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Disciplina: Teoria Geográfica do Espaço

Os circuitos da economia
urbana

"Economia urbana hoje: categorias


necessárias para sua compreensão" de Maria
Laura Silveira

O capital financeiro informacional, modalidade do capital predominante, gera diversas


distinções. Estas se expressam no espaço urbano a partir da divisão territorial do trabalho
(difrerentes atividades, diferentes locais). Mesmo cindida pelo capital financeiro, a cidade
permanece o todo que abriga as mais variadas atividades econômicas.

A cidade (e o urbano que a caracteriza) é, assim, o todo fragmentado pela Divisão


Territorial do Trabalho
Neste contexto, as atividades econômicas que ocupam (e produzem) o espaço urbano
são sujeitas aos parâmetros da técnica e da modernidade, gerando diferentes
constructos na cidade e diferenciando as atividades econômicas que conseguem se
comprometer com estes parâmetros.

O alcance diferenciado aos parâmetros mencionados também


diferencia os valores agregados às atividades econômicas urbanas.

Essas atividades econômicas tem o poder de caracterizar a atual noção de


urbano e, assim, também tem o poder de hierarquizar os locais que
correspondem ou não à esta noção de urbano.
A técnica é processual e prevê sua própria superação a partir dos avanços tecnológicos.
As atividades econômicas urbanas sendo intensas nesses fatores, geram na cidade um
acúmulo de diferentes divisões territoriais do trabalho (ex: fábricas do centro expandido
de São Paulo e prédios corporativos da Vila Olímpia).

A diferença de intensidade em capital e tecnologia nas atividades econômicas da cidade


gera dois circuitos da economia urbana, o superior e o inferior. O fato de ambas serem
unidas pelo mesmo território (a cidade) torna essas atividades dependentes.

A imposição d modernização nas atividades econômicas faz da cidade um espaço dividido


conforme a relação do trabalho com o capital hegemônico.
"Urbanização Corporativa" e "Cidade Corporativa"

Circuito Superior Circuito Inferior

Produção e Consumo
A demanda de correspondência à técnica e à modernidade pelas atividades
econômicas urbanas é um imperativo universal, mas se manifesta nas escalas urbana
e regional

No contexto das atividades econômicas sediadas no espaço urbano, as do circuito


superior geram as do circuito inferior quando estas são produzidas pelos
contingentes que não tem acesso ao primeiro circuito.

Mesmo pertencendo a circuitos diferentes, o fato das atividades econômicas do


Circuito Superior induzirem as do inferior faz com que elas dependam uma da outra
para a manutenção da economia urbana.
Circuito superior:
-capital financeiro e produtivo intenso em tecnologia
-Postos de trabalho em setores da economia passíveis de serem
apropriados pelo capital financeiro, como: serviços sofisticados,
comércios oligopolizados, consultorias
-intensos em conhecimento científico e, por isso, com maior acesso a
tecnologias

O circuito superior se manifesta na DTT urbana através


da modernização das áreas onde suas atividades estão
(ex. Berrini, Vila Olímpia, Faria Lima)
Circuito inferior (ou, quanto + os circuitos se
distanciam do superior)
-intensidade em trabalho e mão de obra
-+ trabalho em relação a capital
-contradição entre tecnologia no processo de trablho e
vínculos trabalhistas instáveis
-áreas periféricas da cidade
A imposição simultânea e comum aos circuitos, da técnica e da
modernidade, no processo de trabalho, ao mesmo tempo que
aumenta o abismo entre as possibilidades dos circuitos é assimilada,
em graus distintos, por ambos.

O exemplo disso é a adesão (dependência) do circuito inferior à


ferramentas produzidas pelo superior, como dispositivos móveis e
aplicativos. Essa assimilação, obviamente, é instável.

A assimilação em graus distintos dos circuitos às condições de


trabalho fazem com que os padrões da tecnologia e da informação se
manifestem no território urbano de forma seletiva
É FUNDAMENTAL a compreensão de que, além de os circuitos serem unidos por
serem condicionados aos mesmos parâmetros de trabalho, eles são unidos pela
forma como os ítens produzidos pelo superior (+ intensos em conhecimento
tecnológico do que em quantidade) demandam a criação de atividades no circuito
inferior. Ex., smart phones, I Phones e assistências técnicas.

Importante salientar também que as ferramentas financeiras (créditos,


parcelamento) geradas pelo circuito superior equalizam o acesso ao consumo de suas
mercadorias, entre a população dos diferentes circuitos de trabalho. Isso não
significa, no entanto, que o grau de consumo entre os circuitos é homogêneo.

Nesse sentido, as relações de consumo já não são compostas pelo par consumidor
com liquidez e vendedor com domínio direto sobre condições de venda e negociação.
Pelo contrário, a condição que é recrudescida quanto mais os circuitos se aproximam
do inferior, pelas maiores necessidades de parcelamento/endividamento, ingressa o
agente intermediário - bancos que proporcionam financiamentos.
Pensando o futuro do território e da cidade

-O circuito superior restringe uma grande quantidade de trabalhadores ao inferior


quando é seleto; não precisa de mão de obra em quantidade mas sim em qualidade, o
que na cidade resulta em diferentes modos de organização dos postos de trabalho.
-Embora o circuito superior, em algum nível, supra as atividades do inferior, em diversas
escalas espaciais os circuitos da economia permanecem dependentes um do outro.
-a técnica (em forma da tecnologia) é colocada como parâmetro e condição ABSOLUTA
para os dois circuitos, mas o inferior possui uma maior dependência dela devido ao seu
acesso mais difícil à mesma.
-O Estado é responsável nisso ao viabilizar a ação de agentes econômicos que colocam o
acesso ao trabalho como ações individuais, como o "co working"/prestação de serviço
CONTRA postos CLT.
-Enquanto isso, em espaços da cidade de formas e topologias antigas, são conservadas
características ESSENCIAIS do circuito inferior que são postos de trabalhos em serviços
rudimentares e relações de trabalho diretas.
-

ÚLTIMAS CONCLUSÕES

-A criação dos diferentes circuitos da economia urbana


surge da necessidade de alocar a mão de obra excedente
que existe nas cidades

-Com isso, a manifestação do circuito inferior na DTT


urbana é, de forma mais expressiva, através das economias
de aglomeração, locais da cidade que concentram serviços
semelhantes, intensivos em mão de obra e com vínculos
trabalhistas pessoalizados.
Postos de trabalho formais e assalariados no Brasil-
uma diminuição

1980 23 milhões

25,5 milhões
1989

1999 22,3 milhões

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