terra, ao redor
da casa.

Um conto de: Rafaela Cerqueira Paixão

[ 15 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
Escola Professora Auta Pereira de Azevedo

O arco-íris no tanque do Sítio

Conta meu avô que Há muito tempo, quando ele ainda era
jovem, muitas pessoas se reuniam para tomar banho no tanque do
Sítio, o que era um lazer local.
Mas, um dia ele estava passando, em uma tardezinha de
muito calor, e resolveu tomar um banho. Nesse dia, ele estava só,
e não havia mais ninguém no tanque.
Então ele tirou as roupas e entrou no tanque. Foi quando
a água começou a mudar de cor, sem nenhuma explicação
aparente. Apareceram várias cores, como se estivesse formando
um arco-íris. Ele, por não entender o que estava acontecendo,
nadou rápido para fora da água, pegou suas roupas na mão e saiu
correndo.
Até hoje ele ainda conta essa história...

Um conto de: Yarlli Silva Santos

[ 16 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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A fazenda mal-assombrada

Meu avô e minha avó cuidavam de uma fazenda. Nesta


fazenda havia uma grande casa, e meu avô morava numa casinha
ao lado, a conhecida “casa do caseiro”.
O dono dessa fazenda havia falecido e os seus filhos
ficaram a frente dessa fazenda.
Todas as noites as luzes do casarão eram apagadas. Mas,
meu avô, depois de um tempo, começou a relatar acontecimentos
estranhos naquele casarão, os quais aconteciam, geralmente,
quando não havia ninguém na casa.
Uma noite meu avô viu as luzes acesas e ficou curioso
sobre o que deveria estar acontecendo. Quando ele entrou na casa
as luzes estavam apagadas, então ele voltou.
Em uma outra ocasião, minha avó passava próximo ao
casarão, e ouviu um barulho alto, como se pessoas tivessem
tocando tambores...
Quem passava pela fazenda sempre reparava o quão
aquela casa era assustadora e sombria. Ouvia-se tombos vindos lá
de dentro, mas ninguém distinguia o que havia lá havia. E até hoje
é um mistério o que ocorre naquela casa.

Um conto de: Roberta Costa de Almeida

[ 17 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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A criatura que assustou o Sítio

Quando minha avó teve minha mãe foi um dia diferente e


sinistro, pois, no momento em que ela voltou para casa com seu
bebê no colo, percebeu que havia marcas de garras nas portas,
justamente em uma época em que os moradores locais estavam
comentando sobre uma criatura que estava assombrando a região.
Dias depois meu avô, voltando para casa, sentiu uma
presença estranha lhe seguindo por trás de sua bicicleta, quando
ele olhou para saber o que poderia estar atrás dele, viu uma figura
vestida de branco, no que meu avô acelerou a pedalada para
chegar em casa o mais rápido possível, pois, minha avó estava
sozinha com seu bebê recém-nascido, e já estava muito assustada
com os murmurinhos locais sobre a criatura que estava a assustar
a região.

Um conto de: Clara da Paixão Santana

[ 18 ]
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Capítulo 2:

Contos e Mitos do Uruçu

[ 19 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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A faca de fumo e o lobisomem

Em uma noite fria meu avô e um amigo dele começaram a


contar histórias de terror, ao redor da fogueira. Meu avô começou
a contar sua experiência diante de um momento aterrorizante,
onde, numa noite, ele estava na roça quando, de repente, ele viu
um vulto preto, passando muito rápido. O vulto passou tão rápido
que ele só conseguiu ver o reflexo sombrio. Ele nem deu muita
importância, e já tinha deixado até de lado. Porém, logo em
seguida, ele ouviu um uivo muito alto. Assombrado com aquele
uivo, ele ficou alerta, mas, logo em seguida, veio surgindo em sua
frente, um cachorro. Então, ele percebeu que não era apenas um
cachorro, mas sim, um lobo enorme, que muito provavelmente
era um homem transformado em lobisomem, ainda mais, por
estar em duas pernas.
Nessa hora, meu avô deu um grito, pegou uma faca e
cortou um pedaço de fumo que estava em seu bolso, fumo esse
que usava para mascar, e apontou a faca e desferiu um golpe no
animal, para espantá-lo, fazendo-o correr.
Passando-se alguns dias, meu avô sentiu um cheiro
estranho, vindo de seu vizinho, mas ele não comentou nada, mas
reparou um corte nele, no mesmo local onde ele havia desferido o
golpe naquele lobisomem que o atacou algumas noites atrás.
Então ele, a partir daquele dia, começou a desconfiar que seu
vizinho era aquela criatura da noite.

Um conto de: Rayfran Costa de Souza Santana

[ 20 ]
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Lobisomem no Uruçu

Em uma noite de luar claro, uma senhora, conhecida da


região, estava indo para sua casa. Ao chegar bem próximo à casa
da sua vizinha, ela escutou algo passando pelos arames da cerca e,
em seguida, escutou passos se aproximando por trás de uma
árvore. Uma outra mulher que morava próximo, viu a sombra e
jurava que seria um lobisomem, e segundo o pai dela, olhar o
lobisomem de frente é perigoso, pois ele pode se assustar e atacar.
A maioria das pessoas mais velhas, da comunidade de lá,
dizem que já viram em algum momento um lobisomem.

Um conto de: Thainá Machado de Oliveira

[ 21 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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Capítulo 3:

Contos e Mitos da Fazenda Varginha

[ 22 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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A criatura da noite de lua cheia

Em uma noite, aparentemente normal como qualquer


outra, meu tio e meu avô saíram para caçar passarinho. Era noite
de lua cheia, e eles estavam tendo uma boa caçada – uma boa
quantidade de caça, coelhos, codornas... E quando já não achavam
mais o que caçar, decidiram voltar para casa. Vieram conversando
pelo caminho, jogando conversa fora, quando, de repente ouviram
um barulho dentro do mato, porém, nem ligaram para aquele
barulho. Mais pra frente um bicho grande e preto pulou da moita
e, no susto, meu avô deu um tiro para cima, para assustar a
criatura. Nesse momento eles aproveitaram para correr até uma
estrada próxima. E, ao perceber que um carro estava se
aproximando por essa estrada, o bicho estranho se assustou e
correu. Nesse momento o carro parou e deu carona ao meu tio e
meu avô, até chegarem em casa.
E quando meu avô conta essa história, ele diz que não
sabe como conseguiram escapar.

Um conto de: Fabricio Conceição Costa

[ 23 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
Escola Professora Auta Pereira de Azevedo

O cajueiro mal-assombrado

Tudo aconteceu em uma noite de sexta-feira, 13. Um


homem estava andando de bicicleta e passou pela frente de um pé
de caju, que muitos diziam que era mal-assombrado. De repente
começou a sair algo estranho daquele pé de caju, algo que ele não
sabia distinguir. Então, assustado, ele saiu daquele lugar e
começou a pedalar rápido, e ao olhar no seu relógio, percebeu que
já era meia noite. Nesse momento ele começou a sentir a bicicleta
cada vez mais pesada, foi aí que ele decidiu olhar para traz, e ao se
virar, ele viu um caixão atrás em sua garupa. Ele ficou muito
assustado soltou a sua bicicleta no chão, e saiu correndo
desesperado, procurando por socorro, quando encontrou algumas
pessoas e contou aquela história assustadora. Ao voltar para o
local, onde ele deixou sua bicicleta, junto com as pessoas que lhe
deram socorro, as pessoas não viram nada, não havia nenhum
caixão, apenas seu transporte, jogado no chão. Mas, mais atrás,
naquele pé de caju dito mal-assombrado, estava saindo uma
fumaça vermelha, o que assustou a todos e os fizeram sair
correndo daquele local.
E até hoje as pessoas da redondeza ouvem relatos daquele
pé de caju mal-assombrado.

Um conto de: Agatha Lorrana de Jesus Santos

[ 24 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
Escola Professora Auta Pereira de Azevedo

Meu avô lobisomem

O meu avô me contou que o meu tio e o meu pai foram


para casa dele. Era uma noite de lua cheia e meu avô estava indo
fazer uma reza misteriosa naquela noite. Uma noite em que a lua
estava linda e cheia.
Meu pai foi para dentro de casa com meu tio. Nesse
momento meu avô, no terreiro da casa e diante da lua cheia, fez a
tal reza misteriosa e se transformou em um lobisomem. Nesse
momento meu pai e meu tio saíram para o lado de fora da casa,
após terem ouvido uns barulhos estranhos e se depararam com a
tal criatura. Foi aí que meu avô correu atrás dos seus filhos, os
quais, assustados com aquela situação, não conseguiam nem ter
coordenação para correr, e caíram, os dois, ao chão, e se feriram.
Porém meu avô, que estava transformado em lobisomem, ao ver
seus filhos ao chão e feridos, parou diante deles, e não se sabe se
foi a lucidez humana naquele momento que falou mais alto, ou o
fato de serem seus filhos, mas, meu avô não os atacou.
E foi assim que meu avô virou um lobisomem na beira
dos filhos dele.

Um conto de: Julia Magalhães de Jesus

[ 25 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
Escola Professora Auta Pereira de Azevedo

O lobisomem do pé de jaca

Desde que eu era criança os meus pais, meus primos e tios


me contavam a história do pé de jaca. Diziam que todas as noites,
quando escurecia, aparecia um bicho nesse pé de jaca, e eles
afirmavam que era um lobisomem.
Eles contavam que sempre que um veículo passava em
frente ao pé de jaca, o bicho pulava de cima daquela árvore para
atacar as pessoas, e o veículo nem sequer conseguia sair do lugar.
Quando tinham uma reação de conseguir fugir, a criatura do pé de
jaca perseguia as vítimas por toda a estrada. Eu não acreditava
muito nessas histórias da minha família, mas, sempre que eu passo
por aquela jaqueira, tenho uma sensação ruim ao olhar para ela, e
é um medo que persiste até hoje. Nunca passo perto dela a noite
sozinha: vai que nesse dia a criatura esteja lá, me esperando?
O Lobisomem do pé de jaca nunca mais foi visto. Muitos,
hoje, acreditam que essa história não passa de uma lenda local, um
conto para assustar as crianças. Mas, os mais velhos ainda contam
essa história e comprovam sua veracidade.

Um conto de: Raquelly S. Gomes

[ 26 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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A lua vermelha e o lobisomem

Em uma noite, um grupo de pessoas estava reunido em


uma casa quando, de repente, escutaram um barulho estranho,
vindo do lado de fora. Então, uma mulher desse grupo, foi olhar o
que tinha causado aquele estranho barulho. Foi quando ela viu
aqueles dois olhos vermelhos, flamejantes, no mato, e então,
começou a correr e gritar, voltando para dentro da casa:
- LOBISOMEM, LOBISOMEM, LOBISOMEM!
As pessoas não acreditaram. Nem o seu próprio marido.
Porém, ela conta que viu, sim, e que não estava mentido.
Dias após o acontecimento ela ainda ficou pensando o
porquê das pessoas não terem acreditado no que ela viu. Passando
os dias, chega então o fim de semana, e ela fica dentro de casa,
enquanto as demais pessoas, estavam do lado de fora. E, enquanto
todos estavam conversando, ouve-se um rugido bem alto. As
pessoas, achando que seria algum cachorro, se levantaram e foram
olhar. De repente todos, começaram a gritar, desesperados com o
que estavam vendo, e voltaram, correndo, para dentro de casa.
- Era verdade, você estava certa. Realmente tem um lobisomem
nas redondezas...
Depois desse ocorrido, a comunidade ficou sabendo
daquele acontecimento apavorante com o lobisomem, que
aparecia nas noites de lua cheia, Esse acontecimento fez com que
as pessoas ficassem dentro de casa, nessas noites.

Um conto de: Yasmin Santos dos Anjos

[ 27 ]
Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
Escola Professora Auta Pereira de Azevedo

Um bicho sorrateiro

Um dia me sentei com meu avô, um senhor sábio e


divertido, com muitas histórias para contar. Ele me contava
histórias vividas por ele, histórias sobrenaturais do seu passado na
roça. Porém desse dia ele me contou uma história vivida por seu
irmão mais velho, lá para os lados da Fazenda Quebradas, que fica
na região da Varginha.
Ele contou que o seu irmão saiu para ir no mato, fazer
suas necessidades, e enquanto ele estava abaixado, sorrateiramente
veio um bicho por trás dele, e devagar começou a passar a mão na
bunda dele. Quando ele se virou para ver o que era aquilo,
percebeu que havia uma criatura peluda. Ele levantou rápido,
jogou a calça no ombro, e sair às carreiras.

Um conto de: Lorena Santos Silva

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Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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O Pega-carona

Em meados dos anos 90, período no qual a população que


morava na zona rural tinha muita dificuldade para se locomover,
pois o acesso ao transporte era precário e a condição financeira da
população era muito baixa, a bicicleta era um dos principais meios
de transporte dessas pessoas para chegar até a cidade, fosse para
trabalho, ou fazer a feira. Nesse período, muitas pessoas vinham
do trabalho tarde a noite, e algumas delas relatavam que, quando
vinham na estrada, tinham a sensação de não estarem sozinhas no
percurso. Muitas pessoas afirmavam que durante o caminho para
casa sentiam a bicicleta ficar pesada, como se estivesse carregando
alguma pessoa na garupa. Como nessa época a iluminação pública
era muito precária, (principalmente na zona rural), ficava muito
difícil identificar o que estava próximo a você, no escuro. Mas,
algumas dessas pessoas juram que quando sentiam suas bicicletas
pesarem, olhavam para trás e viam um ser que não conseguiam
identificar, o que os deixavam em desespero, e começavam a
pedalar cada vez mais rápido para as suas casas, ou para algum
lugar mais iluminado, ou até encontrar ajuda.
Com esses casos acontecendo com algumas pessoas, os
moradores da região começaram a chamar essa entidade
misteriosa de pega-carona. As primeiras pessoas que relataram ter
visto o pega-carona, acabaram ficando desacreditadas: foram
chamadas de medrosas.
A princípio, o pega-carona, assustava pessoas que
andavam de bicicleta, e com o passar do tempo, começou a pegar
carona também em motos e até mesmo em carros, onde o banco
traseiro estivesse vazio. Assim as pessoas começaram a andar
sempre acompanhadas, quando se deslocavam por aquela zona
rural, à noite.

Um conto de: Mércia S. Gomes Meneses

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Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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Dizem do lobisomem

Eu já ouvi falar sobre o lobisomem. As pessoas mais


velhas contam que ele aparece, sempre, em noites de lua cheia.
Eu nunca vi um desses, e espero nunca ver. Mas, as
pessoas que viram, contam muitas histórias sobre eles, como, o
fato de um dos medos deles ser de faca de cortar fumo.
Meu tio conta que, há muito tempo atrás, época que eu era
bem pequena, ele chegou em casa, desesperado, pois, tinha
acabado de ver um lobisomem na sua frente. Assim que aquele
monstro pulou na sua frente, ele não pensou em mais nada, correu
o mais rápido que pôde com sua moto.

Um conto de: Emanuele Machado Santana

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Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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Capítulo 4:

Contos e Mitos da Fazenda Tapaúna

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Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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A mulher de branco

Certa vez, meu finado avô me contou que quando ele era
criança, foi passear com uns amigos em um cemitério, para pôr a
prova uma lenda local: a lenda da mulher de branco. Uma
assombração com a aparência de uma mulher, vestida de branco, e
que andava assombrando por ali, segurando um machado.
Ficaram bastante tempo esperando por lá, até que
desistiram, pois nada aparecia. Após a desistência, decidiram
retornar para casa decepcionados, por não conseguirem ver a
assombração.
Porém, mal sabia meu avô, que algo poderia ter seguido
ele, e ao entrar em casa, começou a escutar estranhos barulhos,
como se houvesse uma mulher sussurrando. Ele ficou bastante
assustado, mas, mesmo assim, olhou pelas frestas da porta. E o
que ele viu, o deixou pálido de medo, seu corpo gelou. Ele estava
vendo uma mulher toda de branco indo pra lá e pra cá, na frente
da casa dele, enquanto ele ouvia próximo a ele os sussurros
daquela visagem.
Meu avô conta que correu o mais rápido que pôde para a
cama e passou a noite inteira rezando. E nunca mais se reuniu
com os amigos para procurar aquela assombração.

Um conto de: Felipe Barbosa da Paixão

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Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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O Lobisomem e a casa de farinha

Há muito tempo atrás, havia uma mulher que tinha uma


casa de farinha. Ela preparava os insumos e os deixava nessa casa.
Porém, quando ela voltava, a farinha não estava mais lá.
Ela tentou de tudo, vários jeitos, mas sempre vinha um
bicho e comia a farinha. Num certo dia ela resolveu fazer um laço
e colocar na porta da casa de farinha. Mais tarde, naquele mesmo
dia, quando ela chegou, o bicho já tinha entrado, quando ela abriu
a porta, deu de cara com uma criatura que ela identificava como
um lobisomem preso na armadilha que ela havia feito. Vendo
aquela criatura presa, ela pegou um pau e, com uma ação de
ataque quebrou a pata do monstro preso, pois, segundo os mais
velhos, uma das formas de quebrar o encanto da transformação
do lobisomem é quebrando a sua pata.
Por fim, ela descobriu que aquela criatura que se
transformava e comia toda a produção da sua casa de farinha, era
seu próprio marido.

Um conto de: Nicolli Kelly Santos Gomes

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Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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O marido lobisomem

Certa vez, um casal com um filhinho estavam indo para


uma novena. No meio do caminho, quando eles estavam
seguindo, o marido disse para sua esposa que não estava se
sentindo bem. Então ele voltou para casa e ela ficou esperando na
estrada, com o bebê no colo, enrolado em um chale vermelho. Ela
estava esperando quando, de repente, do escuro, surgiu uma
criatura horrenda: um lobisomem, e ele começou a atacar ela. Ela,
muito assustada, porém, disposta a defender seu bebê, retirou o
chale do bebê, e o utilizou para tentar espantar a fera batendo
nela, até que a fera desistiu e foi embora.
Pouco depois, o marido da mulher volta e ela conta,
aterrorizada, o que havia acontecido. Porém, ele pareceu não dar
tanta importância assim, e continuaram seu percurso para a
novena, depois voltaram para casa. Chegando em casa, ao irem
para ao quarto se deitar, a mulher percebeu que haviam pedaços
de um pano vermelho nos dentes do marido, e acabou
perguntando a ele: o que são esses pedaços de pano em seus
dentes? Ele não soube como responde-la! Ela ficou muito brava
com ele, pois, ele havia atacado ela e o próprio filho, quase
devorando-os. Mas ele a “tapeia”, e vão dormir.
Porém, ao amanhecer, ela percebe que seu marido estava
morto. Ele morreu por ela ter descoberto e revelado que ele era
um lobisomem, quebrando, assim, a sua pata. E, segundo os mais
velhos, essa é uma das formas de lidar com o lobisomem.

Um conto de: Yasmin C. Machado

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Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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A noiva amaldiçoada

Segundo uma lenda antiga, que contam os mais velhos da


fazenda Tapaúna, havia uma mulher que tinha um sonho de se
casar, desde que era uma criança. Essa mulher desejava ser uma
esposa perfeita para o noivo que ela achasse, e como ela era uma
bela moça, educada, logo encontrou um moço e se apaixonou por
ele. Então, começaram um namoro, e em seguida, noivaram. Tudo
ia bem, até o dia do casamento, porém, quando ela subiu ao altar,
esperou e esperou, mas ele não chegou. Com o passar das horas,
todos perceberam que ele não iria aparecer, deixando a bela moça,
sem rumo e com uma enorme dor no coração, largada no altar.
Ela pegou uma corda, colocou em um pé de caju e se enforcou.
Até hoje, alguns moradores dizem ver a moça aos pés do
cajueiro, assustando assim quem passa.

Um conto de: Maria Vitória da S. Souza

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Capítulo 5:

Contos e Mitos da Fazenda Lamarão

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Assombração caroneira

Certa vez, meu tio me contou algo muito estranho que


aconteceu com ele. Quando voltava pra casa, ele sentiu alguém
sentar na garupa da sua bicicleta. Naquela época, há muitos anos
atrás, os mais velhos diziam para ele não andar de bicicleta a noite,
pois, existiam assombrações que gostavam de pegar carona e
matar os vivos de susto.
Quando ele sentiu o peso na garupa dele, ele pensou:
- “Deve se tratar de alguém tentando me assustar.”.
Então, ele parou a bicicleta e pensou em olhar para trás,
quando escutou alguém falar;
- FOI AQUI QUE EU MORRI!!
Mesmo com muito medo ele olhou para traz, e não havia
ninguém, mas a bicicleta ainda estava pesada, como se ainda
tivesse alguém na garupa. Meu tio tremeu todo, mas manteve a
coragem e continuou pedalando enquanto rezava. Ele chegou em
casa, deixou a bicicleta na frente e foi se deitar, mas não conseguia
dormir. Quando amanheceu, foi ver a sua bicicleta que havia
deixado na frente de casa, e notou que o pneu traseiro estava
furado.
Após isso, meu tio, nunca mais andou de bicicleta a noite
sozinho.

Um conto de: Juan Santos dos Santos

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A assombração do corredor de Glorinha

Em uma noite, um rapaz estava indo para a casa da sua


namorada. Durante o percurso ele resolveu pegar um atalho por
um caminho conhecido como corredor de Glorinha. Ao passar
por esse caminho, sua bicicleta começou a ficar pesada. Ele olhava
para trás, mas não via nada, nem ninguém, o que o deixou um
pouco assustado com aquela situação.
Ele olhava o pneu, analisava os freios, empurrava os pés
para trás, mas nada da bicicleta ficar mais leve. Quando ele chegou
ao fim do corredor já estava muito cansado, mas, ainda assim, não
via um motivo para o peso naquela bicicleta. Então, ele seguiu o
seu caminho, quando, de repente, ouviu uma voz que sussurrou
em seu ouvido.
- OBRIGADO, COLEGA!
Após isso, sua bicicleta voltou a ficar leve. Mas ele já
estava arrepiado por completo. Estava com tanto medo, que saiu a
toda velocidade, tão rápido, que nem bala o pegava.
Depois disso, nunca mais ele pegou aquele caminho
novamente. Outras pessoas também já relataram incidentes
sobrenaturais naquele mesmo corredor.

Um conto de: Victória de O. Matias

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Uma sombra misteriosa

Essa história aconteceu com minha mãe, quando ela era


adolescente. Minha mãe, meu tio e um primo deles, estavam
voltando da igreja, à noite. Nessa estrada, onde eles estavam indo,
havia uma grande ladeira, com um grande pé de jaca no
acostamento, no topo dessa ladeira. Enquanto subiam essa ladeira,
observaram que no topo dela havia uma sombra estranha, como
de um ser com aspecto indefinido... Por não conseguir identificar
o que seria aquela sombra, meu tio e minha mãe queriam se
aproximar, para poder identificar o que seria aquilo, mas o primo
deles os incentivou para não se aproximarem daquela sombra,
assim, continuando o percurso para casa.

Um conto de: Julia Santana Silva

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Capítulo 6:

Contos e Mitos do Sítio do Jacaré, Campo do


queijo e Fazenda Inchú

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Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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O lobisomem à espreita

Numa noite escura, um homem de camisa preta e short


azul, que estava voltando da casa de sua namorada, estava
passando às onze e meia, por uma mata sombria e assustadora, no
Sítio do Jacaré quando, de repente, ele ouviu um barulho vindo
dos matos que estavam se mexendo, ele parou e ficou todo
branco, quando ele viu que se tratava de um lobisomem. De tão
assustado, ele começou a correr de costas enquanto ficava de
frente para a criatura. Com muito medo ele pulou um monte de
arames, cercas e cancelas para fugir, de costas, daquela criatura
terrível. Quando ele pensou que o lobisomem tinha parado de
correr atrás dele o bicho já estava mais à frente, esperando-o, com
aqueles olhos vermelhos, pelos por toda a parte de seu corpo,
mãos com garras enormes, dentes à mostra, bem afiados e orelhas
gigantes. Por bem pouco o rapaz conseguiu fugir da criatura e
chegou em casa, e até hoje ele conta como conseguiu fugir do
lobisomem. Segundo ele se trata de um senhor que mora na
região, e em noites sombrias ele vira lobisomem, para aterrorizar
as redondezas.

Um conto de: Emilly Rocha dos Santos

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Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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Curas antigas

Diz minha avó, que quando ela tinha dez anos, ela foi para
uma reza com a sua mãe e a irmã dela. Quando elas estavam
voltando da capela a irmã da minha avó viu uma cobra e tentou
avisar, mas... foi tarde demais: a cobra acabou picando a minha
avó. Então a sua mãe, agindo de forma apressada e nervosa, levou
ela às pressas até a casa de um senhor muito conhecido na região
do Campo do Queijo. Como naquele tempo não existia remédios
para curar esse tipo de enfermidade (ou eram muito difíceis de
conseguir), ele fez um remédio caseiro para curar minha avó. Ele
usou o próprio veneno da cobra para fazer um chá, e deu para
minha vó. Mas, mesmo assim, esse remédio não alivio os sintomas
que ela estava sentindo. Então, a mãe dela levou ela para a casa de
uma senhora chamada Gertrudes, que era conhecida por seus
remédios milagrosos, com base na natureza, e por suas orações.
Lá na casa daquela senhora havia muitas pedras venenosas.
A senhora pegou uma daquelas pedras e colocou na perna da
minha avó. Após uma hora, ela retirou a pedra e colocou uma
folha estranha no local onde estava a pedra. Antes de minha avó ir
para casa, a senhora Gertrudes deu instruções para ela, que ela
deveria ficar um mês dentro de casa, e ninguém poderia falar para
os outros que a cobra havia picado ela, não poderia falar o nome
da cobra, e nem o da minha avó. Após um mês, minha avó pôde,
novamente, sair de casa, e voltar a fazer tudo, como se nada
tivesse acontecido, como se não tivesse sido picada por uma cobra
venenosa. Hoje ela conta essa história, sem saber o que realmente
aconteceria se falasse o nome dela ou da cobra, porém, isso salvou
a sua vida.

Um conto de: Maria Eduarda Ferreira Nascimento

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Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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Embate das feras

Há muito tempo atrás, lá pras bandas da Fazenda Inchú,


havia uma mulher que tinha um vizinho que virava lobisomem.
Para se defender da fera vizinha, em noites de lua cheia ela
colocava pedaços de carne do lado de fora, para que assim, a
criatura comesse e se saciasse, e não atacasse as pessoas do
povoado.
Em uma certa noite de lua cheia, ele acabou se
transformando em lobisomem e comeu toda a carne que a
senhora havia colocava ao lado de fora, mas, mesmo assim, não
saciou a sua fome. Então, a macabra criatura saiu a procura de
vítimas, mas, no caminho, ele acabou encontrando outro
lobisomem, e uma acirrada briga se iniciou. A briga era intensa,
mas o vizinho da mulher saiu perdendo nesse embate, e correu
para casa. Mas, quando ele foi pular a janela da casa, por estar
abatido e ferido, acabou batendo a sua pata e quebrando-a,
fazendo, assim ele perder o encantamento de virar lobisomem.
E foi por esse motivo que aquele vizinho era cheio de
arranhões e cicatrizes pelo corpo, devido as marcas daquela luta
acirrada.

Um conto de: Leticia da Silva Oliveira

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Santo Estevão: Contos e Mitos – Revisitando as lendas locais
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Rogério Costa
Prefeito - Santo Estevão/Bahia

Jaílson Assis
Secretário Municipal de Educação - Santo Estevão/Bahia

Ana Isabel Moreira Gomes


Diretora do Departamento Técnico Pedagógico

Sílvia Santos Assis de Jesus


Chefe de Divisão do Departamento Técnico Pedagógico

Paulo Bibiano da Silva Gomes


(Diretor da Escola M. Prof.ª Auta Pereira de Azevedo)

Uan Luiz Magalhães Gomes da Silva


(Coordenador Pedagógico da Escola M. Prof.ª Auta Pereira de Azevedo

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