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V I S E M EA D

Po lít ic a Ge s t ã o T e c n o l ó g i c a

CLUSTERS: NOVO PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA

PARANAENSE NA DÉCADA DE 90

AUTORES:

Sieglinde Kindl da Cunha


Doutora em economia pelo Instituto de Economia da UNICAMP.
Professora do Mestrado em Administração Empresarial da FACIPAL
Email: skcunha@brturbo.com.br

Maria Aparecida de Oliveira


Mestre em Economia pela Universidade Estadual de Maringá
Técnica do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e
Social.
Email: oliveira.cida@zipmail.com.br

João Carlos da Cunha


Doutor em Administração de Empresa pela Universidade de São Paulo – USP
Professor Adjunto da Universidade Federal do Paraná.
Email: jccunha@brturbo.com.br
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CLUSTERS: NOVO PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA

PARANAENSE NA DÉCADA DE 90

Este artigo por objetivo identificar as especificidades delineadas pelo novo padrão de
industrialização da economia paranaense e seus rebatimentos em termos da reorganização
espacial da indústria. A questão central da investigação proposta diz respeito à identificação
das mudanças estruturais no padrão de aglomeração espacial das indústrias do Paraná nos anos
90, utilizando o recorte analítico baseado no conceito de clusters. Como resultado apresenta-se
um mapeamento das principais aglomerações especializadas da industria, buscando contribuir
com sugestões de políticas públicas para desenvolver e potencializar os arranjos produtivos
locais no Estado do Paraná.

INTRODUÇÃO

Os resultados apresentados neste artigo fazem parte da pesquisa Mudança Estrutural


no Padrão de Aglomeração Espacial da Indústria Paranaense, e tem por objetivo identificar as
especificidades delineadas pelo novo padrão de industrialização da economia paranaense e
seus rebatimentos em termos da reorganização espacial da indústria.
A questão central da investigação proposta diz respeito à identificação das
mudanças estruturais no padrão de aglomeração espacial das indústrias do Paraná nos anos 90,
utilizando o recorte analítico baseado no conceito de clusters, caracterizado pela concentração
Este artigo tem por objetivo, identificar as aglomerações especializadas no estado do Paraná,
tomando como referência a metodologia aplicada por Albuquerque (2000), que utiliza o
“quociente locacional”, para indicar espaços econômicos especializados em determinadas
atividades.
Esta primeira fase tem como hipótese de pesquisa que um novo desenho da
localização espacial da base produtiva vem se delineando nos anos 90 no Estado do Paraná.
Este desenho apresenta como tendência à concentração de atividades industriais
tecnologicamente avançadas e diversificadas na Região Metropolitana de Curitiba e a
distribuição de alguns “arranjos produtivos locais”, espalhados em aglomerações de médio
porte que conformam padrões de desenvolvimento industrial especializadas.
Como resultado apresenta-se um mapeamento das principais aglomerações
especializadas da industria no Paraná, utilizando o recorte analítico baseado no conceito de
clusters, buscando contribuir com sugestões de políticas públicas para desenvolver e
potencializar os sistemas locais de inovação.

1 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS EM ECONOMIAS GLOBALIZADAS

O desenvolvimento dessa pesquisa está fundamentado em enfoques analíticos que


têm por objetivo analisar a competitividade sistêmica, resgatando o papel da região e dos
arranjos produtivos setoriais como base para a inovação e a competição.
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Dois elementos da Teoria do Desenvolvimento Local se conjugam para enriquecer e


complementar a compreensão das potencialidades empíricas dos Sistemas Locais de Inovação.
O primeiro diz respeito à relativização do fenômeno da globalização que,
aparentemente, poderia estar levando ao fim das barreiras econômicas, criando um mundo
desterritorializado, sem fronteira geográfica e com a dominação das grandes corporações.
Na realidade, o que se assiste é um fenômeno novo, viabilizado pelas novas
tecnologias da comunicação, que é a possibilidade de articulação do local ao global. Isso
implica que, em vez de homogeneizar os espaços econômicos nacionais, o processo de
globalização pode aumentar as diferenças entre as regiões de um mesmo país, aumentando a
competição entre as localidades.

‘’A globalização não elimina os contextos sociais e institucionais locais. Ao contrário, reforça a
importância dos tecidos locais.”

(...) “O sucesso econômico de cada país, região ou localidade passa a depender da capacidade de
se especializar naquilo que consiga estabelecer vantagens comparativas efetivas e dinâmicas,
decorrentes de seu estoque de atributos e da capacidade local de promoção continuada de sua
inovação. Campolina, (2000)”

Na era do conhecimento e da crescente integração em redes, a região ressurge como


locus da organização produtiva e da inovação, onde o esforço e o sucesso da pesquisa, da ação
institucional e do aprendizado se dão de forma coletiva, por meio da interação, da cooperação
e da complementaridade, imersos no ambiente cultural local, o qual também é resultado do
processo histórico cultural ou path dependent. Assim, além desses atributos, há um processo
contínuo de aprendizado regional. Daí a importância da proximidade, da flexibilização dos
processos e da organização produtiva.
Isso nos permite resgatar o papel da região ou da aglomeração como base para a
inovação e competição e, ao mesmo tempo, resgatar e articular conceitos de pólos de
crescimento ou desenvolvimento, distrito industrial, clusters, complexo produtivo,
aglomeração industrial, economias externas, suporte urbano como forma organizacional e
condição para o processo de inovação e ganho de competitividade. Campolina, (2000).
A tendência que se apresenta é uma nova movimentação no processo de
concentração e desconcentração, no qual uma crescente parcela da produção fabril de menor
porte vem se instalando em vários locais. Os estudos teóricos sobre desenvolvimento local têm
destacado duas abordagens para explicar esse processo:
a) firmas flexíveis e inovativas, que têm como requisitos a produção de bens e
serviços diferenciados em qualidade e em constante inovação tecnológica, para
fazer frente a um mercado cada vez mais competitivo;
b) regiões ágeis e inovativas, definidas como espaços territoriais, com ambiente
favorável à atração de investimentos e desenvolvimento de negócios, onde as
instituições públicas e privadas exercem um papel indutor desse
desenvolvimento.
Essas abordagens indicam a crescente substituição do modelo fordista, baseado
preponderantemente em grandes corporações de regime de produção verticalizada, pelo
modelo de acumulação flexível, com produção descentralizada e menos dependente da
existência de economias de escala, possibilitando o crescimento de pequenas médias empresas,
cuja localização independe dos fatores locacionais tradicionais, como disponibilidade de
fontes de matéria-prima, custos de transportes e economias de aglomeração.
As pequenas e médias empresas estão se instalando em regiões e locais que
possibilitem desenvolver uma diversidade de relações sociais, baseadas na
complementaridade, na interdependência e cooperação. Estas aglomerações de empresas são
chamadas de arranjos produtivos locais ou clusters.
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Porter (1999 p.209.), define as aglomerações como “concentrações geográficas de


empresas inter-relacionadas, fornecedores especializados, prestadores de serviços, empresas em setores
correlatos e outras instituições específicas (universidades, órgãos de normatização e associações), que
competem mas também cooperam entre si.”
A localização da empresa é um elemento-chave para definir sua competitividade,
uma vez os vínculos mais estreitos entre clientes fornecedores, clientes e outras instituições
afetam a vantagem competitiva, através do aumento da produtividade dos clusters ou arranjos
produtivos locais como um todo.
Galvão (2000) conceitua clusters como "todo tipo de aglomeração de atividades
geograficamente concentradas e setorialmente especializadas - não importando o tamanho das unidades
produtivas, nem a natureza da atividade econômica desenvolvida, podendo ser da indústria de transformação, do
setor de serviços e até da agricultura".
Brito (2000), complementa este conceito definindo que:

“os clusters industriais não devem ser concebidos como mera aglomeração espacial das atividades
industriais presentes em determinados setores, mas sim como arranjos produtivos onde predominam
relações de complementaridade e interdependência entre diversas atividades localizadas num
mesmo espaço geográfico e econômico. Esses clusters são concebidos como ponto de confl uência
entre a organização de sistemas regionais-locais de inovação no plano institucional e a emergência
de redes de firmas como forma padrão de conformação empresarial desses sistemas.”

Este tipo de arranjo está associado a um conjunto de empresas e instituições


espacialmente concentradas que estabelecem entre si relações verticais (compreendendo
diversos estágios de determinada cadeia) e horizontais (envolvendo o intercâmbio de fatores,
competências e informações entre agentes similares).
Os clusters industriais apresentam uma conformação interna que geralmente
incluem:
a) uma grande empresa ou uma concentração de empresas semelhantes e a
identificação das suas relações a montante e jusante;
b) setores que utilizam fornecedores comuns ou fornecem produtos ou serviços
complementares;
c) empresas ou instituições que fornecem qualificações especializadas, tecnologias,
informações capital, infra-estrutura e associações de classe;
d) agências governamentais e outros órgãos reguladores que exerçam influência
sobre a aglomeração.

As estratégias de desenvolvimento local por meio do desenvolvimento e


fortalecimento dos clusters definem-se pelo envolvimento dos agentes locais públicos e
privados como condutores da promoção da industrialização local
Os agentes locais (os instituições públicas locais, associações empresariais,
universidades e instituições de pesquisas e as empresas) devem ter um papel pró-ativo na
potencialização dos fatores determinantes da transformação local e da sua competitividade
sistêmica.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1 DEFINIÇÃO DAS REGIÕES


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A divisão regional adotada neste trabalho utilizou como base as mesorregiões


adotadas pelo IBGE.
As 10 mesorregiões passaram por um novo critério de divisão para atender aos
objetivos desse trabalho:
 Cada região deveria ser composta por no máximo de 30 cidades com continuidade
geográfica.
 Presença de uma cidade pólo com mais de 40 mil habitantes.

2.2 CÁLCULO DE QUOCIENTE LOCACIONAL

Para a identificação das aglomerações especializadas do Estado do Paraná, foi


utilizada metodologia do "quociente locacional", ferramenta tradicional utilizada em estudos
de economia regional para indicar espaços regionais especializado em determinadas
atividades.
Para o cálculo do Quociente Locacional do Emprego (QLE) utiliza-se a seguinte
fórmula:
SRij= Total de empregos ou VA do segmento i na região j
SRij TE
QL  
TR j SE i
TRj=Total de empregos ou VA na região J
SEi=Total de empregos ou VA do Segmento i no Estado
TE=Total de empregos ou VA do Estado
Para complementar os indicadores do quociente locacional de emprego, calculou-se
também o indicador de quociente locacional da produção. Para tanto, foram utilizadas as
informações de Valor Adicionado, da Secretaria de Estado da Fazenda 1 ,
A análise dos quocientes locacionais calculados com os dados de emprego e valor
adicionado, são utilizados de forma complementar para a seleção das aglomerações industriais
especializadas. Do banco de dados da SEFA, foram utilizados os dados de Valor Adicionado e
número de estabelecimentos, para os anos de 1990, 1995 e 2000, cujos resultados permitiram a
análise temporal para a década de 90. Do banco de dados da RAIS, foram utilizados os dados
referentes ao número de empregados e o número de estabelecimentos, para os anos de 1995 e
2000. Os dados de emprego referentes a 1990 não foram utilizados, pois os mesmos só
permitiam desagregação por gêneros, não atendendo os critérios de análise deste trabalho.

2.3 CLASSIFICAÇÃO E SELEÇÃO DOS SEGMENTOS ESPECIALIZADOS

Tendo em vista o grande número de ocorrências de QLs > 1, ocasionado pelo fato
da composição segmentos-regiões contemplar setores ainda com baixa densidade na
composição de empregos e VA no Estado, optou-se por critério de seleção que segue a
seguinte tipologia:
- Soma-se todos os QLE (emprego) ou QLV (VA) do segmento (=100%).
- Calcula-se a participação no total de QLE ou total de QLV (PVA) para

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Foi criada uma codificação própria para o agrupamento da indústria extrativa mineral e da indústria de transformação,
cotejando os códigos da CNAE da RAIS (283 segmentos), a 5 dígitos e da CAE da SEFA, a 6 dígitos (482 segmentos). Esta compatibilização
resultou em 98 agrupamentos representando os segmentos significativos presentes na estrutura industrial paranaense, respeitan do as duas
nomeclaturas utilizadas nos códigos CNAE e CAE.
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empregos.
A seguir, classificou-se os segmento especializados (QLs > 1) em de Baixa (B),
Média (M) e Alta (A) especialização obtidas pelo seguinte procedimentos:
- Baixa Especialização(B) para participação no QL total em emprego ou VA entre
0 e 25%
- Média Especialização(M) para participação no QL total em emprego ou VA
entre 26% e 50%
- Alta Especialização(A) para participação no QL total em emprego ou VA > 50%
ou participação de empregos e VA à nível de estado for maior que 0,9%.

3 AGLOMERAÇÕES ESPECIALIZADAS REGIONAIS

As transformações recentes na estrutura produtiva do setor industrial brasileiro têm


mudado o padrão de articulação entre os agentes econômicos nacionais e internacionais e o
padrão de localização espacial das atividades produtivas. Observa-se uma nova tendência de
localização espacial da indústria para fazer frente aos requisitos de competitividade. O
movimento de capitais na busca de maiores níveis de eficiência dos fatores produtivos e uma
aproximação com os núcleos indutores de inovação localizados espacialmente estão
conformando uma nova dinâmica e um novo desenho espacial da indústria brasileira. 2 O novo
desenho locacional vem indicando mudança no perfil das concentrações industriais e a
formação de novas áreas industriais no Brasil.
Esse movimento penetra de forma muito intensa na estrutura produtiva do Paraná,
definindo um novo desenho espacial e um novo perfil da estrutura produtiva.
As inversões produtivas realizadas nos últimos anos apontam duas tendências. Em
primeiro lugar, o processo recente de implantação de unidades montadoras no Estado do
Paraná, mais precisamente na Região Metropolitana de Curitiba, provocou um adensamento da
matriz de relações interindustriais. Isso vem possibilitando, o incremento das compras
regionais e estimulando as empresas locais a elevarem o padrão tecnológico mediante
parcerias com empresa estrangeiras e/ou através de investimentos em P&D. A implantação das
montadoras vem atraindo empresas multinacionais fornecedoras com perspectiva de atender
ao mercado local, nacional e mesmo internacional.
Os novos investimentos que ocorrem a partir da segunda metade da década de 90,
consolidam a Região Metropolitana de Curitiba - RMC, como uma das aglomerações
industriais de destaque em nível nacional3 . Esses novos investimentos vêm acompanhados
pela maior diversificação industrial, pela expansão dos serviços e pela consolidação da RMC
como um pólo nacional de ciência, tecnologia e inovação, intensificando a rede de relações
com o setor produtivo.
O outro eixo de dinamismo da economia paranaense vem sendo sustentado pelos
recentes investimentos e pelo potencial de expansão do agronegócio paranaense.
A agroindústria tradicional paranaense orientada pela lógica da disponibilidade de
matérias-primas encontra-se com seus limites de expansão quantitativos praticamente

2
As principais teses sobre as transformações recentes do desenvolvimento regional brasileiro são apresentadas por Diniz,
(1995) que defende a tese da concentração poligonal, a de Pacheco (1999) que identifica um proc esso de fragmentação dos núcleos
dinâmicos, defendendo a tese das “ilhas de produtividade” e a visão de Galvão e Vasconcelos (1999), que analisam a dinâmica e spacial da
economia brasileira com enfoque para a escala microrregional ou local.
3
Na visão de Pacheco (1999), uma das “ilhas de produtividade” e na visão de Dinix(1995), como um dos vértices do
polígono.
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esgotados, apontando para uma nova tendência de redefinição do padrão de


agroindustrialização que foi acompanhado ao longo da década de 90, por um processo de
reestruturação patrimonial, processo contínuo de concentração, modernização e diversificação,
incorporação de novas etapas de produção e de mudanças qualitativas e logísticas necessárias
ao enfrentamento dos desafios do novo paradigma de competição internacional. Em outros
termos, a posição competitiva da agroindústria do Estado não se define mais somente por sua
base agropecuária e de recursos naturais, mas por uma mudança qualitativa no padrão de
industrialização, que requer como condição a exploração conjunta das vantagens competitivas
para enfretamento de mercados globalizados.

3.1 DISTRIBUIÇÃO REGIONAL DA INDÚSTRIA DO PARANÁ

Os investimentos que ocorreram no Paraná, principalmente na segunda metade da


década de 90, indicam a persistência da concentração setorial e espacial das atividades
industriais.
A Região Metropolitana Sul-Curitiba concentra aproximadamente a metade do
valor adicionado da indústria do Paraná na década de 90. No entanto a segunda metade da
década indica uma certa desconcentração das atividades industriais em favor principalmente
da Região Metropolitana Norte/Paranaguá, que aumenta a sua participação de 3,4% em 1990,
para 3,8% em1995 e 6,1% em 2000. A mesma tendência ocorre com o indicador de
crescimento do emprego.
TABELA 01 – REGIÕES, NÚMERO FIRMAS EM 2000, NÚMERO DE EMPREGOS EM 1995 E 2000 E
PARTICIPAÇÃO NO VALOR ADICIONADO ESTADUAL EM 1990,1995 E 2000
PARTICIPAÇÃO VA
N. DESCRIÇÃ O DA REGIÃO FIRMAS 2000 EMPREGOS ESTADUAL
(%)
RAIS SEFA 1995 2000 1990 1995 2000
01 Metropolitana Norte-Paranaguá 399 332 4.941 7.739 3,42 3,80 6,06
02 Metropolitana Sul-Curitiba 5.752 4.217 113.906 124.624 51,09 54,35 49,55
03 Ponta Grossa-Castro 999 676 25.269 25.438 7,33 11,15 13,60
04 Irati-União da Vitória 969 766 13.727 16.053 2,10 2,27 2,60
05 Jacarezinho-Santo Antonio Platina 413 297 5.826 6.919 1,12 1,08 1,10
06 Cornélio Procópio-Bandeirantes 263 195 3.854 5.188 2,37 0,67 0,66
07 Londrina-Cambé 2.082 1.693 36.391 45.097 8,37 8,18 8,63
08 Apucarana-Ivaiporã 738 617 10.746 11.032 2,43 1,81 1,85
09 Maringá-Sarandi 1.671 1.434 22.746 26.958 6,42 4,04 4,07
10 Paranavaí-Loanda 491 403 6.055 8.255 0,57 0,62 1,11
11 Umuarama-Cianorte 1.029 868 12.414 15.163 1,30 1,67 1,61
12 Campo Mourão-Goioerê 420 303 5.913 5.840 2,28 0,90 0,84
13 Cascavel-Foz do Iguaçu 1.105 866 11.623 14.276 2,50 2,52 2,04
14 Toledo-Marechal Candido Rondon 822 563 8.626 13.683 3,28 2,04 2,02
15 Francisco Beltrão-Pato Branco 908 706 9.833 15.119 1,35 1,85 1,85
16 Guarapuava-Pitanga-Palmas 872 718 12.219 14.836 4,06 3,06 2,41
Total 18.933 14.654 304.089 356.220 100,00 100,00 100,00
FONTE: IPARDES com base nos dados da RAIS/MTE E SEFA.

A Região de Ponta Grossa-Castro se destaca no período pelo elevado crescimento


na participação no Valor Adicionado da indústria, que passa de 7,33% em 1990, para 11,15%
em 1995 e 13,6% em 2000. A mesma tendência não ocorre em termos do crescimento na
participação do emprego. O fato do crescimento no emprego não acompanhar o crescimento
do valor adicionado, pode ser explicado pela reestruturação produtiva e patrimonial que ocorre
em alguns dos importantes segmentos do setor industrial da região, tais como: indústria de
laticínios, com o processo de reestruturação da Batávia, adquirida pela Parmalat, a
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restruturação patrimonial e a relocalização das indústrias esmagadoras de soja, e a


reestruturação das indústrias papeleiras, resultando em uma queda significativa no emprego
destes segmentos.
As regiões que fazem parte do Eixo Paranaguá/Curitiba/Ponta-Grossa sustentaram a
grande expansão industrial do Paraná na década de 90, com grandes transformações na sua
estrutura industrial, passando por um processo de diversificação com a instalação do Pólo
automotivo e modernização e reestruturação produtiva e patrimonial da agroindústria.
A região Londrina-Cambé, terceira maior aglomeração industrial do Estado se
mantém ao longo da década com participação no valor adicionado da indústria pouco acima de
8% e de aproximadamente em 12% sua participação no emprego Cabe destacar que algumas
regiões que no início da década de 90 se apresentavam como importantes aglomerações
industriais do interior do Estado perdem significativamente participação na geração do valor
adicionado da indústria. Entre elas destacam-se as regiões de Maringá-Sarandi, Apucarana-
Ivaiporã, Campo Mourão-Goioerê, Toledo/Marechal Cândido Rondon e Guarapuava-Pitangas-
Palmas.

3.2 CONCENTRAÇÃO DA INDÚSTRIA E REESTRUTURAÇÃO PATRIMONIAL

Selecionando os principais segmentos industriais especializados, observa-se uma


forte concentração setorial e regional ao longo da década. A participação destes segmentos no
valor adicionado da indústria do Estado, passa de 33%em 1990, para 51% em 1995, atingindo
58% em 2000.
Essa concentração ocorre principalmente na indústria metal-mecânica e na região
metropolitana Sul/Curitiba. No segmento automotivo e de autopeças, a participação do pólo
automotivo na Região Metropolitana Sul passa de 6,08% em 1990, para 8,61% em 1995 para e
12,81% em 2000. Os demais segmentos da indústria metal mecânica: material elétrico,
eletrônico e de comunicações e a indústria mecânica e de máquinas e equipamentos, também
elevam sua participação. Todos estes segmentos concentram-se espacialmente na Região
Metropolitana Sul.
Os segmentos de papel , papelão e embalagem localizados na Região de Ponta
Grossa-Castro e na Região de Guarapuava-Pitanga-Palmas apresentaram também uma forte
expansão no período analisado, passando de 2,87% em 1990, para 6,82% em 1995, evoluindo
para 8,87% em 2000. Neste segmento ocorreu um processo de reestruturação patrimonial com
a aquisição da Pisa Papel de Imprensa pelo grupo norueguês Norske Skog, a compra da
Inpacel de Jaguariaíva pelo Grupo Champion além da fusão da Van Leer, do grupo
Brasholanda com a Huhtamaki.
Com elevado crescimento, o segmento de fertilizantes e defensivos passou por forte
concentração na década de 90, com redistribuição espacial e patrimonial da produção a partir
da privatização da Ultrafértil, que pertencia ao grupo Petrobrás, da entrada do Grupo Bunge Y
Born, que adquiriu empresas do segmento de defensivos e fertilizantes de Curitiba, Ponta
Grossa, Cambé e Paranaguá, da entrada do grupo israelita Makteshim-agan, além da joint
venture entre a Herbitécnica de Londrina com a Defensa, formando a Milênia Agrociência O
segmento encontra-se distribuído em quatro Regiões: Metropolitana Norte-Paranaguá,
Metropolitana Sul-Curitiba, Londrina-Cambe e Ponta Grossa-Castro.
Outro segmento concentrado regionalmente é o de laminados, artefatos e
embalagens plásticas. A região Metropolitana Sul-Curitiba e de Londrina, concentraram neste
segmento, 1,8% em 1990, 2,5% em 1995 e 3,3% do Valor Adicionado Industrial do Estado,
em 2000.
Resumindo, o setor industrial de alimentos e agroquímicos do Estado têm sua
dinâmica produtiva determinado por três vertentes: as indústrias multinacionais, as grandes
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empresas nacionais e as cooperativas. Entre as empresas multinacionais destacam-se as


empresas Bunge (esmagamento de soja e fertilizantes), Parmalat (laticínios). Entre as grandes
empresas nacionais destacam-se a Sadia-Frigobras (carnes e massas), Perdigão (carnes e
ração), Iguaçu e Cacique (café). No setor onde atuam as cooperativas sobressaem-se os
segmentos de óleo e gordura de soja e canola, fiação de algodão, sucro-alcooleiro, abate aves,
abate de suínos, laticínios, malte, ração animal, moagem trigo e torrefação de café. Entre as
maiores cooperativas destacam-se a Coamo, Cocamar, Coopavel, Lar/Cotrefal, Copacol,
Sudcoop, Confepar, Coagel e Integrada.
A estratégia das grandes empresas nacionais do setor de alimentos e agroquímicos
têm sido de se concentrar em poucos segmentos. Já as cooperativas, se empenham na
diversificação e na produção de produtos de maior valor adicionado. _Com um pauta restrita a
sua base produtiva cooperada, realizaram significativos investimentos, principalmente, nos
segmentos de óleo e gorduras vegetais e no de carnes.

. TABELA 02 - PRINCIPAIS AGLOMERA ÇÕES INDUSTRIAIS ESPECIALIZADAS DO PARANÁ


DESCRIÇÃ O SEGMENTOS 1990 1995 2000
Metropolitana Sul-Curitiba Automóvel, utilitário, caminhão e ônibus 2,96 5,52 9,14
Metropolitana Sul-Curitiba Autopeça 4,12 3,09 3,67
Ponta Grossa-Castro Celulose, papel e papelão 1,69 5,81 5,10
Ponta Grossa-Castro Embalagem de papel e papelão 0,00 0,00 2,83
Guarapuava-Pitanga-Palmas Celulose, papel e papelão 1,18 1,01 0,94
Metropolitana Norte-Paranaguá Cimento 1,63 1,74 2,38
Metropolitana Sul-Curitiba Artefato de cimento 0,70 0,86 0,65
Metropolitana Sul-Curitiba Lâmina e chapa de madeira 0,72 1,44 2,32
Metropolitana Sul-Curitiba Material elétrico e eletrônico 1,30 1,25 2,15
Metropolitana Sul-Curitiba Equipamento para comunicação 2,34 5,99 1,37
Metropolitana Sul-Curitiba Eletrodoméstico 0,58 2,62 1,72
Metropolitana Sul-Curitiba Siderurgia, metalurgia e usinagem de metal 1,56 1,25 1,45
Metropolitana Sul-Curitiba Máquina industrial e máquina-ferramenta 1,28 1,40 1,64
Metropolitana Sul-Curitiba Trator e equipamento para agricultura e construção 0,76 1,05 1,00
Metropolitana Sul-Curitiba civil
Mecânicas diversas 0,02 0,04 0,86
Metropolitana Sul-Curitiba Equipamento para energia elétrica 0,52 0,96 0,86
Metropolitana Sul-Curitiba Equipamento para instalação industrial, comercial e 4,09 1,63 0,77
Metropolitana Sul-Curitiba predial e instrumento médico-hospitalar
Aparelho 1,25 0,79 0,92
Metropolitana Norte-Paranaguá Fertilizante e defensivo 0,23 0,57 1,82
Londrina-Cambé Fertilizante e defensivo 0,10 0,43 1,56
Metropolitana Sul-Curitiba Fertilizante e defensivo 1,36 1,45 1,46
Ponta Grossa-Castro Fertilizante e defensivo 0,44 0,11 0,61
Metropolitana Sul-Curitiba Laminado e artefatos de plástico 1,27 0,74 1,70
Londrina-Cambé Embalagem plástica 0,15 0,44 0,81
Metropolitana Sul-Curitiba Embalagem plástica 0,37 1,36 0,77
Metropolitana Sul-Curitiba Químicos diversos 1,69 1,94 1,69
Metropolitana Sul-Curitiba Perfumaria e cosmético 0,10 0,56 1,17
Ponta Grossa-Castro Cerveja, Chope e Malte 1,02
Metropolitana Sul-Curitiba Cerveja, Chope e Malte 1,82 2,24 1,01
Toledo-Marechal Candido Abate suíno, bovino e outras reses 2,18 1,09 0,96
Rondon
Metropolitana Sul-Curitiba Edição, impressão e reprodução 0,61 1,48 0,95
Londrina-Cambé Mobiliário 1,16 1,05 0,94
Maringá-Sarandi Açúcar 0,26 0,48 0,66
Metropolitana Norte-Paranaguá Óleo, margarina e gordura alimentícia 0,22 0,28 0,61
Ponta Grossa-Castro Desdobramento de madeira 0,33 0,37 0,61
Segmento não-selecionado 61,02 48,95 41,86
FONTE: IPARDES com base nos dados da SEFA

No segmento beneficiamento de algodão destaca-se a cooperativa central


COCEAL-Cooperativa Central de Algodão com sede em Ibiporã, formada pelas cooperativas
INTEGRADA-Cooperativa Agropecuária de Produção Integrada (que adquiriu a Copanor-
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Cooperativa Agrícola de Cotia do Norte do Paraná) e a Corol-Cooperativa Agropecuária de


Rolândia (que adquiriu a VALCOOP-Cooperativa Agropecuária Vale do Tibagi e a CAMAS-
Cooperativa Agrícola Mista de Alvorada do Sul), no final da década a cooperativa foi desfeita,
com a maior parte de sua estrutura sendo incorporada pela INTEGRADA.
Outra cooperativa central com objetivos logísticos de exportação é a Cotriguaçu-
Cooperativa Central Regional Iguaçu que reúne as cooperativa do oeste paranaense: a
COAGRO-Cooperativa Agropecuária Capanema, COOPERVALE-Cooperativa Agrícola
Mista Vale do PiquiriI e a Cooperativa Agroindustrial Lar-Cotrefal com terminal de
armazenagem no Porto de Paranaguá.
O segmento de madeiras, ao longo da década de 90, tem sentido os efeitos da
redução da oferta interna de matérias primas e do atraso tecnológico dos segmentos mais
tradicionais como o de desdobramento de madeira. Existem previsões de que a crise de
escassez de oferta de madeira se acentue a partir de 2004. Com exceção das grandes papeleiras
e madeireiras que possuem sua própria base floresta, as pequenas e médias madeireiras e o
setor de móveis poderão ter a oferta de insumos locais reduzida, com implicações sobre os
preços das matérias primas e reflexos diretos na produção e emprego.
Destacam-se ainda como importantes aglomerações especializadas na Região
Metropolitana Sul, os segmentos de Perfumaria e Cosméticos; Aparelhos e Instrumentos
Médico-hospitalares e Edição Impressão e Reprodução; em Ponta Grossa e Curitiba, o
segmento de Cerveja, Chope e Malte; Mobiliário em Rolândia; Óleo, Margarina e Gordura
Alimentícia em Paranaguá e o segmento sucro alcoleiro no norte do Paraná.

3.3 AGLOMERAÇÕES ESPECIALIZADAS REGIONAIS

Neste item serão apresentados os principais resultados da aplicação da metodologia


do quociente de especialização para a identificação das aglomerações especializadas por
região. Além da identificação das aglomerações especializadas será destacada a importância
destes segmentos em termos de valor adicionado e de geração de emprego industrial, e
delineadas algumas características da estrutura industrial do segmento na região e as suas
perspectivas.
Os novos investimentos que ocorreram ao longo dos anos 90 e a reestruturação
produtiva, tecnológica e patrimonial das indústrias já existentes mudam o desenho espacial e
setorial da indústria, redefinindo as especializações regionais e apontando para a formação de
arranjos produtivos locais ou clusters.com quatro eixos de transformações estruturais-
espaciais4 .
Um eixo de transformação vem sendo definido por regiões cuja atividade industrial
se concentra em Aglomerações especializadas tradicionais, que tem sua localização vinculada
às fontes de matéria prima e que vem passando por um processo de modernização e
reestruturação. Nesta classificação destacam-se as regiões que possuem recursos naturais ou
matérias primas agropecuárias, cuja estrutura industrial se mantém especializada em
segmentos vinculados à disponibilidade de matérias primas, como a indústria de extração e
beneficiamento de minerais não metálicos, indústria da madeira, papel e papelão, e alguns
segmentos da indústria alimentícia. Neste tipo de especialização regional destacam-se: o pólo
de Minerais não metálicos da Região Metropolitana Norte, o pólo madeireiro de Irati, União
da Vitória, Guarapuava e Palmas, Indústria de Café, sucroalcooleira do Norte e Noroeste do
Paraná, entre outros. Embora estratégico em termos de emprego e renda das regiões

4
Esta tipologia se fundamenta nas fontes de vantagens competitivas da localização,
desenvolvida por Porter (1999) – O “Diamante” da Vantagem Nacional.
11

especializadas, os segmentos que não estão passando por processo de reestruturação e


modernização, apresentam tendência à estagnação e mesmo retração das atividades, com forte
impactos econômicos e sociais em nível regional. Por outro lado, os segmentos tais como
papel e papelão e lâminas e placas de madeira, que se reestruturaram, modernizaram e
avançaram para etapas mais sofisticadas do processo produtivo, aumentaram a sua
participação na indústria paranaense, principalmente no que se refere ao valor adicionado.
Outro eixo refere-se às Regiões cuja estrutura industrial vincula-se à arranjos
produtivos ou clusters dos setores tradicionais, mas que tem como fator indutor da localização
as vantagens de aglomeração e da interação. São também denominados entornos inovadores
que agrupam em um todo coerente, um sistema de produção, uma cultura técnica e atores
organizados, que utilizam os recursos materiais e imateriais regionais, produzem e trocam
bens serviços especializados e comunicação, utilizam mão de obra especializadas, formam
uma rede de relações e vínculos de cooperação e interdependência intra-empresas e com
instituições de P&D.; Estes tipos de arranjos produtivos estão começando a se estruturar e
outros se consolidando em algumas regiões do Estado tais como o pólo moveleiro de
Londrina-Cambé, o pólo têxtil e de confecções de Londrina-Cambé, o pólo têxtil de Cornélio
Procópio/Bandeirantes, o pólo de confeções e o de couros de Apucarana-Ivaíporã, o pólo de
vestuário de Maringá-Sarandi, o pólo de vestuário de Umuarama-Cianorte e a indústria têxtil
de Campo Mourão-Goioêre. Estas aglomerações especializadas vêm se consolidando em
novos mercados (nacional e mesmo internacional), inserindo-se em nichos tais como produção
de bonés, uniformes e vestuário de segurança e design e criação de moda, design de móveis e
decoração. Estas características têm delineado uma nova dinâmica regional, com ganhos de
representatividade destas atividades, principalmente por se caracterizarem por atividades
absorvedoras de conhecimento e mão de obra especializada.
O terceiro eixo é definido por regiões que vem consolidando arranjos produtivos dos
segmentos mais modernos fortemente vinculados ao ambiente propício à inovação. Além do
Pólo automotivo da Região Metropolitana de Curitiba, há indicativos de consolidação do
segmento mecânico e eletroeletrônico de Londrina, um embrião desse segmento na Região de
Pato Branco-Francisco Beltrão. No segmento da indústria química, também há indicativos de
consolidação do Pólo Agroquímico de Fertilizantes e defensivos na Região Metropolitana de
Curitiba (Paranaguá e Araucária) e na Região de Londrina-Cambé.
Por último, destaca-se o eixo caracterizado por regiões cuja atividade industrial é
capitaneada por grandes cooperativas ou empresas âncoras. Estas grandes empresas
respondem por grande parcela do emprego direto e indireto da região, articulam-se com
pequenos e médios fornecedores locais ou cooperados. Destacam-se neste eixo os segmentos
de abate e processamento de carnes (especialmente aves e suínos), laticínios, beneficiamento
de soja e de outros produtos alimentícios. O rearranjo produtivo e patrimonial e a relocalização
das plantas industriais que vem ocorrendo nas cooperativas e em algumas grandes indústrias
do setor de alimentos tem impactado fortemente no desenho industrial regional. Por
responderem por grande parte do emprego e renda regional, o movimento de relocalização
destas plantas provoca fortes movimentos de retração ou crescimento da região. A
relocalização e o rearranjo produtivo da indústria da soja é um exemplo dos impactos
regionais, com aumento das especializações do pólo de soja de Paranaguá, queda da
importância do setor esmagador de Ponta-Grossa, Maringá e Campo Mourão. Outro segmento
capitaneado por cooperativas e que passou por reestruturação produtiva e patrimonial foi o
setor de laticínios. Os segmento de abate de aves e suínos e de preparação de carnes,
capitaneado por grandes empresas multinacionais e por cooperativas, são a âncora produtiva
de regiões como Toledo-Marechal Cândido Rondon, Cascavel e Pato Branco-Francisco
Beltrão e Ponta-Grossa.
Cabe destacar que embora não constituam eixos dinâmicos regionais alguns
12

segmentos especializados, aparecem com tendência de crescimento ou consolidação em nichos


de mercado. Destacando-se o segmento de Conservas, temperos e pescados da região do
litoral, o segmento da piscicultura de água doce de Toledo-Marechal Candido Rondon; a
indústria de plástico de Londrina, a indústria de derivados da mandioca em Paranavaí, o
segmento de aparelhos e instrumentos médico-hospitalares em Curitiba e entre outros.
Por último, cabe destacar a tendência de perda de dinamismo de algumas regiões do
Estado. Entre estas destacam-se as regiões de Cornélio Procópio/Bandeirantes,
Maringá/Sarandi, Campo Mourão/Goioerê, Toledo/Mal. Candido Rondon e
Guarapuava/Pitnaga/Palmas. Todas estas regiões tem sua base produtiva fortemente vinculada
à indústria de alimentos e às industrias tradicionais de textil e vestuário ou madeira, e por não
passarem por um processo de reestruturação e modernização, perderam espaço e
competitividade no mercado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Alguns dos eixos de transformações estruturais espaciais apresentados pela


tipologia acima, já estão consolidados regionalmente e encontram-se envolvidos em um
ambiente institucional e de produção com capacidade endógena de sustentação, consolidados
pelas vantagens de aglomeração, da interação e da eficiência coletiva.
No entanto, os resultado até agora apresentados com a metodologia aplicada e as
informações utilizadas, não possibilitam um diagnóstico aprofundado do potencial de
crescimento e sustentabilidade desses arranjos, seu grau de organização, estrutura produtiva,
características tecnológicas, potencial de mercado, grau de interação, relações e vínculos de
cooperação e interdependência intra empresas e destas com instituições de pesquisa.
A continuidade desta pesquisa está incorporando novas informações sobre mercado,
qualificação e formação de mão de obra e a estrutura institucional regional de apoio às
aglomerações especializadas regionais, identificadas neste estudo. Com estas novas
informações agregadas aos resultados deste estudo, será possível identificar e ter uma
referência analítica sobre os principais clusters industriais do Estado.
A consolidação de alguns arranjos produtivos distribuídos espacialmente na
economia paranaense depende da ação conjunta do setor público e privado para incrementar
quantitativa e qualitativamente os serviços na área de ciência e tecnologia e serviços técnicos
especializados, o ensino e formação de mão-de-obra tecnicamente preparada para atender aos
requisitos da nova indústria, os serviços de intermediação financeira e a existência de infra-
estrutura física de apoio à produção e comercialização.
Essas reflexões nos permitem ressaltar a importância que a dimensão local assume
no padrão atual de desenvolvimento industrial, no qual as estratégias empresariais baseadas na
inovação, na cooperação e na interação entre os agentes são elementos essenciais para a
sustentabilidade e competitividade do setor produtivo.

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