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Agronegócio é a alma
de Descalvado Publicação oficial
mas tecelagens, nos anos 40. Mas nos 60, empresa abate por ano 1.500 cabe- Professores conhecem a importância do agronegócio na região
cer a importância sócio-econômica da
tudo mudou, com a família Fregonezzi, de ças das cinco mil da criação. Ela
Divulgação
realidade que os cerca, com todo o apoio logístico para ferência seguida de debate, na qual alertou a platéia para
Poços de Caldas, implantando a avicultura. Mesmo de- mantém o sistema de transferência de 600 embriões anu-
levá-los da escola ao campo, e com essa disposição e con- essa atividade, que começa na prancheta dos pesquisado-
pois de muita dificuldade, essa criação ainda marca a ci- ais mais 400 que ela vende no mercado, a partir de 120
dições de ensino”. res e termina na gôndola dos supermercados, mobilizan-
dade e se recupera, para que não perca o título de “Capi- doadoras de criadores de todo o País. E cria frangos: 75
A segunda etapa do programa foi lançada pela direto- do trabalhadores de todas as qualificações antes, dentro e
tal do Frango de Corte” do Estado de São Paulo. mil aves alojadas no sistema de integração com a
ra-executiva Mônika Bergamaschi e pelo conselheiro depois da porteira. “A agricultura e a pecuária estão no
“Quem mora em Descalvado tem de ter granja” era o Coperfrango e o frigorífico Hildebrand, de São Carlos. Wellington de Castro Caiado, da ABAG/RP, para cerca de nosso dia-a-dia e poucos percebem. Quando um anúncio
bordão, lembrado até hoje por Carlos Roberto Garcia, Em 1993, a agroindústria de Descalvado deu outro sal- 70 professores de dois mil alunos do primeiro colegial de de cerveja aparece na TV, quem sabe que na origem está
presidente da renovada Cooperativa Agrícola Mista do to, com a recuperação da Usina Ipiranga. É uma das maio- sete escolas de Jaboticabal, Guariba, Monte Alto e Pradó- o produtor da cevada e até do algodão do paletó do gar-
Vale do Mogi Guaçu, dona da marca Coperfrango. Eram res empregadoras da cidade: 502 funcionários dão conta da polis. Eles receberam o vídeo que mostra a dimensão do çom que serve a bebida?” E concluiu: “Para os ricos, 10%
centenas de granjeiros, há 40 anos, seduzidos pelos safra que, este ano, deve chegar a 690 mil toneladas de cana agronegócio na região e a apostila de capacitação, que ori- da humanidade, a comida tem pouca importância, por-
Fregonezzi, que instalaram a avicultura ali. Depois, os para produzir 47 mil toneladas de açúcar e 32 milhões de enta como o agronegócio pode chegar aos alunos por meio que se o preço do ovo ou do leite dobrar, não mexerá com
estados do Sul e seus frigoríficos, estimulados por subsí- litros de álcool, calcula seu diretor Leopoldo Titoto. do ensino de Português, Matemática, Geografia, História... o orçamento dele; mas para o pobre, significará a dife-
dios aos insumos jamais conseguidos por São Paulo, pas- As francesas Socil, Royal Canin e SPF também forta- O presidente da ABAG/Nacional e da Aliança Coo- rença entre a sobrevivência e a fome. A agricultura valo-
saram à frente. “Antes da ‘vaca louca’, o frango deles era lecem o agronegócio de Descalvado, fabricando ração para perativa Internacional, Roberto Rodrigues, fez uma con- rizada é instrumento da paz.”
vendido aqui em Descalvado mais barato do que o nosso. aves, pequenos animais e insumos úmidos para ração.
Agora, exportam tudo e o mercado está favorável de A Prefeitura acabou de criar o Conselho Municipal Editorial
novo”, desabafa. “Só uma reforma tri- de Desenvolvimento Rural, “para acelerar a in-
butária vai resolver”, espera o pre-
feito. A cooperativa chegou a ter Cana-de-açúcar: 22 mil hectares
corporação de 85% dos mil produtores e cria-
dores às novas tecnologias — esses têm até
A reforma da reforma
Milho: 4 mil hectares Na época em que foi instituído o Estatuto da Terra,
1.300 associados (150 avicul- O Estatuto da Terra (Lei n° 4.504), na forma como
Laranja: 3 milhões de pés 50 hectares”, conta o diretor da Casa da Agri-
tores). Hoje são 35, que for- Café: 1,1 milhão de pés cultura, José Paggiaro. Têm à disposição é conhecido, foi promulgado no início do regime mili- as tecnologias de produção disponíveis eram ainda
necem 1,5 milhão de fran-
Avicultura: 5 milhões de aves
tratamento fitossanitário e uma patrulha tar, em novembro de 1964, pelo presidente Castello incipientes. Sua estrutura arcaica carrega o viés do es-
Pecuária de leite: 12 mil cabeças
gos por mês. Estão in- Produção de leite: 75 mil litros/dia agrícola que consideram a melhor do Es- Branco. Recentemente, o deputado federal Xico Gra- tabelecimento da relação direta entre tamanho de área
vestindo R$ 12 mi- Pecuária de corte: 15 mil cabeças tado, formada por 25 implementos, de ziano (PSDB/SP) apresentou uma proposta para insti- e rentabilidade. Hoje é sabido que a renda rural é de-
Gado misto: 5 mil cabeças tuir o “Novo Estatuto da Terra”, que compatibiliza as corrente da produtividade, do emprego de tecnologia,
lhões na automação Pasto: 20.500 hectare niveladoras a colhedo-
e, em 90 dias, calculam abater 2 mi- ras, plantadoras e cin- políticas agrícola e agrária. do gerenciamento, da coordenação das cadeias produ-
lhões e ocupar toda a estrutura da granja de ma- co tratores. O objetivo é O deputado argumenta que o maior defeito da le- tivas, da dinâmica dos mercados e dos instrumentos
trizes, incubatório, fábrica de ração, túnel de estimular o plantio de milho, gislação agrária brasileira reside no conceito de módulo de política agrícola.
resfriamento e congelamento e os postos de Pontal, de olho numa nova era para a rural, um tamanho “ideal” de propriedade suficiente Nestes 37 anos foram notáveis as mudanças e os
Americana, Bauru, Sorocaba e São José dos Cam- avicultura e livrá-la da importação do para garantir a subsistência e propiciar o progresso avanços tecnológicos em todos os setores, entretanto
pos. Aí, o Coperfrango estará em outros estados, produto que hoje vem quase todo de econômico do agricultor e sua família. Variável de re- decisões que podem afetar a competitividade, a gera-
acompanhado de uma variedade de embutidos, prevê Goiás. gião para região, foi definido nos anos 60 em função ção de renda, empregos e divisas continuam sendo to-
Teresa Flora da área média dos municípios brasileiros, da ocupação madas com base em leis ultrapassadas. Eis a oportuni-
histórica e das características da agropecuária local. dade de rediscutir a ética da terra, os direitos e as obri-
é uma publicação oficial, mensal, da Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto -
ABAG/RP, av. Senador César Vergueiro, 540, sala 1, CEP 14020-510, Ribeirão Preto-SP. Fone: (16) 3916-1906. E-mail:
Coluna dorsal do Estatuto da Terra, ainda é usado pelo gações dos homens que nela trabalham.
abag.rp@netsite.com.br. Diretora-executiva: Mônika Bergamaschi. Jornalista responsável: Valéria Ribeiro, MTb 15.626. INCRA para determinar o tamanho dos lotes a serem
Editoração eletrônica: Fernando Braga. Impressão e fotolito: Gráfica São Francisco. Tiragem: 2.500 exemplares distribuídos às famílias nos assentamentos. Mônika Bergamaschi
Novas tendências do cooperativismo
Direção compartilhada entre cooperados e profissionais especializados; fusão de pequenas, médias e grandes cooperativas e
investimento maciço em tecnologia e na educação dos produtores marcam o novo perfil do cooperativismo na região
O presidente da Cooperativa dos Antônio Toniello, presidente da O diretor comercial da Coopera- Na Cooperativa dos Plantadores A meta da Cooperativa Nacional Para Leopoldo Pinto Uchôa, pre-
Agricultores da Região de Orlândia Cooperativa dos Plantadores de tiva de Cafeicultores e Agropecua- de Cana da Zona de Guariba (Co- Agroindustrial (Coonai), de Ribei- sidente da cooperativa de consumo
(Carol), José Oswaldo Galvão Jun- Cana do Oeste do Estado de São ristas (Cocapec), de Franca, Maurí- plana), o presidente Francisco Bara- rão Preto, segundo seu presidente Cooperativa dos Cafeicultores e
queira, diz que nada promove a me- Paulo (Copercana), de Sertãozinho, cio Miarelli, diz que a fase de tutela tella, diz que a educação do coope- Daniel Felipe, é fazer com que o co- Citricultores de São Paulo (Cooper-
lhor globalização e a mais justa dis- concorda com a fusão. “A coopera- oficial, que fazia cooperativas nas- rado começa com a equipe de sete operado, cada vez mais, entenda que citrus), de Bebedouro, atualmente, o
tribuição de renda e riqueza para a tiva precisa ter tamanho para inves- cer de cima para baixo, acabou. agrônomos de campo, “obrigada a o lucro ou parte dele reverta para a problema do crédito rural “bem en-
comunidade do que o cooperativis- tir e competir. Por isso a integração “Elas não são mais meros instrumen- tomar o café da manhã na cozinha cooperativa. “Ela precisa de uma es- caminhado”, com o Banco Central
mo. “Essa realidade é uma tendência é necessária – só assim, o pequeno tos de repasse de crédito. Agora, para da propriedade do produtor”, para trutura industrial eficaz como a de dando boa cobertura aos cooperados.
e mostra que sem a cooperativa, o produtor conseguirá para o seu pro- fortalecê-las, é preciso profissiona- que ele se sinta seguro e acredite na uma fábrica. Aí entram o trabalho de Segundo ele, as cooperativas preci-
produtor, principalmente o pequeno, duto o mesmo valor obtido pelo lizar a direção e incentivar os cursos entidade. O pequeno produtor é o educação e conscientização para que sam encontrar um caminho que li-
por falta de condições de acesso ao grande.”. Toniello observa que a co- universitários de cooperativismo. É mais visado, “porque é acanhado, um produtor médio, de 130 litros de vre seus associados dos tropeços da
financiamento, corre o risco de se tor- operativa iguala, “é o lado humano o caminho para assumirem respon- tem família grande e se julga ‘sem leite por dia, com ganho mensal de oscilação da economia. “Hoje, por
nar um excluído.”. Para José Oswal- da globalização”. E além do acesso sabilidade social, alcançarem o lu- lastro’ para ser cooperado, sem sa- R$ 1.400, não se assuste quando se exemplo, há otimismo para os pro-
do, a globalização induz à fusão no ao financiamento, garante ao produ- cro e serem geridas como empresa”, ber que a maioria é como ele”, com- vê parte de uma cooperativa cuja in- dutores de cana, laranja e milho. As
sistema. A incorporação é inevitável, tor assistência técnica e jurídica e aposta. Para Maurício, o cooperati- para. O produtor menor só terá aces- dústria fatura R$ 10 milhões por entidades da região estão melhor
para superar a dificuldade de crédito; condições favoráveis de compra e vismo vai crescer porque o próprio so à tecnologia de ponta disponível mês.”. Apesar das transformações, estruturadas e vimos que as turbu-
conseguir redução de custos e propi- venda. produtor que estiver fora das coope- hoje na agricultura – aquela que ele Daniel diz que ainda há quem veja a lências da economia extinguiram vá-
ciar a economia de escala. Ele faz suas recomendações para rativas perceberá que o cooperado é vê na Agrishow – se for cooperado. cooperativa como um cabide de em- rias cooperativas, mas elas afetaram
Para o bom desempenho do coo- o futuro baseado em exemplos de tecnologicamente mais avançado; “Na cooperativa, ele dispõe de labo- prego: “isso é falta de credibilida- muito menos as da nossa região. Isso
perativismo nessa nova realidade, quem está há trinta anos no setor: sua produtividade é mais alta; a si- ratórios de análises químicas: solo, de”. Para se fortalecer como insti- porque o profissionalismo marca a
ele recomenda: tuação econômica é melhor; é mais fertilizantes, qualitativas do leite, e tuição e melhorar as condições de administração delas.”, observa.
protegido financeiramente e sofre de detecções de doenças, mesmo que seus produtores, a Coonai criou co- Hoje, o cooperado pode dizer que a
menos com a crise e com a es- ela não trabalhe com leite; dispõe de mitês educativos para ensinar os cooperativa só é notada quando não
peculação. Ele reco- zootecnista e de um bom supri- princípios do cooperativismo e aju- existe, avalia Leopoldo. “Portanto,
menda: mento de ração para o reba- dar a resolver problemas específicos ela já é fundamental na vida do pro-
nho”, avalia o presidente da de cooperados em suas bases de cap- dutor.”.
Coplana. Para o futuro, tação. Hoje, a adesão é maior do que Para o futuro, ele de-
Francisco Baratella a desistência e a maioria dos fende:
1. A adesão de novos cooperados tem observa: que saem deixa a ati-
de passar por triagem rigorosa. 1. O cooperado tem de se sen- vidade. Daniel reco-
2. O corpo de funcionários tem de tir, a um tempo, sócio e freguês da menda:
ser competente, a ponto de ensinar o entidade, porque, de um lado, ele
produtor a administrar a própria fa- quer vender caro e, de outro, com-
zenda, e antenado, para responder na prar barato.
hora a todas as necessidades do co- 2. Precisa investir na cooperativa, se 1. Será cada vez mais fácil fazer do
operado. 1. O cooperativismo faz o coopera- quiser serviço de qualidade. produtor um cooperado. Para con- 1. A cooperativa tem de crescer sem
3. O presidente precisa ter compe- do crescer. Produtor que fornecia 3. O reflexo do cooperativismo será quistá-lo, é preciso aumentar o su- se distanciar do cooperado, ao con- 1. A existência de concorrência leal
tência para escolher executivos me- 500 toneladas de cana, hoje, forne- na comunidade, onde é sensível a me- porte da cooperativa de crédito, para trário da indústria, que cresce só entre as cooperativas e entre elas e
lhores do que ele. ce 100 mil. lhor distribuição de renda. livrá-lo do banco de uma vez. pensando nela. Ele se sente sozinho. as empresas convencionais.
4. O cooperado deve saber que na 2. Cerca de 70% dos nossos coope- 4. Só o pequeno produtor cooperado 2. Falta educação até para ensinar 2. Uma das saídas é abrir a coope- 2. Cada vez mais, o crédito rural será
cooperativa ele sempre terá um re- rados são pequenos. Sem a coopera- não terá vergonha de entrar no ban- que cada um deve ganhar o mesmo rativa e seu cofre para o cooperado. o grande instrumento de alívio para
lacionamento melhor do que com tiva, a maioria teria desaparecido. co, porque confia na estrutura que pelo produto. Isso dá credibilidade, coisa que a in- os preços desfavoráveis.
uma empresa e que por maior que 3. A Copercana só trabalha com há por trás dele e sabe que se o ban- 3. As propriedades têm de ser uma dústria não faz com seu fornecedor. 3. Sem o cooperativismo de educa-
seja, a cooperativa é como uma ci- cana-de-açúcar, mas nossos coope- co não ajudá-lo, a cooperativa vai extensão da cooperativa, informati- 3. Incentivar a união das cooperati- ção e de trabalho, não há como ga-
dade pequena, onde uma mão lava a rados também aprenderam a culti- resolver. E o banco sabe disso. zadas, estar com on line com ela. vas para restaurar as centrais. No nhar adesão de novos produtores e
outra. var amendoim, soja e milho, e a cri- 5. Mergulhar no grande desafio de 4. Precisa acabar a vaidade, se não, caso das de produção de leite, havia sem cooperativismo, os produtores fi-
5. Destruir o maior obstáculo da fu- ar bois e carneiros graças ao apoio educar, educar, educar... Quem é edu- o cooperado vai parecer aqueles dois nove centrais, compradas por multi- carão reféns do juro alto, da falta de
são: a vaidade. da cooperativa. cado no cooperativismo é solidário. burros brigando pelo fardo de feno. nacionais – só restam duas. assistência e de maus comerciantes.