Você está na página 1de 25

AULA 4

CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS
E ANÁLISE DE DESEMPENHO
ENERGÉTICO

Prof. Bruno S. Garcia


INTRODUÇÃO

Esta aula aborda o funcionamento das simulações energéticas em


diferentes softwares e busca desvendar qual é o próximo passo do mercado da
construção para as edificações sustentáveis.
Iniciaremos com a linguagem BIM na simulação energética, a qual expõe
informações de como é criado o modelo analítico de energia dentro de softwares
como Autodesk Revit e Archicad. O tema seguinte aborda as diferenças entre
simulações simples de energia e o Whole Building Simulation. Logo após, há uma
lista de softwares atuais usados por escritórios e construtoras, contendo suas
respectivas funções e particularidades para o desenvolvimento de projetos
sustentáveis. Na conclusão desta aula, são abordadas discussões sobre a pós-
ocupação do empreendimento, questionando quais as melhores práticas eco-
eficientes para o uso das edificações sustentáveis e, por fim, quais são as
tendências do mercado da construção aliadas à necessidade do ser humano.

TEMA 1 – LINGUAGEM BIM E SIMULAÇÃO ENERGÉTICA

Figura 1 – Fatores do BIM

Crédito: Trueffelpix/Shutterstock.

O termo BIM – Buiding Information Model, em português “modelo de


informação do edifício” –, é uma abordagem de desenho e concepção de projeto
que antecipa para a fase de modelagem as informações referentes à construção.
Ela é capaz de unir em um só modelo de arquivo todas as intervenções realizadas
por diferentes profissionais da área da construção civil.
Hoje, além de planejar informações do projeto, inserindo parâmetros de
custo e ciclos de vida dos materiais empregados no ambiente interno e externo
do edifício, o modelo de informação de projeto também consegue prever as datas

2
em que serão concluídas as etapas da construção e antecipar à equipe de projeto
os futuros problemas ou irregularidades por meio de um mapeamento dos
diferentes sistemas utilizados no projeto.
Essas etapas são conhecidas como as dimensões BIM, começando desde
desenhos simples bidimensionais (duas dimensões) até desenhos tridimensionais
(3D) com informações de datas (4D), custos (5D) e duração dos materiais e
equipamentos empregados no projeto (6D). No entanto, não há etapa específica
para a sustentabilidade, visto que o processo da criação do projeto inclui desde
os desenhos iniciais até as dimensões mais complexas, como a consciência
ambiental, a otimização dos custos e a tecnologia aplicada à sustentabilidade.
Portanto, dentro de softwares com linguagem BIM é possível criar modelos
energéticos de maneira simples a fim de extrair informações importantes para
melhor orientação do edifício, escolha de equipamentos, detalhamento de
materiais e mudanças significativas no andamento do projeto de forma rápida.
Essas informações, contidas nos modelos analíticos de energia, são
exportadas em formato de tabelas, gráficos e textos para protocolar junto a uma
certificação, seja LEED, AQUA, BREEAM ou qualquer outro selo.
A seguir, um exemplo de método de criação do modelo analítico de energia.

3
Figura 1 – Exemplo ilustrativo de um projeto tridimensional

3 2

Crédito: Roman Babakin/Shutterstock

1) É criado um esboço de projeto por meio de massa conceitual (linguagem


baseada no software Autodesk Revit) exibindo apenas a volumetria da
edificação. Nessa etapa, são criados apenas desenhos baseados em
faces.
2) São inseridos materiais e especificações em faces na massa conceitual,
criando um modelo analítico de energia. Desse modo, é possível destacar
cada componente:

 parede externa (destacado em vermelho);


 vidro (destacado em azul);
 parede interna (destacado em amarelo);
 outros: painéis fotovoltaicos, brises, ventilação, pisos, telhados, forros.

3) É finalizado o modelo computacional tridimensional. Além disso, há


possibilidade na reorganização espacial do projeto, ou seja, ainda podem
ser feitas mudanças na altura de paredes, tamanhos de pisos etc.

Há inúmeros softwares que realizam as simulações energéticas complexas,


como EnergyPlus, Design Builder, Equest, Trnsys, Ecotect e Calener. Ainda,
existem plug-ins para o Autodesk Revit e Google Sketchup, que realizam
simulações simples. Esses programas computacionais funcionam com diferentes
métodos. A seguir, um cronograma simples de uma simulação energética.

4
Figura 3 – Cronograma de simulação energética

Desenho arquitetônico
Desenho construtivo
Propriedades dos materiais Normas de conforto ambiental

Modelo do edifício

Parâmetros do envelope do projeto (o termo


envelope significa as partes em contato com o
ambiente externo: parede, porta, janela, piso
e telhado)

Dados sobre condições climáticas do local

Ganhos de calor
Parâmetros de equipamentos:
condicionadores de ar, água quente etc.

Software de análise

Desempenho
térmico do
projeto

TEMA 2 – MÉTODOS DE SIMULAÇÃO ENERGÉTICA

A linha de tempo de um projeto inicia com os desenhos esquemáticos e


segue com o desenvolvimento do projeto, elaboração dos documentos
construtivos, início da obra, finalizando com a entrega para o cliente e ocupação
dos usuários.
Na fase dos desenhos esquemáticos, de uma simulação simples, o
arquiteto responsável pelo projeto analisa os fatores a seguir.

2.1 Massa e orientação

5
Tópico essencial para o desempenho energético do projeto. Visa aproveitar
as vantagens de energia solar passiva gratuita, aquecimento, resfriamento,
iluminação e ventilação natural, justamente pela orientação adequada do
empreendimento.
Os modelos energéticos de análise em softwares são validados nesta etapa
a fim de obter informações mais detalhadas e com desenhos mais ágeis. Nesta
simulação, são necessários dados da edificação como altura e orientação do
projeto, função do empreendimento, área total de pisos, número de andares,
zonas termais de cada ambiente, pé direito bruto e altura do piso ao forro.

2.2 Sombras e sol

Essa simulação auxilia no desenvolvimento de estratégias de


sombreamento e ganhos solares, pois o arquiteto poderá propor alternativas
eficazes para reduzir ou maximizar o calor ou resfriamento do interior da
edificação. Além disso, por meio dessa prévia, é possível reduzir o consumo de
energia advindo de equipamentos de aquecimento, refrigeração e iluminação,
consequentemente revelando menores custos de energia consumida.

2.3 Brilho e luz do dia

Nesta etapa, o conforto lumínico é analisado de forma que não cause


desconfortos visuais aos futuros usuários pela luz direta, iluminação excessiva,
superfícies reflexivas e falta de bloqueio solar.

2.4 Ventilação natural

Essa simulação busca o aproveitamento da ventilação natural e estratégias


que controlam a entrada e a saída de ar dos ambientes para com todo o edifício.
As simulações a seguir decorrem ao longo da etapa de desenvolvimento
do projeto.

2.5 Fachadas

As simulações de fachada permitem ao projetista determinar quais


materiais serão empregados no envelope do edifício a fim de obter informações
sobre quanto de energia térmica este material irá transmitir, isto é, qual a

6
capacidade de determinado conjunto de parede de segurar o calor do ambiente
interno do edifício, minimizando a perda para a área externa.
As informações de dimensão de janela, peitoril, porcentagem entre janela
e parede, tipos de vidro, entorno do edifício, dados de propriedade da parede,
telhado e estrutura são analisadas nesta etapa de simulação.

2.6 Conforto térmico

A análise prévia do conforto térmico ajuda o arquiteto a obter informações


referentes às temperaturas internas de toda a planta do projeto, a fim de resolver
desconfortos de ambientes excessivamente quentes ou frios. Por exemplo, em
alguns prédios envidraçados, próximos à fachada, os usuários sentirão mais calor
que aqueles que estiverem ao meio do edifício, e, consequentemente, serão
necessários equipamentos de ar condicionado para equilibrar termicamente o
ambiente interno.
As simulações citadas não ultrapassam a etapa de desenvolvimento de
projeto, visto que o objetivo é nortear as estratégias de desempenho térmico na
edificação.
Há outra simulação mais complexa que envolve todo o processo de projeto,
denominada Whole Building Energy Simulation.

Seleção
Modelo
dos
Desenhos Modelo de de Diminuição Refinamento do
sistemas
esquemáticos caixa simples desenho de carga desenho
de
conceitual
energia
Desenvolvimento Otimização e Engenharia
do projeto integração de valor
Desempenho
Documentos energético
construtivos conforme
projetado
Ordens de
Construção
modificação
Desempenho
de energia Pós-
Ocupação
conforme ocupação
construído

2.7 Modelo de caixa simples

7
Por meio de um modelo tridimensional simples com informações da
geometria do projeto, porcentagem entre aberturas (porta e janela) e paredes,
orientação solar, sombreamento e desempenho térmico do modelo, é possível
perceber previamente o consumo de energia do edifício.

2.8 Modelo de desenho conceitual

Estabelece a criação do modelo de energia fiel à forma arquitetônica


pensada para a edificação a fim de priorizar melhores alternativas de aquecimento
e resfriamento.

2.9 Diminuição da carga

Nesta simulação, é desenvolvido um modelo de energia mais complexo


contendo informações referentes à iluminação, luz do dia, equipamentos elétricos
e mecânicos que serão usados no edifício, qualidade do ar externo, e
condicionadores passivos, como sol e ventilação natural.

2.10 Seleção de sistemas de energia

Envolve a escolha de diferentes sistemas de resfriamento, aquecimento e


ventilação do projeto, procurando prever uma estimativa de consumo de energia
anual por meio do consumo desses equipamentos.

2.11 Refinamento do desenho

Realiza a compatibilização dos sistemas simulados nas etapas anteriores,


como aquecimento, resfriamento, ventilação, iluminação, fachada, equipamentos
de aquecimento de água e cargas elétricas que serão instaladas na edificação.

2.12 Otimização e integração

O objetivo é integrar todos os sistemas do edifício por meio de um processo


de otimização, buscando explorar variáveis de funcionamento.

2.13 Engenharia de valor

8
Identifica alternativas de projeto pela engenharia de valor, isto é, revê as
consequências do custo inicial e do custo operacional dos sistemas do edifício. É
utilizado o modelo de energia para validar cada alternativa proposta.

2.14 Desempenho energético conforme projetado

Desenvolve a simulação conforme a proposta final projetada a fim de


comparar com os modelos de análise iniciais.

2.15 Ordens de modificação

O objetivo é fornecer informações sobre todas as mudanças que foram


feitas durante as simulações.

2.16 Desempenho de energia como construído

Por fim, é desenvolvido um modelo de energia para representar o modelo


fielmente construído, com o objetivo de comparar com as metas propostas pela
equipe de projeto.

2.17 Pós-ocupação

Esta simulação ocorre durante o pleno funcionamento do edifício, sendo


residencial ou comercial. São obtidos dados de condicionantes térmicos externos
em diferentes ocasiões e informações dos sistemas do empreendimento durante
seu uso, para comparar com as propostas e os modelos de energia inicialmente
projetados nas fases e simulações iniciais.

TEMA 3 – SOFTWARES PARA SIMULAÇÃO

Há diversos softwares que auxiliam os profissionais atuantes na análise de


eficiência energética no desenvolvimento da construção. Estes programas
disponibilizam aos arquitetos e engenheiros simulações em diferentes tempos
durante o processo de desenho e concepção do projeto.

3.1 SOL-AR

Os softwares também dispõem de informações referentes à insolação,


como o Analysis SOL-AR, criado pelo Laboratório de Eficiência Energética da

9
Universidade Federal de Santa Catarina. Ao inserir parâmetros de altitude e
longitude, este programa identifica qual é a carta solar de cada região, revelando
informações importantes como a altura do sol em cada horário do dia,
possibilidades de sombras no terreno, além de direção e estação do ano de maior
incidência dos ventos predominantes na região.

3.2 EnergyPlus

Para uma análise mais completa da edificação, na qual a equipe de projeto


opta por certificar o novo empreendimento com um selo sustentável, como o LEED
ou o AQUA-HQE, é necessário que os pré-requisitos de eficiência energética
sejam comprovados anteriormente à realização da construção. Deste modo, usa-
se softwares para simulação energética, como o EnergyPlus.
Este é um programa computacional, distribuído pelo Departamento de
Energia dos Estados Unidos, desenvolvido para simulação de carga térmica e
análise energética de edificações e seus sistemas. O programa tem a capacidade
de simular a eficiência energética em períodos planejados, seja em qualquer data
do ano e no intervalo-tempo que é designado.
As vantagens estão na possibilidade de simulação prévia da escolha de
materiais de vedação interna e externa, cálculo de infiltração de ar, cálculo de
índices de conforto térmico e integração com outros sistemas, como o fotovoltaico
e o aquecimento solar. O projetista indicará as características quanto à localização
do terreno, dimensões da construção, altura, materiais de revestimento interno e
externo, mobiliário, luzes artificiais, eletrodomésticos, aparelhos elétricos e
quantidade de ocupantes do empreendimento em diferentes períodos.
Dado isso, o programa gera um documento informativo referente aos
sistemas que foram usados na edificação, demonstrando em gráficos, por
exemplo, o quanto cada material perde de calor por condução, como também a
energia consumida pela residência no caso da adoção de fontes de geração de
energia alternativa, como painéis solares. Além disso, o programa adiciona e cria
cenários para o reaproveitamento da energia.

3.3 Design Builder

O Design Builder, software equivalente ao EnergyPlus, porém com


interface mais simples de usar, permite a modelagem e a análise de desempenho

10
energético do projeto por meio de ferramentas de alta produtividade. A vantagem
deste software está na simplicidade e na geração instantânea de informações
referentes à energia e ao conforto térmico, visto que trabalha com formas
tridimensionais simples. Além disso, as informações são aplicadas de materiais
utilizados, dados do entorno e condicionantes térmicos em um roteiro com
alternativas pré-configuradas, como estudo de iluminação, aquecimento,
resfriamento, ventilação, emissões de carbono e custos.

3.4 Equest

O Equest, derivado do DOE-2 (software que utiliza modelos descritivos


para gerar informações quanto ao layout do edifício, dimensões, horários de
funcionamento, sistemas de condicionamento de ar, iluminação, taxas de serviços
e dados meteorológicos), também é uma ferramenta que permite a realização de
análises detalhadas do edifício usando técnicas de simulação de energia. Por
meio de um assistente de medida de eficiência de energia e um módulo de
exibição de resultados em gráficos, proporciona uma interface de trabalho fácil e
simples.
Esse assistente do software Equest auxilia na criação do modelo de energia
de construção por meio da descrição de fatores que envolvem o consumo, uso e
reaproveitamento de energia do edifício. Estes fatores são:

 projeto arquitetônico;
 equipamentos de condicionamento de ar;
 tipologia da construção;
 materiais utilizados;
 ocupação do terreno;
 sistema de iluminação.

3.5 DIALUX

Outro software utilizado por arquitetos e designers é o DIALUX,


responsável por projetos lumínicos para ambientes internos e externos,
residenciais ou comerciais. Este aplicativo possibilita ao profissional simular em
um modelo tridimensional diferentes tipos de lâmpadas, luminárias, cores e
intensidades, verificando de forma eficaz parâmetros como índice de reprodução
de cor, intensidade, fluxo luminoso, emissão de calor, ciclo de vida etc.

11
Esta plataforma possibilita que o projeto lumínico esteja em conformidade
com as necessidades do ambiente, o que é viabilizado pelo estudo prévio das
áreas envolvidas, ergonomia, uso de materiais reflexivos ou opacos, texturas e
cores.

3.6 Modelagem e renders

Para simulações foto-realistas, são utilizados programas como Lumion 3D,


desenvolvido pela Act-3D; TwinMotion, pela Unreal Engine; e Vray, pela
ChaosGroup. Nestes softwares, os modelos tridimensionais desenhados pelos
programas Autodesk Autocad, Autodesk Revit e Google Sketchup podem simular,
por exemplo, períodos de insolação em diferentes locais do Brasil, diferentes
materiais para piso, forro e revestimento interno e externo, como também gerar
fotos e vídeos reproduzindo diferentes cenários do funcionamento da edificação.
Os softwares Autodesk Revit e Archicad possuem a capacidade para
realizar projeto com a linguagem BIM, mudando traços, linhas e pontos por
elementos construtivos e arquitetônicos (porta, janela, piso, telhado, forro, parede,
terreno, vegetação, pilares estruturais e vigas). O Autodesk Revit trabalha com
desenhos tridimensionais, ou seja, ao mesmo tempo em que se desenha uma
parede, indicando a largura e o comprimento, é possível visualizar com apenas
um clique a sua altura. Os desenhos virtuais em linguagem BIM possuem
informação detalhada de cada elemento. Conforme exemplo anterior, em que se
desenha uma parede, é possível ainda informar quais são suas camadas, qual
será a espessura de cada uma delas e quanto de tinta ou reboco será gasto por
metro linear.
Além disso, existe um termo chamado interoperabilidade, que é quando um
sistema é capaz de comunicar-se de forma transparente com outro sistema.
Aplicando ao contexto de desenho técnico, um modelo virtual tridimensional
arquitetônico pode ser usado também por um profissional de elétrica para exercer
sua especialidade, proporcionando um arquivo em comum para ambos
profissionais. O Industry Foundation Classes, conhecido como IFC, é um exemplo
desse arquivo comum que soluciona o problema da compatibilidade, exercendo a
função de importar e exportar objetos de um modelo tridimensional para diferentes
softwares.
Dentre os profissionais envolvidos no projeto, o BIM necessita de um BIM
manager, ou administrador BIM, que atua para certificar que todos os sistemas

12
incluídos no processo de desenvolvimento de projeto estejam em conformidade.
É esse agente que indicará se houve algum equívoco diante de determinado
processo e ordenará ao profissional responsável uma possível solução.
O sistema BIM possui inúmeras vantagens, sendo a principal delas a
disponibilidade de dados e informações sobre o projeto, visto que deste modo é
possível levantar questões referentes à sustentabilidade e eficiência energética
com simulações computacionais aplicáveis à construção.

TEMA 4 – PÓS-OCUPAÇÃO

“Se você ama a natureza, não viva nela!” é o título de um capítulo do livro
A country of cities: a manifesto for urban America (2013, p. 78), de Vishaan
Chakrabarti, que descreve a ideia de que a vida urbana é mais sustentável e mais
ecológica do que estilos de vida suburbanos, pois demanda menos recursos e
menos intervenções do homem no meio ambiente.
Na discussão sobre a sustentabilidade, sempre haverá questionamentos
sobre resiliência, qualidade e ciclo de vida, materiais duráveis, descartáveis,
naturais e/ou autossuficientes e avanços tecnológicos. Todavia, a tecnologia é
capaz de substituir fontes naturais por materiais sintéticos, como no caso da
madeira plástica, desenvolvida por meio das sobras de materiais plásticos que
resultam em uma cópia perfeita da madeira e pode ser utilizada para diversos fins.
Nesse caso, não somente o produto final mas também seu processo de
desenvolvimento são altamente ecológicos, pois reutilizam qualquer tipo de sobra
ou imperfeição, além de reutilizarem toda água empregada no processo de
manufatura do produto e aproveitarem todo tipo de plástico encontrado na
natureza.
Entre um prédio existente e uma nova construção, qual seria o mais
sustentável? Às vezes uma construção hibrida é a mais adequada, declara
Woolley et al., no livro Green building handbook (1997, p. 14). Eles se referem ao
aproveitamento da estrutura já existente na construção, de modo que se obtenha
maior eficiência no conforto e custos mais baixos. Ao mesmo tempo, para Clark
(2013), em What colour is your building?, a edificação pode ser reformada para
obter menor consumo de energia. As reformas são menos arriscadas,
especialmente quando a economia está desfavorável (Lookwood, 2009). Outro
ponto positivo das reformas é a possibilidade de modernização não somente da

13
edificação em questão, mas no emprego de materiais ecologicamente corretos
(Edwards, 2014).
A adaptação de equipamentos eficientes e práticas que resultam em
economia de energia e água em edifícios é chamada de comissionamento, e este
é dividido em três tipos: comissionamento para edifícios novos,
retrocomissionamento para edifícios existentes e recomissionamento para
qualificação dos equipamentos que já foram instalados. A equipe de
comissionamento de um empreendimento é formada por um líder, o proprietário,
o administrador do edifício, arquitetos e engenheiros responsáveis pelo projeto,
especialistas nos sistemas aplicados e profissionais encarregados pela
manufatura, manutenção, controle e instalação dos equipamentos. Esses
profissionais são denominados stakeholders ou agentes tomadores de decisão,
conforme a certificação LEED.
O objetivo dessa prática é garantir o pleno funcionamento dos materiais e
acessórios apresentados na fase de projeto e instalados na fase de construção.
O acompanhamento é realizado com suporte da certificação escolhida, LEED ou
AQUA, por cinco anos após a ocupação do empreendimento, servindo para
certificar e verificar a eficiência dos processos sustentáveis empregados. No
entanto, para pleitear a certificação de uma edificação existente é de suma
importância a automação dos equipamentos elétricos e de condicionamento de
ar, visto que é necessária a documentação dos dados obtidos para análise de
eficiência energética. No caso da qualidade do ambiente interno, informações
referentes aos expedientes de trabalho e sua relação com o uso de energia,
aproveitamento de luz externa e temperatura confortável para o usuário são
essenciais.
Outro ponto positivo do comissionamento é a possibilidade de o proprietário
ou empreendedor acompanhar os gastos do edifício de forma a detalhar qual
produto ou equipamento está prejudicando o orçamento e, consequentemente,
melhorar a qualidade dos equipamentos desses fornecedores.
Quando o assunto é orçamento, o investidor procura entender antes
mesmo da realização da certificação o quanto o empreendimento construído irá
corresponder ao que foi proposto, seja pela compra de materiais de primeira linha
seja pelos métodos inovadores no processo da construção. Essa preocupação é
denominada tempo de payback, ou seja, a quantidade de tempo em que as
aplicações vão retornar financeiramente ao investidor.

14
Por meio do uso de softwares como os citados anteriormente, tais como o
EnergyPlus, a equipe de projeto advoga para a implementação de peças e
produtos inovadores com simulações que comprovem a eficácia pretendida e
gráficos demonstrativos de diferentes cenários de investimento, por exemplo:

 Cenário A: prédio de 4 andares, proposta de aplicar telhado verde intensivo


no qual há acesso de pessoas, custando cerca de R$1.000 por m². O
objetivo é reduzir os custos de energia no 4º andar advindos do sistema de
condicionamento de ar e armazenar a água da chuva para reutilizá-la para
limpeza do edifício.
 Cenário B: mesmo empreendimento, porém, ao invés da aplicação de
telhado verde, a superfície do último andar será pintada de tinta branca.

Em ambos os cenários, há iniciativas sustentáveis, entretanto, o que os


diferencia é o tempo de payback. No cenário A, o investimento de R$ 1.000 por
m² implicará benefícios como redução na conta de energia no último pavimento,
por meio da manutenção da temperatura interna, e reutilizará a água pluvial para
limpeza, utilizando a água da rede pública apenas para uso domiciliar, reduzindo,
assim, o custo da conta de água do edifício. O montante investido se pagará em
torno de um ano.
Já no cenário B, o benefício será exclusivamente a diminuição da massa
de calor no telhado, possibilitando reduções na massa térmica de 2 a 3°C.
Enquanto isso, o telhado verde é capaz de diminuir cerca de 7 a 11°C,
contribuindo de forma mais significativa para a redução dos efeitos de ilhas de
calor, um fenômeno climático que ocorre devido ao aumento da temperatura de
uma área urbana comparada à zona rural.
Dessa forma, por meio da simulação, o investidor entende qual escolha traz
o melhor benefício a curto ou longo prazo. Vale lembrar que é papel do profissional
envolvido na proposta da sustentabilidade explicar quais são as vantagens da
adoção dessas práticas, abrangendo isenções tarifárias e descontos de impostos,
reduções de custos de energia e água em longo prazo, além de propor
construções inovadoras capazes de remodelar o mercado e incentivar a educação
dos agentes colaboradores da construção, como mestres de obras, pedreiros,
pintores, instaladores, entre outros.

TEMA 5 – TENDÊNCIAS E PROJEÇÕES

15
Marcos Didonet, o idealizador do grande evento brasileiro de
sustentabilidade Green Nation, ao ser questionado sobre o futuro das empresas
e a “moda” da sustentabilidade, afirmou que a “sustentabilidade deixou de ser
moda para virar necessidade das empresas” (Faustino, 2019).
Atualmente, devido à concorrência do mercado, empresas buscam
aparecer de “cara nova” para seus clientes e uma das intenções é se mostrar uma
empresa consciente ecologicamente. No entanto, como vimos, a comprovação da
real consciência ambiental é adquirir uma certificação sustentável, seja ela ISO
14001 para negócios ou LEED para empreendimentos. Há uma expressão
chamada greenwashing, ou lavagem verde em tradução livre, que se refere à ação
de empresas que mascaram a sustentabilidade e utilizam a sustentabilidade sem
a devida comprovação, apenas para sua propaganda.
“Hoje, você nem é autorizado a exportar produtos se não tiver o ISO 14001,
normas de gestão ambiental. E a consequência é que vemos o público geral indo
mais atrás de artigos saudáveis para consumir” (Faustino, 2019). Prova disso são
atitudes como a da empresa Ambev, que prometeu ter 100% de suas bebidas
comercializadas em embalagens retornáveis ou feitas de material reciclado até
2025.
Em relação ao mercado imobiliário, a tendência é aproveitar as construções
existentes de modo que transformem seus padrões de utilização, incentivando a
preservação de edifícios históricos e promovendo o acesso de diferentes públicos
para esses prédios. Exemplo vitorioso disso é a revitalização do @22 em
Barcelona, Espanha, um bairro chamado distrito 22. Este é característico por ter
uma série de indústrias do ramo têxtil que aos poucos ia sendo desvalorizado
devido à insegurança, baixo índice de habitação e desemprego alto, porém
transformou-se em um bairro moderno e inovador. O projeto de revitalização do
@22 desenvolveu-se motivado pelas Olimpíadas de 1992, quando a prefeitura de
Barcelona incentivou mudanças que contribuíssem para aspectos econômicos,
sociais e ambientais da cidade. Dessa forma, o distrito 22 transformou-se em um
bairro com propósito de incentivar conexões entre público e privado e de áreas
verdes coletivas de forma que atraíssem investidores, instituições e serviços.

5.1 Retrofit

Outra causa da reutilização de prédios existentes é a falta de terrenos livres


em áreas nobres, como acontece no Rio de Janeiro, Nova York, Lisboa e Paris.

16
Nesses casos, o retrofit é a maneira mais econômica e sustentável para o
empreendedor. O retrofit, conforme imagem ilustrada a seguir, é a sinergia entre
prédios existentes e equipamentos novos, isto é, a modernização de uma
construção existente. No entanto, deve-se ter cuidados referentes à estrutura e à
estética, a fim de manter as características originais da época construída, como
no caso de edifícios tombados.

Figura 4 – Exemplo de retrofit

Crédito: Canetti/Shutterstock.

A adoção do retrofit se justifica, pois ocorre o aproveitamento da


infraestrutura existente no terreno e no entorno de sua localização, possibilita
menos impactos ao cotidiano causados pela movimentação de caminhões
transportando materiais e proporciona redução no custo da construção em
comparação à demolição e construção do empreendimento.
Conforme Vale (2006), existem níveis de intervenções em construções
existentes, a saber:

 Retrofit leve: quando a intervenção realiza mudanças nas peças de


revestimento interno e consertos em equipamentos e acessórios contidos
no empreendimento, como encanamento, fiação etc.
 Retrofit médio: além de realizar o nível leve, também intervém na troca de
instalações do edifício e propõe mudanças na fachada.
 Retrofit pesado: propõe mudanças no layout (desenho com objetivo
organizacional por meio de uma planta-baixa) que englobam a
reorganização de ambientes, substituição do telhado e etapas anteriores.

17
 Retrofit excepcional: utilizado em edifícios tombados ou localizados em
áreas protegidas.

5.2 Construção modular

Além do retrofit, a construção modular é uma solução para aumentar a


produtividade do terreno de obra, exigindo menos tempo nas etapas,
racionamento de recursos, previsibilidade dos custos, eliminação de desperdícios
e pode ser aplicada em empreendimentos comerciais e residenciais. É o método
ideal para conjuntos habitacionais, pois as estruturas são projetadas na indústria
para apenas serem montadas dentro da obra, conforme figura a seguir.

Figura 5 – Construções modulares

Crédito: Brizmaker/Shutterstock

Do mesmo modo, a construção modular oferece de forma instantânea o


tipo de desenho arquitetônico que será construído, ultrapassando fases de
conhecimento, descobrimento e desenvolvimento do projeto, e resultando ao
cliente optar por projetos em catálogos. Este método provoca ao mercado certa
desconfiança, pois retira do profissional a possibilidade de criar um projeto
singular. Entretanto, esse tipo de construção não utiliza apenas o sistema pré-
fabricado de concreto, mas proporciona também a construção com módulos de
steel frame (estrutura de aço) e wood frame (estrutura de madeira), conforme
figuras a seguir.

18
Figura 2 – Steel frame

Crédito: Welcomia/Shutterstock.

Figura 3 – Wood frame

Crédito: Ungvar/Shutterstock.

As construções de casas em estrutura steel frame são destaque pela


precisão de orçamento da obra, pois o projeto é feito pelo método de montagem
de peças, resultando em uma obra ágil e limpa por meio de tecnologia de
informação. O projeto possibilita ainda a redução em custos de contratos com
colaboradores da obra e prevê aceleração na entrega em até seis vezes,
tornando-a mais eficiente do que uma obra de alvenaria (tijolo) comum.
Outro atrativo refere-se à escolha dos materiais que serão empregados na
construção, pois, por meio de rigorosos controles referentes ao seu ciclo de vida
e resistência a intempéries, o material é certificado para ser empregado na obra,
isto é, o material passa por testes de qualidade dentro da indústria para
futuramente estar preparado para a montagem na construção.

19
A construção modular é considerada um método sustentável de obra, pois
elimina desperdício de materiais, não utiliza água na construção e permite a
escolha de diferentes materiais com selos ecologicamente corretos.
A composição de uma construção steel frame é formada por:

 Fundação: composta por fundação rasa, tipo sapata corrida, aliada a uma
plataforma com vigamento que suporta o peso das paredes.
 Paredes: as paredes neste tipo de construção são estruturais, pois
transmitem os pesos até a fundação. São compostas por perfis metálicos e
placas Oriented Strand Board (OSB), permitindo entre eles a inserção de
instalações elétricas e hidráulicas, assim como isolamento térmico e
acústico. Seu revestimento pode ser externo ou interno de tijolo aparente,
argamassa, cerâmico, porcelanato, painéis de madeira ou cimentícios.
 Lajes: os pisos são formados por vigas ou treliças acopladas nas paredes
estruturais. Sua instalação pode ser feita por placa cimentícia e madeira,
ou por placas OSB sobrepostas por mantas impermeabilizantes e
contrapiso armado. Os revestimentos externo e interno podem ser parquet,
laminado, carpete, cerâmicos, porcelanatos, granitos ou mármores. As
instalações e isolamentos são colocados abaixo do piso e entre as vigas
de fundação.
 Telhado: é composto por uma estrutura de vigas que suporta o próprio peso
e as cargas acidentais, como chuva e vento. Sua cobertura é constituída
de telhas cerâmicas, de preferência tipo Shingle, pois são leves e
econômicas, placas OSB e isolamento termo acústico.
 Instalações: a vantagem do steel frame é a facilidade da instalação dos
sistemas elétrico e hidráulico, porém anteriormente às paredes. Estes
possibilitam a fácil manutenção futuramente, já que há planejamento prévio
do sistema e a estrutura da parede possibilita reparo sem comprometê-la.
 Forro: pode ser aplicado facilmente como as construções convencionais,
podendo ser de gesso, madeira ou PVC.
 Isolamento térmico e acústico: os isolantes podem ser aplicados em
paredes internas e externas, forros e telhados, de acordo com o projeto e
com a característica do produto vide o fabricante. Podem ser de lã de vidro,
lã de rocha, fibras de poliéster, poliestireno expandido ou poliuretano. Além
disso, há especificações quanto aos isolamentos de radiação solar, pois
devem estar locados entre o telhado e o interior, afinal, têm a função de
20
bloquear a radiação e proporcionar ganhos com o isolamento térmico das
paredes da edificação. Há também as barreiras de umidade, as quais, ao
mesmo tempo em que permitem a saída de ar de dentro da casa, evitam
que as paredes e os isolamentos sofram com a ação da água e o
surgimento de mofo ou fungo no interior da edificação.
 Janelas e esquadrias: as janelas são fixadas na estrutura de aço das
paredes e podem pertencer à estrutura da parede, isto é, serem montadas
na estrutura da parede dentro da fábrica. Pode-se também instalar janelas
do tipo convencionais.

5.3 Domótica

A tecnologia da automação surge da ideia da programação de processos


automáticos desenvolvidos para atuar em indústrias, porém posteriormente
empregados em residências norte-americanas. Essa tecnologia, dentro da área
da construção, primeiramente procurou controlar elementos da casa, como
iluminação, climatização e segurança.
Para que ocorra o controle de tais aparelhos, é necessário que a rede
elétrica transmita informações para um módulo. Este é chamado protocolo X10,
criado em 1975 na Escócia. Por meio do protocolo X10, inserido na rede da
residência, a informação digital é transmitida para um controle remoto,
possibilitando ao usuário as ações de on/off do aparelho e controle de intensidade
de luz ou temperatura,
Hoje, a automação de equipamentos dentro de uma residência é definida
como domótica, a qual objetiva simplificar a vida dos moradores exigindo menos
esforço para atividades diárias e propondo um ambiente seguro, confortável e
comunicativo. Dentre as aplicações envolvidas, pode-se citar:

 áudio: som ambiente e home theater;


 comunicação: telefone, internet, televisão e media center;
 visualização: luzes gerais e focais, motorização de cortinas, persianas e
toldos, janelas, vidros inteligentes, desembaçadores de espelhos, câmeras
de segurança e monitoramento de imagens;

21
 controle: climatização, pisos aquecidos, irrigação automatizada,
fechaduras elétricas, pontos de tomada, quadros de controle, redes sem
fio, pontos de bluetooth e central de conexão.

Figura 4 – Aplicações da automação

Crédito: Mangpor2004/Shutterstock.

As vantagens da tecnologia domótica estão no planejamento de uma


configuração de ambiente ideal que possibilite ao usuário a escolha de padrões
para determinada atividade, seja ambiente para relaxamento, com luzes mais
aconchegantes e clima mais quente, ou até mesmo configurar para que a casa
consuma a menor quantidade de energia possível, conforme ilustra figura a seguir.

Figura 5 – Domótica

Crédito: Brian A Jackson/Shutterstock.

Com vista à certificação, a utilização da domótica é um beneficio essencial,


pois gera redução dos custos de 30% e possui retorno de investimento de cerca
de dois anos após aplicado. Além do funcionamento passivo, no qual o objeto
responde conforme a ação dada pelo usuário, por exemplo, redução do volume
ou diminuição da quantidade de luz no ambiente, há o funcionamento automático.

22
Este é necessário para a certificação de um edifício sustentável, no qual, por meio
de sensores, o sistema interpreta e reage conforme as circunstâncias, como no
caso de uma indesejada janela aberta que fará com que o ambiente perda calor.
Dessa forma, o sistema alerta o usuário por meio de seu smartphone e
automaticamente o condicionamento de ar irá trabalhar para reaquecer o
ambiente. Além disso, esse sistema inteligente é capaz de armazenar as
informações para futuras análises do empreendedor, morador ou fabricante.
Além de priorizar o conforto do usuário, a automação busca impactar no
mercado da inclusão, ou seja, uma automação inclusiva. Esta tecnologia tem o
papel de garantir a saúde, segurança e autonomia para o bem-estar de moradores
que possuem dificuldades motoras ou incapacidades físicas. Também existe um
mercado próspero chamado silver market, que consiste em produtos ou serviços
desenvolvidos para pessoas acima dos cinquenta anos e idosos. Esse mercado
cresce exponencialmente, afinal, conforme o IBGE, a população idosa no Brasil
em 2017 alcançou marca de 13,5% e deverá crescer para 17,5% em dez anos.
Conforme citado, o protocolo usado nas primeiras edificações foi o X10, o
qual, com auxilio dos cabos da rede elétrica, transmite informações para a
automação. Entretanto, existem alternativas mais eficientes e mais tecnológicas,
como o Zigbee, dispositivo de comunicação que controla equipamentos por meio
de sensores em uma residência. Desenvolvido pela Zigbee Alliance, tem atuação
na indústria, área médica, científica e, principalmente, no conceito de Internet of
Things (internet das coisas).
Este módulo realiza suas operações de modo wireless, isto é, sem a
utilização de fios elétricos, possui baixo consumo de energia, baixo custo de
mercado, baixo consumo de dados e baixa latência.
Pode ser integrado a qualquer tipo de rede, seja:

 Estrela: quando há um roteador transmitindo informações para aparelhos


ou equipamentos eletrônicos, denominados end devices (aparelhos finais).
Exemplo: roteador de uma residência que transmite sinal wi-fi para
diferentes dispositivos, como celular e notebook.
 Cluster tree (aglomerado): há pontos coordenadores dispersos que
definem qual canal de comunicação será enviado aos roteadores para
depois transmitir aos end devices. Exemplo: em um edifício comercial, há
a central de mídia que recebe o sinal de um provedor externo, envia para

23
os roteadores em diferentes andares e é disponibilizado o sinal para os
aparelhos.
 Mesh (malha): a rede mesh permite trabalhar de forma autossuficiente,
criando vários caminhos de pontos coordenadores para roteadores.
Exemplo: quando todos os pontos podem rotear os dados.

As principais aplicações do protocolo são:

 automação residencial e comercial;


 controle predial: segurança, controle de acesso e iluminação;
 controle remoto de eletrônicos;
 periféricos para computador, como teclado, mouse ou joystick para jogos
eletrônicos;
 controle industrial: gerenciamentos e controle de processos;
 saúde pessoal: monitoramento de pacientes e acompanhamento de
exercício físico.

Outro protocolo existente no mercado é o EnOcean, única tecnologia


aplicada para automação predial, smarthomes e Internet of Things sem fio que
funciona sem auxílio da rede elétrica ou baterias. Conforme o artigo “EnOcean –
The world of energy harvesting wireless technology” (o mundo da tecnologia sem
fio de coleta de energia) (EnOcean, 2016), a energia pode ser encontrada em
qualquer lugar: no movimento da porta, janelas ou equipamentos, na vibração de
motores, nas trocas de temperatura ou nas variações de luminosidade. Essas
fontes de energia geralmente não são aproveitadas, deste modo, o protocolo
EnOcean tem o princípio do reaproveitamento por meio da captação por luz,
temperatura e movimento para usar em dispositivos eletrônicos ou nas
transmissões de sinal sem fio.
A captação de energia por movimento funciona por meio de um dínamo
convertendo energia mecânica em energia elétrica, por exemplo, uma usina
hidroelétrica ou um carrinho de brinquedo de puxar. A captação por luz, tanto
externa quanto interna, opera por miniaturas de módulos solares com dimensão
de 13 milímetros por 35 milímetros. Por fim, a captação por temperatura ocorre
por meio de módulos Peltier, que são pastilhas termoelétricas quadradas que
trabalham como uma bomba de calor, isto é, podem retirar o calor do ambiente e
produzir energia por meio de um conversor.

24
REFERÊNCIAS

CHAKRABARTI, V. A country of cities: a manifesto for an urban America. 1. ed.


São Paulo: Metropolis Books, 2013.

CLARK, D. H. What Colour is your Building? Measuring and reducing the energy
and carbon footprint of buildings. Londres: RIBA, 2013.

EDWARDS, B. Rough guide to sustainability: a design primer. 4. ed. Londres:


RIBA, 2014.

ENOCEAN – The world of energy harvesting wireless technology. EnOcean,


2016. Disponível em: <https://www.enocean.com/en/technology/energy-
harvesting/>. Acesso em: 25 nov. 2019.

FAUSTINO, R. Sustentabilidade deixou de ser moda para virar necessidade das


empresas Época Negócios, 2019. Disponível em:
<https://epocanegocios.globo.com/Vida/noticia/2019/03/sustentabilidade-deixou-
de-ser-moda-para-virar-necessidade-das-empresas.html>. Acesso em: 25 nov.
2019.

LOCKWOOD, C. Building Retro Fits. Urban Land, 2009. Disponível em:


<https://www.esbnyc.com/sites/default/files/uli_building_retro_fits.pdf>. Acesso
em: 25 nov. 2019.

WOLLEY, T. Green building handbook. New York: Routledge, 1997.

25

Você também pode gostar