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45º Encontro Anual da ANPOCS

GT34 – Religião, política, direitos humanos: reconhecimento e intolerâncias


em perspectiva

Religião evangélica e mulheres no Brasil:


atualizações, realinhamentos e lacunas de um campo de estudo

Nina Rosas – Profa. adjunta da UFMG

1
Introdução
Damares Alves – advogada, pastora e ministra da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos. Cristiane Cardoso – apresentadora, escritora e filha de Edir Macedo, criador da
Igreja Universal do Reino de Deus. Sarah Sheeva – missionária, pastora e filha da cantora
e compositora Baby do Brasil. Sônia Hernandes – empresária, apresentadora, escritora e
bispa cofundadora da Igreja Renascer em Cristo. Ludmila Ferber – pastora, cantora e
compositora com mais de 2,2 milhões de seguidores no Instagram. Ana Paula Valadão –
cantora-celebridade, atualmente residindo no Sul da Flórida e pastoreando mulheres
brasileiras imigradas. Lanna Holder – ex-missionária da Assembleia de Deus, lésbica e
pastora da igreja inclusiva Comunidade Cidade de Refúgio. Flordelis – cantora, pastora,
mãe afetiva de 55 filhos e deputada federal presa pela acusação de homicídio do cônjuge.
Todas, mulheres de renome. Líderes evangélicas com longa trajetória e que agregam muito
mais funções dos que as pontualmente descritas. Diversas, embora não mais do que sua
audiência.
Durante os principais anos de remodelação do cenário religioso brasileiro (1980-
2010), o contingente de evangélicos passou de 6,6% da população para 22,2% (Teixeira,
2013), sendo aproximadamente 60% deste grupo os que se declaram vinculados a igrejas
consideradas pentecostais, tais como: Assembleia de Deus; Congregação Cristã do Brasil;
Igreja do Evangelho Quadrangular; Universal do Reino de Deus; Mundial do Poder de
Deus; entre milhares de outras, de médio e pequeno porte. Uma pesquisa realizada pelo
jornal Folha de S.Paulo, com resultados referentes a 2020, apontou um número ainda maior
de evangélicos no país, a saber, 31% da população. Evangélicos seriam 59% pardos e
pretos, sendo 48% do grupo com renda de até dois salários-mínimos (proporções similares
às dos católicos) e 58% de mulheres1. Uma religião na qual não apenas a presença feminina
é majoritária nos bancos das congregações, mas que vem abrindo pautas de interesse das
mulheres, incluindo não apenas conjugalidade e família, como também proteção contra a
violência. Religião com presença do sacerdócio feminino em várias de suas agremiações,
que oferece uma rede de apoio e possibilita o trânsito das mulheres na esfera pública (Vital
e Machado apud Santos, 2020).

1
Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/01/13/50percent-dos-brasileiros-sao-catolicos-
31percent-evangelicos-e-10percent-nao-tem-religiao-diz-datafolha.ghtml, acesso em 17 de agosto de 2021.

2
Ainda assim, a pergunta – “Como começar uma pesquisa que se abrigue sob o
guarda-chuva religião evangélica e gênero2?”, compartilhada por diversos pesquisadores,
em especial, por aqueles que estão começando sua trajetória na pós-graduação, nem sempre
é de fácil resposta. O que começar a ler? No Google Acadêmico, que é a base mais
tacitamente utilizada para os fins de investigação preliminar, a combinação das palavras
“gênero” e “religião” retorna mais de 500 mil achados. Já a busca “religião evangélica” e
“gênero”, corresponde a 37.600 incidências aproximadamente, ao passo que “religião
evangélica” e “mulheres” retorna em torno de 41.300 itens3. Aplicando os mesmos
descritores no Portal de periódicos CAPES/MEC, foram encontrados: 2.298, 202 e 191
documentos, respectivamente, sem especificar se título, autor ou assunto, e considerando
trabalhos que continham os termos e não que fossem exatos ou começassem com as
referidas palavras-chave4. Na Scientific Electronic Library Online (SciELO), a
combinação “religião” e “gênero” (seleção de “todos os índices”), achou 70 artigos. Nessa
plataforma, nas duas buscas subsequentes, o termo “religião evangélica” tornou a procura
específica demais e não levou a nenhum resultado. Utilizado, então, apenas a expressão
“evangelic*”, a fim de fazer referência a outras desinências, o retorno foi de 25 e 27
achados, respectivamente5; algo mais palatável para uma revisão.
Contudo, a disparidade do que está indexado no Google e aquilo que é possível
encontrar em bases mais especializadas gera pontos de partida muito diferentes (e não
apenas para estudiosos iniciantes). Desse modo, as revisões decorrem, não raramente, de
uma mistura de textos indicados, daqueles encontrados nas primeiras páginas do Google
Acadêmico e de uma outra base de dados, somando-se outros artigos muito citados e/ou
escritos por pesquisadores mais experientes e notadamente reconhecidos no trato do tema.
Essa revisão, de cunho artesanal e chamada de narrativa, tradicional ou informal
(Nakagawa, 2017), é majoritária nos estudos sociais, incluindo aqueles sobre as religiões
no Brasil (vide, como exemplo entre muitos artigos, dissertações e teses, a última obra de
balanço do cenário religioso nacional, organizada por Teixeira e Menezes (2013)). Mas, se
olharmos para pesquisas de outras áreas e que se utilizam da variável religião, como as

2
Embora gênero seja uma categoria relacional, serão excluídos deste texto trabalhos que tratem
especificamente de masculinidades e/ou homoafetividades/homossexualidade.
3
Busca realizada em: https://scholar.google.com.br/, 17 de agosto de 2021.
4
Busca realizada em:
https://www-periodicos-capes-gov-br.ez27.periodicos.capes.gov.br/index.php?, 17 de agosto de 2021.
5
Busca realizada em: https://www.scielo.br/, 17 de agosto de 2021.

3
epidemiológicas, veremos que uma revisão sustentada por etapas bem-definidas e baseada
em um protocolo rigoroso e auditável, está longe de ser incomum (Oman e Syme, 2018).
Faço referência especificamente a um sistema, intitulado revisão sistemática de
literatura (RSL), originado na área da Saúde, cujas pesquisas vão de estudos observacionais
diversos a ensaios clínicos randomizados, isto é, experimentos nos quais parte de uma
população selecionada de maneira aleatória recebe uma intervenção enquanto a outra parte
não recebe (ou recebe placebo). Os dados em Saúde são tão volumosos que tornam a
simples leitura de textos sobre certa problemática pouco possível de ser realizada. A RSL,
então, além de lidar com um grande volume de materiais, é um método que mapeia
incertezas e reúne as comprovações que existem sobre um assunto, o que se torna mais do
que necessário em um campo que tem sua prática clínica baseada em evidências. Além
disso, ela tem a vantagem de fornecer uma avalição da qualidade dos estudos e apresentar
um protocolo replicável, sobre o qual se assenta um relatório final, permitindo que os
pesquisadores partam de uma RSL determinada sem precisar fazer uma nova investigação
para responder a uma pergunta já considerada (Petticrew e Roberts, 2006). Cumpre
salientar, desde já, que a RSL proposta neste artigo é inspirada nos guias de RSLs em
Saúde, mas sofrerá adaptações, que serão descriminadas na segunda seção, para torná-la
pertinente às Ciências Sociais6.
A partir do contato com essa metodologia7, me perguntei qual seria o ponto de
partida para uma pesquisa sobre as mulheres evangélicas. O que já se conhece sobre as
consequências da adesão feminina à religião que mais vem crescendo no Brasil nas últimas
décadas? Sendo essa fé composta por uma audiência majoritariamente de mulheres,
certamente não se trata de uma relação que escapou aos olhos dos estudiosos desse grupo.
E de fato. Sobretudo desde meados da década de 1990, o que a literatura
socioantropológica mostrou é que a religião evangélica, apesar de muito conservadora em
termos morais, pode ser uma alavanca para remodelar o ethos feminino popular, aproximar
os homens do lar e gentilizá-los (ainda que às custas de repor sua autoridade) e, ainda,

6
Há trabalhos, como o De-la-Torre-Ugarte-Guanilo et al. (2011), que consideram a subclassificação das
RSLs dependendo da natureza dos estudos a serem considerados nela (se apenas quantitativos, se restritos
aos qualitativos ou se mistos). Como este trabalho não aplicará como critério de exclusão dos textos uma
distinção entre abordagens quanti e quali, a RSL realizada, segundo as autoras, seria uma revisão integrativa.
No entanto, para os fins da presente discussão, será utilizado tão-somente o termo guarda-chuva, a saber,
revisão sistemática.
7
Além das referências textuais, o presente artigo também é tributário de cinco palestras instrucionais,
disponibilizadas no YouTube e citadas ao final.

4
fazer exigências, como a da castidade, tanto para homens quanto para mulheres,
funcionando, assim, como um agente de transformação social e não só de manutenção da
ordem (Boyer-Araújo, 1995; Couto, 2002; De Theije, 2002; Mafra, 1998; Mariz, 1994;
Machado, 1995; 1996). Mas qual será a validade desses achados considerando o atual
recrudescimento das direitas e extremas-direitas populistas mundo-afora e a incansável
mobilização religiosa de vertentes, sobretudo cristãs, contra a “ideologia de gênero”8?
Como vem se dando, mais recentemente, a relação entre religião evangélica e mulheres no
Brasil?
Salvo melhor juízo, não encontrei nenhum exercício de revisão cujo fim último
fosse apresentar as evidências relevantes nesse trato. Sendo assim, a fim de perceber as
atualizações teóricas do campo e apontar lacunas que ainda permanecem, pretendi, a partir
de uma metodologia sistemática, reunir pesquisas publicadas entre 2000 e 2021, e que
focassem na relação religião evangélica e mulheres no Brasil. Este texto traz, na primeira
parte, uma análise exploratória pautada em cinco artigos e um livro, e fundamental para o
desenho da questão estabelecida para a RSL, assim como para o apontamento de estratégias
de extração de dados dos artigos a serem posteriormente considerados. Na segunda parte,
é apresentado o levantamento realizado, composto por 55 materiais, encontrados a partir
de buscas nas seguintes bases de dados: JSTOR; Portal de periódicos CAPES; SciELO; e
SCOPUS. A leitura e a análise das obras selecionadas ainda se encontra em andamento no
momento da redação final deste texto.

Problematizações de 1994 a 1999


O artigo mais antigo que eu conhecia sobre relações de gênero e religião evangélica
fala muito pouco sobre as mulheres. Trata-se de Alcoolismo, gênero e pentecostalismo, da
socióloga Cecília Mariz, publicado em 19949. Nele, há o registro do modo como a

8
“Ideologia de gênero” é um sintagma cuja controvérsia remonta a década de 1990, tendo um dos pontos
nodais sido a Conferência Internacional da Mulher, realizada pela ONU, em 1995. Nesta, visando direta e
indiretamente impedir os avanços dos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres, representantes religiosos,
sobretudo da Igreja Católica, contestaram o uso da expressão “gênero”, que vinha sendo empregada pelo
movimento feminista desde os anos 1980. No Brasil, esse combate começou no início dos anos 2000 e se
intensificou a partir de 2010, com a apresentação do Plano Nacional de Educação para 2011-2020, no qual
havia a defesa da igualdade de gênero e orientação sexual (Machado, 2018; Melo, 2020).
9
Embora o texto da autora não faça menção a trabalhos anteriores sobre gênero, realizados no contexto
nacional, Machado (1996) traz diversas referências – pontuadas mais adiante neste tópico. Como a tarefa de
percorrer toda a bibliografia que aparecia em Machado não seria possível, e ademais, já havia sido
contemplada e absorvida em boa medida por seu texto, o início da revisão por Mariz foi mantido.

5
conversão dos homens ao pentecostalismo, muitas vezes iniciada em um lar pela conversão
das mulheres, significa o abandono do hábito de beber, a obtenção de trabalho, a economia
dos gastos com a bebida e a mudança no estilo de vida. O mecanismo por meio do qual
isso acontece é a experiência, promovida pela religião, da dignidade (aumento da
autoestima), do poder (compreendido por meio da cura do corpo e da alma) e de um senso
de coerência, pautado na ideia de que Deus tem um plano para a vida de seus fiéis, do qual
o milagre faz parte. Na intepretação proposta, o pentecostalismo é visto como “experiência
modernizadora e racionalizadora” (Mariz, 1994, p.15), favorável para muitas mulheres
pobres, que, indiretamente, se beneficiam do novo comportamento de seus companheiros.
É uma religião produtora de uma moralidade, como a dos trajes recatados e do
comportamento pudico, que tem função protetora e que pode ser instrumentalizada no
fortalecimento da autoestima e na distinção de alguns pobres em relação ao mundo da
pobreza, ainda que o que haja seja uma discreta melhora nas condições materiais e não
uma mobilidade de classe.
Um ano depois, a publicação da antropóloga Véronique Boyer-Araújo –
“Macumbeiras” e “crentes”: as mulheres veem os homens – mostra o distinto impacto
que a adesão religiosa pentecostal tem para homens e mulheres, ainda que haja, para
ambos, a condenação do cigarro, do álcool e do adultério. Os homens conversos
conseguem superar a contradição inerente à masculinidade hegemônica que, de um lado,
exige deles autoridade e responsabilidade com o lar (sobretudo financeira) e, de outro, a
ocupação do espaço da rua com os pares, o que inclui bebedice e conquista de mulheres.
Os religiosos escolhem a “responsabilidade” ao invés da “sexualidade” (Boyer-Araújo,
1995, p.12), descartando esta última como um componente de sua masculinidade. Para as
mulheres, no entanto, a religião pentecostal incita a submissão em relação aos homens,
mas, principalmente, à autoridade divina que pode conferir poder espiritual. A
consequência é uma postura feminina de resignação com os desfechos da vida (ainda que
acompanhada de paz e comportamento de oração), de “desapropriação de si” e de
dependência dos homens – conformação essa que, para a autora, está inserida mais
amplamente nos dilemas das classes populares. Portanto, se tanto para Mariz quanto para
Boyer-Araújo a religião traz benefícios direitos e indiretos para homens e mulheres, a
análise desta última autora ressalta aspectos negativos para as mulheres, como o
desenvolvimento de um sentimento de indiferença/apatia para mudar o destino que se lhe
apresenta.
6
Já a socióloga Maria das Dores Campos Machado, no artigo Corpo e moralidade
sexual em grupos religiosos, de 1995, analisando mulheres pentecostais de camadas
populares, inclui as de camadas médias, o que é uma inovação para a época, ainda que ela
saliente que o limite entre esses dois grupos não é tão rígido. Ela interroga se a liberdade
e a valorização dos corpos observada nos espaços de culto têm influência nas formas das
crentes viverem a sensualidade e a sexualidade, tendo em vista a tradição cristã de
desvalorização e controle do corpo que inferioriza a mulher em relação ao homem,
reduzindo-a à função reprodutiva. A autora evidencia que, entre os pentecostais, a
sexualidade aparece tratada em palestras, encontros, cultos e conversas promovidos pela
igreja, mas é valorizada apenas dentro do casamento (condena-se o sexo pré e extra-
marital, além da homoafetividade), condicionando as satisfações sexuais das mulheres à
tarefa de sensibilizar o parceiro quanto às suas necessidades. Diversos métodos
contraceptivos entre os pentecostais são permitidos e até estimulados, havendo, em certos
casos, incentivo ao planejamento familiar – um ponto muito positivo comparado à recusa
da contracepção, observada na Igreja Católica. Outra vantagem para as mulheres estaria
no suporte emocional, e até material, encontrado na comunidade de fé, para aquelas que
enfrentam o adultério do marido ou o uso, por parte dele, de bebidas alcóolicas.
O senso de “responsabilidade” dos homens, notado por Boyer-Araújo, aparece em
Machado como o cultivo masculino, em função da conversão, de atributos
tradicionalmente associados ao feminino, como a humildade. Tanto para homens quanto
para mulheres, assim como evidenciado por Mariz, a religião evangélica proporciona a
construção de uma nova identidade na qual é possível reler o passado, reinterpretando-o a
partir de outra ótica. O trabalho de Machado reitera a conversão pioneira e a proporção
majoritária das mulheres no pentecostalismo, o destino dos cargos de autoridade aos
homens e o paradoxo da superioridade moral da mulher cujos pais e parceiros não venham
a ser converter. Por outro lado, a obra soma uma camada às análises prévias ao evidenciar
os desdobramentos da adesão religiosa para o comportamento sexual feminino, a
reprodução do casal e uma maior preocupação com a educação sexual dos filhos. Os
estudos pregressos, como notado por ela, quando se voltavam à dimensão das atitudes/ética
(ou seja, saíam da análise predominante dos valores) tratavam principalmente da
sexualidade masculina e do hábito de beber.
As conclusões tecidas nesse artigo de 1995 podem ser encontradas em parte no
livro Carismáticos e pentecostais: adesão religiosa na esfera familiar, publicado em 1996,
7
e resultado da tese de doutorado de Machado, cujo trabalho de campo se deu entre 1992 e
1993. O livro apresenta maior densidade, diálogo teórico e um subsídio empírico
desenhado com vistas à representação da amostra de pentecostais (e católicos) por gênero,
status socioeconômico, estado civil, idade e ocupação, e extrapola o artigo sobretudo no
trato da moralidade familiar, praticamente ausente na literatura até então. Nele, a autora
ressalta a frequente heterogeneidade confessional dos lares dos(as) conversos(as)
pentecostais, a acentuação da tensão quando as mulheres se convertem e os homens não, e
uma mudança mais radical de comportamento quando a conversão no lar é do homem.
Além disso, ela mostra que a religião permite que os conflitos familiares sejam
reinterpretados como sendo de origem espiritual (demoníaca), colocando a prática da fé
como única possibilidade de solução e, assim, aliviando a autorresponsabilidade dos
envolvidos. Machado acrescenta nos motivos que levam os homens às igrejas os problemas
financeiros, o uso de drogas, as doenças e a vontade de acompanhar a esposa. E ressalta
como a alta frequência em atividades de fé, sobretudo por parte das mulheres, implica a
substituição do – por vezes parco – lazer existente.
Para tecer essas e outras considerações, Machado dialoga principalmente com as
ideias de Eliane Gouveia, Emilio Willems, Elizabeth Brusco, John Burdick, Lesley Gill,
Salvatore Cucchiari e André Droogers. Willems, cujo trabalho é de 1967, enfatizou que a
conversão pentecostal pode significar um fortalecimento das mulheres dada a potência
virtual dessa doutrina de romper com o padrão moral e comportamental latino-americano
de diferença entre os gêneros10. Já Gouveia, cuja publicação é de 1986, ao estudar duas
igrejas pentecostais diferentes, observou que, embora ambas apresentem uma visão
patriarcal e androcêntrica, uma reforça a opressão das mulheres ao passo que a outra é mais
aberta a mudanças na representação feminina e oferece espaço para que as mulheres
ensinem e preguem.
Burdick, por sua vez, cujas interpretações datam de 1990, considera que a adesão
religiosa é uma das muitas dimensões da luta das mulheres para diminuir os conflitos
domésticos e endereçar suas questões. Cucchiari, escreveu, assim como Burdick, em 1990,
apostando que o pentecostalismo significaria a possibilidade de as mulheres transcenderem

10
Brusco, por sua vez, em 1994, em linha similar à de Willems, defendeu a conversão como remodeladora
da esfera privada, capaz de colocar a vida familiar como algo central, tanto para homens quanto para
mulheres, e geradora um novo ethos familiar que se caracteriza por “homens domesticados”, isto é, mais
passivos, generosos e sem vícios.

8
a posição que ocupam no sistema patriarcal, ainda que reconhecendo que a liderança
formal nas igrejas permanecesse nas mãos dos homens, o que conferiria, em última
instância, um limite ao ativismo feminino. Gill, também em 1990, foi mais radical ao
afirmar que, mesmo apesar de o pentecostalismo ajudar a romper com os comportamentos
masculinos que afligem as mulheres (comportamentos estes justificados por uma
“endemonização” à qual os homens seriam mais suscetíveis), ele legitimaria o poder e a
autoridade dos homens sobre elas, reforçando as desigualdades de gênero. Ambivalência
similar, isto é, defesa de uma suposta igualdade perante Deus, mas reprodução das
assimetrias nos papéis de gênero, também foi explorada pelo artigo escrito por Droogeres,
em 1992.
Ao revisar esses trabalhos, Machado chama atenção ainda para a tese de doutorado
de Jonh Page, de 1984, e para um artigo de Novaes, de 1985, que já alertavam para o
mesmo descompasso entre a doutrina e a prática pentecostal, no sentido de que “mantem-
se a dominação do cônjuge masculino e a maior responsabilidade da mulher para com os
trabalhos domésticos” e de que há um “esforço para adequar a doutrina às regras do
relacionamento familiar” já existentes (Machado, 1996, p.124). Machado encontra algo
semelhante ao perceber que a conversão não tem impacto na promoção da igualdade na
divisão de tarefas domésticas; as mulheres continuam responsáveis pelas funções de lavar,
passar, cozinhar e limpar a casa.
Para ela, a autoridade masculina no lar (homem como “cabeça da casa”) é
reforçada, embora, na prática, o cuidado espiritual e a construção de uma moralidade na
família acabem sendo, muitas vezes, protagonizados pelas mulheres. Isso, que em um
primeiro olhar poderia significar a simples reprodução da hierarquia de gêneros do sistema
hegemônico, para Machado, vem acompanhado da estratégia feminina (evidenciada, por
exemplo, no uso do termo “tranquilidade”) de não assumir possíveis ônus das tomadas de
decisão, de filtrar as informações que chegam ao marido e, até mesmo, de controlar a
relação dele com os filhos. A autora ressalta ser esse o paradoxo do fortalecimento
feminino na religião pentecostal e enfatiza que a conversão por parte do casal, em
contraposição às situações em que apenas a mulher adere à nova fé, costuma trazer uma
vivência diferente em termos dos ideais de submissão e responsabilidade.
Em resumo, novamente se está diante de uma interpretação que, a despeito das
claras desvantagens apontadas pela falta de autonomia das mulheres/postura de
resignação/aumento de tolerância (inclusive para a manutenção do casamento), insiste no
9
modo como a religião pode ser um instrumental de grande relevância para aplacar as
angústias e os anseios femininos. Embora os autores supracitados diferissem na percepção
das ambivalências trazidas pelo pentecostalismo, a conversão de mulheres pobres não foi
vista como implicando perda, dado que elas já estão em situação desvantajosa na sociedade
patriarcal, tendo regulada sua sexualidade e sendo dependentes dos homens, inclusive
financeiramente.
A bibliografia citada por Machado, à qual ela soma sua contribuição, é, em boa
medida, arrolada também pela antropóloga Clara Mafra, no capítulo de livro Gênero e
estilo eclesial entre os evangélicos, de 199811. Esta autora afirma que a literatura anterior
tendeu a enxergar “vantagens às mulheres na medida em que [a religião evangélica
fornece] instrumentos para a autoafirmação feminina e [exige] maior participação do
homem na família e na igreja – mesmo que [reponha] a hierarquia” (Mafra, 1998, p.225).
Porém, ela acrescenta que:

“Na avaliação de Machado, estes movimentos não fornecem instrumentos para


afirmação das mulheres no campo dos direitos civis, sociais ou políticos, e,
consequentemente, não estão articulados no diálogo com o Estado ou com o
Direito, contudo, dão meios para a dignificação e para o autorreconhecimento
humano básico das mulheres.” (Mafra, 1998, p.225, grifos originais)

Mafra considera a proposição de que a religião funcionaria como “isca social”,


“etapa intermediária, estratégia de um devir social” (Mafra, 1998, p.225-227) como frágil
e beirando um projeto iluminista que visaria garantir, no longo prazo, relações mais
igualitárias entre homens e mulheres. Contudo, ela reconhece a mesma ambuiguidade já
tratada anteriormente, de rejeição ao machismo ibero-americano, associada à seletividade
quanto a temas e posições da cultura feminista. Ela também reconhece que o mesmo
movimento que espera castidade de ambos os sexos e que promove certa autonomia ao
pregar o livre-arbítrio, é contrário ao aborto como direito de escolha e à homoafetividade.
Mas, o que Mafra oferece como interpretação? Ela compreende as concepções de
gênero evangélicas como autorreferentes, ou seja, tendo um fim em si mesmas e
decorrentes de recortes de classe/escolaridade, da dinâmica eclesial de cada denominação
e comunidade de fé, e ainda, em última instância, do filtro dos próprios fiéis. Ela postula,
desse modo, que a relação entre evangélicos e gênero está posta em um continuum que vai

11
O texto de Mafra integra o livro Novo Nascimento: os evangélicos em casa, na igreja e na política, que
decorreu de pesquisa realizada em 1994, na região metropolitana do Rio de Janeiro, envolvendo dados de
mais de 1.300 evangélicos de 53 denominações.

10
do “evangélico liberal”, que teria uma concepção mais igualitária entre os sexos, ao
“evangélico conservador”, que reforça a moralidade tradicional e repõe a autoridade dos
homens nos espaços eclesiásticos e domésticos (Mafra 1998, p.245-246).
O panorama traçado até então se encerra com o artigo SOS Mulher – a identidade
feminina na mídia pentecostal, novamente de Machado, publicado em 1999, com dados de
1996-199712. Nele, a autora investiga as mídias eletrônicas da Igreja Universal e da
Assembleia de Deus, e mostra que, de maneira geral, há uma ampliação das pautas que
concernem aos interesses femininos, como questões indo desde saúde da mulher,
planejamento familiar, direitos reprodutivos e participação no mercado de trabalho e na
vida política a estética, cuidados com o corpo, depressão, casamento e homoafetividade.
Notou-se, naqueles veículos de comunicação, um aumento da participação de profissionais
mulheres, mas continuando o reforço da valorização, nas mulheres, dos atributos femininos
tradicionais, como a maternidade, a solidariedade e a personalidade afável. Entre as
denominações, também houve diferença importante no que tange à aceitação de mulheres
na hierarquia religiosa, sendo a Universal a mais favorável.
Mas, o que mais vale ser enfatizado desse texto no que diz respeito ao recorte do
presente artigo é que, se, de um lado, as mídias religiosas se mostravam sensíveis ao
aumento da chefia feminina e da participação da mulher no mercado de trabalho (a autora
também chama a atenção para a feminização da pobreza), ampliando as pautas e inserindo
mais pessoas do sexo feminino como apresentadoras, de outro lado, a ambiguidade do
fenômeno religioso pentecostal permanece. Diz Machado:
“Da mesma forma que a simples incorporação de temáticas relacionadas ao
universo feminino não garante uma abordagem que efetivamente ajude as
mulheres, a participação das pentecostais nos meios de comunicação das suas
denominações não é uma condição suficiente para uma ruptura com o ideal
feminino cristão e com a ordem de gêneros hegemônica na comunidade
religiosa.” (Machado, 1999, p.184-185)

A autora acrescenta a dificuldade de espaço para a discussão da assimetria de poder


e termina, assim, segundo minha interpretação, com uma leitura um pouco mais pessimista
do que apresentava nos textos anteriores.

12
Ao fazer a releitura desse texto na ocasião da revisão preliminar, outros dois artigos apareceram citados
por Machado e que, por uma limitação de espaço, permanecerão, na minha abordagem, apenas referenciados
de maneira indireta. São eles: O Senhor nos libertou, de Mônica Tarducci, publicado em 1994; e Mulheres e
práticas religiosas – um estudo comparativo das CEBS e Comunidades carismáticas e pentecostais, de
Cecília Mariz e Maria das Dores Campos Machado, publicado em 1997.

11
Levantamento da literatura dos anos 2000-2021 com vistas a uma revisão sistemática
Cumpre deixar claro que a RSL pretendida neste trabalho é uma proposta para as
Ciências Sociais, particularmente para o campo dos estudos de religião, e que, sendo assim,
prescindirá de determinadas especificidades caras e fundamentais para RSLs em Saúde,
como as das diretrizes do Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions.
Desse modo, excluir-se-á: a caracterização do desfecho e a certeza/recomendação sumária
da evidência; o registro do protocolo em bases da área da Saúde; a utilização de descritores
de Saúde; e a inclusão de literatura “cinzenta” (estudos não publicados). Além disso, a
avaliação da qualidade metodológica (risco de viés) dos artigos será reduzida à
investigação de se há (ou não) uma exposição detalhada da metodologia, pois parte-se do
pressuposto de que a ciência social não busca neutralidade, mas objetivação de todos os
passos da pesquisa, incluindo a explicitação das “condições singulares que os sujeitos
mantêm com as condições objetivas de sua existência” (Bourdieu et al., 2002, p.30).
Uma das grandes vantagens do exercício de revisão de literatura a partir da
definição de um protocolo sistemático de condução é o refinamento da pergunta de
pesquisa da revisão. Após ter feito o desenho exploratório, o questionamento trazido na
introdução, a saber, “Como começar uma pesquisa que se abrigue sob o guarda-chuva
religião evangélica e gênero?” passa a dar lugar à seguinte formulação: Há evidências
qualificadas e consolidadas, dentro da literatura da ciência social, do benefício da religião
evangélica para as mulheres brasileiras? Se sim, em que âmbito da vida delas isso se dá?
Essas indagações são acompanhas das seguintes questões secundárias: 1) O impacto da
religião muda tendo em vista indicadores de classe, raça, educação e idade? 2) Esses
indicadores aparecem claramente nos estudos? 3) Permanece na literatura a tônica da
ambivalência/do paradoxo do papel da religião na vida das mulheres? 4) Predomina, nas
análises mais recentes, o recorte na vertente pentecostal e a abordagem qualitativa, assim
como na década de 1990? A partir de uma problematização mais detalhada, nota-se uma
diferença abismal da lupa a ser usada na apropriação dos estudos.
Para chegar ao conjunto de textos de uma RSL, em primeiro lugar, aplicam-se critérios
de seleção de bases de dados (fontes dos estudos primários). No caso da presente pesquisa,
estes foram: estar na web; indexar artigos da área das ciências sociais; e exportar as
referências, direta ou indiretamente, em formato RIS ou BibTeX. A primeira seleção

12
identificou13 os seguintes repositórios: Biblioteca do Consejo Latinoamericano de Ciencias
Sociales (CLACSO); JSTOR; Latindex; SCOPUS; SciELO; e Portal de periódicos
CAPES. As palavras-chave utilizadas nas máquinas de busca foram “religião evangélica”
e “mulher”, com o operador booleano “AND”.
A busca na biblioteca do CLACSO foi excluída por não permitir uma pesquisa muito
restritiva em sua máquina (ao menos a partir dos meus descritores). Quando se aplicava
strings com as palavras-chave, obtinha-se mais de dois ou três mil achados. Além disso,
não era possível a exportação das referências. Uma investigação diretamente na Latindex
também foi desconsiderada por restrições do buscador, que não retornava resultados
quando eram aplicadas strings em português. A Latindex, por sua vez, é uma das bases
contidas no Portal de periódicos CAPES. Neste, quando aplicadas as mesmas strings,
houve o retorno de artigos daquela base. A despeito da SciELO e da SCOPUS também
estarem contidas no portal da CAPES, foram feitas buscas específicas nelas dado que a
ferramenta para suporte da RSL, da qual se falará abaixo, permitia a importação de
referências diretamente de tais bases. A JSTOR foi acessada a partir do login no Portal da
CAPES, pois também propiciava certa automatização na importância das referências.
Foram considerados artigos em português, mas também seriam incluídos textos em inglês
e espanhol, caso fossem identificados pelas máquinas de busca. A seguir, a proporção de
textos por base de dados:

13
As bases selecionadas foram aquelas que, segundo a percepção e experiência prévia de publicação da
autora, mais se relacionam com as Ciências Humanas. Todas elas, com exceção da Scopus, que não constava
na lista, foram extraídas do seguinte documento: https://biblio.direito.ufmg.br/wp-
content/uploads/2020/07/Bases-de-dados-links.pdf, acesso em 01 de setembro de 2021.

13
Gráfico 1. Proporção de artigos identificados por bases de dados

Fonte: Elaboração da autora na plataforma StArt, a partir dos artigos incorporados dentro da ferramenta.

A ferramenta escolhida para dar suporte à revisão sistemática foi a StArt14,


desenvolvida pelo Laboratório de Pesquisa em Engenharia de Software, da UFScar. A
StArt é de uso gratuito e permite: o cadastro completo do protocolo adotado15; a importação
das referências dos estudos para identificação; a seleção dos textos dentro do ambiente da
plataforma, aplicando critérios de inclusão e exclusão de artigos; a extração dos dados mais
relevantes de cada documento; assim como diversas visualizações da sumarização dos
resultados (gráficos de autores, anos de publicação, elementos extraídos etc.).
Para que fosse incluído na RSL, o artigo teria que atender, impreterivelmente, aos três
seguintes critérios: 1) Abordar a relação entre religião evangélica e mulheres no Brasil; 2)
Ter sido publicados entre 2000 e 2021; 3) Estar em português, inglês ou espanhol. Seria
retirado da pesquisa qualquer texto que apresentasse um ou mais dos seguintes critérios de
exclusão, explicitados no fluxograma abaixo:

14
Mais informações sobre a StArt podem ser encontradas em http://lapes.dc.ufscar.br/tools/start_tool, acesso
em 10 de setembro de 2021.
15
O protocolo completo elaborado para a presente pesquisa pode ser acessado em formato .doc pelo link:
https://docs.google.com/document/d/1JDQkcFWrSLK-iF9zkMZEHYyx-
F7KOCgx/edit?usp=sharing&ouid=108153929004827847152&rtpof=true&sd=true.

14
Identificação dos estudos via banco de dados e registros

Total dos registros Registros removidos antes


identificados (1273): do rastreio por não
JSTOR = 55 atenderem aos critérios de
SCOPUS = 19 elegibilidade:
SciElo = 39 Excluídos a partir do
Portal de periódicos Capes = Portal CAPES = 1101
1160 Excluídos a partir da
JSTOR = 51

Registros rastreados = 116 Registros excluídos por:


1) Publicados antes de
2000 = 1
2) Não tratar do tema ou
o fazer a partir de uma
Após aplicação dos critérios
perspectiva que dista da
de inclusão e exclusão = 54
ciência social = 5
3) O foco principal ser a
masculinidade ou a
homoafetividade = 3
Após adição manual = 55 4) Tratar
especificamente de “ideologia
de gênero” ou participação
política dos religiosos = 5
5) O foco não estar na
religião evangélica nem haver
menção de seu impacto = 38
6) Material de outra
Total de artigos aceitos para a natureza que não artigo = 9
revisão sistemática = 55 7) Duplicação posterior
ao ajuste = 1

Fonte: Adaptado de Page et al. (2021).

15
Nuvem de palavras-chave

Fonte: Elaboração da autora na plataforma StArt, a partir dos artigos aceitos.

O fluxograma de identificação dos estudos, assim como tabela abaixo, que traz a
lista dos 55 artigos aceitos, foram formulados a partir do material disponibilizado pela
Recomendação PRISMA (Galvão et al., 2015), isto é, um conjunto de diretrizes elaboradas
e validadas internacionalmente para a condução e a divulgação transparentes de revisões
sistemáticas e meta-análises16. A nuvem de palavras-chave, por sua vez, foi extraída da
StArt.
Vale dar destaque aos três eixos de concentração dos artigos em termos dos
periódicos de publicação. Aquele que concentrou o maior número de textos selecionados
na revisão, a saber, cinco, foi a Horizonte: Revista de estudos de Teologia e Ciências da
religião, do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da PUC Minas. Soma-
se a isso, mais três artigos publicados na REFLEXUS: Revista Semestral de Teologia e
Ciências das Religiões, ligada ao Programa de Mestrado em Ciências das Religiões da
Faculdade Unida de Vitória/ES. De outro lado, quatro textos foram publicados na Revista
Religião e Sociedade, a de maior abrangência e prestígio a abordar a temática da fé nas
áreas de Antropologia e Sociologia. O segundo polo, por sua vez, se constitui de periódicos
que trazem análises especificamente sobre gênero, sexualidade e feminismos, como a
Revista Ártêmis, na qual três dos artigos incluídos estão publicados, e a Revista Estudos
Feministas, que contribui com outros quatro artigos. Chama a atenção, por fim, em um

16
O template do fluxograma, assim como uma lista com 27 itens a serem conferidos na revisão sistemática
(ainda não aplicados neste documento, dado não ser esta a versão final da revisão), podem ser encontrados
em: http://prisma-statement.org/, acesso em 11 de setembro de 2021.

16
terceiro eixo, o fato de nove artigos estarem em periódicos próprios a publicações da área
da Saúde.

Tabela 1. Caracterização dos estudos


Título do artigo Autor(a) Ano Periódico
1. O tema do aborto na mídia Machado, Maria das 2000 Revista Estudos
pentecostal: notas de uma Dores Campos. Feministas
pesquisa
2. Na trilha do gênero: Couto, Márcia 2002 Revista Estudos
pentecostalismo e CEBs Thereza. Feministas
3. Representações e relações de Machado, Maria das 2005 Revista Estudos
gênero nos grupos pentecostais Dores Campos. feministas
4. Mulheres encarceradas em São Moraes, Paulo 2006 Jornal Brasileiro
Paulo: saúde mental e Augusto Costivelli de Psiquiatria
religiosidade de; Dalgalarrondo,
Paulo.
5. Religião e mulher: uma Mello, Eliana 2007 Revista Ártêmis
discussão sobre modos de Müller de. (João Pessoa)
enunciar o feminino na igreja
6. Adolescent fertility and religion McKinnon, Sarah; 2008 Population
in Rio de Janeiro, Brazil in the Potter, Joseph E; Studies
year 2000: The role of Garrard-Burnett,
Protestantism Virginia.
7. Gênero, geração e classe: uma Machado, Maria das 2009 Revista Estudos
discussão sobre as mulheres das Dores Campos; Feministas
camadas médias e populares do Barros, Myriam
Rio de Janeiro Lins de.
8. A estética como comprovação Cezar, Marina 2010 Associação
da devoção Seibert. Brasileira de
Estudos de
Pesquisas em
Moda
9. Relações de gênero e cultura Fonseca, André 2010 Revista de
religiosa: Um estudo Dioney; de Farias, História
comparado sobre a atuação Marcilene Comparada
feminina na igreja evangélica Nascimento.
luterana do Brasil e Assembléia
de Deus
10. Movimentos pentecostais: um Silva, Cláudia 2011 Em tempo de
tema de investigação para a Neves da. histórias
História das
Religiões
11. Missionárias esposas de de Araujo, Lidiane 2012 Revista Ártêmis
pastores: a invisibilidade do C.R; da Silva, (João Pessoa)
ministério feminino na aliança Magnolia G.C.
das igrejas evangélicas
congregacionais do Brasil
12. Religião e fecundidade entre Verona, Ana Paula 2012 Revista
adolescentes no Brasil de Andrade; Dias panamericana de
salud pública

17
Júnior, Cláudio
Santiago.
13. A educacao nao formal tramada Castro, Amanda 2012 Revista Ártêmis
na tecedura do artesanato Motta Angelo; (João Pessoa)
religioso e analisada a partir do Eggert, Edla
feminismo
14. Na busca da cura do corpo, a Silva, Irene de Jesus 2013 Horizonte (Belo
oração opera milagres: uma Silva; Maués, Horizonte,
discussão sobre eficácia Raymundo Heraldo. Brasil)
simbólica, perspectivismo, cura
e religião
15. Pentecostalism and premarital Verona, Ana Paula 2014 Revista Brasileira
sexual initiation in Brazil A.; Regnerus, Mark. de Estudos de
População
16. Religião e fecundidade: uma Angelita Alves 2014 Horizonte (Belo
análise do nível e padrão de Carvalho; Ana Horizonte,
fecundidade segundo grupos Paula de Andrade Brasil)
religiosos no Brasil em 2006 Verona.
17. Uso de contracepção por Da Costa, Ingrid 2014 Horizonte (Belo
mulheres de diferentes grupos Gomes Dias; Horizonte,
religiosos: diferenças ou Carvalho, Angelita Brasil)
semelhanças? Alves.
18. “Eu não sou mulher”: violência Souza, Sandra 2014 Caminhando
doméstica e ética cristã Duarte.
19. Mídia e performances de gênero Teixeira, Jacqueline 2014 Religião e
na Igreja Universal: o desafio Moraes. Sociedade
Godllywood
20. "Religião não se discute": De Almeida, 2015 Cadernos de
decifrando a construção dos Vanessa Renata; Da Gênero e
papéis sociais entre jovens da Silva, Cristiane Diversidade
escola pública em São Gonçalves
Vicente/SP a partir de uma
perspectiva de gênero
21. Religião e feminismo Roese, Anete. 2015 Horizonte (Belo
descolonial: os protagonismos e Horizonte,
os novos agenciamentos Brasil)
religiosos das mulheres no
século XXI
22. Gênero e poder na Igreja Bandini, Claudirene 2015 Horizonte (Belo
Universal do Reino De Deus de Paula. Horizonte,
Brasil)
23. First conjugal union and Verona, Ana Paula; 2015 Demographic
religion: Signs contrary to the Dias Júnior, Claudio Research
Second Demographic Santiago; Fazito,
Transition in Brazil? Dimitri; Miranda-
Ribeiro, Paula.
24. Pastores Mirins: a formacao Sierra, Vania; 2015 Interseções:
religiosa na pluralidade das Mesquita, Wania revista de estudos
experiencias identitarias infantis Amelia. interdisciplinares
25. As mulheres nas igrejas Gabatz, Celso. 2016 Sociedade e
neopentecostais: a busca pelo Cultura

18
protagonismo em meio a
tradições hegemônicas
26. Gender violence: Social Rodrigues, Vanda 2016 Texto e Contexto
representations of relatives Palmarella; - Enfermagem
Machado, Juliana
Costa; Santos,
Washington da
Silva; Santos, Maria
de Fátima de Souza;
Diniz, Normélia
Maria Freire
27. Representação social das Vieira, Kay Francis 2016 Psicologia:
relações sexuais: um estudo Leal; Nóbrega, Ciência e
transgeracional entre mulheres Renata Pires profissão
Mendes da; Arruda,
Maria Valdênia
Soares; Veiga,
Priscila Monique de
Melo.
28. Música, religião e produção Neder, Álvaro; 2016 Per musi: revista
social de espaço em uma cidade Barros, Daniel; de performance
operária - o caso da igreja da França, Daniela; musical
pastora Ana Lúcia em Belford Matos, Maria Clara
Roxo, Rio de Janeiro de; Flora, Mauricio;
Sued, Priscilla;
Caetano, Rodrigo;
Kopp, Rui Pereira.
29. Pentecostalismos: Uma Fajardo, Maxwell 2016 Estudos de
superação da discriminacao Pinheiro; Freire de religião
racial, de classe e de gênero? Alencar, Gedeon.
30. Abortion as a right and abortion Machado, Lia 2017 Cadernos Pagu
as a crime: The neoconservative Zanotta.
setback
31. Pentecostais, sexualidade e Machado, Maria das 2017 Horizontes
família no congresso nacional Dores Campos. antropológicos
32. Representações de gênero na De Souza, Sandra 2017 Estudos de
literatura evangélica Duarte. religião
33. A aula de educação física e as Rigoni, Ana 2017 Movimento
práticas corporais: a visão Carolina Capellini; (Porto Alegre,
construída por meninas Daolio, Jocimar. Brasil)
evangélicas
34. Erotismo gospel: mercados e Reis, Lorena 2017 Religião e
limites da sexualidade entre Mochel. Sociedade
evangélicas(os) no Complexo
do Alemão
35. Fridas, flórias e os "homens de Vilhena, Valéria 2017 Revista cultura y
Deus" no início do movimento Cristina. religión
pentecostal brasileiro: uma
teologia de dominação
36. O cenário sócio-histórico Vilhena, Valéria 2017 REFLEXUS -
brasileiro no início do século Cristina. Revista Semestral
XX: o surgimento do de Teologia e
movimento pentecostal, Frida

19
Maria Strandberg e as lutas das Ciências das
mulheres Religiões
37. Mídia, religião e globalização: a Vieira, Matheus 2017 Fronteiras
representação da mulher no Machado. (Campo Grande,
pentecostalismo digital Brasil)
38. Godllywood de Cristiane Campos, Roberta 2017 Revista de
Cardoso: uma etnografia do Bivar Carneiro; Antropologia
"transreligioso" Souza, Alana.
39. Pentecostal cultures in urban Da Cunha, Christina 2018 Vibrant: Virtual
peripheries: A socio- Vital. Brazilian
anthropological analysis of Anthropology
pentecostalism in arts,
grammars, crime and morality
40. O preconceito contra a mulher Mesquita Filho, 2018 Ciência e Saúde
entre trabalhadores da Atenção Marcos; Marques, Coletiva
Primária em Saúde Thaline Figueiredo;
Rocha, Ana Beatriz
Cavalcanti;
Oliveira, Suellen
Ramos de; Brito,
Maíra Barbosa;
Pereira, Camila
Claudiano Quina.
41. Heterossexualidade e Rosas, Nina. 2018 Religião e
homossexualidade: prescrições Sociedade
sobre o uso do corpo das
mulheres evangélicas
42. Frida Maria Strandberg, uma Ulrich, Claudete 2018 Revista Pistis &
missionária esquecida: movida Beise; Da Silva, praxis: teologia e
pela Ruah e impedida pelos Leicyelem von pastoral
"homens de Deus" Rondow; Vilhena,
Valéria Cristina
43. O empoderamento da mulher a Sousa, Luis 2018 REFLEXUS -
partir da experiência Fernando de Revista Semestral
pentecostal Carvalho. de Teologia e
Ciências da
Religião
44. Demanda por contracepção no Carvalho, Angelita 2019 Ciência e Saúde
Brasil em 2006: contribuição Alves de. coletiva
para a implementação das
preferências de fecundidade
45. Associações entre religiosidade- Eduardo Friederichs 2019 Contextos
espiritualidade e as relações Hoffmann; Cristofer clínicos
conjugais: estudo de revisão Batista da Costa.
sistemática
46. Faith-Based Organisations as Beecheno, Kim. 2019 Social inclusion
Welfare Providers in Brazil:
The Conflict over Gender in
Cases of Domestic Violence
47. "Me faz feliz": o discurso Ritz, Claudia 2019 REFLEXUS -
religioso das mulheres Danielle Andrade. Revista Semestral
pentecostais de Teologia e

20
Ciências das
Religiões
48. “Deus dá uma segunda chance”: Bispo, Raphael. 2019 Horizontes
sofrer e refazer mundos em antropológicos
testemunhos religiosos
49. Fazer o mesmo, sem ser o Martinez, Monise. 2020 Exaequo
mesmo: feminilidades,
neoliberalismo e
antifeminismono contexto
Godllywood Brasil
50. Diferenciais da prática Di Giacomo do 2020 Caderno de
contraceptiva no Município de Lago, T.; Saúde Pública
São Paulo, Brasil: resultados do Kalckmann, S.; Goi
inquérito populacional Ouvindo Porto Alves, M.C.;
Mulheres Loureiro Escuder,
M.M.; Koyama, M.;
Barbosa, R.M.
51. Violência contra a mulher na Santos, Ione 2020 Ciência e Saúde
vida: estudo entre usuárias da Barbosa dos; Leite, Coletiva
Atenção Primária Franciéle Marabotti
Costa; Amorim,
Maria Helena
Costa; Maciel,
Paulete Maria
Ambrósio; Gigante,
Denise Petrucci.
52. Gênero e neopentecostalismo: Oliveira, Alesca 2020 REVER: Revista
um olhar a partir do projeto Prado de; Enoque, de estudos da
Godllywood Alessandro Gomes. religião
53. Between the sacred and the Pereira, Jefferson 2020 Cadernos
profane: identities, paradoxes, Rodrigues; Dos EBAPE.BR
and ambivalences of Santos, José Vitor
evangelical prostitutes from a Palhares; Da Silva,
red-light district of Belo Alice Gerlane
Horizonte Cardoso; De Paiva,
Kely Cesar Martins;
Carrieri, Alexandre
de Pádua.
54. Conjugalidade e racionalidade Marchesi, Valéria 2021 Religião e
neoliberal na Igreja Universal: Barros dos Santos; Sociedade
A conversão do homo Rosa, Pablo
oeconomicus em família- Ornelas; Resende,
empresa e a submissão da Paulo Edgar da
mulher Rocha
55. "A religião evangélica é tudo, é Siqueira 2021 Diversidade e
a verdade": discurso religioso, Marcondes, Educação
relações de gênero e processos Gláucia; Ferrari,
de subjetivação de mulheres Anderson.
ciganas evangélicas

Fonte: Elaboração da autora.

21
No que tange à incidência das publicações acima consideradas e apresentadas no
gráfico abaixo, foi registrado praticamente um único artigo (ou menos) publicado por ano
entre 2000-2009. Já entre 2014 e 2020, foram ao menos cinco artigos por ano, com
destaque para 2017, no qual foram publicados nove dos textos selecionados. Portanto,
embora o material ainda careça de uma análise criteriosa, esse quantitativo sugere um
aumento da produção sobre as mulheres evangélicas, concentrado sobretudo na última
década17. Dada a contemporaneidade dos estudos, essa se constitui como mais uma razão
para uma revisão como a que vem sendo proposta.

Gráfico 2. Incidência das publicações

Fonte: Elaboração da autora.

Em termos de autoria dos artigos, dos 55, nove foram escritos por homens (um ou
mais autores), enquanto os outros 46 foram de autoria de mulheres, sendo 20 dos textos
escritos de modo individual. No intervalo considerado, o maior número de publicações por
autor(a) foi de quatro textos, tendo alcançado essa métrica tanto a socióloga Maria das

17
Deve-se deixar claro, nesse sentido, que há limitações importantes decorrentes de duas escolhas, quais
sejam: a seleção restrita aos artigos, excluindo da busca monografias, dissertações, teses, livros, resenhas,
dossiês e notas de pesquisa; além dos vieses próprios aos algoritmos das máquinas e que não são passíveis
de correção ou mensuração.

22
Dores Campos Machado18 – especialista em religião pentecostal e certamente o nome mais
citado da literatura socioantropológica no que se refere a questões de gênero – quanto a
demógrafa Ana Paula de Andrade Verona19, cuja trajetória é marcada por pesquisas sobre
a relação entre religião e fecundidade/saúde reprodutiva.
Após a reunião e a organização de todos os artigos selecionados, seguir-se-á com a
leitura na íntegra dos textos com vistas ao desenvolvimento da extração – fase final da
condução da revisão sistemática e antecedente à produção do relatório/artigo final. Os
critérios norteadores da extração dos dados, que será realizada na ferramenta StArt, foram
depreendidos da discussão levantada pela literatura dos anos 1990 e da presente
investigação dos estudos primários. São eles: 1) Presença ou ausência, no estudo, de
evidência da religião evangélica beneficiando as mulheres; 2) Âmbito no qual se dá o
impacto da religião (saúde, sexualidade, reprodução, divisão do trabalho doméstico,
inserção no mercado de trabalho, autoridade, violência, representações do ser mulher); 3)
Indicadores socioeconômicos (raça, classe, educação, idade); 4) Vertente evangélica
estudada; 5) Método de análise; 6) Descrição do impacto da religião em caso de
ambivalência; 7) Síntese dos resultados do artigo.
Além do levantamento desses pontos para cada um dos textos, a análise também
consistirá na avaliação da qualidade dos estudos, cujos critérios, inspirados em boa medida
nos apontamentos de Petticrew e Roberts (2006), são assim estipulados: 1) Apresentação
de pergunta de pesquisa clara e relevante; 2) Explicitação de metodologia de coleta e
análise de dados; 3) Mobilização do referencial teórico na análise; 4) Apontamento de
como se evitou a tendenciosidade do estudo ou de suas implicações éticas; 5) Abordagem
do quanto o estudo é (ou não) generalizável ou representativo da população. Por último, a
RSL proposta produzirá ainda uma lista dos temas que mais apareceram nos artigos
analisados.

Conclusão
A elaboração de uma revisão de cunho mais sistemático, embora aparente maior
rigidez decorrente de suas inúmeras etapas nem sempre comuns em estudos de Ciências
Humanas, não deixa de ser uma tarefa artesanal. A grande diferença é que se trata de um

18
Ver mais sobre a autora em: http://lattes.cnpq.br/1467202942539008, acesso em 14 de setembro de 2021.
19
Ver mais sobre a autora em: http://lattes.cnpq.br/8054097421340072, acesso em 14 de setembro de 2021.

23
exercício que visa, por meio de um processo pré-estabelecido, garantir que trabalhos de
proporções extraordinárias, como os das revisões bibliográficas, sobretudo de dissertações
e teses, tenham seu passo a passo registrado. Mas a maior vantagem de uma RSL em
relação à revisão narrativa, a meu ver, é que as anotações metódicas, além de servirem de
memória ao pesquisador, inibem um retrabalho desnecessário. Dado que a tarefa de buscar
pelas principais referências de uma área já é inerente a qualquer tipo de pesquisa
acadêmica, parece muito mais proveitoso ter à mão os procedimentos adotados quando de
um primeiro grande esforço de investigação para que posteriormente seja possível corrigi-
lo ou atualizá-lo.
Não é raro, ao lermos um texto consagrado entre nossos pares, que nos perguntemos
como o autor chegou a tal lista de referências. O segredo de revisões cujas escolhas não
estão explicitadas nem tem um ordenamento claro fica a cargo da experiência e visão da
área acarretada pelo pesquisador, o que tem seu valor, mas não deixa de ser uma inclinação
consideravelmente subjetiva e não objetivada. Além disso, a possibilidade de auditagem e
replicação de uma RSL pode levar à sedimentação do conhecimento, permitindo que
futuros pesquisadores partam das revisões sólidas que já traçaram os realinhamentos e as
lacunas do campo de estudo.

Referências
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24
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In: TEIXEIRA, F. e MENEZES, R. (Ed.). Religiões em movimento: o Censo de 2010.
Petrópolis: Editora Vozes, 2013. p. 17-35.
TEIXEIRA, F.; MENEZES, R. Religiões em movimento: o Censo de 2010.
Petrópolis: Editora Vozes, 2013.

Reportagens:
25
SANTOS, João Vitor. Base social dos pentecostais conta com uma presença grande
de mulheres e negros. Entrevista especial com Maria das Dores Campos Machado e
Christina Vital: Os evangélicos continuam crescendo a cada censo. Fonte:
http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/596800-base-social-dos-pentecostais-
conta-com-uma-presenca-grande-de-mulheres-e-negros-entrevista-especial-com-maria-
das-dores-campos-machado-e-christina-vital. 05/03/2020. Acesso em 17 de agosto de
2021.

Vídeos:
YOUTUBE. Aula passo a passo de uma Revisão sistemática. Fonte:
https://youtu.be/c6w9W2_e_Io. Acesso em 15 de setembro de 2021.
---. Como fazer Revisão Sistemática - Prof.ª Dr.ª Fátima Nunes (USP). Fonte:
https://youtu.be/8kVPpd1Vj4s. Acesso em 18 de junho de 2021.
---. Ferramenta StArt - Profª Drª Sandra Camargo P. F. Fabbri. Fonte:
https://youtu.be/Wgaw97mTKWM. Acesso em 22 de abril de 2021.
---. Start - Revisão Sistemática de Literatura - Palestra no Zoom - Vídeo 1. Fonte:
https://youtu.be/UOkXmV206xg. Acesso em 10 de setembro de 2021.
---. Start - Revisão Sistemática de Literatura - Palestra no Zoom - Vídeo 2. Fonte:
https://youtu.be/VEkqomg0auY. Acesso em 11 de setembro de 2021.

26

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