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Economia
. Política da Urbanização 33
\.la participação na renda. Mas deste modo se favorece também a
livre importação de alimentos e ma ' . . , ncentração do capital, pois as mesmas medidas institucionais debi-
~?dos externos da indústria incrlesa.tet1~s-pnmas, .e ~mpliar os mer- litam as atividades não favorecidas. Assim, por exemplo, na medida
IlO, p~s~o em prática pela AI~manh! a o proteciomsmo alfandegá- .m que o governo subsidia (direta ou indiretamente) certas ativi-
necessario para que a indú . d e pelos Estados Unidos fOI'
doo superior
suoeri ustria da estes lades industriais, a carga fiscal sobre o conjunto das demais ativi-
poder de competição G _p aises
, pu d e~s~ se defender'
dades se torna mais pesada, Na medida em que o governo controla
X I;X'. o des nvolvimento do mercado ra-Br~ta~h~. Ainda no século os preços dos alimentos, os termos de intercâmbio entre cidade e
anornma fOI 7 um elemento . de capitais a base da sociedade
campo vão se tornando cada vez mais desfavoráveis ao campo, E
: I Importante par ducã
caprta para as empresas _ a a re uçao do curso do
T' em expansao. assim por diante.
Nos países que chegaram tarde à . . O progresso técnico e a concentração do capital são duas ten-
I~.ção dos preços para favorecer a i corn?a. m~ustrial, a manipu-
dências que se alimentam mutuamente. O progresso técnico requer
direta c, por isso mais ób I' A ndustrialização tornou-se mais
escalas cada vez mais amplas de produção, proporcionando deste
a m . dú
ustna nacional'
passou v a. reserva. d o merca doo jInterno para
tax p or mero. daa fi modo vantagens às empresas maiores. Estas, por sua vez, tratam de
axas favoreci
avorecidas de cârnbi a ser I Egarantida
d fixação dec
. _ d o pe o sta o e . acelerar ao máximo o progresso tecnológico, na medida em que uma
Síça? . e quotas de importações O b ,multas vezes, pela impo-
oferta abundante de capital (proporcionada pelo subsidiamento esta-
ausencia de um mercado de ca 'itais a~a~eamento do capital, na
tal e/ou pelo aperfeiçoamento do sistema financeiro) torna econo-
passou a ser assegurado medi Pt sU!I~lentemente desenvolvido,
micamente vantajosa a substituição de trabalho por capital. É ine-
ou mesmo negativos e sub ídi ande o crédito estatal a juros bai xos
f de i SilOS e toda ' . .. ' gável que a concentração do capital é uma condição necessária ao
a orrna e Isenções fiscais T bé espécie, principalmente sob
progresso tecnológico, mas é inegável também que o quadro insti-
a s~r, subsidiado indiretam~nt:~led~ o cus7 da ~ão-de-obra passou
te tucional apropriado à industrialização capitalista leva a uma concen-
sociais _ de saúde, seguro social laJ 0_ orn~Clmento de serviços
tração do capital ainda muito maior,2 ao favorecer uma :lcumuhção
--:- em parte ou inteiramente a~: ucaçao, alimentação, habitação
do capital em escala geométrica dentro das empresas e ao permitir
amda. a extensa série de servFçog d p~lof Estado. É preciso referir
que, nos períodos de baixa conjuntural, as empresas maiores absor-
.
enercrla
b'
'
agua, esgotos, cornunicaçõ sem ra-estrut
f .ura - transporte
preços subvencionados. oes - ornecidos às empresas a vam um grande número de empresas médias e pequenas.
Do ponto de vista puramente tecnológico, os modernos métodos
A industrialização em molde . r de produção exigem o crescimento do estabelecimento c uma cres-
, processo espontâneo r . s caplta,lstas está lonze de ser um
, .. . ' p ornovido excl '" cente coordenação entre os estabelecimentos, a qual supera os limites
iniciatrva de "entrepreneurs" d usivamente pelo espírito de
di . mova ores El ' da ação rotineira dos mecanismos de mercado. O quadro institu-
me iante arranjos institucionai '. a so se torna possível
cional do capitalismo monopolista provê os meios pelos quais se
a acumulação do capital e d lS que permitem, de um lado acelerar
lável às empresas que in~oro outro, encaminhar o exceden;e acumu- pode dar esta coordenação pelo crescimento da firma, que assume
a forma do "conglomerado", cujo tamanho é determinado antes pelas
pr.odução. Como' foi visto !o:am = n,ovo,s m.éto~os industriais de'
necessidades de valorização do capital do que pelas do processo
a industrialização nem' sem' .:ranJos msntucronais que promovem
presao os mesmo d d d
reza, d o contexto histórico' a . " s, _ epen en o sua natu- produtivo enquanto tal.
um tipo de política de comérci industrialização britânica requereu Sem insistir mais neste assunto, já bastante discutido na litera-
_CIO externo (li' bi tura econômica corrente, é preciso considerar que a concentração
que a a ema e a americana e . . "re-cam isrno ) ao passo
N- bl xigiram outra o t ( . do capital e a concentração espacial das atividades possuem, no capi-
ao o stante, a intervenção I' . . I' pos a protecionismo )
indí I' . nstrtuciona n . talismo, um nexo causal comum. Assim como a concentração do
ca 'r
A • •
. açao
demanda de força de trab lchom a ~uaddisponibilidade de terra. A efetiva. Se isto acontecesse, o aumento da demanda de força de tra-
a o suscita a pela - d balho decorrente da adoção de técnicas que usam mais intensiva-
ur b ana, por sua vez depend d expansao a economia
,e a estrutura d d d . mente mão-de-obra poderia ser mais do que compensado pela redu-
a~ue 1a economia e das técnicas a licad a eman a atendida por
mma~ a produtividade física do
cadoria,
fr b ~s em cadda r~mo, que deter-
a a o na pro uçao de cada rner-
ção da demanda de força de trabalho causada pela queda do nível
de atividade, devido à menor demanda global.
O que parece acontecer, mais freqüentemente, no decorrer da
De acordo com a teoria econômi .. industrialização capitalista, é que o nível de salário real se mantém
trabalho teria meios de equilib d ca cJnvenclOnaI, o mercado de constante ou cresce vagarosamente, porém menos que a produtivi-
balho mediante a variação d rar eman. a e oferta de força de tra- dade. A taxa de salários, isto é, a participação dos assalariados no
Assim, na hipótese de h o seu preço, isto é, do nível de salários.
aver um excesso d f produto, decresce. Em .outros termos, a maior parte do acréscimo
com a procura de força de traba ' ~ o er~a e:n comparação de renda que resulta do aumento de produtividade do trabalho é
o custo do fator trabalh lho, os sal~nos baixariam, reduzindo apropriado pelos detentores do capital. É isto o que torna a eco-
. 1 o em comparaçao
capita
. , o que induziria as e mpresas a .utili .. com
,. o custo do fator nomia capitalista dinâmica, do ponto de vista tecnológico, pois as
intensamente mão-de-obr· d d .. zar tecnicas que usam mais empresas são estimuladas a aplicar mudanças tecnológicas sempre
de força de trabalho torna~ndo q~e a ~1t1a uma elevação da procura que o custo do capital (geralmente subsidiado, como foi visto) o
no .entanto, geralm~nte não o~d~ual a of~rta. Este _tipo de solução,
muito limitado devido aos bPt'
o
t r
. apl~cado, a nao ser de modo
inden~zação ao~ despedidos e~ca)u os, mst:tu~io~ais (salário mínimo,
permite. Desta maneira, a demanda por força de trabalho cresce
menos que o produto, sendo a diferença o resultado da mudança
técnica e, em certas circunstâncias, da mudança da composição do
organizados. Concluem disso . e a. r~s.lstenCla dos trabalhadores
que a "rigidez" do nível d °Is,~art1~anos da teoria convencional produto.
e sa anos e a . . 1 O ponto relevante, nesta discussão, é que a procura de força
prego e subemprego que se manif pnncipa causa do desern- de trabalho, na cidade, dadas as mudanças técnicas decorrentes da
. am esta nas áre b '
nos quais ocorrem fortes mi - d as ur anas em países industrialização, é uma função do tamanho e da composição do
. igraçoes o c "d d
L. eWIS,
dúustrias
por exemplo conclui to"
. modernas 'le
ampo a C1 a e. Arthur
que em ..suma., sa lãanos . produto gerado pela economia urbana. Quando as migrações são
m e 1evados em causadas por fatores de mudança, há um nexo causal, embora indi-
vam o setor tradicion 1 - .
o exce d ente de força de trabalho ., a a nao. mais preservar reto, entre o volume de força de trabalho liberado pela agricultura
cado de trabalho' ao m e a jogá-Io abertamente no mero e a clemanda pelo produto urbano. Quando a agricultura se torna
. ,esmo tempo o t d
antes Importando máquin d ,se or mo erno se expande capitalista, ela expande fortemente sua demanda por mercadoriass
de gente. Este é provave::'~nt~ oque. eI?prlefgando mais uma porção ,oriundas da economia urbana: instrumentos de trabalho, insumo
prego ... " 6 pnncipa ator do crescente de sem-
industriais (energia elétrica, combustíveis, adubos químicos, inseti-
cidas, rações etc.), bens de consumo industrializados e serviços (de
transporte, comerciais, financeiros etc.) produzidos a partir da ci-
6 L~WIS, W. Arthur - Un I . dade. Aprofunda-se a divisão de trabalho entre campo e cidade,
ture to Mld West Research Confcr::~ , °'67teno bert 1n19D64evelofing Countries,
(mimeogr.). Lec-
Ec:onomla polítlc:a da Urbanlsação 43
42 Paul Slnqer
o que tem por conseqüência um
ur.bano por parte
. da agricultura aumento _ da dern an d a pe 1o produto países capitalistas desenvolvidos mostra que uma política econô-
num crescimento da procura ,~ue na;; pode deixar de refletir mica de cunho "keynesiano" é capaz de conciliar, durante períodos
claro que esse nexo causal en~or ~rça e trabalho na classe., É consideráveis, rápidas e profundas mudanças técnicas com níveis
no campo e a criação de n e o esemprego tecnológico gerado relativamente elevados de emprego. A situação dos países não de-
, , 'ovo empreao na id d -
por. SI so que o. volume de em re ,o. Cl a e nao assegura senvolvidos, no entanto, é bem diferente.
mtel~amente compensado pelo ~o!!OS e~mmados da ag.ricuItura seja
norma urbana. Ele cria no me e empregos cnados na eco- 6. MIGRAÇÕES E INDUSTRIALIZAÇÃO NOS PAíSES
d ' entanto as condi - d .
e que essa compensação se dê.' Içoes e pOSSIbilidade NÃO DESENVOLVIDOS
. . O que vai decidir em última T
tnalJzação capitalista cria ou não um analIse, se o processo de indus- O processo de mudança tecnológica nos países capitalistas de-
alguma. correspondência com o. volu vo ume de_emprego que guarda senvolvidos difere consideravelmente da industrialização capitalista
(c~ncelto por si só algo ambíauo ~e de m.ao-de-obra disponível nos países não desenvolvidos. Em primeiro lugar, o ritmo de mu-
mals-valia que pode ser criada o r ) e a destmação que é dada à dança tecnológica e seus efeitos sócio-econômicos é muito mais
do trabalho. Esta mais-valia ,g aças ao aU1~ento da produtividade amplo nestes últimos em comparação com os primeiros. Enquanto
apr . d 1 e, em sua maJOr . . .
nos países desenvolvidos a mudança se dá à medida que determinadas
opna a pe as empresas que a distrih parte, IDlClalmente
c d ,re istr: uem .
re ores, governo etc Concorn ' aos seus 'propnetários inovações "amadurecem", nos países não desenvolvidos ramos de
d d d . L re o uso q ,
a es erem ao acréscimo de re d d ue _estas pe~sonagens e enti. produção inteiros são implantados de uma só vez, submetendo a
prego tecnológico será ou nã~n a e que sao beneflciárias, o desem- estrutura. econômica a choques muito mais profundos. Em segundo
emprego. A divisão do acréscim~o~pensaJo pela criação de novo lugar, desde que um país ultrapassa o umbral do desenvolvimento,
pança numa determinada propo _ e ren a entre consumo e pou- ele deixa de ter um Setor de Subsistência ou este permanece apenas
consumo., assim Suscitado ro rçao f az com que o acréscimo de sob a forma de bolsões de atraso de pequena expressão. A regra
capacidade de produção e' pumvoque um aumento da utilização da geral é que, num país desenvolvido, o conjunto da população está
- aumento da ,.
p~o d uçao mediante inversões de tal d' propna capacidade de integrado na economia de mercado. Obviamente a situação é oposta
cnado compensa o desemprego recnolo o~ em que o novo emprego nos países não desenvolvidos, em que boa parte da população ainda
A ·A. OgICO. se encontra em economia de subsistência. Na medida em que o de
expenenCla histórica da . d '.
Guerra Mundial mostrou q 1D uds~rla.llZaçãocapitalista até a 2 a senvolvimento se processa, parcelas crescentes da população vão se
ue as ten enClas
governa d as pelos mecanI'sm
A •
, expenencla recente dos fatores de estagnação podem gerar um fluxo migratório considerável.
~4 Paul Slnqer
Economia Política da Urbanlllação 45
d mo um "falso emprego". Em-
npitalista, 7 podendo ~er encara o COntribua para a geração do pro-
A parte deste fluxo que se dirige às.cidades vai depender, natural- hora o serviço doméstico em nada co t deste produto é negativo
mente, da disponibilidade de novas terras que possam ser ocupadas
duto ur?ano, seu efe~to st~~t~i ~~~~~meentos que fazem par;e ?a-
pelo excedente populacional. Em países que possuem amplas re-
na medida em que e e su d 'tica dispensa o uso da maquma
servas de terra cultivável ou aproveitável como pasto, como o quele produto: a empre~adla omes. t à família prescindir de um
Brasil por exemplo, os fatores de estagnação podem gerar impor- de lavar, o chofer parncu ar perm1 e .
tantes fluxos migratórios que se dirigem de zonas rurais mais antigas
segundo carro etc. . d Ieit da migração à cidade,
para outras mais novas. Nos países em que a disponibilidade de unto os e elOS .
A •
Toman d o-se o con J economia de SUbs1stenc1a,
terras foi esgotada, seja por estarem todas as áreas sendo efetiva- á e permanecem em .
oriunda d e reas qu é fácil ver que ele é neutro c:u negat1~o,
mente utilizadas, seja por já estarem monopolizadas por latifundiá-
sobre o produto urbano, d t migrantes não sela absorvida
rios, os fatores de estagnação acabam gerando fluxos migratórios
o que explica que grande pa~te 1 es es do ponto de vista do lugar
que se dirigem quase exclusivamente às cidades, podendo estas
pela economia de mercado. c;.ro. qu~~ os migrantes conforme os
inclusive se situar no exterior, como é o caso dos migrantes de
de destino, parece irrelevant~ .lstmguTanto os que vieram de áreas
Porto Rico e Jamaica, que se dirigem a Nova York e Londres. -que os atingiram- - t
fatores d e expu l sao A d áreas em estagnaçao ten am
A chegada à cidade de migrantes que provêm de áreas em em mudança como os que l:od~~rabalho urbano. O caráter dos
economia de subsistência, debilmente ligadas à divisão nacional do penetrar no mes~o mer.ca ortância na determinação do grau ger~l
trabalho, não provoca qualquer elevação da demanda pelo produto fatores de expulsao tem 1m~ . t é absorvida pela economia
da economia urbana. Antespelo contrário, o afluxo destes migrantes em que a força de trabalho os mlgran es um país em que toda
como caso extremo, . .
tem um' efeito depressivo sobre esta demanda, por vários motivos: urbana. T oman d o-se, S d Subsistênc1a e que untca-
1. certo número de migrantes, que consegue se inserir no processo população não urbana pertence ao _et~r r:a parte do acréscimo desta
de produção urbano, remete parte de seus ganhos aos parentes que mente devido a fatores de estagnaç.ao u vegetativo migra à cidade,
permanecem nas áreas em economia de subsistência, reduzindo o - d t do seu creSClmen ot '- b
populaçao, ecorren e . b na em lenta expansao, a sorva
volume da demanda efetiva na cidade. Se os que recebem estas é de se esperar que "<1. econom1a .ur ate; permanecendo a maioria à
remessas as gastam comprando produtos oriundos da cidade, este uma proporç~o. :eduzI~al ~~s t~~~Th.~ u~ufruindo parte do exced~nte
efeito se anula; porém, na medida em que aqueles recursos são margem da d1v1sao socla. b 'diante a prestação de serv1ÇOS
gastos na compra de produtos da economia local, eles são subtraídos produzido pela ~c~no:rl1a ur ana :x;eetc No outro extremo, pode-se
A
da economia urbana. O mesmo se dá quando migrantes retomam, domésticos ou ativida es au1tonom 'de terras em que todo exce-
com certo pecúlio amealhado na cidade, às áreas de subsistência; 2. , m amp as reservas b 1 .
conceber um p~~s co S de Subsistência pode-se esta e ecer;
parte dos migrantes que não conseguem se integrar na economia dente demogra~lco _do, ~~ord 'provocada unicamente por fator~s
urbana reproduz na cidade certos traços da economia de subsis- 'neste país, a mlgraçaO a C1 a e e , m economia de subsistênc1"<1
tência sob a forma de atividades autônomas, geralmente serviços: di d em que areas e
de mudança, na ~e 1 a. italista. Nestas condições, a econo-
vendedores ambulantes, carregadores, serviços de reparação etc. Em- são incorporadas a economia ca~ i or e apresenta melhores pos-
bora tais atividades sejam desenvolvidas no âmbito espacial da ci- mia urbana se expande com ~a10r v ~ a força de trabalho trazida
dade, elas não se acham integradas na economia urbana capitalista. sibilid"<1desde absorver pro dutlvamen e
Na medida em que, devido aos baixíssimos níveis de remuneração pela migração.
que seus executantes são obrigados a aceitar, elas conseguem com-
petir com empresas capitalistas, seu efeito é realizar a demanda pelo _ - do sistema como tal. O ser-
7 Do ponto de vista da produçao, mas bnalohadoresautônomos) integra o
produto da economia capitalista da cidade e, portanto, sua procura
Viço doméstico (. d1o dmesmoerva
m á adiante desempenhan d o f unça- o
odo que os tra a
por força de trabalho: o comércio de ambulantes limita a atividade como se ver ,
exército industna e res , a economia capitalista.
e o emprego no comércio organizado em moldes capitalistas, os de estoque de mão·de·obra pa~a _ h' penetração do capitalismo na
lavadores de carros reduzem a clientela dos postos de serviços e 8 Isto significa que pratlcamente nao . all'zaç-aoda agricultura e nem o
.." em a espeCla d - d
assim por diante; 3. em boa medida, a oferta de força de trabalho área rural e, em c~n~eqduendCla,n b lho agrícola levam à liberação e mao- e-
aumento da prodUtlVlda e o tra a
conseqüente da migração à cidade é absorvida pelo serviço domés-
-obra.
tico, cujo significado é nulo do ponto de vista da produção social
Economia política da Urbcmla<Jção 47
46 Paul SInCjJer
A grande maioria dos países nã d - id
entre os dois extremos, Em I ao esenvolví os se encontra I nssarn" o ritmo de crescimento econômico ou, mais especificamente,
tência é proporcionalmente ga gudns, no dentanto, ,o Setor de Subsis- rlu criação de empregos na economia capitalista urbana.
, " , ran e, sen o a malOr part d fI
mlgratotlo a área urbana produzid f e o u_xo Pelo que foi visto, efetivamente o desenvolvimento, ao criar
Nestes, é de se es erar o por atores de estagnaçao, Intores de mudança em áreas rurais, avoluma os fluxos de migração
grante sejam partifularm~~~e os problemas ,de marginalização do rni- interna, embora tais fluxos estejam presentes mesmo quando não
Peru da Colômbl'a e d N dgravesd' PossIvelmente é a situação do
, o or este o Brasil H' , - há desenvolvimento. O que importa considerar, porém, é que só o
volvidos no entanto . ,a países nao desen- desenvolvimento cria as condições que permitem uma expansão vigo-
zido ou ~stá sendo r~p~:~~~t o Setor de Subsistên~a já está redu-
r sa da economia urbana da qual pode resultar a absorção produtiva,
capitalista, Nestes países o fI~:oe:~rad~,~or relaçloes de produção .mbora com retardo, da mão-de-obra trazida à cidade pelas migrações,
lgra
fatores de mudança e os probI d Otl~ rel~u ta sobretudo de É verdade que em muitos países não desenvolvidos a economia
'd ernas e margrna Ização d '
na c ade apresentam caráter mais bem . , . o ~Igrante urbana tem sido animada pelo comércio exterior. Nestes casos, a
a Argentina e o centro-sul do B '1 tranSItotlo. É possível que expansão da economia urbana tem dependido principalmente do cres-
rasi se encontram neste caso,
cimento da demanda externa pelos produtos destes países, incluindo-
-se nes tes a venda de serviços sob a forma de turismo). Embora
7. MIGRAÇOES INTERNAS E DESENVOLVIMENTO as relações econômicas com o "resto do mundo", o que significa
Pelas idéias expostas até aqui dI' , praticamente os países capitalistas desenvolvidos, não possam ser
que decorrem da industrialização ;tu:l~~~ ~~~~e~I~:~::e:Igla~~es ignoradas na análise da problemática que concerneà integração dos
constl~uem um fenômeno historicamente condicion d . VOVI ~s migrantes na economia de mercado, a experiência das últimas décadas
festaçoes concretas resultam das condiçõe ,;. o, cujas rnam- da maioria dos países não desenvolvidos indica que aquelas relações
dá. aquela industrialização, Analisar as mi sraespecI icas em _que se tampouco apresentam perspectivas de solução para. tal problemática.
d .nstrumenml teórico desenvolvido a parti; dzo~bs:~ q~estao c~m Em termos muito simples, o ritmo de crescimento da demanda exter-
na pelos produtos dos países não desenvolvidos foi muito inferior
d:sp:~raç~es ~nternas dos países desenvolvidos faz :~çr:~r eoes:~c~
er e vista aspectos essenciais do fenômeno. ao afluxo humano às áreas urbanas destes países, Foi exatamente
porque o comércio externo deixou de representar, na industrialização
_ Gra~de par~de dos estudos correntes é motivada pela preocupa- dos países não desenvolvidos, o papel dinâmico que ele de fato
çao com incapacr ade da economia urbana de b
desempenhou na industrialização dos países hoje desenvolvidos, é
1~~~~ ~af:~~:i~e trabalho dos migrantes, .0 suarg~~:~~~ ~~ :~;~~ que os países que atualmente almejam se industrializar tiveram que
"callampas~' "ba~r~~odams~n~~ do r:odntdod~)vIsta da moradia (favelas, se voltar para o mercado interno e lançar-se na via do desenvolvi-
.' , vencin a es em pr ti d
A ~ldadeJ important.e: da América Latina (sem faI:r 1~:A~:i~a t~ d
S mento "para dentro". Sem negar que uma eventual expansão da
demanda externa possa constituir um estímulo adicional para o cres-
s~a, on e )s condIçoes de marginalidade urbana ainda soem a 'cimento da economia urbana dos países não desenvolvidos, não há
;:~~e~r:~%a' ~~m Ie~ado muit~s investigadores a encararas ~~~ dúvida que a mola fundamental deste crescimento é constituída pela
ciso reduzir de mo~~nomeno ~ocIal nefasto, cujas dimensões é pre- expansão e aprofundamento da divisão social do trabalho dentro do
tica que elas suscitam a ~~!O er começar ? solucionar a problemá- país. A única ressalva é que países muito pequenos, cuja população
cure no plano social e~ prim ~ o .des~nv?lvIme?to econômico reper. diminuta proporciona um mercado interno demasiadamente restrito,
de transformações demo ráfi~a~a~sta?CIa prec.Isamente sob a. forma têm como melhor perspectiva a integração de suas economias em
aceleração do crescimen~ populacio:~rrd~~~d I~ternad u~bamz.açã~, áreas de livre comércio, mercados comuns etc, com outros países
d ade - ruja intensificação "parece" o .• que ~ a rnortali- de características semelhantes,
níveis econômicos e das tensõe arece. ,ser a caus~ principal dos des- Desta maneira, a solução da problemática não parece estar numa
dade urbana passa-se a conclui: SOCIaIS~ue conftguram a marginaIí- limitação do ritmo de desenvolvimento (aqui entendido como resul-
~o progressd técnico deve ser mi~~;ador~mo dJ dese~vol.vime.nto e tante do avanço tecnológico) com o fito de reduzir a intensidade
sidade das transformações demogr ífi e mo o a re UZIr a mten- das migrações internas, mas antes numa aceleração daquele ritmo,
a rcas, que aparentemente "ultra- ainda que isto acarrete fluxos migratórios ainda maiores, Nada (a
48· Paul S1nqef
Economia PoHUca da Urbanlsaçáo 49
não ~;r as aparências) justifica a no _ . .
dade urbana decorre principalmenteÇ:t SU?püsta que a "marginali_ iftm levado a migrar. O exame crítico deste material empírico
grantes que se fixem n ·d d É o .numero "excessivo" de ._ ntra-se, quase sempre, na indagação da fidedignidade das res-
A a C1a e prec1.d nu
que pos em movimento os fIu~os . s? .consl erar o mecanismo I tas: em que medida é o informante capaz de reproduzir os mo-
para a economia urbana. Soment m1gr~torlos e Suas conseqüências tivos que o levaram a adotar a decisão de migrar? quanto há de
nem sempre as cidades que cresce~ ass~m pode-se explicar porque cionalização ou de estereótipo nas respostas?
sentam maiores proporções d ul m~ls depressa são as que apre- É mister, no entanto, submeter este tipo de procedimento a
. a pop açao marginalizada.
lima crítica mais radical. O mais provável é que a migração seja
8. 11m processo social, cuja unidade atuante não é o indivíduo mas o
PROPOSIÇOES PARA .
INTERNAS O ESTUDO DAS MIGRAÇOES rupo. Quando se deseja investigar processos sociais, as informações
olhidas numa base individual conduzem, na maioria das vezes, a
análises psicologizantes, em que as principais condicionantes macro-
Considerando-se as linhas teóri . -sociais são desfiguradas quando não omitidas. No caso específico
que procuram determinar as ca~, ?esenvolvldas até este ponto das migrações internas, o caráter coletivo do processo é tão pronun-
fenômeno da migração int caracterlStlcas históricas específicas d; ciado que quase sempre as respostas da maioria dos migrantes caem
?,ode~sesugerir algumas pro~~~ ~o contexto do desenvolvimento, em apenas duas categorias: 1. motivação econômica (procura de -tra-
ja ,eXIsta um volume consideráv~l~e para f\1turos estudos. Embora balho, melhora das condições de vida etc.) e 2. para acompanhar
parses não desenvolvidos. . pesqUIsas sobre migrações em o esposo, a família ou algo deste estilo. A forma estereotipada
' .
t eotlcos di , a maIor parte b· .
lferentes dos no»: se aseia em fundamentos das respostas indica que 11 indagação não foi dirigida a quem possa
. - aqUI expostos T· funda
asmlgraçoes essencialmente como .. aIS mentos encaram oferecer uma resposta capaz de determinar os fatores que condicio-
d: m~ernização, 9 o que le . t:t
arte lUtegran~e de um processo
nam o fenômeno.
rater hIstórico do fenômeno .nem e . oques que. t.tao iluminam o ea-
Se se admite que a migração interna é um processo social,
A.s proposições que se se uem os seus condlClonantes de classes.
deve-se supor que ele tenha causas estruturais que impelem determi-
dlferent~ cujo mérito seri/ o de ~;~~~ndem.ap:~sentar um enfoque nados grupos a se pôr em movimento. Estas causas são quase sem-
na ~onstJtUIçãode uma economia ca . ali o slgmflCado das migrações pre de fundo econômico - deslocamento de atividades no espaço,
estI~tura de classes nos países prta sta com sua corresponden.te
volvlmento. que passam atualmente pelo desen- crescimento diferencial da atividade em lugares distintos e assim
por diante - e atingem os grupos que compõem a estrutura social
do lugar de origem de um modo diferenciado. Assim, se numa deter-
minada área a mecanização da agricultura reduz a sua demanda por
A. CAUSAS E MOTIVOS DAS MIGRAÇOES
mão-de-obra, os desempregados têm que migrar para outra área em
busca de meios de vida. Estes desempregados que migram são,em
. A, maior parte das informações dis ,. sua grande maioria, ex-assalariados, diaristas, peões, isto é, consti-
mlgratotlOs é proveniente d 1 pomvelS sobre movimentos
t~ais etc.) em que a unidade: evantamentos (censitários, amos. uem um grupo que não possui direitos de propriedades sobre o
vfduo ou na melhor da hi que se referem os dados é o indi- eolo. Os proprietários e arrendatários não são forçados a migrar,
. destas
rica ' informaçoe- s lp6teses.' a f amí'li a. N a elaboração teõ- *('..JlIl primeiro momento, embora alguns possam ser induzidos a
. s, a sua orIgem ., . . íazê-lo mais tarde, por não possuírem os recursos necessários para
atuan.te no processo migrat6rio' . . J~ tnsrnua que a unidade
maneira, sob o título de " e dOlUdl.Vlduoou a família. Desta acompanhar a mudança da técnica de produção. É de se esperar
cu t em as ver b alizações d· causas as mlgraç-oes " se arro 1am e dís- que haja aumento da produção e baixa dos preços, arruinando os
os 1l'l1grantesquanto aos motivos que os pequenos estabelecimentos cujos custos de produção se mantêm mais
elevados que os dos grandes que se mecanizam. Neste exemplo, a
. 9 _ Isso nao
- contradiz a atitud - .. primeira onda de emigrantes é constituída por desempregados, a se-
XIgrfioes, cuja função modernizante e s!ri° freJtdntemente pessimista face às gunda por camponeses proletarizados.
os uxos que chegam às áreas urban a an a a pelo tamanho "excessivo" Embora um grupo social seja levado, por certas causas estru-
as.
50 Paul SlnqeJ" turais, a migrar, é lógico que nem todos os seus membros o façam
C. CONSEQOENCIAS DAS MIGRAÇOES INTERNAS Neste contexto, é válido lembrar que nem todos os migrantes
provêm do proletariado rural ou do campesinato. Bom número
É sabido que o dI'esenvo Vlmento deles é de origem burguesa e a migração não faz com que percam Sua
-
estrutura econômica como t b' nao somente transforma a condição de classe. Mesmo que tais migrantes não venham ao lugar
na estrutura social No am em ocasiona mudanças profundas
. . l
vas c asses sociai
outras, mars antigas se atrofiam Alt _ s sdurgem ao passo que 10 O processo é minuciosamente analisado e discutido por Florestan Fer-
, ,eraçoes e mont a nas re 1açoes
- nandes, A Integração do Negro à Sociedade de Classes, S. Paulo, 1964.
54 Paul Slnc;rer
Economia PolíUca da Urbanlzação 55
de destino munidos d
soJ:dariedade de clas e almpIos rec~rsos financeiros mec .
: - se h permlt
es . ' anlsmos de tupr sarialmente mas que requerem reduzido volume de Capital.
posçao na estrutura social em: mUltas vezes, ocu a
h~;:~~:~
migração
~n~:~r~s. Custa m~~~ a~:in;i~~ra~~ess:e
é um ai~I;~rt~~r;:e-á que concluir
cl~;.ses hferrar~"~:~
que :eri~~:r d~ue uesta
1111 lugares de destino, no entanto, constituídos por cidades pequenas
1'1(' não possuam uma rigorosa economia urbana, os migrantes de
IIllg m rural que se proletarízam tendem 'antes a exercer este mesmo
IlpO de atividades, por conta própria. A diferença resulta do fato
s
csdtudo comparativo,;; entre m:;~~t de asce?são social, derivada ed~
ra a. O estudo de mi es e natIVOS, é pelo m . dI' que a organização capitalista da produção é requerida e vantajosa
que o nível d . grantes em Monterrey 11 enos exage· «unente quando a demanda é suficientemente concentrada e dotada
função da esco~a~~;~~a na força .de trabalh~ é, p~~ e;:a~~~o, mO~tf:l dtO um certo poder aquisitivo. Para elucidar melhor este aspecto,
conviria investigar que condições levam a que estas atividades sejam
~~~~a~ls'otnealdo dPai e pejaq~~~fa~fd:d: vJozpé~onddicionada peke~:~:i rxcrcidas predominantemente em empresas em certos lugares e indi-
,quan o a in . - ar e a mãe E
vidualmente em outros. Na medida em que empresas pressupõem
~orçõe~ de migrantes ~::tI~l:~:~sr~~~. a exisltência de eievaZsc;~~~
.specializaçâo e, portanto, maior divisão social do trabalho, a clás-
?Carado ~omo prova suficien e Ia e a ta, isso não pode se
slOna1, pOIS nem todos o . te de que houve mobilidade r sica proposição de Adam Smith, de que "o grau de divisão de tra-
ou d . s mIgrantes p , d ascen- balho é uma função do tamanho do mercado", possivelmente oferece
s o campesmato arruinado como ' rov~m o proletariado rural a explicação para aquela diferença. Este aspecto da organização dos
uposto. ,e multas vezes ímplí .
Q uan d o o lugar d d . Icltamente serviços em enexão com a absorção da força de trabalho dos mi-
metrópole em ex _ e estmo é uma cidade . . grantes pela economia urbana tem marcante significação econômica
estrutura de 1 pansao acelerada e em m d· mdustrlal ou uma e social, pois dela depende o grau de produtividade do trabalho, da
. c asses també' u ança e t 1 produção (ou não) de um excedente e de sua acumulação como
mIgração, tanto eco ' . rn esta em transforma _ s rut~ra, a sua
destino, deveria sernomIco dcomo social e Po1ític~ao. bO Impacto da capital.
cesso de transforma _encara .0 como um dos ele' so re o lugar de O estudo das migrações a partir de um ângulo de classe deve
ponesa via migraçã;ao. A~Im, a proletarização d~entos deste pro- permitir portanto uma análise da contribuição das migrações para a
aumenta a oferta d eXP:n e a classe· operária no uma massa carn. formação de estruturas sociais diferentes e para a constituição de
trabal1lO, reduz o ' e 1~ao-de-o~ra não qualific d lugar de destino, novos segmentos da economia capitalista.
ganha da classe mve e organIzação e ort a a no mercado de
de trabalho. D~~om repercussões sobre ~! reanto, do _poder de bar-
nã?,é <;liretamenteO
qUlllbrlO entre de
ai~t:d acumula.ção de capit~u:~r;:;ao e condiç?es
d a pela mIgração, como " f ',ga: de destInO
D. MIGRAÇAO E "MARGIN ALIDADE"
a
resultado uma q mdan da e oferta de força de tr lb lhOIVIsto, o dese- Uma das proposições feitas com grande freqüência a respeito
, . ue a a corn . - a a o pode t
em varro, ramos técni POslçao orgânica d . 1 er por da migração na América Latina é que ela contribui para formação
por trabalhador pod cmcos que utilizam menor o laplta, ou seja.. de população "marginal" nos lugares de destino. É preciso assi-
e - por isso em-se tornar mais rendos vo ume de capital nalar, desde já, que a "margínalidade" é, em geral, conceituada como
isto se dá, mi~r~~~~~ren: ~ ~e: mais aplicadas. aSN~ara ~. empresário não integração na economia capitalista e não participação em orga-
de r('cursos limitad °drIgmarlOs da pequena bur ~e Ida em que nizações sociais e no usufruto de certos serviços urbanos. Nova-
d·e se llltegrar b Os e cap'tI a,1 encontram .guesm ' pos SUlid ores mente os critérios são individuais e escamoteiam a situação de classe
vamente a f na d urguesia do lugar de d ~alOres Possibilidades
dos assim chamados "marginais". Ora, é sabido que o capitalismo
nativos é 6bovrI~a)e traba1ho de outros. mel?tInOexplorado extensi_
, o. É o grantes (e t b ' industrial, desde sua origem, requer e, por isso, constitui reservas
reparação em . que COstuma se ve T arn em de de capacidade produtiva e de força de trabalho, que. somente são
, servIÇOs pessoais e em Outra rr .I~ar em serviços de
- _ s atIVIdades, organizadas utilizadas nos momentos em que a economia se expande com maior
vigor. Conviria examinar a "marginalização" sob este ângulo antes
s . 11 BALAN, r, BROWN
octety, a Mexican case ( . ING, H. L. e JELIN E de se saltar à conclusão de: que uma parte da oferta de força de
numeogr.), a ser Pub1icad~ ., Men in a deve/oPing trabalho, constituída sobretudo por migrantes, simplesmente não é
56 Paul SIn'18r .. aproveitada pelo sistema.
URBANIZAÇÃO, DEPENDÊNCIA
E MARGINALIDADE
NA AMÉRICA LATINA
60 Paul Sluver