Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Teologia & Sociedade Ed. 10
Teologia & Sociedade Ed. 10
Conselho Editorial
José Adriano Filho, Leontino Farias dos Santos, Pedro Lima
Vasconcellos, Shirley Maria dos Santos Proença, Reginaldo
von Zuben, Ronaldo Cardoso Alves, Waldemar Marques.
Teologia e Sociedade é editada pela Faculdade de Teologia de
São Paulo, da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil
E-mail: secretaria@fatipi.com.br
Endereço: Rua Genebra, 180 – CEP 01316-010
São Paulo, SP, Brasil
Telefone (11) 3106-2026
www.fatipi.com.br
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
Teologia e Sociedade / Faculdade de Teologia de São Paulo / Vol. 1,
nº 10 (outubro 2013). São Paulo: Pendão Real, 2013.
Anual
ISSN 1806563-5
ACESSE
www.teologiaesociedade.org.br
Sumário
4 EDITORIAL
6 SEXUALIDADE E FÉ
Tentativa de diálogo sobre Homoafetividade
Adilson de Souza Filho
26 HOMOAFETIVIDADE E CRISTIANISMO
Uma abordagem histórica
Gerson Correia de Lacerda
56 SEXUALIDADE E AFETIVIDADE
Pastoral numa área de sofrimentos e conflitos
Clayton Leal da Silva
94
RESENHAS
A TIME TO EMBRACE: SAME-GENDER RELATIONSHIPS IN
RELIGION, LAW, AND POLITICS
Paul E. Capetz
4
confirma parte de sua história no ao episódio da escolha do tema,
protestantismo nacional. É bem co- narrado acima. Depois, o Conselho
REVISTA
nhecida hoje sua abertura para ques- Editorial acatou a sugestão de editar
REVISTA
EDITORIAL
tões teológicas importantes que têm as palestras, juntando outros textos
afetado a Igreja de Cristo em todo o que completam a edição e refinam o
TEOLOGIA
mundo, como o ministério feminino, título inicial para “Homoafetividade
TEOLOGIA
a participação das crianças no culto, e Fé Cristã”.
E SOCIEDADE
a questão ecumênica. Seu conteúdo, em resumo, traz
Por outro lado, a insistência dos para os leitores um tratamento
9, novembro
antenados e sensíveis a uma temática vida eclesiástica. Fica também regis-
1 nº 10,
humana premente que, a cada dia, trado que, com esta publicação, te-
se intensifica no mundo atual e que mos apenas o pontapé inicial em uma
de outubro
se tornou um dos grandes desafios discussão que precisará ser ampliada,
2012, Sãode
para a ação pastoral. Não há dúvida mas que não pode mais esperar.
de que essa acuidade para com o que Finalmente, somos conscientes
ocorre no mundo ao redor é e sempre da importância dos escritos aqui
Paulo,
2013,
será fundamental para o desempenho reunidos e de seu potencial para o
eficiente da missão em um ministério desdobramento de reflexões que,
SP
que junte solidariedade com fidelida- firmadas na obediência ao Senhor São Paulo, SP
de ao Evangelho. Jesus, recuperem as reservas de
Afinal, ficou evidente que o trato compreensão bíblica amorosa em
com uma questão que poderia ter um tempo de grandes mudanças
desdobramentos indesejáveis, como comportamentais, no qual as pessoas
já ocorreu no passado, encontrou clamam por novas e responsáveis
solução feliz com a prática do diálo- respostas, que criem pontes de en-
go, uma palavra chave cada vez mais
Eduardo Galasso Faria
tendimento e respeito.
utilizada na solução dos problemas E, acima de tudo, que esteja sobre
PÁGINAS 4 E 5
5
SEXUALIDADE E FÉ
PÁGINAS 6 A 15
SEXUALIDADE E FÉ TENTATIVA DE DIÁLOGO SOBRE HOMOAFETIVIDADE
*
Adilson de Souza Filho*
Afeitos à tradição agos- ze séculos o cristianismo ainda se
tiniana-calvinista, pouco procure medir a “qualidade” ou
evoluímos na formulação
intensidade da fé cristã a partir
de uma teologia bíblica e
pastoral no que se refere à do conceito paradoxal entre sexu-
questão da homossexuali- alidade e fé. Digo quinze séculos
dade. Enquanto a cultura porque foi a partir da concepção
atual e a mídia expressam os agostiniana que o cristianismo
novos conceitos vividos pela praticamente formulou sua base
sociedade, os intérpretes confessional e dogmática da espi-
das Escrituras se dedicam ritualidade sob o eixo do dualismo
a uma hermenêutica que
helenista. De algum modo o espa-
contemple interpretações
çamento de tempo não constitui
considerando os fundamen-
tos da autoridade da Bíblia problema, pois quase todas as
em consonância com a gra- doutrinas fundamentais da fé cristã
ça e amor de Jesus Cristo. também são desta época. Mas,
em se tratando de sexualidade,
que envolve toda a dimensão da
vida humana que está em cons-
ADILSON DE SOUZA FILHO
6
sexualidade. A impressão que temos tempo “soube” o que fazer com elas:
é a de que se ainda não conseguimos eliminou na fogueira até quando
REVISTA
resolver algumas questões ligadas à possível. Aliás, ainda elimina, porém,
REVISTA
SEXUALIDADE E FÉ TENTATIVA DE DIÁLOGO SOBRE HOMOAFETIVIDADE
heterossexualidade, é quase uma com armas ideologicamente mais so-
utopia pensar em diálogo sobre a fisticadas, travestidas de preconceito
TEOLOGIA
homoafetividade. Nossa tradição e impiedade, fundamentado numa
TEOLOGIA
calvinista carrega símbolos “fortes” ideia distorcida do sentido do amor
E SOCIEDADE
acerca da moral sexual de alguns Eros/ágape.
períodos referenciais da história do Nós, presbiterianos indepen-
E SOCIEDADEVol.
cristianismo. dentes, trazemos brilho aos olhos
quando mencionamos nossa perten-
Calvino ça à tradição calvinista. Do ponto de
A interpretação bíblico-teológica vista doutrinário, reconhecemos que
que vem de Agostinho perpassa toda pouquíssimos conceitos teológicos
Vol.1 nº
a Idade Média, sendo fortemente re- mereçam reparos. Mas, em se tratan-
1 nº
afirmada pelos reformadores e, sob a do de conceitos éticos, sobretudo,
10,10,
égide das épocas vitoriana e puritana, no campo da sexualidade, há uma
outubro
encontra sua consolidação. Podemos abissal necessidade de mudança. É
outubro
dizer sem temor que este longo conhecida em Calvino a influência
de 2013,
período da história do cristianismo platônica sobre sua ideia de corpo.
Tillich2 disse que, para Calvino, “ o
deSão
se encarregou de produzir “corpos
2013,
dóceis” ou, para usar um tom mais corpo não passa de prisão da alma
Paulo,São
forte ainda, produziu a domesticação sem qualquer valor. Essa atitude as-
da sexualidade1 e a sociedade vive, cética expressava-se extremamente
SP
desde o séc. XVIII, uma fase de pela limpeza externa e identificava
Paulo, SP
repressão sexual. Nessa fase, o sexo o elemento erótico com a sujeira.”
se reduz à sua função reprodutora e Essa deturpação do erótico con-
o casamento passa a ser o mecanismo trariava os princípios da Reforma,
dessa reprodução. Parafraseando especialmente o Sola gratia, mas
Peter Berger, a sociedade gerou seus era conseqüência natural da ética
delinquentes e em seguida não soube de Calvino.
PÁGINAS 6 A 15
Adilson de Souza Filho
1 FOUCAULT, M. A História da sexualidade I: a vontade 2 TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. São
de saber. Rio de Janeiro, Edições Graal, 1988, p.117 Paulo, Aste, 2000.
7
muito evidente quando lemos seus mônio. Em Rm 1.26-27, Calvino5
comentários de determinados textos anuncia a vingança do Senhor contra
PÁGINAS 6 A 15
SEXUALIDADE E FÉ TENTATIVA DE DIÁLOGO SOBRE HOMOAFETIVIDADE
8
verdade vos digo que publicanos e continua, fazendo uma transição
meretrizes vos precedem no reino adequada para o tema do matrimô-
9
por causa da queda, pois que antes usar o recurso da conhecida “lei
dela, não havia outra intenção a não natural” para estabelecer as regras
PÁGINAS 6 A 15
SEXUALIDADE E FÉ TENTATIVA DE DIÁLOGO SOBRE HOMOAFETIVIDADE
10
do celibato frente à “fraqueza” da poderia ter conotação mais bela e
sexualidade. O ascetismo dualista menos negativa se ele tivesse usado
11
a tese de que estes gorilas devem bém manipulados e explorados10. A
aprender a desempenhar melhor justiça numa relação “erótica” leva-nos
PÁGINAS 6 A 15
SEXUALIDADE E FÉ TENTATIVA DE DIÁLOGO SOBRE HOMOAFETIVIDADE
humanos como objetos a serem tam- Para Faros (1998, p.71) enquanto
na era vitoriana ninguém queria que
fosse revelado o desejo carnal, sob o
8 AUDRE, Lorde. Lo erótico como poder. In: Del cielo
a la tierra, uma antologia de teologia feminista. Santiago, impacto da vergonha, de vinte anos
Sello Azul, 1994, p.441
12
para cá, acontece o contrário. Antes
de 1910, se um homem dissesse a
Antigo e Novo
Testamentos
11 FAROS, F. A Natureza do Eros. São Paulo, Paulus, 13 SCHWARZ, Hans. In: Dogmática Cristã. São Leopol-
1998, p.71. do, Sinodal, 1995, volume 2, Locus: Escatologia, p.485.
13
da lei auferia o prolongamento dos verdade escrita.
dias. Daí resulta a necessidade de se Toda heresia tem base bíblica,
PÁGINAS 6 A 15
SEXUALIDADE E FÉ TENTATIVA DE DIÁLOGO SOBRE HOMOAFETIVIDADE
14
tradizem, fundamentalmente, a “in- exemplo, qual a justificação de dar
terpretação tradicional” de um texto autoridade moral a Lv 18.22: (com
15
VISÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA
PÁGINAS 16 A 25, 2013
VISÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA DA HOMOSSEXUALIDADE
DA HOMOSSEXUALIDADE
16
e, ao longo dessas quase duas déca- professam que todos foram criados
das, tenho visto o Brasil tornar-se à imagem e semelhança de Deus
Vol.1 nº
na literatura e na sociedade, mas constrangimentos sociais, tendo em
1 nº
tenho tido a oportunidade de lidar, vista essas duas razões, penso que
17
segue desagradará tanto um grupo Pelo que lemos nessas passa-
como outro. gens, a homossexualidade, quer no
PÁGINAS 16 A 25, 2013
VISÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA DA HOMOSSEXUALIDADE
18
a convicção de que homem é em si; não se enxerga no ministério
homem e mulher é mulher; e de Jesus nada que revogue a visão
19
por outro, contrário à natureza; veu intensamente com um mundo
semelhantemente, os homens no qual a homossexualidade era
PÁGINAS 16 A 25, 2013
VISÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA DA HOMOSSEXUALIDADE
20
mentos, indo desde uma tendência pessoas do mesmo sexo.
leve e passageira por parte de pes- Emterceiro lugar,lembrariaque-
21
Diante disso, caberia concluir al, tal como é hoje em dia, se encon-
que a missão da Igreja nunca foi tra deturpado. É claro que, sendo
PÁGINAS 16 A 25, 2013
VISÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA DA HOMOSSEXUALIDADE
e nunca será combater a homos- cristão, penso que foi o instinto que
sexualidade. A missão da Igreja se deturpou (2005, p. 36). Vivemos
é proclamar o amor de Deus por de tal modo sob a tirania do prazer
todos e, como comunidade e fa- sexual que qualquer afirmação de
mília da fé, ela não pode se negar castidade em nossos dias soa como
a ajudar aqueles que, compelidos um absurdo e como se Deus fosse
pela própria consciência e no pleno culpado. Julgamos que somente
exercício de sua liberdade, pedem seremos felizes se todos os nossos
apoio espiritual para que possam desejos forem imediatamente satis-
reorganizar a esfera da intimidade feitos, principalmente os desejos de
sexual em conformidade com seus natureza sexual. A cegueira chegou
valores religiosos. Nesses casos, a a tal ponto que se perdeu toda e
Igreja deve proceder com discrição qualquer distinção entre formas
e respeito pela intimidade daqueles legítimas e ilegítimas de se obter
que a procuram. É preciso reprovar gratificação sexual. Vivemos sob a
a espetacularização da conversão tirania do desejo e nos esquecemos
de homossexuais feita em alguns que o desejo precisa ser desejado.
segmentos do mundo evangélico. É
preciso crer no que diz Paulo: “Tais
fostes alguns de vós” (1 Co 6.11) e Estado e Igreja
afirmar que a mudança é possível Por fim, será preciso tecer algu-
com o poder e a graça de Deus, mas mas considerações sobre a relação
é preciso respeitar a história de cada entre Igreja e Estado. Decisões
pessoa e evitar a exposição pública como a do Supremo Tribunal Fe-
de tais histórias com finalidade deral sobre a união de pessoas do
VALDINEI APARECIDO FERREIRA
22
“
A missão da Igreja nunca foi e nunca será
combater a homossexualidade. A missão da Igreja
23
ao conceder o direito de união civil Considerações finais
entre pessoas do mesmo sexo - en-
PÁGINAS 16 A 25, 2013
VISÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA DA HOMOSSEXUALIDADE
24
fale abertamente do assunto
com Deus e busque orientação
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
25
HOMOAFETIVIDADE
PÁGINAS 26 A 39, 2013
HOMOAFETIVIDADE E CRISTIANISMO - UMA ABORDAGEM HISTÓRICA
E CRISTIANISMO
Uma abordagem histórica
Introdução
Gerson Correia de Lacerda*
A relação entre homoafetivida- O tema escolhido para esta
de e cristianismo parte de uma Semana Teológica, promovida
narrativa simbólica contem-
pela Faculdade de Teologia de São
porânea para a descrição de
posicionamentos vários desde
Paulo da IPIB (FATIPI) e pelo seu
as civilizações antigas. A ques- Diretório Acadêmico em outubro
tão premente para uma igreja de 2012, é, sem sombra de dúvida,
em crise, que sempre condenou polêmico.
grande parte das manifestações Acompanhei, a meia distância,
de homoafetividade, é: teria ela algumas das reuniões do Prof.
condições de se curvar para re- Eduardo Galasso Faria com os
ver posicionamentos históricos
alunos e alunas do Diretório.
em relação à homoafetividade?
Senti que havia dois sentimentos
em relação ao tema: atração e
preocupação; sedução e medo.
É compreensível! O tema atrai
porque está aí, diante de nós, em
GERSON CORREIA DE LACERDA
26
é fingir que nada tem a ver conosco zombaria na escola...
ou que não afeta a nossa comuni- O nome dele era Gulliver, ca-
Vol.1 nº
ça. Fui atraído imediatamente por seus filhos sejam iguais aos outros.
1 nº
elas. Depois de ver a ilustração, li O fato era que os pais de Gulli-
27
chorou amargamente...
Resolveu procurar auxílio. Pro-
PÁGINAS 26 A 39, 2013
HOMOAFETIVIDADE E CRISTIANISMO - UMA ABORDAGEM HISTÓRICA
Você nada pode fazer para mudar Acrescento mais um item: na minha
as ordens que estão no seu chip. E modesta opinião, esta fábula resu-
acontece o mesmo com o nosso gosto me a história do relacionamento
por ratos ou por cenouras... Não é entre homoafetividade e cristia-
pecado como o padre disse, porque nismo. O que a fábula conta é, na
foi o DNA que o fez assim... Não é verdade, um resumo de vinte sécu-
resultado da educação, porque foi los de embates entre a questão da
o DNA que o fez assim... E nem homoafetividade e o cristianismo.
28
1) A situação da homossexualidade onde pre-
valece o espírito biblicista, isto
prevalecente nos
29
tamente interpretada como uma questões complexas de dias atuais”
história moral a respeito da falta (CALVANI, p. 67).
PÁGINAS 26 A 39, 2013
HOMOAFETIVIDADE E CRISTIANISMO - UMA ABORDAGEM HISTÓRICA
30
posicionamento prevalecente nos atenção para uma descoberta ar-
dias atuais em nossas igrejas. Ao queológica: “Uma das descobertas
31
amor platônico (que surge depois a retirar-se em paz, ao invés de
de muitos séculos após Platão) não sucumbir assassinado ou morto em
PÁGINAS 26 A 39, 2013
HOMOAFETIVIDADE E CRISTIANISMO - UMA ABORDAGEM HISTÓRICA
32
coincidentemente no período em mossexuais por procederem de
que a igreja cristã torna-se, primei- um excesso de desejo, e Agostinho
33
“
conjugação da heresia com a homo- Durante toda a Idade
afetividade. Assim, hereges, como Média, as mulheres
PÁGINAS 26 A 39, 2013
HOMOAFETIVIDADE E CRISTIANISMO - UMA ABORDAGEM HISTÓRICA
34
4) Homoafetividade O desenvolvimento histórico do
movimento reformado acabou por
na Igreja Reformada
35
um padrão de virtude feminina – a todos os outros pecados...
mulher confinada ao lar, cuidando As incursões punitivas nas ta-
PÁGINAS 26 A 39, 2013
HOMOAFETIVIDADE E CRISTIANISMO - UMA ABORDAGEM HISTÓRICA
36
“
grupos que advogavam a inclusão A principal consequência
de homossexuais na Europa, nas das mudanças, tanto
37
“
Conclusão Homossexualidade,
isto era um tema
PÁGINAS 26 A 39, 2013
HOMOAFETIVIDADE E CRISTIANISMO - UMA ABORDAGEM HISTÓRICA
38
com orientação homófila” (CAL- co para que Gullinho passasse a se
VANI, p. 333, 334). aceitar como ser humano normal.
ALVES, Rubem. Pimentas – para provocar um incêndio, não é preciso fogo. São Paulo: Editora Planeta
do Brasil, 2012.
BOSWELL, John. Christianity, Social Tolerance, and Homosexuality – Gay People in Western Europe
from the Beginning of the Christian Era to the Fourteenth Century. Chicago and London: The
University of Chicago Press, 1980.
CALVANI, Carlos Eduardo (org.). Bíblia e sexualidade – abordagem bíblica, teológica e pastoral. São
Paulo: Fonte Editorial, 2010.
CALVINO, Juan. Institución de la Religion Cristiana. Holanda: Fundación Editorial de Literatura Re-
formada, 1968.
CORBIN, Alain; Courtine, Jean-Jacques; e Vigarello, Georges (org.) História do Corpo (3 vol.). Petrópolis:
Editora Vozes, 2011.
HANIGAN, James P. What are they saying about sexual morality. New York/Ramsey: Paulist Press, 1982.
LARUE, Gerald. Sex and the Bible. Buffalo, New York: Prometheus Books, 1983.
SNOEK, Jaime. Ensaio de ética sexual – a sexualidade humana. São Paulo: Edições Paulinas, 1981.
WALKER, W. História da Igreja Cristã. 3ª ed. São Paulo: Aste, 2006
39
HOMOSSEXUALIDADE,
PÁGINAS 40 A 55, 2013
HOMOSSEXUALIDADE, PSICANÁLISE E RELIGIÃO CRISTÃ
PSICANÁLISE E
RELIGIÃO CRISTÃ
A princípio, embora pareça
40
até se relacionarem sexualmente. por pessoas de ambos os sexos.
É, portanto, um termo amplo ge- De modo geral, tudo que se
REVISTA
ralmente usado para caracterizar o refere à sexualidade, em particu-
REVISTA
HOMOSSEXUALIDADE, PSICANÁLISE E RELIGIÃO CRISTÃ
amor entre duas pessoas do mesmo lar, no contexto da religião cristã,
sexo, podendo, inclusive, chegar a sempre foi motivo de polêmicas,
TEOLOGIA
uma união conjugal. desencontros, contradições. De
TEOLOGIA
Por outro lado, a “homossexu- várias formas o sexo e tudo que lhe
E SOCIEDADE
alidade”, de maneira mais restrita, diz respeito é sempre considerado
pode referir-se apenas à preferência um tabu, coisa suja, tema que não
E SOCIEDADEVol.
sexual entre pessoas do mesmo se discute no ambiente religioso
sexo, sem que necessariamente cristão, tido como sagrado. To-
envolva compromissos afetivos e davia, como afirmou Gardner 1
mesmo conjugais. Em síntese, toda “o sexo não pode ser simples fato
relação homoafetiva pode incluir ‘acidental’, sem significação, pois é
Vol.1 nº
relações homossexuais, mas nem parte do plano do Criador.”
1 nº
toda relação homossexual inclui, A rigor, desde os primórdios
10,10,
necessariamente relações homoa- da história da humanidade, o ser
outubro
fetivas. As mulheres homossexuais humano tem tido dificuldades
outubro
são também conhecidas como para referir-se à sua sexualidade.
de 2013,
“lésbicas”, assim denominadas por E tudo começa quando se procura
de São
influência do nome da ilha grega de equacionar a relação do indivíduo
2013,
Lesbos, terra da poetisa Safo, que com o seu próprio corpo. Enver-
Paulo,
viveu no século VII a. C. Safo teria gonhados diante da nudez de seus
São
endereçado às mulheres jovens corpos, após o pecado, a tradição
SP Paulo,
de seu tempo, poemas de amor, bíblica diz que Adão e Eva ima-
típicos da época clássica, conforme ginaram uma maneira de superar
fragmentos de sua obra. o problema da relação com o seu
SP
Ainda sobre os termos relacio- corpo “ao coserem para si” uma
nados à sexualidade humana, vale vestimenta de “folhas de figueiras”
esclarecer que a “heterossexualida- que, apesar de frágeis, serviriam
Leontino Farias dos Santos
PÁGINAS 40 A 55
41
xualidade, aqui em destaque, den- em diversos campos da ciência,
tro ou fora do universo religioso, no sentido de se descobrir suas
PÁGINAS 40 A 55, 2013
HOMOSSEXUALIDADE, PSICANÁLISE E RELIGIÃO CRISTÃ
42
casais homossexuais, com os mes-
Da origem do termo mos direitos assegurados aos casais
Tendo em vista a maneira como a
43
durante o período de formação de exemplo, há os que entendem ser
cada pessoa. O geneticista Dean muito elementar e simplista cien-
PÁGINAS 40 A 55, 2013
HOMOSSEXUALIDADE, PSICANÁLISE E RELIGIÃO CRISTÃ
44
REVISTA TEOLOGIA E SOCIEDADE
Vol. 1 nº 10, outubro de 2013, São Paulo, SP
“
Freud opõe-se à ideia de separar os
homossexuais dos outros seres humanos como
um “grupo de índole singular”, pois “todos
os seres humanos são capazes de fazer uma
escolha de objeto homossexual e que de fato
a consumaram no inconsciente.” Citando o
complexo de Édipo, Freud faz referência à
ligação libidinal do filho para com o pai e
da filha para com a mãe, além das ligações
do filho com a mãe e da filha com o pai.
Assim, diz ele, o número de homossexuais
que se proclamam como tais, “não é nada em
comparação com os homossexuais latentes”
45
no contexto da Psicanálise. Nesses presidiários que, na falta de um
artigos, escritos por Freud e, prin- objeto sexual convencionalmente
PÁGINAS 40 A 55, 2013
HOMOSSEXUALIDADE, PSICANÁLISE E RELIGIÃO CRISTÃ
46
na partilha dos sexos. Ou seja, um características especiais. Em sua
homem biológico (posse do pênis) teoria, “a liberdade de dispor igual-
47
“
o problema da homossexualidade Freud também
deve ser investigado a partir da teve dificuldades
PÁGINAS 40 A 55, 2013
HOMOSSEXUALIDADE, PSICANÁLISE E RELIGIÃO CRISTÃ
uma fase de fixação muito intensa, São apontados três fatores que
porém muito curta, em uma mulher parecem determinar o homossexua-
(geralmente sua mãe); e, depois lismo. O primeiro, a forte ligação do
de ultrapassada esta fase, eles se indivíduo com a mãe; uma forte e
identificam com uma mulher e incomum fixação com a mãe, pode
se consideram, a si próprios, seu impedir que um indivíduo venha a
objeto sexual. Isto é, partem de se interessar por outra mulher. O
uma escolha narcísica, procuram segundo, o narcisismo, que faz com
48
que a pessoa tenha menos trabalho, ser humano.
ao se ligar ao seu igual, preferindo, • e) Reagiu contra atitudes dis-
49
A homossexualidade relação a homossexualidade, como
é possível constatar:
do passado ao atual
PÁGINAS 40 A 55, 2013
HOMOSSEXUALIDADE, PSICANÁLISE E RELIGIÃO CRISTÃ
353). Ana Freud, filha de Sigmund graças a ações de ativistas gays (em
Freud, também foi contra o pai, a 1970 e 1971), que invadiram o
ponto de deturpar sua teoria. encontro anual da APA.
Apesar desses opositores, contu- Em 1993, a Associação Inter-
do, as Associações Internacionais de nacional de Psicanálise (IPA), can-
Psiquiatria, Psicanálise e Psicologia celou sua decisão de 1921, e, após
alteraram suas posições anteriores, a realização de um manifesto com
ou aderiram a novos conceitos em duzentas assinaturas, a Organização
50
“
Quando se fala em anfimixia como metáfora para
“ajuda pastoral”, não referir-se á combinação dos erotis-
51
pode condenar irrefletidamente o nenberg4, em artigo publicado na
homossexual como um indivíduo de Revista Christianity Today, em
PÁGINAS 40 A 55, 2013
HOMOSSEXUALIDADE, PSICANÁLISE E RELIGIÃO CRISTÃ
52
“
“não estaria mais fundamentada na Quando se fala em
Bíblia e, sim, contra o testemunho “ajuda pastoral”, não
53
Carlos Fernandes6, ao referir-se à união contínua, pública e duradoura
legalização da união homossexual, entre as pessoas do mesmo sexo
PÁGINAS 40 A 55, 2013
HOMOSSEXUALIDADE, PSICANÁLISE E RELIGIÃO CRISTÃ
54
queira dizer e pensar sobre o indi- avanços em relação ao respeito,
víduo de comportamento homos- e à dignidade do homossexual na
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. . In: S. Freud, Obras Completas de
Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1905.
FRY, Peter e MACRae, Edward. O que é homossexualidade. 2ª. Edição São Paulo: Brasiliense, 1983.
GRUNDEL, Johannes. Temas atuais da teologia moral. Petrópolis: Vozes, 1973.
LAPLANCHE, J. & PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
LOPES, Augustus Nicodemus. Um engano chamado teologia gay. In Cristianismo Hoje, no. 35, junho/
julho 2013.
PANNENBERG, W. “Revelação e experiência homossexual”. In: O Estandarte. São Paulo: julho, 2013.
ROUDINESCO, Elisabeth & MICHEL, Plon, Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar Edi-
tores,1998.
55
SEXUALIDADE E
PÁGINAS 40 A 55, 2013
HOMOSSEXUALIDADE, PSICANÁLISE E RELIGIÃO CRISTÃ
AFETIVIDADE
Pastoral numa área de
sofrimentos e conflitos
Atualmente é possível perceber
56
atividade e o desempenho sexual. momento de sexualização de mas-
Mas, nas propagandas e comerciais, sas, onde tudo fala, cheira, canta
REVISTA
em anos passados já, a sexualidade, e transmite a liberalidade sexual.
TEOLOGIA
E não é preciso ir longe. Preste, o que envolve sexualidade é o que
Leal da
por exemplo, atenção nas letras das mais ocupa a mente e a fala do
E SOCIEDADE
músicas. Você vai rapidamente per- nosso povo.
Silva
ceber o forte teor sexual das mú- Todavia, o mais interessante é
sicas contemporâneas brasileiras. que o conceito e a ideia de “se-
Ouça, nas cantinas e corredores xualidade” que mais discutimos e
dos colégios o assunto da gurizada. falamos é sempre feita e tratada em
Não se fala de química, matemática termos e modos informais, na mo-
ou literatura renascentista. Que dalidade do desejo, da prática, do
estão, à sua maneira vivendo cenas ve, em alguns lugares fora do Brasil a
de forte indução e às vezes perversão páatica da sexualidade diferenciada
sexual, na maioria das vezes, total- não é apenas objeto de discrimina-
mente diferentes da recomendação ção, mas crime, punido com pena
moral para uma vida cristã. de morte. Em outros, é doença;
Na verdade, vivemos em um perversão de caráter; e em outros,
57
como no caso da Igreja Evangélica no Sexualidade e pecado sempre anda-
Brasil, na sua maior expressão, é um ram de mãos dadas nos corredores
PÁGINAS 56 A 63, 2013
SEXUALIDADE E AFETIVIDADE - PASTORAL NUMA ÁREA DE SOFRIMENTOS E CONFLITOS
das pessoas.
A dificuldade do tema e da Poços de Caldas
abordagem não é sem razão e se É visível que a IPIB conseguiu
fundamenta no fato de que a Igreja nos últimos anos, discutir e en-
sempre olhou com desconfiança frentar muitos temas, como por
para a questão da sexualidade. exemplo, a questão da ordenação
58
“
feminina, da presença da mulher Sexualidade e
em todos os segmentos da Igreja. pecado sempre
59
reconhece, única e exclusivamente, fuja deste modelo bíbico,
como legitima e bíblica apenas a será considerado estranho e
PÁGINAS 56 A 63, 2013
SEXUALIDADE E AFETIVIDADE - PASTORAL NUMA ÁREA DE SOFRIMENTOS E CONFLITOS
60
“
liderança, cujo “pecado capital” é Por vezes, tenho
ter atração afetiva pelo igual. Este pensado sozinho,
61
pastoral da Igreja. Se você for since- O conflito pastoral aumenta muito
ro e honesto para consigo mesmo e na medida em que você acompa-
PÁGINAS 56 A 63, 2013
SEXUALIDADE E AFETIVIDADE - PASTORAL NUMA ÁREA DE SOFRIMENTOS E CONFLITOS
com a pessoa que está falando com nha o sofrimento da pessoa que é
você, você vai perceber que nem homoafetiva.
sempre um homoafetivo precisa de Contudo, depois da decisão de
conversão. Muitos deles parecem Poços de Caldas, a IPI tem direcio-
ter os sinais claros de uma pessoa namento claro e definido sobre a
que se encontrou com Jesus, que sexualidade humana e a homoafeti-
participa efetivamente da Igreja, vidade. Na IPI do Brasil não há mui-
que contribui, que fez sua pública ta opção. Concordando ou não, até
e sincera profissão de fé. que outra decisão seja tomada, vale
Alguns até se casaram e ti- este direcionamento. A IPI do Brasil
veram filhos. Cumprindo assim não aceita em nenhuma hipótese
socialmente e visivelmente a vida pessoas homoafetivas declaradas
prática e comum da doutrina cristã, publicamente dentro de seu arraial.
eles não têm nada de reprovável, A única exceção de aceitação
que exija uma conversão radical. para estas pessoas é caso eles/elas
Conheço, fora de nosso arraial, queiram tomar outro direciona-
pastores homoafetivos, cujo minis- mento de sexualidade. O membro
tério é efetivo, prático, consolador da Igreja tem de ser obrigatoria-
e aprovado pela igreja frequentada mente heterossexual, mantendo
pelos mais diferentes setores da relações apenas entre um homem
sociedade. e uma mulher, ainda assim, dentro
Dói na alma condenar alguém dos sagrados muros dos laços do
que já se sente condenado e em so- matrimonio.
frimento. Ninguém abre o coração Caso alguém queira ser aceito
para o pastor/a, nesta dimensão, publicamente como um homoa-
se não estiver em profundas dú- fetivo dentro de um seguimento
vidas e sofrimentos. Nestas horas, religioso, a IPI, por enquanto, não
CLAYTON LEAL DA SILVA
62
REVISTA TEOLOGIA E SOCIEDADE
Vol. 1 nº 10, outubro de 2013, São Paulo, SP
“
A IPIB sustenta e reproduz este ensino bíblico
como modelo para o desenvolvimento de
uma sexualidade saudável, plena, íntegra e
responsável. Sendo assim, qualquer ato, decisão
ou prática que fuja deste modelo bíbico, será
considerado estranho e reprovável para o perfeito
desenvolvimento da fé e da maturidade espiritual
63
ASPECTOS JURÍDICOS DA
PÁGINAS 64 A 81, 2013
ASPECTOS JURÍDICOS DA RELAÇÃO ENTRE ESTADO E IGREJA NA QUESTÃO DA HOMOFOBIA
64
no âmbito jurídico. de Napoleon, modelo que pregava
Aliás, a título preambular, é bom a escravidão do juiz à lei – ele era
REVISTA
destacar que algumas característi- somente “a boca da lei” (bouche de
AugustoE SOCIEDADE
adoção de noções fluidas e flexí- Atualmente, sobretudo a partir
veis em detrimento de propostas da Constituição de 1988, com
de exatidão e as transformações inúmeras normas principiológicas
Luiz Leonardo
velozes3, geram consequências no e recheada com termos abertos
mundo jurídico. Há muito já não se (tais qual a dignidade da pessoa
acredita em um sistema baseado no humana, a isonomia etc.), o mister
legalismo, com previsão taxativa de de aplicação do Direito não pode
todas as hipóteses na lei, cabendo se limitar a um método simpli-
ao juiz simplesmente amoldar à hi- ficado de correspondência dos
Tudo é muito volátil, mutável, adaptável aos interesses em 5 CAMBI, Eduardo. Neoconstitucionalismo e neoconsti-
voga. A palavra dogma cai cada vez mais em desuso” (FI- tucionalismo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 80.
LIPPO, Thiago Baldani Gomes de. Neoconstitucionalismo
6 Isto faz com que o papel desempenhado pelo juiz
e súmulas vinculantes. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris
brasileiro se aproxime muito do modelo anglo-saxão, que
Editor, 2012, p. 46-47).
tem como grandes referências o direito norte-americano
4 O texto da lei, que é o seu sinal linguístico, carece e o direito inglês. Neste modelo, o ao juiz é reconhecido
de interpretação para que se torne norma. É, portanto, o poder criativo do direito. Neste sentido: MARINONI,
da interpretação que transforma disposições (textos ou Luiz Guilherme. Aproximação crítica entre as jurisdições
enunciados) em normas (GRAU, Eros Roberto. Ensaio e de civil law e de common law e a necessidade de respeito
discurso sobre a interpretação/aplicação do direito. 2ª ed. aos precedentes no Brasil. In: Revista de Processo. Ano
São Paulo: Malheiros, 2003, p. 79). 34, n. 172, p. 175-232, jun. 2009.
65
salutar para permitir ao Magistrado Explica-se com um exemplo
uma decisão mais justa e consen- elucidativo. Por outro lado, a in-
PÁGINAS 64 A 81, 2013
ASPECTOS JURÍDICOS DA RELAÇÃO ENTRE ESTADO E IGREJA NA QUESTÃO DA HOMOFOBIA
aquele mais adequado para aquele 8 ARRUDA ALVIM NETTO, José Manoel de. Sobre as
multas instituídas nos arts. 14 e 18 do Código de Processo
caso em concreto7. Civil. In: YARSHELL, Flávio Luiz; MORAES, Maurício
Zanoide de. Estudos em homenagem à Professora Ada
Pellegrini Grinover. São Paulo: DPJ, 2005, p. 639-659.
7 BARROSO, Luís Roberto; BARCELLOS, Ana Paula O autor ainda assevera que a lealdade processual deve
de. O começo da história: a nova interpretação constitucio- ser havido como um princípio fundamental do processo,
nal e o papel dos princípios no direito brasileiro. In: SILVA, evidenciando a “íntima relação entre o princípio da lealdade
Virgilio Afonso da (org.). Interpretação Constitucional. processual e do abuso do direito” (idem, p. 654).
66
que a Constituição não cobre nem Embora existam discussões sobre
legitima práticas abusivas: as ga- tal passagem e se esta previsão tem
67
liberdade religiosa e até mesmo o cia ao que preconiza a Carta Maior,
direito a não ter qualquer religião. em seus princípios e regras.
PÁGINAS 64 A 81, 2013
ASPECTOS JURÍDICOS DA RELAÇÃO ENTRE ESTADO E IGREJA NA QUESTÃO DA HOMOFOBIA
68
sentimento em relação a uma raça13. legislação específica sobre a dis-
Este último é um crime de maior criminação por orientação sexual.
69
a respeito do tema. clusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.”.
De qualquer maneira, como já Por seu turno, o artigo 20, tipificava
PÁGINAS 64 A 81, 2013
ASPECTOS JURÍDICOS DA RELAÇÃO ENTRE ESTADO E IGREJA NA QUESTÃO DA HOMOFOBIA
70
recebeu críticas e não agradou a outro motivo assemelhado”, sendo
nenhum dos lados envolvidos na considerado indicativo de ódio ou
71
de qualquer culto que não aceitem Papa, além de manifestações envol-
tal comportamento. vendo a prática de atos obscenos em
PÁGINAS 64 A 81, 2013
ASPECTOS JURÍDICOS DA RELAÇÃO ENTRE ESTADO E IGREJA NA QUESTÃO DA HOMOFOBIA
72
confessional (uma associação, aliás, e de imprensa.
bem comum no Brasil) que con- Como se vê, a defesa da laici-
18 RODRIGUES JR., Otávio Luiz. Histórico precedente 19 BRYDUM, Sunnivie. Scott Lively will be tried
nos EUA sobre liberdade religiosa. In: Conjur. Disponível for fueling antigay persecution in Uganda. Advocate.
em: http://www.conjur.com.br/2012-jun-20/otavio-luiz-ro- Disponível em: http://www.advocate.com/news/world
drigues-historica-decisao-eua-liberdade-religiosa. Acesso -news/2013/08/15/scott-lively-will-be-tried-fueling-anti-
em 21 de julho de 2013. gay-persecution-uganda. Acesso em 18 de agosto de 2013.
73
em um crime de homicídio de um confirmada em segundo grau 22.
homossexual. Todavia, José Linares Houve caso semelhante na Espa-
PÁGINAS 64 A 81, 2013
ASPECTOS JURÍDICOS DA RELAÇÃO ENTRE ESTADO E IGREJA NA QUESTÃO DA HOMOFOBIA
74
pacitado para o ministério sacerdo- Por fim, o polêmico pastor Silas
tal, razão pela qual a sua exclusão Malafaia também, por mais de uma
75
“
mento jurídico no tema. Por outro O que se espera, é
lato, há quem chegue a afirmar que, que nossos líderes
PÁGINAS 64 A 81, 2013
ASPECTOS JURÍDICOS DA RELAÇÃO ENTRE ESTADO E IGREJA NA QUESTÃO DA HOMOFOBIA
76
abusiva, desde que se as normas e pode ser considerada justa a busca
estatutos da Igreja contem com pre- pelo reconhecimento de direitos e
77
PÁGINAS 64 A 81, 2013
ASPECTOS JURÍDICOS DA RELAÇÃO ENTRE ESTADO E IGREJA NA QUESTÃO DA HOMOFOBIA
ANEXO
SUBSTITUTIVO (PLC 122/2006) – Paulo Paim
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA.
78
REVISTA TEOLOGIA E SOCIEDADE
I – impedir ou obstar o acesso de pessoa, devidamente habilitada,
a cargo ou emprego público, ou obstar sua promoção funcional;
II – negar ou obstar emprego em empresa privada, demitir,
impedir ascensão funcional ou dispensar ao empregado
tratamento diferenciado no ambiente de trabalho;
III – recusar ou impedir acesso a qualquer meio de transporte
público ou estabelecer condições diferenciadas para sua
utilização;
IV – recusar, negar, cobrar indevidamente, ou impedir a
inscrição, ingresso ou permanência de aluno em esta-
belecimento de ensino público ou privado;
V – impedir ou restringir a expressão e a manifestação de
79
PÁGINAS 64 A 81, 2013
ASPECTOS JURÍDICOS DA RELAÇÃO ENTRE ESTADO E IGREJA NA QUESTÃO DA HOMOFOBIA
80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
81
HOMOAFETIVIDADE E
PÁGINAS 82 A 87, 2013
HOMOAFETIVIDADE E LEGISLAÇÃO NA IPIB
LEGISLAÇÃO NA IPIB
Introdução
João Luiz Furtado*
Por mais boa vontade que O tema homoafetividade/
se possa ter sobre a ques-
homossexualidade ronda a vida
tão da prática homosse-
da Igreja há séculos, porém, o
xual, não há brechas para
o entendimento de que tal assunto sempre foi tratado de
fato não seja punível à luz forma velada, com muito cuidado
do sistema doutrinário da e melindre.
IPI do Brasil. Logo que concluí o curso de
Todavia, o Código Disci- teologia no Seminário Teológico
plinar, revelando o bom de São Paulo, atual Faculdade de
senso do legislador esta- Teologia de São Paulo, da Igreja
beleceu que os Concílios,
Presbiteriana Independente do
deverão tratar pastoral-
Brasil, em 1982, fui ordenado
mente quaisquer questões
de ordem disciplinar. ministro da Palavra e dos Sacra-
mentos pelo Presbitério de Bo-
tucatu e designado para a IPI de
Chavantes, São Paulo.
Um dos primeiros atendi-
mentos pastorais que ministrei
foi a um jovem que me procurou
JOÃO LUIZ FURTADO
82
iria celebrar. No entanto, um deta- A IPIB e suas leis
lhe inusitado chamou a atenção: o No tocante a homoafetividade
REVISTA
casamento seria entre dois homens. no âmbito da legislação da IPIB o
REVISTA
HOMOAFETIVIDADE E LEGISLAÇÃO NA IPIB
Diante deste fato, comecei a assunto não dá margem para muitas
pensar nas aulas que tive no Semi-
TEOLOGIA
interpretações.
nário com os queridos mestres: Rev. O sistema legislativo da IPI do
TEOLOGIA
Gerson Correia de Lacerda, Rev. Brasil repousa sobre:
E SOCIEDADE
Leontino Farias dos Santos, Rev. • CONSTITUIÇÃO
Eduardo Galasso Faria, Rev. An- • REGIMENTO INTERNO
E SOCIEDADEVol.
tonio Gouveia Mendonça e outros • ESTATUTOS
mais, procurando respostas para a • CÓDIGO DISCIPLINAR
questão que me era colocada por • ORDENAÇÕES LITÚR-
aquele jovem. GICAS
À época, a IPI do Brasil não tinha
Vol.1 nº
• LEIS ORDINÁRIAS
nenhum posicionamento sobre o
1 nº
assunto homossexualidade e, basi-
10,10,
Importante destacar que a base
camente, tive que recorrer à Bíblia
outubro
legal da Igreja é precedida pelos
e à Confissão de fé de Westmins-
outubro
Fundamentos Doutrinários alicer-
ter para justificar perante o jovem
de 2013,
çados nas Sagradas Escrituras do
porque não celebraria o casamento Antigo e do Novo Restamento e
de São
dele com outro homem. na Confissão de fé de Westminster.
2013,
Trinta anos se passaram e o
Paulo,
assunto homoafetividade/homos- O artigo 2º da Constituição da
São
sexualidade está em ebulição em
SP Paulo,
IPIB dispõe que:
nossa sociedade, refletindo dire- “ A Igreja tem como regra
tamente nas Igrejas que precisam única e infalível de fé e prá-
dar alguma resposta aos anseios das
SP
83
ressaltar que para uma pessoa ser
admitida ao rol de membros da
Homoafetivade/
homossexualidade
PÁGINAS 82 A 87, 2013
HOMOAFETIVIDADE E LEGISLAÇÃO NA IPIB
84
por toda a tradição cristã, e dependentes legais bati-
reiteramos o ensino bíblico zados, menores ou mental-
85
Como tratar Art. 10 – “É dever dos con-
cílios envidar esforços para
disciplinarmente
PÁGINAS 82 A 87, 2013
HOMOAFETIVIDADE E LEGISLAÇÃO NA IPIB
assume a prática da
homossexualidade Conclusão
Não há como negar que as nossas
Em relação a quaisquer desvios
Igrejas enfrentam as pressões da
de conduta no âmbito da Igreja a
sociedade para uma ampla acei-
primeira indagação a ser feita é se
tação das relações homoafetivas,
o fato é punível.
haja vista que nossos Tribunais têm
O Art. 5º do Código Disciplinar
reconhecido direitos de pessoas do
da IPI do Brasil dispõe que:
mesmo sexo na adoção de filhos, no
“Constituem fatos puníveis
reconhecimento de união estável e
todas as ações e omissões
mais recentemente, numa resolu-
que, na fé ou na prática,
ção do Conselho Nacional de Jus-
firam doutrinas da Palavra de
tiça, o registro civil do casamento
Deus ou prejudiquem a paz,
homossexual, além de projetos de
a unidade, a pureza e o
Leis que tramitam no Congresso
progresso da Igreja.”
Nacional.
No entanto, em nome do prin-
Por mais boa vontade que se
cípio constitucional da liberdade
possa ter sobre a questão da prática
religiosa e da não interferência
homossexual, não há brechas para
do Estado nos assuntos restritos
o entendimento de que tal fato
à vivência da fé, a Igreja deve se
não seja punível à luz do sistema
posicionar coerentemente sobre
doutrinário da IPI do Brasil.
o referido tema considerando as
Todavia, o Código Disciplinar,
suas bases bíblicas e doutrinárias,
revelando o bom senso do legislador
JOÃO LUIZ FURTADO
86
Anexo 1
Pronunciamento do Colégio Episcopal da Igreja Metodista do
Anexo 2
Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia:
A Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprova-
ção da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar
contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender
que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo
de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direi-
tos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e
pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que
tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de
todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e
o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais. Portan-
to, a Igreja Presbiteriana do Brasil reafirma seu direito de expressar-
se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento
humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho,
conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo”.
87
IGREJA PRESBITERIANA
PÁGINAS 88 A 93, 2013
IGREJA PRESBITERIANA DOS ESTADOS UNIDOS - ANÁLISE HISTÓRICA DA QUESTÃO HOMOSSEXUAL
Chris Glaser*
Atualmente cada “ordai- nos Estados Unidos o fez em
ning body” presbiterial é resposta a um documento chama-
responsável para fazer a do: “Sexualidade e comunidade
sua própria interpreta- humana” o qual trazia um olhar
ção do que a Escritura
compadecido com pessoas ho-
e as confissões exigem
dos oficiais ordenados.
mossexuais. A Assembleia Geral
que recebeu o documento acima
mencionado acrescentou uma
emenda condenando a homosse-
xualidade por uma diferença de
votos bastante apertada.
A Igreja Presbiteriana dos Esta-
dos Unidos também se posicionou
negativamente com uma resolução
em 1972 na Assembleia Geral.
Essa resolução e outra petição do
Presbitério Fayetteville, também
negativa, cristalizaram a necessi-
dade do “Conselho de Teologia
e Cultura” apresentar “A Igreja
e Homossexualidade: um estudo
CHRIS GLASER
88
A importância estratégica desse Palisades, que tinham candidatos ao
estudo foi a constatação de três ministério declaradamente homos-
REVISTA
posicionamentos entre os cristãos sexuais. Esses mesmos presbitérios
Glaser E SOCIEDADE
que a homossexualidade era “imprudentes e inapropriadas”.
uma doença ou um desenvol- Essa concepção poderia mudar se
vimento psicossocial alterado; uma força-tarefa para estudar a
2. Alguns cristãos acreditavam homossexualidade pudesse levar
que a homossexualidade é a igreja a refletir profundamente
pecado; sobre a questão. Um representante
3. Alguns cristãos acreditavam na Assembleia Geral chamado Rev.
que a homossexualidade é John Robinson alertou para a saída
uma variedade legítima da de fiéis em busca de liberdade re-
89
historiador John Boswell, e realizou preferência apenas para definiti-
quatro audiências regionais. Essas vamente aconselhar presbitérios
PÁGINAS 88 A 93, 2013
IGREJA PRESBITERIANA DOS ESTADOS UNIDOS - ANÁLISE HISTÓRICA DA QUESTÃO HOMOSSEXUAL
90
“
sexualidade humana, que sugeriu Em julho de 2010,
o critério de “justiça e amor” a ser por uma votação de
91
Em 1997, o Livro de Ordem foi pela Assembleia Geral de 2001,
alterado para incluir G-6.0106b, por uma votação de 60-39% dos
PÁGINAS 88 A 93, 2013
IGREJA PRESBITERIANA DOS ESTADOS UNIDOS - ANÁLISE HISTÓRICA DA QUESTÃO HOMOSSEXUAL
92
em vigor 10 de julho de 2011.
Esta alteração trouxe de volta para
93
Resenhas:
PÁGINAS 94 A 99, 2013
RESENHA - TEMPO DE ABRAÇAR – AS RELAÇÕES HOMOGENÉRICAS NA RELIGIÃO, NA LEI E NA POLÍTICA
Tempo de Abraçar –
As Relações Homogenéricas
na Religião, na Lei e na Política
William Stacy Johnson escre-
Paul E. Capetz*
veu um grande livro abordando
a controvérsia sobre as relações
homogenéricas e o seu possível
reconhecimento pela igreja e
pela sociedade.
Os subtítulos claramente
indicam seus três focos: “Reli-
gião” (parte 1), “Lei e Política”
(parte 2). Além de prover uma
JOHNSON, William Stacy.
A Time to Embrace: Same- análise lúcida das questões in-
Gender Relationships in terrrelacionadas em religião, lei
Religion, Law, and Politics. e política, na medida em que têm
Grand Rapids: Eerdmans,
a ver com o tema das parcerias
2006, 440 p. US $ 25.00
encadernado. homossexuais, Johnson coloca
sua proposta construtiva para
uma solução do debate nos seus
múltiplos níveis.
Logo no início coloca sucin-
tamente a sua tese:
94
nossa democracia política. parte do livro é sobre religião, co-
Uma atitude acolhedora e afir- brindo o terreno já extensamente
Vol.1 1nºnº
abordagem integrada do conjunto de se encarar as relações homoge-
destas questões tão complicadas: néricas: 1) Proibição; 2) Tolerância;
95
pectiva doutrinária sobre as outras. de que ela seja boa, meramente
Johnson crê que cada uma das 7 porque é natural.
PÁGINAS 94 A 99, 2013
RESENHA - TEMPO DE ABRAÇAR – AS RELAÇÕES HOMOGENÉRICAS NA RELIGIÃO, NA LEI E NA POLÍTICA
96
omito a discussão das posições delas e atacar aqueles cujos concei-
legitimacionistas e liberacionistas). tos que ele considera equivocados
97
dele a igual cidadania” (p. 104). A confusão aqui resulta da meia
Mas, como o próprio Johnson verdade que democracia é o reino
PÁGINAS 94 A 99, 2013
RESENHA - TEMPO DE ABRAÇAR – AS RELAÇÕES HOMOGENÉRICAS NA RELIGIÃO, NA LEI E NA POLÍTICA
esclarece, dois tipos bem diferentes da maioria. Mas isto nunca foi as-
de direitos, ambos essenciais a uma sim, sem que seja mais qualificado.
democracia, têm sido falsamente Johnson cita a afirmação do juiz
atirados um contra o outro. Robert Jackson, da Suprema Corte
Todas as pessoas têm o direito de de Justiça dos Estados Unidos (ele
expressar vigorosamente seus pon- que serviu como principal conse-
tos de vista em praça pública. Ao lheiro para os E.U. no julgamento
mesmo tempo, contudo, todas as de Nuremberg), onde disse que “o
pessoas, inclusive os homossexuais, princípio democrático fundante
têm o direito de se beneficiar desta de que ‘direitos fundamentais não
justiça que opera sob a lei. Um é o podem ser sujeitos a votação; eles
direito da livre expressão; o outro é não dependem do resultado de
o direito da plena inclusão. nenhuma eleição’” (p. 195).
negada.
98
Uma vez que o casamento é um pela compaixão por aquelas pes-
contrato civil regulado pelo Estado, soas e grupos aos quais a justiça
99
Em nome de Deus –
EDSON DE SOUZA LIMA E MILTON MOREIRA
RESENHA - EM NOME DE DEUS – O FUNDAMENTALISMO NO JUDAÍSMO, NO CRISTIANISMO E NO ISLAMISMO
O Fundamentalismo no Judaísmo, no
Cristianismo e no Islamismo
100
muçulmanos da Europa em 1492, um vai-e-vem que muitas vezes leva
passa pela Inquisição na Espanha e a conclusões precipitadas de secu-
REVISTA TEOLOGIA E SOCIEDADE Vol. 1 nº 10, outubro de 2013, São Paulo, SP PÁGINAS 100 A 104
Edson de Souza Lima e Milton Moreira
RESENHA - Em nome de Deus – o fundamentalismo no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo
são de sua natureza até os dias de acreditam em uma vitória sobre o
hoje. Mostra, como a descoberta da mundo do mythos.
América, as descobertas científicas Dwight Moody, no final do
no campo da astronomia, matemá- século XIX, nos Estados Unidos,
tica etc., colocaram a sociedade Moody foi considerado o pai do
europeia na era moderna, rompen- fundamentalismo. Institutos foram
do com a época medieval e trans- criados, como o Bible Institute of
formando a sociedade ocidental Los Angeles e o próprio Moody Bib-
em termos políticos, econômicos, le Institute em Chicago. Combater
culturais e até religiosos. os ensinamentos da Alta Crítica
Tais acontecimentos afetaram tornou-se o principal motivo para
101
fundiu um espírito de medo que Na década de 60 e meados da
produziu no meio fundamentalista década de 70 existia um clima de
EDSON DE SOUZA LIMA E MILTON MOREIRA
RESENHA - EM NOME DE DEUS – O FUNDAMENTALISMO NO JUDAÍSMO, NO CRISTIANISMO E NO ISLAMISMO
102
formaram também o Gush Emu- fatos tiveram como pano de fundo
nim “Bloco dos Fiéis”, que viam o a Revolução Iraniana que chocou
103
“
EDSON DE SOUZA LIMA E MILTON MOREIRA
RESENHA - EM NOME DE DEUS – O FUNDAMENTALISMO NO JUDAÍSMO, NO CRISTIANISMO E NO ISLAMISMO
com que as relações destes radicais e aponta para o que ela considera
a sociedade secular vêm se apresen- talvez a natureza humana: há agres-
tando. Armstrong insiste que ambos sividade, massacres e preconceitos
simplesmente não falam a mesma em todos nós numa disputa entre
língua e apela novamente para a o secularismo e a religião.
compreensão dos Estados Seculares Fica a sugestão para uma leitura
para com os fundamentalistas. com o um rico conteúdo histórico,
Ao mostrar as semelhanças entre capaz de despertar o interesse por
os movimentos, tanto nas ideologias uma avaliação mais intensa e com
PÁGINAS 100 A 104, 2013
104