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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema
Factores Locacionais Da Industrias Na Redução Das Assimetrias Do Desenvolvimento
Industrial E Socioeconómico Em Moçambique

Nome e Código do Estudante


XXXXXXXXXXXXXXXXXX
Código: XXXXXXXXXX

Curso: Licenciatura em ensino de


Geografia
Disciplina: Geografia Agraria
Ano de Frequência: 1º

Docente: XXXXXXXXX

Milange, Novembro, 2021


Índice
Introdução.........................................................................................................................................1
Factores Locacionais Da Industrias Na Redução Das Assimetrias Do Desenvolvimento
Industrial E Socioeconómico Em Moçambique...........................................................................2
Situação Sócio - Económica.........................................................................................................5
Desenvolvimento Industrial Em Moçambique.............................................................................7
O Papel Da Política Sobre O Conteúdo Local Para O Desenvolvimento Industrial....................9
Conclusão...................................................................................................................................11
Bibliografia.................................................................................................................................12
Introdução

A atividade industrial é a principal fonte de atração demográfica, urbana e econômica


de determinado território. Mas o que interfere em sua localização? Por que uma
indústria se encontra em uma determinada localidade espacial e não em outra? A
resposta para essas questões é chamada de fatores locacionais, que são as vantagens
competitivas que as empresas e as indústrias veem em um determinado local que
atraem seus respectivos investimentos.

Na escolha da localização de uma indústria, não é considerado somente um fator, mas


sim todos aqueles que são benéficos à indústria. Uma ressalva para indústrias
mineradoras, que se localizam em lugares onde a matéria-prima está disponível. Um
exemplo clássico são as indústrias do século XVIII, que deveriam ficar próximas à sua
matéria-prima de fonte energética: o carvão.

Industrialização é entendida como um processo de transformação da base


estrutural e das dinâmicas sócio económicas de acumulação, através do qual as
conquistas da ciência e tecnologia são aplicadas a todas as esferas de
organização das cadeias de produção e valor; a qualidade dos factores se
desenvolve substancialmente; estes factores são transferidos para os sectores e
processos de maior produtividade e sinergias; e a sociedade evolui do auto
emprego para processos dominantemente sociais, colectivos e cooperativos de
trabalho.

1
Factores Locacionais Da Industrias Na Redução Das Assimetrias Do Desenvolvimento Industrial
E Socioeconómico Em Moçambique

Os fatores locacionais da indústria são o conjunto de elementos socioespaciais e estruturais que interfere
ou diretamente se relaciona com a distribuição das indústrias em um dado território ou entre os diferentes
territórios. Trata-se, portanto, da série de elementos que os diferentes locais precisam possuir para receber
uma maior quantidade de indústrias em sua unidade territorial.

Em geral, podemos considerar que existe uma disputa entre os diferentes lugares para atrair empresas e
investimentos, de modo que os locais que oferecem a melhor infraestrutura e as maiores vantagens
econômicas saem na frente nesse quesito.

Entender os fatores de localização industrial significa compreender dinâmicas histórico- geográficas a


respeito da distribuição e migração das empresas e fábricas entre as diferentes unidades espaciais. Se uma
região concentra mais indústrias do que a outra ou se, ao longo do tempo, uma quantidade considerável de
empresas saiu de alguns territórios em direção a outros, entende-se que os fatores locacionais foram
determinantes ou importantes para a ocorrência desses processos.

Didaticamente, são enumerados os mais diversos tipos de fatores locacionais das indústrias conforme
veremos a seguir, embora nem sempre eles expliquem os diferentes comportamentos socioespaciais das
empresas capitalistas. No geral, são considerados os elementos que vão além de instâncias básicas, como a
estabilidade econômica e política dos territórios, a permissividade das leis e outras questões.

Os principais fatores que determinam a localização industrial são:

1. Mão de obra ampla e com qualificação profissional – em muitos casos, as empresas buscam aqueles
lugares em que há um conjunto muito amplo e barato de mão de obra e que atenda os seus interesses. A
depender do tipo de indústria, há preferência pelas sociedades que possuem uma população com maior
nível de capacitação técnica para a operação dos equipamentos necessários. Por isso, muitos países
investem na disseminação de cursos técnicos específicos para atrair indústrias e gerar empregos.

Os maiores exemplos de mercados que vêm atraindo empresas com um conjunto de mão de obra ampla,
barata e com alguma qualificação profissional são os países emergentes. Os destaques vão para China e
Índia.
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2. Disponibilidade de matérias-primas – lugares que apresentam um fácil acesso a matérias- primas
também são considerados vantajosos para a instalação de empresas, embora esse fator fosse mais
preponderante no passado, quando os custos com transportes eram maiores. Mesmo assim, muitas fábricas
deslocam parte de sua produção para regiões em que a produção de determinadas commodities –
principalmente recursos minerais – é mais acentuada.

3. Incentivos fiscais – são os tributos que deixam de ser cobrados pelo poder público para atrair uma
determinada empresa, que objetiva diminuir custos e maximizar os lucros. Por isso, muitos lugares com
características locacionais semelhantes disputam empresas mediante a concessão

de benefícios, o que está no cerne da questão da Guerra Fiscal, que vem se tornando um problema
estrutural para o Brasil e outros países.

Nem sempre a questão dos incentivos fiscais perpassa pela competição dos lugares em termos de isenções
de impostos. Em alguns casos, esses incentivos traduzem-se na existência de uma carga tributária menos
pesada ou, simplesmente, mais resumida e facilitada, evitando problemas de burocracia para empresas,
empresários e investidores em geral.

4. Existência de infraestrutura logística (transportes) – quanto mais rápidos e baratos forem os sistemas
de escoamento de produção das empresas, maiores serão os lucros. Por isso, muitas indústrias levam em
conta aqueles lugares que apresentam modais de transporte e logística articulados e eficientes. Sendo
assim, muitos governos em suas mais diversas esferas investem nessas estruturas para atender o maior
número possível de empresas, investindo em viadutos, rodovias amplas, ferrovias, hidrovias e no
aperfeiçoamento desses e outros modais.

Uma estratégia bastante adotada no Brasil e no mundo é a construção dos chamados distritos industriais,
que são áreas – públicas ou privadas – especialmente destinadas para indústrias. A localização dessas
áreas segue justamente a estratégica logística, ou seja, posicionam-se separadamente das áreas mais
inchadas das grandes cidades e apresentam saídas para rodovias, ferrovias e aeroportos.

5. Infraestrutura energética favorável – se um país ou região possui uma grande produção de energia, com
baixo risco de crises nesse setor, o número de investimentos tende a elevar-se. Muitos tipos de indústrias
consomem uma elevada carga de energia, como as fábricas que produzem alumínio. Por isso, elas
necessitam de garantias governamentais de que a produção não será reduzida ou interrompida por
questões energéticas, o que perpassa não somente por uma produção elétrica elevada dos lugares, mas

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também diversificada, ou seja, calcada nas diferentes fontes de energia (hidráulica, eólica, solar, térmica
etc.) e, portanto, com menores riscos.

6. Leis trabalhistas brandas e sindicatos limitados – no processo socioespacial e histórico de constituição


das sociedades, a luta de classes exerce um dos papéis primordiais, o que não é diferente nesse caso.
Muitos patrões e investidores não costumam investir em países ou regiões que apresentam um elevado
nível de organização sindical ou leis trabalhistas muito fortes, pois isso eleva os custos com mão de obra e
diminui os lucros e os retornos dos investimentos realizados.

Ao longo do século XX e início do século XXI, o que se viu nesse sentido foi justamente um
enfraquecimento das organizações sindicais ou o aparelhamento delas, de forma a evitar recuos por parte
dos investidores. Na China, por exemplo, os direitos trabalhistas são bastante reduzidos e os custos com
mão de obra bastante inferiores aos de outros países, o que atrai um número sem igual de empresas,
embora a proposta do governo dito “comunista” chinês seja justamente a de fortalecer a classe
trabalhadora.

7. Amplo e ativo mercado consumidor – quando um local apresenta um mercado consumidor que, além de
numeroso, é bastante ativo e crescente, há um aumento do número de empresas e fábricas que buscam
instalar-se nessa região para atender esse mercado e gerar lucros. Embora o processo de globalização
permita o atendimento de mercados que se encontram nas áreas mais distantes do globo, ganham
vantagens aquelas empresas que se localizam mais próximas e que conseguem oferecer produtos de
qualidade a preços menores.

8. Presença de empresas afins e redes de serviços correspondentes – em alguns tipos de indústrias, existe
a preocupação em relação a uma localidade apresentar as bases necessárias para a manutenção de seus
equipamentos, pois não adiantaria instalar-se em uma região que não possui empresas e profissionais
capazes de garantir a manutenção dos mecanismos fabris. Nesse sentido, as empresas levam em
consideração a presença de outras indústrias do seu mesmo seguimento, pois isso indica que existirão, no
local, outras empresas e profissionais especializados no atendimento de suas necessidades.

9. Existência de instituições de ciência e tecnologia – locais onde se encontram muitas universidades e


centros científicos e tecnológicos são considerados atraentes para empresas que necessitam desses
serviços, uma vez que eles formam profissionais especializados e garantem rápido aprimoramento das
condições e estratégias de produção industrial.

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Diante de todos esses fatores, podemos notar que existe uma grande competição entre os diferentes
territórios que compõem o espaço geográfico para atrair a maior quantidade possível de empresas e
indústrias. Afinal, a presença delas é considerada uma forma de gerar empregos, aumentar a arrecadação,
alavancar o consumo e dinamizar a produção econômica local e regional.

Situação Sócio - Económica

A estabilidade macroeconómica que o País tem registado proporciona um espaço favorável para o
relançamento do desenvolvimento económico e social.

Em virtude do ambiente macroeconómico estável e da implementação de programas e reformas


socioeconómicas, o País registou um crescimento económico médio anual do PIB de 8,1%
durante o período 1995 a 2012 traduzindo-se num dos mais elevados do mundo. O forte
crescimento real do PIB tem sido influenciado pelo aumento do investimento estrangeiro e
nacional, pelo acesso ao financiamento, pela transferência de tecnologia e pelos ganhos do
investimento na educação e em infra-estruturas. A partir do ano 2000, o crescimento também tem
sido impulsionado por investimentos em projectos de grande dimensão.

Nos últimos 10 anos a economia tem-se mostrado robusta e cada vez mais resiliente a choques
externos e internos. Apesar da crise financeira e de alimentos que se repercutiram sobre a
economia nacional, o País continuou a mostrar um crescimento económico elevado e estável. Nos
últimos 4 anos, a inflação média registada foi de 7,1%, e o PIB real cresceu em média cerca de
7,0% ao ano. Em 2012, o PIB real cresceu em 7,2% e o PIB per capita foi de USD 608,1.

Tabela 1. Indicadores Económicos, 2003-2012

Indicador 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Crescimento real do
PIB (%) 6,5 7,9 8,4 8,7 7,3 6,8 6,3 7,1 7,3 7,2
Inflação (%) 13,5 12,6 6,4 13,2 8,2 10,3 3,3 12,7 10,4 2,1
PIB per capita
(USD) 256,9 301,6 334,9 62,8 93,6 68,9 39,2 22,8 79,7 08,1

Fonte: INE

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A análise da contribuição sectorial no PIB mostra que a Agricultura é o sector que mais tem
contribuído para a produção interna. Nos últimos 10 anos, a Agricultura teve uma participação
média no PIB de 23,3%. A indústria transformadora é o segundo sector que mais contribuiu com
uma participação de 13,5%. Os sectores de comércio e serviços de transportes e comunicações
contribuíram com 10,9% e 10,5%, respectivamente.

Gráfico 1: Peso médio da contribuição sectorial no PIB, 2003-2012

Fonte: INE

Os indicadores de desenvolvimento humano, nomeadamente o Índice de Desenvolvimento


Humano (IDH) e o Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado ao Género (IDG) registaram
uma tendência positiva que resulta basicamente dos resultados positivos alcançados no
crescimento económico, acesso à escola, longevidade e redução da desigualdade entre os sexos
no acesso ao rendimento.

Tabela 2. Indicadores de Desenvolvimento Humano, 2009-2012

2009 2010 2011 2012


Índice
Índice Rank Índice Rank Índice Rank Índice Rank
Ran
IDH 0.312 172 0.318 165 0.322 184 0.327 185

IDG 0.389 .... 0.405 .... 0.413 .... 0.582 ….

Fonte: INE e PNUD

Não obstante o desempenho positivo que o País tem vindo a registar, os desafios para o combate
à pobreza ainda persistem. A situação do desenvolvimento humano contínua crítica pois quase 10

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milhões de moçambicanos vivem em situação de pobreza, com problemas de insegurança
alimentar, baixos rendimentos e desemprego.

Tabela 3. Indicadores sociais

2002/03 2008/09
Incidência de pobreza 54.1 54.7
Desigualdade (Gini) 0.42 0.41
Posse de bens (0 - 8) 1.25 1.70
Taxa de escolarização primária líquida (%) 66.8 76.5

Taxa de escolarização secundária líquida (%)8.2 22.0


Acesso a um posto de saúde (<45 mins a pé) 54.4 65.2
Desnutrição crónica (%) 47.1 46.4
Fonte: IOF, 2008/09

A taxa de pobreza da população reduziu de 69,4% em 1997 para 54,7% em 2008, mas a situação
da pobreza estagnou de 2003 a 2008. Neste âmbito, o Governo tem vindo a acelerar as medidas
com vista a redução dos níveis da pobreza através da adopção de políticas e acções conducentes
ao desenvolvimento do capital humano, nomeadamente a melhoria dos serviços sociais básicos e
o aumento de iniciativas empresariais que concorram para o aumento da produção, geração de
emprego e rendimento para os moçambicanos, particularmente para os jovens e mulheres.

Desenvolvimento Industrial Em Moçambique

O cabaz de exportações de um país é ilustrativo das capacidades produtivas nele existentes, e


quanto mais complexos ou so sticados os produtos exportados, mais avançadas são as
capacidades dentro da economia. Hidalgo, Hausmann & Dasgupta, (2009); Lall, ( 1992). No caso
da economia de Moçambique, o cabaz de exportações é dominado por um número bastante
reduzido de commodities do complexo mineral-energético (alumínio, gás, carvão, energia
eléctrica e minérios diversos), seguido de commodities agrícolas (açúcar, algodão, banana,
castanha-de-caju e madeira), revelando o carácter subdesenvolvido do tecido industrial doméstico
dado que estes produtos são exportados sem ou com baixo nível de processamento.

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De facto, esta estrutura das exportações reflecte a orientação do IDE para a exploração de
recursos naturais, particularmente na forma de grandes ou megaprojectos, incluindo o boom de
influuxos de IDE no País entre 2010 e 2013 associado às descobertas de vastas reservas de carvão
e gás no Centro e Norte de Moçambique. De facto, a queda dos preços das commodities entre
2014 e 2016 e o congelamento da ajuda externa motivada pelo escândalo da dívida ilícita
desencadearam uma profunda crise macroeconômica, demonstrada pelo signi cativo declínio nos
in uxos de IDE e das exportações e, consequentemente, no PIB. Portanto, esta dependência
excessiva de uxos externos de capital e exportações de commodities primárias implica que a
economia é altamente vulnerável a choques nos preços internacionais e, consequentemente, a
crises cíclicas de acumulação. Castel-Branco & Ossemane, (2010).

Excluindo os megaprojectos de IDE, a indústria manufactureira nacional mostra sinais de


desindustrialização prematura, que é caracterizada pela redução da contribuição da indústria
manufactureira no PIB e a perda gradual de capacidades produtivas em actividades industriais
com alta complexidade a favor de uma crescente concentração em actividades mais primárias.
Langa, (2017; Palma, 2005); Rodrik, (2007).

É argumentado que não só não estão a emergir novos produtos na indústria manufactureira
nacional como também há uma obsolescência tecnológica contínua que resulta na simplificação
progressiva dos processos de produção nos sectores industriais, enfraquecendo as capacidades
produtivas e tecnológicas das empresas Castel-Branco, (2010); Warren-Rodríguez, (2008, 2010).

Um inquérito feito à indústria manufactureira em 2010 constatou que, para mais de 60% das
empresas inquiridas, as últimas grandes aquisições de novas tecnologias tinham sido feitas na
década de 1990, ou seja, a maquinaria tinha mais de 20 anos e, por conseguinte, a manutenção ou
a reparação de peças sobressalentes era um processo difícil e bastante oneroso Cruz et al., (2014).

Assim, um dos principais desafios de transformação económica induzidos pelo desenvolvimento


industrial em Moçambique é o desenvolvimento de pequenas e médias empresas (PME)
nacionais com capacidades produtivas, financeiras e tecnológicas para estabelecer ligações com
os principais pólos de demanda da economia, particularmente os megaprojectos de IDE, através

8
do fornecimento de bens e serviços. Castel-Branco & Goldin, (2003); Langa & Mandlate, (2015);
Mandlate, (2015).

O Papel Da Política Sobre O Conteúdo Local Para O Desenvolvimento Industrial

A necessidade de reforçar a contribuição da exploração de recursos naturais no desenvolvi-


mento local e de enfrentar o problema da concorrência internacional e da desindustrialização
prematura motivou o surgimento de medidas de estímulo à produção e à protecção doméstica nos
países em desenvolvimento. Uma destas medidas é o estabelecimento de um certo nível mínimo
de conteúdo local, ou seja, a quantidade de bens e serviços que devem ser adquiridos localmente.
Neste contexto, a definição do que constitui um produto ou uma empresa local nestes
instrumentos tem um impacto significativo na política de desenvolvimento do tecido industrial,
sendo, portanto, necessário garantir mecanismos concretos que permitam aumentar a agregação
de valor local.

Na África do Sul há uma expectativa de que as políticas de conteúdo local estabelecidas na
indústria de máquinas e equipamentos tenham um impacto significativo na geração de emprego
local. De acordo com as entrevistas, apesar de algumas empresas procurarem atingir o conteúdo
local mínimo estabelecido na indústria de 60% a 70%, a maioria das empresas da indústria
mostra estar a importar produtos acabados, o que resulta na perda de empregos e de capacidades
produtivas existentes.

Adicionalmente, o contexto sul-africano revela questões críticas em torno das limitações da


política de empoderamento económico negro (BEE, sigla em inglês) em promover efectivamente
o desenvolvimento de capacidades industriais. Os requisitos desta política em relação a aquisição
de bens e serviços pelas grandes empresas e pelo Estado tendem a conceder tratamento
preferencial a empresas detidas parcialmente por indivíduos negros, mas com baixos níveis de
agregação de valor local, pois importam grande parte da sua matéria-prima e até produtos
acabados. Assim, empresas que não cumprem este requisito de propriedade de capital, mas
agregam valor local e, portanto, geram mais postos de trabalho, não são beneficiadas.

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Assim, tal como argumentado em pesquisas anteriores. CCRED, (2016), a aplicação desta
política na aquisição de bens e serviços não tem concedido suficiente peso ao estímulo da
produção local, o que a longo prazo prejudica a geração de emprego e o desenvolvimento de
capacidades industriais. Há, no entanto, uma iniciativa em curso no Ministério de Recursos
Minerais na África do Sul com o objectivo de unir os requisitos de agregação de valor local com
a propriedade do capital.

Em Moçambique, após vários debates, a política de conteúdo local actualmente em elaboração


conseguiu afastar-se de requisitos associados a propriedade do capital, concentrando-se no grau
de incorporação de matéria-prima e mão-de-obra domésticas. Contudo, políticas semelhantes
incorporando requisitos de propriedade de capital moçambicano e agregação de valor local para
quali cação como fornecedor de bens e serviços podem ser encontradas nas novas leis de minas e
de petróleos, bem como no regulamento de contratação de empreitada de obras públicas.
Entretanto, a capacidade de monitorizar a sua implementação e, principalmente, o seu impacto no
estímulo à produção doméstica e à geração de emprego local continua bastante fraca. Em geral,
estas políticas requerem fortes capacidades institucionais de implementação e monitorização,
pelo facto de serem aplicadas a um amplo conjunto de indústrias e atividades.

Este é também o caso da política de conteúdo local em elaboração, apesar de o debate sobre a
necessidade deste instrumento se ter intensificado com a constatação da existência de fracas
ligações produtivas entre os megaprojectos de IDE e as empresas nacionais. Pretende-se que esta
política seja generalizada para todos os sectores, sendo que a posteriori serão elaborados
regulamentos específicos para cada sector. Ora, considerando o contexto de fracas capacidades
institucionais de implementação e monitorização em Moçambique, as políticas generalistas
requererão bastante esforço, e, por isso, têm pouca probabilidade de serem efectivadas.

É necessário que medidas de estímulo à produção interna sejam ajustadas às capacidades
institucionais existentes, o que pode ser feito através da selecção estratégica de algumas
indústrias (e actividades dentro destas indústrias) com maior potencial de geração de efeitos
multiplicadores dentro da economia. Em suma, a política de conteúdo local pode ser um
instrumento importante para o desenvolvi- mento industrial, dependendo dos mecanismos
concretos que existem para garantir a geração de emprego, valor e capacidades localmente.
10
Ademais, há necessidade de incorporar uma perspectiva regional nestas políticas de modo a
permitir atracção de investimento na indústria manufactureira para alimentar mercados
domésticos e regionais, particularmente na indústria de mineração.

Conclusão

Para concluir, este trabalho de Geografia Agraria, traz consigo uma abordada aprofundada sobre
os Factores Locacionais Da Industrias Na Redução Das Assimetrias Do Desenvolvimento
Industrial E Socioeconómico Em Moçambique, como resultado de uma leitura exaustiva,
respondendo assim a ficha de exercícios referente o trabalho de campo da primeira Secção.

E há que dizer em última estancia, não si tratando de um documento inacabado e recolhendo sua
imperfeição e, sendo alias um ponto de partida para os outros trabalhos de investigação, há que
deixar aberto a propostas e críticas construtivas em vista do melhoramento do mesmo. Agradecer
ainda ao tutor pela paciência na correcção do deste trabalho dado a existência de possíveis erros.

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Bibliografia

CASTEL-BRANCO, C.N. (2010). Economia extractiva e desa os de industrialização em


Moçambique. In Luís de Brito et al. (orgs), Economia Extractiva e Desa os de
Industrialização em Moçambique. Maputo: IESE, 19-109.

CASTEL-BRANCO, C.N. & OSSEMANE, R. (2010). Crises cíclicas e desa os de


transformação do padrão de crescimento económico em Moçambique. In Luís de Brito et al.
(orgs), Desa os para Moçambique 2010. Maputo: IESE, 41-82.

CCRED (2016). Gauteng City Region Machinery and Equipment: sector strategy 2016-
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CRUZ, A.S., Guambe, D., Marrengula, C.P. & Ubisse, A.F. (2014). Mozambique’s
Industrialization.

LANGA, E. & MANDLATE, O. (2015). Ligações entre grandes projectos de


investimento estrangeiro e fornecedores locais: promessa de desenvolvimento. In Carlos
Nuno Castel-Branco et al. (orgs), Questões sobre o Desenvolvimento Produtivo em
Moçambique. Maputo: IESE, 61 - 78.

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Rodrik, D. (2007). One Economics, Many Recipes: globalization, institutions and


economic growth. Princeton e Oxford: Princeton University Press.

12
Warren-Rodríguez, A. (2008). Linking Technology Development to Enterprise Growth:
evidence from the Mozambican manufacturing sector.

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