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5.

Transformações na divisão internacional do trabalho: deslocalização de


atividades produtivas e reconfiguração das cadeias de suprimentos globais

Os fatores que impulsionam a prática da deslocalização das atividades produtivas


na atual Divisão Internacional do Trabalho são:

1. Avanços tecnológicos e redução de custos de comunicação e transporte: Os


avanços tecnológicos, como a internet e as tecnologias de informação e
comunicação, têm encurtado as distâncias geográficas e reduzido os custos de
comunicação e transporte. Através dessas tecnologias, as empresas podem
coordenar operações e gerenciar cadeias de suprimentos globais de forma
eficiente. A disponibilidade de sistemas de comunicação rápidos e confiáveis
permite uma comunicação em tempo real entre as unidades produtivas
espalhadas pelo mundo, facilitando a colaboração e a tomada de decisões. Além
disso, a melhoria dos sistemas de transporte e logística tem reduzido os custos de
movimentação de bens e serviços entre países, tornando a deslocalização de
atividades mais viável economicamente.
2. Busca por mão de obra mais barata e especializada em outros países: Uma
das principais razões para a deslocalização de atividades produtivas é a busca
por mão de obra mais barata em outros países. À medida que as empresas
buscam reduzir seus custos de produção, elas aproveitam a disponibilidade de
trabalhadores com salários mais baixos em economias emergentes. Além disso, a
busca por mão de obra especializada também motiva a deslocalização, pois
certos países podem ter vantagens competitivas em setores específicos devido ao
acesso a um pool de talentos qualificados. Isso leva à transferência de processos
de produção e serviços para locais onde a mão de obra é mais acessível e
especializada.
3. Transferência de processos produtivos e serviços para economias
emergentes: As economias emergentes têm se destacado como destinos
atraentes para a deslocalização de atividades produtivas. Esses países oferecem
vantagens competitivas, como custos de mão de obra mais baixos,
disponibilidade de recursos naturais, infraestrutura em expansão e políticas
favoráveis ao investimento estrangeiro. À medida que essas economias se
desenvolvem e fortalecem sua capacidade produtiva, elas atraem investimentos e
a transferência de processos produtivos e serviços de empresas de países mais
desenvolvidos. Isso contribui para o crescimento econômico e a industrialização
dessas economias emergentes.
4. Impactos na indústria e no emprego nos países de origem e de destino: A
deslocalização de atividades produtivas tem impactos significativos na indústria
e no emprego tanto nos países de origem quanto nos de destino. Nos países de
origem, a deslocalização pode levar à perda de empregos em setores que
enfrentam competição de países com mão de obra mais barata. Por outro lado,
pode ocorrer uma reconfiguração das indústrias, com uma mudança em direção a
setores mais intensivos em tecnologia e conhecimento. Nos países de destino, a
deslocalização pode estimular o crescimento econômico, a criação de empregos
e o desenvolvimento industrial. No entanto, também pode haver desafios em
termos de condições de trabalho, direitos dos trabalhadores e pressão por
salários baixos.
Fatores que impulsionam a reconfiguração das cadeias de suprimentos globais
na atual Divisão Internacional do Trabalho:

1. Fragmentação da produção e aumento da interdependência entre países:


Uma característica marcante da reconfiguração das cadeias de suprimentos é a
fragmentação da produção, na qual diferentes etapas do processo produtivo são
distribuídas entre vários países e regiões. Isso ocorre porque as empresas buscam
aproveitar vantagens específicas de cada localidade, como custos de mão de
obra, recursos naturais, expertise técnica e acesso a mercados. Essa
fragmentação aumenta a interdependência entre países, pois a produção de um
bem final muitas vezes envolve contribuições de vários países ao longo da
cadeia de suprimentos.
2. Formação de redes complexas de fornecedores e subcontratados: A
reconfiguração das cadeias de suprimentos resulta na formação de redes
complexas de fornecedores e subcontratados que se estendem por diferentes
países. As empresas buscam estabelecer relacionamentos com fornecedores
estratégicos em várias partes do mundo, buscando acesso a recursos, tecnologias
e competências específicas. Essas redes de colaboração envolvem acordos
contratuais e parcerias que permitem o compartilhamento de conhecimento, a
coordenação das atividades produtivas e a distribuição eficiente de insumos e
produtos finais.
3. Maior flexibilidade e agilidade nas cadeias de suprimentos: A reconfiguração
das cadeias de suprimentos também traz consigo maior flexibilidade e agilidade.
Com a distribuição das etapas produtivas em diferentes locais, as empresas
podem ajustar rapidamente a produção de acordo com a demanda e as condições
de mercado. Isso permite uma resposta mais eficiente às flutuações na demanda,
reduzindo os tempos de espera e os custos de estoque. Além disso, a
diversificação das fontes de suprimento e a utilização de múltiplos fornecedores
aumentam a resiliência das cadeias de suprimentos diante de perturbações, como
desastres naturais ou crises econômicas.
4. Riscos e desafios na gestão e coordenação dessas cadeias: Embora a
reconfiguração das cadeias de suprimentos traga benefícios, também apresenta
riscos e desafios significativos na sua gestão e coordenação. A complexidade das
redes de fornecedores e subcontratados pode dificultar a supervisão e o controle
de todas as etapas da cadeia. Além disso, a dependência de um número maior de
parceiros comerciais aumenta a exposição a riscos, como a instabilidade política,
mudanças nas políticas comerciais, problemas de qualidade, atrasos na entrega e
violações dos direitos trabalhistas. A coordenação eficaz das cadeias de
suprimentos requer a implementação de estratégias de gestão de riscos, o
estabelecimento de canais de comunicação eficientes e a adoção de práticas de
responsabilidade social e ambiental ao longo da cadeia.
Referências Bibliográficas:

- MEDEIROS, Carlos Aguiar de. “Política Industrial e Divisão Internacional de


Trabalho”. Revista de Economia Política, vol 39, nº 1 (154), pp 71-87,
janeiro-março/2019

- FREITAS, Eduardo de. “Divisão Internacional do Trabalho (DIT). Disponível em


25/05/2023 em: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/divisao-internacional-
trabalho-dit.html

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