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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv7n1-693
RESUMO
O prolapso de órgãos pélvicos consiste no enfraquecimento muscular do assoalho
pélvico, representando um grave problema de saúde pública. Fatores como multiparidade,
parto vaginal, idade, menopausa, heranças genéticas e a raça negra tornam o indivíduo
mais susceptível ao desenvolvimento desta doença. Os prolapsos podem ser classificados
em graus I, II, III e IV, de acordo com sua gravidade. O objetivo deste trabalho é analisar
a cinesioterapia como alternativa para o tratamento fisioterapêutico dos prolapsos de
órgãos pélvicos em mulheres através de uma revisão de literatura nas das bases de dados
científicos Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Physiotherapy Evidence Database
(PEDro). A cinesioterapia busca basicamente tratar o prolapso de órgãos pélvicos por
meio da prática de exercícios isolados para a musculatura do assoalho pélvico, buscando
o fortalecimento da musculatura e proporcionando consciência corporal acompanhados
pelo fisioterapeuta. Os exercícios cinesioterapêuticos ganham espaço e aceitação pela sua
eficácia, sendo cada vez mais inseridos na rotina do fisioterapeuta, seja como prevenção,
tratamento do prolapso em si, ou como terapia coadjuvante no período pós-cirúrgico.
ABSTRACT
Pelvic organ prolapse is the muscle weakening of the pelvic floor, representing a serious
public health problem. Factors such as multiparity, vaginal birth, age, menopause, genetic
inheritance and the black race make the individual more susceptible to the development
of this disease. Prolapses can be classified into grades I, II, III and IV according to their
severity.The aim of this paper is to analyze kinesiotherapy as an alternative for the
physiotherapeutic treatment of pelvic organ prolapses in women through a literature
review in the scientific databases Scientific Electronic Library Online (SciELO),
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e
Physiotherapy Evidence Database (PEDro). Kinesiotherapy basically seeks to treat
pelvic organ prolapse through the practice of isolated exercises for the pelvic floor
muscles, seeking to strengthen the muscles and providing body awareness accompanied
by the physiotherapist. Kinesiotherapy exercises are gaining space and acceptance for
their effectiveness, being increasingly inserted in the routine of the physiotherapist, either
1 INTRODUÇÃO
O assoalho pélvico ou diafragma pélvico é composto por um conjunto de
músculos levantadores do ânus, acompanhados do músculo coccígeo. A aplicabilidade
dessa estrutura é muito grande, responsável por contrações para manter a continência
urinária, fecal e relaxamentos, esvaziamento intestinal e vesical. Além disso, são úteis
para o funcionamento do aparelho sexual feminino, no momento do parto, distendem-se
ao máximo, permitindo assim a passagem do bebê, contraindo-se em seguida
(ANDREAZZA e SERRA, 2008; DANGELO e FATTINI, 2000; RAMOS, 2014).
Algumas pessoas apresentam em seu organismo disfunções que não permitem ao
assoalho pélvico realizar adequadamente a resposta sinérgica, quando estimulado. Essa
condição favorece o surgimento de patologias como o prolapso de órgãos pélvicos,
incontinência urinária e desequilíbrio da estática pélvica (ARAÚJO et al., 2009).
Uma vez que o assoalho pélvico sofre estiramento e enfraquecimento muscular,
ocorre um fenômeno denominado prolapso, que de acordo com a Sociedade Internacional
de Continência, consiste na procidência de parede vaginal anterior ou posterior, ou ainda
da cúpula vaginal. Ainda que não seja um estado patológico capaz de evoluir para óbito,
o prolapso de órgão pélvicos pode exercer grande impacto sobre a qualidade de vida dos
portadores, que em sua maioria são mulheres em período pós menopausa, multíparas e de
raça branca (BARROS et al., 2018; CANDOSO, 2010; SILVA FILHO et al., 2013).
Sabe-se que o prolapso de órgãos pélvicos representa um grave problema para a
saúde pública. Dados epidemiológicos acerca desta enfermidade são de difícil obtenção,
pois, muitas vezes, os pacientes acometidos omitem a doença, associando-a com o
envelhecimento natural ou paridade múltipla. Estima-se que deste problema entre
mulheres de 18 a 83 anos, seja de aproximadamente 22%, no entanto, quando a análise
ganha menor amplitude é possível verificar um aumento neste percentual, entre mulheres
de 50 a 89 anos, sendo, portanto, o grupo mais acometido composto por mulheres em fase
de pós menopausa e idosas (HOST e SILVA, 2016; PEREIRA, 2017).
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ANATOMIA E HISTOLOGIA DO ASSOALHO PÉLVICO
A pelve óssea consiste em uma estrutura complexa, dividida em pelves maior e
menor. A maior protege as vísceras abdominais, enquanto a menor oferece sustentação
óssea para os compartimentos da cavidade pélvica e do períneo, que se encontram
separados pelo diafragma da pelve. Nessas duas grandes estruturas ósseas são observados
os ossos do quadril fundidos ao sacro, na região posterior e na linha mediana, ao nível da
sínfise púbica, na região anterior. Cada uma delas é composta por unidades menores,
denominadas ílio, ísquio e púbis (BUZO et al., 2017; PALMA, 2009; VERONEZ e
VIEIRA, 2012).
Já o assoalho pélvico é composto por um conjunto de camadas de músculo,
responsável por formar a cavidade abdominal pélvica constituído pelos músculos:
obturador interno, piriforme, levantadores do ânus (pubococcígeo, pubouretral e
iliococcígeo) e coccígeo. Cada um deles desempenha um tipo de função específica no
Algumas pontuações podem ser feitas em relação a esses fatores de risco; quanto
a gestação, por exemplo, os estudos revelam que o risco de desenvolvimento de um
prolapso dos órgãos pélvicos é quatro vezes maior para aquelas que têm um filho,
aumentando para oito vezes entre as mulheres que já passaram por dois partos. Esse índice
é maior ainda quando se trata de parto vaginal. Já para a idade, as pesquisas mostram que
a cada dez anos, o risco de ocorrência desta patologia aumenta em 40%. Com relação à
obesidade, é comprovado que mulheres com Índice de Massa Corporal maior que 25, tem
duas vezes mais risco de serem portadores da doença. E por fim, quanto aos fatores
genéticos, mulheres de raça negra são menos predisponíveis aos prolapsos de órgãos
pélvicos (HOST e SILVA, 2016).
De acordo com sua severidade, o prolapso de órgãos pélvicos recebe uma
classificação, por meio do sistema POP-Q (Pelvic Organ Prolapse Quantification),
adotado desde 1996 pela Sociedade Internacional de Continência. Os estágios vão de 0 a
4, sendo o ponto de referência para categorização o anel himenal. Assim, o estágio 0
corresponde a um suporte pélvico perfeito, sem presença de prolapso. Já o estágio 1 é
caracterizado pela presença de um prolapso, porém não há deslocamento dos órgãos
maior que 1 cm. No prolapso de estágio 2, sua parte mais distal estará a 1 cm acima ou
abaixo do anel himenal. O estágio 3, por sua vez, o prolapso está a mais que 1 cm fora do
hímen, no entanto, não há eversão total. Por fim, no estágio IV, é observada a eversão
completa do órgão prolapsado (GONÇALVES, 2012; HORST e SILVA, 2016;
RESENDE et al., 2010).
Nesse sentido, as formas mais graves são aquelas classificadas como 3 e 4, nessas
situações há exteriorização dos órgãos pélvicos por alguns centímetros após o hímen,
sendo os procedimentos cirúrgicos muitas vezes os tratamentos mais indicados para
correção deste problema na maioria das mulheres portadoras de prolapsos dos órgãos
pélvicos. Porém, em alguns casos eles não são aplicáveis, como, por exemplo, quando a
paciente não apresenta condições clínicas, sendo o procedimento contraindicado, ou
quando é possível optar por tratamentos menos invasivos (BARROS et al., 2018).
Os prolapsos estão classificados também conforme a sua localização. Uma única
paciente pode apresentar mais de um tipo de prolapso, já que os órgãos pélvicos e suas
estruturas de sustentação estão interligados. Os termos cistocele, retocele, uretrocele,
enterocele, histerocele e prolapso da cúpula vaginal descrevem o local da protusão. No
entanto, ainda é muito comum se descrever a patologia de acordo com o órgão acometido,
como, por exemplo, prolapso da parede vaginal anterior, prolapso cervical, prolapso da
parede vaginal posterior, prolapso perineal e prolapso retal (LIMA et al., 2012).
Na retocele o enfraquecimento dos tecidos musculares da vagina, do reto e aquele
existente entre estas duas estruturas originam uma proeminência, levando ao prolapso
nessa região. Já a cistocele, ocorre quando os músculos da bexiga perdem a capacidade
de manter o posicionamento correto deste órgão. Frequentemente, a cistocele é
acompanhada pela uretrocele, que ocorre quando a uretra perde a sustentação pelo
desgaste muscular. Estes dois prolapsos podem ainda ocorrer em conjunto, resultando na
cistouretrocele. A histerocele, por sua vez, é resultante perda da sustentação dos músculos
uterinos, levando à descida deste órgão sobre a vagina, podendo até exteriorizar-se em
casos mais graves. Por fim, a fraqueza dos músculos e estruturas de sustentação da vagina
levam ao prolapso da cúpula vaginal, que quando grave, também leva à exteriorização da
vagina, sendo muito comum seu desenvolvimento após histerectomia (CANDOSO,
2010).
2.4 CINESIOTERAPIA
O emprego de métodos conservadores de baixo custo, sem utilização de
medicação e sem intervenção cirúrgica e, consequentemente, suas complicações, faz com
que a fisioterapia seja um valioso recurso para o tratamento do prolapso de órgãos
pélvicos. Uma das sugestões são os exercícios cinesioterapêuticos, que, basicamente,
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fisioterapia tem se mostrado como uma medida alternativa para tratamento e a
prevenção de diversas doenças, incluindo o Prolapso de Órgãos Pélvicos (POP), que é
caracterizada por uma redução na força da musculatura do assoalho pélvica ocasionando
uma procedência de parede vaginal anterior, posterior ou da cúpula vaginal. O
fortalecimento da musculatura proporcionado pela cinesioterapia através dos exercícios
de conscientização corporal e fortalecimento através de contrações isoladas se mostra
bastante eficaz, em especial em mulheres, que tem como objetivo reestabelecer a função
de sustentação da musculatura local.
O alívio dos sinais e sintomas por meio dos exercícios cinesioterapêuticos
proporcionado pela fisioterapia, devolve às pacientes não só a sustentação dos órgãos
pélvicos, mas também segurança na realização das atividades cotidianas, melhora na
autoestima, vontade de viver e na retomada de atividades diárias que haviam sido
abandonadas em virtude da doença.
Além de representar uma medida financeiramente satisfatória, a cinesioterapia
ainda proporciona uma forma de tratamento para o POP menos invasiva, já que existem
também o tratamento através de processos cirúrgicos. A fisioterapia garante assim maior
segurança para as pacientes através dos métodos conservadores e descarta as
complicações secundarias decorrentes do procedimento cirúrgico.
Nesse sentido, o desenvolvimento e inserção de programas para tratamento
fisioterapêutico nas unidades de saúde com o objetivo de proporcionar o tratamento da
doença é fundamental, pois são de fácil implementação e oferecem excelentes resultados
terapêuticos à grande maioria das pacientes que almejam reestabelecer a função da região
afetada e consequentemente melhora nas atividades de vida diárias, levando em
consideração que o procedimento cirúrgico para correção dos sinais e sintomas do POP
não reestabelece a função muscular local.
REFERÊNCIAS
AGUR, Anne M. R.; DALLEY, Arthur F. Atlas de anatomia, Grant. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.
SILVA FILHO, A. L., et al. Análise dos recursos para reabilitação da musculatura
do assoalho pélvico em mulheres com prolapso e incontinência urinária. Fisioter
Pesq. 2013.