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LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2017
TAMILES ARAÚJO DA SILVA SANTOS
GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2017
Dados Internacionais de Catalogação
Santos, Tamiles Araújo da Silva
S237d Os desafios dos professores na inclusão da criança autista em uma
escola regular no município de Muritiba - Ba / Tamiles Araújo da Silva
Santos. – Governador Mangabeira – Ba, 2017.
58 f.
CDD 371.9
TAMILES ARAÚJO DA SILVA SANTOS
Aprovada em 21/06/2017
BANCA DE APRESENTAÇÃO
______________________________________________
Prof.ª Orientadora Ma. Érica Rocha Lordelo
Faculdade Maria Milza - FAMAM
______________________________________________
Prof.ª Ma. Fernanda dos Santos Almeida
Faculdade Maria Milza - FAMAM
_____________________________________________
Prof.ª Esp. Silvia Marli Tavares Santos
Faculdade Maria Milza - FAMAM
GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2017
Dedico esse trabalho, primeiramente a DEUS, que me deu
forças para eu estar aqui. Em especial a minha família, meu
pai, minha mãe Antônia, que nunca deixou desistir, apesar das
dificuldades, também agradeço a Dona Maria José que me
incentivou a fazer o curso, e ao meu marido Aloísio Ferreira
que sempre esteve presente nessa minha caminhada me
dando apoio. Só tenho agradecer a todos pelo carinho durante
esse tempo todo.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar quero agradecer a Deus, por tudo que tem feito na minha
vida, pois sempre esteve comigo nas horas mais difíceis. Sei que para chegar aqui
não foi nada fácil, foram três anos e meio de muitas lutas e determinação para
alcançar esse objetivo. Apesar das inseguranças e dificuldades consegui superar
esses desafios com o apoio de Deus e da minha família que sempre esteve presente
nessa caminhada.
Agradeço a Deus por ter me dado forças no momento que eu mais precisei,
permitindo qυе tudo isso acontecesse, ао longo de minha vida, е não somente
nestes anos como universitária, mаs que еm todos оs momentos foi o meu alicerce
e meu porto seguro.
Aos meus pais, pelo amor, incentivo e pelo apoio incondicional, em especial a
minha mãe Antônia Araújo da Silva Santos, uma mãe heroína que me deu sempre
apoio e incentivo nas horas mais difíceis de desânimo e cansaço.
A meu marido, Aloísio Ferreira pela força, carinho e incentivo, me apoiando
em todos os momentos dessa longa trajetória.
À minha querida orientadora, Érica Rocha Lordelo, uma orientadora exemplar,
um doce de pessoa, muito dedicada com seu trabalho. Agradeço pela paciência e
inteligência, sempre colaborando da melhor forma possível na construção dessa
monografia, dando apoio, incentivo e suporte, pois sem as suas contribuições e
orientações, nada disso seria possível.
Agradeço as professoras Ana Santiago e Adarita Souza da Silva pelas dicas e
palavras que me ajudou muito logo no começo da construção desse trabalho.
A professora Josemare Pereira dos Santos Pinheiro pelas ricas contribuições,
orientação e apoio nesse trabalho.
Meus agradecimentos às amigas, Vanessa Araújo, Regina dos Santos e
Vanesssa Sacramento, que fizeram parte da minha formação е que vão continuar
presentes em minha vida, com certeza.
Agradeço a todos quе direta оu indiretamente fizeram parte dа minha
formação, о meu muito obrigado.
Há algo maior que move a todos que fazem o caminho: o
inusitado, a dimensão do sonho, o desejo de superação, a
vontade de chegar ao destino almejado. A cada passo, as
dificuldades vão se tornando motivos de júbilo, [e é o] que faz o
caminho ter um sentido, que faz a nossa vida valer a pena: a
de avançar sempre, superando-nos e às nossas inseguranças
pela coragem de enfrentar o que ainda não conhecemos.
The inclusion of children with special needs has been much discussed nowadays,
and especially in the school environment. It is known that, in order for inclusion to
take place, transformations are necessary in educational, political and social
contexts.When talking about inclusion we can not fail to mention children with autism,
since it is a syndrome that needs special actions. In Brazil, talking about autism and
inclusion is still new, generating many discussions, since schools have difficulty
attending these children and promoting their inclusion. Based on this context, the
research aimed to identify the challenges faced by teachers in the inclusion of the
autistic child in a school of the regular network of education in the Municipality of
Muritiba-BA. Specifically, we sought to know the profile of teachers and their
pedagogical skills in dealing with an autistic student; To identify the participation of
the school in the process of inclusion, based on the study of its Political Pedagogical
Project; To describe the performance of teachers in the classroom aiming at the
teaching-learning process of the autistic child in Muritiba-BA. The method used was
qualitative, through a descriptive study, using as instrument of data collection,
participant observation and semi-structured interview. These were carried out with
two teachers and one pedagogical coordinator, in order to register their conceptions
and practices on the theme of inclusion and autism. In a complementary way, we
made observations in the classroom to verify how the teacher's relationship and
pedagogical practice with the autistic child was given. The results of the research
indicate that the professionals of education, teachers and pedagogical coordination
have difficulties and limitations on how to work with autistic children, since teachers
do not have adequate training which hinders the teaching and learning process of the
special child. This study, therefore, It is intended contribute to the discussion about
the theme by drawing the attention of society and especially of education
professionals to reflect on their own training and practice among students with
special needs. Discussing school inclusion appears to be an urgent need because
recent studies reveal the technical fragility of the professional body in education that,
although integrated, still finds difficulties in actually including the autistic child in
school and, consequently, in society.
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52
1 INTRODUÇÃO
A inclusão escolar é um tema que vem sendo muito discutido nos dias atuais
e no contexto educacional, visto ainda como um assunto complexo e que precisa ser
debatido e repensado, principalmente pelo poder público, equipe escolar e
sociedade. Sabemos que ainda há muito preconceito da sociedade acerca das
pessoas com necessidades especiais, o que dificulta a efetivação das práticas
inclusivas, a começar pelo ambiente escolar – professores sem formação e
qualificação na área, escolas sem ferramentas pedagógicas inclusivas, entre outros
obstáculos.
Assim, esse trabalho monográfico surgiu devido a minha vivência na sala de
aula, atuando como assistente de classe, auxiliando crianças com Necessidades
Educacionais Especiais. A partir dessas experiências surgiram muitas inquietações,
a começar por minhas dificuldades para trabalhar com esses alunos, pois eu não
tinha um preparo/formação adequada para dar o suporte necessário a elas, apesar
das tentativas para desenvolver atividades que facilitassem o desenvolvimento, a
aprendizagem e a interação entre as mesmas. Nesse sentido, esse tema muito me
inquietou, pois reconheço não só as minhas dificuldades, mas as dificuldades de
todos os profissionais da educação no trato com crianças com necessidades
especiais.
Nos dias atuais, percebe-se que a maioria dos professores não possui uma
formação necessária para dar um suporte pedagógico a esses alunos, sendo assim,
é fundamental a escola se implicar nessa discussão, pois cabe a ela facilitar a
aprendizagem de todos os alunos e alunas, com todas as suas particularidades e
diferenças.
Dentro dessa discussão sobre inclusão, citamos as pessoas com autismo.
Muito tem se falado sobre o assunto, que tem sido objeto de pesquisa
principalmente nas áreas de saúde e educação, sendo que nessa última os estudos
ainda são limitados. Desse modo, nesta pesquisa, ressaltam-se as dificuldades dos
alunos e alunas autistas, ainda tachadas como deficientes.
Sobre esse tema, dentre uma série de problemáticas definimos discorrer
sobre os desafios enfrentados pelos professores para promover a inclusão da
criança autista. Portanto, partimos da seguinte problemática: Quais os desafios
enfrentados pelos professores na inclusão da criança autista em uma escola da rede
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Porém, ainda que tenha havido avanços nesta Lei, Mazzotta (1996) nos
provoca a pensar sobre a qualidade das nossas escolas. Além da extensa gama de
diferenças existentes entre os educandos, o que exige das instituições escolares
uma diversidade de recursos disponíveis no sistema escolar, é fundamental o
atendimento especializado e metodologias diferenciadas para atender a esse
público, pois não basta apenas permitir que a criança freqüente a escola. Sobre
esse aspecto, no capítulo V da LDB, em seu Art. 59, incisos I e III (2014, p. 55),
afirma-se que: “Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”:
Desse modo, hoje temos uma lei que rege as bases da educação brasileira,
cabendo à escola buscar atender e promover o desenvolvimento dessas crianças,
potencializando suas habilidades. Além da LDB, existe o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), que estabelece em seu Art. 54 (2014, p. 64) que: “É dever do
Estado assegurar à criança e ao adolescente: atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino.”
Recentemente, em 2015, foi aprovada a Lei Brasileira de Inclusão, que
começou a vigorar em 2 de janeiro de 2016. Esta lei tem como foco principal o
avanço na inclusão de pessoas com deficiência nas escolas regulares de ensino,
visando assegurar mais benefícios para que esses sujeitos sejam reconhecidos
perante a sociedade e incluídos nas escolas regulares. No seu capítulo I, Art. 1° diz:
Em 2012 foi aprovada a Lei que trata sobre o transtorno do espectro autista,
conhecida como Lei Berenice Piana (Lei nº. 12.764/12), que foi sancionada pela ex-
presidente Dilma Rousseff em 27 de dezembro de 2012, trazendo grandes
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contribuições e conquistas para as pessoas com autismo. O nome da Lei se deu por
causa da luta de uma mãe que buscava os direitos de seu filho autista e, nessa
caminhada, a fim de articular a criação da lei supracitada, passou por vários
obstáculos.
Desde a sua data de aprovação, a lei nº 12.764/12 já se encontra em vigor.
Por meio dela foram instituídos grandes benefícios para que os indivíduos com
autismo pudessem ser reconhecidos como cidadãos perante a sociedade,
assegurando aos mesmos o acesso a escolas regulares, ao mercado de trabalho,
atendimento especializado, entre outros.
Como afirma Cunha (2016, p. 16): “O que significa a publicação da lei? Dentre
outros benefícios, o autismo passa a ser considerado uma deficiência. Destarte,
milhares de pessoas com o transtorno terão direito ao atendimento especializado na
educação”. Diante do exposto, fica evidente o respaldo legal dessas leis, visando
garantir os direitos dos autistas no ambiente escolar nas redes regulares de ensino,
assim como direito ao atendimento especializado na área de saúde e educação para
ajudar no processo de aprendizagem desses indivíduos no ambiente social e
educacional.
princípio norteador o “distúrbio central”, causado pela falta de aptidões por parte do
sujeito em se relacionar e ter um contato com os demais indivíduos.
Sobre o autismo, Cunha (2015) define que é uma síndrome que geralmente
aparece logo nos primeiros anos de vida da criança, a partir dos três anos de idade,
provida de causas ainda desconhecidas, com possíveis contribuições dos fatores
genéticos, ou seja, é uma doença considerada patológica causada pelo mal
funcionamento neurológico. É uma síndrome bastante complexa, podendo abranger
um diagnóstico médico, estabelecendo quadros comportamentais diferenciados. Os
sintomas geralmente causam incertezas, na maioria das vezes, gerando um
diagnóstico precoce, principalmente porque não existe um padrão específico sobre
essa síndrome e os sintomas variam de pessoa a pessoa, abarcando
comportamentos peculiares e diferentes.
Ainda, segundo o autor, existem autistas com habilidades extraordinárias e
surpreendentes, denominados como autistas de “alto desempenho”, como por
exemplo, memórias surpreendentes, aptidões para fazer cálculos matemáticos,
habilidades nas áreas artísticas e musicais. Em relação à memória eles possuem um
grande desenvolvimento na memória auditiva, fotográfica e no calendário. Eles são
capazes de lembrar/guardar datas comemorativas, dia da semana, ano, data e
horário de diversos acontecimentos. Alguns teóricos consideram os autistas de alto
funcionamento como savants (os sábios).
No entendimento de Cunha (2015), o autismo também pode ser visto como
uma desordem da personalidade que atinge geralmente os homens (a chance chega
a ser quatro vezes maior do que nas mulheres). Sabe-se que a cada 100 crianças
nascidas uma tem autismo. Por isso, é necessária a continuidade dessas pesquisas
para chegar a um possível resultado através de dados estatísticos para evidenciar o
autismo no nosso país, visto que os estudos voltados a essa especificidade ainda
têm grandes restrições e geram dúvidas. Como aponta Cavaco (2014, p. 41):
diante de perigos reais; não atender quando chamada; birras; não aceitar
mudança de rotina; usar as pessoas para pegar objetos; hiperatividade
física; agitação desordenada; calma excessiva; apego e manuseio não
apropriado de objetos; movimentos circulares no corpo; sensibilidade a
barulhos; estereotipias; ecolalias; não manifestar interesses por
brincadeiras; compulsão.
Assim, para identificar uma criança autista, deve-se levar em conta essas
características citadas pelos autores acima, já notadas nos primeiros anos de vida.
As manifestações do autismo variam de acordo com o nível, o grau de
desenvolvimento e a idade cronológica de cada um indivíduo. Portanto, é essencial
ter um conhecimento mais aprofundado e reflexivo para saber o que é autismo e
aprender novas estratégias para lidar e ensinar essas crianças.
Neste sentido, não é fácil para um professor estar à frente de um aluno com
necessidades especiais, sem ter recebido um preparo adequado para trabalhar com
esses alunos. Xavier (2002, p. 19) considera que:
devem estar aptos e preparados para elaborar projetos e implantar novas propostas
pedagógicas para o ensino (XAVIER, 2002).
Diante disso, é fundamental garantir a aprendizagem e o desenvolvimento
desses indivíduos, sendo que, para tal, o professor deve aprimorar suas práticas
pedagógicas para responder às necessidades e características destes alunos
(XAVIER, 2002). Segundo González (2002, p. 247),
Para mencionar a formação dos professores que irão atuar com esses
indivíduos, a LDB 9394/96 vem reforçar, em seu artigo 59, capítulo V (p. 55), que
sejam: “III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
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compromisso de passar confiança para o aluno, pois ele se sentirá mais seguro. Isso
deve ser usado com qualquer criança com dificuldades educacionais. É preciso
atrair o aluno para poder educá-lo.
Nessa lógica, é necessário que os profissionais estejam preparados para
suprir as necessidades de cada indivíduo. Ele precisa está informado, atualizado e
preparado para ter possíveis soluções e dar um atendimento adequado e também
ter uma boa relação com o aluno autista, aprimorando seus estudos para descobrir
habilidades de trabalhar com essas crianças e assim obter mais experiências e
informações sobre essa síndrome. Nesse aspecto, Bosa e Baptista (2002, p.11-12)
avaliam que:
Programa Son-Rise procura ir até à pessoa com autismo. Propõe ser uma
ponte entre o autista e o cotidiano. Interagindo a partir dos seus afetos, o vê
como um ser que precisa ser amado e compreendido com base em sua
realidade, para que possa haver comunicação e interação social.
“Como havia falado, para ser mesmo inclusão o sistema e o governo todo,
deveria mesmo capacitar os professores, também seria viável preparar os
colegas de sala de aula para receber essas crianças, porque é muito difícil e
complicado, mas, fazendo esse trabalho por completo eu acho que daria um
bom resultado, não colocar por colocar, mas realmente não só incluir mas
fazer, ou seja, saber como receber essas crianças.” (P2)
dos níveis de autismo. Quando questionadas a respeito de como elas veem uma
criança autista, as respostas foram bastante expressivas:
“A gente sabe mais pelo comportamento, não sabe realmente o que é esse
autista, quem vai entender melhor é um profissional especifico, até para
falar eles não sabem,tem dificuldades, eles precisam de um fonoaudiólogo,
médicos especialistas, neurologistas entre outros mais.” (P2)
“Brinca sozinha, pouca interação com crianças da mesma faixa etária, não
dava continuidade nas brincadeiras com outras crianças. Instabilidade
emocional.” (P3)
“Acho que seria jogos e brincadeiras, que são ações práticas, trabalha com
a coordenação motora, ajuda no desenvolvimento e raciocínio lógico.
Samuel é muito observador, observa tudo, capta as coisas com facilidade, é
muito inteligente.” (P2)
Para que as práticas docentes cheguem a bom termo, dentre outras coisas,
é preponderante que as atividades tragam a gênese do interesse do
estudante, para que ele, ainda que por meio de pequenos passos, possa,
de forma gradual e constante, seguir adiante descobrindo novas
experiências de aprendizagem.
“Nenhum.” (P3)
foram desenvolvidas para todos os alunos, sem pensar na possibilidade de ter uma
criança autista na sala de aula. Cunha (2015), ao falar dos recursos, mostra a
importância de o professor ter um olhar diferenciado acerca dos materiais que serão
utilizados, citando o uso de brincadeiras, jogos, objetos e materiais que o autista
tenha mais atração. Nesse sentido, é preciso que o professor trabalhe com as
aptidões do autista, observando seus gostos, interesses para, a partir daí, planejar
atividades em conjunto.
Foi verificada no discurso da P3 a falta de um conhecimento maior acerca dos
recursos pedagógicos. Nesse contexto, Cunha (2015; 2016) fomenta a respeito de o
professor estimular o autista em atividade que envolva a capacidade de
concentração, pois, na maioria das vezes, o que impede o aprendizado da criança
autista em sua vida cotidiana é o déficit de atenção. É salientada a importância de o
educador trabalhar com recursos pedagógicos, como os materiais montessorianos,
que são objetos de encaixes geométricos como cubos, torres, encaixes sólidos, que
servem como auxílio para melhorar o foco de atenção do autista, desenvolver
funções cognitivas e motoras, discriminação visual e tátil, entre outras questões.
Segundo Cunha (2015, p. 66), “O material não é o conteúdo curricular, mas é o
instrumento que estimula o aluno, possibilitando-lhe que ele refine seu aprendizado
até atingir as elaborações cognitivas e motoras mais elevadas”.
Nesse contexto, é importante o educador trabalhar com instrumentos
pedagógicos para estimular e possibilitar a criança a desenvolver gradativamente
conceitos de matemática e linguagem, ajudando a desenvolver suas habilidades.
Seguindo a entrevista, as docentes foram questionadas quanto à utilização do
sistema de comunicação alternativo:
“Não.” (P3)
“Na realidade, eu não faço especificamente para ele, eu faço voltado para a
turma toda, se tiver uma parte prática, uma brincadeira ou jogo ele vai
participar, mas na questão de escrita e leitura como ele não acompanha [...],
se ele tivesse um acompanhamento mesmo, de uma pessoa na sala para tá
acompanhando especificamente só ele, seria melhor aí talvez ele nem
dormisse a manhã toda, porque ele estaria envolvido com outra pessoa,
fazendo outras atividades mais voltadas para ele, mas infelizmente eu não
posso está me dedicando sozinha a ele, nessa questão de fazer um
planejamento separado, o planejamento é para a turma toda.” (P2)
Diante do que foi exposto nas falas das entrevistadas, e mais especificamente
na fala da P1, é notável que a professora sempre busca estratégias de ensino para
auxiliar no aprendizado da criança autista, trazendo elementos para ajudar no seu
processo de desenvolvimento como, por exemplo, utilizar linguagem objetiva,
privilegiar as habilidades, propor atividades para estimular o pensamento lógico,
adaptar o currículo, provas e avaliação, utilizar jogos e privilegiar vínculos afetivos.
Segundo Cunha (2016), o professor deve respeitar os limites do aluno, evitar
atividades longas e focar em atividades que mantêm a atenção do autista. Por isso o
professor deve buscar atividades que estimulem o aluno, como pintura, desenhos,
atividades com massa, jogos que ajudem no seu desenvolvimento cognitivo e motor.
Já nas falas das professoras P2 e P3 é possível perceber a falta de conhecimento
das mesmas a respeito do planejamento. Segundo elas, este é feito para todos os
alunos, independente das deficiências ou dificuldades de aprendizagem. Cunha
(2016) salienta a importância do papel do professor na sala de aula, visto que é
preciso que o mesmo adéque as metodologias de modo que possa incluir e atender
essas crianças. Nesse intuito, Orrú (2003, p. 1) diz,
“Ele faz só rabiscos, não escreve nada. Teve um dia que foi bem
interessante quando passei uma atividade de leitura e interpretação para
todos da sala, aí ele disse quero ler pró, [...] leu tudo aquilo que ele ouviu
dos outros colegas, e também através da figura do texto, o aluno foi olhando
o desenho e foi falando o que estava na figura [...].” (P2)
“[...] utilizei na questão da prática como exemplo, trabalho em grupo pra ele
está inserido, mural, cartaz, jogos, brincadeiras, aí ele está envolvido. Na
leitura eu já tenho uma estratégia boa de dar uma figura e mandar ele ler,
quanto mais ele fala vai ser melhor, assim vai se desenvolvendo na fala.”
(P2)
“[...] a parte da observação que ele percebe as coisas com facilidades, ele é
atento e muito participativo. Ele não fica assim alienado, ele quer estar
envolvido, tipo ele quer ter o livro dele, tem alguns meninos que não ligam
para o livro, desprezam, esquecem, já Samuel tem cuidado.”( P2)
Diante dos relatos feitos, foi possível perceber que P1 traz aspectos
importantes de como o professor deve olhar a aprendizagem, trazendo métodos,
técnicas e instrumentos para aguçar o aprendizado do aluno. Cunha (2015)
considera importante o professor trabalhar com técnicas e materiais visando
estimular o interesse do aluno através de pequenos passos, de forma gradual,
partindo de novas experiências para o processo de aprendizagem. Durante as
observações na sala de aula, foi percebido que o aluno autista era muito observador.
Tudo o que falávamos ele entendia e, devido as dificuldades na escrita, o aluno não
acompanhava a turma, necessitando de um suporte maior de alguém que pudesse
auxiliá-lo.
Nos dias atuais, as pessoas com autismo não têm recebido a atenção
necessária e adequada como preconizam as leis, pois a maioria dos professores
não tem uma formação continuada, o que dificulta a aprendizagem e
desenvolvimento da criança autista. Por isso, torna-se necessária a execução das
leis na prática para que os mediadores do conhecimento possam ser informados e
capacitados a respeito desses alunos.
Nessa discussão, fica claro a importância das leis como a LDB e a
Declaração de Salamanca e sua efetivação, pois estas vêm respaldar a formação
dos professores. É preciso que os municípios busquem esses recursos e efetivem,
de fato, essas leis, para que não fiquem só no papel, mas que possam ser
praticadas corretamente.
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“Tudo é muito difícil no início, mas quando se cria um vínculo afetivo tudo
flui de maneira mais tranqüila. A maior dificuldade é socializar, comunicar e
ajustar os comportamentos inadequados. Os autistas geralmente
apresentam atrasos cognitivos e déficit de atenção, sérios
comprometimentos motores.” (P1)
“Não ter uma pessoa para tá orientando ele também, estar sozinha com a
turma toda, sabendo que é uma turma regular, é uma turma difícil que faz
zoada, barulho, conversa, essa fase é isso mesmo, mas ter que estar
controlando, mas já está difícil controlar eles, quanto mais ter que estar se
dedicando, sozinha, a ele [...], esquecendo dos outros, sendo que os
colegas têm dificuldades, sendo uma turma de 25 alunos, não é a mesma
coisa de estar sozinha com ele. Uma solução Seria ter uma psicopedagoga
em outro turno, para ajudar na coordenação, desenvolvimento, em relação à
leitura e escrita, talvez o aluno autista pudesse até ler algumas palavras,
trabalhando com letras, sílabas, entre outros. Mas não tem esse apoio.”
(P2)
“De não ter esse preparo, de não poder me dedicar a ele, pois não posso
me dedicar só a ele, tenho 25 alunos na sala, minha limitação seria essa,
quando eu escrevo no quadro, ele não tá fazendo nada, fico sem saber
como trabalhar com ele, como lidar com essa situação. Professor não é só
dar aula, mas sim estar junto.” (P2)
“A escola não está preparada, os alunos vêm por vim, mas os professores
não são preparados, não tem essa capacitação no início do ano para
trabalhar com esses alunos. Em nenhum ano houve esse preparo, está
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É notável que todas as professoras têm uma postura crítica sobre o assunto,
pois reconhecem que a escola não está preparada para incluir essas crianças como
elas merecem. Elas enfatizaram sobre a necessidade de ter professores
capacitados, cursos voltados para a inclusão e estrutura física da escola para que
ocorra a inclusão. Para tanto, fica evidente que as leis como a LDB, o MEC e a
Declaração de Salamanca precisam ser contempladas no contexto escolar e devem
ser praticadas para que não fiquem apenas na teoria, mas que sejam exercidas.
Outro questionamento foi se a escola busca recursos pedagógicos
necessários para essas crianças com necessidades especiais:
“Eu não tenho certeza se a escola busca recursos, mas os recursos que
deveriam ter na escola para as crianças são os jogos pedagógicos, teve
remessa para outra escola, não sei se nessa escola veio, assim de buscar
recursos deve buscar agora já começa errado a parte da infraestrutura, sem
rampa, não tem cadeira adequada, acho que não tem esses materiais; se
tivesse a diretora dava. A escola deve buscar recursos, mas isso depende
do governo federal e estadual.” (P2)
“Não.” (P3)
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CARVALHO, RositaEdler. Educação Inclusiva: com os pingos nos is. 3. ed. Porto
Alegre: Mediação, 2005.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002.
_______. Ester Silva. Autismo: o que os pais devem saber? – 2. ed. – Rio de
Janeiro: Wak Editora, 2011.
RAMOS, Rossana. Passos para a inclusão 5ªed. São Paulo: Cortez, 2010
APÊNDICE
Formação:
Tempo de docência:
( ) Até cinco anos ( )Entre cinco e dez anos ( )Entre dez e vinte anos
( )Acima de 20 anos
56
ANEXO
Pesquisadora responsável:_____________________________________________
1
E-mail: tamilesaraujo21@gmail.com
2
E-mail: ericalordelo@gmail.com