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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS


CAMPUS GOIÂNIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Gabriela Teodoro Tragueta Venâncio Peixoto

GESTÃO DE PROJETOS: AS ADVERSIDADES NO PROCESSO DE


PERSONALIZAÇÃO DE UNIDADES HABITACIONAIS MULTIFAMILIARES

Goiânia, GO
2019
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
SISTEMA INTEGRADO DE BIBLIOTECAS

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[ ] Dissertação [ ] Capítulo de Livro
[ ] Monografia – Especialização [ ] Livro
[x] TCC - Graduação [ ] Trabalho Apresentado em Evento
[ ] Produto Técnico e Educacional - Tipo: ___________________________________

Nome Completo do Autor: Gabriela Teodoro Tragueta Venâncio Peixoto


Matrícula: 20162011050018
Título do Trabalho: GESTÃO DE PROJETOS: AS ADVERSIDADES NO PROCESSO DE
PERSONALIZAÇÃO DE UNIDADES HABITACIONAIS MULTIFAMILIARES

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não o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.

Goiânia, 03/07/2019.

___________________________________________________________
Assinatura do Autor e/ou Detentor dos Direitos Autorais
1

Gabriela Teodoro Tragueta Venâncio Peixoto

GESTÃO DE PROJETOS: AS ADVERSIDADES NO PROCESSO DE


PERSONALIZAÇÃO DE UNIDADES HABITACIONAIS MULTIFAMILIARES

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Coordenação de
Engenharia Civil, do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás,
Campus Goiânia, como parte dos
requisitos necessários para obtenção de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Fábio de Souza

Goiânia, GO
2019
P359g Peixoto, Gabriela Teodoro Tragueta Venâncio.
Gestão de projetos as adversidades no processo de personalização de unidades habitacionais
multifamiliares / Gabriela Teodoro Tragueta Venâncio Peixoto. – Goiânia: Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Goiânia, 2019.
78 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Fábio de Souza.

TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) – Curso de Bacharelado em Engenharia Civil,


Coordenação de Engenharia Civil, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás,
Câmpus Goiânia.
Inclui apêndice e anexos.

1. Gestão do projeto. 2. Unidades habitacionais. 3. Flexibilidade de plantas. I. Souza, Fábio de


(orientador). II. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Goiânia.
III. Título.
CDD 692.1

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Karol Almeida da Silva Abreu CRB1/ 2.740
Biblioteca Professor Jorge Félix de Souza,
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Goiânia.
3

GABRIELA TEODORO TRAGUETA VENÂNCIO PEIXOTO

GESTÃO DE PROJETOS: AS ADVERSIDADES NO PROCESSO DE


PERSONALIZAÇÃO DE UNIDADES HABITACIONAIS MULTIFAMILIARES

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Civil,
do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de Goiás, Campus Goiânia,
como parte dos requisitos necessários
para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Aprovado em 19/06/2019

Fábio de Souza, Dr. (IFG)


(Orientador)

Murilo Paranhos, Msc. (IFG)


(Avaliador)

Vinícius Carrião, Msc. (IFG)


(Avaliador)

Goiânia, GO
2019
4

RESUMO

GESTÃO DE PROJETOS: AS ADVERSIDADES NO PROCESSO DE


PERSONALIZAÇÃO DE UNIDADES HABITACIONAIS MULTIFAMILIARES

AUTOR: Gabriela Teodoro Tragueta Venâncio Peixoto


ORIENTADOR: Prof. Dr. Fábio de Souza

A personalização de unidades habitacionais multifamiliares surge como uma


imposição do mercado, porém, cabe à empresa adotar uma postura reativa ou
proativa. Por se tratar de um processo que envolve diversos agentes, ele possui
muitas fragilidades quando comparado ao processo convencional de construção.
Dessa forma, o objetivo do trabalho é estudar como as empresas do mercado
goianiense têm gerido o processo de personalização e analisar as principais
adversidades que a obra encontra em seu planejamento e execução. Para isso foi
feito o estudo de caso em três obras, de duas construtoras distintas, que oferecem a
personalização aos clientes e, com base no questionário aplicado aos agentes
envolvidos, foram elencadas as principais adversidades enfrentadas.

Palavras-chave: Personalização de Unidades. Unidade Habitacional Multifamiliar.


Processo construtivo.
5

ABSTRACT

PROJECT MANAGEMENT: THE ADVERSITY IN THE CUSTOMIZATION


PROCESS OF MULTI-FAMILY HOUSING UNITS

AUTHOR: Gabriela Teodoro Tragueta Venâncio Peixoto


ADVISOR: Prof. Dr. Fábio de Souza

The customization of multifamily housing units appears as a market imposition,


however, it is up to the company to adopt a reactive or proactive stance. Because it is
a multi-agent process, it has many weaknesses when compared to the conventional
building process. Thus, the objective of this work is to study how the companies of the
Goianiense market have managed the process and to analyze the main adversities
that the work finds in its planning and execution. For that, a case study was carried out
in three works, from two different constructors, who offer customization to the clients
and, based on the questionnaire applied to the agents involved, the main adversities
were listed.

Keyword: Customization of Units. Multifamily Housing Unit. Constructive process.


6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Alguns condomínios pioneiros em personalização de unidades ............... 19


Figura 2 – Cond. Edifício Schonbrunn ....................................................................... 19
Figura 3 – Cond. Parque Imperial ............................................................................. 20
Figura 4 - Condomínio Edifício Alhambra .................................................................. 20
Figura 5 - Relacionamento entre os agentes intervenientes no processo de
personalização de unidades habitacionais ................................................................ 30
Figura 6 - Interação entre os agentes intervenientes ................................................ 33
Figura 7 – Empresa A: Obra 1................................................................................... 41
Figura 8 - Obra A: Planta Baixa................................................................................. 42
Figura 9 – Almoxarifado Exclusivo para Materiais de Clientes .................................. 44
Figura 10 - Exemplo de Retrabalhos em Unidades com Exceção de Personalização
.................................................................................................................................. 46
Figura 11 – Recebimento pela obra de materiais que serão instalados pelo cliente
após a entrega da unidade ........................................................................................ 47
Figura 12 – Empresa contratada pelo cliente executando serviço durante o período de
obra ........................................................................................................................... 47
Figura 13 – Demolição do Contrapiso ....................................................................... 48
Figura 14 - Empresa A: Obra 2 ................................................................................. 49
Figura 15 - Obra 2: Planta Baixa 72m² com Varanda................................................ 50
Figura 16 - Obra 2: Planta Baixa 116m² com Varanda.............................................. 50
Figura 17 - Empresa B: Obra 3 ................................................................................. 53
Figura 18 - Obra 3: Planta Baixa ............................................................................... 54
Figura 19 – Cavalete para armazenamento dos projetos de personalização ............ 57
Figura 20 – Exemplo de revestimento oferecido pelos kits da construtora ............... 57
Figura 21 – Execução do reboco da cobertura.......................................................... 58
Figura 22 – Concretagem da piscina da cobertura.................................................... 59
Figura 23 – Unidade com retrabalho de reboco ........................................................ 60
Figura 24 – Unidade com retrabalho de piso cerâmico ............................................. 61
Figura 25 – Unidade com retrabalho de assentamento de contramarco ................... 61
Figura 26 – Varanda ampliada conforme solicitação do cliente ................................ 62
Figura 27 – Planta de forma com a solicitação da ampliação da varanda externa.... 63
7

Figura 28 – Fluxo Personalização Obra 1 e Obra 3 .................................................. 64


Figura 29 – Fluxo Personalização Obra 2 ................................................................. 64
8

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Porcentagem de Unidades Personalizadas Obra 1 ................................ 45


Gráfico 2 - Porcentagem de Unidades Personalizadas Obra 2 ................................. 51
Gráfico 3 - Porcentagem de Unidades Personalizadas Obra 3 ................................. 56
Gráfico 4 – Taxa de Personalização Obra 1 x Obra 2 ............................................... 66
9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação da Flexibilidade ................................................................. 21


Quadro 2 - Equivalência de conceitos sobre a forma de atuação das empresas do
setor visando à oferta de imóveis personalizados ..................................................... 22
Quadro 3 – Papel dos Agentes Intervenientes (Convencional x Personalização) ..... 33
Quadro 4 – Questionário Respondido pelas Três Obras........................................... 65
Quadro 5 – Adversidades no Processo de Personalização ...................................... 68
Quadro 6 - Caracterização das Obras....................................................................... 69
10

LISTA DE FLUXOGRAMA

Fluxograma 1 - Processo Construtivo do Trabalho ................................................... 14


Fluxograma 2 - Produção Convencional de Habitação ............................................. 25
Fluxograma 3 - Produção Personalizada .................................................................. 26
11

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12
1.1. Problema ...................................................................................................... 14
1.2. Objetivos....................................................................................................... 16
1.2.1. Objetivo geral ........................................................................................... 16
1.2.2. Objetivos específicos................................................................................ 16
1.3. Justificativa ................................................................................................... 16
2. REVISANDO CONHECIMENTOS ...................................................................... 18
2.1. Flexibilidade de Plantas ................................................................................ 18
2.2. Personalização ............................................................................................. 24
2.3. Gestão do Projeto ......................................................................................... 27
3. PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS ...................................................................... 35
3.1. Estratégia de Pesquisa ................................................................................. 35
3.2. Adaptação do Questionário .......................................................................... 36
3.3. Delimitações ................................................................................................. 37
3.4. Delineamento da Pesquisa ........................................................................... 38
4. ESTUDO DE CASO ............................................................................................ 40
4.1. Empresa A – Obra 1 ..................................................................................... 40
4.2. Empresa A – Obra 2 ..................................................................................... 48
4.3. Empresa B – Obra 3 ..................................................................................... 52
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 64
5.1. Análise dos Resultados ................................................................................ 64
5.1.1. Obra 1 x Obra 2 ............................................................................................ 66
5.1.2. Obra 1 x Obra 3 ............................................................................................ 67
5.2. Principais Adversidades ............................................................................... 68
6. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 71
APÊNDICE A – Questionário .................................................................................... 73
ANEXO A – Cronograma de Personalização - Obra 1 .............................................. 74
ANEXO B – Orçamento de Personalização – Obra 1 ............................................... 75
ANEXO C – Cronograma de Entrega de Materiais de Cliente – Obra 1 ................... 76
ANEXO D – Quadro de Personalização – Obra 2 ..................................................... 77
ANEXO E – Orçamento de Personalização - Obra 3 ................................................ 78
12

1. INTRODUÇÃO

Uma característica dos modernos processos produtivos é a linha de produção,


que trata da gestão racionalizada da produção capitalista fundamentada em
atualizações técnicas e organizacionais, articuladas entre si objetivando, de um lado,
a produção em massa e, do outro, a aquisição em massa. Essa propriedade é um
resultado evolutivo da Revolução Industrial iniciada a partir do fim do século XVIII,
quando da substituição das técnicas de produção manuais para as mecanizadas, e
que culmina nesse processo produtivo voltado basicamente para a padronização, a
partir de 19141. Esse sistema de produção em massa, principiado nas linhas de
montagem da indústria automobilística, findou por ramificar-se em toda a indústria,
incluindo a da construção civil que, a partir de então, caminhou na direção dessa
padronização, como forma hábil de desempenho, agilidade e economia. Porém, a
partir do final do século XX, com a mudança do mercado, cada vez mais ávido em
atender aos anseios individuais, surgiram novos impasses e desafios para a
construção civil. Nesse contexto, as incorporadoras e construtoras tendem a adotar
uma gestão eficiente que atenda aos anseios do cliente e, ao mesmo tempo, foque
nos interesses da empresa.

De acordo com Campanholo (1999), a personalização dos produtos está entre


as atividades contemporâneas que se descortinam dentro da cadeia produtiva da
construção civil sendo, por vezes, considerada a característica mais contemporânea
dessa cadeia. Enquanto na era industrial a tendência estava na produção de milhares
de produtos idênticos, ressaltando-se o conceito de padronização, atualmente a
tendência de mercado é o contrário, volvendo-se a uma produção flexível e
personalizada. Moschen (2003), por sua vez, aponta diversas questões determinantes
para o aumento da tendência de personalização de unidades, sendo elas, entre
outras: mudanças do perfil demográfico, ou seja, o envelhecimento da população, a
alteração dos arranjos familiares, o aumento do número divórcios; o modo de vida da

1 Os sistemas de produção em massa ou linha de produção e gestão, implantados em 1913


pelo fundador da Ford Motor Company, o estadunidense Henry Ford (1863-1947), em Detroit, nos
Estados Unidos da América, trata-se de um conjunto de mudanças nos processos de trabalho (linhas
de montagem), intimamente vinculado aos novos moldes de consumo social (BRAGA, 2003).
13

população, caracterizada, nos dias atuais, por uma maior participação da mulher na
sociedade e; o aumento do nível educacional e do poder aquisitivo.

A personalização é uma estratégia dinâmica relacionada em transformar os


produtos ofertados às necessidades dos clientes. Porém, para que a personalização
seja adotada, é necessário considerar os processos e os aspectos organizacionais e
culturais na sua implementação (SILVEIRA et al., 2001). No entanto, é uma estratégia
que traz dificuldades para o sistema de produção, na medida em que a unidade
habitacional deixa de ser padronizada (FALCONI e BRANDÃO, 2014). De acordo com
Moreira (2008), a oferta da personalização começou como um diferencial oferecido
pelas incorporadoras, mas que atualmente passou a ser uma exigência competitiva.
Trata-se de uma atividade relativamente nova dentro do processo produtivo e,
portanto, muitas dificuldades ainda têm sido encontradas. Pagliaroni e Serra (2012)
verificaram a necessidade de um planejamento eficaz que englobe todos os processos
de personalização, desde a venda até a entrega do imóvel, para que não comprometa
o cronograma e cause insatisfação aos clientes. Já Falconi e Brandão (2014)
verificaram que a troca de informações entre o cliente e a construtora é o fator mais
importante para a garantia do atendimento de suas necessidades e expectativas.

Dentre as diversas classificações apresentadas posteriormente, ao decorrer do


item 2.2, o presente trabalho abordará flexibilidade contínua2, flexibilidade planejada3
e flexibilidade permitida4. O estudo de caso, desenvolvido ao longo deste trabalho, se
baseia nas informações de duas construtoras e incorporadoras em empreendimentos
de alto e médio padrão, na cidade de Goiânia, abordando técnicas distintas de gestão
do processo de personalização de obras, com a finalidade de se realizar uma análise
crítica das dificuldades e dos principais impactos na etapa de construção.

2 Flexibilidade contínua corresponde às qualidades do sistema estrutural que permitem ao


usuário do edifício adaptar os espaços da unidade habitacional, assim como, alterar as unidades dos
equipamentos e móveis, sem alterar ou deslocar a estrutura portante (Brandão, 2002).
3 Flexibilidade planejada se entende tudo que a empresa ou o projetista prevê em termos de

mais de uma opção ao cliente, seja de layouts ou de acabamentos, constituindo-se em uma atividade
pró-ativa da empresa (Brandão, 2002).
4 Flexibilidade permitida é quando apenas uma opção é oferecida ao cliente ou, ainda, quando

o cliente define um arranjo físico, acabamento ou instalação fora das opções oferecidas. A flexibilidade
permitida também pode ser entendida como sendo a possibilidade de personalização da unidade
residencial sem muitas restrições.
14

O Fluxograma 1 indica a proposta de construção do trabalho:

Fluxograma 1 - Processo Construtivo do Trabalho

Fonte: Elaborado pela Autora

1.1. Problema

A problemática advém da dificuldade das empresas em determinar quando e


como será oferecida a personalização e qual o processo mais adequado à
incorporadora, visando minimizar os impactos e mitigar as dificuldades quanto à
gestão.
15

De acordo com Brandão (2002), a postura da empresa em relação aos agentes


intervenientes do processo de personalização pode ser classificada como reativa5 ou
proativa6. Além da empresa se preocupar em satisfazer as necessidades dos clientes
com qualidade, ela deve levar em consideração seus próprios interesses e
características, desenvolvendo o processo com uma gestão eficiente.

Segundo Andery (2000), para o êxito desse processo são necessárias uma
clara comunicação e a troca de informações entre os agentes envolvidos, o que ainda
é uma falha muito comum na realidade das construtoras e incorporadoras. Além disso,
para a gestão eficiente devem-se levar em consideração os prazos, custos e
planejamento da obra.

Falconi (2013) esclarece que os maiores problemas gerados na implantação


do processo de personalização de projetos e obras são a elaboração de
procedimentos que orientem o planejamento, a execução e a fiscalização dos
serviços. Nesse contexto, para que a empresa amplie seu domínio no processo de
personalização se torna necessária a solução de dificuldades surgidas do atual ensejo
de tipificação, seja a formalização e padronização dos procedimentos de execução,
seja o monitoramento e a avaliação destes procedimentos.

Deste modo, verifica-se a existência de uma série de questões que precisam


ser melhores conhecidas para que a gestão da personalização possa ocorrer com
maior eficiência. As questões a seguir serão as principais norteadoras do
desenvolvimento deste trabalho:
 Quais tipos de personalização oferecidos pelas empresas estudadas?
 Como são organizados os processos internos destas empresas que
oferecem a personalização de unidades habitacionais?
 Quais os principais impactos na etapa de construção?

5 A postura da empresa pode ser reativa quando se procuram atender os anseios do cliente de
qualquer maneira com descontrole no canteiro, geração de retrabalhos, atrasos no cronograma,
dificuldades de controle e elevação de custos indiretos (Brandão, 1997).
6 A postura da empresa é proativa quando a empresa se prepara para o diálogo com o cliente,

criando regras para o atendimento personalizado na forma de guias ou manuais, além de pessoal
destinado a ouvir e orientar o cliente, auxiliar tecnicamente na escolha de materiais, orçar modificações
e ordenar visitas no canteiro. Em princípio, trata-se de uma estratégia para apartamentos com melhor
padrão de acabamento, de modo geral nos segmentos de renda mais elevada (Brandão, 1997).
16

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo geral


O objetivo basilar deste estudo é detectar as principais dificuldades
encontradas pelas construtoras, através da análise da gestão do processo de
personalização em empreendimentos habitacionais de duas empresas distintas na
cidade de Goiânia-GO, a partir de uma análise e discussão reflexiva acerca do tema.

1.2.2. Objetivos específicos

1. Levantar como as empresas goianienses estão gerenciando essa tendência.


2. Comparar criticamente os procedimentos aplicados nas empresas estudadas.
3. Identificar as interferências do processo de personalização no planejamento e
execução de obras.

1.3. Justificativa

Desde meados da década de 1980 e, em especial, a partir dos primeiros anos


da década de 1990, o processo de personalização passou a ser adotado pelas
empresas da construção civil, ou seja, o cliente passou a participar da definição do
projeto de sua unidade habitacional. Mesmo que essa tipificação seja uma grande
tendência nos dias atuais, ela ainda é muito onerosa para as organizações devido às
dificuldades inerentes da alteração do processo produtivo.

Para minimizar esses transtornos, surge a gestão de personalização de


unidades habitacionais, que pode ser definida como a coordenação da interação entre
as diversas áreas da empresa, com a finalidade de proporcionar ao cliente final a
alteração do projeto às suas necessidades. Portanto, torna-se necessário analisar as
práticas do mercado, a fim de detectar as principais dificuldades encontradas na
melhor gestão do processo.

O tema é pertinente e torna-se justificado, considerando que:

 Os temas sobre habitações são sempre atuais, dinâmicos e


interdisciplinares;
17

 Ainda são poucos os estudos sobre esse nicho do mercado, a


personalização, por se tratar de um tema que ganhou destaque
relativamente recente e, por isso, em desenvolvimento.
18

2. REVISANDO CONHECIMENTOS

2.1. Flexibilidade de Plantas

No sentido figurado da palavra, flexibilidade relaciona-se à capacidade de


assumir as opiniões, ideias ou pensamentos de outras pessoas.

Flexibilidade é a capacidade de um ambiente, de um edifício ou de um


espaço, coberto ou descoberto, de ser organizado e utilizado de diversos
modos. A flexibilidade comporta a adaptabilidade funcional e de distribuição
e deve ser prevista na fase de projeto. O conceito de flexibilidade está ligado
ao princípio de independência entre a estruturas e os elementos de divisão
interna (GARZANTI apud ROSSI, 1998).

Segundo Campanholo (1999), em termos mundiais, a personalização constitui


o terceiro estágio da atividade produtiva no mercado da construção civil. No primeiro
estágio a produção era puramente artesanal, onde a terra era a base de todas as
organizações. Já na segunda etapa, com a Revolução Industrial, introduziu-se a
produção em série, com produtos idênticos, ressaltando-se os conceitos de
padronização, especialização, sincronização, concentração, maximização e
centralização. Atualmente a tendência de mercado é a despadronização, tornando a
produção individualizada e flexível.

Como visto, a flexibilização de planta surgiu nos anos 1980 e, no Brasil,


começou a popularizar-se a partir dos primeiros anos da década de 1990. Goiânia
acompanhou essa nova tendência e no início dos anos 90 apareciam os primeiros
condomínios fechados verticais, construídos basicamente por cooperativas, que
proporcionavam aos clientes a possibilidade de customizar sua unidade habitacional.
Podem-se exemplificar como alguns dos pioneiros da customização de plantas em
Goiânia o Condomínio Edifício Schonbrunn (Figura 2), o Condomínio Edifício Parque
Imperial (Figura 3) e o Condomínio Edifício Alhambra (Figura 4), ambos sitos à Rua
Quinze, no Setor Oeste, conforme indicado na Figura 17.

7 Segundo depoimento de Souza (2018), que participou dos referidos projetos de alteração

personalizada de interiores dessas obras, quando ainda trabalhava no escritório de arquitetura Hugo
Hamilton & Tadeu Baptista, com a introdução desses conceitos, o cliente passou a ter uma
possibilidade de personalizar o projeto original, seja o projeto de arquitetura, com alterações de
alvenaria que não implicassem em descaracterização estrutural e de fachada, sejam nas
especificações de acabamento e até mesmo nas instalações complementares da unidade habitacional
(elétrica e hidro sanitária).
19

Figura 1 - Alguns condomínios pioneiros em personalização de unidades

Fonte: Google Earth, 2018 (Adaptado)

Figura 2 – Cond. Edifício Schonbrunn

Fonte: Acervo pessoal, 2018


20

Figura 3 – Cond. Parque Imperial

Fonte: Acervo pessoal, 2018

Figura 4 - Condomínio Edifício Alhambra

Fonte: Arquivo pessoal, 2018


21

Há de se considerar que não existe apenas um modelo de individualização,


mas, antes, muitos conceitos, definições e formas de flexibilidade. No Quadro 01,
estão ilustradas algumas classificações mais relevantes dessa flexibilização das
plantas.

Quadro 1 - Classificação da Flexibilidade

Flexibilidade Inicial Acontece desde o momento de concepção até o da ocupação.

Estratégias que permitem a flexibilidade durante o uso da


Flexibilidade Contínua
habitação.
Temporal

Mobilidade: Habilidade de modificar espaços internos de forma


rápida e fácil, para se adpatar às diferentes atividades e
períodos do dia.
Flexibilidade Permanente Evolução: Capacidade de modificação de longo prazo, baseada
nas mudanças da estrutura familiar.
Elasticidade: Modo de modificar a área da superfície habitada
mediante a adição de um ou mais cômodos.
comercialização
Estratégia de

Flexibilidade Planejada É a empresa quem elabora todos os leiautes alternativos.

Possibilidade de alterar ou personalizar o projeto quando uma


Flexibilidade Permitida
só opção é oferecida inicialmente.

Fonte: Moschen, 2003 (Adaptado)

Rossi apud Moschen (2003) identificou, para análise dessa flexibilização na


tipologia da habitação, alguns tipos de flexibilidade:

 Quanto ao dimensionamento do espaço arquitetônico: permite que o cliente


faça modificações internas e externas sem que isto altere a concepção
arquitetônica da edificação;
 Quanto à sua utilização ou função do espaço: permite a coexistência de
distintas possibilidades de uso para o mesmo ambiente;
 Quanto ao processo construtivo empregado: facilita a troca de componentes
construtivos no interior da unidade, de forma a facilitar e baratear a
realização de possíveis reformas.

Brandão (2002), correlaciona os conceitos introduzidos em seu estudo na


segunda metade da década de 1990 com o artigo “Apartamentos sob medida”, da
revista Arquitetura e Construção, de abril de 2001 (YAMAMOTO, 2001), conforme
apresentado no Quadro 2.
22

Quadro 2 - Equivalência de conceitos sobre a forma de atuação das empresas do


setor visando à oferta de imóveis personalizados
Conceitos Conceito apresentado no artigo
Postura da
introduzidos “Apartamentos sob medida” Mercado
empresa
por BRANDÃO (1997) (YAMAMOTO, 2000)
Pró-ativa, em Apartamentos de grande
Plantas abertas ou laje livre
geral porte em geral
Flexibilidade permitida
Projeto padronizado com negociação de Reativa, em Apartamentos pequenos e
pequenas alterações geral médios
Apartamentos de porte
Flexibilidade planejada Alternativas de plantas Pró-ativa
médio

Fonte: Brandão, 2002

Além disso, nesse mesmo artigo foi exposto como as empresas brasileiras do
setor têm proporcionado a personalização aos clientes. Atualmente existem três
formas utilizadas:

 plantas abertas, ou laje livre, modo no qual são sugeridos alguns projetos, mas
o cliente pode elaborar o seu com outra distribuição e outros acabamentos
diferentes dos padronizados;
 alternativas de plantas, estratégia utilizada por empresas que não são tão
flexíveis; num mesmo edifício existem apartamentos do mesmo tamanho, mas
com um, dois ou três quartos; e,
 negociação de pequenas alterações, para o caso das empresas que não
oferecem as alternativas anteriores.

Pagliaroni (2013) comprovou que quanto maior a área das unidades e maior o
padrão de acabamento dos empreendimentos, maior é a liberdade para a realização
das personalizações por parte da empresa.

Nesse contexto, Tramontano et al. (2000) apontam algumas considerações


durante a elaboração do projeto da habitação contemporânea:

 Possibilidades de flexibilização do espaço, tanto através da alternância


como da sobreposição de funções, e as questões técnicas aí implicadas;
 A priorização de dispositivos garantindo privacidades, através de uma
revisão da estrutura espacial convencional;
23

 Possibilidades de flexibilização do uso de mobiliário e equipamentos.

Moschen (2003) ainda completa que: “O arquiteto que irá projetar a edificação
deve aliar sua capacidade criativa à capacidade técnica, prevendo espaços flexíveis
que sejam passíveis de alterações, seja na fase de construção ou posteriormente
durante sua ocupação”.

Os componentes básicos de um esquema flexível são:

1. Divisórias internas não portantes e removíveis;


2. Ausência de colunas ou, preferencialmente, grandes vãos entre elementos
e vedos portantes;
3. Instalações, tubulações e acessórios desvinculados da obra bruta, evitando
embuti-los na alvenaria;
4. Marginalização da área úmida e das instalações de serviços em relação à
seca;
5. Localização das portas e das janelas de maneira a permitir mudança de
posição sem comprometer as funções dos vedos portantes e dos vedos
externos;
6. Utilização de formas geométricas simples nos quartos; e,
7. A não utilização, na medida do possível, da locação central dos aparelhos
de iluminação, além de outras restrições semelhantes. (RABENECK,
SHEPPARD e TOWN, apud BRANDÃO, 2002)

Assim, a flexibilidade é buscada fundamentalmente: para corresponder à


variedade (ou variabilidade) de atividades com que a manufatura tem de lidar em suas
operações, tais como a variedade de produtos, de níveis de saída ou de promessas
de entrega e; para manter desempenho apesar das incertezas ambientais de curto
prazo (confiabilidade pobre, interrupção ou quebra nos planos) e de longo prazo
(novos produtos, diferentes volumes, novos mercados ou novos concorrentes)
(CORRÊA, SLACK, apud Brandão 2002).

A variedade de atividade consiste em diversas formas de habitar decorrente,


em especial, devido às alterações no núcleo familiar8. Enquanto que o desempenho
frente as incertezas consistem na busca das empresas em obter vantagens

8
No que consistem as novas configurações familiares? Casais de homossexuais de ambos os
sexos, com filhos de casamentos heterossexuais anteriores, querendo ou não adotar e/ou ter seus
filhos biológicos com ou sem auxílio de inseminação artificial; casais heterossexuais recasados, com
filhos de outros casamentos e do atual; casais heterossexuais que têm filhos por inseminação artificial;
“barrigas de aluguel”, grávidas pela inseminação artificial ou pela, digamos, maneira “tradicional”;
casais que não querem filhos; celibatários, homo e heterossexuais, que querem ser pais ou mães, com
ou sem o discurso de “produção independente”, produção com ou sem o auxílio de bancos de esperma,
etc. (SPELLER; ADENA, 2001).
24

competitivas, oferecendo, por exemplo, produtos personalizados em mercados


anteriormente servidos de forma massificada.

2.2. Personalização

A personalização de unidades habitacionais é o ato de:

(...) proporcionar ao cliente final a adequação do produto e serviços às suas


necessidades, por meio de uma metodologia eficiente e um processo de
gerenciamento integrado que promova a interface dos agentes envolvidos
(MOSCHEN, 2003).

Segundo Campanholo (1999), a estratégia de personalizar os produtos mudou


o conceito anterior amplamente adotado na era industrial, onde a fabricação era
voltada à padronização, a despeito da evolução dos programas de qualidade e
produtividade, racionalização construtiva e produção enxuta, tendências apontadas
por Brandão e Heineck (2007). Esta mudança acarretou uma série de dificuldades de
adequação por parte das empresas, no que diz respeito à sequência dos serviços no
canteiro de obras, ao buscar atender a um cliente que nem sempre é decidido quanto
ao seu projeto, nem tampouco consciente da importância dos prazos e das etapas da
construção (BRANDÃO e HEINECK, 2007).

Ainda para Brandão (2002), a flexibilidade é usada pelas empresas como mais
um item de estratégia de marketing, como um elemento de diferenciação de produto,
sendo um elemento considerável para a decisão de compra do produto. Além disso,
Pagliaroni (2013) apresenta a personalização como uma ferramenta de aumento do
valor dos produtos oferecidos e um fator predominante na concorrência do mercado
da construção civil.

Moschen (2003) afirma que as empresas necessitam adequar suas estratégias


às mudanças do ambiente de negócios. Para tanto, elas devem ser dinâmicas na
identificação das necessidades dos clientes, coordenando com eficácia o processo de
projeto e na gestão da produção. Esses imperativos são influenciados pelas
mudanças no perfil demográfico e pelo modo de vida da população.

Ainda segundo a autora, pode-se destacar entre as mudanças no perfil


demográfico: o envelhecimento da população, as diferentes configurações familiares
e o aumento do número de pessoas morando sozinhas. Quanto ao modo de vida,
25

identifica-se uma maior participação da mulher no mercado de trabalho influenciando


mais efetivamente em questões sociais, o aumento do poder aquisitivo, além da
possibilidade de trabalhos flexíveis, como é o caso da tendência de home office.

Já Frutos (2000) destaca os estilos de vida e os esquemas de trabalho como


as principais razões para o desenvolvimento de projetos individualizados, que
satisfaçam as preferências pessoais do cliente. Essa tendência emergente deve
conduzir ao envolvimento do cliente nos diversos processos que compõem o projeto.

Dessa forma, o projeto deve permitir as interferências pessoais, através de


mudanças de projeto por parte dos usuários. Isto é personalização, que tem proporção
simbólica ampliada por ser associada a uma condição de status; dessa forma, a
flexibilidade contínua definida por Brandão é desejável ao projeto, afirma Moschen
(2003).

A produção convencional da habitação pode ser contrastada com a produção


da personalização conforme Fluxogramas 2 e 3. Tendo em vista que a produção
convencional tem um custo mais baixo, pois permite uma melhor negociação com os
fornecedores devido a grande quantidade de materiais padronizados.

Fluxograma 2 - Produção Convencional de Habitação

Fonte: Moschen, 2003 (Adaptado)


26

Fluxograma 3 - Produção Personalizada

Fonte: Moschen, 2003 (Adaptado)

Reis, apud Brandão (2002) relaciona as razões pelas quais o usuário deseja
promover alterações em sua unidade habitacional, sendo forte a ligação com fatores
simbólicos e estéticos e podem ser assim arregimentadas:

 Aspectos funcionais como disposição e tamanho das peças;


 Tamanho da moradia como um todo;
 Aspectos específicos ligados à privacidade visual e auditiva;
 Aspectos ligados a questões estéticas;
 Aspectos ligados a questões de personalização e definição do território;
 Alterações no tamanho da família, nível econômico e educacional;
 Aspectos de outra natureza como, por exemplo, a necessidade de criar um
abrigo para o carro ou ligadas ao lazer, como a criação de uma
churrasqueira.

Como resposta, Moschen (2003) apresenta as formas de promover a


personalização junto às unidades, permitindo a avaliação de ações proativas e a
condução do processo de personalização junto às empresas e possibilitando, assim,
decompor o grau de personalização nos seguintes níveis:

 Personalização do arranjo de espaços: suprimindo, acrescentando ou


alterando as dimensões dos mesmos, assim como a relação entre os eles
avaliando alterações nos fluxos.
 Alterações de funções dos espaços: espaços pré-concebidos podem sofrer
variação de seu uso ou função.
27

 Personalização das instalações da unidade (hidráulica, elétrica, ar


condicionado): as instalações podem ser acrescentadas, eliminadas ou
deslocadas. Estas alterações estão atreladas ao arranjo dos espaços ou à
alteração de função dos mesmos, ou podem ser simplesmente alterações a
fim de atender premissas estéticas e funcionais direcionadas para cada
unidade.
 Alteração dos materiais de revestimentos e acabamentos: pela grande
variedade de materiais disponíveis no mercado, este item é o mais passível
de sofrer alterações pelo cliente. Alterações no tipo de materiais, no arranjo
de suas composições, nas formas de aplicação, são opções baseadas no
que é ofertado no mercado e nas tendências da arquitetura de interiores.

2.3. Gestão do Projeto

O ato de gerenciar um projeto, engloba, sem limitar:

i. identificação das necessidades; estabelecimento de objetivos claros e


alcançáveis; ii. balanceamento das demandas conflitantes de qualidade,
escopo, tempo e custos; iii. adaptação das especificações, dos planos e da
abordagem às diferentes preocupações e expectativas das diversas partes
interessadas (BARCELLOS, 2007).

Diante desse cenário, Brandão (2002) apresenta duas posições distintas que a
empresa pode adotar em relação à personalização: reativa ou proativa. Pode ser
reativa quando se procura atender as necessidades do cliente a qualquer custo, ou
seja, não há uma gestão do processo como um todo, gerando atrasos no cronograma
da obra, retrabalhos, dificuldades de controle e elevação dos custos indiretos. Ou,
pode ser proativa, quando a empresa se prepara para o diálogo com o cliente,
estabelecendo regras de atendimento e designando pessoal a orientar o cliente e gerir
o processo.

A empresa que se propõe a fornecer o processo de personalização de forma


proativa, precisa de profissionais destinados ao atendimento ao cliente, que
geralmente é representada por arquitetos, sendo o agente de comunicação entre o
cliente interno e o cliente externo. O arquiteto passa então a exercer este papel,
trabalhando para integrar os interesses da empresa e as necessidades do cliente,
sendo responsável por toda a gestão do processo.
28

Segundo Moschen (2003), para que a empresa possa implementar o processo


de personalização às unidades habitacionais, deve passar por uma reengenharia
estratégica no negócio e de processos, sendo que todos os setores devem ser
reavaliados e integrados entre si, de forma a absorver a metodologia proposta e
aplicá-la com eficiência.

Cruz (1997) explica que a reengenharia estratégica é um método que deve ser
conduzido pela direção recriando a forma de ser da empresa, seus processos e
informações, se possível repensando grupos de atividades isoladamente objetivando
melhorias extremamente significativas. Todos os setores devem ser avaliados,
revistos e integrados entre si de forma a absorver a nova metodologia proposta e
aplicá-la com eficiência.

Novaes (2001) expõe dois conceitos distintos para projeto, um com caráter
tecnológico e outro gerencial. O primeiro conceito é o estático, refere-se a projeto
como produto, constituído por elementos gráficos e descritivos, destinado a atender
às necessidades da etapa de produção. E o outro é o dinâmico, que confere ao projeto
o sentido de processo, através do qual as soluções são elaboradas e precisam ser
compatibilizadas.

Sobre esses conceitos, Moschen (2003) complementa que o projeto dinâmico,


com caráter gerencial, é composto por várias fases diferenciadas, onde há um grande
número de agentes com responsabilidades distintas que influem diretamente sobre o
processo.

Miron e Formoso, apud Moschen (2003) apresentam duas classificações para


os principais clientes envolvidos no processo:

1. Clientes internos e clientes externos. Os clientes externos são os


principais relacionados ao processo de personalização de unidades,
sendo divididos em cliente externo final, que são os consumidores e
usuários do produto - neste caso o proprietário da unidade habitacional
e;
2. Cliente externo intermediário que são os distribuidores ou revendedores
que tornam os produtos e serviços disponíveis para o cliente final,
29

podendo destacar entre estes: fornecedores, projetistas, empreiteiros e


corretores de imóveis.

Já os clientes internos, são as pessoas da empresa para quem o trabalho


concluído é entregue, a fim de desempenharem a próxima função, dentre estes
podemos destacar o incorporador, o construtor e o incorporador/construtor.

Silva apud Moschen (2003) classifica o modelo de sociedade complexa9 como


o processo produtivo que exige a participação de pessoas de diferentes formações e
interesses, a fim de solucionar a concepção do negócio, o projeto do produto e a
execução das obras. Dessa forma, os agentes intervenientes no processo produtivo
assumem novos papéis, absorvem novas funções e, alguns daqueles que
costumavam ser passivos, assumem papel ativo.

Moschen (2003) ilustrou com a Figura 5 o relacionamento entre os agentes


intervenientes no processo. Vale destacar o papel do cliente final-usuário na definição
do produto, em três etapas:

 Contato com os corretores de imóveis a fim de adquirir o produto;


 Acesso ao arquiteto de personalização para definir os espaços e materiais de
sua unidade habitacional;
 Faz-se presente durante o processo construtivo da edificação.

9 Silva (1998) caracteriza a produção arquitetônica em quatro modelos culturais básicos, que

se referem tanto ao desenvolvimento histórico quanto às estruturas socioeconômicas da população.


São esses: sociedade primitiva, sociedade intermediária, sociedade organizada, e sociedade
complexa. Esse último modelo produtivo é o que representa o processo de personalização estudado
neste trabalho.
30

Figura 5 - Relacionamento entre os agentes intervenientes no processo de


personalização de unidades habitacionais

Fonte: Moschen, 2003 (Adaptado)

Dentre estes agentes, a autora faz as seguintes caracterizações:

 Arquiteto de personalização: este profissional é o contato direto do cliente com a


empresa, através de quem o cliente vai externar os sonhos relativos à sua
unidade. Ele deve ter habilidade para captar as necessidades do cliente para
assessorá-lo em suas decisões sobre as modificações durante o processo de
personalização. Além disso, ele deve gerenciar o conflito de interesses entre os
construtores, clientes, projetistas e demais agentes.
 Arquiteto responsável pela concepção do empreendimento: o profissional deve
possibilitar diferentes arranjos na elaboração do projeto arquitetônico para
viabilizar a personalização.
31

 Projetistas Complementares: os engenheiros responsáveis pela elaboração dos


projetos complementares devem absorver os preceitos da personalização
trazendo soluções, projetando em função das novas tecnologias empregadas e
das necessidades técnicas da empresa.
 Responsável pela execução da obra: cabe ao profissional absorver e se envolver
na implementação da metodologia. Como este profissional está à frente da obra,
é imprescindível que ele reporte aos demais projetistas envolvidos a evolução da
mesma, os problemas e conflitos ocorridos. Além disso deve interagir com o
arquiteto de forma a avaliar as implicações das solicitações das personalizações,
assessorar o cliente em relação a dúvidas técnicas, execução dos serviços e ter
a capacidade de gerenciar várias obras em uma só.
 Empreiteiros: estes devem ser capacitados a entender o processo de
personalização: não se executará uma obra de um empreendimento de “n”
apartamentos, mas sim “n” obras (várias unidades) em um empreendimento.
 Mão de obra: os profissionais devem ser capacitados para a leitura e
entendimento de projetos personalizados, e apresentados à importância da
personalização para os operários, clientes e para a empresa. Além disso, esses
devem ser capacitados a executar os diversos serviços e aplicação dos mais
variados materiais provenientes das personalizações.
 Fornecedores: no processo, estes agentes devem ser entendidos como parceiros,
de forma a absorver as demandas da personalização, fornecendo não para uma
obra em si, mas para “n” obras em uma só.
 Corretor de imóveis: deve ser um profissional diferenciado, com habilidade para
perceber e despertar novos desejos (não visualizados e possíveis em função do
processo) no cliente incentivando a personalização, e também com conhecimento
sobre o produto e seus atributos e com noção das possibilidades das alterações
das personalizações, seja no arranjo dos espaços, instalações ou acabamentos e
revestimentos.
 Proprietário da empresa: precisa ser participativo no fechamento dos negócios
com intuito de conhecer o cliente. Dessa forma ele se aproxima da empresa,
sentindo-se mais à vontade para sugestões, reclamações. O empresário precisa
visualizar a participação do cliente como um apoio ao crescimento e
32

aperfeiçoamento das atividades da empresa, um grande impulso na busca da


melhoria contínua.

Como já falado anteriormente, a ausência de interação e comunicação entre os


diversos agentes envolvidos no processo são uma das principais causas da falta de
qualidade das edificações. Segundo Andery (2000), para haver mudança neste
cenário é necessário que a empresa conheça e explicite a forma que o processo é
executado, permitindo uma visão global do mesmo: o que deve ser feito (projetos,
etapas, atividades, tarefas), por quem (os envolvidos, suas funções e
responsabilidades, interações), quando (a que tempo e a que a hora, relações de
precedência), como (informações ou documentos de entrada; procedimentos,
ferramentas e/ou tecnologias utilizadas no processamento das informações;
informações ou documentos de saída; forma de controle) e onde (em que local, em
que tipo de situação, por quais meios).

Já Pagliaroni (2013) elenca alguns itens que a empresa pode implementar para
diminuir as adversidades advindas do processo de personalização. Sendo eles:

 Elaboração e acompanhamento de cronogramas de longo, médio e curto


prazos;
 Criação de um departamento, ou cargo, responsável pelas personalizações
em cada empreendimento;
 Os materiais devem ser conferidos com o memorial descritivo de cada
projeto de personalização e separados individualmente por unidades;
 As unidades em execução devem ser verificadas de acordo com os projetos
de personalização;
 Anteriormente à entrega da unidade ao cliente deve ser realizada uma
inspeção para verificar se todas as solicitações em projeto foram atendidas.

Moschen (2003) por meio da Figura 6 evidenciou a quebra de linearidade das


relações do processo produtivo convencional e apresentou a interação entre os
agentes intervenientes no processo de personalização, além do projeto fazendo a
interface entre as outras etapas do processo construtivo. Completando a Figura 6, a
autora descreve o papel dos agentes através do Quadro 3.
33

Figura 6 - Interação entre os agentes intervenientes

Fonte: Moschen, 2003

Quadro 3 – Papel dos Agentes Intervenientes (Convencional x Personalização)

Fonte: Moschen, 2003


34

Ainda segundo a autora, o arquiteto de personalização desenvolve um novo


papel, o de gerente do processo de personalização responsável pela interface entre
os agentes intervenientes envolvidos e pelo gerenciamento das também as
informações relevantes oriundas das atividades desenvolvidas por esses agentes. As
informações são agregadas e traduzidas na linguagem usada para a elaboração do
projeto personalizado, que passa a ser o ponto principal da convergência das
informações.

O projeto personalizado deve ser elaborado conforme as necessidades e


gostos estéticos dos clientes. Este projeto deve apresentar o novo arranjo
dos espaços, os serviços a serem executados e os materiais a serem
empregados na unidade modificada, além disso, o projeto deve trazer as
alterações nas instalações e o detalhamento que se faça necessário para a
execução fiel do projeto. O projeto personalizado deve ser executivo,
atendendo todos os níveis, deve ser compatível com os projetos
complementares, estar em conformidade com a tecnologia aplicada e a
capacitação da mão-de-obra, e, acima de tudo, ser claro e de fácil
atendimento pelos usuários do projeto (mão-de-obra) (MOSCHEN, 2003).
35

3. PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS

Este capítulo tem como finalidade apresentar a sistemática utilizada para o


desenvolvimento do estudo de caso do processo de personalização, desde a
aplicação do questionário até a análise dos resultados.

3.1. Estratégia de Pesquisa

A pesquisa teve caráter exploratório, por meio de observação direta e de uma


série sistemática de entrevistas. Segundo Yin (2001) o estudo de caso consiste em
uma investigação empírica que examina um fenômeno contemporâneo dentro de seu
contexto da vida real, principalmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto
não estão claramente definidos, sendo que a pesquisa pode incluir tanto um estudo
de caso único quanto casos múltiplos.

O procedimento adotado está baseado na metodologia elaborada por


Pagliaroni (2013), que consiste em um método de estudos de caso múltiplos a fim de
conhecer os processos internos de empresas e identificar possíveis mudanças
necessárias. Este autor sistematizou o estudo em três etapas principais: elaboração
de um questionário, delimitações e delineamento da pesquisa.

A elaboração do questionário foi delineada com questões reais, ou seja,


aquelas que tratam com a experiência e conhecimento dos entrevistados, sendo
possível analisar os fatos que ocorrem dentro das empresas. A delimitação consistiu
na aplicação do questionário, bem como de entrevistas feitas em duas construtoras
que ofereciam personalização de empreendimentos. Os dados apresentados
possibilitaram: a classificação das empresas quanto ao oferecimento de
personalização, a elaboração de fluxograma das empresas, e a análise dos
processos.

Aplicando a metodologia desenvolvida por Pagliaroni (2013), a pesquisa foi


desenvolvida com o estudo de caso de duas incorporadoras/construtoras que atuam
na cidade de Goiânia com empreendimentos de médio e alto padrão que oferecem a
personalização de unidades habitacionais.
36

3.2. Adaptação do Questionário

A primeira etapa do trabalho consistiu na coleta de dados, sendo necessárias


três técnicas distintas: pesquisas de autocompletar10, entrevista pessoal doméstica11
e observação in loco.

A pesquisa de autocompletar foi utilizada como um primeiro contato com as


empresas, via e-mail, para coletar informações que serviram de base para dar diretriz
à abordagem pela entrevista com aplicação, que ocorreu no segundo momento, do
questionário aplicado pessoalmente. Em uma terceira etapa foi feita a observação in
loco devido à necessidade de coletar dados mais complexos, como alguns exemplos
de problemas encontrados durante a construção, imagens de algumas unidades
personalizadas, entre outros.

O questionário utilizado na pesquisa autocompletar abordam aspectos da


personalização, planejamento e suprimentos das empresas, sendo adaptado do
questionário piloto proposto por Pagliaroni (2013), com questões de múltipla escolha
claras e simples o suficiente para que o entrevistado consiga responder sozinho.
Sendo que, a entrevista seguiu o próprio roteiro do questionário, com a finalidade de
abordar de forma subjetiva as questões respondidas no questionário pelos
entrevistados. Já a observação in loco consistiu na visita às unidades e aos canteiros
de obras de forma a perceber as estratégias de implantação da personalização.

A adequação do questionário foi necessária para afilar as questões aplicadas


às empresas, de forma garantir o sigilo da identidade das mesmas, bem como ser
mais simples e assertiva no diagnóstico do processo oferecido.

10 Na pesquisa de autocompletar, os sujeitos da pesquisa são, definitivamente, animados, e


eles são obrigados a responder e participar da pesquisa. No entanto, o contato entre o entrevistado e
o vistoriador é de segunda mão, e é feito apenas através de um questionário escrito (Richardson, Ampt
e Meyburg apud Pagliaroni 2013).
11 Na investigação por entrevista pessoal, o contato é mais direto e envolve face a face entre o

entrevistado e o entrevistador. Nestas circunstâncias, há uma possibilidade muito maior de interação


(benéficos e prejudiciais para os fins da pesquisa) entre entrevistado e entrevistador. Embora esta
interação possa permitir que os dados mais complexos sejam coletados, também permite um maior
grau de viés para entrar nos resultados da pesquisa (Richardson, Ampt e Meyburg apud Pagliaroni
2013).
37

3.3. Delimitações

A aplicação do questionário, a entrevista e as visitas in loco foram realizadas


entre os meses de dezembro de 2018 e abril de 2019 em duas incorporadoras /
construtoras selecionadas. Dessa forma, utilizaram-se dois critérios para a seleção
das empresas: devem contemplar em suas estratégias ações de personalização de
unidades habitacionais e haver disponibilidade para fornecer as informações e
participar da pesquisa deste trabalho.

O intuito de se estudar empresas distintas foi de comparar os processos


adotados para personalização de empreendimentos de alto padrão, que são aqueles
onde mais se disponibiliza a customização da edificação. Além disso, dentro de uma
das empresas será comparado o processo de personalização ofertado em
empreendimento de alto padrão e em um empreendimento de médio padrão que,
apesar de menos comum, tem tido demanda crescente, o que configura um novo nicho
dentro dessa forma de produção do espaço construído: o domicílio particularizado de
médio padrão.

Conforme Tillmann (2008) a oferta de flexibilidade nas habitações de baixo


padrão tende a ser muito limitada, devido, à adoção de um paradigma de produção
em massa no desenvolvimento desses empreendimentos, além do custo elevado
agregado ao processo de personalização. Pelo fato de o processo de personalização
ser de alto custo, não é comum ser ofertado nos empreendimentos de baixo padrão,
mesmo que esses indivíduos também tenham necessidades individuais a serem
atendidas. Em função dessa característica, optou-se por não estudar esse segmento
de habitação.

Assim, foi feito um diagnóstico para verificar qual a gama de personalizações


oferecidas pelas empresas do estudo de caso. E com estas informações, as
estratégias de personalização foram classificadas de acordo com tipos de
flexibilização, conforme previamente apresentados no Item 2.2.

A abordagem do estudo foi a gestão do processo de personalização de


unidades habitacionais, com o objetivo de identificar as adversidades encontradas na
gestão da personalização das unidades habitacionais coletivas, através da análise
desse segmento na construção civil.
38

3.4. Delineamento da Pesquisa

A etapa inicial compreendeu a pesquisa bibliográfica sobre o assunto deste


trabalho por meio de artigos, teses, dissertações e sites de internet, para possibilitar
um embasamento e um panorama da situação atual do tema. Por se tratar de um tema
relativamente novo, houve dificuldades em encontrar literaturas, bem como ausência
de livros sobre o assunto. Posteriormente, foi feita a escolha da metodologia a ser
aplicada.

No segundo momento aconteceram as atividades que conduziram o


desenvolvimento do trabalho. Inicialmente a adaptação do questionário a ser aplicado
nas empresas contendo 34 (trinta e quatro) questões simples, diretas e de múltipla
escolha. Este se encontra no APÊNDICE A – Questionário. Essa etapa ocorreu na
seguinte ordem:

Primeiramente, foi feito um contato com as empresas, explicando o conteúdo


do trabalho, a estrutura do questionário e o objetivo da entrevista que devia ser
realizada com o responsável escolhido pela empresa. Posteriormente os
questionários foram encaminhados por e-mail para serem respondidos pelos
entrevistados, seguido da entrevista para esclarecimento de alguns pontos. E então
as visitas de campo em um canteiro de obras, para consequente análise de
documentos e registro fotográfico das observações relacionadas com o tema.

As entrevistas foram realizadas com o representante de cada obra estudada,


conforme indicação da própria empresa e como segue abaixo, considerando que o
processo em ambas as empresas é padronizado, existindo o mesmo entendimento
por todos os agentes envolvidos no processo. A escolha dos entrevistados foi baseada
no papel de um dos agentes envolvidos no processo, de forma a ter de forma mais
abrangente uma visão do todo de cada estudo de caso, sendo:

 Empresa A – Obra 1: Engenheira Residente da Obra;


 Empresa A – Obra 2: Arquiteto de Personalização;
 Empresa B – Obra 3: Arquiteta Residente da Obra.

Por último, foram apresentados os resultados obtidos com a aplicação do


questionário, da entrevista e da visita, visando classificar as empresas quanto ao
39

oferecimento de personalização, bem como analisar as principais interferências do


processo de personalização no planejamento e execução das obras.

Para efeito de comparação, analisou-se as Obras 1 e 2 a fim de verificar como


a mesma empresa trata empreendimentos de diferentes padrões econômicos, e as
Obras 1 e 3 com o objetivo de verificar como empresas diferentes tratam
empreendimentos de alto padrão.

Para visualização dos projetos fornecidos pelas empresas A e B, utilizou-se a


ferramenta AutoCAD 2017. Já para a tabulação de dados, criação de gráficos e
tabelas, foram utilizadas as ferramentas digitais: Microsoft Excel 2016 e Microsoft
PowerPoint 2016.
40

4. ESTUDO DE CASO

Os estudos de caso apresentados a seguir foram realizados em empresas que


constroem edifícios residenciais de múltiplos pavimentos e que oferecem a
personalização das unidades aos clientes. As empresas foram selecionadas de
acordo com a disponibilidade e abertura para o estudo. Foi aplicado o questionário,
realizada a entrevista e a visita de campo com o objetivo de elaborar o fluxograma dos
processos de personalização das empresas, evidenciando a comunicação entre os
departamentos envolvidos no processo, verificar a diversidade das personalizações
oferecidas aos clientes e detectar as principais adversidades encontradas pela obra
durante a execução das personalizações.

A seguir estão descritos os detalhes dos estudos de caso realizados em cada


uma das três obras visitadas.

4.1. Empresa A – Obra 1

Este estudo de caso foi realizado em uma obra de alto padrão da empresa de
médio porte no setor da construção civil da cidade de Goiânia, denominada de Obra
1 da Empresa A cuja perspectiva está apresentada na Figura 7.

A quantidade de obras executadas pela Empresa A simultaneamente varia


entre três e quatro, tendo um coeficiente de personalização médio de 60%, mas
existindo empreendimentos em que chegaram a ser 100% personalizados.
41

Figura 7 – Empresa A: Obra 1

Fonte: Empresa A

O questionário e a entrevista foram aplicados junto à Engenheira Residente da


Obra 1.

A empresa disponibiliza diferentes opções de plantas desse mesmo


empreendimento, contemplando opções de 3 e 4 suítes, além de permitir que o cliente
apresente o próprio projeto. Fora a opção do cliente apresentar seu próprio projeto, a
empresa também permite que ele forneça seus próprios materiais, contanto que sejam
atendidas as normas vigentes.
42

Figura 8 - Obra A: Planta Baixa

Fonte: Empresa A

A comercialização das unidades dos empreendimentos da empresa é realizada


por corretores próprios e por imobiliárias contratadas. Já as personalizações são
oferecidas aos clientes, pela própria empresa, a partir da celebração do contrato de
compra e venda.

O prazo de solicitação das personalizações é pré-estabelecido pelo


Cronograma de Personalização, conforme Anexo A, elaborado pela Engenheira da
Obra e pelo Engenheiro de Planejamento. Porém, existem exceções para clientes que
adquiriram as unidades após esse prazo, desde que aprovado pela diretoria da
empresa, como forma de viabilizar as vendas e garantir a satisfação dos compradores.

O departamento de personalização elabora uma carta convite e envia aos


clientes para convidá-los a participarem de uma reunião de apresentação do
43

processo. Na reunião, é informada a condução do processo. A clientela declara o


interesse ou não por personalizar através de um Termo de Declaração de
Personalizar.

Caso o comprador opte por personalizar, é entregue o Manual de


Personalização, que consta todos os itens que podem ou não ser modificados, bem
como as orientações para apresentação dos projetos à construtora.

Após essa fase de definições do tipo de planta e de materiais, a empresa


analisa a viabilidade técnica e apresenta um orçamento com os valores, sem
discriminar o valor de mão de obra e dos materiais, ou seja, apresenta um orçamento
fechado, conforme exemplificado no Anexo B. O proprietário tem um prazo de 7 dias
corridos para analisar o orçamento e aprovar/revisar o orçamento, sendo previsto dois
orçamentos baseados em até duas revisões de projeto.

Após a aprovação do orçamento de personalização, o cliente assina o aditivo


de personalização, onde contam os valores e a descrição dos itens solicitados a serem
modificados.

Após a finalização do processo com o consumidor, a Arquiteta de


Personalização deve repassar os projetos deste ao departamento de projetos para
que sejam elaborados os projetos complementares (elétrico, hidráulico, climatização
e outros) pelos projetistas do empreendimento.

O departamento de obras solicita os materiais padrão para o departamento de


suprimentos, já os materiais de personalização são comprados pelos usuários e
entregues na obra de acordo com o Cronograma de Entrega de Materiais de
Personalização, conforme apresentado no Anexo C. Os materiais de personalização
são armazenados em locais exclusivos, separados por unidade, como pode ser visto
na Figura 9.
44

Figura 9 – Almoxarifado Exclusivo para Materiais de Clientes

Fonte: Acervo Pessoal

A própria equipe de obra é responsável pela execução e verificação das


personalizações, sendo designado uma pessoa exclusiva para gerenciar o processo
de personalização. Os Engenheiros de Obra recebem os contratos de personalização
e repassam para suas equipes (mestre-de-obras, auxiliares e estagiários) quais as
personalizações existentes no empreendimento. A mão de obra de execução dos
apartamentos tipo é terceirizada e são as mesmas que executam as personalizações
sem distinção. No momento da liberação dos serviços para a execução, a equipe de
obra informa aos empreiteiros as especificações de cada unidade.

A Obra 1 conta com uma taxa de personalização de 63% em relação a


quantidade total de unidades do empreendimento, como discriminado no Gráfico 1.
45

Gráfico 1 – Porcentagem de Unidades Personalizadas Obra 1

Fonte: Elaborado pela Autora

Sendo que essa porcentagem aumenta para 74%, quando comparamos a


quantidade de unidades personalizadas em relação à quantidade de unidades
vendidas. Essa observação é importante, uma vez que as unidades não vendidas
podem ser desconsideradas da comparação, pois os clientes ainda não tiveram a
oportunidade de personalizá-la.

A política da Empresa A é garantir a satisfação dos compradores e, para isso,


se deparou com várias situações em que, para atestar a satisfação dos clientes, era
necessário abrir exceções quanto ao processo de personalização. Dentro das
unidades personalizadas, 24% foram exceções, condicionando a venda da unidade à
personalização.

Essa posição da empresa foi o item que mais gerou dificuldades para a Obra 1
conseguir gerir o diferencial do serviço de personalização dentro do processo
produtivo da construção civil. As unidades personalizadas fora do prazo determinado
do Cronograma de Personalização, geraram diversos retrabalhos, atraso na entrega
da unidade, existindo casos de apartamentos, como pode ser visto na Figura 10, que
estavam prontos para serem entregues e tiveram que sofrer modificações devido às
solicitações dos usuários.
46

Figura 10 - Exemplo de Retrabalhos em Unidades com Exceção de Personalização

Fonte: Acervo Pessoal

Outro principal fator relatado pela Engenheira da Obra que gerou dificuldades
para a obra gerir o processo, foram os benefícios dados aos clientes de
personalização, por parte da diretoria da empresa. Como exemplo, citou dois casos:
o primeiro foi de uma cliente que solicitou que a obra recebesse materiais, ver Figura
11, que seriam instalados apenas depois da entrega das chaves, e o segundo caso,
foi de permitir que o comprador entrasse com uma empresa contratada por ele para
realizar serviços durante a execução da obra, o que foi registado na Figura 12.
47

Figura 11 – Recebimento pela obra de materiais que serão instalados pelo cliente
após a entrega da unidade

Fonte: Acervo Pessoal

Figura 12 – Empresa contratada pelo cliente executando serviço durante o período


de obra

Fonte: Acervo Pessoal


48

Outro item relatado pela Engenheira da Obra foi a alteração de projetos de


personalização durante a execução dos serviços. O exemplo citado por ela foi do
adquirente da cobertura que alterou o projeto por 3 (três) vezes; e o caso mais crítico,
foi a modificação da especificação do revestimento de piso, gerando o retrabalho do
contrapiso, sendo necessário quebrá-lo e refazê-lo, o que foi registrado na Figura 13,
consequentemente gerando um atraso de 2 meses na entrega da unidade.

Figura 13 – Demolição do Contrapiso

Fonte: Acervo Pessoal

4.2. Empresa A – Obra 2

Este estudo de caso foi realizado em uma obra de médio padrão em empresa
de grande porte no setor da construção civil da cidade de Goiânia, denominada de
Obra 2 da Empresa A.
49

Figura 14 - Empresa A: Obra 2

Fonte: Empresa A

O questionário e a entrevista foram aplicados junto à Arquiteta de


Personalização da Empresa A.

A personalização ofertada pela construtora por essa obra é do tipo Flexibilidade


Planejada, conforme explicado no Quadro 1. Ou seja, a construtora disponibiliza ao
cliente diferentes layouts, apresentados nas Figura 15 e Figura 16, para que o cliente
escolha a que mais atenda suas necessidades familiares.
50

Figura 15 - Obra 2: Planta Baixa 72m² com Varanda

Fonte: Empresa A

Figura 16 - Obra 2: Planta Baixa 116m² com Varanda

Fonte: Empresa A
51

A escolha do tipo de planta é feita no momento da assinatura do contrato entre


o cliente e construtora, sendo anexado ao contrato o tipo de planta escolhido pelo
cliente. Em seguida, o Departamento de Relacionamento com Cliente informa ao
Departamento de Personalização e este repassa à Obra 2, através de uma planilha
eletrônica, anexada à intranet da empresa.

Das 177 unidades, 109 foram escolhidas como Planta Tipo, ou seja, 62% das
unidades foram assinadas como unidade padrão. Esse índice indica a assertividade
da construtora na definição da Planta Tipo e a tendência dos clientes desse padrão
econômico em não personalizar suas unidades. No Gráfico 2 estão demonstrados
estes índices.

Gráfico 2 - Porcentagem de Unidades Personalizadas Obra 2

Fonte: Elaborado pela Autora

Tendo em vista que 34% das unidades ainda não foram vendidas, a previsão é
que a porcentagem de personalização diminua consideravelmente. Ou seja, levando
em consideração a tendência dos clientes em optar pela Planta Tipo, temos um índice
de menos de 10% de unidades personalizadas.
52

A Obra 2 ainda estava em fase de concretagem do 2° Pavimento de Garagem


durante a realização da pesquisa, portanto não foi possível verificar in loco como é
feito o controle desse tipo de personalização no canteiro.

De acordo com a arquiteta, a estratégia é criar um Quadro de Personalização,


conforme Anexo D, para gestão da equipe de engenharia, e serão colocados croquis
com o layout do apartamento na entrada do apartamento, a fim de que a equipe da
produção também tenha acesso a essa informação.

Nesta obra não será designada uma pessoa responsável apenas por essas
alterações de plantas. A Auxiliar de Engenharia, responsável pela fiscalização dos
serviços é também incumbida de garantir a correta execução das plantas escolhidas
pelos clientes.

Em função da obra não estar na fase de execução dos pavimentos tipo durante
a realização da pesquisa, não foi a análise das principais dificuldades do processo de
personalização. O estudo de caso da Obra 2 se restringiu à comparação dos
processos de personalização ofertados pela Empresa A para diferentes padrões
econômicos.

4.3. Empresa B – Obra 3

Este estudo de caso foi realizado em uma obra de alto padrão em outra
empresa de grande porte no setor da construção civil da cidade de Goiânia,
denominada de Obra 3 da Empresa B.
53

Figura 17 - Empresa B: Obra 3

Fonte: Empresa B

O questionário e a entrevista foram aplicados junto à Arquiteta responsável pela


personalização na referida obra.

A empresa disponibiliza apenas uma opção de planta neste empreendimento,


contemplando 4 (quatro) suítes, o que pode ser verificado na Figura 18, permitindo,
todavia, que o cliente apresente o próprio projeto. Além da opção de o cliente
apresentar seu próprio projeto, a empresa também permite que ele forneça seus
próprios materiais.
54

Figura 18 - Obra 3: Planta Baixa

Fonte: Empresa B

A comercialização das unidades dos empreendimentos da empresa é realizada


por corretores próprios e por imobiliárias contratadas. Já as personalizações são
oferecidas aos clientes pela própria empresa, a partir da celebração do contrato de
compra e venda.

O prazo de solicitação das personalizações é pré-estabelecido no início da obra


pelo Cronograma de Personalização elaborado pela Engenheira de Planejamento, em
conjunto com o Arquiteto de Personalização da empresa. Existem raras exceções
para compradores que adquiriram as unidades após esse prazo, como forma de
viabilizar as vendas e garantir a satisfação desses.

O departamento de personalização convida-os a participarem de uma reunião


para apresentação do processo. Na reunião, é informado a eles a condução do
processo. O cliente declara o interesse ou não por personalizar através de um termo
onde deve assinalar se irá ou não participar do processo de personalização.
55

Caso opte por personalizar, é entregue aos clientes o Manual de


Personalização, que consta todos os itens que podem ou não ser modificados, bem
como as orientações para apresentação dos projetos à construtora.

Após essa fase de definições do tipo de planta e de materiais, o Engenheiro da


Obra analisa a viabilidade técnica e o Arquiteto de Personalização apresenta um
orçamento com os valores, sem discriminar o valor de mão de obra e dos materiais,
ou seja, apresenta um orçamento fechado, conforme exemplificado no Anexo E. O
proprietário tem um prazo de 10 dias corridos para analisar o orçamento e
aprovar/revisar o orçamento, sendo previsto dois orçamentos baseados nos projetos
RV01 e RV02.

Após a aprovação do orçamento de personalização, o cliente assina o aditivo


de personalização, onde constam os valores e a descrição dos itens solicitados a
serem modificados.

Após a finalização do processo com o proprietário, o arquiteto de


personalização deve repassar os projetos desse ao departamento de projetos para
que sejam elaborados os projetos complementares (elétrico, hidráulico, climatização
e outros) pelos projetistas do empreendimento.

O departamento de obras solicita os materiais padrão para o departamento de


suprimentos, já os materiais de personalização são comprados pelos clientes e
entregues na obra de acordo com o Cronograma de Entrega de Materiais de
Personalização. Os materiais de personalização são armazenados em locais
exclusivos, separados por unidade.

A Obra 3 conta com uma taxa de personalização de 40% em relação a


quantidade total de unidades do empreendimento, como apresentado no Gráfico 3.
56

Gráfico 3 - Porcentagem de Unidades Personalizadas Obra 3

Fonte: Elaborado pela Autora

A própria equipe de obra é responsável pela execução e verificação das


personalizações, sendo designado uma pessoa exclusiva para gerenciar o processo
de personalização. Os engenheiros de obra recebem os contratos de personalização
e repassam para suas equipes (mestre-de-obras, auxiliares e estagiários) quais as
personalizações existentes no empreendimento. A mão de obra de execução dos
apartamentos padrão são empreitadas a terceiros e são estes que executam as
personalizações, não existindo distinção.

No momento da liberação dos serviços para a execução, a equipe de obra


informa aos empreiteiros as especificações de cada unidade. Para um melhor e mais
fácil controle, os projetos do cliente ficam no próprio pavimento, permitindo que
qualquer um que estiver conferindo ou até mesmo executando o serviço tenha acesso
a eles. Estes projetos ficam armazenados em cavaletes, como se vê na Figura 19.
57

Figura 19 – Cavalete para armazenamento dos projetos de personalização

Fonte: Acervo Pessoal

Além da possibilidade de o cliente apresentar o próprio projeto, a construtora


também oferece alguns kits personalizados, sendo os materiais de revestimento de
parede os mais alterados. Na Figura 20 é apresentado material oferecido por um dos
kits da construtora.

Figura 20 – Exemplo de revestimento oferecido pelos kits da construtora

Fonte: Acervo Pessoal


58

As principais dificuldades enfrentadas pela obra durante o processo de


personalização são: o atraso da entrega dos projetos pelo departamento de
personalização, a dificuldade de verificação dos serviços e a flexibilidade da
construtora em relação às solicitações dos clientes.

A obra 3 foi entregue em janeiro de 2019, porém durante a visita técnica em


dezembro de 2018 ainda existiam unidades personalizadas que estavam pendentes
de definição pelos proprietários, bem como outras que recentemente receberam os
projetos de personalização. Tais unidades excederam o prazo de entrega da obra,
mesmo que a cláusula de aditivo da data de entrega estivesse em contrato do cliente,
a construtora precisou segurar a equipe de obra mais 2 meses para finalização dos
serviços.

Vê-se na Figura 21 a execução do serviço de reboco, e na Figura 22 a execução


do serviço de concretagem da piscina. Tais serviços se referem ao apartamento de
cobertura da Obra 3, ocorrendo um mês antes da entrega do prédio. Tais itens
exemplificam o atraso da unidade em relação ao cronograma da obra.

Figura 21 – Execução do reboco da cobertura

Fonte: Acervo Pessoal


59

Figura 22 – Concretagem da piscina da cobertura

Fonte: Acervo Pessoal

A arquiteta entrevistada relata que uma das principais dificuldades encontrada


por ela foi a verificação dos serviços executados em relação ao projeto. Enquanto nas
unidades padrão existem até quatro responsáveis pelo recebimento dos serviços, nas
unidades personalizadas somente ela confere os inúmeros serviços: desde a
marcação de alvenaria até a limpeza final da unidade. Dessa forma, alguns itens
acabam passando despercebidos e, apenas durante o checklist final de entrega, é
possível verificar os erros e corrigi-los, gerando retrabalho.

A Figura 23 é o registro de uma unidade em que o cliente solicitou que as


paredes da cozinha fossem entregues no reboco, porém a obra acabou executando o
serviço de massa PVA e da 1ª demão de pintura. Logo, a obra teve o retrabalho de
tirar toda a massa PVA e posteriormente regularizar o reboco.
60

Figura 23 – Unidade com retrabalho de reboco

Fonte: Acervo Pessoal

A Figura 24 é o registro da execução de um ralo sekapiso12 solicitado pelo


cliente, porém a obra entregou inicialmente apenas o ralo com grelha comum. Logo,
foi preciso quebrar o piso para execução do sekapiso e foi necessário o retrabalho do
serviço de revestimento de piso.

12Ralo sekapiso: é um ralo longo em alumínio (canaleta e grelha), utilizado para captação de
água em vários locais, terraços, sacadas, box para banheiros, etc. Sua principal característica é a
queda interna, que faz com que a água corra para o ralo (dreno), não ficando parada dentro da canaleta.
61

Figura 24 – Unidade com retrabalho de piso cerâmico

Fonte: Acervo Pessoal

Outro caso de retrabalho é apresentado na Figura 25 trata-se de uma unidade


em que o cliente solicitou que uma das paredes do banheiro fosse entregue preparada
para receber um revestimento em mármore. Porém, a obra executou o contramarco
para receber revestimento cerâmico. Logo, foi necessário refazer o serviço de
chumbamento de contramarco e a pintura da fachada, que foi danificada com a
alteração do contramarco.

Figura 25 – Unidade com retrabalho de assentamento de contramarco

Fonte: Acervo Pessoal


62

Segundo o relato da arquiteta, a postura flexível da construtora frente às


solicitações dos clientes é uma dificuldade característica derivada na obra. Ela
exemplificou a situação com uma unidade de meio de prumada, em que o cliente
solicitou uma modificação estrutural que impactava na fachada do empreendimento e
no atraso da concretagem do pavimento em vinte dias, sendo tal solicitação aceita
pelo departamento de personalização. A varanda externa do cliente ampliada
conforme solicitação e a planta de forma com tal modificação podem ser constatadas
nas Figuras 26 e 27.

Figura 26 – Varanda ampliada conforme solicitação do cliente

Fonte: Acervo Pessoal


63

Figura 27 – Planta de forma com a solicitação da ampliação da varanda externa

Laje estendida para


ampliação da
varanda externa

Fonte: Empresa B
64

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Análise dos Resultados

Diante do exposto, os resultados da pesquisa apontam que a personalização de


unidades habitacionais, enquanto estratégia das empresas para facilitar a venda dos
produtos, atende às diferentes necessidades de seus clientes. Além disso, é notório
que a personalização vem aumentando, devido ao aumento da competitividade no
mercado da construção civil e ao aumento da exigência dos consumidores.

Foram elaboradas diferentes questões que abordam aspectos da personalização,


planejamento e gestão dos suprimentos nas empresas. As Figuras 28 e 29
representam o fluxo de personalização das obras estudadas.

Figura 28 – Fluxo Personalização Obra 1 e Obra 3

Fonte: Elaborado pela Autora

Figura 299 – Fluxo Personalização Obra 2

Fonte: Elaborado pela Autora


65

No Quadro 4, é apresentado o questionário com as perguntas e respostas de cada


obra estudada.

Quadro 4 – Questionário Respondido pelas Três Obras

Fonte: Elaborado pela Autora


66

5.1.1. Obra 1 x Obra 2

Analisando o Quadro 4, verifica-se que a Construtora 1 adotou diferentes


estratégias diante da Personalização para padrões econômicos distintos,
considerando-se o fato da Obra 1 ser de alto padrão e da Obra 2 de médio padrão.

A primeira diferença a se destacar é a classificação da personalização ofertada,


uma vez que na Obra 1 adotou-se a Flexibilidade Permitida e na Obra 2 a Flexibilidade
Planejada. As diferentes ofertas de personalização são escolhidas pensando no grau
de impactos que o processo gerará na empresa e no canteiro de obras.

Devido a estratégia utilizada para se ofertar a personalização, verificamos que


o índice de personalização na Obra 1 foi 15 vezes maior que na Obra 2. De acordo
com a Empresa A, esse fato se dá haja vista que os clientes de médio padrão
personalizam mais a etapa de acabamento, preferindo fazer isso após a entrega das
chaves. Segundo uma pesquisa da empresa, esses clientes acreditam pagar mais
barato fazendo suas essas modificações por conta própria, posteriormente ao
recebimento da unidade.

Gráfico 4 – Taxa de Personalização Obra 1 x Obra 2

Fonte: Elaborado pela Autora


67

Além disso, nota-se que a Empresa A possui uma postura mais flexível
mediante as solicitações dos clientes da Obra 1, não permitindo as mesmas exceções
para os clientes da Obra 2. Isso é justificado pelo fato que as obras de médio padrão
possuem mais apartamentos, e consequentemente, mais clientes, ou seja, maior
dificuldade para manter a ordem dentro da obra, uma vez que, quanto mais exceções
abertas, mais difícil se torna a gestão dentro do canteiro de obras.

5.1.2. Obra 1 x Obra 3

A partir dos dados do Quadro 4, verifica-se que a Construtora 1 e a Construtora


2 adotaram estratégias semelhantes diante da Personalização para empreendimentos
de alto padrão.

A primeira diferença entre as duas empresas está no planejamento da


personalização: enquanto a Construtora 1 planeja a personalização durante a obra, a
Construtora 2 se planeja desde a concepção de projeto. Essa postura permite a
Construtora 2 uma melhor gestão dos processos, permitindo a entrega dos projetos à
obra dentro do prazo acordado, já prevendo os eventuais atrasos de definição dos
clientes.

A possibilidade de conversão de áreas molhadas em áreas secas e vice-versa


como aspecto flexibilização não acontece da mesma forma entre as duas obras. A
obra 3 permite tal alteração aos clientes, enquanto a obra 1 não libera tal modificação.
Esse item influencia diretamente a possibilidade de mudança dentro da unidade, ou
seja, na Obra 3 existe maior flexibilidade quanto a personalização, enquanto há maior
limitação na alteração das funções dos ambientes da Obra 1.

Oferta de diferentes tipos de acabamento é também diferenciado nas duas


obras. Enquanto a Obra 3 oferece alguns kits de acabamento para que o cliente possa
personalizar com materiais da construtora, a Obra 1 não possui tais materiais, ou seja,
caso o cliente queira alterar o acabamento padrão, deverá fornecer o próprio material.
68

5.2. Principais Adversidades

As principais adversidades relatadas pelas obras estudadas neste trabalho


estão elencadas no Quadro 5, sendo correlacionadas pelas causas de ocorrência.

Quadro 5 – Adversidades no Processo de Personalização

Fonte: Elaborado pela Autora


69

6. CONCLUSÃO

A partir do Quadro 6 temos a caracterização das obras associando o padrão


econômico. A partir disso, é possível levantar algumas considerações importantes.

Quadro 6 - Caracterização das Obras

Fonte: Elaborado pela Autora

Tendo em vista o apresentado no decorrer do trabalho, conclui-se que o objetivo,


que é detectar as principais dificuldades encontradas pelas construtoras, foi
alcançado, considerando que, a partir do estudo de caso envolvendo três obras que
executam a personalização de unidades, bem como da realização de um estudo do
processo de personalização, foram encontradas essas dificuldades nas obras, durante
a execução das unidades. Assim, esse estudo contribuiu para o entendimento da
dinâmica do processo.

Diante de tudo que foi exposto, pode-se considerar como as principais vantagens
desse processo para as empresas: facilitação das vendas, fidelidade e aumento da
satisfação dos clientes. Como principais adversidades foram elencadas: retrabalho,
atraso na entrega de unidades e a dificuldade na verificação de serviços.

De acordo com o que foi observado, as adversidades não podem ser eliminadas,
apenas minimizadas tendo um gerenciamento mais de perto da obra. Porém, as
empresas não reconhecem com essas adversidades para a organização com um
todo, tendo em vista que suas vantagens sobrepõem as dificuldades, destacando-se
o aspecto facilitador de venda.

Em face da abrangência deste assunto, ainda existe muito a ser estudado sobre
esse tema. Dessa forma, sugerem-se os seguintes tópicos para trabalhos futuros:

 Estudo do impacto econômico ocasionado pelas adversidades do


processo.
 Análise dos custos da personalização para a obra.
70

 Elaboração de um modelo ideal para o processo de personalização.


 Analisar as solicitações de modificação mediante o perfil de cada cliente.

É inegável que os processos produtivos na construção civil estão, e sempre


estarão, em constante mutação, acompanhando a evolução humana. Nesse contexto,
o estudo de sua cadeia produtiva e de seus elementos deve ser feito de maneira
continuada, como forma de expressão da própria evolução da sociedade, seus
ensejos e necessidades.
71

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73

APÊNDICE A – Questionário

1 Qual o porte da empresa? ! Grande ! Médio ! Pequeno


EMPRESA
2 Qual o padrão das obras da empresa? ! Alto ! Médio ! Baixo

Os imóveis oferecidos possuem quantos


3 ! 1 ou 2 ! 3 ! Mais de 3
dormitórios?
Existe mais de uma opção de apartamento no
EMPREENDIMENTO 4 ! Sim ! Não
empreendimento?
Qual o percentual de unidades personalizadas no
5 ! 0 a 30% ! 30 a 60% ! Mais de 60%
empreendimento?

A partir de que momento são oferecidas Durante a Outro:


6 ! Início da Obra ! !
personalizações aos clientes? Obra _________
São apresentadas normas de atendimento para a
7 ! Sim ! Não ! Não se aplica
personalização?
Existe um departamento responsável
8 ! Sim ! Não ! Não se aplica
exclusivamente pela personalização?
Caso o cliente adquira o apartamento após o
PROCESSO término do prazo de solicitação de
9 ! Sim ! Não ! Não se aplica
personalização, ainda assim é possível abrir uma
exceção?
No orçamento da personalização apresentado ao
Preço
10 cliente é apresentado um percentual sobre os ! Percentual ! ! Não se aplica
Fechado
serviços ou um preço fechado?
Qual o principal motivo para oferecer ao cliente a Faciliar a Imposição do
11 ! ! Lucro !
opção de customizar o apartamento? Venda Mercado

A partir de que momento do planejamento do


Concepção Durante a
12 empreendimento é levado em consideração a ! ! Início da Obra !
do Projeto Obra
personalização?
É permitido que o cliente apresente um projeto
13 especifico para modificação da unidade ! Sim ! Não ! Não se aplica
conforme sua necessidade?
Existe a opção de transformar áreas secas em
PROJETOS 14 ! Sim ! Não ! Não se aplica
áreas molhadas, e vice-versa?

São oferecidos aos clientes diferentes opções de


15 ! Sim ! Não ! Não se aplica
acabamento de pisos, revestimentos e granitos?
É permitido que o cliente escolha os
16 acabamentos de pisos, revestimentos e granitos ! Sim ! Não ! Não se aplica
em um fornecedor de sua referência?

Ao elaborar o planejamento da obra, são


17 previstas as etapas da ! Sim ! Não ! Não se aplica
personalização?
18 Existem cronogramas de curto/médio prazo? ! Sim ! Não ! Não se aplica
PLANEJAMENTO As atividades referentes à personalização são
19 inseridas no planejamento de longo, médio ou ! Longo ! Médio ! Curto
curto prazos?
É estipulado um prazo adicional para entrega da
20 ! Sim ! Não ! Não se aplica
unidade em caso de personalização?

O cliente tem acesso a amostras dos materiais de


21 ! Sim ! Não ! Não se aplica
personalização comercializados?
Quem é o responsável pela compra dos materiais Própria
22 ! ! Cliente ! Não se aplica
de personalização? Empresa
Os materiais comprados são entregues de uma só
MATERIAIS
23 vez, ou são feitos cronogramas de entrega de ! Uma só vez ! Cronograma ! Não se aplica
materiais junto aos fornecedores?

Os materiais de personalização são armazenados


24 ! Sim ! Não ! Não se aplica
separadamente por clientes/unidades?

Existem equipes de trabalhadores responsáveis


25 exclusivamente pela execução das ! Sim ! Não ! Não se aplica
EXECUÇÃO personalizações?
A mão de obra na produção, em sua maioria, é
26 ! Própria ! Terceirizada ! Não se aplica
própria ou terceirizada?
Cronograma - PSN
Pa vi mento Envi o Ca rta Reuni ã o de Apres enta çã o - INÍCIO Reuni ã o de Apresentaçã o - FINAL Entrega RV0 Fi na l i zaçã o do Proces s o - Cl i ente Projeto na Obra Iníci o Marca ção Al venari a
1° 4/5/ 6/ 7 06/02/2017 13/02/2017 28/02/2017 30/03/2017 03/07/2017 02/08/2017 01/09/2017
2° 8 / 9 / 10 / 11 24/03/2017 31/03/2017 15/04/2017 15/05/2017 02/08/2017 01/09/2017 01/10/2017

3° 12 / 13 / 14 / 15 03/04/2017 10/04/2017 25/04/2017 25/05/2017 02/09/2017 02/10/2017 01/11/2017


4° 16 / 17 / 18 / 19 01/05/2017 08/05/2017 23/05/2017 22/06/2017 02/10/2017 01/11/2017 01/12/2017
5° 20 / 21 / 22 / 23 01/06/2017 08/06/2017 23/06/2017 23/07/2017 02/11/2017 02/12/2017 01/01/2018
6° 24 / 25 / 26 / 27 /28 03/07/2017 10/07/2017 25/07/2017 24/08/2017 03/12/2017 02/01/2018 01/02/2018
7° 29 / 30 / 31/ 32 01/08/2017 08/08/2017 23/08/2017 22/09/2017 31/12/2017 30/01/2018 01/03/2018

8° 1402 - - 18/05/2017 17/06/2017 02/09/2017 02/10/2017 01/11/2017


9° 1201 03/04/2017 - 29/05/2017 28/06/2017 02/09/2017 02/10/2017 01/11/2017
10° 1601 08/06/2017 15/06/2017 30/06/2017 04/08/2017 12/10/2017 01/11/2017 01/12/2017
11° 1501 12/06/2017 12/06/2017 22/06/2017 22/07/2017 02/09/2017 02/10/2017 01/11/2017
12° 1502 12/06/2017 12/06/2017 22/06/2017 22/07/2017 02/09/2017 02/10/2017 01/11/2017
13° 901 19/06/2017 19/06/2017 19/06/2017 19/07/2017 17/08/2017 01/09/2017 01/10/2017
14° 1301 10/07/2017 17/07/2017 01/08/2017 11/08/2017 17/09/2017 02/10/2017 01/11/2017
15° 2601 11/08/2017 18/08/2017 02/09/2017 02/10/2017 18/12/2017 02/01/2018 01/02/2018
16° 3100 - 31/10/2017 31/10/2017 30/11/2017 31/12/2017 30/01/2018 01/03/2018
17° 2501 - 13/11/2017 13/11/2017 27/11/2017 02/01/2018 02/01/2018 01/02/2018
18° 1401 - 17/11/2017 17/11/2017 07/12/2017 10/01/2018 02/01/2018 01/02/2018
ANEXO A – Cronograma de Personalização - Obra 1
74
75

ANEXO B – Orçamento de Personalização – Obra 1

REVISÃO
ORÇAMENTO PERSONALIZAÇÃO DE CLIENTE 02
CLIENTE: EMPREENDIMENTO:
UNIDADE: DATA DO ORÇAMENTO: 06-abr-18

ITEM SOLICITAÇÃO CRÉDITO DÉBITO

1 ALVENARIA - Adequação de paredes em tijolo cerâmico 2.164,95 677,40

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS / TELEFÔNICAS - Relocação de 36 pontos, acréscimo de 44 pontos e


2 1.170,00 9.840,00
exclusão de 13 pontos
INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS - Relocação de 6 pontos, acréscimo de 6 pontos e exclusão de 2
3 300,00 3.000,00
pontos

4 INSTALAÇÕES DE GÁS - Relocação de 1 pontos, acréscimo de 0 pontos e exclusão de 1 pontos 150,00 150,00

INSTALAÇÕES DE AR CONDICIONADO - Relocação de 5 pontos, acréscimo de 1 pontos e


5 - 3.000,00
exclusão de 0 pontos
INSTALAÇÕES DE ASPIRAÇÃO / EXAUSTÃO - Relocação de 0 pontos, acréscimo de 0 pontos e
6 - -
exclusão de 0 pontos

7 REVEST. PAREDES - Adequação revestimento 5.419,02 12.634,61

8 FORROS - Adequação de forros 2.296,78 6.023,82


PERSONALIZAÇÕES

9 REVEST. PISO - Adequação de revestimento de piso 8.794,16 17.534,32

10 RODAPÉS - Adequação de rodapés 2.751,55 3.344,10

11 SOLEIRAS - Adequação de soleiras 1.456,95 433,34

12 TENTOS - Adequação de tentos 186,24 144,63

13 ESQUADRIAS DE MADEIRA - Adequação de esquadria de madeira e ferragens 3.358,03 -

ESQUADRIAS METÁLICA - Adequação de esquadria metálica. Acréscimo de cortina de vidro


14 16.577,54 8.905,16
fazendo fechamento do living

15 VIDROS - Adequação de vidros 3.683,36 -

16 PINTURAS - Adequação de pinturas nas paredes, forros e esquadrias 1.425,21 1.714,63

17 LOUÇAS - Adequação de louças 2.996,90 164,95

18 METAIS - Adequação de metais 1.730,63 290,41

19 BANCADAS - Adequação de bancadas 4.781,49 11.576,91

20 ACESSÓRIOS DIVERSOS 380,18 2.377,53

21 CHURRASQUEIRA - Adequação de churrasqueira - -

22 BASES - Base para armários - -

23 SERVIÇOS TÉCNICOS - Projetos e equipamentos - 7.700,00

CUSTO TOTAL 59.622,99 89.511,81

Observações:
CRÉDITOS

* O CLIENTE SOLICITOU O ACRÉSCIMO DE PERSIANA COM MOTOR/CONTROLE NOS AMBIENTES: SUÍTE MASTER, SUÍTE 02 E SUÍTE 03.

TOTAL CRÉDITO -R$ 59.622,99


TOTAL DÉBITO R$ 89.511,81
SALDO (CRÉDITO - DÉBITO) R$ 29.888,82
ADMINISTRAÇÃO CONSTRUTORA R$ 26.853,54
CUSTO PERSIANAS COM MOTOR/CONTROLE R$ 3.120,00
CUSTO PARA CÓPIAS E REAPROVAÇÃO DE PROJETOS R$ 2.000,00
ADMINISTRAÇÃO DOS MATERIAIS FORNECIDOS PELO CLIENTE R$ 1.543,51

SUBTOTAL R$ 63.405,87
IMPOSTOS R$ 0,00

VALOR TOTAL DA PERSONALIZAÇÃO R$ 63.405,87


Re sponsável pe l o orça mento/ Construtora : Ci ente / Pe rsona li zaçã o Construtora:

______________________________
______________________________ Da ta: ______/______/______
Data : ______/______/______

Condições de pagamento: ___________________ Data: _____/_____/_____ Aprovado pelo CLIENTE:


___________________________________________
76

ANEXO C – Cronograma de Entrega de Materiais de Cliente – Obra 1


Pavimento Unidade Opção de planta Unidade Opção de planta Unidade Opção de planta Unidade Opção de planta Unidade Opção de planta Unidade Opção de planta
4º Pavimento 401 402 403 404 405 406
5º Pavimento 501 PLANTA TIPO 502 PLANTA TIPO 503 504 505 PLANTA TIPO 506 PLANTA TIPO
6º Pavimento 601 PLANTA TIPO 602 PLANTA TIPO 603 604 605 PLANTA TIPO 606 PLANTA TIPO
7º Pavimento 701 PLANTA TIPO 702 PLANTA TIPO 703 704 PLANTA TIPO 705 PLANTA TIPO 706
8º Pavimento 801 802 PLANTA TIPO 803 804 805 806 PLANTA TIPO
9º Pavimento 901 COM VARANDA 902 PLANTA TIPO 903 904 905 906 PLANTA TIPO
10º Pavimento 1001 COM VARANDA 1002 PLANTA TIPO 1003 PLANTA TIPO 1004 PLANTA TIPO 1005 1006 PLANTA TIPO
11º Pavimento 1101 PLANTA TIPO 1102 PLANTA TIPO 1103 1104 PLANTA TIPO 1105 PLANTA TIPO 1106 PLANTA TIPO
12º Pavimento 1201 PLANTA TIPO 1202 PLANTA TIPO 1203 1204 PLANTA TIPO 1205 PLANTA TIPO 1206 PLANTA TIPO
13º Pavimento 1301 PLANTA TIPO 1302 PLANTA TIPO 1303 1304 PLANTA TIPO 1305 PLANTA TIPO 1306 PLANTA TIPO
14º Pavimento 1401 PLANTA TIPO 1402 PLANTA TIPO 1403 1404 PLANTA TIPO 1405 PLANTA TIPO 1406 PLANTA TIPO
15º Pavimento 1501 PLANTA TIPO 1502 PLANTA TIPO 1503 PERSONALIZADO 1504 1505 PLANTA TIPO 1506 PLANTA TIPO
16º Pavimento 1601 1602 PLANTA TIPO 1603 1604 PLANTA TIPO 1605 PLANTA TIPO 1606 PLANTA TIPO
17º Pavimento 1701 COM VARANDA 1702 PLANTA TIPO 1703 1704 1705 PLANTA TIPO 1706 PLANTA TIPO
18º Pavimento 1801 PLANTA TIPO 1802 PLANTA TIPO 1803 PLANTA TIPO 1804 PLANTA TIPO 1805 PLANTA TIPO 1806 PLANTA TIPO
19º Pavimento 1901 PLANTA TIPO 1902 PLANTA TIPO 1903 COM COZINHA FECHADA 1904 1905 PLANTA TIPO 1906 PLANTA TIPO
20º Pavimento 2001 PLANTA TIPO 2002 PLANTA TIPO 2003 2004 2005 PLANTA TIPO 2006 PLANTA TIPO
21º Pavimento 2101 COM VARANDA 2102 PLANTA TIPO 2103 2104 PLANTA TIPO 2105 2106 PLANTA TIPO
22º Pavimento 2201 PLANTA TIPO 2202 PLANTA TIPO 2203 PLANTA TIPO 2204 2205 PLANTA TIPO 2206 PLANTA TIPO
23º Pavimento 2301 PLANTA TIPO 2302 PLANTA TIPO 2303 2304 2305 2306 PLANTA TIPO
24º Pavimento 2401 PLANTA TIPO 2402 PLANTA TIPO 2403 2404 2405 PLANTA TIPO 2406 PLANTA TIPO
25º Pavimento 2501 PLANTA TIPO 2502 PLANTA TIPO 2503 2504 PLANTA TIPO 2505 2506 PLANTA TIPO
26º Pavimento 2601 2602 PLANTA TIPO 2603 PLANTA TIPO 2604 2605 2606 COM VARANDA
27º Pavimento 2701 2702 PLANTA TIPO 2703 PLANTA TIPO 2704 2705 2706 PLANTA TIPO
28º Pavimento 2801 2802 PLANTA TIPO 2803 2804 2805 2806 PLANTA TIPO
29º Pavimento 2901 2902 PLANTA TIPO 2903 2904 2905 2906 PLANTA TIPO
30º Pavimento 3001 PLANTA TIPO 3002 PLANTA TIPO 3003 3004 PLANTA TIPO 3005 3006 PLANTA TIPO
30º Pavimento 3101 PLANTA TIPO 3102 PLANTA TIPO 3103 3104 PLANTA TIPO 3105 3106 PLANTA TIPO
ANEXO D – Quadro de Personalização – Obra 2

30º Pavimento 3201 PLANTA TIPO 3202 PLANTA TIPO 3203 3204 3205 PLANTA TIPO 3206
30º Pavimento 3301 PLANTA TIPO 3302 PLANTA TIPO 3303 3304 PLANTA TIPO 3305 PLANTA TIPO 3306 PLANTA TIPO
77
78

ANEXO E – Orçamento de Personalização - Obra 3

IDENTIFICAÇÃO VERSÃO

ORÇAMENTO PERSONALIZAÇÃO DE CLIENTE


FP.59 01

CLIENT E: EMPREENDIMENTO:

UNIDADE: DATA DO ORÇAMENTO: 17-abr-18

MATERIAIS A SEREM
ITEM SOLICITAÇÃO VIABILIDADE CRÉDITO DÉBITO
FORNECIDOS PELO
1 ALVENARIA - Adequação de paredes em tijolo cerâmico 3.798,47 2.741,92
INSTALAÇÕES ELÉT RICAS / TELEFÔNICAS - Relocação de 55 pontos e
2 - 11.447,75
acréscimo de 45 pontos
INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS - Relocação de 17 pontos e acréscimo de 5
3 - 5.100,04
pontos
4 INSTALAÇÕES DE GÁS - Relocação de 0 pontos e acréscimo de 0 pontos - -
INSTALAÇÕES DE AR CONDICIONADO - Relocação de 6 pontos e acréscimo de
5 - 5.119,12
2 pontos
INSTALAÇÕES DE ASPIRAÇÃO / EXAUSTÃO - Relocação de 3 pontos e
6 - 900,00
acréscimo de 0 pontos
7 REVEST. PAREDES - Adequação revestimento 4.118,96 8.628,93

8 FORROS - Adequação de forros 460,69 1.999,32

9 REVEST. PISO - Adequação de revestimento de piso 29.315,53 3.964,19

10 RODAPÉS - Adequação de rodapés 3.637,31 293,19


PERSONALIZAÇÕES

11 SOLEIRAS - Adequação de soleiras 882,08 305,64

12 TENTOS - Adequação de tentos 242,96 236,00

13 ESQUADRIAS DE MADEIRA - Adequação de esquadria de madeira e ferragens 2.308,72 -

14 ESQUADRIAS METÁLICA - Adequação de esquadria metálica 3.817,32 -

15 VIDROS - Adequação de vidros 9,75 -

16 PINTURAS - Adequação de pinturas nas paredes, forros e esquadrias 1.077,38 787,32

17 LOUÇAS - Adequação de louças 3.540,78 521,11

18 METAIS - Adequação de metais 3.500,45 9.879,76

19 BANCADAS - Adequação de bancadas 5.292,28 15.452,50

20 ACESSÓRIOS DIVERSOS - -

21 CHURRASQUEIRA - Adequação de churrasqueira - -

22 BASES - Base para armários - 1.995,42

23 SERVIÇOS GERAIS - Equipamentos e Transportes - -

24 SERVIÇOS T ÉCNICOS - Projetos e equipamentos - 3.534,92

CUSTO TOTAL 62.002,68 72.907,13

Observações:

Não serão utilizados os seguintes materiais da especificação original:


CRÉDITOS

TOTAL CRÉDITO -R$ 62.002,68

TOTAL DÉBITO R$ 72.907,13

SALDO (CRÉDITO - DÉBITO - DESCONTO) R$ 10.904,45

ADMINISTRAÇÃO CONSTRUTORA R$ 1.635,67

CUSTO PARA CÓPIAS E REAPROVAÇÃO DE PROJETOS

ADMINISTRAÇÃO DOS MATERIAIS FORNECIDOS PELO CLIENTE R$ 530,55

SUBTOTAL R$ 13.070,67

IMPOSTOS R$ 2.663,86

TOTAL R$ 15.734,53

MATERIAIS A SEREM
ITEM SOLICITAÇÃO VIABILIDADE FORNECIDOS PELO VALOR
CLIENTE
KITS

1
2
3
9
TOTAL KITS

VALOR TOTAL DA PERSONALIZAÇÃO 15.734,53


DESCONTO AO CLIENTE 530,55
VALOR DA PERSONALIZAÇÃO A PAGAR 15.203,98

Responsável pelo orçamento/ Construtora: Ciente / Personalização Construtora:

______________________________ Data: ______/______/______ ______________________________ Data: ______/______/______

Condições de pagamento: ___________________ Data: _____/_____/_____ Aprovado pelo CLIENT E: ___________________________________________

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