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Orfãos da utopia

Consigo pensar em pelo menos três sentidos de Utopia, enredados e encadeados entre si mas
distintos. O primeiro deriva da terra imaginada por Thomas Morus, em grande parte como antítese
de seu tempo mas, assim como as outras utopias e distopias, fortemente baseada na República de
Platão. Deste mesmo arquétipo platônico de Cidade Ideal foram moldadas não só as utopias mas as
distopias e poderiam ser elencados inúmeros pontos de contato direto e indiretos em Morus,
Campanella, Fourier, Huxley e Orwell. A diferença entre as utopias e as distopias, ao menos das
melhores, não é tanto de fundamentos e instituições, é apenas valorativa.
Nas duas busca-se a estabilidade às custas da eliminação da privacidade e da inculcação de valores
do grupo. Em todas elas os poetas não entrariam – mesmo que esta vedação seja explicita somente
na primeira e na última delas, na República e no Admirável Mundo Novo, assim como em todas é
encessa´rio que cada um siga o roteiro estabelecido pelo fundador e se abstenha de qualquer
inovação que ameaçasse a estabilidade. Não é de se estranhar, portanto, que aquilo que era um ideal
de eprfeição na antiguidade, idade média e moderna torne-se depois um pesadelo para os tempos
contemporâneos.
Não é, portanto desta Utopia que desejo falar, passemos à próxima, a Utopia caracterizada por Marx
e Engels como o ideal oposto ao do materialismo histórico

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