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Resumo
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Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física – Universidade Federal do Amapá – UNIFAP. E-
mail: f.annelorena@gmail.com
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Especialista em Educação Especial e em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela UNINTER. Professora de
Educação Especial da Rede Estadual de Ensino do Estado do Amapá. Professora e Pesquisadora Institucional da
Faculdade Estácio de Macapá. E-mail: ayllamonise@hotmail.com.
ISSN 2176-1396
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Introdução
obtidos nos testes, para assim, contribuir para um melhor desenvolvimento motor e possível
melhora nas dificuldades de aprendizagem escolar.
Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o perfil motor de uma criança de 8 anos de
idade com dificuldade de aprendizagem escolar na Escola Estadual Professor Roberto José
Morais de Castro, no município de Macapá - AP.
Materiais E Métodos
A escolar não teve riscos ao participar dessa pesquisa, já que a investigação não
utilizou-se de técnicas invasivas. Os benefícios para a mesma, se deram pelo conhecimento e
avaliação do seu perfil motor.
Os dados coletados foram tabulados, categorizados e analisados descritivamente de
acordo com a EDM, o qual permitiu uma comparação simples e rápida de diversos aspectos
do desenvolvimento motor, evidenciando os pontos fortes e fracos da escolar.
Para tanto, é necessário esclarecer-se os termos utilizados na pesquisa para melhor
compreensão da mesma (ROSA NETO, 2002):
• Idade Motora (IM) – é um procedimento aritmético para pontuar e avaliar os resultados dos
testes. A pontuação assim obtida e expressa em meses é a idade motora.
• Idade cronológica (IC) – Se obtém através da data de nascimento da criança, geralmente
dada em anos, meses e dias. Logo, transforma-se essa idade em meses. Ex.: seis anos, dois
meses e 15 dias, significa o mesmo que seis anos e três meses ou 75 meses. Quinze dias ou
mais equivalem a um mês.
• Idade motora geral (IMG) – Se obtém através da soma dos resultados positivos obtidos nas
provas motoras expresso em meses e dividido por seis. Os resultados positivos obtidos nos
testes são representados pelo símbolo (1); os valores negativos (0); os valores parcialmente
positivos são representados pelo símbolo (1/2).
IMG = IM1 + IM2 + IM3 + IM4 + IM5 + IM6
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• Idade negativa ou positiva (IN/IP) - É a diferença entre a idade motora geral e a idade
cronológica. Os valores serão positivos quando a idade motora geral apresentar valores
numéricos superiores a idade cronológica, geralmente expressa em meses.
• Idade motora 1 (IM1) – É obtida através da soma dos valores positivos alcançados nos testes
de motricidade fina – expressa em meses.
• Idade motora 2 (IM2) – É obtida através da soma dos valores positivos alcançados nos testes
de motricidade global – expressa em meses.
• Idade motora 3 (IM3) – É obtida através da soma dos valores positivos alcançados nos testes
de equilíbrio – expressa em meses.
• Idade motora 4 (IM4) – É obtida através da soma dos valores positivos alcançados nos testes
de esquema corporal (controle do próprio corpo e rapidez) – expressa em meses.
• Idade motora 5 (IM5) – É obtida através da soma dos valores positivos alcançados nos testes
de organização espacial – expressa em meses.
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• Idade motora 6 (IM6) – É obtida através da soma dos valores positivos alcançados nos testes
de organização temporal (linguagem e estruturação espaço temporal) – expressa em meses.
• Quociente motor geral (QMG) – É obtido através da divisão entre a idade motora geral e
idade cronológica multiplicado por 100.
QMG = IMG ∙ 100
IC
• Quociente motor 1 (QM1) – É obtido através da divisão entre a idade motora 1 e idade
cronológica. O resultado é multiplicado por 100.
• Quociente motor 2 (QM2) – É obtido através da divisão entre a idade motora 2 e idade
cronológica. O resultado é multiplicado por 100.
• Quociente motor 3 (QM3) – É obtido através da divisão entre a idade motora 3 e idade
cronológica. O resultado é multiplicado por 100.
• Quociente motor 4 (QM4) – É obtido através da divisão entre a idade motora 4 e idade
cronológica. O resultado é multiplicado por 100.
• Quociente motor 5 (QM5) – É obtido através da divisão entre a idade motora 5 e idade
cronológica. O resultado é multiplicado por 100.
• Quociente motor 6 (QM6) – É obtido através da divisão entre a idade motora 6 e idade
cronológica. O resultado é multiplicado por 100.
O estudo em questão foi realizado com uma escolar de 8 anos de idade, da Escola
Estadual Professor Roberto José Morais de Castro, com dificuldades de aprendizagem
relatadas pela professora de sala e diagnosticadas a partir do nível de desenvolvimento da
leitura, escrita e avaliação do seu desempenho escolar por meio da análise de produções
escolares, conforme relatado em itens anteriores.
Os testes foram realizados na sala de recursos multifuncionais do Atendimento
Educacional Especializado (AEE) com a presença apenas da pesquisadora, onde a escolar
permaneceu com seu uniforme e tirou apenas os calçados para evitar deslizar e permitir
correta observação nas provas de coordenação e equilíbrio.
Durante a avaliação a escolar demonstrou-se, em grande parte do tempo, atenta às
instruções, porém, em alguns momentos perdia a concentração com facilidade, e em todos os
testes precisou que os comandos fossem explicados mais de uma vez.
A tabela abaixo mostra os resultados obtidos através da EDM.
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Tabela 1. Resultados
TESTES/ANOS 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
1. Motricidade fina 1/2 1 0 0
2. Motricidade global 1 1 1 0
3. Equilíbrio 1 0 0 0
4. Esquema corporal/Rapidez 1 1 0 0
5. Organização espacial 1 1 0 0
6. Linguagem/Organização temporal 1 1 1 0
Fonte: Dados da pesquisa de campo/ arquivo pessoal da pesquisadora.
Com relação a sua motricidade fina (IM1), apresentou IM com atraso de 14 meses
para à IC (Tabela 2), dados semelhantes a esses foram encontrados em estudo de Coppede,
Okuda e Capellini (2012) em que os autores analisaram 96 escolares com dificuldades
deaprendizagem da 1ª à 3ª série e obtiveram desempenho inferior em provas de função motora
fina quando comparados com escolares sem dificuldades de aprendizagem na mesma série
escolar.
Para Rosa Neto (2002), Capellini e Souza (2008) e Trevisan, Copped e Capellini
(2008), a motricidade fina é necessária para a realização de atividades que exijam destreza,
como: pegar um objeto e lançá-lo, escrever, desenhar, pintar, recortar etc., e os escolares com
déficits motores geralmente têm dificuldade de adquirir habilidades motoras condizentes com
a idade e acabam apresentando dificuldades nas tarefas funcionais diárias e nas tarefas
escolares.
Nos testes de motricidade global (IM2) a escolar apresentou dois meses de atraso
motor em relação a sua IC (Tabela 2), resultado semelhante ao encontrado por Moreira,
Fonseca e Diniz (2000), onde compararam a proficiência motora de 30 crianças, e o grupo
com dificuldades de aprendizagem obteve resultados inferiores ao grupo de crianças ditas
“normais”, sugerindo um perfil motor bem mais vulnerável, o que pode trazer alguma
compreensão sobre os problemas de maturação motora no potencial de aprendizagem das
crianças com dificuldades.
O resultado dos testes de equilíbrio (IM3) foi o mais baixo de todos, com 26 meses de
atraso na IM (Tabela 2), diferente do resultado encontrado por Medina-Papst e Marques
(2010) onde avaliaram trinta crianças, 21 meninos e 9 meninas, de 8 a 10 anos de idade, com
dificuldades de aprendizagem escolar, e as mesmas apresentaram IM3 correspondente à sua
IC. Porém, assemelha-se ao estudo de Mello (1997) feito em um grupo de crianças com
mesma faixa etária, em que os resultados dos testes de equilíbrio também foram inferiores a
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todas as outras idades motoras. Mesmo que as crianças desse estudo praticassem uma
modalidade esportiva, percebeu-se que o desenvolvimento não ocorre igualmente para todos
os componentes motores.
O esquema corporal (IM4) da escolar também ficou abaixo de sua IC, 14 meses de
atraso (Tabela 2), semelhantes aos estudos de Costa (2001) que avaliou 105 crianças na faixa
etária entre cinco e 14 anos, encaminhadas ao Núcleo Desenvolver do Hospital Universitário
por queixa de dificuldade de aprendizagem, e de Rosa Neto, Poeta, Coquerel e Silva (2004)
que avaliaram 51 crianças entre quatro e 12 anos com dificuldade de aprendizagem
encaminhadas ao programa de psicomotricidade da UDESC, onde ambos obtiveram
resultados classificados como inferiores em relação a IM4 dos participantes.
Na organização espacial (IM5), a escolar também apresentou atraso de 14 meses
(Tabela 2), semelhante ao estudo de Amaro et al (2008) em que avaliou crianças com
dificuldade de aprendizagem e encontrou classificação muito inferior nas áreas da
organização espacial. De acordo com Rosa Neto (2002), com a evolução mental da criança, se
estabelece progressivamente a aquisição e a conservação das noções de distância, superfície,
volume, perspectivas e coordenadas que determinam suas possibilidades de orientação e de
estruturação do espaço em que vive, o que acaba não acontecendo de maneira progressiva em
crianças com dificuldades de aprendizagem.
Quanto a organização temporal (IM6), apresentou-se dois meses de atraso entre IC e
IM6 (Tabela 2), o que justifica-se pelo fato de crianças com transtornos de aprendizagem
apresentarem dificuldades de concentração e desatenção a estímulos perceptivos.
Beresford, Queiroz e Nogueira (2002) afirmam que os componentes da aprendizagem
motora exercem influência significativa na aquisição das habilidades de aprendizagem
cognitiva, particularmente da noção de corpo, de tempo e espaço, principalmente nos anos
que antecedem a idade escolar. Tal resultado assemelha-se ao estudo de Amaro et al (2008),
em que a EDM foi aplicada em 42 crianças com dificuldades de aprendizagem, com o
objetivo de avaliar a organização temporal das mesmas, e a IM6 classificou-se como Muito
Inferior.
A tabela abaixo mostra o resumo de pontos dos testes realizados com a escolar.
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Analisando cada resultado das IM’s separadamente, pode-se verificar que em todos a
escolar apresentou idade motora abaixo de sua idade cronológica, concordando com diversos
estudos que evidenciam a relação direta entre o que uma criança é capaz de aprender
(cognitivo) e o que ela é capaz de realizar (motor) (FERREIRA et al., 2006; SILVA et al.,
2006; POETA; ROSA NETO, 2007).
O estudo revelou resultados baixos na maioria das áreas avaliadas, motricidade fina
(QM1 normal baixo), equilíbrio (QM2 inferior), esquema corporal/rapidez (QM4 normal
baixo) e organização espacial (QM5 normal baixo). Porém, o equilíbrio obteve a classificação
mais baixa, com QM2 inferior, diferentemente dos estudos de Amaro et al (2008) que
encontrou classificação muito inferior nas áreas da organização espacial e temporal em
crianças com dificuldades na aprendizagem; e de Batistela (2001), em que a única área
classificada como inferior foi a de organização temporal.
Quanto a lateralidade, a escolar apresentou resultado cruzado, isto ocorre quando
existe uma lateralidade distinta da manual para os pés, olhos ou ouvidos; como: escrever com
a mão direita e chutar com o pé esquerdo, que é o caso da escolar.
Tal resultado corrobora com os encontrados por Rosa Neto et al (2013) que, ao
analisarem o desempenho da leitura e escrita em escolares com lateralidade cruzada,
verificaram que o grupo de escolares destros obteve resultados superiores no desempenho
destas tarefas. Conforme Fonseca (1995), a dominância lateral cruzada pode ser considerada
como causa de certos desequilíbrios e de perturbações; assim como dificuldades de
aprendizagem podem ser consequência de transtornos de lateralidade associados a distúrbios
na organização espacial (CORAZZA et al 2011).
Com base nos resultados obtidos, a IMG da escolar é de 86 meses, com QMG de 87,
sendo classificado como Normal baixo na EDM, apresentando IN de 12 meses, semelhante ao
estudo de Fin e Barreto (2010) no qual os resultados demonstraram que 36,7% dos 60
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escolares avaliados tiveram QMG classificado como Normal baixo. Posto isto, foi possível
traçar o perfil motor da escolar (Gráfico 1), identificando a influência de seu atraso entre a IC
e IM nas dificuldades de aprendizagem.
O gráfico abaixo apresenta o perfil da escolar de modo geral nos itens avaliados neste
estudo.
Percebe-se que a escolar tem IM similar a IC apenas em duas áreas, revelando que
crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam atraso em seu desenvolvimento
motor, conforme aponta a literatura.
Conclusão
REFERÊNCIAS
POETA, L; ROSA NETO, F. Evaluación motora en escolares con indicadores del trastorno
por déficit de atención/hiperactividad. Revista de Neurología, v. 44, p. 1112-1115, 2007.
ROSA NETO, F.; POETA, L. S.; COQUEREL, P. R. S.; SILVA, J. C. Avaliação motora em
escolares com problemas na aprendizagem escolar - programa de Psicomotricidade.
Temas sobre Desenvolvimento, 13(74), 19-24, 2004.
SILVA C.A; ROSA NETO, F; ALMEIDA G.M.F; AMARO K.N; BASTOS M.B. A
importância da avaliação motora em escolares. Revista Íbero Americana de Psicomotridad
y Técnicas Corporales, v.6. p.137- 144, 2006.
TREVISAN JG, COPPED AC, CAPELLINI SA. Avaliação da função motora fina,
sensorial e perceptiva em escolares com dificuldades de aprendizagem. Temas Desenvol.
16 (94):183-7, 2008.