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As Operações Urbanas Consorciadas Interfederativas como soluções

metropolitanas: análise preliminar das potencialidades do instrumento


urbanístico como resposta para problemas de governança metropolitana.
Resumo: Acrescidas ao Esttuto das Cidades (2001) pelo Estatuto das
Metrópoles (2015) as Operações Urbanas Consorciadas Interfederativas são
ainda um instrumento não aplicado. O presente texto discute seu grande
potencial para começar a enfrentar, em ma escala menor, os problemas que o
desenvolvimento regional em escala metropolitana não vem sendo capaz de
resolver efetivamente, notadamente questão dos mecanismos de governança
e da alocação de recursos ótima. Em especial destaca-se que muitos dos
problemas urbanos metropolitanos podem transformar-se em condicionantes
favoráveis quanto à aplicação do instrumento.
Palavras Chaves: Arranjo Metropolitano, Governança, Estatuto da
Metrópole, Estatuto das Cidades, Região Metropolitana de São Paulo
Sumário
1 Introdução: a centralidade da questão da governança.................................2

2 O Problema: regulação do uso do solo e alocação de recursos...................3

2.1 Regulação da destinação e intensidade de uso do solo urbano............3

2.2 Modelo de alocação de recursos............................................................4

3 Limitações do Marco Legal............................................................................4

3.1 Estatuto da Metrópole.............................................................................4

3.2 LC SP 1.139/2011...................................................................................7

3.3 Operações urbanas consorciadas interfederativas.................................8

4 Modelos de gestão e alocação de recursos: de Aliança a Governança.....10

4.1 Tendência centrípeta da alocação........................................................10

4.2 Enxergar novas oportunidades nos desafios urbanos..........................12

4.3 Transição da aliança à Governança.....................................................12

5 Conclusão: Um instrumento urbanístico inovador para o arranjo


Metropolitano da Grande São Paulo..................................................................13

6 Bibliografia...................................................................................................13

1 Introdução: a centralidade da questão da governança

Mecanismos de governança para áreas metropolitanas - nas quais os


diversos entes federativos, esferas de poderes, atores sociais, políticos e
econômicos estabeleçam concessos regulatórios, de planejamento, gestão e
avaliação – tem sido o grande para um desenvolvimento mais articulado e
sustentável destes territórios.
Embora a questão dos recursos necessários para os investimentos,
tanto em relação a sua fonte quanto a sua alocação, seja um dos elementos
dominantes em termos do debate internacional, no Brasil este se soma a um
desenvolvimento urbano precário, periférico e radial no qual as distâncias entre
as áreas nas quais se gera renda e aquelas nas quais os investimentos são
mais necessários se ampliam, gerando portanto também maiores conflitos.
O objetivo desta reflexão é destacar dois pontos centrais de conflito, à
luz da realidade da RMSP mas provavelmente também apropriado para outras
regiões metropolitanas brasileiras, a inexistência no marco legal de um
mecanismo de governança robusto para atender às necessidades modernas de
uma gestão articulada metropolitana, por um lado, e, até como consequência, a
inexistência de um mecanismo de alocação de recursos ótima capaz de
alavancar o desenvolvimento dos teritórios metropolitanos segundo um critério
sustentável.
A despeito do cenário negativo e da evidente insuficiência dos amrcops
elgais, contudo, a proposta é que há um equacionamento possível ao menos
para a RMSP – e áreas metropolitanas com grandes áreas passíveis de
transformação – através das Operações Urbanas Consorciadas
Interfederativas, acrescidas ao Estatuto das Cidades pelo Estatuto da
Metropole.
Embora passível de aplicação penas em alguns dos territórios, é nos
territórios mais promissores e com maior impacto no conjunto, até porque em
geral estão localizadas nas áreas de articulação metropolitana por onde
circulavam matérias-primas, mercadorias e mão de obra. Além disto resolvem
parcialmente os conflitos de alocação de recursos, uma vez que que produzem
receita e dá a elas uma destinação específica e bem delimitada na qualificação
das próprias áreas. Ao mesmo tempo tem um modelo de governança sólido,
cuja experi~encia no uso localizado contribui para a evolução institucional
passível de fazer evoluir a governança das outras a´reas, na medida que gera
profissionais públicos, privados, sociais e corporativos habituados a
procediemntos de governança mais sofisticados.

2 O Problema: regulação do uso do solo e alocação de recursos

2.1 Regulação da destinação e intensidade de uso do solo urbano


Embora diversas questões relativas ao planejamento metropolitano
possam, dentro do contexto legal vigente, ser articuladas em termos regionais,
em particular as dimensões de mobilidade e ambiental, a variável mais
relevante para o planejamento – a regulação da intensidade e destinação do
uso do solo – é municipal e atribuição dos legislativos municipais. Apesar desta
posição privilegiada como stakeholder no processo de tomada de decisão, as
Câmaras Municipais não estão representadas nos mecanismos de governança
metropolitana previstos. Na única ocasião em que esta foi demandado, durante
as discussões da LEI COMPLEMENTAR Nº 1.139/2011(SÃO PAULO, 2011),
pela articulação das Câmaras no Parlamento Metropolitano, ela foi
severamente rechaçada.
Dois elementos agravam este problema de governança em termos de
regulação do uso do solo.
Por um lado a multiplicidade de espaços regulatórios, em municípios de
perfil, tamanho e demografia muito diversas pode amplificar muito o efeito
NIMBY (Not in My Backyard) quanto a qualquer equipamento, obra ou
intervenção, o qual tem efeitos muitos diversos sobre a tomada de decisão dos
agentes políticos em função dos fatores demográficos, culturais e históricos
das localidades1.
2.2 Modelo de alocação de recursos
Por outro há potencial de conflito na medida em que os níveis extremos
de desigualdade e segregação socioespacial presentes no modelo da
urbanização da RMSP entre as a´reas nas quais se concentra a produção de
riquezas, portanto de recursos passíveis de serem capturados em projetos de
investimento e desenvolvimento, e as áreas nas quais se concentra a
população e os territóprios de maior vulnerabilidade, onde estes recursos
precisariam ser prioritariamente investidos tanto para a superação das maiores
vulnerabilidades como para estimular o desenvolvimento.(HERRSCHEL, 2019)
Enquanto agravante do agravante é necessário apontar que mesmo os
munic´pios mais ricos tem também um desequilíbrio significativo entre seus
territórios – em geral entre seu centro e periferia – e portanto embora sejam
fontes de recursos também tem demandas significativas de investimentos.
Assim qualquer decisão de destinar recursos para aliviar vulnerabilidades
1
Embora exista a tendência a avaliar que quanto menor a população do munic´pio
mais próximas as relações de eprmeabildiade aproximando agentes políticos e comunidade,
portanto ampliando o efeito Nimby, esta interferência também deve levar em conta histórico e
mobilização. É observável, por exemplo, que embora o munic´pio de São Paulo seja o mais
populoso e diverso da RMSP a mobilização Nimby tem mais poder de influêncfia que em munic
´pios muito menores. Conclus~eos mais efetivas sobre esta dinâmica requereriam mais
estudos, os quais fogem ao escopo do rpesente texto.
externas enquanto existem condições similares dentro do próprio território teria
dificuldades quanto a sua implementação na dimensão política.
A possibilidade de resolver estes problemas através de mecanismos que
governança que busquem critérios objetivos e consensuais para o
estabelecimento de um planejamento comum, com fontes de recursos
adequados, investimentos prioritários, avaliação de resultados e desempenho e
gerem viabilidade econômica relevante para realimentar o processo é a
discussão central a ser enfrentada.

3 Limitações do Marco Legal

3.1 Estatuto da Metrópole


O Estatuto da Metrópole (BRASIL, 2015) traça diretrizes gerais para
articulação de planejamentos, mas não propõe mecanismos específicos que
possam estabelecer alguma câmara de governança ou estabeleçam um
procedimento de vinculação de planejamento, assim como a lei estadual citada
acima. Para além das questões mencionadas em (MOURA; HOSHINO, 2015) –
o qual argumenta que a demora e pouco esforço na construção de consenso
na aprovação do Estatuto fez com que o mesmo fosse “atropelado” por planos
setoriais com mais articulação política e debate – o documento legal tem
fragilidades intrínsecas na medida em que é focado em diretrizes gerais sem a
formatação e definição de instrumentos que permitam que seus objetivos sejam
implementados, quase como uma carta de intenções. Em especial não enfrenta
o dilema central da governança.
(MARTINS DE SÁ et al., 2017) apresenta uma visão mais positiva do
documento, destacando alguma evolução dos mecanismos de governança
interfederativa desenvolvidos na legislação, a qual culminaria com o Estatuto
da Metropole. Aiunda assim este autor não é capaz de demosntrar, para além
das diretrizes traçadas, um modelo de governança, ou ao menos seus
requisitos básicos legais, que teriam sido criados pelo Estatuto. Colocando o
foco em uuma “escolha moral” dos gestores, não em técncias, instrumentos,
indicadores, objetivos e outros procedimentos de governança, as conclusões
dos autores sobre o EM beiram o truísmo:
“Em que pesem os preciosos instrumentos colacionados no Estatuto da
Metrópole, entende-se que seja um enorme desafio, tanto para os Estados
quanto para os Municípios, a implementação efetiva de regiões metropolitanas
ou aglomerações urbanas nos moldes pretendidos pelo legislador. As diversas
dificuldades, principalmente a superação de um individualismo federativo
endêmico vivenciado na política brasileira, deverão ser superadas com novas
formas de se governar, especialmente por meio da governança
interfederativa.”(MARTINS DE SÁ et al., 2017)
E mais adiante na finalização da conclusão:
“Diante disso, entende-se que é de suma importância que governantes
se ajustem às novas formas de se governar, sobrepondo o interesse comum ao
individual, o que, em se tratando de desenvolvimento regional, é traduzido na
governança interfederativa.” (MARTINS DE SÁ et al., 2017)
O trabalho também lsita os diversos instrumentos criados pelo EM, sem
mencionar a extrema precariedade de provisionamento para os mesmos em
temros de conteúdo. Em alguns casos inclusive sem alguns dos elementos de
maior democratização presentes no Estatuto das Cidades de 14 anos antes,
como por exemplo quando deixa de requerer paridade entre sociedade civil e
poder público.
Estes instrumentos, que poderiam ser importantes e prover ou ao menos
orientar a formulação de mecanismos de governança ausentes do seu
conteúdo, infelizmente, são meramente citados, com exceção do Plano de
Desenvolvimento Urbano Integrado de Região Metropolitana ou de
Aglomeração Urbana para o qual há um conteúdo mínimo, mínimo mesmo,
requerido, o qual deverá ser repeitado na legislação estadual que regular sua
aprovação.
A despeito do conteúdo mínimo, o Estatuto tem a ambição máxima de
tentar subverter a ordem federativa constitucional na medida que busca
válvulas para capturar o poder regulatório do uso do solo dos munic´pios
tentando submetê-lo a esfera estadual. Este aspecto é evidente em diversos
trechos da lei:
“Art. 10. As regiões metropolitanas e as aglomerações urbanas deverão
contar com plano de desenvolvimento urbano integrado, aprovado mediante lei
estadual.
(...)
§ 3º Nas regiões metropolitanas e nas aglomerações urbanas instituídas
mediante lei complementar estadual, o Município deverá compatibilizar seu
plano diretor com o plano de desenvolvimento urbano integrado da unidade
territorial urbana.
(...)
Art. 12. O plano de desenvolvimento urbano integrado de região
metropolitana ou de aglomeração urbana deverá considerar o conjunto de
Municípios que compõem a unidade territorial urbana e abranger áreas urbanas
e rurais.
§ 1º O plano previsto no caput deste artigo deverá contemplar, no
mínimo:
(...)
II – o macrozoneamento da unidade territorial urbana;
III – as diretrizes quanto à articulação dos Municípios no parcelamento,
uso e ocupação no solo urbano;
(...)”(BRASIL, 2015)

3.2 LC SP 1.139/2011

A Lei Complementar 1.139/2011(SÃO PAULO, 2011), originária do PLC


6/05 – que “recria” a Região Metropolitana de São Paulo - foi apresentada pelo
governo do estado de forma não só tardia, visto que durante um longo perído
no qual a RMSP podia exiustir de fato mas não havia regramento sobre ela,
como inócua ou até nociva pela incapacidade de compreender a nova moldura
legal, institucional e política no qual a proposta deveria estar inserida. Tanto
retrocede em relação ao EC nas questão de paridade entre sociedade civil e
poder público – ponto parcialmente corrigido na tramitação pela Assembléia
Legislativa, mas de forma tímida, como não enfrenta também o defio de um
modelo de governança moderno e robusto. limitando-se a tímida reciclagem do
fracassado modelo concebido pelos tecnocratas da ditadura.
Por terem sido ferramentas criadas pela ditadura e seus tecnocratas a
discussão sobre as regiões metropolitanas foram menosdesprezadas por
bastante tempo e. assim, as constituintes estaduais deram pouca importância
ao tema.
Faltou uma compreensão mais objetiva das necessidades de uma
política metropolitana capaz de distinguir de um lado o instrumento
centralizador e autoritário criado pela ditadura e de outro a necessidade
fundamental de articular e coordenar políticas para uma região na qual o nível
de integração e interdependência, inclusive no nível físico-territorial – é tão
elevado que não é possível pensar um município isolado. Infelizmente a
Constituinte não foi capaz de dar dois passos essenciais para concretizar a
proposta municipalista. Em primeiro lugar atribuir recursos proporcionais às
novas responsabilidades entregues aos municípios e em segundo lugar criar
mecanismos de gestão conjunta das grandes redes estruturais e estruturantes
– saneamento, energia, transportes, por exemplo – fundamentais para os
municípios mas que continuaram sendo geridas só pelos governos estaduais
ou federal.

A LC paulista teve o mérito de trazer esta relevante discussão à baila,


mas seus méritos, bem como a maioria dos resultados, quase que encerram-se
por aí. Não trouxe propostas novas para resolver os problemas existentes de
fato – em especial um controle coordenado das decisões sobre as redes
infraestruturais – não apresenta alternativas aos problemas centrais que as
regiões metropolitanas que funcionam no mundo enfrentam – em especial
ferramentas de governança – e limitou-se praticamente a tirar o pó e cobrir com
um verniz o modelo fracassado da ditadura.
A pr´popria invocação do “Modelo Alemão” metropolitano, referência ao
modelo adotado por Consórcio público-privado no Vale do Ruhr e relativamente
equivocado, na medida que embora enquanto arranjo metropolitano tenha sido
capaz de efetivamente implementar as intervenções desejadas no território,
uma vez cumprida a missão acabou por extinguir-se, como previsto
inicialmente, sem ser capaz de impulsionar sua evolução para uma
concertação mais permanete de interesses públicos e privados daquele
território, sem ser capaz de impulsionar outro ente que o sucedesse.
Ainda que mal sucedida em sua aplicação, embora se possa iniciar a
avaliação do PDUI, é particularmente preocupante a tentativa de interferir de
forma centralizada e com a mesma visão tecnocrática de “planejamento
urbano” com assuntos como uso e ocupação do solo nos quais inúmeros
municípios da região, inclusive São Paulo, já tem seus próprios mecanismos
modernos e afinados com o Estatuto da Cidade.
3.3 Operações urbanas consorciadas interfederativas
Paradoxalmentemente, críticos e entusiastas dão pouca atenção a um
dos instrumentos mais promissores contidos no EM, ainda que sua menção
seja breve, que é a inclusão no Estatudo das Cidades das Operaç~eos
Urbanas Consorciadas interfederativas:
“Art. 24. A Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 , passa a vigorar
acrescida do seguinte art. 34-A:
“ Art. 34-A. Nas regiões metropolitanas ou nas aglomerações urbanas
instituídas por lei complementar estadual, poderão ser realizadas operações
urbanas consorciadas interfederativas, aprovadas por leis estaduais
específicas.
Parágrafo único. As disposições dos arts. 32 a 34 desta Lei aplicam-se
às operações urbanas consorciadas interfederativas previstas no caput deste
artigo, no que couber.” (BRASIL, 2015)
Este pequeno artigo no final do EM é talvez a principal contribuição que
ele traz para dar um passo decisivo quanto a questão do desenvolvimento
regional das áreas metropolitanas, sem os problemas não resolvidos ou criados
pelos demais pontos. Em primeiro lugar porque incorpora uma outra escala a
um instrumento urbanístico já desenvolvido, que não só tme um marco legal,
jurisprudência, procedimentos e aplicações efetivas ao longo do tempo, mas
como também já vem passando por fases sucessivas de aperfeiçoamento,
além de ser dirigido, em especial, às áreas nas quais a transformação do uso e
adensamento é mais necess´rio e recomendado. (MALERONKA, 2010) e
(AGUIAR, 2011)
Além disto, a questão da Governança é praticamente inata às OUCs, na
medida em que há por um lado a necessidade de um estudo que balaceia as
capacidades de receita epla venda de potencial construtivo – portanto da
atração de investidores privados – e de outro dos investimentos nas
intervenções necessárias à qualificação da transformação, devendo resultar em
uma viabilidade econômica passível de ser demosntrada e acreditada, inclusive
pelos padrões de governança da Comissão de valores Mobiliários, visto serem
títulos negociados em Bolsa.
Na outra ponta, da decisão política, as OUCs também tem um rito
rigoroso não só para a discussão da lei específica que a cria, mas também de
garantia da Gest~çao Democrática da Cidade em todas as fases do processo,
incluindo gestão, avaliação, formulação de políticas associadas, critérios e
métricas de indicadores de desempenho, cuyltura política que na cidade de
Sãoi Paulo vem atingindo graus crescentes de maturação com a interlocução
crescente, permanente e regular dos comitês gestores envolvendo todos os
stakeholders, dos movimentos de moradia aos grandes empreendedores
mensalmente sentados a uma mesma mesa enquanto elementos atiovos.
Degrau este que, sempre importante mostrar, é bem mais elevado na escala de
Governça Urbna de ((ANTHOPOULOS; JANSSEN; WEERAKKODY, 2018) e
(MEIJER; BOLÍVAR, 2016), enquanto toda a “governança” vagamente
esboiçada no EM ou no LC das RM paulista mal alcança o nível básico da
escala, na qual não há nenhuma transformação institucional.
Assim esta ampla e saudável bagagem da experiência de governança
das OUCs, passível de ser aplicada na escala metropolitana, tira o sucesso da
governança interfederativa do campo da decisão moral de “abandonar o
egoísmo” na qual (MARTINS DE SÁ et al., 2017) a meteu para trazê-la para um
ambiente técnico no qual o equilíbrio de interesses, e até de egoísmos, pode
ser equacionado a partir de métricas estabelecidas e construído objetivamente
a partir da aplicação ótima de recursos – recursos, sempre bom lembrar, que a
própria operação gera e não que se tem de buscar de outros lugares – capaz
de ampliar os ganhos de todos os atores, em especial dos atores sociais que
tem maior força política e de mobilização, sem gerar perdas que fizessem com
que os investidores deixassem a mesa, e no qual a CVM, com tod a
experiência da Bolsa de valores, assegura-se que ninguém blefe.
4 Modelos de gestão e alocação de recursos: de Aliança a Governança

4.1 Tendência centrípeta da alocação


Em especial em relação ao problema central das fontes e alocações de
recursos há uma tendência à concentração de investimentos no centro urbano
– e em alguns casos possíveis no ente federativo mais poderoso – mais
influente (AN; BOSTIC, 2021). Ainda que este elemento dominante
normalmente necessite traçar algumas alianças estratégicas ou temporárias
para consolidar as decisões de colegiados que decidam sorbe a alocação de
recursos, tem a tendência sistemática a ter uma relação dominante na
alocação e portanto não só a chance de conseguir a “parte do Leão” mas
também de distribuir os recursos que não recebe diretamente de forma a
fortalecer seus objetivos estratégicos.
Embora o centro da análsie de (AN; BOSTIC, 2021) foquena questão de
distribuição de recursofederais, estaduais e de agências tema´ticas, dentro do
contexto de orçamento público americano, a grande dependência dos munic
´pios, em especial dos menores, das transferências interfederativas e de
recursos relacionados a programas específicos – os quais são particularmente
relevantes no contexto urbano, em especial em áreas como Saneamento e
Moradia – permite uma extrapolação local dos problemas do modelo em
diversos potnos.
Nos pontos onde ele não se aplicaria em função das condições
específicas políticas locais, como de decisões não-colegiadas de alocação e a
distribuição de recursos segundo critérios estritamente políticos e não técnicos
– elemento constante e profundamente enraizado nas relações federativas
brasileiras desde o modelo coronelista – só geram distorções que ou seguem o
mesmo caminho de privilegiar o núcleo mais destacado ou produzem uma
força centrífuga inversa, privilegiando os centros menores – nos quais um
menor volume de recursos produz mais resultados políticos/eleitorais mas nem
sempre impacto positivo na qualidade urbana.
Mas mesmo no segundo caso a força centrífuga que pulveriza os
recursos pelos centros mais fracos não é cpaz de gerar um equilíbrio com a
força centrípeta que fortalece o centro regional porque ela não se dá em torno
de um modelo ou projeto, mas por outros cálculos que não tem muita relação
com a qualificação do espaço urbano e articulação dos entes federativos. Em
muitos casos, por sinal, acaba por acentuar problemas urbanos, como
ocasionalmente se observa quando grandes conjnuntos habitacionais são
construídos em pequenos munic´pios pelo poder púbblkico diretamente ou
através de programas de financiamento ou subsídio ou incentivos urbanísticos,
em função de baixo custo da terra, parâmetros mais vantajosos, doação de
área, maior impacto político da iniciativa e que ao final resultam não na solução
da questão da moradia local mas na acentuação da pressão sorbe a demanda
por serviços públicos, emprego, renda, infraestrutura e egurança.
Mas a racionalidade centrípeta apontada pelo autor e a decisão política,
stricto sensu, centrípeta de maximizar ganhos eleitorais tem um elemento
comum que os une em uma categoria de “alianças”, ou seja de uma tomada de
decisão no qual o elemento fundamental e´compor um acordo de maioria no
qual interesses mais imediatos combinam uma distribuição de recursos não
ótima.
A melhor solução para a superação desta gaiola de ferro de alocação é
ser capaz de demosntrar que uma aplicação mais otimizada dos recursos,
investidos segundo um plano adequado pode não só trazer mais resultados
que a aplicação não ótima como ainda atrair outras fontes de capital, em
especial o privado, gerar novos recursos e potencializar a qualidade urbana
dando melhores resultados políticos em um prazo que é mais longo mas
também mais duradouro.
É verdade que a questão da regulação do uso do solo sob a égide do
munci´pio persiste ainda noi modelo da OUC Metropolitana, mas ele se
transforma em um problema menor porque está circunscrito a uma território
específico e rigidamente delimitado. Mais do que isto, delimitado em uma área
na qual a necessidade de transformação é evidente evidenciada pelos estudos
que a embasam, portanto mais plausível de se constituir um consenso visto
que se plica sobre uma área na qual a regulação existente não mais funciona.
Ainda que se possa estudar os trâmites e procedimentos para articular a
transformação na esfera municipal segundo o desenho regional – e por serem
leis específicas obrigatoriamente é possível encontrar para cada situação a
solução mais adequada ao invés d euma regra genérica, o que é em si uma
vantagem – a perpesctiva de uma OU}C metropolitana é bem menos invasiva
das competências de regulação muncipal do Uso do Solo. Uma cosia é um
plano integrado para um território que já tinha algum grau de integração – caso
contrário a OUC nção faria sentido – e outra muito distinta é delegar a algum
deputado estadual de uma região distante do estado o que, quanto e a com
qual aproveitamento se vai construir na sua cidade. Além da dimensão
circunscrita, há a governança da viabilidade econômica/ gestão democrática/
equivalência de despesas e receita contribuindo para soluções equilibradas e
de baixo risco jurídico, político e econômico empuirrando para as soluções
ótimas.
4.2 Enxergar novas oportunidades nos desafios urbanos
Em especial os dois recursos fundamentais para o planejamento urbano
capital para investimento e terra infraestruturada – o marco legal brasileiro
oferece algumas oportunidades na medida em que não só existem
instrumentos para a captura da valorização de áreas em função de
investimentos públicos e privados – em particular as Operações Urbanas –
quanto de controle da subutilização de áreas infraestruturadas. Em adição a
isto há ampla oferta, ao menos teórica, de áreas para requalificação já
infraestruturadas, em especial na orla hidroferroviária onde a desindustrialição
foi mais acentuada, áreas estas cuja transformação do uso e readensamento
tem potencial de gerar recursos significativos e que em grande parte integrma
os grandes corredores de articulação metropolitana, até pela relevância do
acesso às redes de mobilidade – para trazer matérias primas, levar
mercadorias e transportar mão de obra nos usos industriais intensivos em
matéria prima e/ou mão de obra caracterizado no modelo industrial anterior.
4.3 Transição da aliança à Governança

5 Conclusão: Um instrumento urbanístico inovador para o arranjo

Metropolitano da Grande São Paulo

É neste sentido que se propõe um esforço articulado focado nas


legislações de uso do solo dos municípios metropolitanos – capaz de gerar
novos recursos e assim solucionando a disputa de conflitos pela alocação –
com ênfase em:
- Identificação de áreas subutilizadas e aplicação do Controle da Função
Social da Propriedade de forma harmônica, com intercâmbio de experiências,
tecnologia e outras boas práticas, entre os munic´pios, estabelecendo um
banco de terras de qualidade nas quais parte do ganho especulativo foi
removido em função da pressão legal para sua utilização, identificando assim
espaços de transformação prioritários e passíveis de serem articulados em um
projeto comum ou ao menos integrado;
- Articulação de intervenções urbanas capazes de gerar recursos nas a
´reas de transformação de relevância metropolitana, associando esforçso e
projetos;
- Cooperação técnica e financiamento reembolsável e não mais a fundo
perdido, portanto sustentáveis, para suprir as necessidades de
desenvolvimento de projetos para os muncipios com maiores vulnerabilidades
e menores recursos humanos e financeiros para o desenvolvimento das
intervenções.
- Ganhos de escala quanto a possibilidade de intervenções
transformando áreas maiores, garantindo um desenho mais harmônico que
potencialize as vocações locais em um ambiente e mercado maiores;
- Maiores possibilidades de intervenções, em especial quanto a
mobilidade e drenagem, que ultrapassam as fronteiras municipais.
- Governança, na qual é possível incluir tanto o planejamento local
quanto regional, bem como os atores decisivos da regulação do suo do solo,
sem invadir competência mas, ao contrário, estabelecem um plano comum no
qual se ampliam as possibilidades municipais ao invés de cerceá-la.

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