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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS

CÂMPUS GOIÂNIA
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DA ÁREA III
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

GABRIEL CAMILO VIEIRA

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS PINTURAS: ESTUDO DE CASO NO


INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS – CAMPUS GOIÂNIA

Goiânia, GO
2021
Gabriel Camilo Vieira

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS PINTURAS: ESTUDO DE CASO NO


INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS – CAMPUS GOIÂNIA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Coordenação do Curso de
Engenharia Civil do Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia de Goiás,
Campus Goiânia, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Me. Glydson Ribeiro


Antonelli

Goiânia, GO
2021
V658m Vieira, Gabriel Camilo.
Manifestações patológicas nas pinturas: estudo de caso no Instituto Federal de Goiás – Campus
Goiânia / Gabriel Camilo Vieira. – Goiânia: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de Goiás, 2021.
77 f. : il.

Orientador: Prof. Me. Glydson Ribeiro Antonelli.

TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) – Curso de Bacharelado em Engenharia Civil,


Coordenação do Curso de Engenharia Civil, Departamento das Áreas Acadêmicas III, Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.

1. Manifestações patológicas – pintura – Instituto Federal de Goiás – Câmpus Goiânia. 2.


Construção civil – tintas. I. Antonelli, Glydson Ribeiro (orientador). II. Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás. III. Título.

CDD 690

Ficha catalográfica elaborada pelo Bibliotecário Alisson de Sousa Belthodo Santos CRB1/ 2.266
Biblioteca Professor Jorge Félix de Souza,
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Goiânia.
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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
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[ ] Tese [ ] Artigo Científico
[ ] Dissertação [ ] Capítulo de Livro
[ ] Monografia – Especialização [ ] Livro
[X] TCC - Graduação [ ] Trabalho Apresentado em Evento
[ ] Produto Técnico e Educacional - Tipo: ___________________________________

Nome Completo do Autor: Gabriel Camilo Vieira


Matrícula: 20151011050330
Título do Trabalho: Manifestações patológicas nas pinturas: estudo de caso no Instituto
Federal de Goiás – Campus Goiânia

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entregue seja baseado em trabalho financiado ou apoiado por outra instituição que
não o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.

Goiânia, 18 de março de 2021.

_____________________________________________________________
Assinatura do Autor e/ou Detentor dos Direitos Autorais
Gabriel Camilo Vieira

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS PINTURAS: ESTUDO DE CASO NO


INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS – CAMPUS GOIÂNIA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Coordenação do Curso de
Engenharia Civil do Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia de Goiás,
Campus Goiânia, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em 18 de março de 2021:

Glydson Ribeiro Antonelli, Me. (IFG)


(Orientador)
(Assinado eletronicamente)

Giovane Batalione, Me. (IFG)


(Assinado eletronicamente)

Valdeir Francisco de Paula, Dr. (IFG)


(Assinado eletronicamente)

Goiânia, GO
2021
AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado força e sabedoria para a realização de todos os meus
objetivos.
Aos meus pais pelo amor incondicional, apoio e incentivo proporcionados ao
longo da minha vida.
A minha namorada por estar comigo durante todos os momentos difíceis da
graduação.
Ao Professor Me. Glydson Ribeiro Antonelli pelas orientações que foram
fundamentais no desenvolvimento deste trabalho.
A todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste
trabalho.
RESUMO

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS PINTURAS: ESTUDO DE CASO NO


INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS – CAMPUS GOIÂNIA

AUTOR: Gabriel Camilo Vieira


ORIENTADOR: Glydson Ribeiro Antonelli

O Instituto Federal de Goiás – Campus Goiânia (IFG – Campus Goiânia) é uma edificação que faz
parte da história da cidade de Goiânia, possuindo mais de 75 anos. Dessa maneira, devido à
temporalidade desta construção, é comum observar vários pontos em que sua pintura se encontra
comprometida. A pintura na construção civil tem um papel fundamental, que além de apenas garantir
o embelezamento da construção, permite também a proteção do substrato. Assim sendo, foram
realizadas pesquisas bibliográficas a respeito das tintas e das principais patologias que podem afetar o
revestimento, objetivando uma melhor compreensão da atual situação em que se encontra o IFG –
Campus Goiânia. Portanto, este trabalho baseou-se no método proposto por Lichtenstein (1986) com a
finalidade de buscar informações importantes sobre cada patologia identificada, realizar um
diagnóstico e propor medidas de intervenção. Ao desenvolver o presente estudo, foi possível perceber
que grande parte dos problemas encontrados nas pinturas foram causados pela ação da água e pela
falta de preparação adequada da superfície.

Palavras-chave: Pintura. Manifestações patológicas. Diagnóstico. Instituto Federal de Goiás – Campus


Goiânia.
ABSTRACT

PATHOLOGICAL MANIFESTATIONS IN PAINTINGS: CASE STUDY AT THE


FEDERAL INSTITUTE OF GOIÁS - CAMPUS GOIÂNIA

AUTHOR: Gabriel Camilo Vieira


ADVISOR: Glydson Ribeiro Antonelli

The Federal Institute of Goiás - Campus Goiânia (IFG - Campus Goiânia) is a teaching building that is
part of the history of the city of Goiânia, having more than 75 years, so, due to the temporality of this
construction, it is common to observe several points in that your painting is compromised. Painting in
civil construction has a fundamental role, which goes beyond just guaranteeing the beautification of
the construction, also guaranteeing the protection of the substrate. In this way, bibliographic
researches were carried out regarding the paints and the main pathologies that can affect the coating,
to better understand the current situation in which the IFG - Campus Goiânia finds itself. Therefore,
this work was based on the method proposed by Lichtenstein (1986) to seek important information
about each identified pathology, make a diagnosis and propose intervention measures. When
developing the present study, it was possible to notice that most of the problems found in the paintings
were caused by the action of water and the lack of adequate surface preparation.

Keywords: Painting. Pathological manifestations. Diagnosis. Federal Institute of Goiás – Campus


Goiânia.
LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Mancha de bolor e descascamento da pintura na alvenaria da fachada principal . 15


Figura 02 – Descascamento da pintura na laje de cobertura da entrada dos alunos ................ 16
Figura 03 – Componentes básicos das tintas ......................................................................... 19
Figura 04 – Pigmentos ........................................................................................................ 20
Figura 05 – Homogeneização da tinta................................................................................... 31
Figura 06 – Origem das patologias com relação às etapas do processo de construção ........... 35
Figura 07 – Bolhas na pintura .............................................................................................. 36
Figura 08 – Descascamento da pintura ................................................................................. 37
Figura 09 – Fissuras no revestimento de pintura ................................................................... 38
Figura 10 – Eflorescência na pintura .................................................................................... 38
Figura 11 – Enrugamento da pintura .................................................................................... 39
Figura 12 – Deterioração da pintura por saponificação ......................................................... 40
Figura 13 – Descoloração da pintura .................................................................................... 40
Figura 14 – Manchas de mofo ou bolor ................................................................................ 41
Figura 15 – Manchas amareladas na pintura ......................................................................... 42
Figura 16 – Desagregação da pintura.................................................................................... 42
Figura 17 – Fluxograma de atuação para a resolução das manifestações patológicas ............ 45
Figura 18 – Localização do objeto de estudo ........................................................................ 46
Figura 19 – Planta baixa do pavimento térreo do IFG - Campus Goiânia .............................. 47
Figura 20 – Ficha de vistoria ................................................................................................ 48
Figura 21 – Fluxograma da metodologia .............................................................................. 49
Figura 22 – Fissura vertical na pintura do corredor do bloco 100 (pavimento inferior).......... 51
Figura 23 – Fissuras inclinadas na pintura do corredor do bloco 200 (pavimento superior) ... 51
Figura 24 – Fissuras mapeadas no corredor do bloco 300 (pavimento superior) .................... 52
Figura 25 – Fissura horizontal e vertical no corredor do bloco 400 (pavimento superior) ...... 52
Figura 26 – Fissura vertical e descascamento no corredor do bloco 500 (pavimento superior)
............................................................................................................................................ 53
Figura 27 – Corredor do bloco 200 (pavimento superior) ..................................................... 54
Figura 28 – Corredor principal do Campus ........................................................................... 56
Figura 29 – Descascamento da pintura do pilar do corredor principal ................................... 56
Figura 30 – Descascamento da pintura no corredor do bloco 100 (pavimento inferior) ......... 57
Figura 31 – Descascamento da pintura no corredor do bloco 200 (pavimento superior) ........ 57
Figura 32 – Descascamento da pintura na alvenaria do bloco 200 (pavimento inferior) ........ 58
Figura 33 – Descascamento da pintura no corredor do bloco 300 (pavimento inferior) ......... 58
Figura 34 – Descascamento da pintura no bloco 400 (pavimento inferior) ............................ 59
Figura 35 – Descascamento da pintura no teto do corredor do bloco 200 (pavimento superior)
............................................................................................................................................ 60
Figura 36 – Descascamento da pintura e manchas de bolor na escadaria do bloco 500 .......... 60
Figura 37 – Descascamento da pintura no corredor do bloco 400 (pavimento inferior) ......... 61
Figura 38 – Bolhas na pintura no bloco 300 (pavimento inferior) ......................................... 62
Figura 39 – Bolhas na pintura no bloco 300 (pavimento inferior) ......................................... 62
Figura 40 – Bolhas na pintura no bloco 400 (pavimento inferior) ......................................... 63
Figura 41 – Bolhas na pintura no bloco 400 (pavimento inferior) ......................................... 63
Figura 42 – Bolhas na pintura no bloco 500 (pavimento inferior) ......................................... 64
Figura 43 – Manchas de bolor na fachada principal (bloco 100) ........................................... 65
Figura 44 – Manchas de bolor na pintura da laje da entrada dos alunos ................................ 66
Figura 45 – Manchas de bolor no teto do corredor principal ................................................. 66
Figura 46 – Peitoril localizado no corredor principal ............................................................ 67
Figura 47 – Manchas de bolor ou fungos no teto do corredor principal ................................. 67
Figura 48 – Calha lateral da laje do corredor principal.......................................................... 68
Figura 49 – Mancha de bolor no teto do corredor do bloco 100 (pavimento superior) ........... 68
Figura 50 – Desagregação do substrato e da pintura no bloco 300 (pavimento inferior) ........ 69
Figura 51 – Desagregação do substrato e mancha de bolor no bloco 400 (pavimento inferior)
............................................................................................................................................ 70
Figura 52 – Desagregação do substrato e da pintura no bloco 400 (pavimento inferior) ........ 70
Figura 53 – Desagregação da pintura no bloco 500 (pavimento inferior) .............................. 71
Figura 54 – Enrugamento da pintura no bloco 200 (pavimento inferior) ............................... 72
LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Principais tipos de aditivos e suas funções ........................................................ 21


Tabela 02 – Aspecto do acabamento da pintura em função do PVC ...................................... 22
Tabela 03 – Propriedades das superfícies ............................................................................ 28
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

GAAM Gerência de Apoio Administrativo e Manutenção

IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia

IFG Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás

IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

NBR Norma Técnica

PVA Acetato de Polivinila

PVC Pigment Volume Content

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

UV Radiação Ultravioleta

°C Graus Celsius
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 14
1.1.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 14
1.1.2 Objetivos específicos ............................................................................................. 14
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 16
2.1 BREVE HISTÓRICO DA PINTURA .................................................................... 16
2.2 TINTAS ................................................................................................................. 18
2.2.1 Composição das tintas .......................................................................................... 18
2.2.2 Características das tintas ..................................................................................... 21
2.2.3 Principais tipos de tintas ...................................................................................... 22
2.2.3.1 Tinta látex acrílica ................................................................................................. 22
2.2.3.2 Tinta texturizada acrílica ....................................................................................... 23
2.2.3.3 Tinta látex vinílica.................................................................................................. 24
2.2.3.4 Esmalte sintético alquídico ..................................................................................... 24
2.2.3.5 Tinta a óleo ............................................................................................................ 25
2.2.3.6 Tinta à base de silicone .......................................................................................... 25
2.2.3.7 Cal hidratada para pintura .................................................................................... 26
2.2.3.8 Verniz sintético alquídico ....................................................................................... 26
2.3 TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO DAS TINTAS ............................................... 27
2.3.1 Propriedades das superfícies ................................................................................ 27
2.3.2 Preparação de superfícies a serem pintadas ........................................................ 28
2.3.3 Condições ambientais para aplicação das tintas ................................................. 30
2.3.4 Execução da pintura ............................................................................................. 30
2.4 PATOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL E SUAS GENERALIDADES ............. 32
2.4.1 Vida útil ................................................................................................................ 32
2.4.2 Durabilidade ......................................................................................................... 32
2.4.3 Desempenho .......................................................................................................... 33
2.4.4 Manutenção .......................................................................................................... 33
2.4.5 Inspeção ................................................................................................................ 33
2.4.6 Origens das manifestações patológicas ................................................................ 34
2.4.7 Causas das manifestações patológicas ................................................................. 35
2.4.8 Principais manifestações patológicas nas pinturas.............................................. 36
2.4.8.1 Bolhas .................................................................................................................... 36
2.4.8.2 Descascamento ou destacamento ............................................................................ 36
2.4.8.3 Fissuras ................................................................................................................. 37
2.4.8.4 Eflorescência.......................................................................................................... 38
2.4.8.5 Enrugamento .......................................................................................................... 39
2.4.8.6 Saponificação......................................................................................................... 39
2.4.8.7 Descoloração ou desbotamento .............................................................................. 40
2.4.8.8 Mofo, bolor ou fungos ............................................................................................ 41
2.4.8.9 Manchas amareladas ............................................................................................. 41
2.4.8.10 Desagregação da pintura ....................................................................................... 42
2.5 MÉTODO DE LICHTENSTEIN ............................................................................ 43
2.5.1 Levantamento de subsídios .................................................................................. 43
2.5.2 Diagnóstico ........................................................................................................... 43
2.5.3 Definição de conduta ............................................................................................ 43
3 METODOLOGIA ................................................................................................ 46
3.1 OBJETO DE ESTUDO .......................................................................................... 46
3.2 PROCEDIMENTO REALIZADO .......................................................................... 47
4 RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS ........................................................... 50
4.1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA PINTURA IDENTIFICADAS NO
CAMPUS ............................................................................................................................ 50
4.1.1 Fissuras ................................................................................................................. 50
4.1.2 Descascamento da pintura ................................................................................... 55
4.1.3 Bolhas na pintura ................................................................................................. 61
4.1.4 Mofo, bolor ou fungos .......................................................................................... 65
4.1.5 Desagregação da pintura ...................................................................................... 69
4.1.6 Enrugamento da pintura ...................................................................................... 72
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 75
14

1 INTRODUÇÃO

A pintura tem um papel fundamental na construção civil. Além de garantir o


embelezamento dos ambientes interno e externo de uma obra, ela também garante a proteção
do local em que foi sobreposta pois, uma vez que a tinta seja aplicada em uma superfície,
forma-se uma película que se adere ao substrato, sendo esta a primeira camada de proteção,
tornando-se mais suscetível às manifestações patológicas.
A patologia é a área da engenharia responsável pelo estudo das anomalias na
construção civil, o qual é feito a partir de informações coletadas ou análises da manifestação
patológica através da sua origem, causas, sintomas, mecanismos de ocorrência e
consequências (CREMONINI, 1988). Portanto, a patologia nas pinturas está relacionada à
deterioração da mesma e à perda de sua eficiência, prejudicando tanto os aspectos estéticos
quanto os estruturais da edificação, causando assim a necessidade de sucessivas reformas e
reparos que, por sua vez, exigem cada vez mais gastos.
Segundo Marques (2013), as patologias provocadas nas pinturas podem ser
provenientes de agentes externos, utilização de materiais inadequados e erros de aplicação.
Dessa forma, é necessário que sejam realizadas manutenções e inspeções periódicas, com a
finalidade de evitar o comprometimento do revestimento e, consequentemente, a diminuição
de sua vida útil.
Sendo assim, deve-se ter uma maior preocupação com o objeto de estudo -
Instituto Federal de Goiás – Campus Goiânia (IFG), pois trata-se de uma edificação com mais
de 75 anos, sendo parte integrante da história da cidade de Goiânia. Desse modo, será
apresentado neste trabalho um estudo sobre as patologias nas pinturas do IFG – Campus
Goiânia - adotando medidas de manutenção e técnicas de reparos.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é identificar as patologias nas pinturas do Instituto


Federal de Goiás – Campus Goiânia (IFG) e propor técnicas de reparos da pintura.

1.1.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:


15

 Realizar um estudo bibliográfico acerca da pintura e das principais patologias


recorrentes;
 Identificar as manifestações patológicas nas pinturas do Instituto Federal de Goiás –
Campus Goiânia;
 Propor técnicas de reparos para cada patologia da pintura identificada.

1.2 JUSTIFICATIVA

A pintura é bastante utilizada na construção civil como revestimento para proteção


e para efeitos estéticos da edificação. Contudo, as manifestações patológicas afetam a sua
eficiência, causando, assim, sucessivas reformas e reparos que, por sua vez, demandam cada
vez mais gastos e resíduos e que, se não solucionadas, passam a comprometer toda a linha de
benefícios esperados.
A escolha da edificação do Instituto Federal de Goiás – Campus Goiânia (IFG),
como tema central deste trabalho de pesquisa, tem como premissa básica a temporalidade
desta construção, onde podem ser observados, com facilidade, pela ação do tempo, vários
locais do referido Campus com comprometimento de sua pintura, como indicados nas Figuras
01 e 02.
Figura 01 – Mancha de bolor e descascamento da pintura na alvenaria da fachada principal

Fonte: Autoria própria


16

Figura 02 – Descascamento da pintura na laje de cobertura da entrada dos alunos

Fonte: Autoria própria


O local de estudo está amparado pelo Decreto nº 4.943/1998, o qual faz do
Instituto um dos 24 bens imóveis culturais de Goiânia, havendo tombamento do perímetro da
área apenas da quadra 118; entre as ruas 75, 66, 79 e 62, no setor Central e, dentro do próprio
local, com o tombamento do pórtico, bloco 100, bloco 200 e do Teatro do IFG. Essas áreas de
tombamento estão protegidas de toda e qualquer modificação e manutenção que não estejam
de acordo e amparadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN),
o qual tombou o IFG, em 2003, como parte da memória arquitetônica de Goiânia.
Portanto, este trabalho tem como finalidade precípua estabelecer caminhos
críticos viáveis para a melhoria estética da pintura do campus, dentro dos parâmetros legais
vigentes e obedecidas as normas da legalidade e suas exceções, conforme definidos pelo
decreto de tombamento, mantendo o palco histórico em boas condições estruturais, bem como
servindo de referência como base para intervenções corretivas necessárias à recuperação de
áreas de pintura degradadas e solução dos problemas identificados, mantendo a edificação em
bom estado de conservação e operacionalidade.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 BREVE HISTÓRICO DA PINTURA

De acordo com Fazenda (2009), a pintura existe no mundo desde os primórdios da


humanidade. Na era pré-histórica os seres humanos utilizavam-se da pintura para o ato de
comunicação e estabelecer rituais de caça. Para que pudessem executá-la os nossos ancestrais
17

baseavam-se em técnicas simples no preparo das cores com o auxílio dos próprios dedos,
manuseando materiais tais como óxidos de ferro naturais, ocre vermelho, cal, carvão e terra
verde para extrair o pigmento.
Com o surgimento de novas civilizações e dos avanços nas áreas de conhecimento
técnico, a pintura desenvolveu-se trazendo consigo novas concepções e métodos de trabalho,
tornando seus resultados bastante significativos no desenrolar de sua história.
Os egípcios faziam o uso da pintura para efeitos estéticos e decorativos, sendo
pioneiros no desenvolvimento de pigmentos sintéticos, resultado do conjunto de materiais
como óxido de cálcio, alumina, sílica, resíduos de soda e óxidos de cobre. Para o
processamento de todos esses pigmentos os egípcios usavam como ligantes componentes
como a goma arábica, clara e gema de ovos, gelatina e cera de abelha. Além disso, também
contribuíram para o surgimento de um pigmento orgânico formado pela mistura de uma planta
da própria região e gesso natural (FAZENDA, 2009).
Gonzaga (2011) ressalta que no Período Clássico os gregos e os romanos
utilizavam-se de materiais similares aos dos egípcios na confecção de pigmentos e ligantes,
porém acabaram por desenvolver, através de seus conhecimentos, outros tipos de pigmentos
acrescentando novos materiais como o chumbo branco, zarcão, óxido amarelo de chumbo,
verdete e ossos escuros. Nesta época, também era comum a utilização de pigmentos orgânicos
a base de plantas, argila e mel e a aplicação de piche nos navios com o propósito de vedar
(FAZENDA, 2009).
Segundo Polito (2006) as civilizações que surgiram no Oriente também trouxeram
novidades acerca da pintura, porém assim como os outros povos já citados, o foco ainda era
voltado aos efeitos estéticos e decorativos, secundarizando os aspectos relativos à proteção.
Os japoneses e chineses desenvolveram suas cores utilizando-se da azurita, carbonato básico
de cobre, malaquita, zarcão, azul ultramarino, entre outros pigmentos adquiridos através de
plantas da própria região (GONZAGA, 2011 apud ABRAFATI, 2005).
As pinturas passaram a apresentar uma excelente durabilidade a partir das técnicas
desenvolvidas pelos índios americanos, que extraiam o pigmento preto, oriundo do carvão
vegetal, para aplicarem em suas canoas. Para a pintura corporal utilizavam-se de uma outra
qualidade de carvão. A cor branca era obtida por meio da diatomita, elemento encontrado no
fundo de lagos ou em ossos de animais silvestres. Os ligantes utilizados por esses povos eram
provenientes de ovos de salmão e óleos de peixes (FAZENDA, 2009).
Segundo Fazenda (2009), muitas informações a respeito de tintas e vernizes foram
encontradas em manuscritos confeccionados durante a Europa Medieval, onde os autores
18

sugeriam a utilização de óleos para vernizes, uso de cera e cola como ligante para
revestimentos, e a preparação de um verniz óleo-resinoso. Posteriormente, vários artistas
renascentistas começaram a fabricar suas próprias tintas e a registrarem a forma de preparação
das mesmas em manuscritos.
Foi durante a Revolução Industrial que a pintura registrou seu maior
desenvolvimento. Nessa fase, surgiram as primeiras descrições técnicas da indústria de tintas
e vernizes, sendo o copal e âmbar as resinas mais utilizadas. As primeiras indústrias nesse
ramo foram fundadas na Inglaterra, França, Alemanha e Áustria (FAZENDA, 2009).
De acordo com Polito (2006), o Século XX tornou-se o marco no
desenvolvimento da indústria das tintas, com o surgimento de novos conhecimentos e
tecnologias que contribuíram significativamente para melhor eficiência dos produtos a serem
fabricados. Essas tecnologias garantiram uma tinta com melhor durabilidade e com diversos
tipos de pigmentos. Aos aspectos decorativos foram agregados à pintura os de proteção e
conservação.

2.2 TINTAS

Segundo ABRAFATI (2006), a tinta é uma mistura de componentes sólidos (que


forma a película aderente ao substrato), voláteis (água ou solventes orgânicos) e aditivos
(garante propriedades importantes ao produto). Portanto, é a combinação desses elementos
que irão definir as propriedades e características da tinta, bem como sua resistência, aplicação
e valor.
A pintura está relacionada diretamente com a proteção e embelezamento dos
ambientes. Dessa maneira, a tinta é um conjunto de elementos que quando aplicada ao
substrato, após sua secagem, garante um acabamento estético capaz de impedir ações de
agentes causadores de patologias, como a umidade, poluição atmosférica, vento, entre outros.
(CUNHA, 2011).

2.2.1 Composição das tintas

De modo geral, a tinta é composta por quatro tipos de matérias-primas: resinas,


pigmentos, solventes e aditivos, conforme ilustra a Figura 03.
19

Figura 03 – Componentes básicos das tintas

Fonte: Adaptado, Polito (2010)


A resina, classificada como veículo sólido não volátil, é o ligante das partículas de
pigmento que forma uma película denominada de filme. Essa matéria-prima é responsável
pelas características da tinta, pois é através dela que se determina a aderência, brilho,
secagem, resistência, adesão e flexibilidade do produto. As resinas mais utilizadas na
fabricação das tintas são: alquídicas, epóxi, poliuretânicas, acrílicas, poliéster, vinílicas e
nitrocelulose (ABRAFATI, 2006; UEMOTO, 2002).
Por outro lado, o solvente trata-se de uma substância líquida com baixo ponto de
ebulição, sendo considerado um produto volátil. Esse produto tem como função dissolver
outros materiais, como por exemplo a resina, sem alterar suas propriedades químicas, além de
proporcionar uma viscosidade adequada à tinta. Por se tratar de uma substância volátil, após a
aplicação da tinta o solvente evapora deixando uma película de pigmentos (filme) estruturada
com resina sobre o substrato (POLITO, 2006).
Para Polito (2006), os pigmentos são substâncias insolúveis não voláteis, em
formato de um pó fino, cuja finalidade precípua é de garantir cores e poder de cobertura às
tintas (Figura 04). Dentre os existentes, o principal pigmento trata-se do dióxido de titânio
devido ao seu elevado índice de refração, tendo como propriedade agregar à tinta um alto
poder de cobertura, alvura e durabilidade, face ao seu alto poder de reflexão da luz
(UEMOTO, 2002).
Fazenda (2009) divide os pigmentos em orgânicos e inorgânicos:
 Os pigmentos orgânicos são substâncias corantes insolúveis, com alto poder de
tingimento, porém apresentando uma baixa durabilidade quando expostos aos raios
solares, ocorrendo o desbotamento de sua cor. Em razão disso, esses pigmentos
devem ser aplicados na parte interna de uma edificação. Tais pigmentos também não
devem ser aplicados em superfícies metálicas, uma vez não possuírem características
20

anticorrosivas. São considerados pigmentos orgânicos: o vermelho toluidina, o


vermelho paraclorado, os monoazóicos, laranja de dinitroanilina, entre outros.
 Os pigmentos inorgânicos, ao contrário dos orgânicos, apresentam uma maior
resistência quando expostos aos raios solares, uma vez que tal característica se deve
ao fato de possuírem uma estrutura química bastante estável, além de poderem
apresentar propriedades anticorrosivas. São considerados pigmentos inorgânicos
todos os pigmentos brancos, cargas (pigmento inerte, cuja função é proporcionar
volume à tinta) e alguns pigmentos coloridos. Alguns exemplos desse tipo de
pigmento são: o dióxido de titânio, óxido de ferro, cromatos de chumbo, cromatos de
zinco, óxido de zinco, óxido de cromo, fosfato de zinco, entre outros.
Figura 04 – Pigmentos

Fonte: Site da Wikipédia1


Por fim, os aditivos são produtos químicos adicionados às tintas, em baixas
concentrações, com a finalidade de proporcionar novas características ou melhorar suas
propriedades. Portanto, esses aditivos, dependendo da sua categoria e de sua aplicação com a
dosagem correta, podem aumentar a proteção anticorrosiva, atuar como bloqueadores de raio
UV, como catalisadores de reações, na melhoria de nivelamento, como dispersantes e
umectantes de pigmentos e cargas, entre outros (ABRAFATI, 2006).
De acordo com a Tabela 01, são apresentados os principais tipos de aditivos
utilizados na fabricação das tintas e suas funções.

1
Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Pigmento>. Acesso em 08 de setembro de 2020.
21

Tabela 01 – Principais tipos de aditivos e suas funções


Aditivo Função
Formação de radicais livres quando submetidos à ação da
Fotoiniciadores
radiação UV iniciando a cura das tintas de cura por UV.
Catalisadores da secagem oxidativa de resinas alquídicas e óleos
Secantes
vegetais polimerizados.
Modificam a reologia das tintas (aquosas e sintéticas)
Agentes reológicos modificação esta necessária para se conseguir nivelamento,
diminuição do escorrimento, etc.
Inibidores de corrosão Conferem propriedades anti-corrosivas ao revestimento.
Dispersantes Melhoram a dispersão dos pigmentos na tinta.
Nos sistemas aquosos aumentam a molhabilidade de cargas e
Umectante
pigmentos, facilitando a sua dispersão.
Evitam a degradação do filme da tinta devida à ação de bactérias,
Bactericidas
fungos e algas.
Facilitam a formação de um filme contínuo na secagem de tintas
Coalescentes
base água unindo as partículas do látex.
Fonte: Adaptado, ABRAFATI (2006)

2.2.2 Características das tintas

Uemoto (2002) ressalta a importância dos conhecimentos sobre a composição e


proporção dos componentes na formulação da tinta para estabelecer suas características e
propriedades. O principal parâmetro utilizado no estudo da composição de uma tinta é a
relação pigmento e resina, caracterizado pela sigla PVC (Pigment Volume Content). Esse
parâmetro é calculado através da seguinte fórmula:

𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑖𝑔𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝑃𝑉𝐶 = × 100 (01)
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑖𝑔𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 + 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑣𝑒í𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜

O PVC corresponde à relação, em volume percentual, do pigmento sobre o


volume total de sólidos do filme seco. Esse parâmetro tem uma grande influência nas questões
de permeabilidade e porosidade das tintas que são utilizadas com objetivo de garantir a
proteção do substrato (UEMOTO, 2002).
22

Tabela 02 – Aspecto do acabamento da pintura em função do PVC


Tipo de acabamento PVC (%)
Alto brilho 10 a 15
Semibrilho 15 a 30
Acetinado 30 a 35
Fosco 35 a 45
Fonte: Uemoto (2010)
A partir da análise da fórmula 01 e das informações contidas na Tabela 02, infere-
se que para que se obtenha uma tinta com um acabamento brilhoso, o volume de veículo
sólido tem de ser aumentado, proporcionando uma porcentagem de PVC relativamente baixa.
Para a obtenção de uma tinta fosca, é indicada a diminuição da quantidade de volume de
veículo sólido, resultando em uma porcentagem de PVC relativamente alta.
Dessa forma, faz-se necessário conhecer as características das tintas quanto ao seu
aspecto de acabamento, uma vez que cada uma delas apresenta particularidades específicas e
próprias, bem como de locais adequados para sua aplicação. As tintas mais foscas possuem
uma menor resistência mecânica, menor resistência às intempéries, menor lavabilidade,
disfarçando com mais eficiência os defeitos e proporcionando uma melhor cobertura. Já as
tintas com alto brilho realçam as ondulações e defeitos, possuem maior resistência às
intempéries, uma maior lavabilidade e menor cobertura (POLITO, 2010).

2.2.3 Principais tipos de tintas

O Mercado disponibiliza uma grande variedade de tintas e isso se deve à melhoria


contínua dos diversos materiais que fazem parte da composição dessas formulações. Sabe-se
que cada tinta possui uma composição diferente uma das outras, funções específicas e locais
adequados para serem aplicadas. Em função dessas especificações e aplicabilidades, listam-se
algumas das principais tintas utilizadas na construção civil, bem como suas composições, usos
e características técnicas.

2.2.3.1 Tinta látex acrílica

A tinta látex acrílica é uma tinta formulada à base de água e de dispersão de


copolímeros acrílicos, contendo pigmentos como o dióxido de titânio, assim como podendo
conter outros pigmentos coloridos ou cargas com a finalidade de aumentar o seu volume, além
23

de conter aditivos para a melhoraria de sua qualidade. (UEMOTO,2002).


Segundo Uemoto (2002), a tinta látex acrílica não possui muitas restrições em
relação a sua aplicação, podendo ser aplicada sobre superfícies tanto internas como externas,
de alvenarias à base de cimento, cal, concreto, bloco de concreto, gesso, cimento amianto e
cerâmica não vitrificada. Seu acabamento pode proporcionar um aspecto fosco aveludado ou
semibrilho. Suas principais características são:
 Por se tratar de uma tinta isenta de solventes orgânicos, seu teor de produtos
orgânicos voláteis liberados é extremamente baixo, dessa forma é considerada uma
tinta com baixa toxidade;
 Fácil aplicação e rápida secagem;
 Apresenta uma alta durabilidade, em razão de possuir uma alta resistência de
aderência, resistência à umidade e à alcalinidade;
 Apresenta películas porosas e permeáveis;
 Possui uma vida útil de aproximadamente 5 anos, em ambientes de baixa
agressividade.

2.2.3.2 Tinta texturizada acrílica

A tinta texturizada acrílica apresenta quase a mesma formulação da tinta látex


acrílica, contendo base de dispersão de copolímeros acrílicos, pigmentos como o dióxido de
titânio, além de outros pigmentos coloridos, aditivos, porém o que a diferencia é a utilização
de cargas especiais para obter o efeito texturizado e de hidrorrepelentes na sua composição
(UEMOTO, 2002).
Uemoto (2002) recomenda a aplicação dessa tinta sobre superfícies internas e
externas de alvenarias à base de cimento, cal, concreto e blocos de concreto. O acabamento
dessa tinta proporciona um aspecto texturizado. Suas principais características são:
 Isentas de solventes orgânicos, sendo considerada uma tinta com baixa toxidade. Sua
formulação é quase idêntica à tinta látex acrílica;
 É uma tinta diluível em água, de secagem rápida;
 Possui capacidade de reparar imperfeições, pois trata-se de uma tinta com alta
consistência;
 Alta resistência às intempéries e à alcalinidade;
 Apresentam películas porosas e permeáveis;
 Necessidade de aplicação de uma única demão.
24

2.2.3.3 Tinta látex vinílica

A tinta látex vinílica, também conhecida como tinta PVA (acetato de polivinila), é
formulada à base de água e de dispersão de polímeros vinilícos e contém pigmentos como o
dióxido de titânio, cargas e aditivos. Recomenda-se a aplicação dessa tinta sobre superfícies
internas e externas de alvenarias à base de cimento, cal, concreto, bloco de concreto, gesso,
cimento amianto e cerâmica não vitrificada (UEMOTO, 2002).
Seu acabamento pode ter um aspecto fosco aveludado ou semibrilho e suas
principais características são:
 Produto isento de solventes orgânicos, apresentando baixa toxicidade;
 Fácil aplicação e secagem rápida;
 Menor durabilidade, apresentando uma menor resistência de aderência e menor
resistência à umidade quando comparadas às tintas acrílicas;
 Apresentam películas porosas e permeáveis;
 Possui uma vida útil de aproximadamente 3 anos em ambientes de baixa
agressividade.
Anghinetti (2012) complementa que a tinta PVA possui um ótimo acabamento e
desempenho em repinturas, bem como um grande rendimento.

2.2.3.4 Esmalte sintético alquídico

O esmalte sintético alquídico é formulado com materiais à base de resina


alquídica, através do processo de síntese de óleos secativos. Fazem parte de sua composição
pigmentos orgânicos e inorgânicos, cargas minerais, aditivos, secantes organométalicos e
solventes hidrocarbonetos alifáticos (UEMOTO, 2002).
Uemoto (2002) recomenda a aplicação desse esmalte sobre superfícies metálicas,
madeira e alvenarias. Seu acabamento pode apresentar um aspecto fosco, brilhante ou
acetinado. Suas principais características são:
 Apresenta um alto teor de produtos orgânicos voláteis, sendo considerado um
produto tóxico;
 Apresenta uma baixa resistência à alcalinidade, à umidade excessiva, a produtos
químicos e às intempéries;
 Secagem lenta;
 Apresenta películas menos porosas e permeáveis;
25

 Possui vida útil superior a 5 anos para acabamento brilhoso ou acetinado, e inferior a
5 anos para acabamento fosco em ambientes de baixa agressividade.

2.2.3.5 Tinta a óleo

A tinta a óleo constitui o sistema alquídico. É formulada a partir de óleos


secativos, pigmentos orgânicos e inorgânicos, cargas minerais, aditivos, secantes
organométalicos e solventes hidrocarbonetos alifáticos (UEMOTO, 2002).
Uemoto (2002) recomenda a aplicação dessa, tinta à base de óleo, sobre
superfícies metálicas, madeira e alvenaria. Após sua aplicação garante uma acabamento com
aspecto de alto brilho. Suas principais características são:
 Alto teor de produtos orgânicos voláteis, sendo considerado um produto tóxico;
 Secagem lenta;
 Menor durabilidade quando comparada ao esmalte sintético alquídico;
 Apresenta uma baixa resistência à alcalinidade, à umidade excessiva, a produtos
químicos e às intempéries;
 Apresenta películas menos porosas e permeáveis;

2.2.3.6 Tinta à base de silicone

As tintas à base de silicone tem sua formulação composta por produtos


organossilícicos como siliconatos e siloxanos. Sua aplicação é indicada em superfícies de
baixa e elevada porosidade como blocos cerâmicos, pedras naturais e concreto aparente
(CUNHA, 2011).
Segundo Anghinetti (2012) suas principais características são:
 Quanto mais porosa superfície de aplicação, maior será a durabilidade da tinta;
 Repele a água sem formação de filme, porém não vedam poros;
 Baixa resistência química e possui alta permeabilidade;
 Alta resistência à temperaturas elevadas (até 600 ºC);
 Quando aplicadas sobre a superfície formam uma camada invisível, sem alterar o
aspecto original da mesma.
26

2.2.3.7 Cal hidratada para pintura

Esse produto é composto por cal hidratada, pigmentos opacificantes ou coloridos,


cargas minerais, sais higroscópicos e produtos impermeabilizantes. A cal hidratada, para
pintura, deve ser aplicada em superfícies porosas como alvenarias de concreto e blocos de
concreto. Deve-se evitar sua aplicação em superfícies lisas como alvenaria de blocos
cerâmicos e pintadas. Um diferencial é que este produto pode ser aplicado em superfícies
úmidas (UEMOTO, 2002).
Suas principais características são:
 Isenta de produtos orgânicos voláteis, apresentando baixa toxidade;
 Não possui muitas cores devido a sua alcalinidade;
 Sua camada é permeável ao vapor de água e a gases;
 Baixa resistência a ácidos;
 Alta resistência à alcalinidade e à água;
 Alto poder de cobertura quando seca, e baixo poder quando úmida.
A Anghinetti (2012) afirma que este tipo de tinta, por ter características porosas,
evita a formação de bolhas e descascamento, além de ser constituída de material alcalino que,
por sua vez, impede a proliferação de fungos. As tintas à base de cal também apresentam
ótimo custo benefício.

2.2.3.8 Verniz sintético alquídico

O verniz sintético alquídico possui sua composição semelhante a do esmalte


sintético alquídico, tendo sua formulação à base de resina alquídica através do processo de
síntese de óleos secativos. Também fazem parte de sua composição pigmentos orgânicos e
inorgânicos, cargas minerais e sintéticas, aditivos, secantes organométalicos e solventes
hidrocarbonetos alifáticos (UEMOTO, 2002).
Ainda, segundo Uemoto (2002), sua aplicação é recomendada em superfícies de
madeira. Uma vez aplicadas podem proporcionar um acabamento com aspecto fosco e
brilhante. Suas principais características são:
 A película forma-se por oxidação quando exposta ao ambiente;
 É altamente tóxico, por apresentar produtos orgânicos voláteis;
 Secagem lenta;
 A película não protege a madeira contra a ação de raios solares;
27

 O acabamento brilhante é mais eficaz em relação à proteção aos agentes patológicos


do ambiente.

2.3 TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO DAS TINTAS

2.3.1 Propriedades das superfícies

As superfícies apresentam propriedades que podem afetar diretamente o resultado


final de uma pintura. Portanto, a fim de garantir uma melhor eficiência, é de suma
importância conhecê-las antes que seja iniciado o processo de aplicação da tinta ao substrato.
Fazenda (2009) enumera as principais propriedades contidas nos substratos, com
ênfase na:
 Permeabilidade: é uma propriedade que permite a passagem de gases e líquidos
através das superfícies, resultando em diversas combinações químicas que podem
danificar tanto o substrato quanto a pintura após sua aplicação;
 Porosidade: é uma propriedade baseada no volume de espaços vazios em relação ao
volume total do substrato. Quanto maior o volume de espaços vazios, maior será a
capacidade de absorção de líquidos e, como consequência, a possibilidade de
desenvolver e abrigar fungos;
 Resistência às radiações energéticas: é uma propriedade dos materiais que compõem
o substrato; os quais possuem resistência, o suficiente, para não sofrerem
deterioração quando expostos às radiações solares;
 Plasticidade: é uma propriedade dos materiais que acabam por sofrer deformação
devido à ação de forças externas. Salienta-se que os mesmos continuam deformados,
sem provocar fissuras, após a retiradas dessas forças;
 Fragilidade: é uma propriedade pela qual um material se deteriora devido à ação de
forças externas, sem sofrer deformação;
 Reatividade química: é uma propriedade pela qual o material que compõe a
superfície pode reagir com substâncias químicas do ambiente, alterando a
composição desse material.
Na Tabela 03 são apresentadas as principais superfícies em relação às
propriedades listadas acima.
28

Tabela 03 – Propriedades das superfícies


Superfícies
Propriedades
Alvenaria Madeira Metais
Porosidade Alta Alta Nula
Permeabilidade Alta Alta Nula
Muito alta
Reatividade química Média Baixa para metais
ferrosos
Resistência à radiações
Alta Baixa Alta
solares
Fonte: Adaptado, Polito (2006)

2.3.2 Preparação de superfícies a serem pintadas

De acordo com Uemoto (2002), os defeitos nas pinturas geralmente são


provocados não só pela qualidade do produto; mas também por diversos fatores tais como: a
presença de umidade e baixa resistência mecânica do substrato, especificação incorreta do
fabricante da tinta e, até mesmo, a preparação inadequada do substrato. Essas patologias, na
maioria das vezes, manifestam-se na interface da película com o substrato.
A norma NBR 13.245 (ABNT, 2011) enfatiza que para que se obtenha uma
pintura de qualidade em alvenarias, evitando-se problemas recorrentes, é de suma importância
que o substrato seja preparado de forma adequada.
Em alvenarias executadas com plaquetas de gesso; gesso corrido ou blocos de
concreto em sua composição, inicialmente, recomenda-se que tais alvenarias sejam lixadas e,
em seguida, que seja efetuada uma limpeza com a remoção de todo o pó acumulado sobre a
superfície. Quando necessário deve-se aplicar fundo preparador de paredes, de acordo com as
recomendações do fabricante. Ressalta-se a importância de outras condições:
 Em alvenarias que tiveram seu acabamento executado recentemente, antes que seja
iniciado o processo de preparação da superfície, deve-se aguardar a cura e a secagem
do mesmo por, no mínimo, trinta dias. Posteriormente, a superfície deverá ser toda
lixada e, em seguida, efetuada uma limpeza, removendo todo o pó acumulado sobre a
superfície. Por fim, deve-se aplicar um selador adequado à alvenaria;
 Em alvenarias cujo acabamento apresente baixa eficiência ou deterioração, deve-se
primeiramente, lixá-las e, em seguida, efetuar sua limpeza removendo todo o pó e as
partes soltas da superfície. Por fim, aplicar um fundo preparador de paredes;
 Para a alvenarias, que em sua composição contenha substrato cerâmico com alta
29

porosidade, antes da aplicação da tinta, deve-se promover sua lavagem com água e
detergente neutro, aguardando sua devida secagem;
Em casos nos quais as superfícies das alvenarias não se encontrem em bom
estado, apresentando manifestações patológicas, recomenda-se para correção do substrato os
seguintes procedimentos:
 Superfícies que apresentem imperfeições: deverão ser totalmente lixadas e, em
seguida, limpas com a remoção de todo o pó acumulado. Por fim, deve ser
processada a correção com massa niveladora;
 Superfícies que apresentem mofo: a limpeza deve ser efetuada com a utilização de
água e água sanitária, aguardando-se, no mínimo, seis horas após sua limpeza. Por
fim enxaguar e esperar sua secagem;
 Superfícies que apresentem brilho: devem ser lixadas e, em seguida, com auxílio de
um pano umedecido, efetuada a limpeza com a remoção de todo o pó acumulado.
Deve-se aguardar a sua completa secagem;
 Superfícies que apresentem sinais de gordura ou graxa: inicialmente, deve-se efetuar
a limpeza utilizando-se água e detergente neutro. Após a sua realização, deve-se
enxaguar e esperar secar;
 Superfícies que apresentem problemas de umidade: primeiramente deve-se
identificar a origem do problema e, posteriormente, tratar de maneira adequada.
Recomenda-se a ajuda de um profissional da área.
Para a preparação de superfícies de madeira, a norma NBR 13.245 (ABNT, 2011)
recomenda que a superfície esteja totalmente limpa e seca para que se inicie o processo. Em
seguida, deve-se lixar toda a madeira com o objetivo de retirar todas as farpas. Com auxílio de
um pano umedecido com solvente deve ser efetuada a limpeza, com a remoção de todo o pó.
Por fim, deve ser feito um tratamento químico adequado, caso a madeira esteja velha. Em
superfícies que apresentem algum acabamento deve-se lixar ou aplicar removedor de pintura,
limpando-se a superfície com um pano umedecido com solvente.
Para o tratamento adequado de superfícies metálicas, sem acabamento, a Norma
NBR 13.245 recomenda que toda a superfície seja lixada. Em caso de oxidação, deve-se lixar
a ponto de removê-la e, em seguida, efetuar a limpeza removendo-se todo o pó com auxílio de
um pano umedecido com solvente. Em situações nas quais a superfície seja composta por um
metal ferroso, deve-se aplicar um fundo anticorrosivo.
As superfícies metálicas com acabamento deverão ser lixadas, até que todo o
30

brilho tenha sido eliminado. Recomenda-se, em casos específicos, a aplicação de removedor


de pintura. Em seguida, deve ser efetuada a limpeza, removendo-se todo o pó com auxílio de
um pano umedecido com solvente.

2.3.3 Condições ambientais para aplicação das tintas

A norma NBR 13.245 (ABNT, 2011) recomenda iniciar o processo de pintura em


temperaturas variando de 10ºC a 40ºC. Elevadas temperaturas podem provocar consequências
como a redução da durabilidade da pintura, devido à rápida secagem da tinta. Por outro lado,
as baixas temperaturas podem dificultar a aplicação da tinta, como também aumentar o tempo
de secagem da mesma, fazendo com que a pintura fique sujeita à adesão de partículas do
ambiente (POLITO, 2006).
Outro cuidado que se deve ter antes de iniciar a pintura em superfícies internas, é
verificar se o clima está em condições que permitam manter as esquadrias do ambiente
interno abertas, objetivando uma melhor iluminação natural e ventilação. Para superfícies
externas, o recomendado é verificar que o ambiente esteja em perfeitas condições, sem a
formação de ventos fortes, chuvas, neblinas, entre outros (UEMOTO, 2002).

2.3.4 Execução da pintura

A execução da pintura compreende cinco etapas, a saber: abertura de embalagens,


homogeneização da tinta, diluição, misturas e aplicação.
Durante o processo de abertura das embalagens deve-se promover a verificação,
através de inspeções visuais, se a tinta não apresenta nenhuma desconformidade; como por
exemplo: odor, corrosão na superfície, coagulação, sedimentação ou empedramento. Caso
apresente, deverão ser trocadas (UEMOTO, 2002).
Segundo GERDAU, conforme citados por GNECCO, MARIANO e FERNADES
(2003), é de extrema importância que a homogeneização das tintas seja feita antes da
execução da pintura, evitando-se, assim, futuros problemas. Devem ser mantidas em boas
condições de uso, uma vez serem formadas por substâncias que podem sedimentar-se,
formando duas fases: umas parte superior líquida, e uma inferior sólida ao fundo (pigmentos).
A homogeneização pode ser feita através de agitação manual ou mecânica. A
parte líquida superior deve ser despejada em um outro recipiente limpo, permanecendo a parte
31

sólida no recipiente original. Em seguida, misturá-las, com auxílio de uma espátula, com
movimentos de baixo para cima. Por fim, retornar a composição líquida para o recipiente
original e continuar agitando até ficarem totalmente homogeneizadas, conforme a Figura 05
(UEMOTO,2002).
Figura 05 – Homogeneização da tinta

Fonte: Gerdau (2003)


Segundo Uemoto (2002), caso seja necessário diluir a tinta, primeiramente deve-
se consultar, na embalagem, a recomendação de proporção do fabricante. Geralmente essa
diluição é feita com água ou solvente. Para tintas com base em solventes o recomendado é
adicionar aguarrás para o processo de diluição.
Produtos, de diferentes marcas comerciais, devem ser consultados antes de iniciar
o processo de mistura, respeitando-se as indicações do fabricante (NETO, 2007).
A aplicação das tintas pode ser realizada com auxílio de algumas ferramentas,
como, por exemplo, um pincel ou rolo. Gerdau (2003) recomenda as seguintes técnicas:
 O pincel deve ser mergulhado na tinta cerca de 2/3 de suas cerdas, e o excesso deve
ser retirado pressionando-o contra a embalagem do produto. As pinceladas iniciais
devem ser curtas, de modo a espalhar a tinta de forma uniforme em todo o substrato,
até cobrir as irregularidades. Para garantir o alisamento e o nivelamento das camadas
faz-se necessário utilizar longas pinceladas transversais sobre as camadas iniciais.
Para melhor execução e facilidade de deslizamento deve-se utilizar o pincel com uma
pequena inclinação.
 A molhagem do rolo deve ser feita em uma bandeja rasa com rampa, cuja finalidade
é retirar os excessos. Para garantir uma espessura uniforme, o profissional deve
controlar a pressão do rolo à superfície. Para evitar desperdícios e escorrimento o
profissional deve saber a quantidade correta de tinta a ser manuseada. Para
uniformizar a espessura da tinta deve-se alternar o sentido de movimento do rolo. Em
32

superfícies mais rugosas recomenda-se que o rolo deva ser passado em várias
direções, fazendo com que, dessa forma, a tinta penetre através das irregularidades.

2.4 PATOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL E SUAS GENERALIDADES

2.4.1 Vida útil

A partir da análise da norma NBR 15575-1 (ABNT, 2013) deve-se entender que
‘Vida útil’ é o prazo no qual uma construção e/ou os seus sistemas são projetados atendendo as
suas funcionalidades, levando-se em consideração a periodicidade e as manutenções efetuadas
de forma correta e de acordo com as especificações contidas no Manual de Uso, Operação e
Manutenção. Destaca-se que o prazo de garantia legal e certificada não é o mesmo que vida
útil.
Diante do exposto, deve-se considerar que todos os cuidados voltados à
construção de uma edificação devem ser observados, criteriosa e detalhadamente, para que a
vida útil e o desempenho da construção não sejam prejudicados, sendo mais eficiente e menos
onerosa a intervenção quando localizadas anomalias em sua fase inicial. (TUTIKIAN;
PACHECO, 2013).
Tal fato está diretamente ligado à manutenção preventiva periódica que é
fornecida na edificação e, consequentemente, prorrogando a vida útil da estrutura. Segundo a
ABNT NBR 5674:2012 a manutenção periódica torna-se essencial para a funcionalidade da
edificação em termos de conservação ou recuperação, contribuindo para que sejam
preservadas a estrutura física e a segurança dos usuários.

2.4.2 Durabilidade

De acordo com a NBR 15575-1, durabilidade é a capacidade da edificação ou de


seus sistemas de desempenhar suas funções, ao longo do tempo e sob condições de uso e
manutenção especificadas no manual de uso, operação e manutenção.
Em função dessa premissa, Silva (2014) afirma que um produto perde a sua
durabilidade a partir do momento que deixa de cumprir suas funcionalidades de forma correta
e segura devido a sua degradação ou obsolescência funcional.
33

2.4.3 Desempenho

De acordo com a norma NBR 15575-1, desempenho é a maneira pela qual a


edificação e seus sistemas se comportam durante o uso para atender as necessidades de seus
usuários.
Segundo Cremonini (1988), para que se estabeleça corretamente o desempenho de
uma edificação, devem ser consideradas as necessidades e as exigências dos usuários e as
condições de exposição, entendendo-se como usuários aqueles que têm contato direto com o
edifício e os que estão no entorno da edificação.

2.4.4 Manutenção

Segundo Souza e Ripper (2009), são as ações necessárias para manter o


prolongamento da vida útil da estrutura, garantindo a satisfação em seu desempenho, no
decorrer do tempo, com uma relação custo benefício compensadora.
A conservação ou a recuperação da funcionalidade do edifício e de seus sistemas
deve ser entendida como um conjunto de atividades efetuadas na vida total da obra, para que
assim atenda às necessidades e segurança dos usuários. (ABNT NBR 15575-1:2013).
Deduz-se, a partir do exposto, que a manutenibilidade torna-se fator decisivo na
manutenção, uma vez que, de acordo com a NBR 15575-1 (2013), é o grau de facilidade de
um sistema, elemento ou componente de ser mantido ou recolocado no estado no qual possa
executar suas funções requeridas, sob condições de uso especificadas, quando a manutenção é
executada sob condições determinadas, procedimentos e meios prescritos.

2.4.5 Inspeção

Segundo a norma NBR 15575-1 (2013), denomina-se ‘inspeção’ a análise técnica,


através de metodologia específica, das condições de uso e de manutenção preventiva e
corretiva da edificação.
Sendo este elemento indispensável para a garantia da durabilidade da construção,
tornam-se necessários os registros de danos e anomalias para avaliação da estrutura. O
período de tempo para inspeções está na dependência da idade, significância e na fragilidade
da estrutura. A vulnerabilidade de partes da estrutura ou anomalias comuns compõe a base
mínima de observação em uma correta inspeção de manutenção estrutural. (SOUZA;
34

RIPPER, 2009).

2.4.6 Origens das manifestações patológicas

As manifestações patológicas podem ser classificadas de acordo com sua origem.


Segundo a Norma de Inspeção Predial Nacional desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de
Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE, 2012) as anomalias provocadas nas edificações
podem ser de origem endógena, exógena, natural e funcional.
Neste contexto, define-se como anomalias endógenas aquelas originadas da
própria edificação, seja através da falta de projetos, problemas com materiais ou de execução;
as anomalias exógenas são aquelas originadas devido a fatores externos à edificação,
geralmente são provocadas por terceiros; as anomalias naturais são aquelas originadas devido
aos fenômenos da natureza, como chuva, vento, radiação solar, entre outros; e, por fim, as
anomalias funcionais originadas em função do envelhecimento da edificação e perda de sua
vida útil.
Diante do exposto e em relação às manifestações patológicas endógenas,
Cremonini (1988) afirma que as patologias com origem no projeto ocorrem pela falta de
especificações dos materiais, projeto deficiente em detalhes, ou, até mesmo, pela falta do
mesmo. O autor reitera que as patologias originadas através da execução ocorrem devido à
falta de mão de obra qualificada, escassez de conhecimentos técnicos para a correta execução
dos serviços e pela ausência de uma fiscalização adequada. Especificamente em relação aos
materiais, as manifestações patológicas observadas dizem respeito a sua baixa qualidade, seu
preparo inadequado e não consoante às orientações do fabricante. Devem ser consideradas
ainda as patologias originadas a partir do uso da edificação, nas quais o usuário pode
contribuir para o agravamento dos defeitos em função do uso incorreto de seus elementos,
bem como sobrecarga e falta de manutenção.
As origens das patologias, em uma edificação, ocorrem principalmente nas fases
de projeto (40%) e execução (28%), conforme indicados na figura 06.
35

Figura 06 – Origem das patologias com relação às etapas do processo de construção


Uso Planejamento
10% 4%
Projeto
40%
Materiais
18%

Execução
28%

Fonte:Adaptado, Helene (1992)

2.4.7 Causas das manifestações patológicas

Para Lichtenstein (1986), são inúmeras as causas que podem afetar, de forma
negativa, os elementos de uma edificação. Em geral são provocadas não só por um agente
agressivo, mas também pela ação de um conjunto de agentes aos quais o edifício não é capaz
de se adaptar e, como consequência, poderá ocorrer a perda de seu desempenho.
O autor ainda explicita que as causas devido ao ataque de agentes físicos,
biológicos e químicos são responsáveis por provocarem alterações nos materiais de uma
construção, sendo classificadas como causas eficientes. Por outro lado, as causas classificadas
como predisponentes são referentes à falta de conservação e manutenção, bem como pela
idade do edifício.
Como causas químicas, entendem-se as patologias ocasionadas devido às ações da
água no substrato, gases e chuvas ácidas; como causas biológicas aquelas ocasionadas devido
às ações de fungos, bactérias, insetos e vegetação. As causas mecânicas, por sua vez, são as
ocasionadas por choques e impactos, assim como por acidentes imprevisíveis tais como
explosões, abalos sísmicos e inundações. Por fim, as causas físicas, cujas patologias estão
relacionadas à elevação de temperatura, ventos e exposição a raios solares, provocando
desgastes superficiais e fissuras no revestimento (SOUZA; RIPPER, 2009).
36

2.4.8 Principais manifestações patológicas nas pinturas

2.4.8.1 Bolhas

As bolhas ou empolamentos nas pinturas são resultantes da perda localizada de


adesão entre a película da tinta e o substrato, com o consequente levantamento do filme da
superfície. Essa manifestação patológica deve-se à aplicação de tintas à base de óleo, uma vez
que essas tintas possuem baixa resistência à álcalis, em superfícies úmidas; também podem
ocorrer devido à exposição da película da tinta à umidade após sua aplicação e secagem
(POLITO, 2006).
De acordo com Neto (2007, apud TINTAS MAGGICOR, 2005), “a incidência
dessas patologias se deve à aplicação de massa corrida PVA em ambientes inadequados, por
se tratar de um produto que deve ser aplicado em superfícies internas, e quando aplicados em
superfícies externas podem ocasionar o aparecimento de bolhas”. Outras causas recorrentes
são a aplicação da tinta em um intervalo de tempo reduzido entre as demãos e a aplicação em
temperaturas elevadas (CHAVES, 2009). A Fig.07 ilustra as características macroscópicas
das bolhas na pintura.
Figura 07 – Bolhas na pintura

Fonte: Polito (2006)

2.4.8.2 Descascamento ou destacamento

Segundo Marques (2013), essa manifestação patológica ocorre pela perda de


aderência da película de tinta à superfície do substrato. Sua incidência pode ser ocasionada
por diversos fatores, dos quais se elenca:
 Presença excessiva de umidade no substrato em decorrência de infiltrações;
37

 Rápida secagem da tinta, ocasionando a diminuição da aderência à superfície do


substrato;
 Superfície de aplicação sem preparo, apresentando sujeiras como gordura e poeira;
 Aplicação de repintura sem o preparo prévio da superfície, aplicando uma nova
demão de tinta sobre uma camada antiga;
 Aplicação da tinta em um intervalo de tempo reduzido entre as demãos.

De acordo com Neto (2007, apud TINTAS MAGGICOR, 2005), as pinturas


aplicadas em superfícies pulverulentas como de caiação, gesso, substratos contendo partes
soltas, ou em superfícies de concreto no qual sua cura não foi feita corretamente, são grandes
as chances de ocorrer o descascamento, conforme ilustrado na Figura 08.
Figura 08 – Descascamento da pintura

Fonte: Neto (2007)

2.4.8.3 Fissuras

As fissuras na pintura (Figura 09) são patologias que, se não solucionadas, podem
levar ao desenvolvimento de outras anomalias, uma vez que permitem a penetração de água e
de outros agentes agressivos no interior do revestimento, ocasionando bolhas,
descascamentos, manchas e diminuindo a sua durabilidade. Essas fissuras podem ser causadas
devido ao excesso de cimento no traço da argamassa, movimentações, retração da argamassa,
secagem rápida da argamassa e, até mesmo, por excesso de desempenamento. (CUNHA,
2011).
Segundo Neto (2007), as fissuras podem se manifestar em formatos geométricos,
mapeados, horizontais, verticais ou inclinadas. O autor ainda complementa que as fissuras na
38

pintura se devem à execução de uma camada de reboco muito grossa ou quando a argamassa
não teve tempo o suficiente na hidratação da cal.
Figura 09 – Fissuras no revestimento de pintura

Fonte: Neto (2007)

2.4.8.4 Eflorescência

As eflorescências são patologias que se manifestam quando a tinta é aplicada


sobre o reboco úmido, tendo como causa a movimentação da água no substrato, arrastando
sais presentes na argamassa ou no concreto para a superfície pintada. Através da evaporação
da água, esses sais se alojam na superfície da pintura formando manchas esbranquiçadas,
como indica a Figura 10 (NETO, 2007).
Segundo Marques (2013), a presença de hidróxido de cálcio no substrato, quando
arrastado pela água para a superfície, reage com o dióxido de carbono presente no ar
ocorrendo a manifestação dessa patologia. O autor recomenda a eliminação da fonte de
umidade antes de iniciar o processo de pintura ou repintura.
Figura 10 – Eflorescência na pintura

Fonte: Marques (2013)


39

2.4.8.5 Enrugamento

O enrugamento caracteriza-se pela formação de rugas e ondulações na película da


tinta sobre o substrato durante o processo de secagem ou seja, quando a mesma ainda se
encontra úmida (POLITO, 2006). A Figura 09 ilustra a patologia.
De acordo com Neto (2007, apud TINTAS SUVINIL, 2006), essa patologia pode
ocorrer quando a pintura é executada em superfície de aplicação com uma temperatura
bastante elevada (acima de 50ºC), podendo também ocorrer devido à aplicação excessiva de
tinta no substrato, resultando em uma camada bastante espessa. Outras causas dessa anomalia
estão relacionadas à aplicação da tinta em superfícies com sujidades ou pela presença de
umidade excessiva (POLITO, 2006). A Figura 11 ilustra o processo de enrugamento da
pintura.
Figura 11 – Enrugamento da pintura

Fonte: Site da Guide Engenharia2

2.4.8.6 Saponificação

A saponificação é uma patologia caracterizada pela transformação da resina da


tinta em uma espécie de sabão solúvel (Figura 12), dando à superfície pintada um aspecto
pegajoso. A ocorrência de tal anomalia se deve à aplicação de tintas à base de óleo em
superfícies com alto de teor de alcalinidade, como os substratos de argamassa ou cal natural,
sem que antes tenha sido feito um preparo adequado da superfície com fundo selador. A
alcalinidade desses substratos, quando exposta a umidade, reagem com a resina da tinta
formando uma espécie de sabão (CUNHA, 2011; MARQUES, 2013).

2
Disponível em: < https://guideengenharia.com.br/problemas-de-pintura-na-construcao-civil/>. Acesso em 23 de
setembro de 2020.
40

Figura 12 – Deterioração da pintura por saponificação

Fonte: Polito (2006)

2.4.8.7 Descoloração ou desbotamento

Caracteriza-se essa patologia pela perda dos pigmentos da película da tinta,


observando-se o clareamento da cor original da pintura devido à ações de agentes climáticos
ou pelo envelhecimento da mesma (Figura 13). A incidência de raios solares nas pinturas
pode ocasionar a deterioração dos pigmentos, podendo levar à perda das propriedades das
resinas, tornando-as quebradiças. (CHAVES, 2009; CUNHA, 2011).
Polito (2006) elenca outras causas que podem promover tal patologia, dentre as
quais a aplicação de tintas indicadas para superfícies internas, em superfícies externas;
utilização de tintas de baixa qualidade; utilização de cores como amarelo, vermelho e azul em
ambientes com grande incidência de raios solares.
Figura 13 – Descoloração da pintura

Fonte: Marques (2013)


41

2.4.8.8 Mofo, bolor ou fungos

Segundo Neto (2007), essa patologia é caracterizada pelo surgimento de manchas


escuras (Figura 14) em decorrência da ação de agentes biológicos em ambientes propícios a
sua proliferação. Geralmente, esses ambientes possuem características como umidade
excessiva, má ventilação e baixa incidência de raios solares.
Substratos com características porosas possuem uma grande capacidade de
absorção e retenção de água, que permanecerá em seu interior caso o ambiente tenha baixa
incidência solar. Como consequência haverá o surgimento de manchas na superfície da
pintura e uma possível proliferação de microrganismos que podem decompor tanto o
elemento construtivo, quanto o substrato e a pintura (CUNHA, 2011).
Figura 14 – Manchas de mofo ou bolor

Fonte: Site da Ebenezer Construções e Pinturas3

2.4.8.9 Manchas amareladas

De um modo geral, as manchas amareladas nas pinturas são patologias


provenientes de gordura, fumaça ou até mesmo poluição, conforme ilustração indicada na
Figura 15. As tintas esmaltes, por exemplo, caracterizam-se por possuir baixa resistência
quando expostas à fumaças que contém nicotina, como as provenientes do cigarro. Em
ambientes com pouca ventilação, a pintura torna-se mais suscetível à manifestação dessa
patologia (NETO, 2007).

3
Disponível em: < http://www.ebenezerpinturas.com.br/duvidas/04---defeito-de-manchas-escurecidas-
provenientes-do-mofo.html>. Acesso em 24 de setembro de 2020.
42

Figura 15 – Manchas amareladas na pintura

Fonte: Site do Grupo Argalit4

2.4.8.10 Desagregação da pintura

Segundo Neto (2007), conforme citado por TINTAS SUVINIL (2005) e TINTAS
EUCATEX (2005), tal manifestação patológica é ocasionada devido à aplicação da tinta em
substratos fracos, ou que não tiveram sua cura realizada de forma adequada. Como
consequência, haverá o destacamento da pintura (Figura 16) que se esfarela da superfície em
que foi executada, juntamente com partes do reboco. O autor recomenda a aplicação da
pintura 30 dias após a execução do substrato, tempo o suficiente para a cura do reboco.
Figura 16 – Desagregação da pintura

Fonte: Neto (2007)

4
Disponível em: <http://www.argalit.com.br/dicas-e-macetes/13/como-tratar-o-amarelamento-em-paredes-e-
teto/>. Acesso em 24 de setembro de 2020.
43

2.5 MÉTODO DE LICHTENSTEIN

Lichtenstein (1986) divide seu método, basicamente, em três partes distintas:


levantamento de subsídios, diagnóstico e definição de conduta.

2.5.1 Levantamento de subsídios

Para Lichtenstein (1986), o levantamento de subsídios consiste na coleta e


organização do máximo de informações sobre as patologias recorrentes da edificação a ser
analisada através da vistoria do local, levantamento da história da edificação e o resultado de
análises complementares.
De acordo com as especificações do autor deve-se ter o contato físico com a
edificação, por meio de visitas técnicas, para a coleta de informações detalhadas das
patologias existentes e, para a sua consecução, alguns passos devem servir de parâmetro, tais
como:
 Estabelecer a magnitude da manifestação patológica;
 Estabelecer o alcance da vistoria;
 Utilizar equipamentos e os sentidos humanos para identificação das anomalias;
 Registrar os resultados através de inspeções visuais (fotografias) e anotações.

A partir dessas observações e registros, ainda nesta fase, deve ser feita a
anamnese, que consiste na busca de informações sobre a história da edificação, através da
análise de documentos, tais como projetos e relatórios.

2.5.2 Diagnóstico

Segundo Lichtenstein (1986), as patologias são caracterizadas pelas diversas


relações de causa e efeito que estabelecem um determinado problema, sendo o propósito do
diagnóstico o conhecimento do motivo, ou motivos, e entendê-lo(s) a partir das informações
obtidas, para que dessa forma seja possível estabelecer conclusões lógicas a respeito desse
problema.

2.5.3 Definição de conduta

A definição de conduta pressupõe a formulação dos meios para a resolução do


problema e, até mesmo, se esses meios são de fato eficazes e capazes de justificar a
44

intervenção em termos de efetividade.


Assim sendo, deve-se estabelecer o levantamento do prognóstico da situação para
análise de uma possível evolução do problema e hipóteses para intervenção, caso essa venha a
ocorrer. Portanto, o objetivo da conduta diagnóstica é elencar as medidas a serem tomadas
para resolução do problema, englobando os materiais, mão de obra, equipamentos e os
possíveis resultados do desempenho final.
Para a fase de levantamento é necessário que o profissional tenha conhecimento
das técnicas de intervenção, lance mão de sua imaginação criadora e considere, de forma
excepcional, os três parâmetros básicos relacionados às alternativas de intervenção: nível de
incerteza sobre os efeitos, relação custo/benefício e a disponibilidade de tecnologia para
execução dos serviços.
Lichtenstein (1986) propõe a utilização de um fluxograma (Figura 17) para a
resolução das manifestações patológicas.
45

Figura 17 – Fluxograma de atuação para a resolução das manifestações patológicas

Fonte: Adaptado, Lichtenstein (1986)


46

3 METODOLOGIA

3.1 OBJETO DE ESTUDO

O objeto de estudo do presente trabalho diz respeito ao prédio do Instituto Federal


de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - IFG - Campus Goiânia, localizado entre as ruas
75, 66, 79 e 62 no Setor Central, como indicado de forma panorâmica pela Figura 18.
Figura 18 – Localização do objeto de estudo

Fonte: Google Earth


A pesquisa consistiu na realização de vistorias nos blocos 100, 200, 300, 400, 500
e no corredor principal do campus, sinalizados pela Figura 19, com a finalidade de, a partir de
inspeções visuais, promover a coleta de dados das manifestações patológicas nas pinturas dos
elementos constituintes do Instituto, bem como propor medidas de intervenção e reparos.
47

Figura 19 – Planta baixa do pavimento térreo do IFG - Campus Goiânia

Fonte: Adaptado, Gerência de Apoio Administrativo e Manutenção do IFG – Campus Goiânia

3.2 PROCEDIMENTO REALIZADO

Para a realização deste trabalho foi adotado o método proposto por Lichtenstein
(1986), dessa maneira, o trabalho foi dividido em três etapas: levantamento de subsídios,
diagnóstico e definição de conduta.
A primeira etapa do trabalho consistiu no levantamento de subsídios e busca de
informações a respeito do edifício. Para sua realização, primeiramente, foram efetuadas
visitas técnicas ao IFG – Campus Goiânia nos meses de dezembro de 2020 e janeiro de 2021,
sendo a inspeção visual o elemento fundamental para a identificação das patologias na pintura
existentes na área de estudo. Por meio da inspeção visual foram realizados registros
fotográficos dessas patologias. Ainda nesta etapa, recorreu-se a Gerência de Apoio
Administrativo e Manutenção (GAAM) do IFG – Campus Goiânia com o propósito de buscar
informações a respeito da história da edificação, além de projetos complementares como
auxílio ao desenvolvimento deste trabalho.
48

Durante as visitas técnicas foram utilizadas fichas de vistoria (Figura 20), como
instrumento auxiliar de registro, objetivando a organização; a identificação das áreas
vistoriadas e a coleta de informações consideradas relevantes para a consecução do presente
estudo.
Figura 20 – Ficha de vistoria
Ficha de vistoria
Data:
Nome da edificação:
Numeração do bloco em estudo:
Manifestação patológica identificada:

Numeração da fotografia:
Causas prováveis da manifestação patológica identificada:

Observações:

Fonte: Autoria própria


Uma vez obtidas as informações, foi possível dar continuidade ao trabalho dando
início à segunda etapa, que consistiu no estabelecimento do diagnóstico das manifestações
patológicas identificadas. Esta etapa consistiu na análise, por meio de embasamentos teóricos,
dos problemas encontrados nas pinturas do objeto de estudo, bem como na formulação de
conclusões sobre as possíveis causas e origens de cada patologia identificada, permitindo,
dessa forma, o seu estudo particularizado.
Finalizada a etapa de diagnóstico, iniciou-se a terceira e última, que consistiu na
definição de conduta, através da qual, por meio de revisão bibliográfica, buscou-se
informações para o tratamento dos problemas detectados, com as especificações do passo a
passo a ser seguido para a realização dos reparos de cada manifestação patológica
identificada.
A Figura 21 apresenta o fluxograma das etapas do trabalho realizado.
49

Figura 21 – Fluxograma da metodologia

Fonte: Autoria própria


50

4 RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS

Neste capítulo abordou-se os resultados obtidos através das visitas técnicas,


inspeções realizadas no Instituto Federal de Goiás – Campus Goiânia, apresentando-se as
patologias encontradas nas pinturas, suas correspondentes localizações e as prováveis
intervenções, com o objetivo de reparar as manifestações patológicas identificadas.
Cabe ressaltar as limitações encontradas durante as visitas técnicas, dentre elas a
impossibilidade de acesso a toda extensão do campus devido à pandemia da COVID-19, uma
vez que as salas de aula encontravam-se trancadas, não sendo possível, da mesma forma, o
acesso ao telhado dos blocos para que fosse realizado o registro da atual situação do mesmo.
Tais informações, diga-se de passagem, seriam importantes para a formulação de hipóteses
sobre as origens de determinadas patologias porventura identificadas.
Também torna-se digno de nota salientar a necessidade de ter-se recorrido à
Gerência de Apoio Administrativo e Manutenção (GAAM) do Campus, com a finalidade de
obter-se informações constantes em documentos e fichas de manutenção, inclusive, sobre o
tempo decorrido desde a última pintura. Ressalte-se que não há existência de tais registros.

4.1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA PINTURA IDENTIFICADAS NO CAMPUS

4.1.1 Fissuras

Ao serem realizadas as inspeções na edificação do IFG – Campus Goiânia, foram


identificadas várias fissuras no revestimento de pintura dos blocos 100, 200, 300, 400 e 500
conforme indicados, respectivamente, pelas Figuras 22, 23, 24, 25 e 26.
51

Figura 22 – Fissura vertical na pintura do corredor do bloco 100 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


Figura 23 – Fissuras inclinadas na pintura do corredor do bloco 200 (pavimento superior)

Fonte: Autoria própria


52

Figura 24 – Fissuras mapeadas no corredor do bloco 300 (pavimento superior)

Fonte: Autoria própria


Figura 25 – Fissura horizontal e vertical no corredor do bloco 400 (pavimento superior)

Fonte: Autoria própria


53

Figura 26 – Fissura vertical e descascamento no corredor do bloco 500 (pavimento superior)

Fonte: Autoria própria


As fissuras na pintura das Figuras 22, 25 e 26, de modo geral, costumam ser
causadas devido à retração da argamassa do substrato, excesso de areia no traço da argamassa,
rápida secagem da argamassa e movimentações térmicas dos elementos construtivos, podendo
ser agravadas devido à exposição aos raios solares, como é o caso das imagens ilustrativas
acima, uma vez que todas elas estão localizadas nos corredores do campus, estando,
permanentemente, expostas às intempéries, conforme a Figura 27.
54

Figura 27 – Corredor do bloco 200 (pavimento superior)

Fonte: Autoria própria


A atenta observação das Figuras 23 e 26 permite que se perceba a sobreposição de
camadas de tintas, concluindo-se que não houve a preparação da superfície de aplicação de
forma adequada, dessa forma, tornando-a mais suscetível à formação de fissuras no
revestimento de pintura. Neto et al (2003) afirma que deve-se evitar repinturas frequentes
pois, quanto mais espessa a camada de tinta, mais propensa à fissuração e lascamento.
Durante a visita técnica ao Campus, pôde-se observar e verificar, através do tato,
que a tinta identificada nas alvenarias dos corredores possui um aspecto liso, pressupondo que
a tinta utilizada seja à base de óleo. As tintas a óleo, quando aplicadas em superfícies
externas, podem oxidar com o passar do tempo e, consequentemente, a película da tinta pode
se tornar quebradiça causando trincas e fissuras (POLITO, 2006).
Após recorrer a Gerência de Apoio Administrativo e Manutenção (GAAM) do
campus, obteve-se a informação de que o substrato utilizado nos Blocos 300, 400 e 500 foi à
base de reboco tradicional, composto por um material denominado saibro. Segundo Carasek
55

(2007) o saibro é um material constituído por argilominerais, adicionado à argamassa, visando


garantir uma maior plasticidade, com um custo reduzido. A autora ainda explicita que o
excesso de partículas finas de argila, encontradas no saibro, leva ao aumento do consumo de
água para garantir uma melhor trabalhabilidade e, consequentemente, a saída dessa água pode
causar a retração da argamassa, ocorrendo a fissuração mapeada do revestimento, como já
ilustrado pela Figura 24.
Cunha (2011) estabelece uma forma de tratamento para as fissuras causadas pela
movimentação da estrutura, bem como pela variação de temperatura, sugerindo a utilização de
materiais que possuam alta elasticidade. A autora propõe algumas etapas para o reparo:
 Com a utilização de uma espátula, retirar as partes soltas de tinta por toda
a extensão da fissura;
 Eliminar toda a sujidade (pó e poeira);
 Aplicar um fundo preparador, e aguardar no mínimo 48 horas para melhor
eficiência do produto;
 Aplicar uma demão de tinta elástica;
 Colocar sobre a primeira demão de tinta elástica uma tela de poliéster ou
fibra de vidro;
 E, por fim, aplicar duas demãos de tinta com propriedades elásticas.
Casotti (2007) reforça que para tratamento de fissuras causadas devido à retração
da argamassa, também pode-se utilizar a pintura elástica, aplicando quatro demãos de tinta à
base de resina acrílica, reforçando com tela de náilon, se necessário.

4.1.2 Descascamento da pintura

Durante a visita técnica foram identificadas, por meio de inspeção visual,


descascamentos da pintura que se manifestaram por diversas causas. Primeiramente, ao serem
analisados os descascamentos encontrados nos pilares do corredor principal do Campus
(Figura 28), notou-se que a pintura fora aplicada sobre uma superfície pulverulenta (Figura
29), fazendo com que a película da tinta perdesse sua aderência ao substrato, ocorrendo, daí, o
descascamento da mesma.
56

Figura 28 – Corredor principal do Campus

Fonte: Autoria própria


Figura 29 – Descascamento da pintura do pilar do corredor principal

Fonte: Autoria própria


57

Em um segundo momento constataram-se alguns descascamentos da pintura nos


blocos 100, 200, 300 e 400 (Figuras 30 a 34) que podem ter sido ocasionados devido à falta
de preparo adequado da superfície de aplicação, uma vez que, nas imagens, é possível notar,
com clareza, que a pintura mais recente foi executada sobre uma outra camada de tinta antiga,
ocorrendo a perda de aderência da película da tinta à superfície.
Figura 30 – Descascamento da pintura no corredor do bloco 100 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


Figura 31 – Descascamento da pintura no corredor do bloco 200 (pavimento superior)

Fonte: Autoria própria


58

Figura 32 – Descascamento da pintura na alvenaria do bloco 200 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


Figura 33 – Descascamento da pintura no corredor do bloco 300 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


59

Figura 34 – Descascamento da pintura no bloco 400 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


Em um terceiro momento constatou-se a ocorrência de descascamentos, que
podem ter sido ocasionados devido à presença de umidade, conforme apresentado na Figura
35, o qual se trata da manifestação patológica observada no teto do corredor do bloco 200
(pavimento superior), que pode ter sua origem derivada de uma possível falta de manutenção
do telhado, tornando-o propício à infiltração de águas pluviais.
Na escadaria do bloco 500 (Figura 36), também notou-se o descascamento da
pintura, juntamente com manchas de bolor no substrato, devido à presença de umidade, pois
se trata de uma área aberta, exposta à intempéries, como infiltração de água em épocas
chuvosas. Cabe ressaltar também, que há a presença de várias repinturas, ou seja, várias
camadas de tintas sobrepostas, o que pode ter contribuído para o processo de descascamento
ainda mais rápido.
Também foi identificado no bloco 400 (pavimento inferior), o descascamento da
pintura (Figura 37) que pode ter sido ocasionado devido à umidade excessiva, podendo ter
origem devido à falta de manutenção da tubulação, identificada na imagem (destacada em
vermelho), uma vez que, na parte superior, foi identificada a presença de um ralo para drenar
a água da limpeza dos corredores e da chuva.
60

Figura 35 – Descascamento da pintura no teto do corredor do bloco 200 (pavimento superior)

Fonte: Autoria própria


Figura 36 – Descascamento da pintura e manchas de bolor na escadaria do bloco 500

Fonte: Autoria própria


61

Figura 37 – Descascamento da pintura no corredor do bloco 400 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


Antes que se inicie os reparos para esta anomalia, faz-se necessário identificar e
solucionar a origem do problema, evitando-se, assim, sua frequente recidiva. Nos casos de
umidade recomenda-se impermeabilizar todo o local e fazer a manutenção dos elementos
constituintes como telhas, calhas e tubulações.
Para que seja corrigido o problema proposto, Neto (2007) recomenda que os
seguintes passos sejam seguidos:
 Raspar ou escovar a superfície de aplicação até a remoção total das partes
soltas ou mal aderidas;
 Limpar toda a superfície, retirando todo o pó;
 Aplicar uma demão de fundo preparador de paredes;
 Aplicar a tinta de acabamento de acordo com as recomendações do
fabricante.

4.1.3 Bolhas na pintura

As bolhas nas pinturas são patologias bastante comuns e geralmente são


ocasionadas devido à presença de umidade no substrato. Essas manifestações patológicas são
de fácil visualização, podendo ser identificadas nos blocos 300, 400 e 500 do campus (Figuras
62

38 a 42).
Figura 38 – Bolhas na pintura no bloco 300 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


Figura 39 – Bolhas na pintura no bloco 300 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


63

Figura 40 – Bolhas na pintura no bloco 400 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


Figura 41 – Bolhas na pintura no bloco 400 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


64

Figura 42 – Bolhas na pintura no bloco 500 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


Pressupondo-se que a tinta utilizada seja à base de óleo, as quais possuem baixa
resistência à álcalis quando aplicadas em superfícies úmidas, tornam estas superfícies
propicias à formação de bolhas, em função da perda da adesão entre a película da tinta e a
superfície. Essa umidade pode ser provocada por capilaridade e infiltração da água,
decorrente de chuvas ou limpeza dos corredores do campus, bem como devido à falta de
impermeabilização dos elementos construtivos.
As bolhas também podem surgir quando uma nova camada de tinta umedece a
película de tinta anterior, causando sua expansão (CUNHA, 2011).
Silva (2019) ressalta que antes de iniciar o processo de reparo é necessário que o
foco de umidade seja eliminado. A autora também sugere algumas etapas para realizar a
correção desta patologia:
 Realizar a remoção de todas as bolhas e as partes mal aderidas da pintura,
e da massa corrida, utilizando espátulas de aço, escovas e lixa;
 Realizar a limpeza de toda a superfície, retirando todo o pó;
 Aplicar uma demão do fundo preparador de parede à base de água, para
tonar o substrato coeso o suficiente para a aderência dos revestimentos;
 Efetuar o nivelamento da superfície com massa corrida e, após a secagem,
finalizar com três demãos de tinta.
65

4.1.4 Mofo, bolor ou fungos

Na fachada principal do campus, observaram-se algumas manchas de bolor,


próximas ao solo, ilustrada pela Figura 43. Desta maneira, presume-se que a referida área
esteja exposta à umidade excessiva, podendo ser provinda pelo escoamento da água pluvial
pela tubulação no piso e do solo, por capilaridade, tornando a pintura suscetível às
manifestações de manchas de mofo ou bolor.
Figura 43 – Manchas de bolor na fachada principal (bloco 100)

Fonte: Autoria própria


Ainda, na fachada principal, observou-se outro ponto que continha manchas de
bolor, localizada na pintura da laje de cobertura da entrada dos alunos (Figura 44). Neste caso,
a umidade que deu origem a esta patologia pode ter sido originada pelo acúmulo de água da
chuva, na parte superior da laje de cobertura, devido a problemas de drenagem ocasionados
pela inexistência de drenos e esta patologia também pode ter sido desenvolvida devido a
problemas de impermeabilização na laje.
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Figura 44 – Manchas de bolor na pintura da laje da entrada dos alunos

Fonte: Autoria própria


No corredor principal do Campus, observaram-se manchas de bolor no teto do
corredor principal, próximo ao pilar (Figura 45), ocasionada devido à exposição à umidade e
problemas com a impermeabilização. A análise da situação, permite pressupor que esta
umidade possa ser proveniente do acúmulo de água na região do parapeito, devido à falta de
caimento e drenos (Figura 46).
Figura 45 – Manchas de bolor no teto do corredor principal

Fonte: Autoria própria


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Figura 46 – Peitoril localizado no corredor principal

Fonte: Autoria própria


Ainda, no teto do mesmo corredor, identificou-se outro ponto que continha
manchas de bolor (Figura 47), uma vez que esta parte se encontra exposta à umidade e à
baixa incidência de raios solares, tornando-a um ambiente propício a proliferação de
microorganismos e, consequentemente, facilitando a manifestação desta patologia. A
umidade, neste caso, pode ser provinda de infiltrações em decorrência do acúmulo de água na
calha lateral e falta ou deficiência da impermeabilização (Figura 48).
Figura 47 – Manchas de bolor ou fungos no teto do corredor principal

Fonte: Autoria própria


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Figura 48 – Calha lateral da laje do corredor principal

Fonte: Autoria própria


No pavimento superior do bloco 100 também constatou-se a presença de manchas
de bolor (Figura 49), que podem ter sido ocasionadas devido à presença de umidade, em
épocas chuvosas, a partir de problemas no telhado, como telhas quebradas ou deslocadas.
Figura 49 – Mancha de bolor no teto do corredor do bloco 100 (pavimento superior)

Fonte: Autoria própria


69

Para iniciar o reparo desta manifestação patológica, faz-se necessário eliminar


todo o foco de umidade, evitando-se, assim, que a mesma volte a manifestar-se ao longo do
tempo. Neto (2007, apud TINTAS SUVINIL, 2005), recomenda a utilização de escova ou um
pano para a lavagem e remoção das manchas de bolor com a solução de hipoclorito de sódio,
com 4% a 6% de cloro ativo e, em seguida, enxaguar com água limpa e aguardar a secagem
para que se prossiga com a repintura.
O autor ressalta a importância da utilização de tintas que contenham agentes
fungicidas, com a finalidade de eliminarem-se os microorganismos causadores de bolor, bem
como a aplicação de produtos para nivelamento da superfície, tornando-a livre de
imperfeições, locais onde os microorganismos possam proliferar.

4.1.5 Desagregação da pintura

Foram registradas algumas manifestações patológicas no pavimento térreo, nos


blocos 300, 400 e 500 do campus (Figura 50 a 53), em decorrência da desagregação do
substrato e, consequentemente, com descascamento da pintura.
Figura 50 – Desagregação do substrato e da pintura no bloco 300 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


70

Figura 51 – Desagregação do substrato e mancha de bolor no bloco 400 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


Figura 52 – Desagregação do substrato e da pintura no bloco 400 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


71

Figura 53 – Desagregação da pintura no bloco 500 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


Como já explanado no item 4.1.1, o substrato dos Blocos em estudo contém, em
sua composição, um material denominado saibro. Carasek (2007) afirma que este material
pode levar à ocorrência da desagregação da argamassa e, consequentemente, descascamento
da pintura, pois as partículas de argila presente no saibro podem prejudicar a adesão entre a
pasta aglomerante e a areia, reduzindo a coesão interna da argamassa.
Essa manifestação patológica também pode ser causada em decorrência da ação
da água, já que é possível perceber mancha de bolor no substrato, indicado pela Figura 51. A
umidade que atinge o substrato, tornando-o menos eficiente e propício às patologias, pode ser
provinda do solo, por capilaridade, devido a problemas de impermeabilização.
Santos (2019) propõe alguns procedimentos para remediar este tipo de
manifestação patológica:
 Primeiramente, deve-se eliminar todo o foco de umidade;
 Em seguida, escovar e raspar todas as parte soltas de tinta e reboco e, caso
necessário, refazer parte do revestimento argamassado, nivelar e aguardar
no mínimo 30 dias para a cura do substrato;
 Realizar a limpeza de toda a superfície, retirando todo o pó;
 Aplicar uma demão de fundo preparador de parede;
 Lixar e limpar toda a superfície;
 E, por fim, aplicar duas a três demãos de tinta
72

4.1.6 Enrugamento da pintura

Foi observado no bloco 200 sinais de enrugamento (Figura 54), cuja causa
provável, pode ter sido ocasionada devido à aplicação da tinta em um substrato que, naquele
momento, apresentava uma temperatura elevada. Outras possibilidades que poderiam
justificar tais ocorrências seriam a aplicação excessiva de tinta na superfície, ou aplicação da
segunda demão de tinta com a primeira ainda úmida, resultando em uma camada bastante
espessa, podendo ter sua origem ainda na fase de execução.
Figura 54 – Enrugamento da pintura no bloco 200 (pavimento inferior)

Fonte: Autoria própria


Neto (2007) ressalta que para prevenir este tipo de patologia o ideal seria aplicar
as demãos de tinta em camadas finas. O autor também define procedimentos para o reparo:
 Remover toda a tinta, que contenha enrugamento, com auxílio de espátula,
escova de aço e um removedor apropriado;
 Limpar toda a superficie utilizando solvente;
 Aguardar a secagem do solvente;
 Aplicar a tinta em camadas finas.
73

5 CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente estudo teve como premissa central a identificação


e a análise das manifestações patológicas nas pinturas do IFG - Campus Goiânia - visto que,
em função de sua temporalidade, inúmeros pontos de compometimento em sua pintura foram
observados e registrados, servindo como instrumental para posterior diagnóstico e
possibilidades de intervenção corretiva. Nesse sentido, para uma melhor compreensão do
tema, em um primeiro momento foram realizadas pesquisas bibliográficas a respeito das tintas
e das principais manifestaçoes patológicas que afetam a pintura e, posterirormente, adotou-se
como princípios definidores de conduta, para a consecução dos objetivos previamente
estabelecidos, o método proposto por Lichenstein.
Tendo como ponto de partida para o diagnóstico das patologias encontradas na
pintura do campus IFG, optou-se por realizar, através de inspeção visual, vistorias que
permitissem o registro de informações, consideradas imprescindíveis e norteadoras para o
estabelecimento de condutas de intervencões futuras, bem como a análise da atual situação de
danos nas pinturas dos Blocos 100, 200, 300, 500 e, ao longo do corredor principal, os quais
poderiam comprometer sua vida útil. A utilização das fichas de vistoria, durante as visitas
técnicas, foram de extrema relevância para melhor organização deste trabalho.
Constatou-se que, a partir das vistorias realizadas, grande parte das manifestações
patológicas identificadas, podem ter tido sua etiologia motivadas pela ação da água das
chuvas, por meio de infiltrações, bem como, por capilaridade, através do solo. A ausência de
preparação adequada do substrato foi preponderante para a ocorrência de tais patologias.
Observou-se a presença de repinturas nas áreas vistoriadas, fato que pressupõe a
despreocupação em remover a camada de tinta previamente existente, antes que fosse iniciada
a aplicação de uma nova demão. A inexistência de um plano de manutenção e de projetos de
impermeabilização podem ter contribuído, de forma decisiva, para a degradação da pintura.
As informações obtidas, pelo rastreamento do histórico da edificação, permitiram
a constatação de que o substrato das alvenarias, dos blocos em estudo, continha em sua
composição o saibro, fato preponderante para a redução da eficiência da pintura, contribuindo,
dessa forma, para o surgimento de novas patologias.
A impossibilidade de acesso aos projetos da edificação aliados a inexistência de
fichas de intervençao restaurativa ao longo do tempo, foram elementos obstaculizadores na
busca por informações que pudessem contribuir para o estabelecimento de uma base mais
sólida no estabelecimento da origem e das causas predisponentes para as patologias
74

encontradas, o que resultou em um diagnóstico com menor precisão.


Dessa forma, a fim de que se evite que as patologias diagnosticadas possam
evoluir, a ponto de danificar totalmente o revestimento da edificação, faz-se necessária a
realização de manutenções periódicas, a fim de que se possa mantê-la em um estado de
conservação de excelência, estabelecendo-se, assim, a pintura como parte essencial nos
projetos de construção.
Para trabalhos futuros sugere-se que:
 sejam desenvolvidos projetos de pintura para os blocos do IFG – Campus
Goiânia;
 dê-se continuidade à presente pesquisa, por meio da realização, inspeção e
identificação das manifestações patológicas nas pinturas dos demais
blocos e do ginásio do IFG – Campus Goiânia;
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