Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abstract - This paper analyses the evolution, during the last decades, of new forms of enterprise’s
relationships, searching for growth in competitiveness in a globalized competition scenery. These
new forms involve different types of enterprise´s arrangements as Filières, Clusters, Supply Chains
and Flexible Networks, each one with specific characteristics. Considering this situation, several
studies have been made searching for ways to understand how strategies must be developed and
how competitive position can be achieved through the mentioned types of enterprise´s
arrangements. In this context, the article discusses and compares some of these studies and their
results in terms of competitive analysis. In the sequence, it proposes a general structure to
analyse the competitiveness of the various types of enterprise´s relationships and, finally, presents
some commentaries about the matter.
1. INTRODUÇÃO
As últimas décadas têm sido marcadas por profundas modificações no cenário sócio-
econômico mundial. Diversos fenômenos tem contribuído para esta situação. Entre estes,
destacam-se, no segmento industrial, a difusão da filosofia Just-in-Time e do movimento pela
Qualidade, a evolução da informática de base microeletrônica e dos sistemas de telecomunicações,
a redução de barreiras alfandegárias, a conformação de blocos econômicos regionais, o surgimento
de novos e poderosos produtores no cenário internacional, que contribuíram decisivamente para o
processo de globalização econômica. Neste contexto, de aceleração da concorrência inter-
capitalista e busca de novas formas de acumulação de capital, a palavra de ordem passou a ser a
“competitividade”.
Tal processo de mudanças, crescentemente acelerado, tem conduzido a uma evolução
continuada das lógicas e técnicas de gestão empresarial, num primeiro momento focalizadas nas
próprias empresas e organizações e, atualmente, dirigindo-se para as relações inter-empresariais.
Talvez o maior exemplo de mudanças nas relações inter-empresariais, seja a padronização
das relações de suprimento/fornecimento, representadas pelas normas ISO – série 9.000. Além
desta referida padronização, outras mudanças, mais profundas diga-se de passagem, também têm se
mostrado presentes conduzindo a uma verdadeira “desfronteirização” das empresas envolvidas
nestas relações comerciais.
Desta forma, emergiram novos arranjos ou aglomerados empresariais, de características
variadas, cujo estudo e análise tem se mostrado crescente ao longo das últimas décadas. Entre
estes, destacam-se os conceitos de Filière (fila), os Clusters (aglomerados empresariais regionais),
Supply Chain (cadeia de suprimentos) e as Redes Flexíveis de pequenas empresas.
Diversos autores tem buscado formas de análise e avaliação da competitividade de tais
arranjos empresariais. Assim, verifica-se a busca da avaliação destes arranjos com base em uma
perspectiva de análise empresarial, estendida para além das fronteiras da empresa, no que se
convencionará chamar de microanálise, de forma similar à microeconomia. Por outro lado,
também tem sido conduzidos estudos com base em uma perspectiva macroeconômica, buscando as
relações dos arranjos empresariais com fatores regionais, nacionais e globais, dentro do que se
convencionará chamar de macroanálise. Finalmente, e de forma mais recente, uma outra
perspectiva de análise destes arranjos empresariais igualmente vem sendo utilizada, a qual parece
ser a mais adequada ao contexto, que incorpora a análise das relações inter-empresariais, além das
relações com o mercado atendido e outras instituições vinculadas, de acordo com o que se
convencionará chamar de mesoanálise.
Neste sentido, o presente artigo pretende discutir as diferentes formas de análises da
competitividade mencionadas, a partir de uma visualização inicial dos diferentes tipos de arranjos
inter-empresariais, ou aglomerados empresariais, comentando suas características e propondo a
adoção de uma sistemática para a referida mesoanálise.
pode criar uma vantagem competitiva otimizando ou coordenando melhor essas ligações com o
lado de fora”. Neste ponto, constata-se a abordagem proposta por PORTER para o que se
convencionou denominar de mesoanálise. Porém, sua interpretação ainda deriva do foco original
de uma empresa e não da cadeia produtiva em si, com todas as vinculações existentes.
Em uma abordagem mais ampla da competitividade, PORTER (1990) analisa as razões que
conduzem um país a obter êxito internacional em uma determinada indústria. Neste aspecto o autor
avalia que a resposta se encontra em quatro amplos atributos que modelam o ambiente no qual as
empresas competem e promovem a criação de vantagem competitiva, quais sejam:
• Condições de Fatores – enfoca a posição do país nos fatores de produção, com trabalho
especializado ou infra-estrutura, necessários à competição em determinada indústria;
• Condições de Demanda – enfoca a natureza da demanda interna para os produtos ou serviços
da indústria;
• Indústrias Correlatas e de Apoio – enfoca a presença ou ausência, no país, de indústrias
abastecedoras e indústrias correlatas que sejam internacionalmente competitivas;
• Estratégia, Estrutura e Rivalidade das Empresas – enfoca as condições que, no país, governam
a maneira pela qual as empresas são criadas, organizadas e dirigidas, mais a natureza da
rivalidade interna.
Estes determinantes, segundo o autor, individualmente e como um sistema, criam o
contexto no qual as empresas de um país nascem e competem. Assim, as empresas conseguem
vantagem competitiva quando as suas bases nacionais permitem e apoiam a acumulação mais
rápida possível de bens e práticas especializadas.
Verifica-se nesta abordagem de PORTER, nitidamente, os contornos da denominada
macroanálise, ou seja, um enfoque amplo para a questão da competitividade em termos de país,
mas ainda voltado a busca da melhoria de desempenho de empresas de certo tipo de indústria.
sistêmicos da competitividade, que envolvem aspectos mais globais e não específicos ao segmento
industrial analisado (políticas, economia, infra-estrutura e outros).
Management – SCM (gestão da cadeia de suprimentos), centrado na avaliação dos oito processos
inter-empresariais do SCM, envolvendo o grau de integração dos mesmos, grau de gestão destes e
do fluxo de informações que os viabiliza. De maneira semelhante, no que tange as relações da
cadeia com outras instituições de apoio direto, também deverão ser avaliados os processos de apoio
que afetam direta e significativamente a competitividade da cadeia objeto de estudo. Os
direcionadores competitivos, conforme pode ser observado, apesar de envolverem a análise da
situação presente, permitem evidenciar potencialidades futuras da cadeia e a manutenção de sua
competitividade futura.
Ainda é relevante considerar, em termos de mesoanálise da competitividade empresarial de
uma cadeia produtiva, a avaliação da cadeia produtiva em estudo perante sua concorrência.
Observando-se o que foi anteriormente exposto, a conjugação das análises do desempenho
competitivo e dos direcionadores competitivos, permitem o desenvolvimento do Benchmarking
competitivo, tanto em termos setoriais (tipos de empresas elos da cadeia), bem como em termos de
relações inter-empresariais e logísticas (processos inter-empresariais). Desta forma, obtém-se
informações consistentes para o que poder-se-ia chamar de grau de competitividade frente as
cadeias concorrentes.
Visando uma visualização mais objetiva da mesoanálise da competitividade empresarial
aplicada a cadeias produtivas, apresenta-se no Quadro 1 abaixo um resumo dos aspectos abordados.
5. COMENTÁRIOS FINAIS
A partir do que foi exposto neste artigo, alguns comentários finais referentes ao tema de
análise da competitividade de aglomerados empresariais parecem adequados.
A expansão da formação de novos arranjos industriais, como Filière, Clusters, Supply
Chains, Redes Flexíveis de pequenas empresas e outros tipos de aglomerados, parece constituir um
processo irrefutável que deverá ser expandido ao longo das próximas décadas, principalmente em
função de aspectos como a globalização, a expansão da informática de base microeletrônica e das
telecomunicações, a busca de concentração das empresas nas suas principais competências e o
acirramento da competição inter-capitalista.
Esta presumível expansão dos diferentes tipos de arranjos empresariais, implicará na
necessidade de revisão dos conceitos e métodos utilizados para avaliação de sua competitividade e
estratégias possíveis de empregar, pelas características que estes arranjos apresentam, afastando-os
das abordagens micro e macroeconômicas, geralmente utilizados para análise de empresas
individuais e tecidos industriais regionais ou nacionais. Esta interpretação já é clara na visão de
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMATO NETO, João. Redes de Cooperação Produtiva e Clusters Regionais. Editora Atlas,
São Paulo, SP, 2000.
BATALHA, Mário Otávio. Gestão Agroindustrial. Vol.1, Editora Atlas, São Paulo, SP, 1997.
CASAROTTO FILHO, Nelson & PIRES, Luís Henrique. Redes de Pequenas e Médias
Empresas e Desenvolvimento Local. Editora Atlas S.A., São Paulo, SP, 1998.
LAMBERT, Douglas M.. Supply Chain Management: What does it Involve ? Supply Chain &
Logistics Journal, Fall 2001, Vol. 4, Issue 4, Canadian Association of Supply Chain & Logistics
Management, Canada, 2001- capturado no site www.infochain.org/quarterly/F01/F01TOC.html
PORTER, Michael E. & MILLAR, Victor E.. How Information Gives You Competitive
Advantage. Harvard Business Review, July-August, 1985.
PORTER, Michael E.. Clusters e Competitividade. HSM - Management 15, Julho-Agosto 1999,
Ano3, N.15.
PORTER, Michael E. A Vantagem Competitiva das Nações. Editora Campus, Rio de Janeiro,
RJ, 1990.
WOOD JR., Thomaz & ZUFFO, Paulo K. Supply Chain Management. RAE – Revista de
Administração de Empresas, SP, Julho/Setembro 1998, V.38, N.3, P.55-63.