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6. FATORES DE
DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
1º Ciclo em Ciências Empresariais
Docente: Anderson Galvão (arg@estg.ipp.pt)
SUMÁRIO
• Infraestruturas coletivas
• Serviços
• Recursos Humanos
• Turismo
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TEORIAS DE INOVAÇÃO DE BASE
TERRITORIAL
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TEORIAS DE INOVAÇÃO DE BASE TERRITORIAL
• A inovação “passou a ser entendida em sentido amplo, de modo a incluir as vertentes do produto, do
processo e organizativas, tanto ao nível das empresas como, até, nas suas dimensões sociais e
institucionais, ao nível dos próprios setores institucionais, das regiões e dos países.” (Morgan, 1997: p.
492), tornando-se um referencial praticamente obrigatório na análise das dinâmicas territoriais de
desenvolvimento.
• Atualmente, os processos de inovação são vistos como mecanismos socialmente construídos, que
assentam na acumulação, difusão e utilização de conhecimento (tácito ou codificação) por via de um
aprendizado contínuo e interativo. Por outras palavras, os atuais processos de inovação possuem uma
forte matriz social e territorial e são mais direcionados para outros aspetos que se mostram relevantes
na geração de conhecimento, tais como: contactos informais, redes de fluxo de conhecimento tácito
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estabelecido entre os diferentes atores, capital relacional e capital social.
DISTRITOS MARSHALLIANOS
“O distrito industrial é uma entidade socio-territorial caracterizada pela copresença ativa, numa área
territorial circunscrita, natural e historicamente determinada, de uma comunidade de pessoas e de uma
população de empresas industriais.” (Becattini, 1989)
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DISTRITOS MARSHALLIANOS
“O distrito industrial marshalliano é constituído por uma população de pequenas e médias empresas
independentes assentes num setor de especialização e num processo de divisão de trabalho industrial
à escala local, apoiando-se numa miríade de unidades fornecedoras de serviços à produção e de
trabalhadores ao domicílio, orientada através do mercado de encomendas, por um grupo aberto de
empresários puros”.
Nos distritos industriais as empresas são parte integrante do território – esta perspetiva marshalliana
expressa a ideia de embeddedness.
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VANTAGENS DOS DISTRITOS MARSHALLIANOS
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A análise da inovação nos distritos industriais está tradicionalmente longe do formato neo-
schumpeteriano:
• Inovação Neo-Schumpeteriano:
Segue um padrão do tipo incremental, baseado no conhecimento tácito, dos quais resulta a criação
de vantagens competitivas territorializadas. As inovações resultam de modificações nas funções de
produção e na introdução de melhorias nos produtos e serviços disponibilizados pelo sistema
produtivo local. 8
A abordagem dos distritos industriais, enquadrada pela perspetiva marshalliana, estabelece uma análise
económica territorializada, alicerçada nas externalidades associadas à proximidade e que depende do
potencial das competências locais de que as empresas extraem os seus recursos produtivos, da
proximidade espacial das empresas e do conjunto de normas sociais e culturais que permite a difusão de
informação e de aprendizagem (permitindo defender a sua posição competitiva através do recurso à
inovação contínua e incremental).
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EM SÍNTESE
Ou seja, o sucesso nas trajetórias de desenvolvimento de certas regiões deve-se às suas capacidades
intrínsecas de fabricar novos produtos, adotar novos processos produtivos, bem como às configurações
organizacionais e institucionais inovadoras.
O conceito de meio faz referência a um CAPITAL RELACIONAL que agrupa de uma forma coerente:
➢ Um sistema de produção;
➢ Um coletivo de atores que não constitui um universo fechado mas, pelo contrário, está em
interação permanente com o seu ambiente circundante dando lugar a processos de aprendizagem
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coletiva.
Alguns autores (Maillat, 1996 e Courlet, 1998) destacam a diferença existente entre o conceito de
meio e o conceito de sistema produtivo local:
O meio não é uma categoria particular do sistema produtivo local mas uma unidade cognitiva de que
depende o funcionamento do próprio sistema, constituindo uma matriz organizacional através da qual se
projeta o potencial de autonomia e de iniciativa dos sistemas de produção localizados.
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TIPOLOGIA DOS TERRITÓRIOS EM FUNÇÃO DAS
LÓGICAS DE INTERAÇÃO E APRENDIZAGEM
Lógica de interação
Lógica de aprendizagem
Inexistência de Meio potencialmente
meio e de inovação inovador
De acordo com Bramanti (1998), o processo conducente à inovação pode ser compreendido à luz de
quatro dimensões fundamentais:
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EM SÍNTESE
• A noção de meio inovador veio permitir aprofundar a análise teórica das relações entre a dinâmica
microeconómica das empresas, envolvidas em processos coletivos de aprendizagem contínua e de
inovação, e o funcionamento meso-económico dos sistemas produtivos locais, sublinhando a
pluralidade de trajetórias tecnológicas e organizacionais inerentes aos diversos territórios.
• O meio é considerado como pivot do sistema produtivo local, dado que é ele que molda as regras e as
normas relativas ao comportamento dos atores.
• O conceito de meio inovador coloca ênfase em dois processos: a lógica da interação e a lógica de
aprendizagem, cuja presença e ação são indispensáveis à concretização de caminhos competitivos
que respondam eficazmente às solicitações do ambiente tecnológico e de mercado.
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INFRAESTRUTURAS COLETIVAS
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INFRAESTRUTURAS COLETIVAS
Definição (Gramlich):
• O capital infraestrutural consiste em monopólios naturais capital intensivos, tais como autoestradas,
outras infraestruturas de transporte, condutas de água e esgotos e outros sistemas de comunicação.
➢ Outros setores de transporte (vias férreas urbanas a interurbanas; transportes urbanos, portos
e aeroportos).
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INFRAESTRUTURAS COLETIVAS
Bens Públicos:
• Não rival: uma vez disponível, o custo marginal de o produzir é zero, por outras palavras, um bem
é não rival quando o seu consumo por um indivíduo não reduz a quantidade disponível para os
restantes indivíduos.
Em muitas infraestruturas coletivas a condição da não exclusão ou da não rivalidade no consumo não se
verifica (por exemplo, a rede de água pública só está acessível à população mais próxima – neste caso,
há possibilidade de exclusão).
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Se houver não exclusão ou esta for muito dispendiosa, surge o fenómeno do free-rider.
INFRAESTRUTURAS COLETIVAS
Comportamento de “free-rider”:
Os agentes económicos mentem sobre o benefício que retiram do consumo desses bens.
Quando existe o pagamento de um determinado bem, a iniciativa privada pode substituir a iniciativa
pública, e fornece-lo.
O Estado pode, contudo regulamentar o consumo ou venda desse bem, dependendo da doutrina
económica do Estado (mais ou menos intervencionista).
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INFRAESTRUTURAS COLETIVAS
Nos casos de monopólio natural, o Estado pode ser levado a intervir, quando a infraestrutura produz
externalidades positivas, ou quando se considera uma infraestrutura de responsabilidade pública.
Com a progressiva passagem para o setor privado de responsabilidades que antes eram do setor público,
está, normalmente associado um aumento de eficiência. Com a privatização visa-se aumentar a eficiência
e a eficácia com que essas infraestruturas são fornecidas e exploradas.
• Regulamentar as infraestruturas. 20
INFRAESTRUTURAS COLETIVAS
1. Propriedade da Imobilidade
Uma fraca dotação de IE está associada a uma deficiente eficiência marginal dos fatores.
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INFRAESTRUTURAS COLETIVAS
2. Propriedade da Indivisibilidade
O setor público pode ser chamado a intervir devido à existência de uma falha de mercado.
Uma falha de mercado pode acontecer quando uma determinada IE pode ser suscetível de não ser
fornecida pelo mercado, ou não ser fornecida em quantidade suficiente.
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INFRAESTRUTURAS COLETIVAS
3. Propriedade da Substituibilidade
Realça o grau em que um determinado recurso pode ser substituído por investimentos noutros recursos.
Uma outra leitura desta propriedade tem a ver com o grau com que as IE poderão ser substituídos por
outros equipamentos para produzir os mesmos efeitos.
Exemplo 1: uma escola primária poderá ser substituída por um sistema de comunicação de ensino à
distância como acontece em países como a Austrália.
Exemplo 2: uma estrada rural dificilmente será substituída por outro equipamento ou seria muito caro
(não é possível pensar-se que as populações seriam transportadas regularmente de helicóptero). Neste
caso, quanto mais insubstituível o recurso e quanto maior a indivisibilidade, maior a necessidade de
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intervenção do setor público.
SERVIÇOS
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ALGUNS CONCEITOS
Terciarização: expressa o domínio dos ramos/setores de atividade que agregam unidades produtivas
cuja atividade principal é considerada terciária, ou seja, não é nem primária nem secundária, na estrutura
setorial do emprego ou do valor acrescentado bruto (VAB).
Serviços: numa primeira fase, as atividades de serviços foram assimiladas às atividades terciárias => a
definição dos serviços foi assim feita de modo residual e negativo tendo subjacente a ideia de um
conjunto heterogéneo e variável de atividades cujas caraterísticas comuns não são facilmente
identificáveis. Não existe uma definição consensual (varia de autor para autor). Na origem latina, está
associada ao ato ou efeito de servir, próprio da condição de escravo.
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ALGUNS CONCEITOS
Na língua Portuguesa, na sua aceção mais geral, refere atos que, pelas suas consequências, são
benéficos ou vantajosos para alguém ou para a comunidade.
Os poucos dicionários que atribuem aos serviços um sentido económico definem os serviços como
atividades que representam um valor económico sem corresponder à produção de um bem material.
Em versões mais recentes, os serviços são definidos como atividades do setor dito terciário que, sem
produzir bens materiais, satisfazem necessidades (ensino, investigação, saúde, transportes, etc.) e
representam um valor económico.
Alguns autores têm procurado avançar com a clarificação concetual dos serviços propondo uma
definição positiva do conceito….
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ALGUNS CONCEITOS
• Mayére (1988) propõe que se definam as atividades de serviços como atos que incidem sobre as
pessoas, coisas ou informações e que requerem que se estabeleça uma relação direta entre o
produtor e o utilizador.
• Gadrey (1992), partindo dos dois contributos anteriores, propõe a seguinte definição: um serviço é
uma atividade através da qual o produtor A altera a condição de um objeto C (coisa, informação ou
caraterística pessoal) pertencente a um utilizador B, a solicitação deste e frequentemente em relação
com ele, mas sem conduzir à produção de um bem suscetível de circular economicamente
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independentemente do suporte C.
Serviços:
(Na UE-15, em meados dos anos 90, o contributo médio dos serviços para o emprego e para o VAB situava-se nos
64%; Nos EUA e Canadá tinham ultrapassado os 70%)
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Consequências Económicas das caraterísticas dos serviços:
• São atividades de trabalho intensivas e com limitadas possibilidades de substituição de trabalho por
capital;
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• Dificuldade em utilizar a qualidade do serviço como referência (nem o produtor nem o consumidor
podem conhecer antecipadamente o resultado final do processo produtivo);
• Trata-se de atividades com elevados custos de transação (estes custos podem, eventualmente, ser
reduzidos se aumentar a confiança entre agentes económicos (produtor e consumidor) e pela
normalização e regulamentação pública. Os custos de transação elevados justificam a
regulamentação pública que ocorre em muitas atividades de serviços, estabelecendo normas
detalhadas relativas ao output ou ao processo produtivo e/ou às qualificações mínimas dos
trabalhadores de serviços);
• A interação entre produtores e utilizadores, desde a conceção do produto até ao seu consumo, requer
a proximidade entre os diferentes intervenientes no processo de produção/consumo do serviço, e
favorece o aparecimento de mercados cativos associados à localização, na medida em que a
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prestação de serviços obriga à deslocação do consumidor ao local de produção, ou vice-versa.
Tipologia de serviços (ILLERIS, 1989):
• Serviços sociais: saúde, educação, segurança social, serviços postais e administração pública;
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EXPLICAÇÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS
2. Aumento dos serviços na atividade económica resulta do efeito simultâneo de duas leis económicas
fundamentais:
• Do lado da procura, a lei de Engel, que permite associar crescimento económico - aumento do
poder de compra – à terciarização da procura final;
• Do lado da oferta, a taxa de produtividade da indústria aumenta mais do que nos serviços, o que
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assegura a terciarização acelerada do emprego nos serviços.
EXPLICAÇÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS
➢ numa 1ª fase existe desenvolvimento dos serviços de caráter infraestrutural (rede de água,
transportes, gás e eletricidade) e na 2ª fase os serviços expandem-se (comércio, serviços
financeiros, seguros, imobiliários, etc.) e estão associados às necessidades decorrentes da
produção e do consumo em massa. Na 3ª fase (que corresponde ao início da sociedade pós-
industrial) desenvolvem-se os serviços culturais, de lazer, e os serviços coletivos associados às
necessidades de formação e de bem estar social: educação, saúde, segurança social e os
serviços públicos e administrativos.
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EXPLICAÇÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS
4. Estas alterações estruturais modificam a natureza e a qualificação das atividades profissionais nas
economias: maior interação entre pessoas e maior enfâse nas atividades de informação e
conhecimento – efeitos da globalização
* serviços culturais, de lazer, e os serviços coletivos associados à necessidade de formação e de bem estar social:
educação, saúde, segurança social e os serviços públicos e administrativos.
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EXPLICAÇÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS
2. Explica o crescimento dos serviços, pela sua capacidade de criação e retenção de emprego;
Isto leva a um aumento das necessidades de serviços de apoio à produção, distribuição e ao consumo e
reforço da complementaridade entre bens e serviços.
• Por isso, a competitividade no longo prazo de uma economia regional depende da sua base de
serviços, a qual contribui para:
✓ Melhoria da qualidade dos fatores de produção – por exemplo, pelo seu contributo para a melhoria
da qualificação da mão-de-obra (serviços de educação e de formação profissional);
✓ Uma correta afetação setorial dos recursos – através dos serviços financeiros e bancários;
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SERVIÇOS DE APOIO À ACT. ECONÓMICA E O
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
• Permitem às empresas uma maior flexibilidade (a coordenação entre fluxos de informação e de bens
possibilita a redução dos stocks e uma resposta mais rápida a alterações da procura);
• O output das atividades não terciárias integra, cada vez mais, uma maior proporção de serviços (o
sucesso competitivo das empresas depende das atividades de serviços a montante (I&D,
engenharia, aconselhamento técnico, etc.) necessárias à criação do produto, e a jusante (pesquisa
de mercado, publicidade, marketing, distribuição, serviços pós-venda), associadas à distribuição e
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venda e à assistência pós-venda).
SERVIÇOS DE APOIO À ACT. ECONÓMICA E O
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Numa outra perspetiva da avaliação do contributo dos serviços de apoio à atividade económica para o
desenvolvimento regional, conclui-se que as empresas de serviços, mesmo quando de pequena dimensão
e localizadas em centros urbanos de pequena e média dimensão e em regiões periféricas, contribuem
diretamente para a base exportadora da região, realizando uma parte significativa do seu volume de
negócios fora da sua região de origem. Daqui resulta:
• Os fluxos de serviços às empresas não se dirigem apenas para os níveis inferiores da hierarquia
urbana: é possível fluxos entre centros de oferta da mesma dimensão e fluxos entre centros
pertencentes a diferentes áreas de influência;
• Empresas de serviços localizadas em centros de pequena e média dimensão exportam o seu output
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para centros hierarquicamente superiores;
Serviços de apoio à act. económica e o desenvolvimento
regional
• A orientação exportadora das empresas de serviços depende do tipo de serviço (ex. serviços
jurídicos e advogados, serviços de segurança e catering mais orientados para o mercado local vs
serviços de marketing e consultoria exibem uma maior orientação para o mercado global);
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Serviços de apoio à act. económica e o desenvolvimento
regional
• O contributo dos serviços para a base exportadora depende, também, da estrutura organizacional
e de propriedade da empresa: por exemplo, as sedes sociais das empresas de serviços multi-
estabelecimento e as empresas autónomas, de caráter local, caraterizam-se por uma maior
propensão à exportação extrarregional dos seus produtos; pelo contrário os estabelecimentos
pertencentes a empresas cuja sede social está localizada fora da região estão, em regra,
orientadas para o mercado local.
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RECURSOS HUMANOS
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INTRODUÇÃO – A MOBILIDADE DOS RH
• A análise da mobilidade dos RH em Portugal mostra que esta tende a acompanhar os demais
movimentos da população ➔ fazendo realçar, no seu conjunto, a persistência das assimetrias
espaciais existentes no nosso território ➔ bem como, a tendência gradual para o crescimento das
grandes áreas urbanas.
• Tal facto, segue a evolução e o crescimento da população portuguesa nas últimas décadas ➔ quando
se acentuaram as perdas da população ➔ e a alteração das estruturas demográficas em virtude da
persistência dos movimentos internos da população, em direção às cidades do litoral e às bacias de
emprego existentes em torno daqueles centros urbanos. Este fenómeno justifica as acentuadas perdas
de população registadas desde os anos 80 em diversas regiões do País – censos 2001 e 2011
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A FORMAÇÃO DE RH NO ENSINO SUPERIOR E O DR
A reflexão em torno da importância do ensino superior como fator de desenvolvimento regional devido ao
seu contributo na formação dos recursos humanos e nos processos de inovação social, ganhou novo
interesse depois de
• Porter (1990) ter realçado a importância dos fatores básicos fundamentais, tais como os recursos
naturais, o capital e, sobretudo, a mão de obra especializada, no processo de desenvolvimento
económico.
• Considera ainda fatores avançados, tais como as redes de comunicação e as instituições de
ensino superior, no crescimento socioeconómico responsável pela melhoria das condições sociais
e de vida da população.
• A formação de RH tem vindo a tornar-se um dos pilares fundamentais da modernização humana,
cultural, económica e social do País. Para isso, terá contribuído o alargamento da rede de formação
de ensino superior, universitário e politécnico, público e privado que se registou no território
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nacional.
A FORMAÇÃO DE RH NO ENSINO SUPERIOR E O DR
• No entanto a marcha recente dos sistemas sociais e produtivos, a evolução tecnológica e dos
mercados que têm estado na origem de inúmeros fenómenos de exclusão social e laboral, têm vindo a
dar azo a que se ponham em causa aspetos relacionados com o investimento em educação e o
crescimento económico, devido à manutenção das desigualdades sociais e do desemprego.
• Contudo, na atualidade novos contributos teóricos justificam a crescente procura social da educação:
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A FORMAÇÃO DE RH E O ENSINO SUPERIOR EM
PORTUGAL
Quais as medidas de política educativa que procuram dar resposta ao problema da formação dos
RH na sua relação com o processo de desenvolvimento regional?
• Entre estas, destaca-se o Decreto Lei n.º 513-T/79 que criou o ensino superior politécnico, e veio
reforçar a importância da formação de técnicos de que as atividades socioeconómicas carecem e de
que o País necessita para o seu desenvolvimento. Por esta razão os Institutos Politécnicos devem
“colaborar diretamente no desenvolvimento cultural das regiões onde estão inseridos”, bem
como “prestar serviços à comunidade, como forma de contribuição para a resolução de
problemas, sobretudo de caráter regional, nelas existentes”.
• No seu conjunto, este processo ficou associado a uma nova procura social da educação em
Portugal, pelo incremento de novas áreas e domínios de formação e pela orientação dos novos
cursos às necessidades do tecido produtivo regional.
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A FORMAÇÃO DE RH E O ENSINO SUPERIOR EM
PORTUGAL
• A ação do ensino superior não se esgota na sua contribuição para a formação de quadros e técnicos
ou mesmo na formação de professores, mas sobretudo na sua capacidade de resposta à formação
global de recursos humanos, atividade que deverá assegurar de forma contínua e em complemento da
própria formação inicial.
• No entanto, compulsando alguns indicadores relativos à distribuição das escolas, da frequência dos
alunos ou mesmo da distribuição dos diplomados em Portugal, verificamos que essa distribuição
continua a não ser homogénea ➔ peso crescente da sua litoralização.
• Tal facto poderá continuar a justificar-se dada a maior oferta de oportunidades de emprego nas áreas
metropolitanas, bem como a maior atracão exercida pelos centros universitários tradicionais em
detrimento dos novos centros. 51
TURISMO
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TURISMO EM PORTUGAL
• A primeira definição de turismo foi estabelecida por Hunziker e Krapt, em 1942, segundo os quais este
“é o conjunto das relações e fenómenos originados pela deslocação e permanência de pessoas fora do
seu local habitual de residência, desde que tais deslocações e permanências não sejam utilizadas para
o exercício de uma atividade lucrativa principal, permanente ou temporária”.
• O Turismo é um setor estratégico para a economia nacional pelas receitas diretas e indiretas que gera,
contribuindo com cerca de 46% das exportações dos serviços e mais de 14% das exportações totais.
• Estimativas da OMT – Organização Mundial de Turismo apontam para que o turismo crescerá a nível
mundial até 2030 a um ritmo de cerca de 3,3 por cento ao ano, o que representa um fluxo de mais 40 a
43 milhões de turistas e traduz um ciclo de oportunidades para os negócios do turismo em Portugal.
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TURISMO EM PORTUGAL
A Estratégia Turismo 2027 (ET27), aprovada pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 134/2017 de
27 de setembro, é o referencial estratégico para o Turismo em Portugal na próxima década.
A construção da Estratégia para o Turismo 2027 teve por base um processo participativo, alargado e
criativo, no qual o Estado assume a sua responsabilidade e mobiliza os agentes e a sociedade.
Consubstancia uma visão de longo prazo, combinada com uma ação no curto prazo, permitindo atuar com
maior sentido estratégico no presente e enquadrar o futuro quadro comunitário de apoio 2021-2027.
É uma estratégia partilhada de longo prazo, para o Turismo em Portugal, que visa os seguintes objetivos:
➢ Proporcionar um quadro referencial estratégico a 10 anos para o turismo nacional;
➢ Assegurar estabilidade e a assunção de compromissos quanto às opções estratégicas para o
turismo nacional;
➢ Promover uma integração das políticas setoriais;
➢ Gerar uma contínua articulação entre os vários agentes do Turismo;
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➢ Agir com sentido estratégico no presente e no curto/médio prazo.
TURISMO EM PORTUGAL
• ligado às estruturas sociais ditas tradicionais, isto é, as que conservam as caraterísticas gregárias, os
valores, modos de vida e de pensamento das comunidades rurais baseadas em modelos de agricultura
familiar;
• sustentável, na medida em que o seu desenvolvimento deve ajudar a manter as caraterísticas rurais da
região, utilizando os recursos locais e os conhecimentos derivados do saber das populações e não ser
um instrumento de urbanização;
• diferenciado de acordo com a diversidade do ambiente, da economia e com a singularidade da história,
das tradições e da cultura populares;
• de acolhimento personalizado e de acordo com a tradição de bem receber da comunidade em que se
insere.
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TURISMO EM PORTUGAL
• Em Portugal o Turismo em Espaço Rural (TER) foi regulado em 1986 com o Decreto-Lei n.º 256/86 de
27 de Agosto. De acordo com a Direção Geral do Turismo (DGT), o TER designa-se por um conjunto
de serviços e atividades concedidas em zonas rurais, mediante posterior remuneração, sob variadas
modalidades de hospedagem, com atividades e serviços complementares de animação turística, com
intuito de oferecer um produto turístico completo e diversificado em espaço rural.
• As modalidades atuais que compõem o TER são:
➢ Turismo de Habitação;
➢ Turismo Rural;
➢ Casas de Campo;
➢ Agroturismo;
➢ Turismo de Aldeia;
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➢ Hotéis Rurais.
TURISMO EM PORTUGAL
• Ao Turismo de Habitação está associada uma maior qualidade, surgindo em casas apalaçadas ou
com valor arquitetónico, histórico ou artístico, representativos de uma determinada época,
apresentando um nível elevado no seu mobiliário e decoração.
• O Turismo Rural é caraterizado por casas rústicas que se inserem num agregado populacional ou
próximo e caso as habitações se situem em zonas rurais e disponibilizem serviços de alojamento a
turistas, são denominadas por Casas de Campo.
• O Agroturismo verifica-se quando existem casas de habitação ou complementos integrados numa
exploração agrícola, podendo o hóspede participar nas tarefas da exploração ou outras atividades de
animação.
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TURISMO EM PORTUGAL
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TURISMO EM PORTUGAL
Possui caraterísticas muito próprias que permitem aos utentes a oportunidade de conviver com as
práticas, tradições e valores da sociedade rural, valorizando as particularidades das regiões no que elas
têm de mais genuíno, desde a paisagem, à gastronomia e aos costumes, beneficiando da sua
hospedagem e de um acolhimento personalizado.
É uma atividade que pode favorecer o crescimento e economia locais contribuindo para atenuar os
desequilíbrios regionais. Isto porque, cria postos de trabalho, promove o desenvolvimento de outras
atividades, incentiva o desenvolvimento do artesanato, promove a qualidade dos produtos, a história, as
tradições e cultura da região.
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TURISMO EM PORTUGAL
Ao longo dos últimos anos, Portugal tem formulado e implementado as políticas nacionais e comunitárias
para fins de alojamento turístico em zonas rurais. Neste sentido, relativamente à oferta, verificou-se um
aumento significativo entre 2000 e 2011, do número de camas e de estabelecimentos turísticos:
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TURISMO EM PORTUGAL
Verificou-se igualmente um crescimento significativo entre 2007 e 2010, do número de empresas (9%),
postos de trabalho (11%) e volume de negócios (24%).
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Fonte: Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território - GPP
TURISMO EM PORTUGAL
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TURISMO EM PORTUGAL
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