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Esboço pregação

Dinheiro & Ganância — Felipe Bartoszweski (A Fábrica de Ídolos)

Texto Base: Lucas 12:15-31


Não ser negligente com os textos bíblicos que já conhecemos como diz
Hebreus cap 2.
— Como um ídolo é formado?
Romanos Capítulo 1 diz que os atributos divinos de Deus são claramente
manifestos na criação. Então todo aspecto da criação possui atributos
divinos.
— Por que é mais fácil adorar a criatura?
Porque em certo sentido, ela possui aspectos de divindade, possuem
atributos de Deus, só que, o ponto é que elas não possuem a totalidade da
pessoa de Deus, a criação em si não é divina, mas a criação representa,
manifesta aspectos do caráter da natureza da vontade de Deus. E, por
outro lado, a Bíblia diz em Eclesiastes Capítulo 3 que Deus colocou a
eternidade no coração do homem, ou seja, existe em nós uma
necessidade de se relacionar com algo que não foi criado. No homem
caído isso representa um vazio sem tamanho.
— Vazio eterno do homem caído.
De um lado temos os atributos de Deus nas coisas criadas, e de outro lado
temos um homem, que está desesperado para adorar algo, porque ele foi
criado para adorar. Porque nossa percepção está desorientada, nós
pegamos aspectos da criação e resumimos esses aspectos isolados,
resumimos esses atributos que podem ser divinos e tratamos esses
atributos como um Deus. Os atributos de Deus revelado na criação, mais
um vazio eterno de um homem, que está desorientado, resultará em um
ídolo.

Atributos divinos na criação + vazio eterno do homem caído + atributos


isolados tidos como um todo + vazio manifesto em necessidades e
anseios específicos = Ídolo.
Ganância
Quando olhamos para os recursos, quando olhamos para o pão, quando
olhamos para aquilo que pode satisfazer as nossas necessidades, quais
atributos de Deus podemos enxergar?
Olhamos para o pão, o pão que nos alimenta, revela o nosso Deus que é
provedor, porque a gente chama o pão de provisão, e a provisão vem do
provedor. Então o que é a ganância?
É o culto à provisão e não ao provedor. Em aspectos mais explícitos da
ganância, ela transformará vaidade em necessidade.
É necessário entender que todo ídolo oferece alguma coisa, a gente só
adora um ídolo, porque no final das contas temos intenções, queremos
receber algo, a gente às vezes faz isso até com Deus, a gente idolatra
Deus, a gente não adora o ídolo pelo que ele é, a gente adora um ídolo
pela aquilo que ele diz oferecer, porque todo ídolo fundamenta a
adoração a ele, num ponto específico que é o medo.
Razão dos Ídolos
 Razão existencial: passamos a acreditar que o homem é definido
por aquilo que ele possui. (Lc 12:15)
 Salvação: passamos acreditar que é a provisão que nos salva. Por
que a gente fica perdido com a sugestão de que ela acabará?
 Esperança: passamos acreditar que seremos felizes quando
tivermos o que desejamos, quando nos sentirmos seguros
mediante ao que temos, quando as coisas estiverem sobre nosso
controle.
Nosso primeiro desejo foi ser Deus no Éden. Quando você comer você
será, e quando eu for Deus terei as coisas no meu controle.
Mas quando as coisas saíram do controle ficamos desesperados, por isso
que precisamos ter as coisas sobre nosso controle. Os Ídolos não saciam
porque Ídolos são limitados, não são autossuficientes, e, no entanto, eles
oferecem uma satisfação para um ser, com o vazio eterno (Pv 27:20).
Consequência da ganância
 Escravidão: Jesus disse que aquele que ama as riquezas é servo ou
escravo das riquezas (não necessariamente é a riqueza que tem,
mas a riqueza que almeja ter);
 Confusão dos afetos: amar as coisas e usar pessoas. As pessoas
passam a ter utilidade e as coisas passam a ter significado, de modo
que colocamos nossos afetos em coisas e usamos as pessoas para
conseguir o que queremos. (Joel 3:2,6);
 Opressão: se as riquezas são mais importantes que as pessoas, não
pouparemos forças para explorar as pessoas a fim de que elas nos
ajudem a ter o que queremos. Uma das maiores pautas da denúncia
profética do antigo Testamento era o fato do povo explorar o
próprio povo por conta da ganância.
 Desigualdade: o ganancioso não se importa com a condição
daqueles que estão ao seu redor, tudo para ele gira em torno de seu
próprio bem-estar nem que isso promova uma distribuição
incorreta de bens e recursos. Em sua carta, o apóstolo Tiago
denuncia o procedimento dos ricos que estava promovendo
desigualdade na comunidade.
 Loucura: o ganancioso é chamado de louco por Jesus na história do
homem que construiu obstinadamente celeiros maiores para
guardar o que possui, sem saber que naquele mesmo dia ele
poderia morrer. Loucura é uma confusão de nossos valores, é uma
lógica idólatra, Romanos 1 “dizendo-se sábios tornaram-se loucos
em seus raciocínios”.

A prosperidade o recurso nunca é para nós, o recurso é por meio de nós,


somos o recurso.
Qual o tamanho do impacto (estrago) da ganância:
 Impacto social: sociedade que gira em torno do dinheiro,
independente da filosofia social. Pessoas estão sendo escravizadas,
com controles de natalidade ao nível estatal estabelecido.
 Impacto cósmico: não respeitar a necessidade de descanso da
criação é prejuízo no mundo que gira em torno de dinheiro, tiramos
mais recursos da terra do que dá para tirar. Os ambientalistas e
ativistas que estão abraçando a causa ecológica, são os que mais
sabem sobre o impacto que a ganância causa no cosmos.
 Impacto na saúde: se a criação sofre quando seus limites não são
respeitados, o corpo humano também sofre.
 Impacto na visão sobre Deus: Deus é visto como um garçom para
nos servir, o evangelho passa a ser um caminho para riqueza, o
ministério se torna uma forma para ficar rico.
 Impacto nas relações: as relações se tornam comerciais, você não
olha a pessoa pelo que ela é, você olha para a pessoa pelo que ela
pode te oferecer. As nossas relações se tornam relações de
mercado, não há afeto, há interesse. Onde há interesse não há
afeto, e se não afeto há frieza e se há frieza você está disposto a
fazer qualquer coisa para conseguir o que quer.
 Impacto na mentalidade: tempo é dinheiro. A idolatria da ganância
é a que melhor oferece uma lógica, uma mentalidade razoável para
justificar nossa idolatria. Após a adoração a Deus no deserto, veio
depois a lei. No caso da idolatria, logo após vem uma mentalidade,
toda idolatria gera uma mentalidade, toda mentalidade legitima
um padrão comportamental reprovado (Rm 1:22-25).
 Impacto na vocação: as pessoas normalmente trabalham por pão e
não por vocação. Esse é o problema, as pessoas vão para ganhar o
pão de cada dia e então passa a enxergar a profissão,
aperfeiçoamento acadêmico profissional, estudo, diploma como
um meio para ganhar dinheiro, enquanto isso tem gente na
sociedade estudando para cumprir a vocação que eles têm, para
impor ideias anticristãs na sociedade, para impor ideias ateístas
contrárias aos valores de Deus, tem gente que encontra na música
um jeito (não de ganhar dinheiro), mas um jeito de doutrinar uma
geração, tem gente que encontra no mundo da mídia, no mundo
das artes, no mundo empresarial, um jeito de cumprir uma
vocação. E aí os cristãos vão lá para ganhar dinheiro? Trabalhar por
dinheiro corrompe a nossa vocação.
Como a gente se sente quando a conta está no negativo/positivo?
Tem gente que só é feliz nos primeiros 10 dias do mês, depois a pessoa
fica insuportável. Alegria é fruto do espírito ou fruto do estado da sua
conta bancária? A gente fica triste demais quando está quebrado e feliz
demais quando tá com qualquer dinheiro no bolso.
Conseguimos ter a sensação de tranquilidade quando estamos
descansando?
Tem gente que quando está descansando, está estudando como pode se
tornar um profissional melhor. Descanso tem a ver com desfrutar daquilo
que Deus deu. Uma das maiores razões pelo qual a gente não é grato pelo
aquilo que recebemos é que não paramos para desfrutar daquilo que
temos, a gente continua cobiçando aquilo que não temos, porque
achamos que quando tivermos aquilo que não temos a gente será feliz,
mas, na verdade, se pararmos para observar aquilo que Deus já nos deu,
seremos mais gratos, e a gratidão atrai a alegria, por isso que a gente
precisa descansar, para recuperar a lucidez. Descanso é contemplar a obra
de Deus. Deus descansou e olhou para a criação! (uau, muito bom).
Ele não descansou porque estava cansado, ele descansou para parar e ver,
ele descansou para desfrutar.
Como lidamos com a ideia de repartir o que temos com os outros?
Como lidamos com a ideia de que o que temos não nosso?
Às vezes as pessoas podem ser pobres e gananciosa, porque ela nunca
estará contente com a sua situação atual, ela acha que os que tem mais
que ela são mais felizes do que ela (também com o carro daquele e uma
casa daquela até eu).
Tem pessoas que podem ser bem organizadas financeiramente e podem
ser gananciosos, por achar que o controle da vida está na organização
financeira e não na soberania de Deus.
Tem pessoas honesta, trabalhadora e até dizimista que pode ser
gananciosa, porque ela expressa um profundo descontentamento até
com Deus ante o fato de pessoas desonestas, preguiçosas e que não
honram a Deus prosperam e ela não.
Princípios para confrontar a ganância em nossos corações
1. Entenda que o evangelho reordena tudo em nossa vida.
O evangelho não apenas salva o pecador, mas coloca todas as coisas em
ordem. Quando a gente é salvo nos é devolvido a capacidade de atribuir
(enxergar) a cada coisa o seu devido valor e a cada pessoa o seu devido o
significado. Não há inversão de valores quando a gente olha com a
perspectiva de que está salvo, porque nós não precisamos nos salvar, e
uma pessoa que não precisa se salvar ela enxergará a vida não como um
consumidor, ela enxergará a vida como doador de vida.

2. Busque crescer no pleno conhecimento de Deus.


Não tenha uma visão unilateral de Deus, porque olhar para Deus por um
lado só é uma receita boa para idolatria. Deus é só amor, é só ira, é só a
justiça, é só salvação… é aí então que nasce as heresias. Busque crescer o
conhecimento de quem Deus é, e você entenderá que ele é provedor,
busque olhar a providência divina, o qual é um atributo no todo o que
Deus é, e isso vai nos ajudar a não adorar a provisão, mas adorar ao
provedor.
3. Entenda a mordomia financeira.
Nós não temos nada e não levaremos nada, mas nesse tempo entre o
nascimento até a morte tudo o que temos é para administrar. O povo de
Israel não tinha nem a terra, Israel morava de aluguel. Nem à terra é
nossa, o dinheiro não é nosso, nada é nosso, mas tudo está sobre nossa
administração.
4. Seja generoso e pratique uma vida ofertante.
Não trabalhe para ter o suficiente para você, reparta o que você tem,
porque o que nos sacia não é comer, o que nos sacia é repartir o pão. O
pão serve para ser repartido e a gente só fica saciado quando reparte, não
quando come. Quando eu como ainda fico insaciável, quando reparto,
todo mundo come.
5. Guarde o princípio do descanso.
Para ter uma oportunidade de organizar nossas emoções, organizar o
significado de cada coisa da nossa vida. Poder acordar e ser grato pelo
aquilo que Deus nos deu, às vezes a gente acha que para colocar as coisas
em ordem em nossa vida a gente precisa se esforçar mais, mas às vezes a
gente poderia simplesmente descansar, contemplar cada coisa com seu
devido valor e a gente automaticamente iria conseguir ordenar as coisas.
Então às vezes o que está faltando não é mais empenho e sim mais
descanso.

6. Se empenhe pela redenção das suas cobiças.


A cobiça não é para ser reprimida, é para ser redimida. “Não busque
tesouro na terra, mas busque tesouro nos céus”, então a questão não é
ser uma pessoa ambiciosa, a questão é saber ser uma pessoa ambiciosa,
ter ambições redimidas e não ambições reprimidas. Porque não dá para
transicionar de uma mentalidade gananciosa para uma mentalidade de
miséria. Seu salário tem que ser bom e dá o suficiente não só para sua
casa e sim para repartir, para abençoar alguém. Isso não é ser simples, é
ser mediano, é redimir a cobiças, tem a ver com não buscar entender
como prosperar, antes de entender porque prosperar. Isso é o mais
importante, o propósito da prosperidade é muito mais importante do que
os meios para ela.
7. Ressignifique o conceito de trabalho
O homem caído ele trabalha por provisão, “do suor do seu trabalho
comerás o fruto da terra”, mas o homem original era provido para
trabalhar. Então Deus primeiro encheu o jardim de provisão e depois deu
alguma coisa para Adão fazer. Durante a peregrinação no deserto (que
eram tempo de transição de mentalidade) em contraste com a vida deles
no Egito, durante a tarde eles podiam colher a palha para se alimentar,
então no Egito eles trabalhavam por provisão, no deserto eles eram
providos para trabalhar. Então a primeira coisa que o hebreu no deserto
entendia quando acordava era que o dia estava ganho, pois tinha o maná.
Afinal, Jesus disse para orar por pão, e não para trabalhar por pão. Então a
gente ora por pão e é provido para trabalhar e trabalha por vocação. O
que nos move a acordar de manhã cedo não é o salário, é a vocação que
pode ser desempenhada através da profissão. Então devemos procurar
um emprego que é mais fiel a nossa vocação, nem que eu tenha que ficar
longe de casa, nem que eu tenha que ganhar menos. O que condiz com
aquilo que Deus me deu para fazer para glorificar o nome dele na terra?
8. Ame a simplicidade.
Simplicidade é a arte de atribuir o valor correto para cada coisa, é
entender que o significado é mais importante que a utilidade. Simples não
é aquele que tem pouco, simples é aquele que desfruta muito do que tem,
pessoa simple é aquela que consegue desfrutar de tudo que ela tem, ser
simples não tem a ver com se desvencilhar de coisas, tem a ver com
desfrutar de coisas.

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