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- O espaço e o tempo relacionam-se entre si – o espaço organiza o tempo na sociedade em rede.

- Tanto o espaço quanto o tempo estão sendo transformados pela TI e pelas formas e processos sociais
induzidos pelo processo atual de transformação histórica.
- O espaço de fluxos está se tornando a manifestação espacial predominante de poder e função em nossas
sociedades.

Serviços avançados, fluxos da informação e a cidade global


- A economia global/informacional é organizada em torno de centros de controle e comando capazes de
coordenar, inovar e gerenciar as atividades interligadas das redes de empresas.
- Serviços avançados (finanças, seguros, bens imobiliários, consultorias, serviços de assessoria jurídica,
propaganda, projetos, marketing, relações públicas, segurança, coleta de informações e gerenciamento de
sistemas, P&D e inovação científica) estão no cerne de todos os processos econômicos.
- A importância relativa das relações entre cidades e regiões parece diminuir quando comparada à
importância das relações que interligam várias cidades de regiões e países diferentes. As novas atividades
concentram-se em pólos específicos, e isso implica um aumento das disparidades entre os pólos urbanos e as
respectivas hinterlândias.
- O fenômeno da cidade global não pode ser reduzido a alguns núcleos urbanos no topo da hierarquia. É um
processo que conecta serviços avançados, centros produtores e mercados em uma rede global c/ intensidade
diferente e em diferente escala, dependendo da relativa importância das atividades localizadas em cada área
vis-à-vis a rede global.
- Em cada país a arquitetura de formação de rede reproduz-se em centros locais e regionais, de forma que o
sistema todo fique interconectado em âmbito global. Os territórios em torno desses nós desempenham uma
função cada vez mais subordinada, às vezes, perdendo a importância (ou até mesmo a função).
- As regiões, sob o impulso dos governos e elites empresariais, estruturaram-se para competir na economia
global e estabeleceram redes de cooperação entre as instituições regionais e entre as empresas localizadas na
área. Dessa forma, as regiões e as localidades não desapareceram, mas ficaram integradas nas redes
internacionais que ligam seus setores mais dinâmicos.
- Os indicadores apontam para um fortalecimento da estrutura hierárquica de funções de comando e controle
e do resultante intercâmbio de informação. A concentração localizada da informação resulta de altos níveis
de incerteza, por sua vez motivada pela transformação tecnológica, personalização, desregulamentação e
globalização do mercado. Contudo à medida que a época atual for se desenvolvendo, persistirá a importância
da flexibilidade, como mecanismo básico de atuação, e das economias de aglomeração, como fator
preeminente de localização. Portanto, a importância da cidade como centro de gravidade para as transações
econômicas não desaparecerá. Mas com a iminente regulamentação dos mercados internacionais, com menos
incerteza sobre as regras do jogo econômico e seus participantes, a concentração do setor da informação
sofrerá uma desaceleração, e certos aspectos da produção e distribuição filtrarão em níveis mais baixos de
uma hierarquia urbana internacionalizada.
- A expansão de serviços no mercado internacional introduziu um grau maior que no passado em termos de
flexibilidade e de concorrência no sistema urbano global. Essa ampliação também fez que o resultado do
planejamento e redesenvolvimento urbanos em larga escala ficasse refém de fatores externos internacionais
sobre os quais se pode ter apenas controle limitado.
- A combinação de dispersão espacial e integração global criou novo papel estratégico para as principais
cidades. Além de sua longa história como centros de comércio e atividades bancárias internacionais, essas
cidades agora funcionam em 4 novas formas: 1) como pontos de comando altamente concentrados na
organização da economia mundial; 2) como localizações-chave para empresas financeiras e de serviços
especializados; 3) como locais de produção, inclusive de inovação e 4) como mercados para os produtos e as
inovações produzidas.
- Embora a localização real dos centros de alto nível em cada período seja decisiva para a distribuição da
riqueza e do poder do mundo, sob a perspectiva da lógica espacial do novo sistema, o que importa é a
versatilidade de suas redes. A cidade global não é um lugar, mas um processo por meio do qual os centros
produtivos e de consumo de serviços avançados e suas sociedades auxiliares locais estão conectados em uma
rede global embora, ao mesmo tempo, diminuam a importância das conexões com suas hinterlândias, com
base em fluxos da informação.

O novo espaço industrial


- O novo espaço industrial caracteriza-se pela capacidade organizacional e tecnológica de separar o processo
produtivo em diferentes localizações, ao mesmo tempo em que reintegra sua unidade por meio de conexões
de telecomunicações e da flexibilidade e precisão resultante da microeletrônica na fabricação de
componentes.
- Empresas americanas do ramo eletrônico desenvolveram um modelo de localização caracterizado pela
divisão espacial internacional do trabalho:
 P&D, inovação e fabricação de protótipos: centros industriais altamente inovadores nas principais
áreas, geralmente com boa qualidade de vida antes que seu processo de desenvolvimento, em certa medida,
degradasse o meio ambiente;
Fabricação qualificada em filiais: em áreas recém-industrializadas do mesmo país;
 Montagem semiqualificada em larga escala e testes: localizada no exterior, em especial no Sudeste
asiático;
 Adequação de dispositivos e de manutenção e suporte técnico pós-venda: centros regionais em todo
o globo, em geral na área dos principais mercados eletrônicos.
- Um elemento-chave desse modelo de localização é a importância decisiva dos complexos produtivos de
inovações tecnológicas para todo o sistema (meios de inovação).
- Meio de inovação é um conjunto específico de relações de produção e gerenciamento com base em uma
organização social que, de modo geral, compartilha uma cultura de trabalho e metas instrumentais, visando
gerar novos conhecimentos, novos processos e novos produtos.
- O que define a especificidade de um meio de inovação é o valor agregado resultante de sua interação.
- Os meios de inovação são as fontes fundamentais de inovação e de geração de valor agregado no processo
de produção industrial da era da informação.
- Estrutura e dinâmica dos principais meios de inovação tecnológica em todo o mundo:
Os meios de inovação industrial de alta tecnologia (tecnópoles) apresentam-se em vários formatos
urbanos. As principais tecnópoles ficam nas áreas metropolitanas mais destacadas. Os principais centros
metropolitanos em todo o mundo continuam a acumular fatores indutores de inovação e a gerar sinergia na
indústria e serviços avançados.
*Embora realmente haja continuidade espacial em domínios metropolitanos, ela também pode
ser revertida caso as condições sejam adequadas – capacidade de concentração espacial dos ingredientes
apropriados para promover sinergia (ex: Vale do Silício)
Uma vez estabelecidos, os meios de inovação competem e cooperam em diferentes regiões, criando
uma rede de interação que os reúne em uma estrutura industrial comum, superando sua descontinuidade
geográfica.
O novo sistema industrial não é global nem local, mas uma nova articulação da dinâmica local e
global.
Hierarquias territoriais podem ser misturadas e até revertidas, à medida que o setor se expande pelo
mundo e conforme a concorrência intensifica ou enfraquece aglomerações inteiras, inclusive os próprios
meios de inovação.
Meios secundários de inovação são constituídos, às vezes como sistemas descentralizados
desmembrados de centros primários, mas frequentemente encontram seus nichos na concorrência com suas
matrizes originais.
- Nesse novo contexto global, a aglomeração localizada, longe de constituir uma alternativa à dispersão
espacial, torna-se a base principal para a participação em uma rede global de economias regionais. As
regiões e redes realmente constituem pólos interdependentes dentro do novo mosaico espacial da inovação
global. A globalização neste contexto não envolve o impacto fomentador dos processos universais, mas, ao
contrário, a síntese calculada da diversidade cultural sob a forma das lógicas e das capacidades de inovação
regional diferenciada.
- O novo espaço industrial é organizado em uma hierarquia de inovação e fabricação articuladas em redes
globais. Mas a direção e a arquitetura dessas redes estão sujeitas às constantes mudanças dos movimentos de
cooperação e concorrência entre empresas e locais.
- O novo espaço industrial é organizado em torno de fluxos da informação que, ao mesmo tempo, reúnem e
separam seus componentes territoriais.
- À medida que a lógica da fabricação da TI vai passando dos produtores de equipamentos de TI para os
usuários desses dispositivos, também a nova lógica espacial se expande criando uma multiplicidade de redes
industriais globais, cujas interseções e exclusões mudam o próprio conceito de localização industrial de
fábricas para fluxos industriais.

O cotidiano do domicílio eletrônico: o fim das cidades?


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A transformação da forma urbana: a cidade informacional


- A era da informação está introduzindo uma nova forma urbana, a cidade informacional.
- Por causa da natureza da nova sociedade baseada em conhecimento, organizada em torno de redes e
parcialmente formada de fluxos, a cidade informacional é um processo caracterizado pelo predomínio
estrutural do espaço de fluxos.
A última fronteira suburbana dos Estados Unidos
Edge City (Cidade às Margens): qualquer lugar que: 1) tenha 465 mil metros quadrados ou mais de
espaço com escritórios de aluguel (o local de trabalho da Era da Informação); 2) tenha 56 mim metros
quadrados ou mais de espaço para ser alugado por lojas varejistas; 3) tenha mais empregos que dormitórios;
4) seja percebido pela população como um lugar; 5) não se pareça com uma “cidade” pelo menos 30 anos
atrás.
As Edge city são ligadas por auto-estradas, corredores de acesso a aviões e antenas parabólicas de 9
metros de diâmetro nos terraços dos prédios. Seu monumento característico são os átrios a céu aberto que
abrigam árvores sempre folhadas em sedes corporativas, centros de condicionamento físico e shopping
centers. Sua estrutura é caracterizada pela famosa residência independente para uma família, a casa
suburbana cercada de gramado que fez dos EUA a civilização possuidora das melhores casas que o mundo já
conheceu.
O desenvolvimento dessas constelações livremente interrelacionadas nas áreas metropolitanas enfatiza
a interdependência funcional de unidades e processos diferentes em um determinado sistema urbano por
longas distancias, minimizando o papel da contiguidade territorial e maximizando as redes de comunicação
em todas as suas dimensões. Fluxos de intercâmbio são os componentes essenciais da Edge city americana.
Essa forma espacial é muito específica da experiência norte-americana, embutida em um padrão
clássico da história dos EUA, estimuladora da busca contínua por uma terra prometida em novos lugares. A
consequência desse dinamismo extraordinário foi a geração de problemas sociais e ambientais assustadoras.
Cada onda de escapismo físico e social aprofundou a crise das cidades norte-americanas e dificultou ainda
mais a administração de uma infraestrutura superampliada e uma sociedade superestressada.
O charme evanescente das cidades europeias
O centro de negócios é o motor econômico da cidade em rede com a economia global. Ele é formado
de uma infraestrutura de telecomunicações, comunicações, serviços avançados e espaços para escritórios
baseados em centros geradores de tecnologia e instituições educacionais. É um nó da rede intermetropolitano
que existe pela sua conexão com outros locais equivalentes organizados em uma rede que forma a unidade
real de gerenciamento, inovação e trabalho.
Na maioria das cidades europeia as verdadeiras áreas exclusivamente residenciais tendem a apropriar a
cultura e história urbanas, estabelecendo-se em áreas reabilitadas ou bem-preservadas da metrópole. Com
isso, enquanto a dominação é estabelecida e imposta de forma clara, a elite não precisa exilar-se no subúrbio
para escapar do populacho.
O mundo suburbano das cidades europeias é um espaço social diversificado, segmentado em
diferentes periferias nas vizinhanças da metrópole. Os subúrbios representam o centro da produção industrial
das cidades europeias, tanto da indústria tradicional quanto das novas industrias de alta tecnologia, que se
localizam nas periferias mais novas e mais cobiçadas em razão do meio ambiente das áreas metropolitanas,
suficientemente próximos dos centros de comunicação, porém afastados dos antigos bairros industriais.
A nova classe média de profissionais da Europa está dividida entre a atração do conforto pacífico dos
subúrbios desinteressantes e a movimentação de uma vida urbana agitada e, frequentemente, muito cara. O
equilíbrio entre os modelos espaciais diferenciais de trabalho das famílias com 2 empregos com frequência
determina a localização de sua casa.
A metrópole também é o foco dos guetos de imigrantes. Contudo, a maioria dessas áreas não é tão
carente em termos econômicos porque os residentes imigrantes em geram são trabalhadores com fortes laços
familiares, contando com uma estrutura de apoio muito forte que transforma os guetos europeus em
comunidades voltadas para a fama a, sem probabilidade de serem dominados pela criminalidade de rua.
Os principais centros metropolitanos europeus apresentam alguma variação na estrutura urbana
delineada, dependendo de seu papel diferencial na rede europeia de cidades. Quando mais baixa sua posição
na nova rede informacional, maior será a dificuldade na transição do estágio industrial, e mais tradicional
será sua estrutura urbana, com antigos bairros e áreas comerciais desempenhando papel determinante na
dinâmica da cidade. Por outro lado, quanto mais alta sua posição na estrutura competitiva da economia
europeia, mais significativo o papel de seus serviços avançados no bairro comercial, e mais intensa será a
reestruturação do espaço urbano.
O fator decisivo dos novos processos urbanos é o fato de o espaço urbano ser cada vez mais
diferenciado em termos sociais, embora esteja funcionalmente interrelacionado além da proximidade física.
Acompanha a separação entre significado simbólico, localização de funções e a apropriação social do espaço
na área metropolitana. Esta é a tendência que fundamenta a transformação mais importante das formas
urbanas em todo o mundo, com força especial nas áreas recém-industrializadas: o desenvolvimento de
megacidades.
Urbanização do terceiro milênio: megacidades
Megacidades são aglomerações enormes de seres humanos, são os nós da economia global e
concentram tudo isto: as funções superiores direcionais, produtivas e administrativas de todo o planeta; o
controle da mídia; a verdadeira política do poder; e a capacidade simbólica de criar e difundir mensagens.
Nem todas são centros influentes da economia global, mas conectam enormes segmentos da população
humana a esse sistema global.
As megacidades estão conectadas externamente a redes globais e a segmentos de seus países, embora
internamente desconectadas das populações locais responsáveis por funções desnecessárias ou pela ruptura
social. É esta característica que as torna uma nova forma urbana.
Apesar de todos os seus problemas sociais, urbanos e ambientais, as megacidades continuarão a
crescer tanto em tamanho quanto em atratividade para a localização de funções de alto nível e para as
escolhas pessoais. As megacidades são:
1) Centros de dinamismo econômico, tecnológico e social em seus países e em escala global.
São os verdadeiros motores do desenvolvimento;
2) Centros de inovação cultural e política;
3) Pontos conectores às redes globais de todos os tipos. A internet depende do sistema de
telecomunicações e dos “telecomunicadores” desses centros.
As megacidades são os pontos nodais e os centros de poder da nova forma/processo espacial da era da
informação: o espaço de fluxos.

A teoria social de espaço e a teoria do espaço de fluxos


- Espaço é a expressão da sociedade. Como as sociedades estão passando por transformações estruturais,
atualmente estão surgindo novas formas e processos espaciais.
- Os processos sociais exercem influencia no espaço atuando no ambiente construído, herdado das estruturas
socioespaciais anteriores.
- Espaço é tempo cristalizado.
- Espaço é um produto material em relação a outros produtos materiais – inclusive as pessoas – as quais se
envolvem em relações sociais determinadas que dão ao espaço uma forma, uma função e um sentido social.
- Tempo e espaço não podem ser entendidos independentemente da ação social.
- Do ponto de vista social, espaço é o suporte material de práticas sociais de tempo compartilhado (o espaço
reúne essas práticas que são simultâneas ao tempo).
- O suporte material dos processos dominantes em nossa sociedade será o conjunto de elementos que
sustentam esses fluxos e propiciam a possibilidade material de sua articulação em tempo simultâneo.
- O espaço de fluxos é a organização material das práticas sociais de tempo compartilhado que funcionam
por meio de fluxos.
*Fluxos: sequências intencionais, repetitivas e programáveis de intercâmbio e interação entre
posições fisicamente desarticuladas, mantidas por atores sociais nas estruturas econômica, politica e
simbólica da sociedade.
- O espaço de fluxo pode ser descrito pela combinação de 3 camadas de suportes materiais que, juntas,
constituem o espaço de fluxos:
1) A primeira camada é constituída por um circuito de impulsos eletrônicos, formando, em conjunto, a
base material dos processos que são cruciais na rede da sociedade.
2) A segunda camada é constituída por seus nós (centros de importantes funções estratégicas) e
centros de comunicação. Os nós e os centros de comunicação seguem uma hierarquia organizacional de
acordo com seu peso relativo na rede. Mas essa hierarquia pode mudar dependendo da evolução das
atividades processadas. As funções a serem preenchidas por cada rede definem as características dos lugares
que se tornam seus nós privilegiados. Cada rede define seus locais de acordo com suas funções e hierarquia
de cada local e segundo as características do produto ou serviço a ser processado na rede.
3) A terceira camada refere-se à organização espacial das elites gerenciais dominantes que exercem as
funções direcionais em torno das quais esse espaço é articulado. A articulação das elites e a segmentação e
desorganização da massa parecem ser os mecanismos gêmeos de dominação social em nossas sociedades.

A arquitetura do fim da história

Espaço de fluxos e espaço de lugares

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