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Ministério Púbico

Departamento de Investigação e Acção Penal de _______________

Exmo. Senhor Procurador-Adjunto

____________________________________________, portador do cartão de cidadão n.º


______________, titular do NIF ____________, residente na
____________________________________________, vem apresentar queixa-crime, nos
termos e com os fundamentos que se seguem:
O Queixoso tem __ anos de idade.
No dia __/__/____, foi o Queixoso convocado para comparecer no Centro de Vacinação de
_______________, a fim de lhe ser ministrada a vacina contra o SARS-CoV-2 e a Covid-19.
Tal convocação foi feita através de mensagem enviada para o seu número de telefone, com o
seguinte teor:
“...”
(descrever os factos relevantes referentes à convocação, nomeadamente o número de
mensagens e ligações recebidas)
No dia __/__/____, o Queixoso compareceu no referido Centro de Vacinação, para o efeito
referido na convocação, tendo efectivamente recebido, através de injecção no ombro direito,
a primeira dose da vacina ______________.
A injecção foi ministrada por ______________________________, enfermeiro(a) a prestar
serviços no Centro de Vacinação em causa.
No mesmo dia, começou o Queixoso a sofrer do seguinte:
(descrever a sintomatologia referente aos efeitos adversos)
Tais sintomas prolongaram-se por __ dias.
(descrever todos os factos relevantes referentes aos efeitos adversos, bem como todos os factos
relevantes ocorridos entre a primeira e a segunda doses)
A aplicação da segunda dose ficou, naquele mesmo dia, agendada para __/__/____, data em
que o Queixoso voltou a comparecer no Centro de Vacinação de _______________.
O Queixoso recebeu então, através de injecção no ombro direito, a segunda dose da vacina
______________.
A injecção foi ministrada por ______________________________, enfermeiro(a) a prestar
serviços no Centro de Vacinação em causa.
No mesmo dia, começou o Queixoso voltou a sofrer de sintomas que se podem descrever da
seguinte forma:
(descrever a sintomatologia referente aos efeitos adversos)
Tais sintomas prolongaram-se por __ dias.
(descrever todos os factos relevantes referentes aos efeitos adversos, bem como todos os
factos relevantes ocorridos após a segunda dose)
O Queixoso nunca recebeu qualquer informação referente à vacina que lhe foi ministrada,
nomeadamente quanto aos efeitos adversos de que veio a sofrer, supra descritos.
Não lhe foi prestado qualquer tipo de informação, quer nas convocatórias que recebeu, quer
no Centro de Vacinação, nos momentos que precederam a aplicação da primeira e da segunda
doses.
Os enfermeiros que lhe aplicaram as injecções referentes a cada uma das doses da vacina não
lhe prestaram qualquer informação referente à natureza das substâncias que lhe estavam a ser
ministradas e tampouco no que concerne aos respectivos efeitos, a curto e médio prazo.
Tipifica o artigo 165.º, n.º 1, do Código Penal, o crime de intervenções e tratamentos médico-
cirúrgicos arbitrários, nos seguintes termos:
“As pessoas indicadas no artigo 150.º que, em vista das finalidades nele apontadas, realizarem
intervenções ou tratamentos sem consentimento do paciente são punidas com pena de prisão
até três anos ou com pena de multa.”

Dispõe, por sua vez, o artigo 150.º, n.º 1, do Código Penal, como se segue:
“As intervenções e os tratamentos que, segundo o estado dos conhecimentos e da experiência
da medicina, se mostrarem indicados e forem levados a cabo, de acordo com as leges artis, por
um médico ou por outra pessoa legalmente autorizada, com intenção de prevenir, diagnosticar,
debelar ou minorar doença, sofrimento, lesão ou fadiga corporal, ou perturbação mental, não
se consideram ofensa à integridade física.”

Estamos, pois, perante um crime específico próprio, que, por consequência, apenas pode ser
praticado por médico ou “outra pessoa legalmente autorizada” à execução de intervenções e
tratamentos médico-cirúrgicos, ou seja, também por enfermeiro.
Relativamente ao consentimento, estabelece o artigo 157.º do Código Penal que o mesmo “só
é eficaz”, nomeadamente para efeitos de exclusão da ilicitude no âmbito do crime tipificado no
artigo 156.º, n.º 1, do mesmo diploma legal, “quando o paciente tiver sido devidamente esclarecido
sobre o diagnóstico e a índole, alcance, envergadura e possíveis consequências da intervenção ou do
tratamento <...>”.

A criminalização da violação do dever de prestar ao paciente a informação adequada, de forma


a que ele esteja em condições de prestar o seu consentimento livre e esclarecido, é a
confirmação da relevância na nossa ordem jurídica do direito do mesmo à liberdade e à
autodeterminação, inscritos que se encontram estes no espectro dos direitos fundamentais
internacionalmente reconhecidos, tal como resulta dos artigos 6.º, alíneas a) e b), da
Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, e 7.º do Pacto Internacional sobre
Direitos Civis e Políticos, e que ecoam igualmente nos artigos 135.º, n.º 11, do Estatuto da
Ordem dos Médicos, 20.º do Regulamento de Deontologia Médica da Ordem dos Médicos, e
105.º, alínea b), do Estatuto da Ordem dos Enfermeiros.
Mostra-se, aliás, pertinente, considerando que concretizam a figura do consentimento
informado em sede disciplinar, lembrar a injunção que se pode extrair das três últimas
disposições acima mencionadas.
Impõe, com efeito, o artigo 135.º, n.º 11, do Estatuto da Ordem dos Médicos, que “O médico
deve fornecer a informação adequada ao doente e dele obter o seu consentimento livre e esclarecido.” .

Esta norma é, por sua vez, densificada pelo artigo 20.º do Regulamento de Deontologia Médica
da Ordem dos Médicos, que dispõe da seguinte forma:
“1 – O consentimento do doente só é válido se este, no momento em que o dá, tiver capacidade
de decidir livremente, se estiver na posse da informação relevante e se for dado na ausência de
coacções físicas ou morais.
2 – Entre o esclarecimento e o consentimento deverá existir, sempre que possível, um intervalo
de tempo que permita ao doente reflectir e aconselhar-se.
3 – O médico deve aceitar e pode sugerir que o doente procure outra opinião médica,
particularmente se a decisão envolver riscos significativos ou graves consequências para a sua
saúde e vida.”

Finalmente, o dever de informar, com vista ao consentimento do paciente, recai igualmente


sobre os enfermeiros, estabelecendo o artigo 105.º, alínea b), do Estatuto da Ordem dos
Enfermeiros, que:
“No respeito pelo direito à autodeterminação, o enfermeiro assume o dever de: <...> Respeitar,
defender e promover o direito da pessoa ao consentimento informado” .

In casu, estamos, desde logo, perante uma droga experimental, autorizada para
comercialização pela Agência Europeia do Medicamento a título meramente condicional, por
inexistência de dados clínicos, nos termos previstos nos artigos 2.º e 4.º do Regulamento CE
n.º 507/2006, da Comissão, de 29/03/2006.
A inexistência de dados clínicos sobre a vacina aplicada ao Queixoso e a sua autorização para
comercialização meramente condicional são justamente informações que não podiam deixar
de ter sido objecto de comunicação ao mesmo antes da aplicação das injecções.
Acresce ser absolutamente essencial comunicar ao paciente as informações referentes às
reacções adversas de qualquer medicamento, tratamento ou intervenção, sendo certo que,
relativamente às vacinas Comirnaty (Pfizer/Biontech), Vaxzevria (AtraZeneca), Moderna
(Moderna) e Janssen (Janssen-Cilaq), no período compreendido entre 01/01/2021 e
13/05/2021, foram notificadas ao Infarmed 5.5665 casos de reacções adversas, sendo 35
graves fatais, 2.418 graves não fatais e 3.212 não graves
(https://www.infarmed.pt/web/infarmed/relatorio).
As reacções adversas mais notificadas são as seguintes:
- Dores musculares e articulares;
- Cefaleia;
- Febre;
- Astenia, fraqueza e fadiga;
- Náuseas;
- Tremores;
- Linfadenopatia;
- Eritema, Eczema e Rash;
- Parestesias.

Tais reacções adversas constam também de vários documentos publicados no sítio da Internet
da Agência Europeia do Medicamento (https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-
information/comirnaty-epar-product-information_en.pdf ;
https://www.ema.europa.eu/en/documents/covid-19-vaccine-safety-update/covid-19-vaccine-safety-
update-covid-19-vaccine-moderna-29-march-2021_en.pdf ;
https://www.ema.europa.eu/en/news/covid-19-vaccine-janssen-ema-finds-possible-link-very-rare-
cases-unusual-blood-clots-low-blood ; https://www.ema.europa.eu/en/news/astrazenecas-covid-19-
vaccine-benefits-risks-
context#:~:text=The%20most%20common%20side%20effects,assistance%20if%20they%20have%20s
ymptoms.).

Refere-se também a possibilidade de superveniência de coágulos sanguíneos, com risco de


trombose associado.
Refere-se ainda não terem sido a eficácia, segurança e imunogenicidade da vacina avaliadas
em indivíduos imunocomprometidos.
Pode, aliás, consultar-se os dados oficiais da Agência Europeia do Medicamento em
https://www.adrreports.eu/pt/search_subst.html# [COVID-19 MRNA VACCINE MODERNA (CX-
024414); COVID-19 MRNA VACCINE PFIZER-BIONTECH (TOZINAMERAN); COVID-19 VACCINE
ASTRAZENECA (CHADOX1 NCOV-19); COVID-19 VACCINE JANSSEN (AD26.COV2.S).
Nunca poderia ter sido omitido ao Queixoso o risco de sofrer reacções adversas à substância
ministrada, risco esse que os enfermeiros que ministraram as duas doses, assim como os
médicos responsáveis pelo Centro de Vacinação em causa, conheciam ou tinham a obrigação
de conhecer.
O dever de informação, com vista ao consentimento informado do paciente recai
efectivamente sobre os médicos e enfermeiros que presidem e executam a intervenção ou
tratamento, não podendo os mesmos presumir que aquele se encontra na posse da mesma.
Ao omitirem tais informações, e quaisquer outras relevantes relativamente à substância
ministrada ao Queixoso, as pessoas acima aludidas sabiam não ter do mesmo obtido um
consentimento livre e esclarecido, incorrendo, dessa forma, na prática, em coautoria (artigo
26.º do Código Penal), de um crime de intervenções e tratamentos médico-cirúrgicos
arbitrários, previsto e punido pelo artigo 156.º, n.º 1, do Código Penal, por referência aos
artigos 150.º e 157.º, ambos do mesmo diploma legal.
Cabe aludir à punibilidade também a título de negligência, nos termos do disposto no artigo
156.º, n.º 3, do Código Penal).
Natureza semipública do crime e titularidade do direito de queixa
O ilícito típico em causa possui natureza semipública (artigo 156.º, n.º 4, do Código Penal),
sendo o Queixoso o titular do direito de queixa (artigo 113.º, n.º 1, do Código Penal), devendo
a presente queixa dar lugar à abertura de inquérito (artigos 49.º, n.º 1, 241.º, 246.º, n.º 1, e
262.º, n.º 2, todos do Código de Processo Penal).
Propósito de deduzir pedido de indemnização civil
Nos termos e para os efeitos do disposto no artigo 77.º, n.º 2, do Código de Processo Penal, o
Queixoso desde já declara o propósito de deduzir pedido de indemnização civil.
Termos em que se requer a V. Exa. digne determinar a abertura de procedimento criminal.
O Queixoso,
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Testemunhas:
- Nome: ______________________________, profissão: ____________, morada:
______________________________;
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