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FACULDADE MARIA MILZA

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

TAMILES ARAÚJO DA SILVA SANTOS

OS DESAFIOS DOS PROFESSORES NA INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA EM


UMA ESCOLA REGULAR NO MUNICÍPIO DE MURITIBA-BA

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2017
TAMILES ARAÚJO DA SILVA SANTOS

OS DESAFIOS DOS PROFESSORES NA INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA EM


UMA ESCOLA REGULAR NO MUNICÍPIO DE MURITIBA-BA

Monografia apresentada ao Curso de


Licenciatura em Pedagogia da Faculdade
Maria Milza para fins de obtenção da
Graduação em Licenciatura em
Pedagogia.

Orientador (a): Profª Ma. Érica Rocha Lordelo

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2017
Dados Internacionais de Catalogação
Santos, Tamiles Araújo da Silva
S237d Os desafios dos professores na inclusão da criança autista em uma
escola regular no município de Muritiba - Ba / Tamiles Araújo da Silva
Santos. – Governador Mangabeira – Ba, 2017.

58 f.

Orientadora: Profa. Ma. Érica Rocha Lordelo

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) –


Faculdade Maria Milza, 2017.

1. Inclusão Escolar. 2. Educação Inclusiva. 3. Criança Autista.


I. Lordelo, Érica Rocha. II. Título.

CDD 371.9
TAMILES ARAÚJO DA SILVA SANTOS

OS DESAFIOS DOS PROFESSORES NA INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA EM


UMA ESCOLA REGULAR NO MUNICÍPIO DE MURITIBA-BA

Aprovada em 21/06/2017

BANCA DE APRESENTAÇÃO

______________________________________________
Prof.ª Orientadora Ma. Érica Rocha Lordelo
Faculdade Maria Milza - FAMAM

______________________________________________
Prof.ª Ma. Fernanda dos Santos Almeida
Faculdade Maria Milza - FAMAM

_____________________________________________
Prof.ª Esp. Silvia Marli Tavares Santos
Faculdade Maria Milza - FAMAM

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2017
Dedico esse trabalho, primeiramente a DEUS, que me deu
forças para eu estar aqui. Em especial a minha família, meu
pai, minha mãe Antônia, que nunca deixou desistir, apesar das
dificuldades, também agradeço a Dona Maria José que me
incentivou a fazer o curso, e ao meu marido Aloísio Ferreira
que sempre esteve presente nessa minha caminhada me
dando apoio. Só tenho agradecer a todos pelo carinho durante
esse tempo todo.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar quero agradecer a Deus, por tudo que tem feito na minha
vida, pois sempre esteve comigo nas horas mais difíceis. Sei que para chegar aqui
não foi nada fácil, foram três anos e meio de muitas lutas e determinação para
alcançar esse objetivo. Apesar das inseguranças e dificuldades consegui superar
esses desafios com o apoio de Deus e da minha família que sempre esteve presente
nessa caminhada.
Agradeço a Deus por ter me dado forças no momento que eu mais precisei,
permitindo qυе tudo isso acontecesse, ао longo de minha vida, е não somente
nestes anos como universitária, mаs que еm todos оs momentos foi o meu alicerce
e meu porto seguro.
Aos meus pais, pelo amor, incentivo e pelo apoio incondicional, em especial a
minha mãe Antônia Araújo da Silva Santos, uma mãe heroína que me deu sempre
apoio e incentivo nas horas mais difíceis de desânimo e cansaço.
A meu marido, Aloísio Ferreira pela força, carinho e incentivo, me apoiando
em todos os momentos dessa longa trajetória.
À minha querida orientadora, Érica Rocha Lordelo, uma orientadora exemplar,
um doce de pessoa, muito dedicada com seu trabalho. Agradeço pela paciência e
inteligência, sempre colaborando da melhor forma possível na construção dessa
monografia, dando apoio, incentivo e suporte, pois sem as suas contribuições e
orientações, nada disso seria possível.
Agradeço as professoras Ana Santiago e Adarita Souza da Silva pelas dicas e
palavras que me ajudou muito logo no começo da construção desse trabalho.
A professora Josemare Pereira dos Santos Pinheiro pelas ricas contribuições,
orientação e apoio nesse trabalho.
Meus agradecimentos às amigas, Vanessa Araújo, Regina dos Santos e
Vanesssa Sacramento, que fizeram parte da minha formação е que vão continuar
presentes em minha vida, com certeza.
Agradeço a todos quе direta оu indiretamente fizeram parte dа minha
formação, о meu muito obrigado.
Há algo maior que move a todos que fazem o caminho: o
inusitado, a dimensão do sonho, o desejo de superação, a
vontade de chegar ao destino almejado. A cada passo, as
dificuldades vão se tornando motivos de júbilo, [e é o] que faz o
caminho ter um sentido, que faz a nossa vida valer a pena: a
de avançar sempre, superando-nos e às nossas inseguranças
pela coragem de enfrentar o que ainda não conhecemos.

Jussara Hoffmann (2001)


RESUMO

A inclusão de crianças com necessidades especiais vem sendo muito discutida na


atualidade e, principalmente no ambiente escolar. Sabe-se, que, para que a inclusão
aconteça se fazem necessárias transformações nos contextos educacionais,
políticos e sociais. Ao falar de inclusão não podemos deixar de mencionar as
crianças com autismo, visto que é uma síndrome que necessita de ações especiais.
No Brasil, falar de autismo e inclusão ainda é novidade, gerando muitas discussões,
uma vez que as escolas têm dificuldade para atender essas crianças e promover a
sua inclusão. Baseando-se nesse contexto, a pesquisa teve como objetivo identificar
os desafios enfrentados pelos professores na inclusão da criança autista em uma
escola da rede regular de ensino no Município de Muritiba- BA. De modo específico,
buscou-se conhecer o perfil dos professores e suas competências pedagógicas no
trato com um aluno autista; identificar a participação da escola no processo da
inclusão, a partir do estudo do seu Projeto Político Pedagógico; descrever a atuação
dos docentes em sala de aula visando o processo de ensino-aprendizagem da
criança autista em Muritiba-BA. O método utilizado foi o qualitativo, através de um
estudo descritivo, utilizando como instrumento de coleta de dados, observação
participante e entrevista semiestruturada. Estas foram realizadas com duas
professoras e uma coordenadora pedagógica, de modo a registrar suas concepções
e práticas sobre o tema inclusão e autismo. De modo complementar, realizamos
observações em sala de aula, para verificar como se dava a relação e a prática
pedagógica da professora junto à criança autista. Os resultados da pesquisa
apontam que os profissionais da educação, professores e coordenação pedagógica
tem dificuldades e limitações acerca de como trabalhar com crianças autistas, visto
que os professores não têm uma formação adequada o que dificulta o processo de
ensino e aprendizagem da criança especial. Esse estudo, portanto, pretende-se
contribuir para a discussão sobre a temática chamando atenção da sociedade e,
principalmente, dos profissionais da educação para refletir sobre a sua própria
formação e prática junto aos alunos com necessidades especiais. Discutir sobre
inclusão escolar mostra-se como uma necessidade urgente porque estudos recentes
revelam a fragilidade técnica do corpo profissional na educação que apesar de
integrar, ainda encontra dificuldades para, de fato, incluir a criança autista na escola
e, consequentemente, na sociedade.

Palavras-chave: Autismo. Inclusão. Desafios Pedagógicos.


ABSTRACT

The inclusion of children with special needs has been much discussed nowadays,
and especially in the school environment. It is known that, in order for inclusion to
take place, transformations are necessary in educational, political and social
contexts.When talking about inclusion we can not fail to mention children with autism,
since it is a syndrome that needs special actions. In Brazil, talking about autism and
inclusion is still new, generating many discussions, since schools have difficulty
attending these children and promoting their inclusion. Based on this context, the
research aimed to identify the challenges faced by teachers in the inclusion of the
autistic child in a school of the regular network of education in the Municipality of
Muritiba-BA. Specifically, we sought to know the profile of teachers and their
pedagogical skills in dealing with an autistic student; To identify the participation of
the school in the process of inclusion, based on the study of its Political Pedagogical
Project; To describe the performance of teachers in the classroom aiming at the
teaching-learning process of the autistic child in Muritiba-BA. The method used was
qualitative, through a descriptive study, using as instrument of data collection,
participant observation and semi-structured interview. These were carried out with
two teachers and one pedagogical coordinator, in order to register their conceptions
and practices on the theme of inclusion and autism. In a complementary way, we
made observations in the classroom to verify how the teacher's relationship and
pedagogical practice with the autistic child was given. The results of the research
indicate that the professionals of education, teachers and pedagogical coordination
have difficulties and limitations on how to work with autistic children, since teachers
do not have adequate training which hinders the teaching and learning process of the
special child. This study, therefore, It is intended contribute to the discussion about
the theme by drawing the attention of society and especially of education
professionals to reflect on their own training and practice among students with
special needs. Discussing school inclusion appears to be an urgent need because
recent studies reveal the technical fragility of the professional body in education that,
although integrated, still finds difficulties in actually including the autistic child in
school and, consequently, in society.

Key words: Autism. Inclusion.Pedagogical Challenges.


LISTA DE SIGLAS

ABA - Análise do Comportamento Aplicada


ECA - Estatuto da Criança e Adolescente
CDI-10 - Classificação Internacional de Doenças
DSM-5 - Manual de Saúde Mental
LDB - Lei de Diretrizes e Bases
MEC - Ministério da Educação e Cultura
PECS - Sistema de Comunicação por Troca de Imagens
QI - Quoeficiente Intelectual
TEA - Transtorno do Espectro Autista
TEACCH - Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits
ZDP - Zona de Desenvolvimento Proximal
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2 INCLUSÃO, PRÁTICA PEDAGÓGICA E APRENDIZAGEM DA CRIANÇA


AUTISTA ................................................................................................................... 14

2.1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E OS MARCOS LEGAIS ................. 14


2.2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA - ENTENDIMENTOS ............................................... 17
2.3 O SUJEITO AUTISTA E SUAS CARACTERÍSTICAS ..................................... 20
2.3.1 Tipos e subtipos do espectro autista..................................................... 22
2.4 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS JUNTO À CRIANÇA AUTISTA .......................... 25
2.4.1 Modos e práticas do professor na relação com a criança autista –
contribuições de Eugênio Cunha. ................................................................... 27

3 DESAFIO DA INCLUSÃO: PERFIL DOS PROFESSORES, COMPETÊNCIAS E


PRÁTICAS ................................................................................................................ 34

3.1 CONCEPÇÕES SOBRE INCLUSÃO E AUTISMO .......................................... 35


3.2 PRÁTICA PEDAGÓGICA: DO PLANEJAMENTO ÀS ESTRATÉGIAS DE
ENSINO ................................................................................................................. 39
3.3 DESAFIOS, DIFICULDADES E LIMITAÇÕES ................................................. 45
3.4 A PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA NO PROCESSO DE INCLUSÃO ................. 47

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 50

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52

APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA ........................................................... 55

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO AOS PARTICIPANTES .................... 57


11

1 INTRODUÇÃO

A inclusão escolar é um tema que vem sendo muito discutido nos dias atuais
e no contexto educacional, visto ainda como um assunto complexo e que precisa ser
debatido e repensado, principalmente pelo poder público, equipe escolar e
sociedade. Sabemos que ainda há muito preconceito da sociedade acerca das
pessoas com necessidades especiais, o que dificulta a efetivação das práticas
inclusivas, a começar pelo ambiente escolar – professores sem formação e
qualificação na área, escolas sem ferramentas pedagógicas inclusivas, entre outros
obstáculos.
Assim, esse trabalho monográfico surgiu devido a minha vivência na sala de
aula, atuando como assistente de classe, auxiliando crianças com Necessidades
Educacionais Especiais. A partir dessas experiências surgiram muitas inquietações,
a começar por minhas dificuldades para trabalhar com esses alunos, pois eu não
tinha um preparo/formação adequada para dar o suporte necessário a elas, apesar
das tentativas para desenvolver atividades que facilitassem o desenvolvimento, a
aprendizagem e a interação entre as mesmas. Nesse sentido, esse tema muito me
inquietou, pois reconheço não só as minhas dificuldades, mas as dificuldades de
todos os profissionais da educação no trato com crianças com necessidades
especiais.
Nos dias atuais, percebe-se que a maioria dos professores não possui uma
formação necessária para dar um suporte pedagógico a esses alunos, sendo assim,
é fundamental a escola se implicar nessa discussão, pois cabe a ela facilitar a
aprendizagem de todos os alunos e alunas, com todas as suas particularidades e
diferenças.
Dentro dessa discussão sobre inclusão, citamos as pessoas com autismo.
Muito tem se falado sobre o assunto, que tem sido objeto de pesquisa
principalmente nas áreas de saúde e educação, sendo que nessa última os estudos
ainda são limitados. Desse modo, nesta pesquisa, ressaltam-se as dificuldades dos
alunos e alunas autistas, ainda tachadas como deficientes.
Sobre esse tema, dentre uma série de problemáticas definimos discorrer
sobre os desafios enfrentados pelos professores para promover a inclusão da
criança autista. Portanto, partimos da seguinte problemática: Quais os desafios
enfrentados pelos professores na inclusão da criança autista em uma escola da rede
12

regular de ensino no município de Muritiba-BA? Essa problemática nos conduziu ao


seguinte objetivo geral: Investigar os desafios enfrentados pelos professores na
inclusão da criança autista em uma escola da rede regular de ensino no município
de Muritiba-BA. Dessa forma, para alcance desse objetivo geral, definimos como
objetivos específicos: 1. Conhecer o perfil dos professores e suas competências
pedagógicas no trato com um aluno autista; 2. Identificar a participação da escola no
processo da inclusão, a partir do estudo do seu Projeto Político Pedagógico; 3.
Descrever a atuação dos docentes em sala de aula visando o processo de ensino-
aprendizagem da criança autista.
Essa pesquisa justifica-se pela necessidade de entender os desafios que os
professores encontram para trabalhar com crianças autistas, de modo que, na
maioria das vezes, esses desafios se constituem por falta de uma formação
adequada, fazendo com que os educadores deixem de incluir esses alunos em suas
práticas educativas e consequentemente criando obstáculos que dificultam o
aprendizado da criança autista. Além disso, existem outras implicações que
impedem uma educação de qualidade para esses alunos como, por exemplo, a
realidade da escola, que em boa parte das vezes não possui recursos pedagógicos
necessários nem uma infraestrutura adequada, dentre outros fatores.
Ressaltamos que essa pesquisa é muito importante por trazer a discussão da
inclusão da criança autista no contexto educacional, fornecendo informações
importantes para a sociedade e especialmente para os profissionais da educação,
fazendo-os refletir sobre a sua formação profissional, instigando-os a investir na
própria qualificação e repensar as práticas pedagógicas orientadas à criança com
autismo. Toda essa discussão incita a conquista de uma escola inclusiva.
Para desenvolver essa pesquisa seguimos um percurso metodológico, o qual
se caracteriza como: 1. Uma pesquisa de natureza qualitativa – que, segundo
Marconi e Lakatos (2004), consiste em analisar e interpretar algo mais aprofundado
no que diz respeito ao comportamento humano, ou seja, fazer uma análise mais
detalhada para tal investigação; 2. Quanto aos objetivos, caracteriza-se como um
estudo descritivo, o qual, segundo Trivinõs (1987), visa conhecer melhor o lugar
(campo de pesquisa), sua comunidade, população, características, entre outras
questões, de modo que o pesquisador deve buscar informações necessárias para o
que deseja ser pesquisado.
13

Na pesquisa, privilegiamos a observação participante como instrumento de


coleta de dados. A observação participante se caracteriza por ser uma técnica de
investigação onde o pesquisador pode participar e compartilhar ações com a
intenção de realizar uma investigação científica. Nessa perspectiva, a pesquisa de
campo foi realizada em uma escola da rede regular de ensino no município de
Muritiba-BA por meio das observações em uma sala de aula em uma turma do 4°
ano do ensino fundamental, entre os dias 03 a 17 de maio de 2017. Assim, através
das observações realizadas na escola e na sala de aula, foi possível observar
aspectos relacionais e pedagógicos estabelecidos entre o professor e o aluno
autista.
Utilizamos ainda como estratégia a entrevista semiestruturada (fazendo uso
do gravador para registro de todo o discurso dos entrevistados), tendo como público
alvo duas professoras e uma coordenadora pedagógica, buscando registrar suas
experiências e os desafios da prática junto ao aluno com autismo. Segundo Lakatos
e Marconi (2003), a entrevista semiestruturada é aquela em que o entrevistador
segue um roteiro previamente formulado, partindo da ideia de que o entrevistador
deve apresentar um conhecimento crítico, podendo formular novas perguntas que
tornem as respostas mais completas.
O presente trabalho está organizado em dois capítulos: um teórico e o outro
direcionado à apresentação dos resultados e discussões. O capítulo teórico
apresenta a história da educação inclusiva, trazendo as leis que regem a inclusão
das crianças com necessidades especiais, o conceito sobre educação inclusiva e
ideias de teóricos acerca da inclusão e integração. Também, traz a origem do nome
autismo e os subtipos do espectro autista, além de suas características e definições,
a partir das contribuições de Eugênio Cunha. O outro capítulo abarca a importância
da formação dos professores, apontando as práticas dos mesmos com relação às
crianças autistas, os principais métodos educativos e os materiais pedagógicos que
podem ser usados para ajudar na aprendizagem e desenvolvimento da criança.
Ainda, apresenta os resultados e discussões da pesquisa, trazendo as repostas das
professoras e coordenadora pedagógica pesquisadas.
14

2 INCLUSÃO, PRÁTICA PEDAGÓGICA E APRENDIZAGEM DA CRIANÇA


AUTISTA

2.1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E OS MARCOS LEGAIS

No Brasil, entre as décadas de 1940 e 1950 não se falava em educação


especial. Esse assunto era visto com um tema esquecido pela sociedade e
principalmente pelos governantes, de forma que não havia uma preocupação com o
panorama da educação para atender as necessidades especiais das crianças. Além
disso, as escolas estavam voltadas para receber os indivíduos ditos “normais”.
Só a partir da década de 1970 as discussões sobre educação especial se
expandiram em decorrência da pressão dos movimentos sociais em todo o mundo.
A Declaração de Salamanca em 1994, por exemplo, foi um marco na história da
educação inclusiva, haja vista que provocou os governos a incluir as pessoas com
necessidades especiais nas escolas regulares.
A Declaração de Salamanca foi considerada como um dos principais
documentos visando a educação social, garantindo direitos humanos para todos os
indivíduos. Dentre outras questões, o seu intuito foi de ratificar as necessidades dos
indivíduos e buscar a implementação da sociedade inclusiva. Esta Declaração teve o
compromisso de buscar uma educação para todos, reconhecendo a necessidade e a
urgência em fornecer uma educação para todas as pessoas – crianças, jovens e
adultos, dentro do sistema de ensino regular. A Declaração de Salamanca afirma
que:

As escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas


condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras.
Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas; crianças
que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações distantes ou
nômades; crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças
de outros grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas
(DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p. 17- 18).

Entende-se que este documento trouxe grandes benefícios para área da


educação, incluindo todas as crianças no contexto escolar, independente de serem
especiais ou não. O mesmo deu oportunidade e segurança ao processo de ensino-
aprendizagem, uma vez que propôs uma educação de qualidade para todos,
garantindo às crianças o direito à educação. Ainda, no meio social, deu suporte aos
15

alunos no processo de ensino-aprendizado, respeitando e valorizando sua cultura e


valores. A Declaração de Salamanca enfatiza que:

[...] as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter


acesso às escolas regulares, que a elas devem se adequar [...] elas
constituem os meios mais capazes para combater as atitudes
discriminatórias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a
educação para todos (Declaração de Salamanca 1994, p. 8-9).

Neste sentido, a Declaração de Salamanca diz que a escola inclusiva deve


proporcionar um ambiente agradável e favorável para todas as crianças, fazendo
com que todas possam aprender juntas, independente de suas características
específicas ou das dificuldades e diferenças que apresentem. Para que isso
aconteça é importante que as escolas deem o suporte necessário para assegurar
uma educação efetiva e participativa, para que de fato ocorram as práticas inclusivas
no contexto escolar.
Após esta Declaração, outro momento importante na história da educação
inclusiva, especialmente no Brasil, foi a aprovação da Constituição de 1988 e da Lei
nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996. A
Constituição de 1988 teve como objetivo garantir os direitos e deveres das pessoas
com deficiência e a LDB entrou em vigor para reforçar os preceitos da Declaração
de Salamanca, garantindo, em lei, o acesso das pessoas com necessidades
especiais ao ensino regular. No documento da LDB, em seu capítulo V (2014, p. 55),
afirma-se que:

Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade


de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino,
para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação.

No mesmo capítulo, aponta-se que:

1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola


regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos
alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino
regular.
3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início
na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. (p. 55)
16

Porém, ainda que tenha havido avanços nesta Lei, Mazzotta (1996) nos
provoca a pensar sobre a qualidade das nossas escolas. Além da extensa gama de
diferenças existentes entre os educandos, o que exige das instituições escolares
uma diversidade de recursos disponíveis no sistema escolar, é fundamental o
atendimento especializado e metodologias diferenciadas para atender a esse
público, pois não basta apenas permitir que a criança freqüente a escola. Sobre
esse aspecto, no capítulo V da LDB, em seu Art. 59, incisos I e III (2014, p. 55),
afirma-se que: “Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização


específicos, para atender às suas necessidades;
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; (p.
55).

Desse modo, hoje temos uma lei que rege as bases da educação brasileira,
cabendo à escola buscar atender e promover o desenvolvimento dessas crianças,
potencializando suas habilidades. Além da LDB, existe o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), que estabelece em seu Art. 54 (2014, p. 64) que: “É dever do
Estado assegurar à criança e ao adolescente: atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino.”
Recentemente, em 2015, foi aprovada a Lei Brasileira de Inclusão, que
começou a vigorar em 2 de janeiro de 2016. Esta lei tem como foco principal o
avanço na inclusão de pessoas com deficiência nas escolas regulares de ensino,
visando assegurar mais benefícios para que esses sujeitos sejam reconhecidos
perante a sociedade e incluídos nas escolas regulares. No seu capítulo I, Art. 1° diz:

É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto


da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em
condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades
fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e
cidadania. (2015, p. 1)

Em 2012 foi aprovada a Lei que trata sobre o transtorno do espectro autista,
conhecida como Lei Berenice Piana (Lei nº. 12.764/12), que foi sancionada pela ex-
presidente Dilma Rousseff em 27 de dezembro de 2012, trazendo grandes
17

contribuições e conquistas para as pessoas com autismo. O nome da Lei se deu por
causa da luta de uma mãe que buscava os direitos de seu filho autista e, nessa
caminhada, a fim de articular a criação da lei supracitada, passou por vários
obstáculos.
Desde a sua data de aprovação, a lei nº 12.764/12 já se encontra em vigor.
Por meio dela foram instituídos grandes benefícios para que os indivíduos com
autismo pudessem ser reconhecidos como cidadãos perante a sociedade,
assegurando aos mesmos o acesso a escolas regulares, ao mercado de trabalho,
atendimento especializado, entre outros.
Como afirma Cunha (2016, p. 16): “O que significa a publicação da lei? Dentre
outros benefícios, o autismo passa a ser considerado uma deficiência. Destarte,
milhares de pessoas com o transtorno terão direito ao atendimento especializado na
educação”. Diante do exposto, fica evidente o respaldo legal dessas leis, visando
garantir os direitos dos autistas no ambiente escolar nas redes regulares de ensino,
assim como direito ao atendimento especializado na área de saúde e educação para
ajudar no processo de aprendizagem desses indivíduos no ambiente social e
educacional.

2.2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA - ENTENDIMENTOS

A educação acontece em qualquer ambiente – na escola, em ONGs, na


igreja, na indústria, na empresa, instituições, no esporte, nas associações, em
hospitais, ou seja, em diversos espaços, sendo que a educação inclusiva é um dos
temas que vem sendo discutidos nos últimos anos, dando possibilidades e possíveis
garantias para a efetivação do processo inclusivo de alunos com necessidades
especiais. Mas, para que isso aconteça, são necessárias mudanças no meio social e
educacional, principalmente a capacitação de profissionais na área da educação, a
fim de acabar com as práticas excludentes.
Segundo Sanches e Teodoro (2006), faz-se necessário trabalhar em prol de
mudanças no contexto escolar, visando construir projetos educativos que atendam a
todas as necessidades dos alunos, apostando ainda em uma formação continuada
para os profissionais da educação. Segundo Mantoan (2003, p. 57),
18

“A inclusão é uma inovação que implica um esforço de modernização e de


reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas
(especialmente as de nível básico), ao assumirem que as dificuldades de
alunos não são apenas deles, mas resultam, em grande parte, do modo
como o ensino é ministrado e de como a aprendizagem é concebida e
avaliada”.

Ainda, é importante destacar que a educação inclusiva não se refere apenas


aos alunos com necessidades especiais, mas a todos os indivíduos que precisam de
suporte para melhorar o seu desenvolvimento e desempenho no contexto escolar.
Quando discutimos inclusão em sala de aula nos referimos também às práticas
pedagógicas para que os alunos possam desenvolver suas habilidades. Assim,
Mantoan destaca ao enfatizar a concepção de uma escola inclusiva:

A inclusão é um motivo para que a escola se modernize e os professores


aperfeiçoem suas práticas e, assim sendo, a inclusão escolar de pessoas
deficientes torna-se uma consequência natural de todo um esforço de
atualização e de reestruturação das condições atuais de ensino básico
(1997, p. 20).

Nesse sentido, é muito importante que os professores se sensibilizem e


busquem aperfeiçoar suas práticas pedagógicas para desenvolver e proporcionar
uma aprendizagem significativa aos alunos que necessitam de um suporte
diferenciado no contexto escolar, assim como no meio familiar e social como um
todo.
Porém, como considera Sassaki (1998), isso não significa dizer que a
educação inclusiva deva privilegiar uns em detrimentos de outros, mas proporcionar
um ensino de qualidade para todos os alunos, sejam especiais ou não. Além disso,
as escolas devem estar atentas às particularidades de cada um. Com isso, devem
desenvolver projetos educativos voltados para atender a realidade dos alunos e
suas especificidades, promovendo a inclusão destes na sociedade e garantindo o
ensino e a aprendizagem dos mesmos.
Nesse aspecto, os autores que discorrem sobre esse tema nos convocam a
refletir sobre os direitos e necessidades da educação, especialmente das crianças
com necessidades especiais, repensando métodos educativos e o investimento na
formação continuada de professores.
De acordo com Carvalho (2005), a educação inclusiva busca quebrar os
obstáculos e barreiras impostos pela sociedade, sendo eles extrínsecos ou
intrínsecos aos alunos, buscando novos ideais e concepções para garantir a
19

acessibilidade e a estabilidade desses alunos no contexto escolar. Assim, Sassaki


(1998) e Figueiredo (2002) consideram que na educação inclusiva as escolas devem
estar preparadas para garantir o ensino de qualidade para todos os alunos,
independente de suas especificidades. Com isso, os autores não querem afirmar
que não é preciso identificar as diferenças individuais, mas não torná-las limitadoras,
pois o princípio educativo requer a análise das potencialidades de cada aluno,
rompendo com práticas excludentes. Nas palavras de Sassaki (1997, p. 18),

A inclusão escolar é vista como a melhor alternativa para os alunos


segregados da escola regular, já que ela representa um passo muito
concreto e manejável que pode ser dado em nossos sistemas escolares
para assegurar que todos os estudantes comecem a aprender que
pertencer é um direito e não um status privilegiado que deva ser
conquistado.

Nessa perspectiva, as escolas regulares devem estar aptas a receber todos


os alunos, independente de suas características específicas, dificuldades ou ritmos
de aprendizagem, pois a escola é um espaço educacional que deve ser usufruído
por todos. Os alunos ditos diferentes não devem ficar fora das escolas ou sofrerem
segregação em espaços regulares diferenciados; estes devem ser inclusos nos
ambientes regulares de ensino.
Cordeiro (2011, p. 29) traz a concepção da educação inclusiva:

Conjunto de processos educacionais decorrente da execução de políticas


articuladas impeditivas de qualquer forma de segregação e de isolamento.
Essas políticas buscam alargar o acesso à escola regular, ampliar a
participação e assegurar a permanência de todos os alunos nela,
independentemente de suas particularidades.

Nessa mesma linha de pensamento, Ramos (2010) propõe uma educação


que seja capaz de dar uma aprendizagem significativa para todas as pessoas,
independente de cor, raça, etnia, deficiência. Uma educação que, acima de tudo,
seja de qualidade. De acordo com os estudos feitos na área de educação inclusiva,
foi possível refletir que existem escolas que integram o aluno com necessidades
especiais, mais não inclui, pois inclusão, como visto anteriormente, requer que a
escola se modifique, principalmente no que se refere às suas práticas pedagógicas.
Segundo Lima (2006), a escola que integra faz apenas ajustes no modo de
ensino e o aluno é quem deve se adaptar às exigências da escola. Já para promover
inclusão, a escola tem de estar preparada para acolher todos os alunos com
20

necessidades especiais. Desse modo, a inclusão é conquistada quando se busca


uma qualidade de ensino para todas as pessoas, garantindo direitos, acesso ao
ensino e oportunizando desenvolvimento e aprendizagem.
Corroborando, Lima (2002) e Pereira (2000) afirmam que a integração não
permite mudanças no ambiente escolar, pois quem deve se adequar é o aluno, ou
seja, o aluno deve se adaptar ao modelo em que a escola está organizada. Nesse
sentido, não se pode questionar sobre a conduta e o papel da escola, uma vez que
ela dita as normas que o aluno deve adotar.

2.3 O SUJEITO AUTISTA E SUAS CARACTERÍSTICAS

A palavra autismo originou-se do grego autós e tem como significado “de si


mesmo”. Esse termo era utilizado pela psiquiatria para nomear os comportamentos
humanos considerados diferentes e peculiares dos demais. Esse termo foi
empregado pela primeira vez pelo psiquiatra Eugene Bleuler, em 1911, que através
de seus pensamentos buscava desvendar os comportamentos e retraimentos dos
seus pacientes, observando as características para um possível sintoma de
esquizofrenia.
Uma das primeiras pesquisas na área se iniciou em 1943, pelo médico
psiquiatra austríaco Leo Kanner. Esse profissional se dedicou a estudar e pesquisar
crianças com intuito de descobrir comportamentos considerados “estranhos e
peculiares”, associados à dificuldade nas relações sociais. Nesse sentido, Kanner
publicou um artigo descrevendo o estudo realizado com aproximadamente onze
crianças que apresentavam características distintas, diferentes das outras
síndromes. Kanner nomeou seu estudo como “Distúrbio autístico do Contato
Afetivo”, fazendo uma análise e observando os sintomas precoces e os principais
comportamentos dessas crianças, onde os mesmos não se encaixavam na
classificação da psiquiatria infantil. Kanner também observou o distanciamento
dessas crianças no seu relacionamento interpessoal, o atraso na comunicação, na
linguagem, na fala e na coordenação motora (CUNHA, 2015).
Assim, fica evidente que o conceito de autismo está vinculado a diversos
fatores, passando por grandes transformações que implicam amplas discussões na
área educacional e também na saúde. Os trabalhos de Kanner tinham como
21

princípio norteador o “distúrbio central”, causado pela falta de aptidões por parte do
sujeito em se relacionar e ter um contato com os demais indivíduos.
Sobre o autismo, Cunha (2015) define que é uma síndrome que geralmente
aparece logo nos primeiros anos de vida da criança, a partir dos três anos de idade,
provida de causas ainda desconhecidas, com possíveis contribuições dos fatores
genéticos, ou seja, é uma doença considerada patológica causada pelo mal
funcionamento neurológico. É uma síndrome bastante complexa, podendo abranger
um diagnóstico médico, estabelecendo quadros comportamentais diferenciados. Os
sintomas geralmente causam incertezas, na maioria das vezes, gerando um
diagnóstico precoce, principalmente porque não existe um padrão específico sobre
essa síndrome e os sintomas variam de pessoa a pessoa, abarcando
comportamentos peculiares e diferentes.
Ainda, segundo o autor, existem autistas com habilidades extraordinárias e
surpreendentes, denominados como autistas de “alto desempenho”, como por
exemplo, memórias surpreendentes, aptidões para fazer cálculos matemáticos,
habilidades nas áreas artísticas e musicais. Em relação à memória eles possuem um
grande desenvolvimento na memória auditiva, fotográfica e no calendário. Eles são
capazes de lembrar/guardar datas comemorativas, dia da semana, ano, data e
horário de diversos acontecimentos. Alguns teóricos consideram os autistas de alto
funcionamento como savants (os sábios).
No entendimento de Cunha (2015), o autismo também pode ser visto como
uma desordem da personalidade que atinge geralmente os homens (a chance chega
a ser quatro vezes maior do que nas mulheres). Sabe-se que a cada 100 crianças
nascidas uma tem autismo. Por isso, é necessária a continuidade dessas pesquisas
para chegar a um possível resultado através de dados estatísticos para evidenciar o
autismo no nosso país, visto que os estudos voltados a essa especificidade ainda
têm grandes restrições e geram dúvidas. Como aponta Cavaco (2014, p. 41):

O crescimento de crianças diagnosticadas com autismo tem crescido


consideravelmente, porém a falta de uma pesquisa mais aprofundada em
todos os países e principalmente nos estados do Brasil não possibilita um
número exato sobre o assunto, porém ao se falar em localidade e maior
número de indivíduos autistas os Estados Unidos possuem o maior número
de crianças com este diagnóstico, seguindo-se o Brasil, mais propriamente
São Paulo, e depois São Luís do Maranhão.
22

Percebe-se o grande crescimento do autismo em vários países, apesar da


falta de pesquisas mais aprofundadas para dar um diagnóstico correto – o que torna
mais difícil uma compreensão maior sobre essa síndrome.
A criança autista apresenta algumas características típicas no
comportamento, como dificuldade de socialização, comunicação e interação. Orrú
(2011, p. 34) explica que:

Muitas das alterações apresentadas por crianças autistas ocorrem em razão


da falta de reciprocidade e compreensão na comunicação, afetando, além
da parte verbal, as condutas simbólicas que dão significado às
interpretações das circunstâncias socialmente vividas, dos sinais sociais e
das emoções nas relações interpessoais.

A partir do último Manual de Saúde Mental – DSM-5, que é um guia de


classificação diagnóstica, o Autismo e outros distúrbios se fundiram em um único
diagnóstico chamado Transtornos do Espectro Autista – TEA. Dessa forma, o
autismo se enquadrou no TEA por ser uma síndrome complexa, englobando
diferentes síndromes, como a Síndrome de Asperger, que abrange várias
dificuldades no comportamento humano. O conceito de espectro está relacionado a
uma extensa gama de desafios no neurodesenvolvimento infantil causado por
diversas dificuldades na conduta, sensibilidades sensórias, de linguagem, entre
outros (CUNHA, 2015).

2.3.1 Tipos e subtipos do espectro autista

É importante destacar que todos os tipos de autismo estão relacionados aos


Transtornos do Espectro Autista, ou seja, ele engloba distintas síndromes. Isso
significa dizer que o autismo é um distúrbio que abarca aspectos considerados
heterogêneos, patológicos e bastante peculiares, que variam de criança para
criança.
Segundo Cunha (2015, p. 23), ”o uso atual da nomenclatura Transtorno do
Espectro Autista possibilita a abrangência de distintos níveis do transtorno,
classificando-os de leve, moderado e severo.” Nesse sentido, existem três tipos de
autismos: aquele considerado leve, o de abrangência grave e o moderado.
O autismo leve traz algumas características e sintomas que abrangem três
áreas – comunicação, socialização e comportamento. Dentre elas estão problemas
23

na comunicação como, por exemplo, a criança tem um pouco de dificuldade na fala,


tem olhares dispersos, usam palavras inapropriadas, não sabe se expressar
utilizando palavras ou vocabulário, tem dificuldade de socialização com amigos,
colegas e familiares. Estudos indicam que essas crianças querem se relacionar,
porém não conseguem. Ocorrem alterações de comportamentos repetitivos como a
fixação por objetos, brinquedos e nos movimentos do corpo.
É possível que os autistas de grau mais leve desenvolvam a linguagem verbal
e as relações sociais quase normalmente e também, em alguns casos, os autistas
podem desenvolver o QI (Quoeficiente Intelectual) elevado ou habilidades acima da
média, como, por exemplo, no esporte, arte, música, inteligências na aprendizagem,
entre outros elementos. Os autistas com nível leve geralmente são bastante
inteligentes e sensíveis às mudanças de tempo, podendo ter um vida normal.
O autismo moderado apresenta características um pouco diferentes.
Normalmente são observadas tentativas de interação social mais comprometida,
ausência parcial ou total da comunicação verbal e rebaixamento intelectual.
Diferentemente do grau leve, as crianças com autismo moderado demandam mais
atenção por parte dos profissionais para que suas habilidades sejam mais
exploradas e desenvolvidas.
Já aquelas crianças com grau mais severo apresentam comportamentos
totalmente diferenciados. São mais agressivas, apresentam uma deficiência
intelectual bastante grave caracterizada pela ausência do contato com o meio,
vivendo isoladamente, haja vista que têm dificuldades de interação social. Ainda,
estabelecem um quadro de apatia e falta de interesse aos estímulos, além de
conduta inadequada, atitudes agressivas, a linguagem, nesse caso, está totalmente
ausente, não manifestam afeto nem pelos familiares, não gostam de receber e dar
carinho. O QI é considerado mais baixo, o que compromete a realização de
atividades diárias. É comum que nesse estado as crianças autistas apresentem
comportamentos inadequados, como birras, choros, agressões, fúria, gritos, entre
outros.
Cunha (2015), em seu livro chamado “Autismo e inclusão: Psicopedagogia e
práticas educativas na escola e na família”, trouxe informações bastante
interessantes sobre o Autismo, ampliando o conceito de autismo citando o manual
de diagnóstico, chamado de CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) e
enquadrando o autismo nos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento. O manual
24

aponta os seguintes distúrbios: Síndrome de Asperger, Autismo Atípico, Transtorno


de Rett e Transtorno Desintegrativo da Infância:

1. Síndrome de Asperger: Ao contrário do autismo, muitas pessoas com


asperger procuram ter uma relação pessoal e contato físico com outros sujeitos.
Ainda, não apresentam deficiência mental e não possuem atraso na fala.
Apresentam características distintas, como habilidades incomuns, interesses
particulares, entre outras.

2. Autismo Atípico: Está direcionado às pessoas com grave comprometimento


no desenvolvimento, na interação social, na comunicação verbal e não verbal.
Pessoas com autismo atípico apresentam estereotipias no comportamento.

3. Transtorno de Rett: Causado por grave deficiência mental considerada


severa, atinge geralmente as crianças do sexo feminino, apresentando dificuldades
e prejuízos no desenvolvimento da linguagem, comunicação e desenvolvimento
motor, provocando até convulsões.

4. Transtorno Desintegrativo da Infância: É uma síndrome considerada mais


rara que o autismo, com sintomas bastante parecidos com o Transtorno de Rett.
Com predominância no sexo masculino, as pessoas que apresentam essa síndrome
têm grave comprometimento mental.

Existem outros sintomas para ajudar no reconhecimento da criança com


autismo, entre eles se encontram as estereotipias e ecolalias. As estereotipias fazem
o autista criar seu mundo exterior, no qual prefere ficar isolado, gerando graves
problemas na fala e linguagem, na cognição, na escrita, atraso no desenvolvimento
motor, principalmente nos movimentos finos, entre outras áreas. Já as ecolalias
manifestam-se na criança autista causando uma série de repetições de palavras e
frases curtas, onde a mesma não compreende a fala ou pergunta e acaba fazendo
repetições por diversas vezes.

De acordo com Cunha (2014, p. 28), é comum a criança autista:


[...] retrair-se e isolar-se das outras pessoas; não manter contato visual;
resistir ao contato físico; resistência ao aprendizado; não demonstrar medo
25

diante de perigos reais; não atender quando chamada; birras; não aceitar
mudança de rotina; usar as pessoas para pegar objetos; hiperatividade
física; agitação desordenada; calma excessiva; apego e manuseio não
apropriado de objetos; movimentos circulares no corpo; sensibilidade a
barulhos; estereotipias; ecolalias; não manifestar interesses por
brincadeiras; compulsão.

Assim, para identificar uma criança autista, deve-se levar em conta essas
características citadas pelos autores acima, já notadas nos primeiros anos de vida.
As manifestações do autismo variam de acordo com o nível, o grau de
desenvolvimento e a idade cronológica de cada um indivíduo. Portanto, é essencial
ter um conhecimento mais aprofundado e reflexivo para saber o que é autismo e
aprender novas estratégias para lidar e ensinar essas crianças.

2.4 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS JUNTO À CRIANÇA AUTISTA

Para que a educação inclusiva aconteça, na prática, é fundamental a


formação do professor, o preparo e que o profissional consequentemente tenha
amor pela sua profissão. Esses são um dos aspectos mais importantes para uma
educação inclusiva. Para Lima (2002, p. 40),

[...] a formação de professores é um aspecto que merece ênfase quando se


aborda a inclusão. Muitos dos futuros professores sentem-se inseguros e
ansiosos diante da possibilidade de receber uma criança com necessidades
especiais na sala de aula. Há uma queixa geral de estudantes de
pedagogia, de licenciatura e dos professores: “Não fui preparado para lidar
com crianças com deficiência.

Neste sentido, não é fácil para um professor estar à frente de um aluno com
necessidades especiais, sem ter recebido um preparo adequado para trabalhar com
esses alunos. Xavier (2002, p. 19) considera que:

A construção da competência do professor para responder com qualidade


às necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola
inclusiva, pela mediação da ética, responde à necessidade social e histórica
de superação das práticas pedagógicas que discriminam, segregam e
excluem, e, ao mesmo tempo, configura, na ação educativa, o vetor de
transformação social para a equidade, a solidariedade, a cidadania.

Para que a formação continuada dos professores aconteça é fundamental que


estes tenham compromisso e responsabilidade para efetivar uma educação de
qualidade para todos os alunos. Nessa perspectiva, os profissionais da educação
26

devem estar aptos e preparados para elaborar projetos e implantar novas propostas
pedagógicas para o ensino (XAVIER, 2002).
Diante disso, é fundamental garantir a aprendizagem e o desenvolvimento
desses indivíduos, sendo que, para tal, o professor deve aprimorar suas práticas
pedagógicas para responder às necessidades e características destes alunos
(XAVIER, 2002). Segundo González (2002, p. 247),

Será necessário prestar uma maior atenção no contexto social, político e


cultural da escola, com a finalidade de fazer o professor em formação
compreender que a tolerância e a flexibilidade, diante das diferenças
individuais, sejam do tipo que forem, deve ser uma forma de
comportamento habitual na sala de aula, fortalecendo uma formação capaz
de enfrentar os desafios de uma educação pluralista. Uma educação, em
suma, que seja intercultural.

Neste sentido, é fundamental a formação dos professores nessa área de


inclusão, pois não basta ter uma formação inicial, é preciso buscar conhecimentos
adequados para atender as necessidades e especificidades de cada criança. A
formação dos professores abrange várias áreas do conhecimento. Assim, a
educação especial se torna importante para o currículo do docente, pois possibilitará
conhecimento, experiência para o seu currículo profissional, principalmente para
trabalhar com a diversidade de crianças em sala de aula. Por isso, é preciso
conhecer o aluno, suas características e sua construção sócio-histórica.
Nessa perspectiva, os profissionais da educação devem se unir em prol de
mudanças, para que de fato ocorra a inclusão, criando e elaborando estratégias de
ensino para que as crianças com necessidades especiais e autistas possam se
desenvolver e aprender. Nessa perspectiva, para implicar o educador, surgiram
algumas leis para reforçar a formação dos professores. Segundo Mendes (2004, p.
227):

Uma política de formação de professores é um dos pilares para a


construção da inclusão escolar, pois a mudança requer um potencial
instalado, em termos de recursos humanos, em condições de trabalho para
que possa ser posta em prática.

Para mencionar a formação dos professores que irão atuar com esses
indivíduos, a LDB 9394/96 vem reforçar, em seu artigo 59, capítulo V (p. 55), que
sejam: “III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
27

para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular


capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns”.
O Plano Nacional de Educação (MEC, 2000), garante a formação de professores
nas classes regulares, propondo atendimento especializado para as pessoas com
necessidades especiais. Assim, consta no art. 8° que:

As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na organização


de suas classes comuns: I - professores das classes comuns e da educação
especial capacitados e especializados, respectivamente, para o
atendimento às necessidades educacionais dos alunos.

Diante do exposto, fica evidente que existem leis para a formação de


professores para atender às especificidades e diferenças de cada educando, porém,
nem sempre isso acontece na prática. Os direitos não são concebidos corretamente,
ou às vezes são negados. Sendo assim, é fundamental saber que por em prática
essas leis para garantir uma formação adequada aos professores depende de cada
município.

2.4.1 Modos e práticas do professor na relação com a criança autista –


contribuições de Eugênio Cunha

Antônio Eugênio Cunha é psicopedagogo, jornalista e professor. É


considerado um dos principais nomes do país, principalmente quando se fala na
educação de crianças com dificuldades de aprendizagem e autismo. Na questão do
autismo ele procura discutir propostas de intervenção na escola e na vida familiar.
Entre os livros mais importantes se destacam: “Afetividade na prática pedagógica”
(2007); “Práticas pedagógicas para inclusão e diversidade” (2014); “Afeto e
aprendizagem” (2015); “Autismo e inclusão: psicopedagogia e práticas educativas na
escola e na família” (2015) e “Autismo na escola: um jeito diferente de aprender, um
jeito diferente de ensinar” (2016).
De acordo com Cunha (2015), ensinar uma criança autista é um dos grandes
desafios no ambiente escolar, pois existem vários fatores que dificultam esse
processo, dentre eles, as salas de aula super lotadas com crianças com diferentes
níveis de aprendizagem e, ainda nas salas, encontram-se crianças com diferentes
problemas e dificuldades como, por exemplo, surdez, síndrome de down, dislexia,
entre outros. É difícil para o educador propiciar uma educação inclusiva e de
28

qualidade para todos os alunos devido à falta de suporte, de materiais pedagógicos,


de parceria e apoio do corpo pedagógico da escola, de capacitação dos educadores,
de professores e especialistas para intervir e ajudar no processo de ensino-
aprendizagem no ambiente escolar.
Como mostrou Cunha (2015), existem casos na sala de aula onde os alunos
com autismo não demonstram interesse pelas atividades/tarefas que o professor
elabora. O professor deve buscar estratégias de ensino para estimular esse aluno,
descobrindo atividades que chamem a sua atenção e o atraia, para que o mesmo
sinta o prazer em fazer o que gosta.
Cunha (2015) mostra em seu livro “Autismo e inclusão: psicopedagogia e
práticas educativas na escola e na família” como os professores devem agir e se
relacionar, buscando, primeiramente, ganhar a confiança da criança autista.
Segundo o autor, o educador precisa ficar atento para observar os comportamentos
dos alunos que apresentam alguma dificuldade.
A observação é um dos primeiros caminhos para uma educação com
possíveis resultados. Considerando que as crianças autistas têm fascínio por
brinquedos que rodam e balançam, nesse momento, o professor deve aproveitar
bastante a própria atração que a criança autista tem com esses objetos e brinquedos
para desenvolver formas criativas de atividades relacionadas aos mesmos,
buscando ensinar o uso correto dos objetos expostos, promovendo atividades que
atraiam a criança e estabeleçam uma aproximação necessária com esse aluno.
O autor ressalta que: “O grande foco na educação deve estar no processo de
aprendizagem e não nos resultados, pois, nem sempre, eles virão de maneira rápida
e como esperamos.” (CUNHA, 2015, p. 32). Para tanto, o professor deve estar
ciente desta questão, pois nem sempre os resultados das suas atividades serão
favoráveis. O educador não deve criar expectativas, pois os resultados não são tão
importantes. Ele deve dar ênfase ao processo de aprendizagem da criança,
trabalhando de acordo com o modo que a mesma se comporta para ir buscar
caminhos e solucionar os problemas apresentados.
Assim, na concepção de Cunha (2015), um dos primeiros passos para o
educador é conhecer e interagir com seu aluno autista e atraí-lo, primeiramente,
através do olhar, olhando nos seus olhos para chamar sua atenção. Deve-se
fisicamente abaixar seu corpo na mesma direção, ficando na mesma estatura para
ter um contato imediato com a criança. É importante que o educador tenha o
29

compromisso de passar confiança para o aluno, pois ele se sentirá mais seguro. Isso
deve ser usado com qualquer criança com dificuldades educacionais. É preciso
atrair o aluno para poder educá-lo.
Nessa lógica, é necessário que os profissionais estejam preparados para
suprir as necessidades de cada indivíduo. Ele precisa está informado, atualizado e
preparado para ter possíveis soluções e dar um atendimento adequado e também
ter uma boa relação com o aluno autista, aprimorando seus estudos para descobrir
habilidades de trabalhar com essas crianças e assim obter mais experiências e
informações sobre essa síndrome. Nesse aspecto, Bosa e Baptista (2002, p.11-12)
avaliam que:

Em meio à diversidade de teorias e desconhecimento sobre o assunto,


surgem controvérsias, e mesmo verdadeiras polêmicas principalmente,
sobre o diagnóstico e formas de intervenção. [...], compreender o autismo
exige uma constante aprendizagem, uma (re) visão contínua sobre nossas
crenças, valores, e conhecimentos sobre o mundo, e, sobretudo, sobre nós
mesmos.

Dessa forma, é necessário que o educador reavalie suas práticas


pedagógicas, seus conhecimentos, suas atitudes, seu método de aprendizagem, a
fim de estabelecer uma melhor condição para seus alunos, para compreender e
entender sobre a criança autista e suas especificidades.
Como foi analisado por Cunha (2015), para trabalhar com o aluno autista o
professor deve ter bastante paciência, se expressar devagar, comunicar-se
lentamente para que o aluno possa processar tudo o que está sendo falado,
podendo compreender, entender e absorver as informações e conhecimentos
necessários. Por isso, é essencial que o educador faça repetições de palavras,
frases e também de atividades e tarefas, pois a criança autista nem sempre
compreende o que nós falamos. Nesse sentido, é preciso se comunicar com clareza
e pausadamente, utilizando estratégias para ter uma melhor convivência.
Cunha (2015) cita alguns materiais pedagógicos para ajudar no processo de
aprendizagem da criança com autismo. Para trabalhar com o autista, é necessário o
educador ter uma sala com recursos pedagógicos para conduzir as atividades,
procurando objetos que explorem o sensorial, como rasgar e cortar papel, usar tinta
para colorir papéis com dedos, brincadeiras com água, isso irá desenvolver a
coordenação motora fina da criança. Para desenvolver atividades motoras amplas, o
professor precisa trabalhar com objetos que rodam, como: pneus, garrafas e bola.
30

Ainda, de acordo com autor, existem outros materiais pedagógicos com


grande importância nesse mundo autístico são os materiais montessorianos, que
são objetos e brinquedos de encaixe geométricos, com tamanho, espessura, largura
e peso diferenciados, utilizados na maioria das vezes em escolas regulares,
possibilitando a discriminação das formas geométricas, a concentração,
desenvolvendo a coordenação motora e cognitiva e principalmente o equilíbrio
através de objetos de encaixe e cubos geométricos, que são excelentes ferramentas
pedagógicas para ajudar no desenvolvimento da criança com autismo.
Em sua obra o autor traz algumas estratégias de ensino para ajudar o
aprendente autista no seu processo de aprendizagem, utilizando materiais que
exprimem artes, pintura, atividades com massa, giz de cera ou música. Estes são
bastante importantes para ajudar na concentração do aluno autista, servindo para
mediar o conhecimento do aluno.
Segundo Cunha (2015, p. 71),

O ensino do aluno com autismo dá ênfase à terapia comportamental, pois


utiliza estímulo, reforço, extinção e expressões verbais. Algumas técnicas
podem representar um valioso auxílio na sala de aula e na família para a
redução de atitudes que interferem negativamente no desenvolvimento do
aprendente.

Percebe-se a importância de técnicas para ajudar na intervenção e ensino da


criança com autismo, principalmente no meio social, familiar e educacional. Segundo
Cunha (2015), não podemos deixar de mencionar a importância de trabalhar em
coletividade, principalmente para ajudar a criança autista no seu processo de
socialização e interação social. Para discutir esse conceito de interação e mediação
do conhecimento, buscou-se a teoria de Vigotski (2007), que discute sobre a
comunicação, interação, estímulos, socialização e aprendizado, chamado de (ZDP)-
Zona de Desenvolvimento Proximal, que é a distância entre o que o educando
aprende de maneira autônoma com sua capacidade e o que ele realiza com o auxílio
do outro. Assim, a criança pode concluir uma atividade mais rápido através da
mediação, ou seja, um adulto como o mais experiente pode mediar o conhecimento
para que a criança conclua a atividade estabelecida.
Outro aspecto que merece ênfase é a afetividade na sala de aula. Cunha
(2016) traz importantes contribuições para os educadores melhorarem seu
relacionamento com o aluno. Para o autor, a afetividade muda qualquer ambiente e
31

pessoa e o professor precisa ser afetivo, trabalhar com as emoções, os interesses


do aluno autista e as qualidades para que o processo pedagógico possa dar certo.
Segundo Wallon (1995), o afeto é um elemento importantíssimo na vida de
qualquer indivíduo, tanto na aprendizagem quanto no convívio familiar e social.
Dessa forma, a criança, através do afeto, irá se sentir mais segura para desenvolver
da melhor forma a aprendizagem. Por isso é necessário que o educador tenha uma
relação de afeto, sentimentos, emoções para permear a relação do professor –
aluno.
Dessa forma, na aprendizagem da criança autista o educador deve evitar usar
só a fala, pois o autista não compreende. A tendência é que o educador trabalhe
com atividades que estimulem e exijam sua atenção, como utilizando objetos e
brinquedos que balançam e rodem. Também, o professor pode trabalhar com
atividades lúdicas como pintura de desenhos, recortes de figuras, entre outras. As
imagens visuais ficam mais tempo registradas na memória do autista,
diferentemente das falas utilizadas pelos familiares e professores. O aluno tem mais
admiração e fascínio pelos objetos, brinquedos, gravuras e figuras, podendo ser
compreendido de forma tátil e visual.
Existem nos dias atuais alguns tratamentos para ajudar a criança autista no
seu desenvolvimento, fornecendo possibilidades para melhorar a vida desses
indivíduos. Apesar de não existir a cura, ocorre uma melhor adaptação desse sujeito
nos ambientes social, familiar e escolar, tais como:

1. Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits relacionados


com a Comunicação (TEACCH) - É uma técnica para educar os alunos autistas com
distúrbios na comunicação. O método TEACCH busca desenvolver a independência
da criança autista para que possa fazer várias coisas no cotidiano sem precisar de
auxilio ou professor. É um método comportamental, voltado mais para o ambiente
pedagógico. Baseia-se também na organização, estruturação e espaço em que o
aluno está inserido, com o objetivo de ajudar na adaptação ao ambiente.

2. Análise do Comportamento Aplicada (ABA) - Adequada para analisar cada tipo


de comportamento. O método ABA visa educar / ensinar habilidades e aptidões que
o autista não possui, com objetivo de analisar e explicar o comportamento,
aprendizagem e o ambiente, visando mudanças no comportamento da criança
32

autista. Também ensina competências de desenvolvimento como: socialização,


comunicação, cognição, linguagem etc.

3. Sistema de Comunicação por Troca de Imagens (PECS) - É um sistema de


transmissão através de trocas de figuras para educar o autista. Visa estimular a
aprendizagem através da comunicação utilizando recortes de figuras e desenhos
como estratégias para melhorar o desempenho da criança autista. Ele é indicado
para crianças com o grau mais severo na comunicação, ajudando no melhoramento
interpessoal.

4. Son-Rise é um conjunto de técnicas e táticas para ajudar na interação e


relacionamento social da criança com autismo. O programa Son-rise está associado
ao tratamento educacional e clínico, com intuito de ajudar e promover o
desenvolvimento social da criança com autismo. Esse tratamento procura
compreender o comportamento da criança autista, analisando como se comporta,
interage, comunica-se e seus respectivos interesses. Esse programa visa ir até a
criança autista, buscando fazer uma ponte entre a realidade da criança autista e o
mundo exterior. Cunha (2015, p. 76) considera que o:

Programa Son-Rise procura ir até à pessoa com autismo. Propõe ser uma
ponte entre o autista e o cotidiano. Interagindo a partir dos seus afetos, o vê
como um ser que precisa ser amado e compreendido com base em sua
realidade, para que possa haver comunicação e interação social.

Apesar de existir métodos educativos, programas, intervenções e tratamentos


para ajudar no desenvolvimento da criança autista, fica evidente que até o momento
não existe cura para o autismo, sendo que, à medida que o indivíduo vai ficando
mais velho o seu quadro clínico vai mudando, dependendo do meio em que vive e
da estrutura familiar.
Cunha (2015) afirma, ainda, que o modelo da educação inclusiva deve
começar primeiramente pelo afeto do professor e da família com o aluno autista,
para juntos se conhecerem e criar possíveis maneiras de relacionamento. O autor
discute sobre a prática escolar sendo fundamental para os professores e família,
para juntos construírem diferentes formas de ações inclusivas para serem
trabalhadas com o aprendente autista. As concepções da aprendizagem devem
incluir os desafios e superações com o intuito de proporcionar e possibilitar a
33

autonomia da criança com autismo. A autonomia é a parte fundamental para que o


autista tenha uma vida independente.
É necessária a participação da família, escola e dos demais profissionais da
saúde, como fonoaudiólogo, terapeutas, médicos, psicopedagogos e psicólogos,
para que juntos possam promover e melhorar a vida da criança com autismo,
possibilitando atividades que estimulem o seu desenvolvimento e desempenho para
potencializar suas habilidades. É essencial o trabalho coletivo entre os profissionais
da saúde, da educação e familiares para juntos construírem uma educação de
qualidade, tratamentos, intervenções entre outros elementos.
34

3 DESAFIO DA INCLUSÃO: PERFIL DOS PROFESSORES, COMPETÊNCIAS E


PRÁTICAS

A inclusão nada mais é do que acolher a todas as pessoas, independente de


cor, raça, classe social ou quaisquer condições, sejam elas mentais, físicas,
psicológicas, entre outras. Nas escolas sabemos dos grandes desafios encontrados
pelos professores para trabalhar com as crianças com necessidades especiais,
principalmente em se tratando de crianças autistas, pois existem vários fatores que
implicam nesta inclusão, sendo um deles a falta de preparação dos profissionais da
educação.
Autores como Lima (2002), Xavier (2002) e González (2002) reconhecem a
importância de ter uma formação continuada. Para eles, é importante adquirir
conhecimentos para atender as necessidades de cada criança. Dessa forma, essa
pesquisa busca, através dos objetivos propostos, conhecer o perfil destes
professores e suas competências para trabalhar com as crianças com autismo.
Ainda, pretende saber se a escola possui um Projeto Político Pedagógico que
dialoga com o tema da inclusão e a atuação dos professores para promover a
aprendizagem da criança autista.
Este capítulo apresenta os resultados e as discussões da análise dos dados
procedentes das entrevistas semiestruturadas aplicadas às professoras que
trabalham ou trabalharam com a criança autista observada neste trabalho. Assim, as
seções se encontram organizadas da seguinte forma: (1) Concepções sobre
inclusão e autismo; (2) Prática pedagógica: do planejamento às estratégias de
ensino; (3) Desafios, dificuldades e limitações; (4) A participação da escola no
processo de inclusão. Nesse sentido, optamos por colocar uma tabela sinalizando o
perfil das professoras investigadas na pesquisa, para que o leitor possa entender
melhor as informações sobre as docentes.
Na tabela 1, apresentamos as informações relacionadas ao perfil das
professoras investigadas. Para preservar a identidade de cada professora citada,
utilizamos os seguintes códigos: P1, P2 para as professoras e P3 para a
coordenadora pedagógica, como mostra a tabela a seguir.
35

Tabela 1: Dados sobre o perfil das professoras investigadas


Tempo Tempo de Curso
Perfil Sexo Idade Formação de Especialização atuação na sobre
Inicial formação educação autismo
inclusiva
P1 F 52 Pedagogia Acima de Autismo, TDA-H,
20 anos Dislexia, Pratica e 5 anos Sim
Teórica
P2 F 43 Pedagogia Entre 10 Psicopedagogia 2 anos Não
a 15 anos
P3 F 54 Pedagogia Entre 10 Não 5 meses Não
a 20 anos
Fonte: Própria, dados da pesquisa (Abril/2016)

Na primeira tabela, foi observado que as professoras e coordenadora


pedagógica participantes desta pesquisa são do sexo feminino, com faixa etária de
35 a 55 anos. O tempo de formação das professoras entrevistadas varia entre 10 a
25 anos de serviço, contudo, o tempo de atuação na educação inclusiva é pequeno,
variando de 6 meses a 5 anos. Verificou-se que todas as professoras têm nível
superior, formadas em Licenciatura em Pedagogia. Uma delas tem especialização
em várias áreas e atende crianças com diversas dificuldades em uma clínica
particular e, apenas a professora P2, chegou a concluir a especialização em
psicopedagogia, mais não atua na área. Já a coordenadora pedagógica não tem
especialização ou qualquer outro curso na área de inclusão.

3.1 CONCEPÇÕES SOBRE INCLUSÃO E AUTISMO

A inclusão escolar é um momento de receber e acolher todas as pessoas,


independentemente de qualquer deficiência, seja física, mental, superdotados entre
outros. O processo de inclusão consiste em incluir e aceitar no sistema de ensino as
crianças com necessidades especiais, dando a elas o suporte necessário para o
processo de ensino e aprendizagem. A inclusão se configura para que todos possam
ter acesso e direito de estudar. Precisamos apenas entender e reconhecer o outro
para compartilhar e conviver com as diferenças de cada um.
Ao serem questionadas sobre o que vem a ser a inclusão, as professoras e
coordenadora pedagógica definiram:

“Acredito que é a forma mais humana de acolhimento e respeito às


diferenças. É dar oportunidades a todos, respeitando suas limitações, dando
36

ênfase aos avanços mesmo que mínimos e auxiliando nas dificuldades,


tentando fazer a diferença na vida da criança.” (P1)

“Como havia falado, para ser mesmo inclusão o sistema e o governo todo,
deveria mesmo capacitar os professores, também seria viável preparar os
colegas de sala de aula para receber essas crianças, porque é muito difícil e
complicado, mas, fazendo esse trabalho por completo eu acho que daria um
bom resultado, não colocar por colocar, mas realmente não só incluir mas
fazer, ou seja, saber como receber essas crianças.” (P2)

“É acolher todas as crianças no sistema de ensino, independente de cor,


classe social e condições físicas e psicológicas.” (P3)

Observa-se que nas falas acima as entrevistadas têm um conceito muito


próximo do que consideram os autores e leis acerca da inclusão. O que chama a
atenção é a fala da professora P2, quando menciona o sistema e os governos, que
deveriam assegurar uma formação continuada, capacitando todos os profissionais
da área da educação para atender as especificidades de cada criança, possibilitando
incluir esses alunos no ambiente escolar. Nessa lógica, Sanches (2011) traz em seu
pensamento as condições necessárias para que haja uma inclusão, afirmando que
os educandos precisam de recursos específicos em diversas áreas para serem
incluídos, contudo, os governantes devem garantir a efetivação das leis. Nessa
análise, o autor afirma que é preciso implementações dos governos e da escola para
que seja contemplada a educação inclusiva.
É preciso que as leis sejam exercitadas na prática, para que aconteça uma
inclusão capaz de receber e atender todas as crianças com necessidades especiais,
dando o suporte necessário e garantindo uma educação de qualidade para todos.
Conforme aponta a Lei 9394/96, Lei Diretrizes e Bases da Educação, que preconiza
uma educação especial para todos os educandos com necessidades especiais, é
preciso que haja serviços de apoio, com profissionais preparados para atender as
peculiaridades e particularidades dessas crianças especiais. No discurso das
professoras P1 e P3 elas enfatizam o que vem a ser a inclusão. Para elas a inclusão
é acolher todas as pessoas de forma igual, respeitando suas dificuldades, limitações
e diferenças. Segundo Ramos (2010), a inclusão é o momento de receber todas as
crianças, independente de qualquer deficiência, de modo que seja garantida uma
aprendizagem de qualidade.
O autismo é uma síndrome com diferentes níveis de comprometimento, sendo
que os sintomas variam conforme as dificuldades apresentadas. Cada criança
autista tem um jeito de se comunicar, interagir e comportar, isso depende também
37

dos níveis de autismo. Quando questionadas a respeito de como elas veem uma
criança autista, as respostas foram bastante expressivas:

“Como um sujeito de direitos e vontades que precisa ser compreendido e


atendido em suas limitações motoras, visuais, comportamentais, intelectuais
e comunicativas. Todo autista tem capacidade de aprender, precisamos
apenas entender como ele percebe o mundo e reage aos estímulos do
meio.” (P1)

“A gente sabe mais pelo comportamento, não sabe realmente o que é esse
autista, quem vai entender melhor é um profissional especifico, até para
falar eles não sabem,tem dificuldades, eles precisam de um fonoaudiólogo,
médicos especialistas, neurologistas entre outros mais.” (P2)

“Com limitações.” (P3)

Na resposta da P1, fica evidente os conhecimentos prévios da professora,


mostrando como uma criança deve ser atendida e respeitada dentro das suas
limitações, afirmando que todas as crianças autistas têm capacidade de aprender e
que isso dependerá dos estímulos que receberá. Como afirma Cunha (2015), uma
criança autista não é incapaz de aprender, ela tem uma forma diferente de ver as
coisas e aprender, tendo maneiras e condutas diferenciadas das outras crianças.
Para o autor, a criança deve ser estimulada desde cedo, haja vista que isso ajudará
no processo de desenvolvimento em várias áreas, tanto física quanto motora e
cognitiva, entre outras.
Em sequência, foram questionadas sobre o comportamento da criança
autista. As respostas demonstraram domínio sobre as características típicas da
criança autista:

“A maior dificuldade é encontrar um autista igual a outro. Cada um traz um


tipo de comportamento estereotipado. São vários sintomas, depende muito
dos casos. Mas, os sintomas comuns a todos é o atraso cognitivo evidente,
sem reciprocidade, dificuldade de comunicação e contato visual. Não
gostam de toque, são sensíveis a ruídos. Muitos têm comprometimentos
sensoriais, alimentar, sonos intranqüilos não socializam não se comunicam.”
(P1)

“O comportamento dele são os gestos repetitivos, batendo palmas, batendo


a cabeça, falando embolado, mas eu não sei se a fala dele é embolada,
porque não teve um acompanhamento pelo fonoaudiólogo [...], eu não
conheço outros autistas para saberdiferenciar, se a fala dele é assim
mesmo ou porque ele não foi acompanhado pelo fonoaudiólogo [...].” (P2)

“O aluno que frequentou a sala durante 6 meses, apresentava raciocínio


lógico e inteligência condizente com a faixa etária. Apresentava rejeição
quando era solicitado a trabalhar com a escrita.” (P3)
38

Percebe-se no decorrer das respostas que todas elas têm um entendimento


expressivo quanto à forma de comportamento da criança com autismo, usam
linguagem técnica sobre as características das crianças autistas como, por exemplo,
atraso cognitivo, sem interação, dificuldade de comunicação e contato visual,
movimentos repetitivos, entre outras expressões. Quando se fala nas características,
essas variam, pois para cada tipo ou grau de autismo são apresentados sintomas
diferenciados. Na fala da P2, encontram-se as dúvidas acerca da fala e linguagem
da criança autista, se realmente teve um acompanhamento de fonoaudiólogo para
um diagnóstico. Esse aspecto é inclusive ressaltado por Cunha (2015), que diz que
é fundamental a criança autista ter um acompanhamento e tratamento adequados,
com profissionais como médicos, terapeutas, professores, fonoaudiólogos,
psicopedagogos, para juntos com a família e a criança, construírem meios para
auxiliar na construção do desenvolvimento e aprendizagem.
Nessa mesma linha de pensamento foram questionadas a respeito do
relacionamento do aluno autista com as demais crianças:

“Depende do grau de comprometimento, muitos são verbais, outros


apresentam ecolalia (só repete o que ouve, sem entonação) e outros usam
as pessoas só como suporte ou ferramenta para adquirir o que quer.
Precisam ser estimulados a falar desde cedo.” (P1)

“[...], o comportamento dele melhorou, está ajudando na parte dele, está


socializando e se relacionando com os colegas, então agora eu acho que
ele está mais aberto a amizades, está menos agressivo. Os colegas
brincam moderado, sabendo como brincar com ele, até Ricardo (aluno) tem
medo dele.” (P2)

“Brinca sozinha, pouca interação com crianças da mesma faixa etária, não
dava continuidade nas brincadeiras com outras crianças. Instabilidade
emocional.” (P3)

Entende-se que as depoentes apresentam em suas falas, características


diferentes do comportamento do aluno com autismo, o que é normal, pois cada
autista tem sua maneira de se comportar e de se relacionar. Cada autista vive no
seu mundo, eles possuem características distintas. Orrú (2011) traz algumas
características da criança com autismo, uma delas é a falta de reciprocidade,
autonomia, prejuízos no comportamento não verbal, falta de aquisição, socialização,
diálogo, linguagem, isso vai depender do grau que varia desde leve e moderado a
severo.
39

A professora P2 menciona o comportamento do autista com as outras crianças.


Diz que houve melhoramento na socialização e interação com os alunos da classe.
Assim, Cunha (2015) aponta que é importante trabalhar desde cedo a socialização e
interação da criança autista para que ela possa conviver com as outras pessoas,
ajudando a criança a se desenvolver em vários sentidos, como no desenvolvimento
cognitivo, interpessoal e social.
O processo de socialização ajuda os alunos a ter um contato direto com os
colegas da classe, possibilitando o mesmo na sua aquisição de valores, na
construção da identidade e capacidade de se relacionar. Para isso, é necessário
criar estratégias para inserir e incluir o aluno autista com as demais crianças,
buscando atividades que envolvam a participação de todos os alunos, propondo
trabalhos em equipe, trabalhando com a coletividade.

3.2 PRÁTICA PEDAGÓGICA: DO PLANEJAMENTO ÀS ESTRATÉGIAS DE


ENSINO

A prática pedagógica é uma ferramenta muito importante no contexto escolar,


pois é a partir da atuação do professor que os alunos aprendem de maneira que
possa estimular o seu desenvolvimento e aprendizado. É necessário que o educador
busque sempre estratégias de ensino para o desenvolvimento de práticas reflexivas,
possibilitando o desenvolvimento e competência dos alunos nas atividades
propostas. Como já discutido, as práticas pedagógicas são excelentes fontes de
aprendizagem social, visto que é indispensável trabalhar com atividades que os
autistas gostem de fazer e que permitam o contato com outras crianças, estimulando
a interação. Outro ponto levantado foi sobre as práticas eficazes para o
desenvolvimento da criança autista. As respostas foram:

“A análise aplicada do comportamento, o sistema PECS e o método


TEACCH.” (P1)

“Acho que seria jogos e brincadeiras, que são ações práticas, trabalha com
a coordenação motora, ajuda no desenvolvimento e raciocínio lógico.
Samuel é muito observador, observa tudo, capta as coisas com facilidade, é
muito inteligente.” (P2)

“Não tenho conhecimento, não sei responder.” (P3)


40

Em primeiro lugar é necessário o professor criar um vínculo afetivo com os


alunos, principalmente com as crianças autistas, chamando sua atenção para que
haja uma aproximação e confiança. Pode-se notar que na fala da P1 ela cita
métodos educativos para ajudar no desenvolvimento da criança autista, mas não
explica detalhadamente o que eles significam e o que fazem na prática.
Como já visto no referencial teórico deste trabalho, a ABA busca trabalhar e
auxiliar nas habilidades que o autista não adquiriu; está focada no desenvolvimento
da criança, estimulando-a a socializar, a comunicar, a desenvolver a cognição e a
linguagem. Já a PECS é um trabalho feito através de trocas de figuras para ajudar
na aprendizagem da criança autista, como por exemplo, desenhos, figuras, recortes.
E por último, a TEACCH, que é indicado para desenvolver a independência do aluno
autista, para que o mesmo possa exercer atividades relacionadas ao cotidiano.
Neste contexto, Cunha (2016, p. 123) diz que:

Para que as práticas docentes cheguem a bom termo, dentre outras coisas,
é preponderante que as atividades tragam a gênese do interesse do
estudante, para que ele, ainda que por meio de pequenos passos, possa,
de forma gradual e constante, seguir adiante descobrindo novas
experiências de aprendizagem.

Assim, fica constatado que as professoras, de modo geral, têm


conhecimentos desses métodos educativos, contudo, no discurso da P3
(coordenadora pedagógica), ela informa que não tem conhecimento algum sobre as
práticas para trabalhar com o aluno autista. Seguindo esta linha de pensamento, as
docentes foram questionadas mais especificamente sobre as atividades que propõe
para facilitar a aprendizagem:

“Jogos, brincadeiras, material concreto, bastante oralidade, a maioria recusa


lápis e papel por questões motoras.” (P1)

“Atualmente não estou usando nenhum tipo específico para as


necessidades dele, não. As atividades são propostas para a turma toda, o
aluno autista só participa de atividades como colagens, pintura, jogos,
brincadeira; nestas atividades ele está envolvido e socializado, envolvo ele
em tudo no que ele pede na questão de fazer uma pergunta, participar de
algum projeto, não deixo ele isolado. Mas para essa parte de recursos até
agora não utilizei nenhum.” (P2)

“Nenhum.” (P3)

É verificado que a professora P2 não utiliza nenhum recurso específico para


ajudar a criança autista na aprendizagem. Na fala, a mesma diz que as atividades
41

foram desenvolvidas para todos os alunos, sem pensar na possibilidade de ter uma
criança autista na sala de aula. Cunha (2015), ao falar dos recursos, mostra a
importância de o professor ter um olhar diferenciado acerca dos materiais que serão
utilizados, citando o uso de brincadeiras, jogos, objetos e materiais que o autista
tenha mais atração. Nesse sentido, é preciso que o professor trabalhe com as
aptidões do autista, observando seus gostos, interesses para, a partir daí, planejar
atividades em conjunto.
Foi verificada no discurso da P3 a falta de um conhecimento maior acerca dos
recursos pedagógicos. Nesse contexto, Cunha (2015; 2016) fomenta a respeito de o
professor estimular o autista em atividade que envolva a capacidade de
concentração, pois, na maioria das vezes, o que impede o aprendizado da criança
autista em sua vida cotidiana é o déficit de atenção. É salientada a importância de o
educador trabalhar com recursos pedagógicos, como os materiais montessorianos,
que são objetos de encaixes geométricos como cubos, torres, encaixes sólidos, que
servem como auxílio para melhorar o foco de atenção do autista, desenvolver
funções cognitivas e motoras, discriminação visual e tátil, entre outras questões.
Segundo Cunha (2015, p. 66), “O material não é o conteúdo curricular, mas é o
instrumento que estimula o aluno, possibilitando-lhe que ele refine seu aprendizado
até atingir as elaborações cognitivas e motoras mais elevadas”.
Nesse contexto, é importante o educador trabalhar com instrumentos
pedagógicos para estimular e possibilitar a criança a desenvolver gradativamente
conceitos de matemática e linguagem, ajudando a desenvolver suas habilidades.
Seguindo a entrevista, as docentes foram questionadas quanto à utilização do
sistema de comunicação alternativo:

“Sim. O método PECS é um sistema de comunicação através de trocas de


figuras para se comunicar com palavras simples do dia a dia da criança,
fixadas nas tabuas de comunicação (figura + palavras).” (P1)

“Sempre estou tratando ele com calma e conversando, alisando o ombro e a


cabeça, oh Samuel faça isso, quer dormir vai dormir, nunca estou
contrariando ele [...], sempre fazendo a vontade dele na sala, mostrando a
ele que eu quero que ele faça aquilo mesmo [...]. Eu quero que ele vá
sentar, aí digo Samuel, vem dormir aqui, mais querendo mesmo que ele
saia do chão, não fica no chão para não ficar doente, dando uma iniciativa
para ele sentar, nunca gritar com ele, nunca tá irritando, procurando sempre
falar com os colegas para não está irritando, alertando com Samuel, né. É
bom pra mim que não é o primeiro ano que ele estuda aqui, ele já tem um
contato com os colegas, conhece a maioria, é bom que ele já conhece os
colegas mesmo, desde pequeno ele já acompanha essa turma.” (P2)
42

“Não.” (P3)

As respostas dadas pelas professoras P1 e P2 foram bastante positivas em


relação à comunicação com a criança autista. A P1, em sua fala, mostra ter
conhecimentos mais aprofundados, conhecendo os métodos educativos como os
PECS, que ajudam a criança autista no processo de aprendizagem, utilizando
figuras e desenhos. A P2 traz algo bastante interessante a respeito como ela se
comunica com o aluno autista. Segundo Cunha (2015), o professor deve sempre se
expressar de forma expressiva, com clareza, falando pausadamente, olhando nos
olhos da criança, para que a mesma possa entender todas as informações e
conhecimentos.
Cunha (2015) ainda salienta a importância de o educador fazer repetições
com palavras e frases, buscando sempre estratégias para ajudar no processo de
ensino e aprendizagem da criança autista. Também é pertinente destacar que o
professor deve trabalhar com imagens visuais, pois elas ficam mais tempo
armazenadas na memória do autista, diferentemente das falas pronunciadas.
Ao falar de planejamento, sabemos da importância de o professor planejar
suas aulas de forma que possa incluir todos os alunos. É importante que educador
pense que na sua sala pode aparecer uma criança com necessidades especiais,
como o autismo. É preciso que o mesmo crie estratégias para planejar os
conteúdos, para que o aluno autista tenha uma aprendizagem significativa e seja
incluído em todas as atividades propostas. Durante as entrevistas feitas, foi
questionado como as docentes planejam as aulas, de forma que possa incluir. As
respostas foram diversificadas:

“Fazendo-o participar naquilo que ele é capaz, respeitando as limitações. A


maioria dos autistas gosta de materiais que possam manipular montar ou
construir. Sempre utilizo algum jogo que envolva psicomotricidade.” (P1)

“Na realidade, eu não faço especificamente para ele, eu faço voltado para a
turma toda, se tiver uma parte prática, uma brincadeira ou jogo ele vai
participar, mas na questão de escrita e leitura como ele não acompanha [...],
se ele tivesse um acompanhamento mesmo, de uma pessoa na sala para tá
acompanhando especificamente só ele, seria melhor aí talvez ele nem
dormisse a manhã toda, porque ele estaria envolvido com outra pessoa,
fazendo outras atividades mais voltadas para ele, mas infelizmente eu não
posso está me dedicando sozinha a ele, nessa questão de fazer um
planejamento separado, o planejamento é para a turma toda.” (P2)

“Não planejava, era o mesmo planejamento para todos.” (P3)


43

Diante do que foi exposto nas falas das entrevistadas, e mais especificamente
na fala da P1, é notável que a professora sempre busca estratégias de ensino para
auxiliar no aprendizado da criança autista, trazendo elementos para ajudar no seu
processo de desenvolvimento como, por exemplo, utilizar linguagem objetiva,
privilegiar as habilidades, propor atividades para estimular o pensamento lógico,
adaptar o currículo, provas e avaliação, utilizar jogos e privilegiar vínculos afetivos.
Segundo Cunha (2016), o professor deve respeitar os limites do aluno, evitar
atividades longas e focar em atividades que mantêm a atenção do autista. Por isso o
professor deve buscar atividades que estimulem o aluno, como pintura, desenhos,
atividades com massa, jogos que ajudem no seu desenvolvimento cognitivo e motor.
Já nas falas das professoras P2 e P3 é possível perceber a falta de conhecimento
das mesmas a respeito do planejamento. Segundo elas, este é feito para todos os
alunos, independente das deficiências ou dificuldades de aprendizagem. Cunha
(2016) salienta a importância do papel do professor na sala de aula, visto que é
preciso que o mesmo adéque as metodologias de modo que possa incluir e atender
essas crianças. Nesse intuito, Orrú (2003, p. 1) diz,

É imprescindível que o educador e qualquer outro profissional que trabalhe


junto à pessoa com autismo seja um conhecedor da síndrome e de suas
características inerentes. Porém, tais conhecimentos devem servir como
sustento positivo para o planejamento das ações a serem praticadas e
executadas […].

Compreendemos que é necessário o educador ter um conhecimento acerca


do autismo e haja com propriedade nas práticas aplicadas para poder contribuir com
o processo de aprendizagem e desenvolvimento desta criança. Tendo isso em vista,
as professoras foram questionadas sobre como eram desenvolvidas as atividades
para o aluno autista. As respostas dadas foram:

“De forma concreta partindo do simples para o complexo, muitas atividades


sensoriais e sinestésicas.” (P1)

“Ele faz só rabiscos, não escreve nada. Teve um dia que foi bem
interessante quando passei uma atividade de leitura e interpretação para
todos da sala, aí ele disse quero ler pró, [...] leu tudo aquilo que ele ouviu
dos outros colegas, e também através da figura do texto, o aluno foi olhando
o desenho e foi falando o que estava na figura [...].” (P2)

“Igual às atividades dos outros alunos.” (P3)


44

É importante destacar que a professora P1 se aproxima do que Cunha (2015)


vem ressaltando – que o professor deve partir da forma concreta para que o
aprendente possa aprender de forma mais fácil e tátil, utilizando materiais que possa
sentir e tocar. Ainda, salienta que é importante trabalhar com atividades sensoriais.
Ainda que não sejam recursos pedagógicos, estas exercem efeitos no
comportamento da criança autista (jogos, brincadeiras para estimular a inteligência,
a criatividade, permitindo que a criança aprenda de maneira fácil, dentro de suas
limitações). Em seqüência, foi perguntado a respeito das estratégias de ensino para
promover a aprendizagem, os sujeitos da pesquisa responderam:

“Técnica de rastreamento ocular, atividades sensoriais, pranchas com


imagens, alfabeto móvel, caixa de areia, massa de modelar, jogos, material
concreto, exercícios de grafomotricidade e visual espaciais.” (P1)

“[...] utilizei na questão da prática como exemplo, trabalho em grupo pra ele
está inserido, mural, cartaz, jogos, brincadeiras, aí ele está envolvido. Na
leitura eu já tenho uma estratégia boa de dar uma figura e mandar ele ler,
quanto mais ele fala vai ser melhor, assim vai se desenvolvendo na fala.”
(P2)

“Não usei nenhuma.” (P3)

Percebe-se que a professora P1 tem muitos conhecimentos acerca das


estratégias de ensino para auxiliar a criança autista, trazendo material
importantíssimo e rico, que é essencial para o desenvolvimento da mesma. A P3,
coordenadora-pedagógica, desconhece essas estratégias de ensino, o que
conseqüentemente torna mais difícil o processo de inclusão da criança autista.
Durante os dias 03 a 17 de maio de 2017 foram realizadas as observações
em uma sala de aula com a professora P2. Foi possível perceber que a mesma não
inclui o aluno autista nas atividades de escrita e leitura: o mesmo fica sem fazer
nada, fica isolado, sem atividade alguma. Foi essa mesma professora que relatou
que o planejamento é para todos os alunos, sem diferenciação. No decorrer das
atividades foi possível observar que as atividades xerografadas para os alunos ditos
normais eram iguais para o aluno autista, sem ao menos elaborar uma atividade
voltada para a realidade do aluno. Foi observado durante os dias de observação que
o aluno autista só participa das aulas quando acontece de essas serem voltadas à
pintura, construção de cartazes, jogos, brincadeiras. Quando contrário, o aluno fica
isento de participar. Dando seguimento às entrevistas, as colaboradoras foram
45

questionadas sobre o modo como se dá a aprendizagem da criança autista, ao que


responderam:

“De forma processual, comemorando cada pequeno avanço.” (P1)

“[...] a parte da observação que ele percebe as coisas com facilidades, ele é
atento e muito participativo. Ele não fica assim alienado, ele quer estar
envolvido, tipo ele quer ter o livro dele, tem alguns meninos que não ligam
para o livro, desprezam, esquecem, já Samuel tem cuidado.”( P2)

“Fazia discriminação visual com facilidade ao utilizar o alfabeto móvel na


identificação e reconhecimento das letras com seqüência alfabética,
conhece os números e fazia relação com a quantidade.” (P3)

Diante dos relatos feitos, foi possível perceber que P1 traz aspectos
importantes de como o professor deve olhar a aprendizagem, trazendo métodos,
técnicas e instrumentos para aguçar o aprendizado do aluno. Cunha (2015)
considera importante o professor trabalhar com técnicas e materiais visando
estimular o interesse do aluno através de pequenos passos, de forma gradual,
partindo de novas experiências para o processo de aprendizagem. Durante as
observações na sala de aula, foi percebido que o aluno autista era muito observador.
Tudo o que falávamos ele entendia e, devido as dificuldades na escrita, o aluno não
acompanhava a turma, necessitando de um suporte maior de alguém que pudesse
auxiliá-lo.

3.3 DESAFIOS, DIFICULDADES E LIMITAÇÕES

Nos dias atuais, as pessoas com autismo não têm recebido a atenção
necessária e adequada como preconizam as leis, pois a maioria dos professores
não tem uma formação continuada, o que dificulta a aprendizagem e
desenvolvimento da criança autista. Por isso, torna-se necessária a execução das
leis na prática para que os mediadores do conhecimento possam ser informados e
capacitados a respeito desses alunos.
Nessa discussão, fica claro a importância das leis como a LDB e a
Declaração de Salamanca e sua efetivação, pois estas vêm respaldar a formação
dos professores. É preciso que os municípios busquem esses recursos e efetivem,
de fato, essas leis, para que não fiquem só no papel, mas que possam ser
praticadas corretamente.
46

Quando foram questionadas sobre as principais dificuldades para trabalhar


com a criança autista, expressaram:

“Tudo é muito difícil no início, mas quando se cria um vínculo afetivo tudo
flui de maneira mais tranqüila. A maior dificuldade é socializar, comunicar e
ajustar os comportamentos inadequados. Os autistas geralmente
apresentam atrasos cognitivos e déficit de atenção, sérios
comprometimentos motores.” (P1)

“Não ter uma pessoa para tá orientando ele também, estar sozinha com a
turma toda, sabendo que é uma turma regular, é uma turma difícil que faz
zoada, barulho, conversa, essa fase é isso mesmo, mas ter que estar
controlando, mas já está difícil controlar eles, quanto mais ter que estar se
dedicando, sozinha, a ele [...], esquecendo dos outros, sendo que os
colegas têm dificuldades, sendo uma turma de 25 alunos, não é a mesma
coisa de estar sozinha com ele. Uma solução Seria ter uma psicopedagoga
em outro turno, para ajudar na coordenação, desenvolvimento, em relação à
leitura e escrita, talvez o aluno autista pudesse até ler algumas palavras,
trabalhando com letras, sílabas, entre outros. Mas não tem esse apoio.”
(P2)

“Todas as dificuldades, pois não tenho nenhum preparo.” (P3)

É interessante a resposta da P1 quando ela sinaliza a importância de criar um


vínculo afetivo com o aluno autista. Segundo Wallon (1995), é importante que o
educador crie um elo de afetividade com seu aluno, para que possa estabelecer uma
melhor forma de aprendizagem. Assim, é preciso ter uma relação de afeto, carinho,
sensibilidade e respeito entre o educador e o aluno. O que chama a atenção na fala
da mesma é como ela identifica essas dificuldades, mencionando as características
peculiares da criança autista. Como aponta Cunha (2015), uma das maneiras para
que o autista comece a criar um vínculo com os familiares e professores é trabalhar
com atividades que envolvam participação, interação e socialização.
Em relação às falas da P2 e P3, elas trazem pontos pertinentes a serem
discutidos, principalmente a falta de formação e capacitação dos professores para
atender essas crianças com necessidades especiais e autismo. Fica evidente
através das falas o anseio das duas entrevistadas por não terem essa preparação
para ajudar essas crianças.
Dando continuidade nas entrevistas feitas, foram questionadas a respeito das
limitações na prática do professor para trabalhar com os alunos autistas, as
respostas são parecidas:

“A falta de prática em educação inclusiva e a falta de formação específica.”


(P1)
47

“De não ter esse preparo, de não poder me dedicar a ele, pois não posso
me dedicar só a ele, tenho 25 alunos na sala, minha limitação seria essa,
quando eu escrevo no quadro, ele não tá fazendo nada, fico sem saber
como trabalhar com ele, como lidar com essa situação. Professor não é só
dar aula, mas sim estar junto.” (P2)

“Falta de preparo.” (P3)

Salientamos que, durante a execução das entrevistas, foi possível verificar no


depoimento de todas as professoras a falta de formação continuada para os
docentes, o que implica em políticas públicas nessa área. Ao serem interrogadas
sobre os desafios da aprendizagem da criança autista, as docentes responderam:

“Interação e socialização.” (P1)

“Na aprendizagem seria necessário ter um psicopedagogo, mas não só ele,


uma equipe, um conjunto como, por exemplo, fonoaudiólogo, neurologista,
trabalhando em prol no desenvolvimento do aluno [...]. Talvez se ele fosse
trabalhado desde pequeno, o desenvolvimento dele seria melhor, isso vai
depender das condições financeiras da criança, pois quem tem mais
condições se torna mais fácil, mas quando não tem as dificuldades são
maiores para conseguir, depende de ser marcado pelo SUS e também as
mães às vezes relaxam.” (P2)

“Falta de preparo profissional do professor, a escola não tem recursos


necessários para essas crianças.” (P3)

No discurso da professora P2, o que chama a atenção é quando ela


menciona a respeito de ter profissionais capacitados para auxiliar a criança autista
nos aspectos de desenvolvimento e aprendizagem e da necessidade de uma equipe
multidisciplinar, como já discutido anteriormente.

3.4 A PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA NO PROCESSO DE INCLUSÃO

O Projeto Político Pedagógico – PPP é uma ferramenta muito importante para


escola, uma vez que visa refletir sobre as propostas educacionais no contexto
escolar. É através dela que a comunidade junto com funcionários, alunos, pais,
professores e gestores podem desenvolver um trabalho coletivo, buscando aspectos
necessários para a melhoria da escola, trazendo elementos fundamentais para que
os objetivos sejam alcançados com eficácia. O PPP também se configura ainda
como uma demanda de planejamento, definindo as estratégias que são traçadas
para atingir os objetivos estabelecidos.
48

O PPP serve para permitir uma interação de acordo com os objetivos e


prioridades situadas, propondo uma reflexão acerca das ações necessárias para a
construção de uma realidade. É importante que todas as escolas tenham esse
projeto educacional para contribuir com o desenvolvimento integral e formação da
sociedade e também mostrar como devem ser tomadas as decisões sobre os
principais objetivos da escola, o que almeja e as soluções evidentemente para todos
os problemas apresentados.
Durante os dias 03 a 17 de maio de 2017 foram realizadas as observações,
nas quais analisamos o Projeto Político Pedagógico da escola pesquisada. Foi
verificado que a escola, apesar de ter esse projeto educacional, não aborda a
questão da inclusão em nenhum parágrafo, visto que obtivemos respostas negativas
a respeito da inclusão. Na mesma ocasião foi percebido que os professores e
também a coordenadora pedagógica tinha informações acerca da existência desse
documento, porém não sabiam se havia alguma lei abordando a questão da inclusão
das crianças com necessidades especiais.
Na entrevista, foi perguntando a respeito do PPP, se na escola tem definida a
concepção de ensino. Foi constado que as mesmas não souberam responder sobre
a concepção de ensino da escola investigada. Levando em conta as respostas,
percebe-se que é preciso ter um projeto educacional voltado para atender a todas as
especificidades de cada pessoa de forma igual. É fundamental que as escolas
incluam esses alunos com necessidades especiais dentro dos projetos elaborados,
dando condições para que possam ser incluídos e respeitados. É necessário que as
escolas se mobilizem e façam uma avaliação sobre o PPP para, a partir daí, fazer a
modificação no contexto educacional, reavaliando suas ideias, atitudes, suas
práticas pedagógicas, buscando assim uma educação capaz de incluir todos os
sujeitos.
Ao serem questionadas a respeito de como a escola se prepara para receber
esses alunos com necessidades especiais, as respostas foram:

“Não se prepara. Deveríamos ter pelo menos 1 vez ao ano um curso de


reciclagem com o neuropsicologo para conhecer mais o universo autista.”
(P1)

“A escola não está preparada, os alunos vêm por vim, mas os professores
não são preparados, não tem essa capacitação no início do ano para
trabalhar com esses alunos. Em nenhum ano houve esse preparo, está
49

escrito na lei mas na pratica não acontece. Cada dia é um desafio, o


professor é desafiado a receber esses alunos.” (P2)

“A escola não está preparada para receber nenhum aluno com


necessidades especiais.” (P3)

É notável que todas as professoras têm uma postura crítica sobre o assunto,
pois reconhecem que a escola não está preparada para incluir essas crianças como
elas merecem. Elas enfatizaram sobre a necessidade de ter professores
capacitados, cursos voltados para a inclusão e estrutura física da escola para que
ocorra a inclusão. Para tanto, fica evidente que as leis como a LDB, o MEC e a
Declaração de Salamanca precisam ser contempladas no contexto escolar e devem
ser praticadas para que não fiquem apenas na teoria, mas que sejam exercidas.
Outro questionamento foi se a escola busca recursos pedagógicos
necessários para essas crianças com necessidades especiais:

“A maioria das escolas não pratica a inclusão na forma da lei.” (P1)

“Eu não tenho certeza se a escola busca recursos, mas os recursos que
deveriam ter na escola para as crianças são os jogos pedagógicos, teve
remessa para outra escola, não sei se nessa escola veio, assim de buscar
recursos deve buscar agora já começa errado a parte da infraestrutura, sem
rampa, não tem cadeira adequada, acho que não tem esses materiais; se
tivesse a diretora dava. A escola deve buscar recursos, mas isso depende
do governo federal e estadual.” (P2)

“Não.” (P3)

Percebe-se a angústia das professoras a respeito dos recursos pedagógicos,


visto que, para que a educação inclusiva aconteça na prática, é necessário que os
governos e escolas se unam em prol de melhorias educativas e que façam valer as
leis estabelecidas.
50

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, percebe-se que a inclusão vem sendo um assunto muito


discutido na sociedade e principalmente nas esferas governamentais. Fica evidente
que ainda precisam acontecer várias transformações para que as leis sejam
contempladas e exercidas, e que a inclusão não fique só no papel, mas que venha a
ser praticada no ambiente escolar e na sociedade. Assim, é preciso que essas leis
como a LDB, o MEC, a Declaração de Salamanca, ao mencionar em seus artigos a
questão da qualificação dos professores, possam ser contempladas no contexto
escolar, para que os profissionais da educação possam aprender e entender como
trabalhar e ensinar essas crianças com autismo.
A partir da realização desse trabalho monográfico foi possível ter um
conhecimento acerca das crianças com autismo, bem como as formas de o
professor se relacionar com a criança, suas metodologias, as estratégias
pedagógicas, as formas de intervenção e os desafios para a sua prática. Através
dessa pesquisa foi possível perceber que a maioria dos professores que lidam com
crianças com necessidades especiais e autismo está despreparada e sem
conhecimento para ensinar e lidar com essas crianças portadoras de algum tipo de
transtorno, síndrome ou alguma dificuldade de aprendizagem.
Durante as observações feitas, foi constatado que a maioria dos docentes
entrevistados tem anseios sobre a maneira como trabalhar com essas crianças com
autismo, principalmente devido a falta de um preparo profissional, de recursos
pedagógicos, de capacitação com cursos profissionalizantes, entre outros fatores.
Entende-se que as crianças com autismo devem ser amparadas, valorizadas
e respeitadas no ambiente escolar, e também devem ser estimuladas desde muito
cedo. Para isso, é necessário que as escolas tenham um suporte adequado e uma
equipe de profissionais qualificados para trabalhar em prol da melhoria do ensino.
Sabemos que muitos professores, por não terem um conhecimento maior
sobre autismo, acabam esquecendo e excluindo a criança em suas atividades e
práticas na escola. Desse modo, é fundamental que os professores tenham uma
formação continuada que o torne capaz de compreender as peculiaridades e
particularidades dos sintomas e características da criança com autismo, pois a partir
desse conhecimento o mesmo estará mais bem preparado para trabalhar e ensinar
51

essas crianças e, consequentemente, conseguirá criar estratégias pedagógicas que


possam melhorar o seu processo de ensino e aprendizagem.
É pertinente ressaltar a importância da família neste processo, de modo que
esta deve estar presente na escola, acompanhando o desenvolvimento da criança,
uma vez que a união entre a família e escola é necessária para que haja melhores
soluções e um melhor desenvolvimento da criança. No decorrer das entrevistas
feitas, algo que chamou à atenção foi uma professora ao relatar que a mãe da
criança autista acompanha e sempre está presente na escola para saber sobre o
andamento das atividades e desenvolvimento da criança.
Assim, essa pesquisa foi de fundamental importância para nós, enquanto
futuros pedagogos, pois através desse trabalho foi possível perceber que o
professor em suas práticas encontrará vários desafios no ambiente escolar.
Sabendo disso, é preciso que os docentes estejam preparados para lidar com essas
crianças com necessidades especiais e autismo. É preciso que os governantes
invistam mais na qualificação de professores para atender às especificidades de
cada criança.
Através desse trabalho foi possível compreender e ter um conhecimento
prévio sobre o autismo, possibilitando um diálogo entre os autores citados, as
professoras, a coordenadora pedagógica e a pesquisadora, permitindo um
conhecimento mais profundo sobre o autismo e os desafios que os professores
enfrentam em suas práticas. Assim sendo, o referencial teórico foi a base para a
construção dos resultados, uma vez que foi possível atender a todas as perspectivas
desse trabalho.
Os resultados dessa pesquisa mostram como está sendo a inclusão da
criança autista na escola regular, ficando evidente que a escola investigada não está
preparada para receber essas crianças e não possui uma política de inclusão, ou
seja, os alunos são apenas inseridos no ambiente escolar, sem dar condições
necessárias para as suas dificuldades e limitações. Percebeu-se no decorrer do
estudo que todas as professoras investigadas não estão aptas e preparadas para
receber essas crianças no ambiente escolar devido a falta de formação específica
na área da inclusão. Essa pesquisa monográfica mostra que a inclusão está distante
de acontecer, pois os docentes estão despreparados e sem recursos pedagógicos
para atender a essas crianças no contexto escolar.
52

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55

APÊNDICE

APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA

Titulo Projeto: Os desafios dos professores na inclusão da criança autista em uma


escola regular no município de muritiba-ba.

Objetivo Geral: Investigar os desafios enfrentados pelos professores na inclusão da


criança autista em uma escola da rede regular de ensino no Município de Muritiba-
BA.

Objetivos Específicos:1. Conhecer o perfil dos professores e suas competências


pedagógicas no trato com um aluno autista; 2. Identificar a participação da escola no
processo da inclusão, a partir do estudo do seu projeto político pedagógico; 3.
Descrever a atuação dos docentes, em sala de aula, visando o processo ensino-
aprendizagem da criança autista.

Pesquisadores responsáveis: Tamiles Araujo da Silva Santos (discente do curso


de Pedagogia) e Profª Ma. Érica Rocha Lordelo (Orientadora).

DADOS DE PERFIL GERAL

Formação:

Ensino médio completo ( )Sim ( )Não


Ensino superior completo ( )Sim ( )Não
Especialização ( )Sim ( )Não
Mestrado ( )Sim ( )Não
Doutorado ( )Sim ( )Não
Outros ( )Sim ( )Não

Formação em que área? __________________________________

Tempo de docência:

( ) Até cinco anos ( )Entre cinco e dez anos ( )Entre dez e vinte anos
( )Acima de 20 anos
56

1. Há quanto tempo trabalha com crianças com necessidades especiais?


2. A senhora tem especialização na área de inclusão?
3. A senhora já fez algum curso sobre autismo?
4. O que a senhora entende sobre inclusão?
5. Como à senhora ver uma criança autista?
6. Como é o comportamento do aluno com autismo, na sala de aula?
7. Como a criança autista se relaciona com as outras crianças?
8. Quais são as práticas eficazes para facilitar o ensino-aprendizagem do aluno
autista?
9. Que recursos pedagógicos a senhora utiliza para facilitar o aprendizado dessa
criança autista?
10. A senhora utiliza ou já utilizou algum sistema de comunicação alternativo? Como
se trata?
11. Quais suas principais dificuldades em trabalhar com o aluno autista?
12. Para a senhora, qual é a maior limitação da prática do professor em trabalhar
com crianças com necessidades especiais?
13. Quais os desafios para a aprendizagem desse aluno?
14. Como à senhora planeja suas aulas, de forma que possa incluir esse aluno na
aula?
15. Como são ou foram desenvolvidas as atividades com esse aluno autista?
16. A escola busca recursos necessários para as crianças com necessidades
especiais? Como? E de que forma?
17. A escola tem um projeto político-pedagógico? Qual é a concepção de ensino da
escola?
18. Como a escola se prepara para receber e incluir os alunos com autismo?
19. Como à senhora verifica a aprendizagem do seu aluno com autismo?
20. Cite algumas estratégias que a senhora utiliza para ensinar ao aluno com
autismo?
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ANEXO

ANEXO A – Termo de consentimento aos participantes

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do projeto:Os desafios dos professores na inclusão da criança autista em


uma escola regular no Município de Muritiba-BA.

Pesquisadores responsáveis: Tamiles Araújo da silva (Discente do curso de


Pedagogia) 1 e Profª Ma. Érica Lordelo (Orientadora).2

O senhor (a) está sendo convidado(a) a participar, como voluntário (a), de


uma pesquisa educacional. Para isso será solicitado(a) a responder algumas
perguntas em uma entrevista, informando sobre os desafios para trabalhar com o
aluno autista.
A pesquisa tem como objetivo “Investigar os desafios enfrentados pelos professores
na inclusão da criança autista em uma escola da rede regular de ensino no
Município de Muritiba-BA”.

Este estudo produzirá conhecimento educacional relevante para nós, para


nossos futuros(as) alunos(as) e para outros professores e seus alunos. Vale
ressaltar que os conhecimentos resultantes deste estudo poderão ser divulgados em
revistas especializadas, em Congressos e Simpósios na área de educação, assim
como no trabalho de conclusão de curso. Informamos que sua identidade será
preservada e sua privacidade resguardada em nossas análises. Também, caso o
senhor (a) dê seu consentimento e, posteriormente mude de idéia, poderá
interromper a entrevista a qualquer momento, sem que isso lhe traga qualquer
sanção. Em caso de dúvida sobre a adequação dos procedimentos que estamos
utilizando sinta-se à vontade para nos indagar e esclarecer suas dúvidas.

Assinatura do/a participante:_____________________________________________

Pesquisadora responsável:_____________________________________________

1
E-mail: tamilesaraujo21@gmail.com
2
E-mail: ericalordelo@gmail.com

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