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ISSN 0100-6541

Ano 13 - Nº 3
jul./ago./set. 2010

cafeicultura
caFeicultura
Panorama da cafeicultura em São Paulo

Tendências atuais nas pesquisas com melhoramento genético


Projeto CATI-Café

Irrigação garante a produtividade da lavoura cafeeira na


região de Tupã
Editorial
Café, orgulho e
Governador do Estado marca registrada de
Alberto Goldman
São Paulo e do Brasil
Secretário de Agricultura e Abastecimento
João Sampaio

Secretário-Adjunto
Antônio Junqueira
Cafeicultura é um tema que se con- desejáveis, livres de doenças ou, ain- São abordados nesta edição os
funde com a história do Estado de São da, de porte mais adequado às tec- principais temas de interesse de qua-
Chefe de Gabinete
Paulo e de sua gente. Paulistas que fi- nologias dos novos maquinários. tro grandes regiões produtoras de
Antônio Vagner Pereira café no Estado de São Paulo, cada
caram conhecidos como os “Barões do
Na década de 1960, o governo
Café”, desde os tempos imperiais, pro- uma com suas características e parti-
Coordenador/Assistência Técnica Integral estadual criou a Coordenadoria de
porcionaram prosperidade à região. cularidades, mas que continuam se es-
Assistência Técnica Integral (CATI),
José Luiz Fontes Durante muito tempo, as fazendas merando para fazer a melhor bebida,
que veio reforçar a prestação de ser-
de café e os casarões coloniais domi- oferecer o melhor café, aquele que co-
viços ao produtor rural oferecendo ex-
Diretor/Departamento de Comunicação e Treinamento naram o cenário em várias regiões do
tensão rural e assistência técnica. De
nhecemos como café exportação, que
Ypujucan Caramuru Pinto Estado de São Paulo, notadamente na
lá para cá, essa parceria com os órgãos
soma à produção paulista, produções
Alta Paulista e Alta Mogiana. de estados fronteiriços que se juntam
de pesquisa tem sido constante e pro-
no Porto de Santos para formar o “Café
Diretor/Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes Os Barões se foram, a escravatura veitosa.
do Brasil”, uma marca que procura se
Armando Azevedo Portas idem, vieram os imigrantes e a pujan-
Ao dedicarmos esta publicação firmar para fazer frente à concorrência
ça de São Paulo em torno do café e,
à cafeicultura, unimos nossos esfor- de outros países produtores.
Diretor/Divisão de Extensão Rural logo a seguir, das indústrias que con-
ços e convidamos especialistas em
tinuaram fazendo história e trazendo É sobre os cafeicultores, a pesquisa e
João Brunelli Júnior café formados nos quadros da CATI e
divisas para o País. O Porto de Santos o trabalho de extensão como o Projeto
pesquisadores do IAC, parceiros nes-
escoava a produção cafeeira para os CATI-Café, sobre parcerias e cooperati-
ta empreitada há mais de 30 anos.
países europeus, ávidos pela bebida vismo, novas tecnologias, mecanização,
Colaboraram, também, extensionistas
com característica estimulante cada regiões produtoras, cultivares e, tam-
de campo que fazem histórias como a
vez mais apreciada em todo o mundo. bém, sobre premiações e resistência
do café cereja descascado em Piraju,
a todas as intempéries e doenças que
Foi nesse cenário que transfor- uma inovação que garantiu melhores
permearam a cafeicultura e marcaram
mou o império em república que sur- preços e prêmios, e outros que aceita-
a resistência de nossos cafeicultores du-
giram, por intermédio do Instituto ram o desafio de promover o projeto
rante várias décadas de história que esta
Agronômico de Campinas, as primei- CATI-Café na região de Franca e tornar
edição vai tratar. Café, orgulho e marca
ras pesquisas sobre a Coffea arabica. produtivas e rentáveis áreas rurais da
registrada de São Paulo e do Brasil é o
São pesquisas que começaram há agricultura familiar e terras de assen-
tema escolhido.
123 anos e se estendem até os dias tamentos assistidos pelo Itesp. Tudo
atuais acompanhando as inovações isso para oferecer ao leitor da Revista
Boa leitura!
exigidas pelo mercado, as novas ten- Casa da Agricultura um pouco de cada
dências, a maior produtividade, as uma das experiências acumuladas ao José Luiz Fontes
cultivares com características mais longo desses anos. Coordenador da CATI
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Espaço do Leitor Sumário


4 Entrevista
Agradecimentos
Recebemos a Revista Casa da Agricultura
n.º 1/2010 e agradecemos.
Adelina do S. Serrão Belém
Biblioteca da Embrapa Amapá – Macapá (AP) Financiamento para fruticultura 7 Panorama da Cafeicultura em São Paulo
Recebemos e agradecemos o envio da Revista Casa da
Agricultura n.º 2/2010 para a nossa Biblioteca.
Sou da cidade de Registro (SP), Vale do Ribeira. Gostaria de saber mais sobre as
condições de financiamentos para fruticultura. Tenho uma pequena proprie- 11 Renovação do Parque Cafeeiro do Estado de São Paulo
13 Cafeicultura Mecanizada
dade que já tem 115 tipos de mudas de frutas plantadas.
Cecília Lúcia de Carvalho
Universidade Federal de Lavras (UFLA) Marcelo Oliveira – Registro (SP)
Seção de Intercâmbio – Lavras (MG)

15 Tendências
RCA – Marcelo, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), por
Janaína Celoto Guerrero
STATI – Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação/
UNESP - Botucatu (SP)
meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), disponibiliza Atuais nas Pesquisas com o Melhoramento Genético
Erik Domiciano/Paulo Oliveira
linhas de financiamentos que visam ao desenvolvimento do agronegócio
do Cafeeiro
para pequenas e médias propriedades do Estado de São Paulo. Na edição
Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC
(Seção de Periódicos) – Ilhéus (BA) n.º 1/2010 (páginas 26 e 27) publicamos a matéria “Linha de Crédito para
Fruticultura”, com mais detalhes. Para você obter mais informações, acesse 17 Cooperativismo
19 Formação de Custos na Cafeicultura
o site: www.agricultura.sp.gov.br

Crédito:
A foto publicada na matéria “Impactos potenciais da erosão do
Não deixe de nos escrever, por carta, ou e-mail
Nosso endereço: CATI – Centro de Comunicação Rural
Av. Brasil, 2.340 – CEP 13070-178 – C.P.960 – CEP 13001-970 – Campinas, SP
20 Casa da Agricultura de Piraju
solo em pastagens”, na página 15, da Revista Casa da Agricultura
n.º 2/2010, pertence ao banco de imagens do CFICS/CDA
Tel.: (19) 3743-3858
espacoleitor@cati.sp.gov.br
www.cati.sp.gov.br
22 Irrigação e Fertirrigação: mais Segurança na Cafeicultura
24 Cuidados na Produção de Grãos de Café de Qualidade
26 Café: mais Qualidade, Melhores Preços, Maior Consumo
Expediente 28 Composição Química e Benefícios do Café para a Saúde
30 4C – Prática Sustentável de Produção Cafeeira
Edição e Publicação - CECOR/CATI
Departamento de Comunicação e Treinamento - DCT Supervisão Técnica de Textos: Engenheiro Agrônomo Paulo
32 Irrigação Garante a Produtividade da Lavoura Cafeeira de
Propriedade na Região de Tupã
Diretor: Ypujucan Caramuru Pinto Sérgio Vianna Mattosinho

Centro de Comunicação Rural - CECOR


Diretora: Maria Rita Pizol G. Godoy
Distribuição: Carmen Ivani Garcez
Impressão e acabamento: Rettec Artes Gráficas 34 Projeto CATI-Café
Editora-chefe: Jorn. Maria Rita Pizol G. Godoy (MTB 24.675-SP)
Revisora: Marlene M. Almeida Rabello 36 Crédito Rural Impulsiona Propriedade de Café em Marília
39 Viveiro de Mudas: um Mercado em Expansão
Fotografias: Banco de Imagens CATI, José Renato T. Serra, Assicafé,
Abic, Viveiro Monte Alegre
Os artigos técnicos são de inteira responsabilidade dos autores.
Reportagens: Jornalistas Cleusa Pinheiro (MTB 28.487-SP), Graça

40 Aconteceu
É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte.
D’Auria (MTB 18.760-RJ), Roberta Lage (MTB 43.382-SP) e Suzete A reprodução total depende de autorização expressa da CATI
Rodrigues (MTB 57.378-SP)
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6 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫׀‬7

Café: História
tio, inclusive com o adensamento; com isso, creio que vamos manter a curva de preço, boas ou melhores. Se os preços atingirem, o
Entrevista

é constante o aumento da produtividade e, mas estamos atrasados nas curvas de pro- que eu temo, níveis de três a quatro dólares
a cada dia, melhora a qualidade que, tam- dução e, mesmo que os preços se tornem por libra peso – mais de 500 reais por saca -, o

e Perspectivas bém, é resultado da migração das lavouras


para zonas mais propícias. O Brasil hoje é
reconhecido pela qualidade e pelo preço,
atrativos, entre decidir plantar e colher são
pelo menos quatro anos. Esse, eu diria, é o
quadro do mercado de café.
aumento de produção mundial será sim es-
petacular, repetindo os erros e as angústias
do passado. Espero que não aconteça.
apesar do esforço dos concorrentes em de-
negrir a imagem do café brasileiro. RCA – Como o senhor analisa a discussão RCA – Atualmente, quais os entraves
sobre a situação financeira dos e as dificuldades da cafeicultura e da
Outro aspecto muito importante foi o de- cafeicultores, após anos de oscilações de comercialização?
senvolvimento do café Conilon, também preço?
LH – Detém o poder quem tem o elemen-
chamado de Robusta, que se adapta muito
LH – Internamente se tem uma discussão to escasso. O grande poder hoje, em to-
bem à pequena propriedade. Um exemplo
urgente da dívida dos lavradores, que a dos os produtos, é a distribuição. Nunca
é o Espírito Santo, onde está sendo um
contraíram por que não houve outro jeito. investimos em distribuição. Vendemos o
sucesso estrondoso, com uma produção
Produzir café é paixão e as paixões podem que produzimos em vez de produzir o que
de mais de 10 milhões de sacas em 2010.
levar a desilusões. A dívida acumulada é vendemos. No tempo de intervenção do
Essa variedade produz mais por hectare e
o resultado das não-políticas cafeeiras. Governo, vendíamos para ele e abando-
a sua qualidade melhora constantemente.
Se com um pouco mais de competência namos o consumidor. A primeira dificul-
Ele foi desconsiderado pelos produtores de
tivéssemos vendido café por mais 20 dóla- dade do café brasileiro é falta de contro-
Arábica, mas o mundo hoje consome 30%
res, aos preços de hoje, e vendemos mais le na distribuição. Estamos muito longe
de Robusta e não há estoque. Na verdade
de 150 milhões de sacas nos últimos qua- do consumidor final. Falam muito que a
não há estoque de nada.
tro anos, seriam mais três bilhões de dó- Alemanha exporta muita coisa e não tem
RCA – Como está o mercado do café? lares na receita, o que é superior à dívida um único pé de café; ela não exporta, ela
Quais as expectativas para um futuro corrigida dos cafeicultores. Lamento que distribui e ganha mais que nós. A segunda
próximo? não tenha se forçado o Governo a ser re- é o esgotamento das regras de convivên-
gulador (com medo justificado de que ele cias. Impostos remendados desestimulam
LH – Na parte mercadológica, o Brasil so-
se tornasse interventor). Há um problema a eficiência. O PIS Cofins é um grande pro-
freu muito com a precificação comandada
de liderança, em que interesses, usando a blema nas comercializações interna e ex-
O Brasil passou a ser considerado produtor de café a partir de 1822, após a independência. Por mais de 150 anos, o café foi o principal pelos Fundos Financeiros, que não têm
justificada angústia e aflição dos produ- terna. A terceira dificuldade é a legislação
produto de exportação do País, chegando a representar 70% das exportações em 1970. Atualmente, o Brasil é o maior produtor de café do o menor interesse ou pejo pelos funda-
tores, pautam as discussões não nos in- trabalhista que é necessária, porém induz
mundo, com uma produção de mais de 50 milhões de sacas em 2010. mentos de oferta, demanda e custo. Esses
teresses do Brasil, em primeiro lugar, e na ao conflito e não à parceria dos emprega-
Fundos mantiveram os preços do café abai-
produção em seguida. Isso poderá resultar dos com o produtor. Eles devem ter direi-
Para falar um pouco sobre o panorama dessa cultura, que para a maioria dos produtores é paixão, apesar dos problemas enfrentados xo do razoável, nos últimos dez anos, e,
em um tsunami nos próximos 24 meses. tos, e a nossa legislação os protege bem,
nas últimas décadas, a equipe da Revista Casa da Agricultura entrevistou o cafeicultor Luiz Marcos Suplicy Hafers. Nascido em Santos em com isso, desestimularam a produção, en-
Espero que as lideranças mais modernas mas culpa o produtor, o que dificulta os
1935, Hafers é filho de uma família que tem tradição no café desde 1840. Viajou o mundo inteiro por mais de duas décadas trabalhando quanto o consumo crescia regularmente.
considerem essa nova e importante fase investimentos necessários.
com algodão, mas em 1962 a paixão pela cafeicultura fez com que comprasse sua primeira fazenda, no norte do Paraná. Foi presidente da Chegamos, hoje, em uma condição crítica
do café.
Sociedade Rural Brasileira por dois mandatos, atualmente é conselheiro da Entidade e sempre está presente nas grandes discussões sobre de oferta e demanda. Na última semana de RCA – Hoje, para o senhor, qual o perfil
a agricultura brasileira. junho, os preços subiram 25% e isso é só RCA – Quais as expectativas do senhor do cafeicultor?
o começo, porque, contra os nossos inte- em relação ao futuro da cafeicultura?
LH – Está havendo uma diferença na
resses de longo prazo, vamos ter uma alta
RCA – O que a cafeicultura representou o que é. Ele também promoveu enorme estrutura maravilhosa. No Paraná também LH – Ela terá que contemplar uma realida- caracterização dos produtores. A pro-
brutal nos preços nos próximos dois anos.
no desenvolvimento de São Paulo e do desenvolvimento cultural, principalmen- houve reforma agrária. de social, que será o aumento do custo da priedade familiar se adapta muito bem
Brasil? A participação do café verde no produ- mão-de-obra, até porque mão-de-obra far-
te com a Semana de Arte Moderna. Com à lavoura do café, porque tem menor
RCA – Como o senhor vê o panorama to final é a mais baixa da história e, com
sua decadência, após a quebra da bolsa ta e barata é socialmente indesejada e não custo na produção. Os grandes produ-
LH – A importância é muito vasta, mas fi- atual da cafeicultura?
de Nova York em 1929, deixou estradas isso, a correção por preço de consumo é mais fator de competitividade. Assim, nós
zeram uma simplificação entre barão e la- tores se mantêm na atividade porque
concluídas, fazendas estruturadas, cidades LH – Estamos em uma fase de transição. há de ser violenta. Eu lutei durante anos temos que viver uma realidade na qual o
tifúndio. O impacto do café é pouco divul- têm escala e tecnologia. Para os mé-
desenvolvidas. A cafeicultura promoveu a Termina a fase de lavoura por extração para por políticas contracíclicas e os fundos pequeno produtor familiar terá vantagens
gado, pois é pouco estudado. Em meados dios, como eu, o futuro é preocupante,
maior reforma agrária deste país. Depois lavoura técnica de conversão, onde a ge- faziam políticas procíclicas, ajudando a porque não tem os custos de impostos na
do século XIX, houve o fim da escravatura e pois não tem nem um nem outro. Tenho
da quebra, as fazendas foram desmembra- rência é o mais importante. derrubar os preços e agora vão ajudar a mão-de-obra e as exigências de uma lei tra- uma fazenda em Ribeirão Claro, no
o início da imigração de italianos que vie-
das e os compradores foram os emprega- explodi-los, o que não é do interesse nem balhista dura, como é para os outros produ- Paraná. Existem sitiantes que, quando
ram para trabalhar na lavoura. O café trou- Outra mudança é o grande ganho de
dos. Essa história repetiu-se após a guerra dos produtores nem dos consumidores. tores que têm empregados. seus filhos voltam da escola, vão colher
xe desenvolvimento, pois abriu o sertão e produtividade nas lavouras, mérito dos
em 1947, quando começou a expansão da Essa volatilidade só beneficia os especu- café, se eu fizer isso vou preso. Os pe-
forçou a integração por estrada de ferro e Institutos de Pesquisa. Nos últimos 20 anos, O aumento de produção ocorrerá, principal-
cafeicultura no Paraná. Em 1975, quando, ladores. quenos produtores têm menos exigên-
estradas de rodagens. A infraestrutura foi a produtividade do café dobrou e continua mente, pelos grandes produtores totalmen-
feita por pressão da produção. Foi o café após uma geada as lavouras velhas foram aumentando com o desenvolvimento de Porém, o futuro é bom e o consumo cresce. te mecanizados; porém, nada espetacular cias trabalhistas e ambientais. O custo
que fez a estrada de ferro de Santos ser dizimadas na região, o café deixou uma novas variedades, novos sistemas de plan- Café é prazer que tem valor e não preço. Eu nesse nível de preço, pois há opções tão ambiental é alto para os médios. Os
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8 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫׀‬9

grandes têm a vantagem da escala e da RCA – Qual a situação do Brasil em RCA – E o processo de mecanização na
mecanização. Podem ter um staff para termos de produção e consumo? cafeicultura? Haverá redução de postos

Panorama da Cafeicultura em
de trabalho?
tratar das legislações. Fiquei preocupa-
LH – O Brasil é o maior produtor do mun-
do quando verifiquei que, nos últimos LH – A mecanização não é um problema.
do, maior exportador, o segundo maior
anos, paguei mais advogado que agrô-

São Paulo
consumidor e produz todas as qualidades Manter o atraso por conta de emprego
nomo. Isso ilustra o meu pensamen- não é o correto, pois o sujeito perderá
de café. A Colômbia gastou fortunas em
to. Sou pessimista quanto ao médio, o emprego pelo atraso. Hoje falta mão-
propagandas e perdeu participação. O
mesmo com o aumento de preço, que -de-obra qualificada, é difícil encontrar
Brasil deve acompanhar o consumo e não
vai dar uma sobrevida a uma situação quem colhe, e algumas pessoas estão
se adiantar a ele. Precisamos produzir o que
menos competitiva. Eu mesmo diminuí atrás de emprego e não de serviço. Para Historicamente, a cafeicultura teve um papel socioeconômico e cultural muito importante no Estado de São Paulo. No
vendemos. O mundo precisa de 50 milhões
bastante a minha área, esperando ter que os produtores tenham acesso à me- desbravamento e na colonização – formação de povoados, arraiais, vilas e cidades – contribuiu de forma decisiva, concreta e
de sacas por ano, e os estoques estão a
ganhado em produtividade. Já tive 500 canização existem linhas de financiamen- direta na implantação do processo de industrialização e no estabelecimento da policultura, com recursos financeiros e humanos,
zero. O Brasil deve produzir isso este ano,
hectares, hoje tenho 120, mas vou redu- to, mas o que sobra é juro, mesmo o dito experiências e com infraestrutura (estrada, pontes, energia elétrica, sistema bancário etc.). Também exerceu grande influência
entretanto em 2011 produzirá menos.
zir para 70. Estou vendendo a terceira barato é caro. nas ciências, nas artes, na cultura e na política.
fazenda para pagar dívida. Em 1966, os estoques brasileiros estavam
RCA – Na opinião do senhor, qual a Atualmente, a cultura do café está concentrada em quatro grandes regiões. É realizada por produtores que têm amor pela
perto de 100 milhões de sacas, duas vezes
RCA – É possível mudar esse quadro? influência das mudanças climáticas para atividade e, apesar dos altos e baixos, seguem firmes para que o café produzido em São Paulo tenha, a cada dia, mais qualidade e
o que o mundo consumia na época. Eles
a geografia do café? aumente a sua participação nos mercados nacional e internacional.
LH – Não tem bala de prata para mudar, foram consumidos nos últimos 45 anos; é
um sinal de que a produção não acompa- LH – Sou ecocético. Não está provado Dados de estudo realizado em 2008, pela CATI, em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), demonstram
porém o mercado, em um movimento
nhou o consumo. O estoque mundial é bai- que as consequências serão as que são que existem 22.871 produtores de café em São Paulo, a área cultivada abrange 162.412 hectares, o Estado tem 445.739.510 pés
pendular, vai mostrar quem resistiu.
xíssimo. A situação está minimizada com o apregoadas. Não digo que não possa de café e, no período do estudo, a produção foi de 4.621.898 toneladas, com produtividade média de 28,5 sacas por hectare.
Temos de nos preparar para uma
normalização da relação de preços. Robusta, o fluxo está sendo atendido, mas acontecer, pois só não mudo de opinião A seguir, apresentamos um resumo das principais características e dados de produção das quatro principais regiões produto-
Tenho algumas propostas, que também à custa de “sacar” sobre o futuro. sobre o meu sexo e o meu time. ras do Estado.
não são bala de prata. A primeira é a de RCA – Como está a qualidade do café?
RCA – Existe espaço para o
que o financiamento deveria ser para crescimento da cafeicultura em São
o produto café e não para o detentor Paulo e no Brasil? LH – Melhora a cada dia. O cereja des-

Cafeicultura no sudoeste de
do produto, pois o café depositado em cascado é uma grande presença e tem
armazéns independentes é garantia LH – Em São Paulo acredito que o café alcançado muito sucesso. Um ponto im-
suficiente. A segunda é que os vai continuar concentrado nas quatro portante para a melhora da qualidade
financiamentos, com juros subsidiados,
deveriam ser atrelados a uma política
de opções de venda ao Governo e de
grandes regiões produtoras. As frontei-
ras que precisam ser exploradas estão
no cultivo do Conilon ou Robusta, no
são os concursos, com prêmios cada vez
maiores, os quais estimulam os produto-
res a produzir cafés melhores.
São Paulo
compra do Governo, em uma política entanto falta pesquisa e havia uma cer- Paulo Sérgio Vianna Mattosinho - Engenheiro Agrônomo - Casa da Agricultura de Piraju - Presidente da Comissão Técnica de
RCA – O senhor poderia falar sobre
contracíclica, ou seja, se o mercado ta implicância dos produtores de Arábica alguma experiência marcante na sua Cafeicultura da CATI - ca.piraju@cati.sp.gov.br
caísse, a dívida seria paga com café e, com o Robusta. Mas a variedade começa vida como cafeicultor?
se o mercado subisse, venderíamos o a chegar em terras paulistas. No Cerrado
café para pagar. Isso diminuiria a oferta há espaço e possibilidade de aumento de LH – Muitos episódios me marcaram. Em
na baixa e aumentaria na alta. A terceira
é que devemos ter política de preços
produção.

RCA – Como o senhor vê as questões


1962, quando comprei a fazenda, mor-
reu um empregado antigo, o senhor João A região cafeeira que engloba as
Regionais da CATI Ourinhos e Avaré si-
tua-se no sudoeste do Estado de São Paulo,
mínimos reais. A produção agrícola é de Abreu. Eu era moço, tinha 20 e poucos
ambientais e a lavoura cafeeira? no vale do Rio Paranapanema, e abrange
arriscada, depende do preço. Não é como anos. Fui à casa dele e o vi morto sobre
duas tábuas em cima de duas cadeiras, co- 25.500 hectares. São 2.635 propriedades
a fábrica que liga ou desliga o motor, LH – Uma discussão importante é o novo
berto por um pano feito de saco de açúcar. produtoras concentradas em sete muni-
de acordo com as demandas. Outro código florestal. Ele não é a favor do meio
Foi triste. Esse homem pobre, se ele tinha cípios: Piraju, Tejupá, Fartura, Itaí, Taguaí,
fator importante a ser considerado é ambiente, mas contra a produção. É discus-
contribuído pouco ou muito não interes- Arandu e Timburi, que possuem 69% da
a comunicação. A agricultura perdeu são política e não econômica. Ressentida e
sava, ele se esforçou muito ali. Nunca mais área cultivada e 69% da produção espera-
a batalha da comunicação com o não construtiva, com o agravante de que
me esqueci da importância das relações da para a safra 2010, estimada em 485 mil
público que se torna, cada vez mais, os radicais dos dois lados acham que tudo
sacas de café beneficiado (CATI/IEA).
urbanoide e a despreza, apesar dos podem contra os que nada podem; como com os empregados; sempre foram pauta-
enormes sucessos em cesta básica, sempre, a virtude está no meio. Nós somos das assim, pelo respeito. Outro fato que me A atividade cafeeira é grande geradora
exportação e produção. Hoje, a maioria socialmente e ambientalmente responsá- marcou muito foi a geada de 1975, que ar- de empregos e renda, sendo fundamen-
das crianças não conhece a importância veis. Minha fazenda é toda cultivada em rasou a minha fazenda. Eu fui a um talhão, tal para a economia da região. Existe uma
e a dificuldade da agricultura. Por isso curvas de nível e somos “sanduíche” nas às sete horas da manhã, e vi meu fiscal cho- boa estrutura de estradas, transporte, be-
é que eu sempre recebo e falo com a mãos dos grupos radicais, mais interessa- rando. Ele era solidário a mim e comprome- neficiamento, armazenamento, comer-
imprensa prontamente. dos no problema que na solução. tido com a fazenda.  cialização e, também, a presença da asso-
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10 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬11

A região é caracterizada pela bebida de Franca abrange 13 municípios, sendo os realidade agrícola de cada município e têm
ciação de produtores de café de Piraju e do em maturação desigual e fermentações cursos regionais e no estadual realizados
acidez média, corpo de médio a intenso, principais produtores Pedregulho, Cristais contato direto com os produtores rurais.
Itaporanga. indesejáveis no grão de café, principalmen- pela Câmara Setorial de Café da Secretaria
coloração caramelo, com eventuais sabores Paulista, Franca, Altinópolis, Ribeirão
te em áreas de menor altitude. Estadual de Agricultura e Abastecimento. A alta tecnologia aplicada, aliada à tra-
A região é caracterizada por alti- de frutas amarelas e chocolate e finalização Corrente, Jeriquara e Itirapuã.
No entanto, os custos crescentes da ativi- dição e à excelente condução das lavouras,
tudes que variam de 400 a 930m, com Há alguns anos, a região era conhecida de média a longa.
dade e a baixa remuneração do produto Em parceria com cooperativas e institui- confere à região a mais elevada produtivida-
relevo que varia de suave ondulado a como produtora de cafés de baixa qualida-
estão retirando do mercado os pequenos Como principal polo produtor do ções do segmento, vem sendo implementa- de em solo paulista, atingindo 25 sacas/ha.
forte ondulado. Nela, onde predominam de, mas em razão da melhoria das técnicas
e médios produtores e concentrando a Estado, a região de Franca contabiliza do na região o Projeto CATI-Café, que tem por Além da produtividade, busca-se melhoria
os latossolos e argissolos, a precipita- de condução, colheita e preparo do café, di-
atividade nas mãos de grandes produto- 25% da produção estadual, com estimati- objetivo a melhoria da gestão das proprieda- na qualidade, exigência dos mercados de
ção média é de 1.450mm, a temperatu- fundidas pela CATI, por meio de cursos, pa-
res da região, que são mais tecnificados e va de 1.072.931 sacas de café beneficiado, des cafeeiras, sob a orientação dos técnicos café, e melhor remuneração do produto, vi-
ra média é de 20ºC (dados da Estação lestras, dias de campo e encontros técnicos,
capitalizados. nos seus 50 mil hectares. A CATI Regional das Casas da Agricultura que conhecem a sando à sustentabilidade da atividade.
Climatológica do Núcleo de Produção houve um avanço muito grande no padrão
de Sementes da CATI Ataliba Leonel, de qualidade regional. O preparo do café em A cafeicultura regional está passando

A Cafeicultura na Média Mogiana


situado a 589m de altitude) e umidade cereja descascado, adotado a partir de 1997, por mudanças, principalmente, quanto ao
relativa média de 76%. Por causa dessas acabou definitivamente com esse estigma. uso de mecanização da colheita, por con-
características, aliadas à sua latitude, A partir de 1999, com a participação em ta da escassez e do alto custo de mão-de-
a região apresenta temperaturas mais concursos nacionais, ficou comprovada a -obra. Os pequenos e médios produtores
Raul de Oliveira Andrade Filho – Engenheiro Agrônomo – CATI Regional São João da Boa Vista – edr.sjbvista@cati.sp.gov.br
amenas e baixo déficit hídrico. excelência dos cafés descascados da região. também estão optando pela diversificação
Porém, essas condições favorecem a Desde 2002, os cafés cereja descasca- de atividades, tais como plantio de eucalip-
ocorrência de sucessivas floradas, resultan- dos da região têm se destacado nos con- to, olericultura e fruticultura.
N a região de São João da Boa Vista, a
cafeicultura desenvolveu-se plena-
mente, a partir do final do século XIX, com

Região de Franca
a introdução da estrada de ferro. Hoje, a
região é considerada uma das mais impor-
tantes produtoras de café de qualidade no

Excelência na Produção de Café Estado de São Paulo. Caracteriza-se pela


predominância da cafeicultura de monta-
nha, praticada nos contrafortes da Serra
Pedro César Avelar - Engenheiro Agrônomo - CATI Regional Franca - edr.franca@cati.sp.gov.br da Mantiqueira. Possui um parque cafeeiro
de 47.028 hectares distribuídos em 3.489
propriedades, com área média cultivada de
13,4ha. Estatisticamente prevalece a cafei-
cultura familiar, embora a empresarial tam-
bém tenha forte participação.

Dotada de condições edafoclimáticas


excelentes para a cultura, a região tem
como única restrição o fato de que uma
parte da topografia do seu território é im-
própria para a implementação plena da
mecanização. Esse fator limitante, embo-
ra oneroso do ponto de vista econômico,
torna-se preponderante no aspecto social,
pois gera mais empregos e auxilia na fixa-
ção de mão-de-obra.

Depois de graves crises econômicas


em safras anteriores, produtores, técnicos,
governo e empresários do ramo tomaram
a iniciativa não só de preservar a atividade,
mas também de ampliar a área cultivada,
melhorando a competitividade por meio
do aumento de produtividade e qualidade.

F ranca está situada na Alta Mogiana,


uma das mais tradicionais regiões pro-
dutoras de café do Estado de São Paulo.
Produz somente cafés da espécie Arábica,
sendo as variedades mais cultivadas Catuaí
e Mundo Novo. A altitude entre 900m e
1.000m da região favorece a produção de
cafés especiais, com alta aceitação nos mer-
cados nacional e internacional.
Três fatores básicos motivaram o in-
cremento da produtividade: a seleção de
cafeicultores pelo grau de eficiência dos
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12 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬13

Renovação do Parque Cafeeiro


tratos culturais e a adoção das inovações presença constante e incentivadora da re- profissionalizante para a formação de
tecnológicas; a utilização de variedades gião no pódio do Concurso Estadual e ou- baristas.
mais produtivas na renovação de áreas; e tros do gênero.
Ciente de seu potencial geográfico e de

do Estado de São Paulo


a adoção de diferentes arranjos de espa-
Outra característica marcante da que a qualidade vem se tornando aspecto
çamento, de acordo com a disposição do
Média Mogiana é a presença pujante fundamental na conquista de mercados cada
terreno, obtendo um ótimo índice de área
de representantes de todos os elos da vez mais exigentes, em termos de segurança
foliar, permitindo, assim, maior produtivi-
cadeia do agronegócio: pesquisa, en- alimentar e adequação socioambiental, o Roberto Antonio Thomaziello – Engenheiro Agrônomo – Centro de Café Alcides Carvalho/Instituto Agronômico de Campinas, e bolsista/
dade por área.
sino, infraestrutura de produção, pre- cafeicultor regional está deixando, grada- consultor do Consórcio Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras – Embrapa/Café – rthom@iac.sp.gov.br
A melhoria de qualidade é fruto da assi- paro, industrialização, comercialização, tivamente, o mercado de produção da
milação das recomendações das contínuas marketing e exportação. Recentemente, commodity tradicional e buscando um novo
Campanhas de Qualidade promovidas na a cadeia foi enriquecida com a criação desafio: a inserção crescente no mercado de
região, da saudável competição existente de um curso técnico da Fundação Paula cafés especiais – produto diferenciado, de alta
nos diversos concursos municipais e pela Souza sobre a cultura do café e outro qualidade, que alcança melhores cotações.

Cafeicultura de Garça e região


Wanderlei Tavares Dias – Engenheiro Agrônomo – CATI Regional Marília – Casa da Agricultura de Garça – ca.garca@cati.sp.gov.br

A s regiões de Garça e Marília abrangem 13 municípios. A cultura do café ocupa


25 mil hectares, sendo a principal atividade agrícola em área, rentabilidade e ge-
ração de emprego. A produção anual é de, aproximadamente, 500 mil sacas de café
beneficiado por ano. A característica marcante da região é a bebida “dura” (classifica-
ção do padrão do café, que significa uma bebida obtida com grãos verdes e pequeno
grau de fermentação – é o padrão da maioria dos cafés brasileiros).

A cultura ocupa, principalmente, as áreas mais altas da região, com os melhores


solos, em uma altitude média de 600 metros.

No Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária (LUPA),


realizado pela CATI em 2008, verificou-se que existem mais de 1.350 propriedades
com café e, aproximadamente, 1.230 proprietários, sendo a maioria pequenos
produtores.

Na região, o uso de alta tecnologia é uma prática comum para maioria dos cafei-
cultores, mesmo nas pequenas propriedades. A mecanização está em quase todas as
propriedades, uma vez que a mão-de-obra tem sido escassa e de má qualidade ano C onforme dados registrados, em maio
de 2010, pela Cooperativa Nacional
de Abastecimento (Conab), órgão ligado
produzido próximo de 4 milhões de sacas
de café, com média em torno de 20 sacas
de café beneficiado por hectare.
Como metas, os cafeicultores paulistas de-
vem buscar as seguintes médias por hectare:
após ano. Acreditamos que no curto espaço de tempo a mecanização da cultura deve • café de sequeiro: 35 sacas beneficia-
chegar a 100% em todas as propriedades. ao Ministério da Agricultura Pecuária e Embora a produtividade média por das;
Abastecimento, no Estado de São Paulo, hectare tenha crescido, ainda está longe de
A irrigação por gotejamento também cresceu muito na região. Atualmente, 5 mil existem 15.975ha ocupados por 61.472.000 • café irrigado: 50 sacas beneficiadas.
atingir patamares nos quais a atividade ca-
hectares são irrigados, com excelentes resultados. As principais variedades de café pés de café em formação e 208.012ha com feeira torna-se rentável e, se considerarmos Esses são valores para lavouras mecani-
plantadas na região são: 462.827.000 pés em produção. A produção os níveis de preços cobrados nos últimos zadas, com estande por hectare na faixa de
Mundo Novo – 50% (linhagem 388-17-5) estimada para o ano agrícola 2009/2010 anos, com exceção das ocasiões de “picos quatro a cinco mil plantas.
é de 4.355.600 sacas de café beneficiado, de preços” que ocorrem por uma série de
Catuaí – 20% (linhagens 99 e 81)
com uma média de 20,94 sacas de café be- conjunturas de produção e mercado, é pre- Competitividade
Obatã – 20% (linhagem 1669-20) neficiado por hectare. Considerando que ciso buscar o que chamamos “estado da
estamos em ano de safra alta e analisando arte”, ou seja, uma produção competitiva Para se tornar competitivo, além da
Icatu –10% (linhagens 4545, 2945, 2944, 3282)
os valores da safra passada (2008/2009 – de café, visando aumento da rentabilidade. busca por produtividade, algumas premis-
As áreas ocupadas com a cultura de café não devem ter muita alteração nos pró- ano de baixa), quando foram produzidas Esse patamar desejado passa por uma série sas básicas devem ser consideradas pelo
ximos anos, uma vez que as mudanças ocorrem, sobretudo, na renovação de lavouras 3.423.000 sacas de café beneficiado, com de fases ao longo do ciclo produtivo e vai cafeicultor: procurar conhecer bem a sua
velhas e em decadência. Hoje, as principais preocupações do cafeicultor são o aumen- média de 18,81 sacas por hectare, podemos até a comercialização, sendo a produtivida- atividade; não decidir renovar lavouras
to da produtividade, a implementação da mecanização e a melhoria da qualidade. concluir que, na média geral, São Paulo tem de o principal fator de sucesso. por impulso, aproveitando oportunidades
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14 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬15

Cafeicultura Mecanizada
momentâneas como a de bons preços do tossanitários, às podas, ao manejo do cessário fazer um manejo adequado do
produto; lembrar que café é cultura perene, mato, à instalação de quebra-ventos; mato durante o período chuvoso. Com
sendo necessário analisar os riscos a médio • o sistema de colheita a ser adotado e a isso, além da proteção do solo contra a
e longo prazos. Também nunca se deve infraestrutura de preparo do café; erosão, é possível aumentar a infiltração
cultivar área maior que a capacidade de re- • a disponibilidade de mão-de-obra. de água, reduzir a perda dos adubos José Renato Serra – Engenheiro Agrônomo e produtor rural – josertserra@uol.com.br
cursos próprios para o investimento, pois o químicos e a compactação das camadas
Revigoramento ou erradicação
custo de implantação é alto. Até o início da superficiais do solo, reciclar nutrientes

H
de lavouras: uma decisão a ser á bastante tempo e com grande
primeira produção (2,5 anos de idade) esse e diminuir a amplitude térmica do solo
considerada eficiência, algumas culturas são
valor gira em torno de R$ 12 mil a R$ 14 mil entre o dia e a noite, protegendo, em es-
por hectare para lavouras não irrigadas. pecial, o sistema radicular dos cafeeiros produzidas totalmente mecanizadas,
Além da renovação (novo plantio), há
que tem a sua maior concentração nas como a soja, o milho e outros cereais.
Um bom índice de renovação de la- espaço para o revigoramento de lavouras
camadas mais superficiais do terreno. As adubações e todo tratamento fitos-
vouras é de 10% ao ano, ou seja, 20 mil em produção. Mas alguns condicionantes
• Podas corretivas – são vários os tipos sanitário das lavouras são realizados
hectares por ano para o caso de São devem ser observados para a tomada de
de podas que podem ser aplicados via máquina, assim como o manejo do
Paulo. Os dados de cafeeiros em forma- decisão. Lavouras velhas, com baixo es-
para o revigoramento de cafeeiros e mato. Pode-se afirmar, com segurança,
ção (15.975ha) estão muito próximos tande de pés por hectare, instaladas em
recuperação de todo o seu potencial que grande parte da cafeicultura brasi-
do desejado, todavia os cafeicultores solos com graves problemas físicos ou com
produtivo, entre eles a recepa, o es- leira também segue o mesmo caminho:
que irão renovar as suas lavouras de- presença de nematoides, ou, ainda, com
queletamento, o decote, dependendo a mecanização total.
vem tomar cuidado quanto aos locais de cultivar não adaptada à região e com es-
trutura produtiva não propícia às podas de de cada situação. No caso da cafeicultura, o grande garga-
implantação, ou seja, regiões marginais
recuperação, o indicado é que sejam erra- • Tratamentos fitossanitários – são lo, que ainda atormenta a maioria dos cafei-
ou de alto risco, com probabilidade de
dicadas. Erradicar cafeeiros deficitários da necessários, principalmente, aqueles cultores brasileiros, é, sem dúvida, a colheita
frequência de geadas, como baixadas
propriedade é uma maneira de melhorar a dirigidos às pragas do sistema radi- de café, responsável por, aproximadamente,
com acumulação de ar frio, ou que apre-
rentabilidade. cular, como cigarras, cochonilhas, 30% do custo de produção total e 40% da
sentem períodos frequentes de seca e
mosca-da-raiz (berne), que são empe- mão-de-obra utilizada no ano agrícola. Com
tenham limitação de água para irriga- Já para lavouras relativamente novas, cilhos para o bom desenvolvimento o aumento da dificuldade de encontrar
ção. Devem ser evitadas a face sul dos com estande por hectare acima de 3.500 do cafeeiro. mão-de-obra qualificada para a colheita do
terrenos, mais assolada por ventos frios, pés, sem problemas físicos de solo, sem ne- • Quebra-ventos – o cafeeiro é muito café, não resta outra alternativa ao produtor
e, ainda, áreas onde tenham sido cons- matoides no sistema radicular, com cultivar sensível aos ventos, principalmente, a não ser fazer uso da mecanização.
tatadas pragas de difícil controle, como perfeitamente adaptada à região e plantas no período de formação do cafezal,
nematoides. com estrutura produtiva também propícia Para os produtores de médio e gran-
muito embora lavouras adultas tam-
às podas de recuperação, o indicado é o de portes a colheita mecanizada é uma
Planejamento estratégico bém sejam prejudicadas por eles. Os
revigoramento já que o custo é menor do questão de sobrevivência no setor, pois é
da lavoura diversos tipos de quebra-ventos po-
que implantar uma nova lavoura. impossível produzir café atualmente sem
dem prevenir lesões no caule junto
o auxílio das colheitadeiras. Mesmo os pe-
Para atender a todas essas premissas, é Numerosas são as medidas de revi- ao solo em mudas recém-plantadas
quenos produtores já têm a opção de utili-
fundamental fazer um planejamento estra- goramento que podem ser implementa- e, em lavouras novas e adultas, di-
zar derriçadeiras manuais para aumentar a
tégico da lavoura e, para isso, várias ques- das para recuperação de lavouras de café. minuem, substancialmente, a ação
performance da colheita.
tões devem ser consideradas: Destacamos as mais importantes. da mancha-aureolada, doença bac-
• Nutrição – devem-se considerar a teriana que causa lesões nas folhas, Segundo o professor Fábio Moreira da
• seleção de glebas homogêneas;
análise de solo e a foliar, a safra pen- desfolha e seca de ramos, afetando a Silva, do Departamento de Engenharia da
• escolha de variedades/cultivares
dente, o tratamento de talhões homo- produtividade. Universidade Federal de Lavras (Ufla), de-
adaptadas à região;
gêneos, por idade e produtividade, Finalmente, para renovar ou revigorar vemos classificar a colheita em quatro sis-
• escolha do espaçamento;
entre outros. é importante que o cafeicultor implan- temas diferentes:
• verificação da estrutura física do solo,
como profundidade, impedimentos • Manejo de mato – como o Estado de te um sistema de custo de produção, já • Manual – é o sistema que pode ser
superficiais (solos adensados), locais São Paulo situa-se em uma região tropi- que a maioria não sabe o custo real de considerado convencional, por ainda
com encharcamento, entre outros; cal, com elevada irradiância e com solos sua saca de café. Este é um dos fatores ser o mais utilizado. Nele, as diversas
• sistema de manejo a ser adotado altamente intemperizados, com grande primordiais para decidir o momento da operações da colheita são realizadas a
quanto à nutrição, aos tratamentos fi- perda de matéria orgânica, torna-se ne- venda do produto.  partir de serviços manuais, com exce-
ção do transporte, demandando gran-
de contingente de mão-de-obra.
• Semimecanizado – consiste na
utilização intercalada de serviços
manuais e mecanizados para a execu-
ção das operações de colheita. Esse
sistema varia muito, podendo ter
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16 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬17

A maior
Tendências atuais nas pesquisas
ferramenta com o melhoramento genético
do agricultor do cafeeiro
moderno é a Luiz Carlos Fazuoli – Pesquisador Científico – Centro de Café Alcides Carvalho /IAC – fazuoli@iac.sp.gov.br

mecanização
agrícola.

Frutos Obatã IAC 1669-20

A s cultivares e variedades de café arábi-


ca desenvolvidas no Brasil têm elevada
produtividade. Atualmente existem cerca
• incorporar às variedades Catuaí e
Mundo Novo resistência às doenças,
às pragas e aos nematoides; •
o aquecimento global e as mudanças
climáticas;
desenvolver variedades com menor
de 100 variedades. O seu potencial produ- • desenvolver variedades específicas ou maior teor de cafeína em suas se-
tivo médio em áreas não irrigadas é de 35 para ambientes específicos e de me- mentes e com diferentes graus de ma-
até 45 sacas de café beneficiado por hecta- nor porte e melhor arquitetura, visan- turação dos seus frutos e uniformida-
re, porém a média nacional é de 25 sacas. do à colheita manual para pequenos de de amadurecimento;
Em áreas irrigadas, o potencial médio de produtores e à mecânica para grandes • estudar as variedades atuais em rela-
produtividade é de 50 a 60 sacas de café cafeicultores; ção a vários outros atributos químicos
beneficiado por hectare. • desenvolver variedades com resistên- (sólidos solúveis, açúcares, trigonelina,
cia múltipla às principais doenças, pra- ácidos clorogênicos, óleo etc.);
Atualmente, as variedades de café ará-
apenas uma ou quase todas as ope- cionadas ou automotrizes. Apesar as operações da colheita são feitas gas e aos nematoides de maior ocor- • obter variedades com maior tama-
bica mais plantadas no Estado de São Paulo
rações realizadas mecanicamente. de esse sistema ser chamado de mecanicamente, passando-se a colhe- rência e com melhor sistema radicular nho de grãos que possam atender
(cerca de 80% da área cultivada) são Catuaí
Normalmente, as operações de derri- mecanizado, não dispensa total- dora duas ou até três vezes na lavou- e que tenham absorção mais eficiente mercados específicos, bem como
Vermelho, Catuaí Amarelo e Mundo Novo.
ça e abanação são mecanizadas. É um mente o uso de serviço manual, ra, eliminando a operação de repasse de nutrientes; híbridos F1 1 altamente produtivos,
As variedades novas estão sendo estabele-
sistema que tende a crescer muito, pois as máquinas não conseguem manual e levantando o café caído no • obter variedades com qualidade de com características de resistência
cidas em pequena escala, com a finalidade múltipla a doenças, pragas e ne-
podendo atender os pequenos e mé- colher todos os frutos das plantas. chão com enleiradoras e recolhedoras bebida especial para determinados
de verificar as suas características e vanta- matoides e com outras caracterís-
dios cafeicultores. Os frutos que permanecem nos ca- mecânicas. nichos de mercado;
gens em relação às variedades tradicionais. ticas tecnológicas e agronômicas
• Mecanizado – nesse sistema, feeiros após a derriça mecânica são Para o Brasil continuar a ser o maior • obter variedades ou estudar as exis-
Aliás, essa é uma recomendação do IAC, e propagá-los por via vegetativa
considera-se que as principais ope- posteriormente retirados por meio produtor e exportador de café do mundo, tentes em relação ao café irrigado, fer-
pois a implantação de uma lavoura de café como clones (estaquia ou cultura
rações da colheita são realizadas de uma operação manual denomi- é imprescindível que ocorram maiores in- tirrigado e orgânico, com a finalidade
é muito onerosa. de tecidos).
mecanicamente. É mais difundido nada repasse e os frutos caídos no vestimentos na área de mecanização da de verificar as mais eficientes e adap-
e empregado em propriedades chão também são varridos e colhi- colheita, visando baixar os custos e au- Com base nessas informações, as ten- tadas em relação a esses sistemas de No que se refere às pesquisas, é im-
grandes, tecnificadas, que apre- dos manualmente. mentar a performance dessa operação, dências atuais em relação ao desenvolvi- manejo; portante considerar os estudos básicos do
sentam topografia favorável onde • Supermecanizado – sistema que para produzir, cada vez mais, um produto mento de novas variedades de café arábica • desenvolver variedades mais toleran-
1 Geração F1 - resultado do cruzamento de dois materiais de
são utilizadas as colhedoras tra- surgiu recentemente, em que todas de alta qualidade.  são: tes ao calor e à seca, tendo em vista café, originando uma linhagem com características desejáveis
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18 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬19

Cooperativismo
cia ou tolerância ao bicho- internacional. A descoberta dessas plantas
-mineiro. Infelizmente, para permitirá, brevemente, o desenvolvimento
a broca que ataca os frutos e de variedades de café arábica produtivas e
as cigarras que destroem as praticamente isentas de cafeína de maneira
raízes, ainda não foram de- natural. É uma inovação tecnológica que João Alves de Toledo Filho – Engenheiro agrônomo e presidente da Cocapec – diretoria.executiva@cocapec.com.br
tectadas fontes de resistên- beneficiará tanto o setor produtivo, como
cia genética. Nesses casos, o setor industrial da cadeia do agronegócio
a opção é pesquisar os cafés café, mediante agregação do valor ao
transgênicos, no entanto, produto. Outro ponto relevante dessa
até o presente, o mercado pesquisa é que as pessoas sensíveis à
consumidor de café não
aceita o uso de transgênicos.
cafeína poderão tomar o café naturalmente
descafeinado, aumentando, assim, o
Forma
Em relação ao estudo
consumo sem prejuízo para a saúde.
democrática
de variedades específicas Outro aspecto importante das pes-
para locais específicos já quisas é o desenvolvimento de varieda- para solução de
existem indicações dessas des de café robusta, que poderão ser uma
Café Mundo Novo, desenvolvido pelo IAC variedades. Entretanto, es- nova opção para a cafeicultura paulista.
Desse modo, a identificação de varieda-
problemas sociais
genoma, a identificação de aproximada- sas pesquisas deverão ser ampliadas em
mente 30 mil genes e o estudo da genômi- experimentos regionais. No que se refe-
re às pesquisas para obter variedades de
des altamente produtivas, multiplicadas
por sementes e obtidas de clones de café
e econômicos
ca funcional. Nos estudos básicos relacio-
nados com o melhoramento é importante menor porte, o início aconteceu com a robusta com resistência à ferrugem, aos
assinalar, também, as pesquisas de análises obtenção das cultivares Catuaí Vermelho nematoides e a outras moléstias, com
genéticas, citologia, citogenética, entomo- e Catuaí Amarelo em 1972. O desenvol- alto teor de sólidos solúveis, elevada
logia, fitopatologia, climatologia, fenolo- vimento, pelo IAC, dessas cultivares de porcentagem de grãos tipo chato, com
gia, botânica etc. porte baixo, rústicas e de alta produtivi- peneira média de 17 ou 18 e boa quali-
João Toledo, ex-catiano, cafeicultor e atual presidente da Cocapec
dade modificou sistemas de produção e dade da bebida, poderá proporcionar a

A
Muitas das pesquisas mencionadas possibilitou a utilização de novas áreas introdução e expansão desse novo tipo primeira cooperativa que obte- Alta Mogiana. Em seu primeiro ano, tinha Os cooperados também contam com
nas tendências já estão sendo executadas para a cafeicultura brasileira, aumentan- de café no Estado de São Paulo. ve sucesso foi criada em 1844, em quase 300 associados e, atualmente, ao serviços essenciais, como: assistência técnica
com sucesso. Por exemplo, o Brasil já conta do a lucratividade e viabilizando o seu Manchester, na Inglaterra, para driblar os completar seu 25.° aniversário, a Cocapec agronômica; mapas para gestão da proprie-
É importante ressaltar os estudos que
com muitas variedades de café resistentes cultivo em regiões outrora produtivas, efeitos negativos da Revolução Industrial conta com quase 2 mil cooperados. dade por sistema de georreferenciamento
estão sendo desenvolvidos no Instituto
à ferrugem. Essas variedades representam como a enorme área dos cerrados, tan- aos trabalhadores. Participaram 28 tece- por satélite (GIS); laboratório para análises de
Agronômico para a obtenção de clones A região onde atua é uma das mais
considerável economia para o produtor, to em São Paulo, como em Minas Gerais lões, os Pioneiros de Rochdale. De 1844 até solo e folhas; peças, implementos agrícolas
do híbrido F1 de Catuaí Vermelho com tradicionais produtoras de café arábica,
pois proporcionam diminuição da polui- e na Bahia. É preciso assinalar também 2007, o sistema cooperativista evoluiu e, só e insumos; armazenagem e rebenefício de
Robusta DP, denominado Arabusta. Esses conhecida mundialmente pela qualidade
ção ambiental, assim como dos riscos para que, em relação a esses aspectos, as cul- no Brasil, são 7,6 milhões de associados dis- café; classificação; degustação e comerciali-
clones são resistentes à ferrugem e tole- excepcional do seu café. A área de atuação
a saúde dos agricultores e consumidores. tivares de porte alto Mundo Novo e Acaiá tribuídos em 13 ramos de atividade. zação de café, entre outros. Mas o valor des-
rantes a temperaturas mais altas e ofere- da Cocapec abrange 450 mil hectares e,
A obtenção, em 1987, do porta-enxerto têm sido muito importantes. Por outro lado, ses serviços fica evidente quando analisamos
cem um produto superior ao proporcio- Por sua forma igualitária e social, o coo- destes, 50 mil são dedicados à cultura do
Apoatã IAC 2258, resistente aos nematoi- as cultivares Obatã IAC 1669-20, Tupi IAC o quadro social da Cocapec. Dos quase dois
nado pelo café robusta, pois constituem perativismo é aceito por todos os governos café, com uma produção média anual de
des Meloidogyne exigua, M. incognita e M. 1669-13, Tupi RN 1669-13, de porte bai- mil cooperados, cerca de 70% são pequenos
em um blend natural entre os cafés ro- e reconhecido como fórmula democráti- mais de um milhão de sacas.
paranaensis, viabilizou o retorno da cafei- xo e resistente à ferrugem, têm ocupado produtores e 20% possuem propriedades
busta e arábica, podendo ser uma boa ca para a solução de problemas sociais e
cultura para a Paulista2, região do Estado Desde sua formação, a cooperativa familiares. Então, 90% dos associados os uti-
um espaço muito grande em várias re- opção para os cafeicultores paulistas e econômicos. Prova disso é que o Índice
de São Paulo com poucas opções agrícolas, foi gradativamente se estruturando para lizam e muitos, também, dependem da coo-
giões brasileiras, principalmente quan- brasileiros. de Desenvolvimento Humano (IDH), nos
sendo evidente a importância socioeconô- oferecer o maior número possível de be-
do se pratica a irrigação. Atualmente, as municípios onde as cooperativas atuam, é perativa para manter o seu negócio.
mica de tal desenvolvimento. Finalmente, é preciso destacar que es- nefícios aos cooperados. Hoje, esse canal
novas variedades de porte baixo, Ouro mais elevado. O IDH é uma medida usada
ses novos estudos, com a produção de no- congrega educação, treinamento, infor- Com um trabalho sério, a Cocapec
Atualmente, estudos estão sendo fei- Verde, Ouro Bronze, Ouro Amarelo e pela Organização das Nações Unidas, que
vas variedades de café arábica ou robusta, mação e prestação de serviços. Das van- vem promovendo, nesses 25 anos, o
tos em relação ao desenvolvimento de Obatã Amarelo fornecem novas opções considera a riqueza, a educação e a expec-
contribuirão, com certeza, para que a cafei- tagens que o cooperado desfruta, uma desenvolvimento de seus cooperados.
variedades resistentes aos nematoides aos cafeicultores brasileiros. tativa de vida para avaliar, de forma padro-
cultura brasileira seja estável, mais sólida e é o sistema de armazenagem. Ao todo, Em 2010, foi considerada pelo Anuário
que possam ser reproduzidas por semen- É importante registrar os estudos nizada, o bem-estar de uma população. Melhores e Maiores da Revista Exame como
mais pujante, influenciando positivamente as sete bases localizadas nos Estados
tes e não enxertadas. Fontes de resistên- de qualidade da bebida e de atributos e de maneira acentuada o agronegócio do A força e o valor de uma cooperativa são de São Paulo (matriz e armazéns gerais a melhor do agronegócio café do País.
cia à cercosporiose ou mancha-de-olho- químicos que o Centro de Café Alcides café e, consequentemente, os mercados visíveis quando analisamos, por exemplo, em Franca e unidades em Pedregulho e E, nesse mesmo anuário, muitas outras
-pardo, mancha aureolada e de phoma Carvalho, do IAC, vem desenvolvendo. brasileiro e mundial.  os dados da Cooperativa de Cafeicultores e Serra Negra) e Minas Gerais (unidades de cooperativas despontam como ícones, seja
estão sendo pesquisadas. Quanto às Nesse sentido, a descoberta, na Etiópia, de Agropecuaristas (Cocapec), fundada em 11 Capetinga, Claraval e Ibiraci) são capazes entre as 10 melhores, seja como a melhor
pragas existem estudos adiantados e va- três plantas praticamente isentas de cafeína de julho de 1985 e sediada no município de de receber mais de um milhão de sacas do setor que atua, fatos que comprovam o
2
Referência à região da Paulista (alta, média e baixa), por onde
riedades quase finalizadas com resistên- teve repercussão em níveis nacional e passavam os trilhos da antiga Estrada de Ferro Paulista.
Franca (SP), principal cidade da região da de café por safra. valor das cooperativas brasileiras.
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20 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬21

Vantagens do Cooperativismo e da Parceria Formação de Custos na Cafeicultura


Celso Luis Rodrigues Vegro – Engenheiro Agrônomo, MS, Pesquisador do IEA/APTA – celvegro@iea.sp.gov.br

O s preços são categorias que estruturam


e condicionam o funcionamento do
sistema econômico. Talvez, situe-se nos pre-
se tratar de uma atividade pulverizada, com
muitos ofertantes dispersos numa dada base
territorial, podendo ser uma região, um país
elevado de informalidade nas transações.
Normalmente, os produtos agrícolas seguem
calendários de safras e entressafras, exigindo-
ços aquela variável menos considerada nas ou todo o globo terrestre, raríssimas são as -se a intermediação de agentes que se res-
análises sobre os fenômenos econômicos de exceções em que existe uma capacidade for- ponsabilizam pela regularização da oferta ao
caráter macro, meso ou microeconômicos. madora de preços (restrita aos produtos arte- longo do ano. Ambos os fatores, ainda que
Dentre as alternativas de organização dos fa- sanais e às especialidades gourmet). Portanto, externos à atividade produtiva, contribuem
tores de produção (terra, trabalho e capital), a na comercialização, a produção agrícola é na formação dos preços.
combinação de preços conduz à seleção da- setor tomador de preços. Essa condição se re-
As bases materiais e as tecnológicas dos
quela de maior eficácia alocativa, ou seja, da produz, ainda, com maior vigor na aquisição
sistemas de produção formam outro conjun-
maximização do lucro da empresa privada. dos materiais utilizados para viabilizar o siste-
to de elementos que compõe a formação dos
ma de produção, pois os segmentos fornece-
Equívoco comum nas interpretações eco- custos. Na lavoura do café, é possível pensar
dores da agricultura (no jargão econômico:
nômicas consiste em conferir aos preços uma em aspectos, como: o tipo de solo em termos
a montante) são altamente oligopolizados,
condição absoluta. Os preços correlacionam- de sua fertilidade intrínseca e condição topo-
com incipiente competição entre seus con-
-se uns para com os outros. No campo das gráfica; a escolha do porte das variedades; a
correntes. Essa situação conduz tais grupos
commodities existe essa correlação, sendo adoção da irrigação ou o cultivo em sequeiro
econômicos a administrarem seus mercados
o petróleo a que mais influencia o restante e o manejo agronômico com maior ou menor
impondo preços aos seus clientes.
desse mercado. Por exemplo, é amplamente incidência de operações mecanizadas, repre-
conhecida a relação de preços entre as cota- Defensivamente a tais estruturas oligo- sentam fatores que promovem fortes varia-
ções1 do petróleo e o custo dos fertilizantes polizadas, os produtores rurais esforçam-se ções na formação dos custos. Assim, o estudo
nitrogenados. Assim, os preços são sempre por se organizar em torno de associações e e a elaboração de projetos de investimento na
relativos e pautam o modo de funcionamen- cooperativas de produção e algumas posicio- cafeicultura constituem-se numa ferramenta
to do sistema econômico. nam-se entre as maiores empresas do País. ímpar no planejamento dos custos médios
No agronegócio Cafés do Brasil, há exemplos que o sistema produtivo imaginado possuirá.
Compreender essas questões nos ajuda bem-sucedidos desse tipo de organização
Uma prova de que parceria e coopera- de 32 variedades que estão sendo acom- Wallace Gonçalves do IAC. Já pela Cocapec, a analisar melhor os fenômenos que dinami- Efetuadas tais considerações pode-se,
dos produtores. O êxito dessas formas coleti-
ção garantem benefícios a todos é o pro- panhadas”, conta o eng.º agr.º Luciano o responsável técnico é o coordenador do zam o sistema econômico. Não se pode sim- então, analisar a questão da formação dos
vas de organização econômica confere poder
jeto desenvolvido pela Fundação do Café Ferreira Coelho, do Departamento Técnico Departamento Técnico da Cooperativa, plesmente anunciar que tal preço aumentou custos de produção na cafeicultura. Com li-
de barganha aos cafeicultores, permitindo a
da Alta Mogiana, que envolve a Prefeitura da Cocapec. ou abaixou, pois as oscilações devem estar mitadíssimas capacidades de formar preços
eng.° agr.° Roberto Magawa, e o presiden- obtenção de vantagens que de outra manei-
de Franca, que cedeu o terreno com a referenciadas. O preço subiu ou diminuiu e relacionando-se com segmentos oligopoli-
te da Fundação é o produtor rural Geraldo ra não existiriam.
“Ao criar a Fundação, a Cocapec pensou perante a quê? Não se pode esquecer dessa zados, a formação de seus custos virá sempre
condição de ser usado totalmente para Diniz Cintra, também presidente do
no futuro e se adiantou para que os cafei- condição relativa dos preços, caso contrário, Mais recentemente, a financeirização do de fora da atividade. Tal compreensão impõe,
pesquisa, a Cooperativa de Cafeicultores Sindicato Rural Patronal de Franca.
cultores possam produzir e renovar os seus as tentativas de interpretação dos movimen- processo econômico, que converte todos os inapelavelmente, para a necessidade de gerir
e Agropecuaristas (Cocapec), que executa, bens em ativos financeiros endossáveis, mo-
parques cafeeiros com garantia de maior Esta é a terceira safra e toda a condu- tos da economia se tornam anacrônicas. com a máxima eficiência as bases materiais
monitora, faz as avaliações e mantém o dificou a maneira como são formados os pre-
sucesso no empreendimento. Por isso, co- e tecnológicas do sistema de produção, vi-
campo experimental em funcionamento, ção vem sendo documentada com fotos e Mesmo nas economias consideradas livres ços. Fatores, como a taxa de juros básicos e a sando obter o máximo de resultado econô-
meçamos reproduzindo o que os cafeicul- laudos. O IAC é o responsável por indicar a existe um grau de intervenção governamental
o IAC, que garante a pesquisa sobre o de- paridade cambial, passaram a preponderar mico desse esforço. O cafeicultor precisa se
senvolvimento das cultivares, e a CATI, que tores fazem, isto é, usando as variedades condução e fazer a coleta de sementes com na formação dos preços, pois se pressupõe na determinação dos preços das economias capacitar - e nisso a extensão rural tem pa-
auxilia a repassar os resultados obtidos aos que são carros-chefe na região como parâ- o objetivo de perpetuar as espécies que es- que o mercado não provê, de modo eficaz, as nacionais. A existência de mercados bursáteis pel crucial - para acompanhar seus custos e
produtores rurais. metros para a pesquisa”, relata o agrônomo. tão sobressaindo. Os históricos com os pro- necessidades da população (são as chamadas para as commodities agrícolas e sua capacida- promover mudanças de manejo agronômico
dutos utilizados, as dosagens, os intervalos falhas do mercado). No Brasil, a correta deci- de em transmitir suas cotações para as tran- capazes de melhorar a produtividade de seu
A Fundação do Café da Alta Mogiana O terreno de 18,5 hectares onde fo-
de aplicação e a média de colheita ficam à são de recuperar o poder de compra do salá- sações no mercado físico constituem uma trabalho e minimizar o emprego dos insumos
foi instituída com o intuito de beneficiar ram instalados os experimentos com as
rio mínimo, concedendo reajustes acima da faceta bastante concreta dessa orientação adquiridos externamente à propriedade. A
variedades Mundo Novo e Catuaí, as mais disposição dos cooperados. Palestras são
os produtores rurais, principalmente os inflação e do crescimento real da economia, financeira nas decisões produtivas.
realizadas com a participação de agrôno- formação de custos na cafeicultura é o ele-
cooperados da Cocapec. “Trata-se de uma presentes na região, fica a 8km da sede exemplifica esse tipo de situação em que, de
mos e técnicos da CATI, com o propósito de Por fim, há ainda dois elementos cruciais mento pelo qual podemos avaliar a técnica
prestação de serviço ao cooperado, e o ob- da Cocapec, no Município de Franca. A forma mandatória, um preço é posicionado
para a formação dos preços: são a estrutura de gestão empregada e as decisões agronô-
jetivo é pesquisar, regionalmente, o com- verba para instalação e manutenção é repassar as informações obtidas ao maior para além de sua condição estabelecida pelo
tributária e a logística, tanto de armazena- micas adotadas. Ser eficiente nas duas coisas
portamento das variedades mais utilizadas da Cocapec e conta, ainda, com aporte número de cafeicultores. São benefícios clássico mecanismo de oferta e demanda.
mento como de escoamento dos produtos. não é das tarefas mais cômodas, mas é disso
e fazer um histórico sobre esse comporta- do projeto Pró-Café, desenvolvido pelo como esses que fazem da parceria, do tra- que será feita a cafeicultura capaz de manter-
A agropecuária constitui-se em setor da Os tributos podem conferir importantes dis-
mento. São quatro experimentos com oito Instituto Agronômico de Campinas para a balho em conjunto, a maior e a melhor fer- torções na formação dos preços e estimulam, -se competitiva diante do ciclo de preços que,
atividade econômica com singularidades re-
variedades por experimento num total pesquisa, sendo responsável o pesquisador ramenta para o sucesso.  levantes para a formação de seus preços. Por a depender do tamanho da alíquota, grau historicamente, atua sobre o segmento. 
1
Preços e cotações não são sinônimos, embora a maior parte dos economistas não estabeleça distinções entre as duas terminologias. Devemos entender por cotação os valores de referência e sinaliza-
dores de tendências. Já por preços, compreendem-se os valores ocorridos em negócios concretizados com transferência efetiva da propriedade dos bens e serviços produzidos.
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22 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬23

CASA DA AGRICULTURA DE Piraju Investimento nos cafeicultores e busca pela excelência na qualidade do café
Roberta Lage – Jornalista - CECOR/CATI

B em-vindo à Casa da Agricultura de


Piraju. Desde 1996, sob responsabi-
lidade do eng.º agr.º Paulo Sérgio Vianna
tecnologia ajuda bas-
tante. Só espero mesmo
que a saca seja valoriza-
Boa safra para 2010 e expectativas
para a valorização da saca
cado por não conhecerem a qualidade do
que produzem. Atualmente, o mercado exi-
ge também que o produtor respeite o meio
Casa da Agricultura de Piraju e
Microbacias II: aliados da cafeicultura

De acordo com Francisco de Assis Pequenos e médios cafeicultores bem


Mattosinho e, atualmente, com três fun- da”, avalia. ambiente e apresente as certificações que
Nogueira Rodrigues, presidente do Conselho como os dirigentes de sindicatos, conse-
cionários da extensão e seis da Defesa comprovem que o café é sustentável”, diz
Da mesma opinião lhos e associações mostram-se bastante
Agropecuária, a Casa da Agricultura de Regional de Desenvolvimento Rural do Marcos Antônio Bérgamo Fávaro, gerente
compartilha Benedito ansiosos com a segunda fase do Programa
Piraju abriga muitas histórias de batalha, Município de Piraju, a expectativa de produ- de comercialização da Proced.
Pontes. Há 30 anos Estadual de Microbacias Hidrográficas –
trabalho, dificuldades e conquistas para ção de café para 2010 é bastante positiva.
trabalhando com café Outro ponto positivo para a comer- Acesso ao Mercado. Os envolvidos com o
transformar o café da região em um produ- “Em 2009 choveu praticamente todos os me-
e cuidando de duas cialização, segundo Fávaro, são os con- setor esperam que o programa colabore
to reconhecido por sua qualidade. ses. Houve perda tanto na qualidade, quan-
propriedades, que to- cursos de café. “Temos um carinho muito para a valorização da cafeicultura, para a
to na quantidade de grãos. Esperamos que
Antes considerada como produtora de talizam 35 alqueires, ampliação do mercado e geração de renda.
neste ano sejam produzidas 360 mil sacas de especial pelos concursos, afinal foram
café de baixa qualidade, hoje a região de com 50 mil pés de café
café, nas 1.706 propriedades, que compre- eles que valorizaram o café da região e De acordo com o coordenador da CATI,
Piraju é uma das quatro maiores regiões e produção anual de
endem 18 mil hectares, nos 17 municípios são neles que apresentamos a qualidade José Luiz Fontes, o foco do Microbacias II será
produtoras de café do Estado de São Paulo, 500 sacas, Benedito e o
da região”. Rodrigues também informa que do nosso produto”. a produção agrícola sustentável mediante a
com primeiras colocações em concursos irmão João Pontes es-
um dos desafios do Conselho Regional, em melhoria econômica e social dos agriculto-
nacionais e internacionais. Mesmo com tão investindo nessas
parceria com o Conselho Municipal, com o Concursos e encontros: de café de res familiares e a conservação dos recursos
as adversidades climáticas, características propriedades. “Graças
Sindicato Rural e com a Casa da Agricultura, baixa qualidade a café premiado naturais. “O Microbacias II vai incentivar que
da região, com inverno chuvoso e muito Casa da Agricultura de Piraju: importante trabalho para a cafeicultura
úmido, Piraju vem reforçando sua tradição da região é melhorar o valor da saca. “Fizemos uma a produção tenha cada vez mais qualidade
Desde 1999, anualmente, é realizado
como polo cafeicultor. E ajudando a escre- pesquisa que mostrou discrepâncias entre os e que seja baseada em parâmetros am-
explica: “ao ser descascado e desmucilado, o “Encontro de Cafeicultores de Piraju e
ver essa história de progresso está a Casa custos de produção e de venda. Enquanto o bientais e de responsabilidade social. Essas
o café seca mais rápido e não corre o risco Região”. Nesses encontros, desde 2002, os
da Agricultura, presente no dia-a-dia dos produtor gasta, em média, cerca de R$ 360,00 práticas sustentáveis deverão agregar valor
de fermentar, fatores que contribuem para cafeicultores também podem participar do
produtores. para produzir, ele vende a saca por aproxima- ao produto e atender aos novos padrões de
a preservação do grão e da qualidade do “Concurso Regional de Qualidade de Café
damente R$ 260,00”, informa. consumo – de cidadãos mais conscientes e
Localizada no sudoeste paulista, a 340 café”. de Piraju e Região”, nas categorias cereja
exigentes. Como consequência, pequenos e
quilômetros da Capital, com altitude média Segundo Mariano Ribeiro Filho, descascado e café natural. Na etapa regio-
O pro- médios produtores poderão certificar seus
de 700 metros, a cidade, que acolhe cerca presidente do Conselho Municipal de nal, organizada pela Casa da Agricultura de
dutor Pedro produtos, obter melhores preços e acessar
de 30 mil habitantes, conta com aproxima- Desenvolvimento Rural, além do investimen- Piraju, em parceria com a Proced, partici-
Tonon, de mercados específicos”, avalia Fontes.
damente 700 propriedades rurais das quais to na mecanização, outros valores devem pam, por ano, cerca de 70 produtores que
73 anos, 40
240 são destinadas ao café, em uma área de 4 ser considerados. “O produtor não consegue enviam amostras para serem analisadas por Os programas da CATI e a assistência da
dedicados à um grupo de provadores experientes. Os Casa da Agricultura de Piraju são definiti-
mil hectares. A história do café em Piraju teve manter os custos dos funcionários e os pre-
início em meados do século XIX, com a povo- cafeicultura, cinco primeiros colocados na etapa regional vamente importantes aliados dos agricul-
ços dos insumos estão muito elevados”.
ação e o destaque do café como principal la- é a prova de participam do concurso estadual e, se clas- tores, porque contribuem para fortalecer
que vale a Benedito e João Pontes: investimento no cafezal com Além de bons produtores, os cafei- sificados, concorrem no concurso nacional.
voura. A partir de então, a região se desenvol- a cafeicultura e fazer com que ela continue
equipamentos financiados cultores precisam entender de adminis-
veu bastante, mas duas fortes geadas – em pena inves- sendo a mais importante atividade agrope-
tração. “O produtor sabe produzir com “Os objetivos dos encontros e dos con-
1975 e 1994 – eliminaram cafezais inteiros. tir em novos às orientações da Casa da Agricultura cuária e a principal geradora de empregos
qualidade. Já, valorizar o produto perante cursos são levar aos produtores conheci-
sistemas e em relação às linhas de crédito, conse- e de renda da região. 
Foi nesse cenário de desânimo que o mercado não é uma tarefa fácil para eles. mento e orientações relacionados ao seg-
equipamen- guimos financiar um secador, um pulve-
Mattosinho começou a atuar. “Iniciamos Precisamos ter um preço base justo para mento cafeeiro e incentivar a produção com
tos. Com rizador e um trator. Se não fosse a CATI qualidade”, explica Mattosinho. De acordo
um processo de renovação das lavouras que, pelo menos, os custos sejam repos-
e orientamos o plantio no sistema mais quatro pro- e o Feap, não teria condições de adquirir com Francisco Rodrigues, prefeito de Piraju,
tos”, explica José Rubens de Oliveira, presi-
adensado, que contribui para aumentar priedades, esses equipamentos e investir no cafezal”, antes da existência dos concursos, a região
dente do Sindicato Rural.
a produtividade por hectare. Sugerimos que somam conta Benedito. Uma das dificuldades era conhecida como produtora de cafés de
também o uso intensivo de insumos e 120 alquei- apontadas pelos irmãos é em relação à Para auxiliar a comercialização do café baixa qualidade e essa avaliação mudou.
maior controle de pragas e doenças. Mas res, com um milhão de pés de cafés em pro- mão-de-obra. “Cara e nem sempre quali- da região, a Associação dos Produtores de “Esses eventos são fundamentais, pois foi a
a mudança significativa para a melhoria dução, Pedro ganhou, em 2002, um prêmio ficada”, explica. Café Descascado de Piraju e Região (Proced) partir deles e com a implantação de moder-
da qualidade do café foi a implantação de de qualidade de uma torrefadora italiana. estimula os produtores a conhecerem bem nas tecnologias que a nossa região se con-
Mas as dificuldades não desanimam os
novas tecnologias, como máquinas des- “Nessa minha história, percebo que a épo- cafeicultores, que estão motivados com a os grãos que produzem e a atentarem para sagrou definitivamente como produtora de
cascadoras”, conta Mattosinho, que ainda ca atual é boa. A colheita está melhor e a colheita de 2010. a sustentabilidade. “Muitos perdem mer- cafés de excelente qualidade”, analisa.
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24 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬25

Irrigação e fertirrigação: mais


com treinamento básico, qualquer funcioná-
rio da propriedade tem capacidade de operar
o sistema sem grandes dificuldades.

segurança na cafeicultura O mais importante no sistema é o mo-


nitoramento, que é feito por tensiômetro,
aparelho que mede a tensão da água no
solo. A instalação é simples e as leituras diá-
Wanderlei Tavares Dias – Engenheiro Agrônomo – CATI Regional Marília – Casa da Agricultura de Garça – ca.garca@cati.sp.gov.be
rias são imprescindíveis. A atenção deve ser
para a utilização correta da quantidade de
água, de forma racional, sendo o monitora-
mento fundamental para esse controle. A
maioria dos insucessos na irrigação está no
uso da água em excesso.

A água usada para irrigação pelo sis-


tema de gotejamento precisa ser de boa
qualidade e quantidade suficiente, uma vez
que os orifícios por onde passam a água são
microscópicos e poderá ocorrer o entupi-
mento por impureza ou por minerais inde-
sejáveis, como ferro, cálcio, matéria orgânica
entre outros. Esse sistema, quando tomados
todos os cuidados necessários, tem uma
vida útil de, aproximadamente, 20 anos.

O custo para fertirrigação é variável de


acordo com o tipo de adubo usado, que
pode variar de R$ 2 mil a R$ 3.500,00/ha. É
essencial que o produtor fique atento para
o uso de adubos acidificantes, uma vez que
a adubação é concentrada em um espaço
muito reduzido de solo.

O custo de implantação do sistema


para um hectare de café em condições nor-
mais com, aproximadamente, 5 mil plantas
por hectare é ao redor de R$ 5 mil/ha, custo
que poderá ser totalmente pago já na ter-
ceira safra de café nos preços atuais.

Na cafeicultura, a irrigação é usada


por volta de nove meses, dependendo da
intensidade e do volume de chuvas ocor-
ridos no período. Nos meses que vão de
Produtividade garantida com a irrigação por gotejamento junho a agosto o uso é reduzido, chegando
a quase zero, período em que a planta está

A cafeicultura ainda é a principal cultura A região de Garça, pertencente à CATI ha. Já nas áreas irrigadas a média de produ- em dormência e coincide com a colheita. A
da região oeste paulista e está resistin- Regional Marília, conta com uma área de tividade é de 50 sacas de café beneficiado maior intensidade do uso da irrigação se dá
do bravamente à entrada da cana-de-açú- café de, aproximadamente, 25 mil hectares, por hectare. No entanto, apenas metade dos na florada, no enchimento de fruto e nos
car, fato este que nenhuma outra cultura dos quais a área irrigada já se aproxima dos cafeicultores irrigantes utiliza o sistema para meses mais quentes do ano. Furos no siste-
resistiu. Além da entrada de uma nova cul- 5 mil e 100% das propriedades já trabalham fertirrigar, os demais o utilizam apenas para ma por roedores, cortes das tubulações por
trabalhadores e outros devem ser evitados.
tura, a região sofreu, de 2004 a 2008, com com o sistema de irrigação por gotejamento, a irrigação, por receio ou desconhecimento
os baixos níveis de chuvas que fizeram com que é o fornecimento de gota a gota de água técnico. Muitos produtores ainda acreditam Enfim, a avaliação do uso da irrigação
que a cultura de café tivesse baixa produ- para a cultura, sendo a maneira mais eficien- que a irrigação ou, mesmo, a fertirrigação são por gotejamento na região é positiva, pois
tividade nesse período, época também em te de levar água e nutrientes para a planta. A como um bicho de sete cabeças. Na realida- tem garantido altas produtividades e tor-
que os primeiros projetos de irrigação fo- produtividade nas áreas de sequeiro está na de, são sistemas simples e eficientes de forne- nado a cultura de café uma atividade lucra-
ram instalados. ordem de 25 a 30 sacas de café beneficiado/ cimento de água e nutrientes para a planta e, tiva e prazerosa para o cafeicultor.  Água e nutrientes para as plantas, na quantidade adequada, asseguram a qualidade dos grãos
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26 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬27

Cuidados na produção de grãos


que vem conquistando mais espaço no
mercado. O cuidado precisa começar já na
escolha do terreiro: de tamanho adequado,

de café de qualidade bem localizado, com superfície permeável


e boa declividade. O café deve ser espa-
lhado em camadas finas e movimentado
Aldir Alves Teixeira – Engenheiro Agrônomo; Doutor em Agronomia – Membro da Câmara Setorial de Café da Secretaria de Agricultura e constantemente para perder a umidade
Abastecimento de São Paulo – assicafe@terra.com.br
externa.

Ao fim dos primeiros dias, os frutos de-


vem ser enfileirados, no sentido da declivi-
dade, para favorecer a homogeneização da
seca. Quando o café atingir a meia seca (20%
de umidade), deve ser amontoado e cober-
to com lona de pano, nunca de plástico,
para ser protegido da chuva e do orvalho da
noite. Também pode ser colocado no seca-
dor, de preferência o de fogo indireto, mais
fácil de controlar a temperatura e a fumaça.
A carga deve ser completa e com lotes ho-
mogêneos, sem misturá-los, permitindo
boa ventilação, sem calor excessivo. A lenha,
normalmente utilizada, deve estar seca para
Equipe avalia os atributos do café evitar perda de energia e cheiro de fumaça.

Os cafés descascados exigem uma se-


cagem lenta, em temperatura máxima de
40ºC, com intervalos para descanso e igua-
lação. A seca contínua deverá sempre ser
evitada. Ao final do processo, o grão deve
ter umidade máxima de 11%, pois grãos
úmidos se deterioram.

Quanto à armazenagem, é fundamen-


tal que seja feita em local com boa venti-
lação, sem umidade, escuro e com tempe-
ratura interna de até 22ºC. Pássaros e pro-
dutos químicos, que podem contaminar
o café, não devem ficar nas tulhas e nos

O mercado de cafés especiais vem ocu-


pando um espaço cada vez maior
entre os consumidores, por oferecer uma
Por isso, uma xícara de bom nível só
pode ser obtida com grãos de qualidade
superior da espécie arábica, sem defeitos
A colheita é a única etapa na qual os
grãos imaturos e verdes podem ser evita-
dos. Por isso, antes de iniciá-la, o produtor
armazéns. Antes de ir ao beneficiamento, o
café deve permanecer, pelo menos, 30 dias
em descanso.
bebida com mais aroma e sabor. Esse seg- capitais (preto, verde, ardido e preto-ver- deve verificar o estágio de maturação dos
mento tem crescido entre 10% e 15% ao de), o que exige cuidados da colheita ao frutos: basta colher amostras aleatórias nas Com esses cuidados, o grão manterá
ano, em todo o mundo – tendência que beneficiamento. Apesar das exigências, o partes alta, média e baixa da planta, nos sua qualidade por mais tempo e permitirá
deve ser mantida na próxima década –, en- segmento de cafés de qualidade é interes- dois lados, e calcular a porcentagem para aos torrefadores criar blends capazes de
quanto os cafés tradicionais, comercializa- sante ao produtor, porque oferece remune- cada estágio. A incidência de frutos verdes satisfazer os mais exigentes consumidores.
dos como commodity, crescem não mais do ração superior às praticadas pelo mercado. e verdoengos não deve passar de 10%.
Os cafés bem preparados podem ser
que de 2% a 3%. Depois da colheita, o café deve ser con- inscritos em prêmios de qualidade, como: o
Porém, por desconhecimento ou falta
O espresso – extração mais rápida, de de cuidado, o produtor “tropeça” em três duzido ao lavador e, a seguir, sem água, Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café para
alta pressão e temperatura – ressalta as ca- etapas fundamentais: a colheita iniciada para o terreiro de secagem se o preparo ‘Espresso’, promovido pela illycaffè desde
racterísticas de sabor e aroma da bebida, for de café natural. Se o preparo for de café 1991; e o Concurso Estadual de Qualidade
antes do prazo, a secagem e o armazena-
oferecendo, ao mesmo tempo, menos ca- descascado ou despolpado, deverá passar do Café de São Paulo, criado em 2002, e que
mento malconduzidos. Esses três aspectos
feína do que o café de coador. Assim, se os pelo despolpador antes de ir ao terreiro. leva o meu nome – graças à homenagem
determinam a diferença entre uma safra de
grãos forem de boa qualidade, o espresso qualidade e um café ‘commodity’, desmere- A secagem merece mais atenção quan- que recebi da Câmara Setorial do Café de
Aldir Alves Teixeira São Paulo. 
será excelente. cido e com sabor e preço inferiores. do envolve cafés descascados, segmento
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28 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬29

Café: mais qualidade, melhores


Na outra ponta, temos o crescimento res. Daí a necessidade de utilizar também qualidades. Isso exigirá, por sua vez, o
significativo das cafeterias e casas de café as metodologias de avaliação sensorial, fornecimento de grãos compatíveis pe-

preços, maior consumo


que, com seus baristas, são fundamentais para qualificar a bebida conforme seu con- los cafeicultores.
no processo de divulgação da cultura e sumo.
A Qualidade Global será avaliada por
da qualidade junto aos consumidores.
Em síntese, o Regulamento Técnico classificadores que serão treinados em la-
Soma-se, ainda, à demanda de máquinas
Nathan Herszkowicz – Presidente da Câmara Setorial do Café, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e diretor passa a estabelecer o padrão oficial de boratórios credenciados pelo Ministério
domésticas para uso nos lares e nos escri-
executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) – nathan@abic.com.br classificação do produto, considerando da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
tórios, nas academias, nos consultórios,
os requisitos de identidade e qualidade, a permitindo um amplo monitoramento de
hotéis e restaurantes, o que contribui
amostragem, o modo de apresentação e a milhares de marcas de café existentes no
para o preparo de cafés igualmente de
marcação ou rotulagem. Dessa forma, de- País. Quando entrar em vigor, o Ministério
melhor qualidade, independentemente
termina que os cafés oferecidos aos consu- dará início à fiscalização sobre o cumpri-
se filtrados ou espresso, em sachês ou
midores, em grãos torrados ou torrados e mento do Regulamento. Para isso, equipes
cápsulas.
moídos, tenham Qualidade Global Mínima de fiscais agropecuários espalhadas por
Há todo um cenário otimista e, exa- igual ou superior a 4 pontos, além de impu- todo o País irão coletar amostras (emba-
tamente por isso, ganha grande impor- lagens fechadas) de diversas marcas no
tância o Regulamento comércio varejista, su-
Técnico do Café Torrado permercados, padarias,
em Grão e do Café cestas básicas, restau-
Torrado e Moído, criado rantes ou na indústria.
pela Instrução Normativa Elas serão encaminha-
16 e que entrará em vi- das aos laboratórios ofi-
gor a partir de fevereiro ciais, ou credenciados,
de 2011. Além de pre- para análise de micros-
servar todas essas con- copia e para a prova de
quistas, esse regulamen- xícara, que é a avaliação
to vai estimular ainda sensorial de atributos
mais o setor. Afinal, ao como corpo, aroma,
definir um nível mínimo doçura, acidez e finali-
de qualidade – 4 pontos zação.
em uma escala de zero a
Uma primeira reu-
10 – excluem-se do mer-
nião foi realizada, em
cado grãos baixos, que
junho de 2010, em Belo
afugentam os consumi-
Horizonte, com repre-
dores, e promovem-se a
sentantes da ABIC e téc-
produção e a industriali-
nicos do Departamento

O consumo de café no Brasil foi de 18,4 A indústria de café vê com bons olhos 2014. Isso representa enormes oportu- zação de cafés de melhor
de Inspeção de Produtos
milhões de sacas em 2009. A expec- a recente valorização dos preços do grão. A nidades para esses cafés diferenciados e qualidade, sejam tradi-
de Origem Vegetal
tativa para 2010 é atingir 19,5 milhões de estabilidade das cotações da matéria-prima certificados. cionais, superiores ou
(Dipov), da Secretaria da
sacas, pois o consumo está mostrando mui- nos últimos cinco anos tirou renda do pro- gourmet.
No Estado de São Paulo, a cada ano reza máxima de 1% e nível de umidade de Defesa Agropecuária do Ministério. O obje-
to vigor, embalado pelo crescimento da dutor e quase inviabilizou a atividade. Esse Com esse Regulamento, o Brasil passa a até 5%. Os cafés em grão torrado ou torra-
são maiores as produções de cafés de alta tivo do encontro foi dar início à definição
renda da população. Esse fenômeno está fato teve reflexos também na indústria que, ser o primeiro país a adotar, em norma ofi- do e moído que não se enquadrem nessas
qualidade. As regiões Mogiana, Centro- de como serão criadas as amostras físicas
influenciando a demanda por cafés de alta igualmente, viu a rentabilidade do negócio cial, as modernas técnicas de avaliação sen- exigências serão considerados Fora de Tipo
Oeste e Sorocabana possuem vários de referência para o padrão mínimo. Essas
qualidade, como os gourmet ou superio- desaparecer. Dessa forma, a recente valori- sorial do produto final para estabelecer as e proibidos na comercialização.
bolsões de produção de café, com os ca- amostras são necessárias para que os clas-
res. Em 2010, mais de 20 novas marcas de zação do café restabelece o interesse pela feicultores dominando as boas técnicas características da qualidade recomendável,
A edição dessa norma para o café in- sificadores em todo o País tenham uma re-
cafés superiores já foram certificadas pelo atividade e recupera parte do lucro neces- de produção, colheita e preparação do aquelas que tornam a bebida apreciada e ferência para comparar com o café que está
dustrializado foi uma demanda da ABIC,
Programa de Qualidade do Café (PQC) da sário para a sustentabilidade dos negócios. grão, que conduzem à alta qualidade. O que impulsionam o consumo. Até hoje, em sendo analisado. Afinal, a Qualidade Global
feita em 2006, com base nos resultados
ABIC. Além disso, esse programa já certifica Concurso Estadual de Qualidade do Café todo o mundo, a qualidade do café sempre da Bebida é resultante da percepção con-
A tendência é que o consumo con- positivos obtidos com a implantação do
e monitora 100 marcas de café gourmet, es- de São Paulo – Prêmio Aldir Alves Teixeira, tomou por base a avaliação, classificação junta das características sensoriais do pro-
tinue a se expandir e que os consumi- Programa de Qualidade do Café. Para os
palhadas pelo Brasil, o que é um indicativo promovido pela Câmara Setorial de Café e degustação do grão verde. Entretanto, o duto. Daí a importância de amostras que,
dores aumentem seu interesse por cafés industriais de café, o novo Regulamento
significativo de que o consumidor brasilei- e a Codeagro, tem sido uma importante processo de industrialização, a torração, a efetivamente, sejam representativas dos
de melhor qualidade e com maior valor significa que o mercado passará a
ro tem à sua disposição cafés iguais ou me- ferramenta de promoção e difusão dos moagem e a embalagem utilizada também cafés industrializados em todo o País, das
agregado. A previsão dos economistas é ser disputado não mais pelos menores
lhores que os superiores cafés do mundo. conhecimentos para a produção de cafés influenciam decisivamente nas característi-
a de que o Brasil tenha 140 milhões de preços para os produtos, mas, sim, por variedades arábica ou robusta, cultivados
especiais. cas da bebida degustada pelos consumido-
consumidores nas classes A, B e C até aqueles que apresentarem melhores em diversas regiões. 
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30 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬31

Composição química e
Composição química do Café Cru (Verde)
Componente % em base seca
Árabica Robusta

benefícios do café para a saúde


Cafeína 1.2 2.2
Trigonelina 1.0 0.7
Cinzas (41%=K) 4.2 4.4
Ácidos
Professor Doutor Darcy Roberto Lima – Instituto de Neurologia da UFRJ, Mestrado e Doutorado em Medicina – Pós-Doutorado em História Ácido clorogênico total 6.5 10.0
da Medicina pela Universidade de Londres – drlima@cafeesaude.com.br Alifáticos 1.0 1.0
Quínico 0.4 0.4

A maioria das pessoas que tomam café Açúcares

diariamente ignora quais são as subs- Sacarose 8.0 4.0

tâncias que estão presentes no grão e pensa Redutores 0.1 0.4


Polissacarídeos 44.0 48.0
que o café contém apenas ou principalmen-
Lignina 3.0 3.0
te cafeína. Grande engano. O café possui
Pectina 2.0 2.0
apenas de 1 a 2,5 % de cafeína e diversas
Proteína 11.0 11.0
outras substâncias em maior quantidade. E
Aminoácidos livres 0.5 0.8
essas outras substâncias podem até ser mais
Lipídeos 16.0 10.0
importantes do que a cafeína para o orga-
Fonte: Encyclopedia of Food Science, Tecnology and Nutrition Academic Press, 1993.
nismo humano. O grão de café (café verde)
possui, além de uma grande variedade de
minerais, aminoácidos, lipídeos, açúcares, Substâncias presentes no grão de café (conforme a torra)*
uma vitamina do complexo B, chamada Cafeína (1-2,5%)* - Termoestável
niacina e, em maior quantidade que todos Niacina (0,5%)* - Dependente de torra ideal
os demais componentes, os ácidos cloro-
Ácidos clorogênicos (7-10%) - Torra ideal
gênicos, na proporção de 7 a 10 %, isto é, 3
Aminoácidos - Torra ideal
a 5 vezes mais que a cafeína. Mas apenas a
Sais Minerais* - Torra ideal
cafeína é termoestável, ou seja, não é des-
Açúcares - Torra ideal
truída com a torrefação excessiva. As demais
Lipídeos - Torra ideal
substâncias, como aminoácidos, açúcares, li-
pídeos, niacina e os ácidos clorogênicos, são Diversos (pigmentos, cinzas etc.)* - Depende da torra

preservadas, formadas ou, mesmo, destruí- *Presentes na bebida

das durante o processo de torra.

A cafeína antagoniza os efeitos da


adenosina, uma substância química do Café é rico em minerais
cérebro (neurotransmissor) que causa Teor Mineral (por litro):
o sono, e atua na microcirculação, me- Café Água Mineral Bebida Isotônica*
lhorando o fluxo sanguíneo. Os ácidos K100/500 mg 1,50 mg 120 mg
clorogênicos (7 -10 %) são polifenóis Ca 100/300 mg 60 mg 0 mg
com ação antioxidante que, no proces- Mg 120/250 mg 13 mg 0 mg
so de torra, formam quinídeos, os quais Na 20 a 70 mg 1 mg 450 mg
possuem um potente efeito antagonista Cl 0,01 mg 0,01 420 mg
opioide. Isto é, bloqueiam no sistema Por isso, o consumo regular de uma timula a vigília; a atenção; a concentração; Fe 2 a 5 mg 0 mg 0 mg
límbico o desejo excessivo de autograti- planta como o café, na dose de 4 xícaras a capacidade intelectual e os ácidos cloro- Zn 5 a 30 mg 0 mg 0 mg
ficação que leva o indivíduo insatisfeito diárias, pode ajudar a prevenir a depressão gênicos modulam o estado de humor, im-
Sr 5 a 20 mg 0 mg 0 mg
a se deprimir e a consumir drogas como e suas consequências, como o consumo de pedindo a depressão que leva ao consumo
Outros 1-2 mg traços** H 60g/24kcal
nicotina, álcool e, mesmo, as ilegais. drogas, conforme dados de diversos estu- de drogas legais, como o álcool, ou ilegais,
Adicionalmente, os quinídeos inibem dos científicos modernos feitos no Brasil e como cocaína, maconha e outras. Por isso,
* Bebidas isotônicas são quase iguais à solução caseira de Reidratação
a recaptação da adenosina (a qual atua no exterior. Esses resultados inéditos expli- o consumo diário de café, com ou sem lei-
Oral (SRO), obtida com uma pitada de açúcar e outra de sal em um copo
por mais tempo), agindo, assim, de for- cam por que a humanidade escolheu essa te, é recomendado para jovens e adultos
de água, acrescida de potássio.
ma protetora contra os efeitos da cafeí- planta como bebida para consumo logo ao de todo o mundo. A bebida, uma solução ** Traços - quantidade mínima.
na nas células nervosas e melhorando a acordar e para se manter desperta, ativa e aquosa, não contém gorduras e proteínas, Fonte: Darcy Roberto Lima, 101 Razões para Tomar Café, 2010, Café Editora.
microcirculação. de bom humor durante o dia: a cafeína es- sendo destituída de valor calórico. 
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32 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬33

4C - Prática sustentável de
De acordo com Andrea Brüestle, coor-
denadora de parcerias da 4C, o Brasil, em

produção cafeeira
comparação a outros países, é bastante
avançado nas questões relacionadas à sus-
tentabilidade. No entanto, ainda há mui-
tos produtores que não valorizam práticas
Roberta Lage – Jornalista – CECOR/CATI sustentáveis. “Há muita demanda por cafés
sustentáveis. Esse é o futuro do mercado.

C ada vez mais os consumidores procuram, nas prateleiras dos O produtor que aderir às boas práticas terá
mercados, produtos fabricados por empresas comprometidas melhor acesso ao mercado e um meio am-
com a responsabilidade social e ambiental. Seguindo esse panorama, biente mais preservado”, explica Andrea.
uma associação da Alemanha criou, em 2006, junto com produtores, O eng.º agr.º Wilson Morozini Filho, da
indústria, comércio, sociedade civil e órgãos ligados ao setor cafeeiro, CATI Regional Marília, ficou satisfeito com os
a Associação 4C (Associação do Código Comum para a Comunidade conhecimentos adquiridos na capacitação.
Cafeeira). “Conheci mais detalhes do programa e vi que
O código tem como objetivo estabelecer critérios que estimulem é possível estimular o agricultor a se adequar
os atores da cadeia do café a adotarem práticas que garantam maior à legislação e às regras de sustentabilidade”.
sustentabilidade social, ambiental e econômica, por meio de melhorias Adaptar-se aos princípios do 4C não é com-
contínuas, desde a produção até o processamento e a comercialização plicado, segundo outro participante do curso.
dos grãos. “O sistema 4C tem como missão aumentar a eficiência, pro- “Muitas das propriedades já estão muito per- Técnicos conhecem os princípios do 4C
dutividade e qualidade a fim de garantir normas sociais adequadas, to de serem enquadradas no código de con-
proteger os recursos naturais nas regiões cafeeiras e aperfeiçoar as es- duta. O desafio é fazer com que o produtor
truturas organizacionais”, explica Luis Flávio de Andrade, engenheiro reconheça a importância de práticas susten-
agrônomo e coordenador da 4C no Brasil. táveis e se aliem a parceiro como associações
ou cooperativas”, avalia Caetano Motta Filho,
Além de estimular as boas práticas agrícolas, o 4C visa excluir práti-
engenheiro agrônomo da CATI Regional
cas inaceitáveis, como, por exemplo, trabalho escravo e infantil, tráfico
humano, derrubada de florestas primárias, uso de pesticidas banidos, Marília. Para Paulo Mattosinho, engenheiro
transações imorais nas relações de negócios, entre outras definições agrônomo da Regional de Ourinhos e presi-
baseadas na Declaração de Direitos Humanos da Organização das dente da Comissão Técnica de Cafeicultura
Nações Unidas, convenções e legislações nacionais. da CATI, esse é o momento ideal para a rea-
lização do workshop. “O encontro foi muito
Podem aderir à Associação 4C produtores individuais ou aque- interessante porque veio ao encontro da pro-
les que fazem parte de um grupo, cooperativa ou associação. Para gramação da segunda fase do Programa de
conhecer, com mais detalhes, o código de conduta e o regulamen- Microbacias, em que a CATI irá trabalhar com
to de participação acesse o site www.4c-coffeeassociation.org ou projetos de gestão. Acredito que o 4C vai ser
consulte a Casa da Agricultura de sua região, já que os técnicos da uma ferramenta excepcional que garantirá
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) foram treinados
mais renda aos produtores”.
para serem instrutores 4C.

Técnicos da CATI são capacitados para o 4C


A agroindústria
Cerca de 30 técnicos da CATI, das regiões de Ourinhos, Marília,
sustentável é uma
São João da Boa Vista e Franca, participaram, em julho, de um
workshop de treinamento para Instrutores 4C. exigência do mercado
A parceria entre a CATI e a Associação 4C surgiu com o objetivo de
politicamente correto
preparar os técnicos da instituição para retransmitirem os princípios
do 4C aos produtores do Estado de São Paulo de forma a adequá-los A expectativa dos organizadores do
às exigências mínimas de sustentabilidade. “Outros estados do País, evento é que os agricultores paulistas pos-
como Paraná e Minas Gerais, já possuem padrões de sustentabilida- sam aderir cada vez mais às práticas do
de. A CATI, por seu respeitável trabalho junto à cafeicultura paulista, Código de Conduta 4C como primeiro passo
não poderia deixar de conhecer e aplicar princípios que ampliem a rumo a uma cafeicultura mais sustentável.
sustentabilidade do café e aumentem a qualidade de vida dos pro- Dessa forma, será possível praticar uma cafei-
dutores”, afirma o eng.º agr.º Odracyr Capponi, funcionário da CATI cultura ambientalmente consciente, social-
até 2008 e hoje consultor do MDA, um dos organizadores do evento. Dinâmicas de grupo auxiliam os participantes na compreensão de conceitos
mente justa e economicamente viável. 
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34 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬35

Irrigação garante a produtividade da


ou algum nutriente e decidir o momento
correto de iniciar a irrigação”.

lavoura cafeeira de propriedade na A importância da irrigação está, primei-


ramente, no fato de o cafeicultor eliminar

região de Tupã
o impacto dos veranicos, responsáveis em
muitos casos pelo abortamento de mudas
recém-plantadas. Com a irrigação, é possí-
Cleusa Pinheiro – Jornalista – CECOR/CATI vel promover um ciclo completo na planta.
Começa-se com o manejo de estresse, de-
pois, se não chover em setembro, pode-se
promover a indução de florada.

Na Fazenda Santo Antônio, a irrigação


trouxe ganhos econômicos e sociais.
“A melhor produtividade teve reflexo
direto no aumento da receita gerada
pela cultura e na geração de postos de
trabalho. Além disso, as boas expectativas Sistema de irrigação garante a produtividade em época de seca
de preço fizeram com que investíssemos dito do BNDES, mas Bernal Simões enfatiza forma tratorizada e, com isso, reduzimos
ainda mais na cultura: hoje nossa que o sistema é viável para as pequenas custos. Além disso, o sistema de irrigação,
colheita é mecanizada, 90% da derriça propriedades. “Os agricultores familiares que é todo automatizado, possibilita que
é mecanizada. Há 10 anos temos um podem procurar a CATI para orientação o trabalho seja feito durante 24 horas”,
ensaio de variedades de café resistentes sobre as melhores linhas de financiamento esclarece Bernal Simões.
ao nematoide, em uma parceria da CATI disponíveis para a sua realidade”.
com o IAC e cooperativas da região”, Para iniciar a fertirrigação, é funda-
comemora Bernal Simões. O eng.° agr.° Paulo Makimoto, dire- mental fazer análise do solo, calagem e, se
tor da CATI Regional Tupã, reforça o que necessário, gessagem (colocação de gesso
Investimento diz Bernal Simões e acrescenta: “Ainda no solo, para facilitar a absorção do adu-
são poucos os produtores que utilizam bo). 
Na Fazenda Santo Antônio, a água a irrigação na lavoura cafeeira em nossa
para irrigação é obtida de um poço ar- região. Mas é preciso enfatizar a sua im-
tesiano. “Na implantação do primeiro portância, pois possibilita aos pequenos Alguns benefícios da irrigação na
O produtor e engenheiro agrônomo Francisco E. Bernal Simões adotou a irrigação e comemora a alta produtividade projeto de irrigação, em 12 hectares, produtores aumentar o número de pés lavoura de café
construímos um poço semiartesiano, na mesma área e, com isso, aumentar a

“A irrigação não aumenta necessaria- com café é paixão. Passamos por períodos dutividade de 77 sacas de café beneficiado instalamos a casa de máquinas, as man- sua renda. Os técnicos das nossas Casas • Aumento do potencial de cresci-
mente a produtividade, mas garan- difíceis com ataque de nematoides, que por hectare; e a média de todos os talhões gueiras e tubulações, com um custo da Agricultura estão aptos para oferecer mento da planta nos meses em que
te a produtividade”. Essa frase reflete o que conseguimos contornar com a utilização do foi de 59,3 sacas por hectare. Isso demonstra aproximado de R$ 3.200,00 por hectare. assistência técnica e auxiliar no acesso não há chuva.
tem acontecido na Fazenda Santo Antônio, café enxertado. Além disso, as oscilações de que a irrigação é a saída para os cafeiculto- Na segunda etapa, quando ampliamos ao crédito para que os agricultores fa- • Diminuição do impacto dos vera-
de propriedade do eng.º agr.º Francisco preço são constantes. Nos últimos oito anos, res da região da Alta Paulista, a qual tem um o sistema para os outros 60 hectares, miliares possam instalar sistemas de ir- nicos no período de granação de
Eduardo Bernal Simões, no Município de a produtividade caiu, apesar de termos la- período de estiagem que vai de maio a mea- abrimos um poço artesiano e tivemos rigação”. frutos.
Herculândia, pertencente à CATI Regional vouras novas. Também sofremos muito com dos de outubro”, diz o produtor. um custo de instalação de, aproximada-
mente, R$ 5.200,00 por hectare”, escla- Fertirrigação • Promoção da fertirrigação, distri-
Tupã. “Se chover normalmente, a gente a ocorrência de chuvas no início do mês de
Segundo ele, café irrigado é um proces- buindo o adubo pronto para que
mantém a produtividade. Se não cho- agosto e, depois, com período prolongado rece o produtor.
so que demanda acompanhamento espe- Além de eliminar o fator limitante, a planta o absorva, diminuindo as
ver, é possível produzir da mesma forma. de estiagem, entre a florada e o pegamen- Segundo Bernal Simões, o investimen-
cializado, trabalho de tensiometria (utiliza- que é a falta de água em períodos perdas por volatização.
Começamos, há três anos, um projeto de ir- to, o que resultava em muitas perdas. Nos to inicial na irrigação é alto, mas pode ser
ção de equipamento que mede a tensão cruciais na lavoura de café, a irrigação
rigação em 12 hectares. Com os excelentes últimos três anos percebemos que a falta de recuperado com segurança na primeira • No caso de produtores de café ce-
da água retida no solo) e monitoramento também permite o desenvolvimento de
resultados obtidos, ampliamos a irrigação água estava limitando a produtividade pós- safra, em dois anos. “Com a irrigação temos reja descascado, a irrigação tem pa-
do balanço hídrico. “Para irrigar não basta outra tecnologia, que tem se mostrado
para mais 60 hectares, abrangendo, assim, -florada”, ressalta o produtor. a garantia da produtividade, mesmo dian- pel preponderante.
apenas jogar água. É preciso saber quan- benéfica para a cultura: a fertirrigação.
todo o parque cafeeiro da propriedade”, es- Com a utilização da irrigação por goteja- do, como e qual a quantidade de água a te das intempéries do clima. Na primeira • Possibilidade da utilização da qui-
“Ao utilizar o sistema de gotejamento
clarece Bernal Simões. mento, o quadro mudou muito. Na primeira ser utilizada. No período de seca, é feita a safra, tendo por base os valores atuais de migação (distribuição de defensi-
temos uma distribuição mais homo-
A Fazenda Santo Antônio tem tradição safra, a produtividade passou de 22 sacas leitura diária do tensiômetro. Analisando R$260,00 a R$300,00 a saca, o investimento vos agrícolas de forma mais equili-
gênea dos fertilizantes ao longo do
com a cultura cafeeira desde 1966 e, como por hectare para 41. “Esse resultado já foi as folhas e o solo por talhão, é possível mo- é recuperado”. brada pelo sistema de irrigação)
ano, fornecendo nutrientes de forma
outros cafeicultores, o agrônomo se revela muito bom, porém, na safra de 2010, obtive- nitorar a lavoura e acompanhar o que está Na propriedade, os sistemas de irriga- adequada em condições não favoráveis
um apaixonado pela atividade. “Trabalhar mos, em uma área de 20 hectares, uma pro- acontecendo com as plantas, se falta água ção foram instalados com recursos de cré- de clima; diminuímos a aplicação de
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36 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬37

Projeto CATI-Café
sistência oferecida pelo técnico da CATI (eng.° agr.° Mário
Rezende, da Casa da Agricultura de Itirapuã) faz toda a
diferença”, contam os membros da família Bazon, e dona
Graça D’Auria – Jornalista – CECOR/CATI Esmália confirma: “hoje, meu filho trabalha na roça, mas
tem salário, estuda, se informa e nós estamos vivendo mui-
to melhor e podemos dar exemplo a outros”. A busca agora

I
é pela qualidade em tudo, no leite e no café.
nspirados no Projeto CATI-Leite, que pre- sua propriedade, então é preciso dar toda proteger os grãos do contato com a terra.
coniza a gestão da propriedade leiteira, a assistência, mostrar os resultados em nú- “Eu não tenho um trator e o uso do plástico Outro casal, formado por mãe e filho, também está
técnicos da CATI Regional Franca fizeram meros para que ele se convença e repasse ajuda na hora de cobrir os grãos”, diz José apostando no retorno do projeto. O Sítio São Jorge fica
uma adaptação das planilhas de gestão e a outros a importância da gestão para po- Lélio. “E na época das chuvas a água pe- no Município de São José da Bela Vista, onde dona Maria
surgiu, em 2006, o Projeto Viabilidade da der saber onde está ganhando ou perden- netra no solo, ou seja, protege o meio am- Gomes Costa Limonti e Fernando Henrique Limonti inves-
Cafeicultura na Agricultura Familiar. “Foi do e o que é preciso melhorar. A segunda biente”, acrescenta Newton Rodrigues, res- tem no café. São 11,5 hectares, destes 9ha estão produ-
um projeto piloto na região que aposta na fase do Programa de Microbacias, que tem ponsável pela assistência no Sítio Córrego zindo. As primeiras lavouras foram plantadas pelo avô de
dobradinha café com leite, duas das ativi- como foco o acesso ao mercado, favorece- das Velhas. Fernando. Eles dizem saber exatamente quanto ganham
dades mais comuns entre os produtores rá, também, o CATI-Café”, acredita o diretor porque toda a renda vem do café, mas o valor certo do cus-
Nessa mesma área, talvez já no próximo
rurais”, contam os engenheiros agrônomos técnico da CATI Regional Franca, eng.° agr.° teio só souberam depois que passaram a gerenciar o custo.
ano, José Lélio e seu filho Carlos Alberto
Joel Leal Ribeiro e Shigueru Kondo, assis- Pedro César Avelar. No final de agosto (a reportagem foi feita durante a colhei-
devem instalar mais uma nova área de
tentes da CATI Regional Franca, e Newton cafezal. “É assim, todo ano eu planto um ta, ainda no mês de julho) têm o término da colheita e o
Pedro Avelar (à direita) e o técnico Francisco Souza Dias avaliam café
Roberto Rodrigues, responsável pela Casa
da Agricultura local. O intuito é verificar e
“Gerenciamento da pouquinho mais”, conta o produtor, que
está no projeto desde o início, em 2006. Ele
produzido em São José da Bela Vista
fechamento do custo. Em setembro, começa tudo de novo
com a aplicação de calcário, em outubro as adubações e,
propriedade garante maior
dimensionar todas as ações e os gastos foi um dos pioneiros e fez o esqueletamento em novembro, as pulverizações. Todas as atividades para o
com cada atividade da cultura cafeeira para visibilidade do custo de ano agrícola, que tem início no segundo semestre, terão o
e a recepa, tipos de poda que garantiram a
que o produtor rural possa melhor gerir o produção e dos ganhos obtidos renovação do cafezal antigo, que continua acompanhamento do técnico da Casa da Agricultura, eng.°
seu negócio, sabendo, exatamente, o custo e proporciona qualidade em produção. Também plantou novas áreas agr.° Francisco Lima de Souza Dias, que assumiu o posto há
de produção e o ganho final. com espaçamento adequado e garantiu pouco tempo. No CATI-Café, o objetivo do primeiro ano de
e sustentabilidade na
30% a mais de produção na lavoura-teste projeto é aumentar a produtividade, diminuindo o custo
O acompanhamento começou a ser
feito e os produtores que tiveram suas pro-
atividade.
” feita com a assistência da CATI. de produção como o uso de produtos. No segundo ano, o
objetivo é a certificação, melhorando a qualidade, tirando
priedades inseridas no projeto começaram Segundo os técnicos envolvidos no Já a família Bazon preferiu terceirizar defeitos, como broca e grãos pretos que fazem o café per-
a ver os primeiros resultados com a aplica- projeto, além dessas questões, o CATI-Café a secagem, e seu café, tipo exportação, vai
D. Maria e o filho Fernando, a única renda vem do café tipo exportação. der peso, para conseguir melhor preço. No terceiro ano, o
ção correta de insumos, o manejo do mato, preconiza a menor utilização de defensi- praticamente direto para o Porto de Santos. objetivo é estar inserido no Café do Brasil, ou seja, na ex-
a introdução de técnicas de poda para re- vos, o manejo do mato, o uso adequado de A mão-de-obra é complicada, explica
portação do produto.
novação de antigos cafezais, entre outros. adubos, o controle da erosão, a renovação Honofre Bazon que só se tornou produtor
A história desse pequeno, mas significativo do cafezal, entre outros manejos e tratos rural depois de ter criado dois filhos na cida- Além dos produtores rurais, no Município de Restinga,
sucesso, chegou a outros lugares e come- culturais, como forma de dar sustentabili- de trabalhando com a indústria de calçados, assentados também estão aderindo ao CATI-Café. O respon-
çaram a interessar outras regiões a usar a dade à atividade. A redução de custos e a famosa em Franca. Começaram com 10 va- sável pela assistência é o eng.° agr.° Márcio de Figueiredo
mesma tecnologia. No final do ano passa- maior qualidade do café, em área onde a cas na pecuária leiteira de onde tiravam de Andrade, que vem promovendo cursos de capacitação em
do, o modelo foi apresentado ao coordena- competitividade é grande para produzir o 15 a 20 litros de leite/dia. Hoje, com 13 vacas, parceria com o Instituto de Terras do Estado de São Paulo
dor da CATI, José Luiz Fontes, que aprovou. café tipo exportação, estão entre os obje- tiram 250 litros e a meta audaciosa para o (Itesp). São 150 mil pés de café no total e a ideia, com o
Assim, nasceu o Projeto CATI-Café, agora tivos a serem alcançados pelos pequenos próximo ano é chegar aos 400 litros. Apenas Programa Microbacias II, é ter terreiro e secador de uso
com o respaldo da coordenação da CATI. produtores. o Honofre participou da primeira reunião do coletivo. “O importante é que os assentados possam ter a
Hoje, além da CATI Regional Franca, as CATI-Leite. Viajou, adquiriu conhecimentos. oportunidade de sair da cultura de subsistência e passar a
O valor das máquinas ainda é alto para
Regionais Lins e São João da Boa Vista co- Hoje a mulher Esmália, ex-costureira, e os Honofre Bazon e D. Esmália fizeram o caminho inverso, vieram da cidade para ganhar mercado. Para isso, além de produzir, é necessário
os pequenos produtores e a mão-de-obra a roça e garantem que a vida melhorou.
meçam a implantar o CATI-Café. dois filhos do casal, Jales e Josimar, inves- produzir com qualidade, essa parceria CATI/ Itesp tem essa
também onera muito, principalmente, du-
tem nos Programas CATI-Leite e CATI-Café, finalidade e, por acreditar nisso, os produtores de café do
Na Regional Franca, o CATI-Café está rante a colheita e a secagem, que devem
na mais famosa dobradinha dos pequenos assentamento foram inseridos no projeto.
presente nos 12 municípios abrangidos e ser feitas de forma que garantam a qualida-
produtores rurais da região. “Essa assistência voltada a ensinar o produtor gerenciar
a meta do contrato de gestão para 2010 de dos grãos. Então, o uso de derriçadeiras
é ter pelo menos cinco propriedades em manuais e a união para que possam dimi- O projeto de gestão da proprieda- a propriedade, ter custo de produção, usar adequadamen-
cada um deles. Serão 60 projetos no total, nuir o custo de produção, como a compra de ensina a aproveitar tudo, as planilhas te os defensivos e insumos, controlar voçorocas, cuidar da
sendo acompanhados pelos técnicos das conjunta, são incentivados pelos técnicos são cuidadosamente preenchidas por um propriedade como um todo e, ainda, ganhar dinheiro, é o
Casas da Agricultura em visitas periódicas. da Casa da Agricultura, assim como algu- dos filhos que é professor de Matemática. espaço da CATI”, dizem os técnicos envolvidos, animados
“A maior dificuldade ainda é cultural, o pro- mas práticas como a adotada pelo produ- Enquanto isso, o outro faz cursos. “Nós com o retorno do Projeto que, a partir do início deste ano,
dutor rural não está acostumado a anotar tor José Lélio Rodrigues que, em vez de um não só trabalhamos, estamos sempre passou a ter maior visibilidade e dimensão ao se tornar um
Joel (à esquerda) e Newton (à direita) técnicos da CATI fazem visita mensal ao
em planilhas tudo que está sendo feito em terreiro concretado, usa a lona plástica para aprendendo, participando de cursos. A as- produtor José Lélio. projeto CATI. 
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38 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬39

Crédito rural impulsiona


pavámos, utilizavámos o terreiro suspenso,
porém o café não tinha valor. Hoje utiliza-

propriedade de café em Marília


mos irrigação e fertirrigação, que possibili-
tam melhor aproveitamento do adubo, in-
vestimos para obter um café de qualidade.
Mas vendendo in natura sempre estávamos
Cleusa Pinheiro – Jornalista – CECOR/CATI
à mercê das oscilações do mercado. Com
a torrefação, agora comercializamos café
moído, em grãos ou espresso e obtivemos
melhor preço”, salienta o Sr. Maier.

Atualmente, a produção é toda reservada


para a torrefação e os produtores já adquirem
quando necessário, café de outras proprieda-
des, para aumentar a produção de café torrado.
Agregação de valor
Atualmente, o preço da saca de 60kg de
Vista da cultura na fazenda da família Pardo
café beneficiado está em torno de R$260,00.
Uma saca de café beneficiado rende 48kg de
café torrado que, em grãos e moído, são co-
mercializados por R$11,00 o quilo e o espresso
por R$15,00 o quilo. “Após a retirada dos cus-
tos da matéria-prima, embalagem, energia,
etc., o resultado líquido é muito interessante”,
ressalta o produtor, acrescentando que a tor-
refação já é autossuficiente. “Após a aquisição
dessa máquina, adquirimos outras, como, por
exemplo, a de moagem, reformamos a sala
onde o café é torrado e embalado. Além disso
compramos uma moto, que agilizou e gerou
economia nas entregas dos pedidos”.

Segundo a diretora da CATI Regional


Marília, eng.ª agr.ª Maria de Fátima Caetano
Os produtores Maier e Santina Pardo comemoram o aumento da produção de café torrado, com a aquisição da máquina Prado, o investimento em equipamentos

A aquisição de uma máquina de torrefa- o pagamento. Hoje torramos cerca de 150kg para os cafeicultores familiares. “O café pro- que agreguem valor ao produto in natura é Por semana são torrados 150kg de café
ção, de médio porte, pelos produtores por semana, produção que é toda vendida duzido e torrado no sítio tem qualidade ga- uma tendência para a melhoria de renda dos
Maier e Santina I.B. Pardo, proprietários do na região”, relata dona Santina. rantida. Temos um comprador que sempre agricultores familiares. “Agregar valor hoje é
Sítio Olho d’Água, em Marília, trouxe incre- vai para São Paulo e visita grandes cafeterias. um fator de sobrevivência para os agriculto-
Para dar conta da torrefação e da co- res familiares. Nosso papel, além de prestar
mento de renda, otimização do trabalho, Ele sempre nos diz que o nosso é melhor”, re-
mercialização, que tem aumentado dia a assistência técnica para a condução da agro-
redução de custos e geração de emprego. vela dona Santina, com a satisfação de quem
dia, o casal tem o apoio do filho, que hoje pecuária no campo, é apresentar as linhas de
“Começamos a torrar café na panela. Alguns vê o seu trabalho e produto reconhecidos.
recebe um salário pelo trabalho, mas não crédito disponíveis e auxiliar no processo de
amigos pediram e mudamos para o torra- Entre os compradores do Sítio Olho d’Água
descarta a possibilidade de no futuro con- acesso a essas linhas, que possibilitam agre-
dor de bola, onde conseguíamos torrar de figuram pessoas e empresas do ramo como
tratar mais uma pessoa. Toda a produção é gar valor, gerando renda, emprego e fixação
10 a 12kg por semana, mas a máquina fazia universidade, escritórios de engenharia e de
vendida com nota fiscal simples e eletrôni- do homem na zona rural. Com o início da
muita sujeira e fumaça. Em uma visita reali- contabilidade e comércio local.
ca. “Uma das nossas maiores preocupações execução do Programa de Microbacias II –
zada à Feira Agrifam, conhecemos a máqui- O parque cafeeiro da propriedade foi
é com a qualidade do produto e com o ser- Acesso ao mercado, com certeza, milhares de
na adequada, com um preço de cerca de instalado em 2000. São oito mil pés, das va-
viço que prestamos. Nosso café é livre de
16 mil reais. Para fazer a aquisição sozinhos agricultores familiares serão inseridos nesta
impurezas e atende às normas de mercado riedades Catuaí Amarelo, Catuaí Vermelho
iríamos demorar muito. Obtivemos, então, e Obatã, cultivados em um hectare, que realidade. É importante lembrar também que
para a comercialização”.
informações sobre as linhas de crédito do produzem, em média, 90 sacas de café be- os produtores familiares que forem adquirir
Feap e o apoio da CATI para acessá-lo, o que A procura pelo café artesanal, segundo a neficiado. “O trabalho na lavoura cafeeira linhas de crédito para agroindústria deverão
possibilitou a compra, com uma taxa de ju- produtora, tem crescido nos últimos tempos, da pequena propriedade é árduo. No início estar com seus estabelecimentos comerciais
ros de 4,75 % a/a e prazo de cinco anos para por isso existe um nicho de mercado aberto legalizados e formalizados”, salienta Fátima. Técnicos da CATI em visita à propriedade da família Pardo
fazíamos toda a colheita manual, despol-
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40 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário Casa da Agricultura ‫ ׀‬41

Viveiro de Mudas: um mercado


Políticas públicas de crédito para a Café de qualidade doras credenciadas, sendo o benefício con-
cafeicultura cedido por intermédio das empresas segu-
Itens financiáveis: aquisição de secador radoras mediante a dedução do montante

em expansão
Fundo de Expansão do Agronegócio de café, composto de secador rotativo ou correspondente ao valor da subvenção esta-
Paulista (Feap) vertical fornalha, elevadores e moegas; dual do prêmio de seguro rural a ser pago
- construção de área coberta destinada à pelo produtor.
Algumas Linhas Especiais para Cafeicultura
proteção dos equipamentos.
Programa Nacional de Fortalecimento
Agregação de Valor à Qualidade do Café
Observação: todos os equipamentos deve- da Agricultura Familiar (Pronaf)
Itens financiáveis: aquisição de equipa- rão ser novos.
mentos para o preparo do café cereja des- Linhas do Pronaf
Beneficiários: agricultores familiares, ca-
cascado e para a melhoria do café de terrei- feicultores. Custeio: para financiar atividades agrope-
ro e infraestrutura. cuárias e de beneficiamento ou industriali-
Teto de financiamento: até R$ 35 mil por zação e comercialização de produção pró-
Beneficiários: produtores familiares, cafei- produtor. pria ou de terceiros agricultores familiares
cultores que já estejam na atividade.
Prazo de pagamento: até cinco anos, in- enquadrados no Pronaf.
Teto de financiamento: até R$ 35 mil por clusa a carência de até 12 meses. Investimento: para financiar implan-
produtor, sendo até R$ 30 mil para a aqui-
Taxa de juros: 3% ao ano. tação, ampliação ou modernização
sição dos equipamentos e até R$ 5 mil para da infraestrutura de produção e servi-
infraestrutura. Cronograma de liberação: de acordo com ços, agropecuários ou não agropecu-
o projeto técnico. ários, no estabelecimento rural ou em
Prazo de pagamento: até 5 anos, inclusa a
carência de até 18 meses. Cronograma de reembolso: parcelas áreas comunitárias rurais próximas.
anuais cujos valores serão estabelecidos Agroindústria: linha de investimentos,
Taxa de juros: 3% ao ano. em função do projeto técnico a ser inclusive em infraestrutura, que visam ao
elaborado por técnicos da CATI ou por beneficiamento, ao processamento e à co-
Cronograma de liberação: de acordo com
técnicos devidamente credenciados. mercialização da produção agropecuária e
o projeto técnico.
não agropecuária, de produtos florestais e
Abrangência: todo o Estado de São Paulo.
Cronograma de reembolso: em quatro do extrativismo, ou de produtos artesanais
parcelas anuais, após a carência. Garantia: no mínimo, 150% do valor do fi- e à exploração de turismo rural.
nanciamento, podendo ser constituída de
Abrangência: municípios pertencentes às Custeio e comercialização de agroindús-
penhor e aval ou hipotecas.
Regionais CATI Avaré e Ourinhos. trias familiares: para agricultores e suas Graça D’Auria – Jornalista – CECOR/CATI
Subvenção Estadual do Prêmio de Seguro cooperativas ou associações para finan-
Garantia: no mínimo, 150% do valor do fi- Rural – ano 2010 ciamento de custeio do beneficiamento e
nanciamento, podendo ser constituída de

V
industrialização da produção própria e/ou iveiristas, este é um segmento em ex- çará quebrado”, frisa André. Principalmente Pedro Avelar, diretor técnico da CATI
aval e outras formas de garantias reais. Beneficiários: de terceiros.
pansão, não só na cafeicultura mas para o pequeno produtor, que planta um ou Regional Franca, aposta nesse investimen-
Café Produtor rural, pessoa física ou jurídica que Mais alimentos: financia propostas ou também em várias outras atividades. A ex- dois hectares, é importante ter certeza da to: “o custo compensa, é uma tranquilidade
contrate seguro rural nas modalidades am- projetos de investimento para produção plicação é que, ao comprar mudas sadias, origem da muda. Existem 50 variedades à a mais e contribui para melhorar a vida do
Itens financiáveis: formação de lavoura de paradas pela subvenção estadual do prê- associados a açafrão, arroz, café, centeio, o produtor rural já inicia a sua lavoura com escolha do produtor, embora as comerciais pequeno produtor que não precisa arcar
café com o uso de mudas enxertadas e re- mio de seguro rural. feijão, mandioca, milho, sorgo, trigo, erva-
várias garantias. “Principalmente em uma são Catuaí, vermelho e amarelo, e Mundo com mão-de-obra; além disso, na cafei-
-mate, apicultura, aquicultura, avicultura,
sistentes a nematoides. Modalidades de seguro rural amparadas: cultura perene, como o café, é preciso ter Novo, podendo também ser encontrada no cultura não há lugar para amadorismo, o
bovinoculturas de corte e de leite, caprino-
Beneficiários: agricultores familiares. Serão amparadas pela subvenção estadual cultura, fruticultura, olericultura, ovinocul- certeza quanto à cultivar que está sendo viveiro a variedade Conilon. mercado é exigente e muito competititivo”.
do prêmio de seguro rural, no ano de 2010, tura, pesca e suinocultura. plantada, se está livre de doenças, se o es- O importante é se certificar que o viveiro
Teto de financiamento: até R$ 4.500,00, Os grandes cafeicultores de Franca,
sendo até R$ 1.500,00 por hectare. as modalidades de seguro agrícola, flores- Fundo de Defesa da Economia paçamento é o adequado para aquela varie- está cadastrado no Registro Nacional de
além de comprarem a muda em tube-
tal, pecuário e aquícola. Cafeeira (Funcafé) dade a fim de que o produtor não gaste com Sementes e Mudas (Renasem). 
Prazo de pagamento: até quatro anos, in- tes, utilizam as plantadeiras mecaniza-
Valor máximo de subvenção por um produto que não é o esperado”, afirma
clusa a carência de 3 anos Os recursos do Funcafé devem ser aplica- das, outra vantagem sobre as mudas em
beneficiário: limite de subvenção: R$ 24 dos em operações de crédito pelas insti-
André Cunha, produtor de café e, também, Vantagens
saquinhos.”Nós não somos contra, até te-
Taxa de juros: 3% ao ano mil por produtor. do Viveiro Monte Alegre, localizado em
tuições financeiras integrantes do Sistema mos alguma quantidade de mudas em sa-
Ribeirão Corrente, na região de Franca. • Sanidade
Cronograma de liberação: de acordo com Abrangência Nacional de Crédito Rural (SNCR). Os encar- quinhos, e a qualidade é a mesma, só que
gos financeiros para as operações de cus- • Uniformidade
o projeto técnico, sendo: R$ 1.000,00/ha de
O projeto estadual de subvenção do prê- Este ano o viveiro é o responsável por no caso dos tubetes, o custo é mais baixo • Redução no uso de agrotóxicos
imediato e R$ 500,00/ha, após um ano. teio, colheita, estocagem e financiamento
mio de seguro rural, no ano 2010, abrangerá para aquisição de café têm taxa efetiva de produzir dois milhões de mudas em tubetes porque são reutilizáveis e, além disso, con- • Melhor enraizamento
Cronograma de reembolso: duas parce- todos os municípios do Estado de São Paulo. que serão entregues até dezembro a cafei- tribuimos com o meio ambiente por ser
juros de 6,75% ao ano. • Facilidade no manuseio
las, após a carência. cultores dos Estados de São Paulo, Minas utilizado um substrato ecologicamente
Concessão e pagamento da A partir de abril de 2011, os financiamentos • Otimização do transporte com segurança
Abrangência: municípios das Regionais Gerais e Goiás. No custo de produção do ca- correto (são usadas fibras de coco ajudan- • Agilidade no plantio
subvenção de custeio e colheita efetuados com recur-
CATI Marília, Tupã, Dracena e Bauru. fezal, a muda acaba representando cerca de do outra cadeia produtiva) e porque não há
sos do Funcafé serão unificados, passando • Preservação do sistema radicular
Garantia: no mínimo, 150% do valor do fi- O produtor rural interessado deverá os itens financiáveis, por meio das atuais 1,5%. “Muitas vezes o produtor não faz essa descarte da embalagem no campo”, conta • Bom pegamento no campo
nanciamento, podendo ser constituída de procurar o corretor de seguros para solicitar operações de colheita, a integrarem os itens conta, mas um cafezal pode produzir por vá- André, que tem realizado, junto com a CATI, • Menor agressão ao meio ambiente
penhor cedular, hipoteca ou aval. a subvenção por meio das empresas segura- financiáveis em operações de custeio.  rios anos e, com a muda errada, ele já come- dias de campo para divulgação.
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42 ‫ ׀‬Casa da Agricultura completa em PDF Sumário

Aconteceu
Suzete Rodrigues – Jornalista – Assessoria de Imprensa /CATI

Encontro homenageou agricultores ços ambientais”, além de colaborar para a ram itens que vêm agregando renda
da região de Limeira melhoria da qualidade de vida dos pro- por meio da confecção artesanal e de
dutores rurais. outros produtos diferenciados.
Ressaltar a importância do agricultor
No sítio modelo da Agrifam 2010 foi
na produção regional foi o objetivo do Guaratinguetá lançou projeto
Poupança Florestal estilizada uma Casa da Agricultura para
2.º Encontro de Agricultores da Região de
mostrar todos os serviços disponibili-
Limeira, que aconteceu no dia 21 de julho.
A Fibria, em parceria com a CATI, lan- zados ao agricultor nos 594 municípios
O evento reuniu cerca de 1,2 mil pessoas,
çou em 29 de julho o Poupança Florestal paulistas onde estão instaladas. Nesse
entre produtores rurais, convidados e auto-
ridades. direcionado à região do Vale do Paraíba. mesmo local, os pequenos agricultores
Esse trabalho é uma nova alternativa para que visitaram a feira puderam visuali-
A região agrícola de Limeira abrange 14 o produtor rural, aliando geração de renda, zar os benefícios do Projeto CATI Leite,
municípios com um total de 8.926 proprie- preservação ambiental e desenvolvimento que tem viabilizado a pecuária leiteira
dades rurais. As principais cadeias produti- rural sustentável. nas pequenas propriedades, e uma ex-
vas da região são cana-de-açúcar, fruticul- posição de mudas frutíferas, silvestres e
tura, bovinocultura, avicultura e milho. CATI presente na Agrifam 2010 florestais nativas. Também, foi demons-
O coordenador da CATI, José Luiz trada, por meio da simulação de um la-
No período de 13 a 15 de agosto
Fontes, fez uma pequena explanação sobre boratório, a importância da análise das
aconteceu a 7.ª edição da Agrifam
o trabalho da instituição, destacando que sementes para garantia da qualidade e
- Feira da Agricultura Familiar e do
os agricultores são os grandes protagonis- produtividade.
Trabalho Rural. A CATI participa des-
tas do cenário da agricultura paulista. “Por
de a primeira edição e este ano, além Para José Luiz Fontes, coordenador da
isso, quando olhamos tudo o que foi feito
de apresentar uma série de ações, CATI, essa feira aconteceu no momento em
por esses produtores, podemos ver que
programas e projetos direcionados que os agricultores iniciam o plantio de
existem muitas razões para se comemorar
aos pequenos e médios agricultores, suas lavouras. “Essa mostra possibilita saber
o Dia do Agricultor e nada melhor do que
realizou a I Feira das Associações de o potencial de germinação das sementes
esse encontro para homenageá-los”.
Produtores Rurais. Na oportunidade, utilizadas, evitando prejuízos e garantindo
17 associações expuseram e vende- resultados positivos”. 
Água, agricultura e meio ambiente –
temas de workshop

Ainda, para comemorar o Dia do


Agricultor e mostrar sua importância como
produtor de alimentos à proteção dos re-
cursos naturais, aconteceu, no dia 28 de
julho, o workshop sobre Água, Agricultura
e Meio Ambiente no Século XXI, em
Campinas, uma realização dos Comitês de
Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba,
Capivari e Jundiaí (PCJ).

O objetivo foi promover a reflexão


sobre temas como “Agricultura e recursos
naturais”, “Aspectos legais sobre a con-
servação dos recursos naturais no meio
rural”, “Experiências socioambientais no
meio rural”, “Cobrança pelo uso da água
no setor rural” e “Pagamento por servi-

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