Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS
E ANÁLISE DE DESEMPENHO
ENERGÉTICO
Crédito: Trueffelpix/Shutterstock.
2
em que serão concluídas as etapas da construção e antecipar à equipe de projeto
os futuros problemas ou irregularidades por meio de um mapeamento dos
diferentes sistemas utilizados no projeto.
Essas etapas são conhecidas como as dimensões BIM, começando desde
desenhos simples bidimensionais (duas dimensões) até desenhos tridimensionais
(3D) com informações de datas (4D), custos (5D) e duração dos materiais e
equipamentos empregados no projeto (6D). No entanto, não há etapa específica
para a sustentabilidade, visto que o processo da criação do projeto inclui desde
os desenhos iniciais até as dimensões mais complexas, como a consciência
ambiental, a otimização dos custos e a tecnologia aplicada à sustentabilidade.
Portanto, dentro de softwares com linguagem BIM é possível criar modelos
energéticos de maneira simples a fim de extrair informações importantes para
melhor orientação do edifício, escolha de equipamentos, detalhamento de
materiais e mudanças significativas no andamento do projeto de forma rápida.
Essas informações, contidas nos modelos analíticos de energia, são
exportadas em formato de tabelas, gráficos e textos para protocolar junto a uma
certificação, seja LEED, AQUA, BREEAM ou qualquer outro selo.
A seguir, um exemplo de método de criação do modelo analítico de energia.
3
Figura 1 – Exemplo ilustrativo de um projeto tridimensional
3 2
4
Figura 3 – Cronograma de simulação energética
Desenho arquitetônico
Desenho construtivo
Propriedades dos materiais Normas de conforto ambiental
Modelo do edifício
Ganhos de calor
Parâmetros de equipamentos:
condicionadores de ar, água quente etc.
Software de análise
Desempenho
térmico do
projeto
5
Tópico essencial para o desempenho energético do projeto. Visa aproveitar
as vantagens de energia solar passiva gratuita, aquecimento, resfriamento,
iluminação e ventilação natural, justamente pela orientação adequada do
empreendimento.
Os modelos energéticos de análise em softwares são validados nesta etapa
a fim de obter informações mais detalhadas e com desenhos mais ágeis. Nesta
simulação, são necessários dados da edificação como altura e orientação do
projeto, função do empreendimento, área total de pisos, número de andares,
zonas termais de cada ambiente, pé direito bruto e altura do piso ao forro.
2.5 Fachadas
6
capacidade de determinado conjunto de parede de segurar o calor do ambiente
interno do edifício, minimizando a perda para a área externa.
As informações de dimensão de janela, peitoril, porcentagem entre janela
e parede, tipos de vidro, entorno do edifício, dados de propriedade da parede,
telhado e estrutura são analisadas nesta etapa de simulação.
Seleção
Modelo
dos
Desenhos Modelo de de Diminuição Refinamento do
sistemas
esquemáticos caixa simples desenho de carga desenho
de
conceitual
energia
Desenvolvimento Otimização e Engenharia
do projeto integração de valor
Desempenho
Documentos energético
construtivos conforme
projetado
Ordens de
Construção
modificação
Desempenho
de energia Pós-
Ocupação
conforme ocupação
construído
7
Por meio de um modelo tridimensional simples com informações da
geometria do projeto, porcentagem entre aberturas (porta e janela) e paredes,
orientação solar, sombreamento e desempenho térmico do modelo, é possível
perceber previamente o consumo de energia do edifício.
8
Identifica alternativas de projeto pela engenharia de valor, isto é, revê as
consequências do custo inicial e do custo operacional dos sistemas do edifício. É
utilizado o modelo de energia para validar cada alternativa proposta.
2.17 Pós-ocupação
3.1 SOL-AR
9
Universidade Federal de Santa Catarina. Ao inserir parâmetros de altitude e
longitude, este programa identifica qual é a carta solar de cada região, revelando
informações importantes como a altura do sol em cada horário do dia,
possibilidades de sombras no terreno, além de direção e estação do ano de maior
incidência dos ventos predominantes na região.
3.2 EnergyPlus
10
energético do projeto por meio de ferramentas de alta produtividade. A vantagem
deste software está na simplicidade e na geração instantânea de informações
referentes à energia e ao conforto térmico, visto que trabalha com formas
tridimensionais simples. Além disso, as informações são aplicadas de materiais
utilizados, dados do entorno e condicionantes térmicos em um roteiro com
alternativas pré-configuradas, como estudo de iluminação, aquecimento,
resfriamento, ventilação, emissões de carbono e custos.
3.4 Equest
projeto arquitetônico;
equipamentos de condicionamento de ar;
tipologia da construção;
materiais utilizados;
ocupação do terreno;
sistema de iluminação.
3.5 DIALUX
11
Esta plataforma possibilita que o projeto lumínico esteja em conformidade
com as necessidades do ambiente, o que é viabilizado pelo estudo prévio das
áreas envolvidas, ergonomia, uso de materiais reflexivos ou opacos, texturas e
cores.
12
incluídos no processo de desenvolvimento de projeto estejam em conformidade.
É esse agente que indicará se houve algum equívoco diante de determinado
processo e ordenará ao profissional responsável uma possível solução.
O sistema BIM possui inúmeras vantagens, sendo a principal delas a
disponibilidade de dados e informações sobre o projeto, visto que deste modo é
possível levantar questões referentes à sustentabilidade e eficiência energética
com simulações computacionais aplicáveis à construção.
TEMA 4 – PÓS-OCUPAÇÃO
“Se você ama a natureza, não viva nela!” é o título de um capítulo do livro
A country of cities: a manifesto for urban America (2013, p. 78), de Vishaan
Chakrabarti, que descreve a ideia de que a vida urbana é mais sustentável e mais
ecológica do que estilos de vida suburbanos, pois demanda menos recursos e
menos intervenções do homem no meio ambiente.
Na discussão sobre a sustentabilidade, sempre haverá questionamentos
sobre resiliência, qualidade e ciclo de vida, materiais duráveis, descartáveis,
naturais e/ou autossuficientes e avanços tecnológicos. Todavia, a tecnologia é
capaz de substituir fontes naturais por materiais sintéticos, como no caso da
madeira plástica, desenvolvida por meio das sobras de materiais plásticos que
resultam em uma cópia perfeita da madeira e pode ser utilizada para diversos fins.
Nesse caso, não somente o produto final mas também seu processo de
desenvolvimento são altamente ecológicos, pois reutilizam qualquer tipo de sobra
ou imperfeição, além de reutilizarem toda água empregada no processo de
manufatura do produto e aproveitarem todo tipo de plástico encontrado na
natureza.
Entre um prédio existente e uma nova construção, qual seria o mais
sustentável? Às vezes uma construção hibrida é a mais adequada, declara
Woolley et al., no livro Green building handbook (1997, p. 14). Eles se referem ao
aproveitamento da estrutura já existente na construção, de modo que se obtenha
maior eficiência no conforto e custos mais baixos. Ao mesmo tempo, para Clark
(2013), em What colour is your building?, a edificação pode ser reformada para
obter menor consumo de energia. As reformas são menos arriscadas,
especialmente quando a economia está desfavorável (Lookwood, 2009). Outro
ponto positivo das reformas é a possibilidade de modernização não somente da
13
edificação em questão, mas no emprego de materiais ecologicamente corretos
(Edwards, 2014).
A adaptação de equipamentos eficientes e práticas que resultam em
economia de energia e água em edifícios é chamada de comissionamento, e este
é dividido em três tipos: comissionamento para edifícios novos,
retrocomissionamento para edifícios existentes e recomissionamento para
qualificação dos equipamentos que já foram instalados. A equipe de
comissionamento de um empreendimento é formada por um líder, o proprietário,
o administrador do edifício, arquitetos e engenheiros responsáveis pelo projeto,
especialistas nos sistemas aplicados e profissionais encarregados pela
manufatura, manutenção, controle e instalação dos equipamentos. Esses
profissionais são denominados stakeholders ou agentes tomadores de decisão,
conforme a certificação LEED.
O objetivo dessa prática é garantir o pleno funcionamento dos materiais e
acessórios apresentados na fase de projeto e instalados na fase de construção.
O acompanhamento é realizado com suporte da certificação escolhida, LEED ou
AQUA, por cinco anos após a ocupação do empreendimento, servindo para
certificar e verificar a eficiência dos processos sustentáveis empregados. No
entanto, para pleitear a certificação de uma edificação existente é de suma
importância a automação dos equipamentos elétricos e de condicionamento de
ar, visto que é necessária a documentação dos dados obtidos para análise de
eficiência energética. No caso da qualidade do ambiente interno, informações
referentes aos expedientes de trabalho e sua relação com o uso de energia,
aproveitamento de luz externa e temperatura confortável para o usuário são
essenciais.
Outro ponto positivo do comissionamento é a possibilidade de o proprietário
ou empreendedor acompanhar os gastos do edifício de forma a detalhar qual
produto ou equipamento está prejudicando o orçamento e, consequentemente,
melhorar a qualidade dos equipamentos desses fornecedores.
Quando o assunto é orçamento, o investidor procura entender antes
mesmo da realização da certificação o quanto o empreendimento construído irá
corresponder ao que foi proposto, seja pela compra de materiais de primeira linha
seja pelos métodos inovadores no processo da construção. Essa preocupação é
denominada tempo de payback, ou seja, a quantidade de tempo em que as
aplicações vão retornar financeiramente ao investidor.
14
Por meio do uso de softwares como os citados anteriormente, tais como o
EnergyPlus, a equipe de projeto advoga para a implementação de peças e
produtos inovadores com simulações que comprovem a eficácia pretendida e
gráficos demonstrativos de diferentes cenários de investimento, por exemplo:
15
Marcos Didonet, o idealizador do grande evento brasileiro de
sustentabilidade Green Nation, ao ser questionado sobre o futuro das empresas
e a “moda” da sustentabilidade, afirmou que a “sustentabilidade deixou de ser
moda para virar necessidade das empresas” (Faustino, 2019).
Atualmente, devido à concorrência do mercado, empresas buscam
aparecer de “cara nova” para seus clientes e uma das intenções é se mostrar uma
empresa consciente ecologicamente. No entanto, como vimos, a comprovação da
real consciência ambiental é adquirir uma certificação sustentável, seja ela ISO
14001 para negócios ou LEED para empreendimentos. Há uma expressão
chamada greenwashing, ou lavagem verde em tradução livre, que se refere à ação
de empresas que mascaram a sustentabilidade e utilizam a sustentabilidade sem
a devida comprovação, apenas para sua propaganda.
“Hoje, você nem é autorizado a exportar produtos se não tiver o ISO 14001,
normas de gestão ambiental. E a consequência é que vemos o público geral indo
mais atrás de artigos saudáveis para consumir” (Faustino, 2019). Prova disso são
atitudes como a da empresa Ambev, que prometeu ter 100% de suas bebidas
comercializadas em embalagens retornáveis ou feitas de material reciclado até
2025.
Em relação ao mercado imobiliário, a tendência é aproveitar as construções
existentes de modo que transformem seus padrões de utilização, incentivando a
preservação de edifícios históricos e promovendo o acesso de diferentes públicos
para esses prédios. Exemplo vitorioso disso é a revitalização do @22 em
Barcelona, Espanha, um bairro chamado distrito 22. Este é característico por ter
uma série de indústrias do ramo têxtil que aos poucos ia sendo desvalorizado
devido à insegurança, baixo índice de habitação e desemprego alto, porém
transformou-se em um bairro moderno e inovador. O projeto de revitalização do
@22 desenvolveu-se motivado pelas Olimpíadas de 1992, quando a prefeitura de
Barcelona incentivou mudanças que contribuíssem para aspectos econômicos,
sociais e ambientais da cidade. Dessa forma, o distrito 22 transformou-se em um
bairro com propósito de incentivar conexões entre público e privado e de áreas
verdes coletivas de forma que atraíssem investidores, instituições e serviços.
5.1 Retrofit
16
Nesses casos, o retrofit é a maneira mais econômica e sustentável para o
empreendedor. O retrofit, conforme imagem ilustrada a seguir, é a sinergia entre
prédios existentes e equipamentos novos, isto é, a modernização de uma
construção existente. No entanto, deve-se ter cuidados referentes à estrutura e à
estética, a fim de manter as características originais da época construída, como
no caso de edifícios tombados.
Crédito: Canetti/Shutterstock.
17
Retrofit excepcional: utilizado em edifícios tombados ou localizados em
áreas protegidas.
Crédito: Brizmaker/Shutterstock
18
Figura 2 – Steel frame
Crédito: Welcomia/Shutterstock.
Crédito: Ungvar/Shutterstock.
19
A construção modular é considerada um método sustentável de obra, pois
elimina desperdício de materiais, não utiliza água na construção e permite a
escolha de diferentes materiais com selos ecologicamente corretos.
A composição de uma construção steel frame é formada por:
Fundação: composta por fundação rasa, tipo sapata corrida, aliada a uma
plataforma com vigamento que suporta o peso das paredes.
Paredes: as paredes neste tipo de construção são estruturais, pois
transmitem os pesos até a fundação. São compostas por perfis metálicos e
placas Oriented Strand Board (OSB), permitindo entre eles a inserção de
instalações elétricas e hidráulicas, assim como isolamento térmico e
acústico. Seu revestimento pode ser externo ou interno de tijolo aparente,
argamassa, cerâmico, porcelanato, painéis de madeira ou cimentícios.
Lajes: os pisos são formados por vigas ou treliças acopladas nas paredes
estruturais. Sua instalação pode ser feita por placa cimentícia e madeira,
ou por placas OSB sobrepostas por mantas impermeabilizantes e
contrapiso armado. Os revestimentos externo e interno podem ser parquet,
laminado, carpete, cerâmicos, porcelanatos, granitos ou mármores. As
instalações e isolamentos são colocados abaixo do piso e entre as vigas
de fundação.
Telhado: é composto por uma estrutura de vigas que suporta o próprio peso
e as cargas acidentais, como chuva e vento. Sua cobertura é constituída
de telhas cerâmicas, de preferência tipo Shingle, pois são leves e
econômicas, placas OSB e isolamento termo acústico.
Instalações: a vantagem do steel frame é a facilidade da instalação dos
sistemas elétrico e hidráulico, porém anteriormente às paredes. Estes
possibilitam a fácil manutenção futuramente, já que há planejamento prévio
do sistema e a estrutura da parede possibilita reparo sem comprometê-la.
Forro: pode ser aplicado facilmente como as construções convencionais,
podendo ser de gesso, madeira ou PVC.
Isolamento térmico e acústico: os isolantes podem ser aplicados em
paredes internas e externas, forros e telhados, de acordo com o projeto e
com a característica do produto vide o fabricante. Podem ser de lã de vidro,
lã de rocha, fibras de poliéster, poliestireno expandido ou poliuretano. Além
disso, há especificações quanto aos isolamentos de radiação solar, pois
devem estar locados entre o telhado e o interior, afinal, têm a função de
20
bloquear a radiação e proporcionar ganhos com o isolamento térmico das
paredes da edificação. Há também as barreiras de umidade, as quais, ao
mesmo tempo em que permitem a saída de ar de dentro da casa, evitam
que as paredes e os isolamentos sofram com a ação da água e o
surgimento de mofo ou fungo no interior da edificação.
Janelas e esquadrias: as janelas são fixadas na estrutura de aço das
paredes e podem pertencer à estrutura da parede, isto é, serem montadas
na estrutura da parede dentro da fábrica. Pode-se também instalar janelas
do tipo convencionais.
5.3 Domótica
21
controle: climatização, pisos aquecidos, irrigação automatizada,
fechaduras elétricas, pontos de tomada, quadros de controle, redes sem
fio, pontos de bluetooth e central de conexão.
Crédito: Mangpor2004/Shutterstock.
Figura 5 – Domótica
22
Este é necessário para a certificação de um edifício sustentável, no qual, por meio
de sensores, o sistema interpreta e reage conforme as circunstâncias, como no
caso de uma indesejada janela aberta que fará com que o ambiente perda calor.
Dessa forma, o sistema alerta o usuário por meio de seu smartphone e
automaticamente o condicionamento de ar irá trabalhar para reaquecer o
ambiente. Além disso, esse sistema inteligente é capaz de armazenar as
informações para futuras análises do empreendedor, morador ou fabricante.
Além de priorizar o conforto do usuário, a automação busca impactar no
mercado da inclusão, ou seja, uma automação inclusiva. Esta tecnologia tem o
papel de garantir a saúde, segurança e autonomia para o bem-estar de moradores
que possuem dificuldades motoras ou incapacidades físicas. Também existe um
mercado próspero chamado silver market, que consiste em produtos ou serviços
desenvolvidos para pessoas acima dos cinquenta anos e idosos. Esse mercado
cresce exponencialmente, afinal, conforme o IBGE, a população idosa no Brasil
em 2017 alcançou marca de 13,5% e deverá crescer para 17,5% em dez anos.
Conforme citado, o protocolo usado nas primeiras edificações foi o X10, o
qual, com auxilio dos cabos da rede elétrica, transmite informações para a
automação. Entretanto, existem alternativas mais eficientes e mais tecnológicas,
como o Zigbee, dispositivo de comunicação que controla equipamentos por meio
de sensores em uma residência. Desenvolvido pela Zigbee Alliance, tem atuação
na indústria, área médica, científica e, principalmente, no conceito de Internet of
Things (internet das coisas).
Este módulo realiza suas operações de modo wireless, isto é, sem a
utilização de fios elétricos, possui baixo consumo de energia, baixo custo de
mercado, baixo consumo de dados e baixa latência.
Pode ser integrado a qualquer tipo de rede, seja:
23
os roteadores em diferentes andares e é disponibilizado o sinal para os
aparelhos.
Mesh (malha): a rede mesh permite trabalhar de forma autossuficiente,
criando vários caminhos de pontos coordenadores para roteadores.
Exemplo: quando todos os pontos podem rotear os dados.
24
REFERÊNCIAS
CLARK, D. H. What Colour is your Building? Measuring and reducing the energy
and carbon footprint of buildings. Londres: RIBA, 2013.
25