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Bruna Pinheiro Cortellete

Inseminação Artificial em Suínos

Monografia apresentada ao Curso de Medicina Veterinária


da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial
para obtenção do título de Médico Veterinário.

Professor Orientador: Dr. Paulo Roberto Nocera.

Orientador Profissional: Dr. Otávio Suzuki.

Curitiba
Novembro 2006
SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS............................................................................................... iii


LISTA DE FIGURAS............................................................................................... iv
RESUMO....................................................................................................................................... v
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1
2 ANATOMIA REPRODUTIVA DO MACHO ......................................................... 2
2.1 Testículo e saco escrotal................................................................................... 3
2.2 Epidídimo e dutos deferentes............................................................................ 4
2.3 Glândulas Acessórias.................................................. ..................................... 5
2.3.1 Glândulas vesiculares.................................................................................... 5
2.3.2 Glândula prostática......................................................................................... 6
2.3.3 Glândulas bulbouretrais.................................................................................. 6
2.3.4 Glândulas uretrais.............................................. ........................................... 6
2.4 Pênis e prepúcio .............................................................................................. 7
2.4.1 Ereção e protusão......................................................................................... 8
2.4.2 Emissão e ejaculação .................................................................................... 9
3. CICLO REPRODUTIVO NO MACHO ................................................................ 11
3.1 Controle hormonal do reprodutor...................................................................... 11
3.2 Produção espermática...................................................................................... 12
4. ESPERMATOZOIDES E PLASMA SEMINAL..................................................... 13
4.1 Sêmen............................................................................................................... 14
4.2 Células espermáticas........................................................................................ 15
4.3 Morfologia espermática..................................................................................... 15
4.3.1 Cabeça........................................................................................................... 15
4.3.2 Acrossoma...................................................................................................... 16
4.3.3 Cauda............................................................................................................. 16
4.4 Composição química dos espermatozóides...................................................... 17
5. ANATOMIA REPRODUTIVA DA FEMEA............................................................ 18
5.1 Ovário................................................................................................................ 19
5.2 Trompas............................................................................................................ 20
5.3 Útero.................................................................................................................. 22
5.4 Cérvice.............................................................................................................. 23
5.5 Vagina............................................................................................................... 24
5.6 Genitália externa............................................................................................... 25
6. CICLO REPRODUTIVO NA FEMEA................................................................... 26
6.1 Hormônios e puberdade em Marrãs.................................................................. 26
6.2 Ciclo estral......................................................................................................... 27
6.3 Secreção Hormonal........................................................................................... 28
6.4 Índice de ovulação............................................................................................. 29
6.5 Índice de concepção.......................................................................................... 29
6.6 Tamanho da leitegada....................................................................................... 30
6.7 Gestação........................................................................................................... 30
6.8 Lactação............................................................................................................ 32
6.9 Desmame.......................................................................................................... 32
7. CENTRAL DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL....................................................... 34
7.1 Localização........................................................................................................ 34
7.2 Instalações........................................................................................................ 34
7.3 Alojamento dos machos e sala de coleta.......................................................... 35
7.4 Laboratório........................................................................................................ 36
7.5 Coleta de sêmen.............................................................................................. 36
7.5.1 Freqüência de coletas.................................................................................... 38
7.5.2 Exame do ejaculado....................................................................................... 39
7.6 Conservação do sêmen.................................................................................... 44
8. VANTAGENS DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL.................................................. 45
9. DESVANTAGENS DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL.......................................... 47
10. INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL PROPRIAMENTE DITA...................................... 48
11. OS SEIS PASSOS PARA UMA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EFICIENTE...... 50
12. CONCLUSÃO.................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 58

III
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - DIAGRAMA DO TRATO REPRODUTIVO MASCULINO VISTO EM


DISSECAÇÃO LATERAL ESQUERDA............................................... 3

FIGURA 2 – DIAGRAMA DAS GENITÁLIAS PÉLVICAS, DNETRO DOS OSSOS


PELVICOS, VISTO DORSALMENTE................................................. 7

FIGURA 3 –DIAGRAMA MOSTRANDO A FORMA DA EXTREMIDADE LIVRE


DO PENIS,NÃO DEMONSTRA O GRAU TOTAL DE FORMA
ESPIRAL QUE OCORRE DURANTE O SERVIMENTO..................... 8

FIGURA 4 – DIAGRAMA DA FORMAÇÃO DO SEMEN.........................................


10
FIGURA 5 – ESQUEMA COMPARATIVO DOS ESPERMATOZOIDES DE
ANIMAIS DOMESTICOS..................................................................... 13

FIGURA 6 – ANATOMIA REPRODUTIVA DA FEMEA........................................... 18

FIGURA 7 – FOTO DO ÚTERO SUÍNO.................................................................. 23

FIGURA 8 – FOTO DA CÉRVICE SUINA............................................................... 24

FIGURA 9 – ESQUEMA CORRETO DE UMA SALA DE COLETA DE UMA 35


CENTRAL DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL........................................
FIGURA 10 – ESPERMATOZÓIDE COM CAUDA ENROLADA......................... 42

FIGURA 11 – ESPERMATOZÓIDE COM GOTA CITOPLASMÁTICA................... 42

FIGURA 12 – ESPERMATOZOIDE COM PROBLEMA DE


DESENVOLVIMENTO......................................................................... 42
FIGURA 13 – ESPERMATOZOIDES EM AGLUTINAÇÃO..................................... 43

FIGURA 14 – ESPERMATOZOIDES COM ACROSSOMA NORMAL E


DANIFICADO....................................................................................... 43
FIGURA 15 – DEMOSTRAÇÃO PARA CORRETA INTRODUÇÃO DA PIPETA
DE ROSCA...................................................................................... 49
FIGURA 16 – DEMOSTRAÇÃO PARA CORRETA INTRODUÇÃO DA PIPETA
DE ROSCA.......................................................................................... 49

IV
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – DESENVOLVIMETO GONODAL EM MACHOS.............. .................


11
TABELA 2 – CARACTERISTICAS E COMPONENTES QUIMICOS DO SEMEN
SUINOS............................................................................................... 14

TABELA 3 – ANATOMIA DO TRATO REPRODUTOR EM FEMEAS ADULTAS


VAZIAS................................................................................................ 19

TABELA 4 – DESENVOLVIMENTO GONODAL EM FEMEAS..............................


26
TABELA 5 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO SEMINAL.............................................
39
TABELA 6 – RELAÇÃO ENTRE ASPECTO E CONCENTRAÇÃO
ESPERMATICA................................................................................... 40
TABELA 7 – PERCENTUAL INDIVIDUAL MAXIMO DE ALTERAÇÕES
MORFOLOGICAS ACEITÁVEIS......................................................... 43
TABELA 8 – MOMENTO CORRETO PARA INSEMINAR, SEJA COM UMA,
DUAS OU TRÊS INSEMINAÇÕES...................................................... 54

]
V
RESUMO

O aprimoramento da eficiência reprodutiva em uma unidade de produção é


fundamental para a viabilidade econômica na exploração. Portanto, é necessário
que técnicas de manejo sejam idealizadas, permitindo alcançar taxas de parto e
tamanho de leitegadas compatíveis com o custo – benefício favorável a sua difusão
nas camadas responsáveis pela produção. Dentro das técnicas utilizadas, além da
monta natural, é encontrada a Inseminação Artificial. A presente revisão bibliográfica
visa relembrar a anatomia reprodutiva; técnicas; vantagens e desvantagens; bem
como, o caminho certo para uma eficiente Inseminação Artificial em suínos.

Palavras – chave: Produção, Biotecnologia e Manejo.

VI

ABSTRACT
The improvement of the reproductive efficiency in a unit of production is basic
for the economic viability in the exploration. Therefore, it is necessary that handling
techniques are idealized, allowing reaching taxes of childbirth and size of piglets
compatible with the cost - favorable benefit its diffusion in the responsible layers for
the production. Inside of the used techniques, beyond the sum natural, the Artificial
Insemination is found. The present bibliographical revision aims at to remember the
reproductive anatomy; techniques; advantages and disadvantages; as well as, the
certain way for an efficient Artificial Insemination in swine’s.

Key word: Production, Biotechnology and Handle.

VII

INTRODUÇÃO
A Inseminação Artificial é uma biotécnica da reprodução bem estabelecida,
cujo objetivo principal é a maximização do uso dos ejaculados, mantendo e mesmo
melhorando a eficiência reprodutiva e produtiva, quando comparada à monta natural.
A Inseminação Artificial na espécie suína teve seu inicio na década de 30 no Japão
e na Rússia, no Brasil teve início em 1975, por meio de instalações de duas CIA’s
em Estrela – RS e Concórdia – SC. A partir dai, ocorreu uma difusão da técnica para
Unidade de Produção de Suínos. Na produção de suínos que utiliza a IA em sistema
interno, mantendo a sua própria CIA, e para outras centrais criadas em outros
Estados.

2. ANATOMIA REPRODUTIVA DO MACHO


Os testículos localizam-se exteriormente no abdômen dentro do escroto,
estrutura em forma de bolsa derivada da pele e fáscia da parede abdominal. Os
anéis inguinais interno e externo são as aberturas profundas e superficiais do canal
inguinal. Os vasos sanguíneos e nervos atingem os testículos no cordão
espermático; o duto deferente acompanha os vasos porem abandona-os no orifício
do processo vaginal para juntar-se a uretra.
Os espermatozóides abandonam os testículos pelos canais eferentes que
penetram no ducto tortuoso dos epidídimos, continuando no duto deferente do reto.
Glândulas acessórias liberam seus conteúdos para o interior dos dutos deferentes
ou na porção pélvica da uretra.
A uretra origina-se no colo da bexiga. Em toda a sua extensão ela é cercada
por tecido vascular carvenoso. A sua porção pélvica, circundada por músculo uretral
estriado e recebendo secreções de várias glândulas, passa para uma segunda
porção peniana na saída pélvica. Nesta região ela é unida por mais dois corpos
cavernosos formando o corpo do pênis, que se situa por baixo da pele da parede
corpórea. A extremidade livre do pênis é coberto por pele modificada – o tegumento
peniano; em condição de repouso ele permanece encerrado dentro do prepúcio.

FIGURA 1 – TRATO REPRODUTIVO MASCULINO.

Fonte: Hafez, 2001.


2.1. TESTÍCULO E SACO ESCROTAL
O testículo esta seguro à parede do processo vaginal ao longo da linha de
sua união epididimária.
As células intersticiais (Leyding), situadas entre os túbulos seminíferos,
secretam os hormônios masculinos para o interior das veias testiculares e vasos
linfáticos. As células espermatogênicas do túbulo dividem-se e diferenciam-se para
formar os espermatozóides. Imediatamente antes da puberdade, as células de
Sertoli do túbulo formam uma barreira que isola as células germinativas em
diferenciação da circulação geral. Estas células de Sertoli contribuem para a
produção de fluido pelo túbulo, não aumentam em numero após a puberdade ter
sido atingida. Calcula-se que a produção espermática é em torno de 15 a 30 X 106 g
de tecido testicular. A produção espermática aumenta de acordo com a idade no
período pós-puberdade. A castração de machos pré-púberes suprime o
desenvolvimento sexual. Modificações regressivas no comportamento e na estrutura
surgem após a castração de machos adultos.
Para um funcionamento eficaz, os testículos devem ser mantidos em
temperatura inferior à do corpo. Receptores de temperatura situados na pele escrotal
podem proporcionar respostas que tendem a baixar a temperatura corpórea total,
provocando dificuldade de respiração e sudorese. A pele escrotal é notavelmente
falha em gordura subcutânea, ela é extremamente dotada de grandes glândulas
sudoríparas adrenérgicas, e seu componente muscular propiciam alterar a
espessura e a área superficial do escroto, alem de variar a proximidade de contato
dos testículos com a parede corpórea. Em temperaturas quentes, os músculos
relaxam, abaixando os testículos para o saco escrotal penduloso e com paredes
finas. As vantagens oferecidas por estes mecanismos são favorecidas pela especial
relação das veias e artérias. Em todos os animais domésticos, a artéria testicular é
uma estrutura enrolada em forma de cone, cuja base repousa no pólo cranial ou
dorsal do testículo. Estas espirais arteriais estão intimamente enredadas pelo plexo
pampiniforme das veias testiculares, neste mecanismo de contracorrente, o sangue
arterial que entra nos testículos é resfriado pelo sangue venoso que os deixa. No
cachaço o escroto é menos penduloso e a sudorese menos eficiente; tais fatos
podem explicar a menor diferença entre as temperaturas escrotais e retais. Períodos
relativamente curtos de alta temperatura e umidade podem provocar significantes
aumentos de espermatozóides anormais.
2.2 EPDÍDIMO E DUTOS DEFERENTES

No epidídimo são reconhecidas três partes anatômicas. A cabeça, onde um


número variável de dútulos eferentes liga-se ao duto epidídimo formando uma
estrutura plana aplicada a um pólo do testículo; em seguida a cabeça liga-se ao
corpo, que termina no pólo oposto na dilatada cauda, o contorna da cauda do
epidídimo é uma característica visível no animal vivo.
A parede do duto do epidídimo tem uma camada proeminente de fibras
musculares circulares e um epitélio pseudo-estratificado de células conulares. O
duto deferente deixa a cauda do epidídimo e fica sustentado em uma dobra
separada de peritônio; ele é prontamente separável do resto do cordão espermático.
A mucosa do duto deferente é atirada para dentro de dobras longitudinais. Próximo à
extremidade final do epidídimo. As células não ciliadas apresentam pouca atividade
secretora. A luz é delineada com epitélio pseudo-estratificado.
A maturação dos espermatozóides ocorre durante a passagem através do
epidídimo; a motilidade aumenta à medida que os espermatozóides entram no corpo
do epidídimo. O ambiente dos espermatozóides na cauda do epidídimo subministra
fatores que aumentam o valor da habilidade fertilizante; os espermatozóides desta
região provem maior fertilidade do que aqueles do corpo do epidídimo (Hafez, 2001).
Os espermatozóides armazenados no epidídimo retêm a capacidade
fertilizante por varias semanas; a cauda do epidídimo é o principal órgão de
armazenamento, e contem cerca de 75% de todos os espermatozóides
epididimários. A especial habilidade da cauda do epidídimo para estocar
espermatozóides depende de baixas temperaturas do escroto e da ação do
hormônio sexual masculino. Espermatozóides armazenados na ampola constituem
apenas uma pequena parte das reservas totais de espermatozóides extragonodais.

2.3 GLÂNDULAS ACESSÓRIAS


A próstata, as glândulas vesiculares e as bulbouretrais emitem secreções
para dentro da uretra onde, por ocasião da ejaculação, são misturadas com a
suspensão fluida de espermatozóides e com as secreções ampolares dos dutos
deferentes.

2.3.1 Glândulas vesiculares

Estão situadas lateralmente às porções terminais de cada duto deferente. Nos


suínos elas são grandes e menos compactas, comparadas com ruminantes. O duto
da glândula vesicular e os dutos deferentes podem participar de um orifício
ejaculatório comum que se abre dentro da uretra.

2.3.2 Glândula Prostática

Uma distinta parte lobulada externa e uma segunda parte interna disseminada
que circunda a uretra pélvica profundamente ao músculo uretral. A próstata
disseminada estende-se caudalmente tanto quanto os dutos das glândulas
bulbouretrais. O corpo da próstata é pequeno no touro e grande no suíno, enquanto
não é visível nos pequenos ruminantes.

2.3.3 Glândulas Bulbouretrais


São dorsais à uretra, próximas à extremidade de sua porção pélvica. São
recobertas por espessa camada de músculo estriado bulboglandular. Elas são
grandes no suíno e contribuem para a formação de substancia gelatinosa do sêmen,
os dutos das glândulas bulbouretrais abre-se para dentro do recesso uretral, situado
dorsalmente, o que pode impedir a passagem de um cateter nessa espécie.

2.3.4.Glândulas Uretrais

Glândulas com essa denominação no cavalo têm sido consideradas como


comparáveis à próstata disseminada dos ruminantes, porem no suíno, a próstata
disseminada e as glândulas uretrais são histologicamente distintas.
A função das glândulas é fornecer um veiculo líquido para o transporte dos
espermatozóides. As glândulas vesiculares nos suínos contem pouca frutose e são
caracterizadas por alto conteúdo de ergotioneína e inositol. Os espermatozóides da
cauda do epidídimo são capazes de fertilizar quando inseminados sem a adição de
secreções das glândulas acessórias. A fração gelatinosa do sêmen do suíno forma
um tampão na vagina da fêmea coberta, embora na prática da inseminação
comercial esta fração seja removida do sêmen por filtração.

FIGURA 2 – GENITÁLIA PÉLVICA.


Fonte: Hafez, 2001.

2.4 PÊNIS E PREPUCIO

No pênis de mamíferos, três corpos cavernosos estão agregados ao redor da


uretra peniana. O corpo esponjoso do pênis que circunda a uretra é ampliado no
arco isquiático para formar o bulbo peniano, este bulbo é recoberto pelo músculo
bulbo esponjoso. O corpo cavernoso do pênis origina-se com um par de pedúnculos
do arco isquiático sob o músculo isquiocavernoso, o corpo cavernoso continua para
o ápice do pênis; uma espessa cobertura (túnica albugínea) recobre os corpos
cavernosos. Em suínos o músculo retrator do pênis controla o efeito comprimento do
pênis por sua ação na flexura sigmóide, os espaços cavernosos do corpo cavernoso
do pênis são pequenos, com exceção nos pedúnculos e na curvatura distal da
flexura sigmóide. Os espaços cavernosos do corpo esponjoso são grandes, porem a
distensão é limitado pela túnica albugínea. A ereção resulta do influxo de um volume
relativamente pequeno de sangue.
O orifício do prepúcio é regulado pelo músculo cranial do prepúcio; pode
também estar presente um músculo caudal. No suíno existe um grande divertículo
dorsal no qual se acumula urina e restos celulares epiteliais
2.4.1. Ereção e Protusão

O estimulo sexual provoca dilatação das artérias que suprem os corpos


cavernosos do pênis. Fibras parassimpáticas do nervo pélvico são responsáveis por
esta vasodilatação, porem o neurotransmissor envolvido não foi identificado,
podendo ser importante um polipeptídio vasoativo (Hafez, 2001).
Em animais adultos normais não se encontram veias drenando os níveis
distais do corpo cavernoso do pênis, sendo que isso facilita o desenvolvimento da
pressão da ereção no órgão. A pressão elevada no corpo cavernoso produz
considerável alongamento do pênis com pouca dilatação, a distensão dos espaços
cavernosos, especialmente aqueles localizados na curvatura distal da flexura
sigmóide, eliminam a flexura à medida que os músculos retratores do pênis relaxam.
A porção terminal de mais ou menos 5 cm é espiralada, e durante a ereção
toda a porção visível da extremidade livre do pênis torna-se espiralada ao redor do
seu eixo longo como uma corda retorcida. Esta forma espiralada resulta da
arquitetura fibrosa do corpo cavernoso do pênis. A inserção do pênis dura ate 7
minutos, tempo em que é ejaculado um grande volume de sêmen.

FIGURA 3 – FORMA DA EXTREMIDADE LIVRE DO PÊNIS

Fonte: Hafez, 2001.

2.4.2 Emissão e Ejaculação


A emissão consiste do movimento do fluido espermático ao longo do duto
deferente para a uretra pélvica, onde se mistura com secreções das glândulas
acessórias. A ejaculação é a passagem do sêmen resultante ao longo da uretra
peniana. A emissão é motivada por músculos lisos, sob controle do SNA. A
ejaculação é provocada por músculos estriados, sob controle de componentes
eferentes somáticos dos nervos sacros.
A passagem do sêmen através dos dutos deferentes é continua durante a
inatividade sexual. Durante o descanso sexual um complexo ocasional de remoção
espermática da cauda do epidídimo pode ajudar a regulação das reservas de
sêmen. (Hafez, 2001.).
A excitação sexual e a ejaculação são acompanhadas por contrações da
cauda do epidídimo e dos dutos deferentes, aumentando proporcionalmente o fluxo,
seguido, porém por mais movimentos do fluido espermático retrogradamente para
dentro do epidídimo e por uma redução no nível do fluxo por 10 a 20 horas após a
ejaculação. Durante a ejaculação, o músculo bulboesponjoso comprime o
bulbopeniano, bombeando sangue deste órgão para dentro do restante do corpo
esponjoso. Diferentemente do corpo cavernoso do pênis, este é normalmente
drenado por veias distais.

FIGURA 4 – FORMAÇÃO DO SÊMEN.


Fonte: Hafez, 2001.
3. CICLO REPRODUTIVO NO MACHO

TABELA 1 – DESENVOLVIMENTO GONODAL DE EMBRIÕES SUÍNOS.

DIA MACHO
21 Primórdios das gônadas
22-24 Células primitivas do cordão
Células germinativas primordiais
26 Epitélio superficial
Mesênquima
Cordões testiculares
Interstício
Produção de testosterona
27 Células de Sertoli
29 Produção de AMH
30 Células de Leydig
35 Testosterona máxima
60 Descida testicular
90 Testículos no escroto

AMH= Síndrome Anti-Muller . Fonte: Hafez, 2001

3.1CONTROLE HORMONAL DO REPRODUTOR SUINO

Os blastocistos suínos são capazes de sintetizar estrógenos no 12º dia. Os


testículos de fetos suínos contem hidroxiesteróide deidrogenase e deste modo
possui capacidade esteroidogênica antes da diferenciação das células de Leydig.
Evidencias histoquímicas sugerem a presença de 3ß-HSD nas células de Leydig ao
redor do 35º dia (Hafez, 2001).
Os testículos fetais secretam testosterona durante a diferenciação da genitália
interna e externa. A diferenciação dos dutos de Wolff e o desenvolvimento das
vesículas seminais, próstata, glândulas bulbouretrais e genitália externa ocorrem
entre os dias 26 e 50. No 29º dia, os testículos suínos produzem suficiente AMH
para induzir regressão dos dutos de Muller, e esta produção de AMH persiste ate
após o nascimento.
A descida testicular começa ao redor do 60º dia após o coito, com
crescimento do gubernáculo na época em que os níveis sanguíneos de testosterona
e gonadotrofinas estão baixos. Os testículos atravessam o canal inguinal em cerca
de 85 dias e movem-se para a base do escroto logo após o nascimento.

3.2 PRODUÇÃO ESPERMÁTICA

O comportamento em suínos apresenta dimorfismo sexual logo com um mês


de idade. Os suínos atingem a puberdade com cerca de 125 dias de idade. Os
espermatozóides estão presentes nos testículos, porem pode haver certo atraso
antes de se tornarem capazes de fertilizar os óvulos. A atividade de monta ocorre
precocemente, a ereção ao redor dos 4 meses, porem os padrões seqüenciais de
comportamento sexual culminam após 5 meses. As primeiras ejaculações ocorre de
5 a 8 meses de idade. O numero de espermatozóides e o volume de sêmen continua
aumentando durante os primeiros 18 meses de vida.
A duração do ciclo espermatogênico, de espermatogônia ate espermatozóide
maduro, é de aproximadamente 34,4 dias no suíno. A duração para o trânsito dos
espermatozóides através dos epidídimos é de cerca de 10 dias. Este período dentro
dos epidídimos é necessário para a maturação dos espermatozóides e para adquirir
a habilidade de fertilizar os óvulos. Maiores níveis de fertilização resultam de
espermatozóides obtidos das porções proximal e distal da cauda do epidídimo. A
testosterona sustenta a atividade secretora das glândulas acessórias, e estes fluidos
seminais constituem uma grande proporção do ejaculado total do suíno.
4. ESPERMATOZÓIDES E PLASMA SEMINAL

FIGURA 5 – COMPARAÇÃO DOS ESPERMATOZÓIDES DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

Fonte: Hafez, 2001.


TABELA 2 – CARACTERÍSTICAS E COMPONENTES QUÍMICOS DO SÊMEN
SUÍNO.

Características dos componentes Suínos


Volume do ejaculado (mL)...................................................... 150-200
Concentração Espermática (milhão-mL)................................ 200-300
Espermatozóides por ejaculado (bilhão)................................ 30-60
Espermatozóides móveis (%)................................................ 50-80
Espermatozóides morfologicamente normais (%)................. 70-90
Proteína.................................................................................. 3,7
pH........................................................................................... 7,3-7,8
Frutose................................................................................... 9
Sorbitol.................................................................................... 6-18
Acido cítrico............................................................................ 173
Inositol.................................................................................... 380-363
Glicerilfosforilcolina (GPC)..................................................... 110-240
Ergotioneína........................................................................... 17
Sódio....................................................................................... 587
Potássio................................................................................. 197
Cálcio..................................................................................... 6
Magnésio................................................................................. 5-14
Cloretos.................................................................................. 260-430
Valores médios dos componentes químicos (mg/100ml). Adaptado de Foot, 1980.

4.1SÊMEN

O sêmen é um liquido ou uma suspensão celular semigelatinosa contendo


gametas masculinos ou espermatozóides e secreções dos órgãos acessórios do
trato reprodutivo masculino. A porção fluida desta suspensão, que é formada na
ejaculação é conhecida como plasma seminal.
4.2 CÉLULAS ESPERMÁTICAS

Os espermatozóides são formados dentro dos túbulos seminíferos dos


testículos, estes túbulos apresentam uma serie complexa de células germinativas
em desenvolvimento que posteriormente formam as células altamente
especializadas, os gametas masculinos.
Os espermatozóides completamente desenvolvidos são células alongadas,
formados de uma achatada cabeça contendo o núcleo e de uma cauda contendo o
aparelho necessário para a motilidade celular. O espermatozóide é todo recoberto
por membrana plasmática. O acrossoma é uma estrutura de dupla parede situada
entre a membrana plasmática e a porção anterior do núcleo. O colo conecta a
cabeça do espermatozóide com a cauda, que é dividida em peça intermediária,
principal e terminal.

4.3 MORFOLOGIA ESPERMÁTICA

4.3.1 Cabeça

A principal característica da cabeça é o núcleo achatado de forma oval,


contendo cromatina altamente compactada. A cromatina condensada compreende
um complexo de DNA com uma classe especial de proteínas conhecidas como
protaminas espermáticas o numero de cromossomos do conteúdo de DNA do núcleo
é haplóide, ou, metade das células somáticas da mesma espécie.
4.3.2 Acrossoma
A extremidade anterior do núcleo espermático é recoberta pelo acrossomo,
uma fina cobertura com dupla camada de membranas que envolvem o núcleo. Esta
estrutura contém varias enzimas hidrolíticas. O segmento equatorial do acrossoma é
importante porque é esta parte do espermatozóide que juntamente com a porção
anterior da região pós-acrossômica que inicialmente funde-se com a membrana do
oócito durante a fertilização.

4.3.3 Cauda

A cauda é composta de colo, peça intermediária, principal e terminal. O colo,


ou peça de conexão forma uma placa basal que se ajusta dentro de uma depressão
na superfície posterior do núcleo.
A parte central da peça intermediaria junto com o comprimento total da cauda
forma o axonema. Ele é composto de nove pares de microtúbulos envolvendo dois
filamentos centrais. Na peça intermediaria, estes nove mais dois arranjos de
microtúbulos estão circundados por nove grossas fibras que parecem estar
associadas com os nove pares do axonema.
A peça principal é composta centralmente do axonema e sua associação de
fibras grosseiras.
A peça terminal contém somente o axonema recoberto pela membrana
plasmática. O axonema é responsável pela motilidade espermática. Os pares
externos de microtúbulos geram a curvatura da onda da cauda por um movimento de
deslizamento entre os pares adjacentes.
A gota citoplasmática é destacada normalmente de espermatozóides
ejaculados, é constituída de citoplasma residual. Embora considerada anormal, para
espermatozóides ejaculados de muitas espécies, a gota pode estar retida na região
do colo, onde é conhecida como gota proximal, ou gota distal.

4.4 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ESPERMATOZÓIDES


Os principais componentes químicos dos espermatozóides são ácidos
nucléicos, proteínas e lipídios. A cromatina nuclear é composta de metade de DNA e
metade de proteína, a capa acrossomal contém uma variedade de proteínas
enzimáticas. Muitas proteínas enzimáticas estruturais e lipídios são encontrados na
cauda.
Os espermatozóides são ricos em fósforo, nitrogênio e enxofre. A maior parte
do fósforo está associado com DNA, enquanto que o enxofre é derivado das
proteínas nucleares básicas e dos componentes queratinóides da cauda (Hafez,
2001).
O núcleo espermático é composto de cromatina condensada na qual o DNA é
estabilizado por conjugação com proteínas espermáticas específicas conhecidas
como histonas espermáticas. Núcleos espermáticos de algumas espécies contêm
pequenas histonas espermáticas de baixo peso molecular conhecidas como
protaminas, enquanto que espermatozóides de outras espécies apresentam peso
quantidades variáveis de histonas ricas em maiores argininas.

5. ANATOMIA REPRODUTIVA DA FEMEA

Os órgãos reprodutivos femininos compõem-se de ovários, ovidutos, útero e


cérvice uterina, vagina e genitália externa. Os órgãos genitais internos são
sustentados pelo ligamento largo, este ligamento consiste do mesovário, que
mantém o ovário; do mesossalpinge, que escora o oviduto e do mesométrio, que
sustenta o útero. O ovário, oviduto e útero são primariamente supridos por nervos
autônomos. O nervo pudendo fornece fibras sensitivas e parassimpáticas para a
vagina, vulva e clitóris.

FIGURA 6 – ANATOMIA REPRODUTIVA DA FÊMEA SUÍNA.

Fonte: Noakes, 1989.

TABELA 3 – ANATOMIA DO TRATO REPRODUTIVO EM FÊMEAS VAZIAS.

ÓRGÃO
Comprimento da trompa 15 a 30 cm
Útero Bicornual
Comprimento do corno 40 a 65 cm
Comprimento do corpo 5 cm
Superfície de revestimento do endométrio Ligeiras pregas longitudinais
Cérvice
Comprimento 10 cm
Diâmetro externo 2 a 3 cm
Luz cervical
Forma Saca rolhas
Entrada do útero
Forma Mal definida
Vagina anterior
Comprimento 10 a 15 cm
Hímen Mal definido
Vestíbulo
Comprimento 6 a 8 cm
As dimensões variam com a idade, raça, pariedade e nutrição.
Fonte: Hafez, 2001.

5.1 OVÁRIO

Diferentemente do testículo, permanece na cavidade abdominal. Ele


desempenha duas funções, uma exócrina (liberação de óvulos) e uma endócrina
(esteroidogênese). O padrão vascular do ovário modifica-se com as diferentes
situações hormonais. Variações na arquitetura dos vasos permitem adaptação do
suprimento sanguíneo das necessidades do órgão. A distribuição relativa de sangue
entre os vários compartimentos do ovário é alterada sem que o suprimento
sanguíneo total seja afetado. A distribuição intra-ovárica de sangue passa por
notáveis modificações durante o período do pré-ovulatório.
O fluxo sanguíneo arterial para o ovário varia em proporção à atividade
luteínica. Modificações no fluxo sanguíneo precedem o declínio na secreção de
progesterona, enquanto que a restrição do fluxo sanguíneo ovariano causa
prematura regressão do corpo lúteo.

5.2 TROMPAS
Existe uma intima relação anatômica entre os ovários e as trompas. Nos
animais domésticos os ovários situam-se numa bursa ovariana aberta; esta bursa é
uma invaginação que consiste de uma prega peritonial do mesossalpinge, ligada a
uma alça suspensa na porção superior da trompa. Na porca ela é bem desenvolvida
e, embora aberta, envolve o ovário em grande parte.
A trompa pode ser dividida em quatro segmentos funcionais: as fímbrias em
forma de franjas; a abertura abdominal próxima ao ovário em forma de funil – o
infundíbulo; a ampola dilatada mais distalmente e estreita porção próxima da trompa,
ligando-a a luz uterina – o istmo.
A abertura do infundíbulo denominada óstio abdominal, situa-se no centro de
uma franja de processos irregulares que formam a extremidade da trompa, as
fímbrias. Estas são livres exceto em um ponto no pólo superior do ovário, que
assegura a sua intima aproximação à superfície ovariana.
A ampola, que corresponde a cerca da metade do comprimento da trompa,
funde-se com a porção constricta conhecida como istmo. O istmo está diretamente
ligado ao útero; nenhum esfíncter muscular bem definido apresenta-se na junção
útero-tubárica. Na porca, entretanto, esta junção é guarnecida por longos processos
mucosos em forma de dedos.
Existem também extensões musculares destas camadas para dentro do
tecido conjuntivo das pregas mucosas, permitindo contrações coordenadas de toda
a parede. O espessamento da musculatura aumenta da extremidade ovariana para a
extremidade uterina das trompas.
A vascularização da trompa deriva-se das artérias uterinas e ovarianas, que
juntamente suprem arcadas de vasos ao longo de sua extensão. O notável aumento
na proeminência da vascularização, bastante regulada por estrógenos ovarianos,
está parcialmente associado com a realçada função secretora da trompa. Do mesmo
modo que outros segmentos do trato genital feminino, a trompa está parcialmente
servida por “curtos” neurônios adrenergicos. Alem de receber nervos dos gânglios
pré e paravertebrais, a trompa recebe uma porção de formações ganglionares da
área útero-vaginal (curtos neurônios adrenergicos). O grau de inervação varia nas
diferentes camadas musculares e em diferentes regiões da trompa. A inervação
adrenergica é particularmente proeminente na musculatura circular do istmo e na
junção ampola-istmo, onde os nervos adrenergicos terminais estão em intimo
contato com as células musculares lisas. A densa inervação adrenergicas permite ao
istmo agir como um esfíncter fisiológico, o que pode ser importante para regular o
transporte do óvulo.
A trompa tem singular função de conduzir os óvulos e os espermatozóides em
direções opostas, quase simultaneamente. A estrutura da trompa está bem
adaptada às suas múltiplas funções. As franjas das fímbrias transportam os óvulos
liberados da superfície ovariana para o infundíbulo. Os óvulos são conduzidos
através das pregas da mucosa para a ampola onde ocorre a fertilização e os
primeiros estágios de clivagem dos óvulos fertilizados. Os embriões permanecem
nas trompas durante 3 dias antes de serem encaminhados ao útero. O
mesossalpinge e a musculatura tubárica coordenam os hormônios ovarianos, os
estrógenos e a progesterona. A junção útero-tubárica controla, parcialmente, o
transporte do sêmen do útero para as trompas, proporcionando um ótimo ambiente
para a união dos gametas, assim como para o desenvolvimento inicial dos embriões.
Este ambiente proporciona nutrição e proteção para os espermatozóides, para o
oócito e para o subseqüente embrião. Os espermatozóides e os embriões possuem
antígenos estranhos que podem ser reconhecidos e atacados pelo sistema imuno-
humoral materno.

5.3 ÚTERO

O útero é composto de dois cornos uterinos, um corpo e uma cérvice. O útero


da porca é do tipo bicornual, os cornos são dobrados ou convolutos, podendo atingir
4 a 5 pés de comprimento, enquanto o corpo uterino é curto. Este comprimento é
uma adaptação anatômica para carregar satisfatoriamente a leitegada.
Como a maioria dos órgãos cavitários internos, as paredes uterinas são
constituídas de uma membrana mucosa interna, de uma camada intermediaria
inteira de músculos lisos e de uma camada serosa externa, o peritônio. Do ponto de
vista fisiológico apenas duas camadas são reconhecidas: o endométrio e o peritônio.
O útero recebe seu suprimento sanguíneo e venoso através do ligamento
largo. Os vasos sanguíneos são numerosos, de parede espessa e tortuosos. A
artéria uterina media, ramo da artéria ilíaca interna fornece o principal suprimento
sanguíneo ao útero na região dos fetos em desenvolvimento, de modo que ela
aumenta bastante de diâmetro com o avançar da gestação. A artéria uterina cranial,
ramo da artéria útero-ovariana, fornece sangue ao ovário pela artéria ovariana e
para a extremidade anterior do corno uterino pela artéria uterina cranial.
Este órgão apresenta uma série de funções. O endométrio e seus fluídos têm
grande relevância no processo reprodutivo: transporte de espermatozóides do local
da ejaculação ate o ponto da fertilização da trompa; controle da função do corpo
lúteo e inicio da implantação, gestação e parto.
Durante a cobertura, a contração do miométrio é essencial para o transporte
do espermatozóide do ponto de ejaculação para o local da fertilização. Um grande
número de espermatozóides agrega-se nas glândulas endometriais. Á medida que
os espermatozóides são transportados através da luz uterina para as trompas eles
sofrem a “capacitação” nas secreções endometriais.

FIGURA 7 – ÚTERO SUÍNO.

Fonte: Noakes, 1989.


5.4 CÉRVICE

É uma estrutura semelhante a um esfíncter que se projeta caudalmente na


vagina. A cérvice é um órgão fibroso composto predominantemente de tecido
conjuntivo e muito pouco de tecido muscular.
Caracteriza-se por uma espessa parede e uma luz constricta. Embora a
cérvice difira em detalhes entre os mamíferos domésticos, o canal cervical é
caracterizado por várias proeminências. Na porca, os anéis dispõem-se em forma de
saca-rolhas, adaptando-se à extremidade torcida em espiral do pênis do macho.
A cérvice permanece firmemente fechada, exceto durante o cio, quando
se relaxa levemente, permitindo a entrada dos espermatozóides no útero. O muco
saído da cérvice é expelido pela vulva. Tem diversas funções no processo
reprodutivo: facilita o transporte espermático através do muco cervical para o interior
do útero; atua como reservatório de espermatozóides e pode tomar parte na seleção
de espermatozóides viáveis, impedindo assim a passagem de células espermáticas
inviáveis e defeituosas.

FIGURA 8 – CÉRVICE SUÍNA, FORMA DE ROSCA.


5.5 VAGINA

A parede vaginal consiste de uma camada muscular e de uma serosa. A


camada muscular da vagina não é tão bem desenvolvida como as partes externas
do útero; ela consiste de um espesso extrato circular interno e uma fina camada
longitudinal externa; esta ultima estende-se por certa distancia para dentro do útero.
A túnica muscularis é bem suprida de vasos sangüíneos, feixes de nervos, células
nervosas e tecido conjuntivo denso.
Múltiplas são as funções da vagina na reprodução. É um órgão copulatório
onde o sêmen é depositado e coagulado ate que os espermatozóides sejam
transportados através das macromoléculas da coluna de muco cervical. A vagina
dilata, atua como reservatório de sêmen para fornecer espermatozóides aos
depósitos cervicais. As dobras vaginais e a estrutura muscular de forma rombóide
permitem a distenção da vagina durante a cobertura e o parto. Embora não possua
glândulas, as paredes vaginais são umedecidas por transudatos do epitélio vaginal,
por muco cervical e por secreções endometriais.
O pH da secreção vaginal não é favorável aos espermatozóides. Uma
complexa interação do muco cervical, da secreção vaginal e do plasma seminal
induz um sistema tampão que protege os espermatozóides ate que eles sejam
transportados através das micelas do muco cervical. A vagina serve como um duto
excretor das secreções cervicais, endometriais e tubáricas; serve também de via
natal durante o parto. Estas funções são cumpridas por varias características
fisiológicas, principalmente, contração, expansão, involução, secreção e absorção.

5.6 GENITÁLIA EXTERNA


O vestíbulo, os lábios maiores, os lábios menores, o clitóris e as glândulas
vestibulares constituem a genitália externa.
A junção da vagina e vestíbulo é marcada pelo orifício uretral externo e
frequentemente por uma saliência (vestígio do hímen).
O tegumento dos lábios maiores é ricamente dotado de glândulas sebáceas e
tubulares. Ele contém deposito de gordura, tecido elástico e uma fina camada de
músculo liso, apresentando a mesma estrutura superficial externa da pele. Os lábios
menores têm tecido conjuntivo esponjoso no centro. A superfície contém muitas
glândulas sebáceas bem desenvolvidas.
A comissura ventral do vestíbulo encobre o clitóris, que apresenta a mesma
origem embrionária do pênis. Ele é composto de tecido erétil coberto por um epitélio
escamoso estratificado e é bem suprido de terminações nervosas sensitivas.

6. CICLO REPRODUTIVO NA FEMEA

TABELA 4 – DESENVOLVIMENTO GONODAL DO EMBRIÃO SUÍNO.

DIA FÊMEA
21 Primórdios das gônadas
22-24 Células primitivas do cordão
Células germinativas primordiais
Epitélio superficial
26 Mesênquima
Blastema gonodal
31 Ninhos de óvulos
40 Meiose das células germinativas
60 Folículos primordiais
70 Folículos primários
90 Folículos secundários

Fonte: Hafez, 2001.


6.1 HORMÔNIOS E PUBERDADE EM MARRÃS

A gônada fetal diferencia-se em um ovário ao redor do 35º dia de gestação pelo


aparecimento de ninhos de óvulos. A atividade esteroidogênica do ovário fetal ocorre
mais tarde do que nos testículos. Células secretoras de FSH foram identificadas em
fetos com 70 dias (Hafez, 2001).
Níveis séricos de FSH, LH e de prolactina aumentam procedendo ao
nascimento. Durante as cinco semanas após o nascimento, as concentrações de LH
e de prolactina diminuem, enquanto que o FSH permanece elevado ate 10 semanas
de idade.
Em suínos, a partir de dez semanas de idade ate a puberdade, isto é, 25
semanas, a freqüência e magnitude dos picos de LH sérico são maiores na 16º
semana, enquanto que picos secretores de FSH não mudam. Picos de FSH e de
prolactina ocorrem mais em sincronia ao acaso durante este período.
A idade da puberdade pode ser influenciada pelo nível de nutrição, ambiente
social, peso corporal, estação do ano, raça, doenças, infecções parasitarias e
praticas de manejo. A limitação do consumo energético à metade daquele ingerido
por controles com alimentação completa atrasa a puberdade por mais de 40 dias. A
presença do reprodutor reduz a idade e o peso corporal para a puberdade (105 X
116 kg). A puberdade é também retardada em marrãs criadas individualmente
quando comparadas com aquelas criadas em grupos de 30 animais. Em marrãs de 9
a 12 meses que não exibiram um cio prévio, a progesterona permanece baixa ate o
proestro; um regime gonadotrófico similar induz cio, ovulação, ciclos estrais
periódicos e fertilização normal em uma alta porcentagem. A injeção de LH também
induz ovulações em marrãs pré-púberes, e os corpos lúteos dessas ovulações
mantém as gestações.

6.2 CICLO ESTRAL


A chegada do cio é caracterizada por modificações graduais nos padrões
comportamentais, respostas vulvares, e ocasionalmente um corrimento mucoso. A
receptividade sexual dura uma media de 40 a 60 horas. O período puberal de estro
usualmente é mais curto (47 horas) do que os posteriores (56 horas), sendo que de
um modo geral as marrãs apresentam um período mais curto de cio do que as
porcas. A raça, a variação estacional (cio mais longo no verão e mais curto no
inverno) e anormalidades endócrinas afetam a duração do cio.
Os óvulos são liberados 38 a 42 horas após o inicio do cio, e a duração deste
processo ovulatório requer 3,8 horas. As ovulações ocorrem cerca de 4 horas mais
cedo nas porcas cobertas do que nas que não o foram. A duração do ciclo é de
cerca de 21 dias (com variação de 19 a 23 dias). A porca é poliéstrica durante o ano
todo; apenas a gestação ou uma disfunção endócrina interrompe esta ciclicidade.

6.3 SECREÇÃO HORMONAL

Existem cerca de 50 pequenos folículos por animal durante as fases luteínicas


e inicial da folicular. Durante as fases de proestro e estro cerca de 10 a 20 folículos
aproximam-se do tamanho pré-ovulatório, enquanto que o numero de folículos
menores declina. Entre os dias 5 e 16, a fase luteínica do ciclo, o numero de
folículos aumenta, enquanto que após o 18º dia (fase de proestro) ocorre um
aumento primariamente no crescimento de folículos pré-ovulatórios. Logo após a
ovulação há uma rápida proliferação primária de células granulosas e de poucas
células da teca revestindo a parede folicular. Estas células tornam-se luteinizadas
para formar o tecido luteínico, e, portanto o corpo lúteo. Inicialmente o corpo lúteo é
considerado corpo hemorrágico por causa da cavidade central cheia de sangue,
orem dentro de 6 a 8 dias o corpo lúteo e uma massa sólida de células luteínicas.
A atividade secretora de esteróides dos corpos lúteos é indicada pelas
concentrações de progesterona e estrógenos durante o ciclo. Os níveis de
progesterona são baixos no cio (dia 0), começam a aumentar abruptamente após o
dia 2 para atingirem valores máximos nos dias 8 a 12, e então caem em rápido
declive depois disso ate o dia 18. Estes níveis seguem um padrão similar ao
desenvolvimento morfológico e declínio do corpo lúteo, assim como modificações
estruturais nas células luteínicas.
Logo após o cio, o estrógeno declina e permanece baixo durante a fase
luteínica do ciclo. As concentrações sanguíneas crescentes de estradiol secretado
pelos folículos pré-ovulatórios estimulam a onda pré-ovulatória.
A relaxina permanece baixa na fase luteínica e durante o ciclo estral e não
demonstra relação com os altos níveis de progesterona secretado por estas mesmas
células durante este breve período (Anderson, 1987).
As concentrações de prostaglandina F no plasma venoso útero-ovariano
aumentam durante o ciclo estral ate valores de pico entre os dias 12 e 16, um
período coincidente com o inicio da regressão luteínica.

6.4 ÍNDICE DE OVULAÇÃO

O índice de ovulação está associado com a raça (linhagem ou cruzamento),


porcentagem de consangüinidade, idade e peso na época da reprodução. Em
linhagens consangüíneas existe um aumento médio de 0,8 óvulos do primeiro para o
segundo período do estro; a ovulação continua a aumentar no terceiro cio, porem
pouco ou nenhum aumento adicional ocorre depois do quarto cio pós-puberdade.
A consangüinidade reduz o índice de ovulação, enquanto que nas linhagens
de cruzamentos o numero de ovulações aumenta. A idade da reprodução em marrãs
jovens é positivamente correlacionada com o índice de ovulação. O peso na época
do acasalamento é associado com o índice de ovulação quando comparado ao peso
no desmame ou peso aos 154 dias.
Dietas altas em energia induzem maior índice de ovulação em suínos quando
administradas por um período restrito. Embora o número de ovulações seja
predominantemente afetado por um fundo genético, o índice de ovulações é
usualmente afetado de modo positivo pelo aumento dos níveis energéticos. Os
níveis de restrição de energia antes de proporcionar uma dieta alta de energia para
os suínos é um fator importante que influi sobre o índice de ovulação. Um baixo nível
energético é geralmente proporcionado antes do nível alto. A duração ótima desse
regime parece ser 11 a 14 dias antes do cio esperado ou da cobertura. Existe pouca
evidência de que um aumento protéico durante breves períodos aumente o índice de
ovulação.

6.5 ÍNDICE DE CONCEPÇÃO

O índice de fertilidade em suínos é geralmente alto (≥ 90%). Índices de


ovulação altos ou baixos têm pouco ou nenhum efeito sobre o índice de fertilização.
A perda de toda a leitegada pode ser resultante de falhas de fertilização ou morte de
todos os embriões. Estimativas indicam que aproximadamente 5% das leitegadas se
perdem durante o restante da gestação. A mortalidade embrionária precoce resulta
na reabsorção dos produtos, enquanto que as perdas que ocorrem após o 50º dia
podem resultar em abortamento, mumificação fetal ou parto de natimortos a termo
(Hafez, 2001).

6.6 TAMANHO DA LEITEGADA

O desempenho reprodutivo é medido pelo número de leitões vivos no


nascimento ou pelo número total de nascidos ou desmamados produzidos pela
fêmea durante um ano. Os índices de ovulação continuam a aumentar com as
gestações subseqüentes, porem o tamanho da leitegada atinge os níveis máximos
pela quarta ou quinta gestação. O número de leitões nascidos aumenta entre a
primeira e a quarta leitegada, porem pela oitava o número de nascidos vivos declina
enquanto o número de natimortos aumenta. Quando o tamanho da leitegada é
relacionado à idade da mãe, o desempenho reprodutivo começa a diminuir após 4,5
anos.
6.7 GESTAÇÃO

Os óvulos são fertilizados na ampola da trompa e sua chegada a esta região


pode ser auxiliada pelos batimentos rápidos, em direção descendente, dos cílios da
superfície mucosa; na região do istmo da trompa há uma corrente ciliar externa
ascendente que pode ajudar a subida dos espermatozóides. Os embriões estão
usualmente no estágio de quatro células quando entram no útero. A divisão aumenta
para o estagio de mórula pelo 5º dia e então há a formação dos blastocistos do 6º a
8º dia, os blastocistos são desigualmente distribuídos pelos cornos uterinos. O
rápido desenvolvimento dos produtos é indicado pela migração intra-uterina dos
embriões, pelo seu espaçamento e pela transição dos blastocistos de formas
esféricas para formas extremamente alongadas e pela subseqüente embriogênese.
Padrões de crescimento embrionário e fetal normais do 20º ao 100º dias de
gestação aumentam exponencialmente de 0,06 a 1000 g.
Os corpos lúteos são essenciais para a manutenção da gestação ate o fim em
suínos. O corpo lúteo se desenvolve ate seu peso máximo pelo 8º dia e é mantido
ate o final da gestação. A produção de progesterona parece estar associada com o
tamanho celular e o estágio da gestação. Após o dia 114, logo após o parto, há uma
diminuição acentuada no peso luteínico. As concentrações de progesterona no
sangue periférico atingem valores máximos no 12º dia, diminuindo gradativamente.
A relaxina acumula-se no tecido luteínico até atingir valores máximos no final da
gestação (105 a 110 dias); concentrações de estradiol aumentam do 8º ao 60º dia e
aumentam rapidamente até valores de pico logo antes do parto.
Do 12º ao 21º dia, concentrações endógenas de prostaglandina F no plasma
útero-ovariano permanecem mais baixas em marrãs prenhes do que não prenhes.
Há também uma maior freqüência de picos de PGF em porcas não prenhes do que
nas prenhes durante esta época. Além disso, as concentrações de estradiol no
plasma venoso útero-ovariano são maiores nos dias 12 a 17 de gestação quando
comparadas com animais não prenhes (Hafez, 6ºed.). Os blastocistos mantêm a
função luteínica durante as fases críticas do inicio da gestação, impedindo a ação
luteolítica uterina, e podem contribuir para o efeito luteotrófico por sua produção de
estrógeno; o fluxo sanguíneo arterial do útero aumenta de duas a quatro vezes do
11º ao 13º dia de gestação.
No final da gestação, as concentrações de corticosteróides aumentam dentro
de 24 horas antes do parto e diminuem durante o início da lactação. Os níveis de
progesterona declinam durante os últimos dias da gestação e caem abruptamente
um dia após o parto.
A relaxina é produzida e acumulada nos corpos lúteos de suínos durante a
gestação, sendo então liberada antes do parto. A infusão de relaxina suína durante o
final da gestação da porca inibe as contrações miometriais uterinas.
Imediatamente após o parto, os níveis sanguíneos periféricos de
progesterona, estrona, estradiol e relaxina declinam para níveis basais no inicio da
lactação. O cio ocorre frequentemente dentro de 1 a 3 dias após o parto. Caso seja
coberta, a porca não concebe neste cio porque os folículos ovarianos são imaturos e
usualmente não ocorre a ovulação. O cio pós-parto é observado em porcas com
baixas concentrações de estrógenos no plasma periférico e pode resultar de níveis
de picos de estrógenos feto-placentários logo anteriores ao parto. A restrição da
dieta de porcas primíparas durante a lactação não surtiu efeito sobre as
concentrações de LH ou estradiol plasmáticos ou sobre o desempenho reprodutivo
subseqüente.

6.8 LACTAÇÃO

Com exceção do cio pós-parto, as poças raramente exibem cio durante a


lactação. A morfologia ovariana durante o período de anestro indica uma ausência
de estímulos gonadotróficos. Os diâmetros médios dos folículos ovarianos diminuem
durante a primeira semana após o parto e então crescem gradativamente pela
quinta semana de lactação. O peso e extensão uterina declinam rapidamente por 21
a 28 dias seguintes ao parto; depois disto, ambos mantêm-se constantes. O
endométrio é mais fino e as glândulas uterinas são menos numerosas,
particularmente na região basal próxima ao miométrio.
O anestro lactacional pode ser um período de liberação deprimida de FSH e
de reduzida síntese de LH. As concentrações de prolactina no plasma periférico são
altas no parto, aumentam em resposta à amamentação dos leitões e declinam logo
após o desmame. Os níveis de prolactina, porém não os de LH, aumentam
agudamente com a amamentação ou o desmame. Os estrógenos, sejam de origem
endógena ou exógena, causam o aparecimento de ondas de LH, FSH e prolactina
na porca após o parto.

6.9 DESMAME

A retirada da leitegada da porca após 3 a 5 semanas de lactação resulta em


desenvolvimento folicular, cio e ovulação dentro de 4 a 8 dias. Durante o período
pós-desmame, as concentrações plasmáticas de estradiol aumentam
gradativamente e terminam por ocasião da onda pré-ovulatória de LH no cio.
Aumentos dos níveis de FSH plasmático coincidem com a onda de LH, pelo menos
em alguns animais. A secreção de prolactina aumenta ao redor do cio em porcas
desmamadas, podendo estar associada mais com o cio do que com o processo
ovulatório.
7. CENTRAL DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

7.1 LOCALIZAÇÃO

A central deve estar localizada em regiões com grande densidade de


criadores, com facilidade de comunicação e de transporte. Deve ser construída
longe de centros urbanos, protegida por cortina, toda cercada, para evitar o acesso
de animais e pessoas e dispor de um local para recepção de visitantes e clientes, e
despacho das doses de sêmen.

7.2 INSTALAÇÕES

Há a necessidade de área física para o alojamento dos machos doadores de


sêmen, quarentenário, sala de coleta de sêmen, laboratório para avaliação, diluição
e envasamento do sêmen e sala de lavagem e preparo do material. Também se
deve ter um local para vestiário, escritório e expedição do sêmen e armazenamento
da ração.
FIGURA 9 - EXEMPLO DE UMA SALA DE COLETA.
Fonte: Sobestiansky,1998.
7.3 ALOJAMENTO DOS MACHOS E SALA DE COLETA

O alojamento dos machos e a sala de coleta estão localizados em uma área


imediatamente anexa ao laboratório, mas de acesso somente ao tratador e coletor
de sêmen. O acesso ao laboratório é realizado por uma pequena janela, por meio da
qual são fornecidos os copos de coleta e posteriormente recepcionados.
Os machos são disponibilizados em baias de 7 a 9 m2. Algumas centrais
utilizam tamanho de baias diferentes devido à diferença de tamanho dos machos,
com divisórias de canos para os machos terem contato mais íntimos e, assim, não
se tornarem muito agressivos.
A sala de coleta deve ter uma área entre 8 a 12 m2, onde está localizado um
manequim fixo, barras de proteção vertical para o operador e uma pia para limpeza
das luvas utilizadas para coleta e no manejo dos machos. O manequim pode ser
colocado na parte central da sala, em um dos cantos, posicionado de forma oblíqua,
ou mesmo contra uma das paredes. Deve haver um local apropriado para colocação
dos frascos de coleta, assim como papel-toalha. O piso deve ser construído com
leve rugosidade, para oferecer segurança ao animal no momento do salto e durante
a coleta.
O alojamento dos doadores e a sala de coleta são considerados áreas sujas
da Central.

7.4 LABORATÓRIO
O laboratório é dividido em sala de processamento de sêmen e sala de
lavagem e esterilização do material. A sala de processamento do ejaculado deve ter
bancadas e paredes laváveis, temperatura controlada e boa iluminação. Nas
bancadas estarão disponíveis os equipamentos e materiais para manipulação do
sêmen, esse setor é denominado área limpa.
A sala de lavagem e esterilização também é considerada área úmida do
laboratório, na qual são lavados, preparados e esterilizados todos os materiais a
serem usados, tanto na área suja, como na área limpa. Esse setor é considerado
intermediário entre o laboratório de processamento do sêmen e o local de
alojamento e coleta dos doadores de sêmen.
Deve-se evitar a passagem direta do funcionário da área contaminada para as
demais. Em Centrais maiores, onde existem funcionários restritos aos setores, isso é
facilmente seguido. Nas Centrais menores, por outro lado, essa recomendação não
é fácil de ser seguida, pois, muitas vezes, um único funcionário é responsável pelas
atividades realizadas nos três setores. Nesse caso, recomenda-se que, ao entrar na
área suja para a intermediaria, o funcionário higienize as mãos e troque a roupa,
incluindo calçados, diminuindo assim o grau de contaminação ambiental da área
limpa.

7.5 COLETA DE SÊMEN

As coletas devem ser realizadas na sala de coleta sobre o manequim fixo,


com altura regulável, adaptando o mesmo à altura do macho. Eventualmente, a
coleta pode ser realizada na baia dos machos sobre o manequim móvel, mas deve
ser evitadas, devido a maior possibilidade de contaminação do ejaculado.
O macho deve ser conduzido até a sala de coleta, o coletador usa luvas de
vinil por baixo das luvas de plástico que serão descartadas após a limpeza do
prepúcio com papel toalha.
O material para coleta de sêmen: copo de plástico descartável com
capacidade de 300 ate 500 ml para coleta do ejaculado; suporte de isolamento
térmico para o copo de coleta; filtro de TNT para reter a fração gelatinosa; luvas de
vinil para coleta e luvas descartáveis para higiene prepucial.
As coletas são realizadas normalmente na parte da manhã.
O copo de coleta devera ser preparado previamente e ter sobre sua abertura
um filtro de TNT preso com elástico de borracha, evitando que a fração gelatinosa
entre no copo e fique em contato com o restante do ejaculado. O copo devera estar
à temperatura de 32 a 35 ºC. A coleta de sêmen deve ser realizada pelo consagrado
método da mão enluvada, onde a ponta do pênis é fixada diretamente com a mão,
permitindo que 2 a 3 cm da porção cranial da mesma fiquem livres. Dessa maneira,
o ejaculado vai, diretamente, do meato uretral para o copo de coleta, evitando um
contato indesejável com as luvas do operador. A coleta deve ser muito cuidadosa,
para evitar contaminações, que, na maioria das vezes, são provenientes de líquidos
oriundos do prepúcio, mesmo nos caos em que tenha sido realizada uma higiene
prepucial pré-coleta satisfatória.
O ejaculado pode ser dividido em quatro fases distintas, sendo elas:
• Fase das Uretrais: são os primeiros 10 a 15 ml liberados, proveniente
das glândulas uretrais, apresentando coloração translúcida, cuja
função é limpar a uretra para passagem doas demais fases. Essa fase
sempre é descartada diminuindo, com isso, a contaminação do
ejaculado;
• Fase Rica: é uma fase leitosa que contém o maior percentual de
espermatozóides do ejaculado, constituída de plasma seminal e de
70% dos espermatozóides liberados;
• Fase Pobre: é uma fase de aspecto soroso que contém em sua maioria
a secreção das vesículas seminais e o restante dos espermatozóides
do ejaculado;
• Fase Gelatinosa: é composta pela secreção das glândulas bulbo-
uretrais e é eliminada lentamente, normalmente, ao longo dos 2/3 finais
da ejaculação.
7.5.1 Freqüência de Coletas

A freqüência que os machos são coletados para fins de Inseminação Artificial


deve levar em conta a idade dos mesmos e a produção espermática individual, bem
como a demanda de sêmen do doador dentro do programa.
A produção espermática varia de acordo com o macho, raça, época do ano,
meio ambiente, idade, nível nutricional e tamanho do testículo. Por outro lado, a
maior freqüência de coletas, principalmente em intervalos curtos, pode causar
prejuízo à qualidade do ejaculado.
Machos adultos podem ser submetidos a duas, ou, ate mesmo, três coletas
semanais, sem que haja comprometimento de sua capacidade de produção
espermática, enquanto que machos jovens (oito a doze meses de idade) podem ser
coletados uma ou duas vezes por semana.
Os machos que não estão sendo utilizados temporariamente devem ser
coletados rotineiramente, pelo menos uma vez por semana. Com isso é mantida a
qualidade espermática e o condicionamento dos animais às coletas.
7.5.2 Exame do Ejaculado

TABELA 5 – AVALIAÇÃO DO EJACULADO.


Avaliação Exames Rotina Exames Tomada de
Seminal Especiais dados
Em Nível de *Cor *Motilidade: *Fichas
Granja *Odor percentagem e seguimento
*Volume qualidade
**Concentração
***Morfologia
*Aglutinação
Em Nível de *Cor *Motilidade: ** Uso de
CIA (sêmen *Odor percentagem e Programas de
fresco e *Volume qualidade gestão de I.A.
conservado) **Concentração
***Morfologia
espermática
***Acrossomia
*Aglutinação
***Contaminação
Em Nível de *Motilidade: ***Análises *uso de
laboratório de percentagem e bioquímica programas
apoio (sêmen qualidade ***Análises informáticos
conservado) *Morfologia microbiológica (base de
espermática ***Análise dados).
*Acrossomia biológica
**ORT
* Prática normalmente empregada.
**Somente em alguns casos
*** Pratica raramente empregada **ORT Teste de resistência osmótica – avaliar
resistência do acrossoma.
Fonte: Nocera, 1999.

O exame macroscópico consiste na avaliação do volume, cor, odor e aspecto.


• Volume: pode ser medido com uma leitura direta no copo de coleta. A forma
mais prática é medir o volume por meio do seu peso, cada grama
corresponde a 1 ml, o ejaculado deve ser coletado em copo de coleta com
peso conhecido. A precisão na determinação do volume é importante para
maximizar a produção de doses de sêmen;
• Cor: a cor do ejaculado suíno varia de branco a branco-acinzentado ao
amarelo claro. Essas variações podem depender do próprio cachaço ou de
sua nutrição. Cores amareladas fortes ou rosadas podem indicar presença de
células inflamatórias ou, ate mesmo, sangue no ejaculado;
• Odor: o odor do ejaculado é característico e eventuais contaminações, por
secreções prepuciais ou urina, são facilmente detectadas;
• Aspecto: relação entre aspecto e concentração espermática no suíno.

TABELA 6 – ASPECTOS DO EXAME MACROSCÓPICO DO SÊMEN

Aspecto visual Número de espermatozóides/mm3


Aquoso Ausência ou número reduzido
Soroso 0,050-0,200 X 106
Soro-leitoso 0,200-0,450 X 10
Leitoso 0,450-0,800 X 10
Leitoso denso > 0,800 X 10
Fonte: Sobestiansky, 1998.
Exame Microscópico

• Motilidade: indica a viabilidade do sêmen, o exame consiste em colocar uma


gota de sêmen entre lâmina e lamínula, pré-aquecidas a 35ºC, e examinar ao
microscópico óptico de campo claro, a um aumento de 100 a 400 vezes. Para
evitar erros de avaliação, é recomendado que a motilidade seja estimada logo
após a colocação da lamínula sobre a gota de sêmen, visto que os
espermatozóides reduzem rapidamente a sua atividade nesse preparo, devido
à baixa tensão de oxigênio. A motilidade é determinada baseada no numero
total de células móveis nos vários campos examinados. O percentual mínimo
aceitável para liberar um ejaculado para processamento é de 70%.
Ejaculados com percentuais de células moveis abaixo de 70% são
descartados.
• Aglutinações: as aglutinações são observadas em praticamente todos
ejaculados na espécie suína, com pequenas variações de intensidade.
Normalmente essas aglutinações ocorrem cabeça-cabeça e são visíveis no
momento em que se examina a motilidade do sêmen in natura ou mesmo
diluído. As aglutinações são classificadas em:
Negativa ausência de aglutinação
+ 1-2 aglutinações por campo
++ 3-5 aglutinações por campo
+++ >6 aglutinações por campo
As aglutinações espermáticas, quando muito intensas, causam dificuldades e
erros na avaliação da concentração, independente do método utilizado e são
motivo de descarte do ejaculado. Flowers (1996) relata que em muitas
centrais, ejaculados que apresentam um percentual muito alto de
aglutinações espermáticas (>30%) são rejeitados, mesmo não sendo bem
esclarecida a relação entre as aglutinações e um possível efeito sobre a
fertilidade.
• Concentração: por meio da determinação da concentração espermática,
aliada ao volume, pode ser determinado o numero total de espermatozóides do
ejaculado e, com isso, calcular o número de doses possíveis.
• Morfologia espermática: determina a percentagem de espermatozóides do
ejaculado com alteração na sua morfologia. O exame consiste em observar uma
amostra de sêmen previamente preparada, por esfregaço corado, sob um
aumento mínimo de 1000X, em microscópio de campo claro e campo claro
equipado com contraste de fase, respectivamente. A avaliação é realizada
considerando alterações de cabeça, acrossoma, colo, peça intermediaria e
cauda. As alterações totais não devem ultrapassar 20%. No suíno a gota
protoplasmática distal não tem sido qualificada como tendo significado patológico
e, consequentemente, não computada para o total de alterações. Deve ser
questionada, entretanto, essa interpretação, principalmente nos casos de GPD
elevada, apesar do conceito generalizado de não ter significado patológico.

• Fatores que interferem na qualidade espermática.

FIGURA 10 – CAUDA ENROLADA.

Cauda Enrolada
• Choque térmico
• Choque osmótico
• Alteração do pH
• Substancia espermicida
• Alta TºC
• Estado febril do animal

FIGURA 11 – GOTAS CITOPLASMÁTICAS.


Gotas Citoplasmáticas (proximal e distal).
• Célula imatura (macho novo)
• Lesão testicular
• Super utilização
• A gota distal considera-se espermatozóide
fértil.

FIGURA 12 – PROBLEMAS COM DESENVOLVIMENTO.

Problemas com desenvolvimento


• Movimento lento
• infértil

FIGURA 13 – AGLUTINAÇÃO.

Aglutinação
• Alta TºC
• Manejo inadequado do ejaculado
• Problemas do macho (armazenamento)
• Alta concentração

FIGURA 14 – ACROSSOMIA.
Acrossoma
• Normal
• danificado

TABELA 7 – TIPOS DE ALTERAÇÃO E SUAS PORCENTAGENS.

Tipo de alteração % Máximo


Cabeça 5,0
Acrossomo 5,0
Colo 5,0
Peça intermediária 5,0
Gota protoplasmática proximal 10,0
Cauda 10,0
Total de alterações 20,0
Fonte: Sobestiansky, 1998.

7.6 CONSERVAÇÃO DO SÊMEN

A conservação do sêmen do suíno é realizada na base de diluentes tipo


salino, entre eles, BTS, Vital, IVT, X-Cell, Kiev, etc., que não contém leite ou gema
de ovo. Os diluentes podem ser classificados em:
• Diluente de curta duração: mantém o poder de fecundação do sêmen durante
1 a 3 dias, por exemplo: BTS.
• Diluente de média conservação: prolonga este período para 4 dias, por
exemplo: Vital, Kiev, etc.
• Diluente de longa conservação: mais complexos, permitem conservar o
sêmen para 5 a 6 dias, por exemplo: X-Cell.
A eleição do diluente a ser empregado depende de muitos fatores, dentre os
quais estão: preço e qualidade, período do ano, distancia que o sêmen vai ser
transportado e acondicionado.
Outro fator importante na preservação do sêmen do cachaço é a temperatura.
Uma vez que o sêmen foi diluído a 32 – 34ºC, a temperatura deve ser reduzida de
forma gradual 2 a 3 horas até a temperatura de conservação 15 – 20ºC, isto
contribui para a diminuição do metabolismo e da motilidade espermática, assim
como contribui para frear o desenvolvimento bacteriano.
8 VANTAGENS DO USO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Na monta natural são sugeridas 20 fêmeas para cada macho, enquanto na


inseminação Artificial, é necessário em torno de 0,5 a 1% de machos para produzir
sêmen suficiente para duas inseminações por fêmea. Isso permite uma substancial
economia na compra dos machos, bem como em instalações e manutenção.
Por meio do uso intensivo dos melhores machos é permitido agregar
características de carcaça desejáveis, padronizando os animais produzidos para
abate; em programas de melhoramento genético a inseminação Artificial pode
diminuir as diferenças entre o núcleo genético e as multiplicadoras, com
conseqüente benefício para o extrato comercial.
Com a diminuição da entrada de animais na granja, diminuem também, os
riscos de entrada de doenças. Para entrar nas centrais de coleta, por sua vez, os
machos são testados e examinados, permanecendo no quarentenário até resultado
dos testes. Alem disso, a difusão de enfermidades, apesar de ser possível, através
da inseminação Artificial o risco é muito menor.
A prática de inseminação Artificial é envolvida com maiores cuidados
higiênicos, já que os equipamentos são limpos e esterilizados e ao sêmen é
acrescentado antibiótico para maior segurança. Isso implica em treinar as pessoas
responsáveis pela execução da inseminação Artificial sobre o significado da
esterilização e como manter esse material nesta condição.
Com a avaliação individual de cada ejaculado após a coleta, aqueles que
apresentarem problemas e forem declarados impróprios para o uso serão
eliminados, evitando assim, precocemente, o aparecimento de falhas reprodutivas, o
que não seria diagnosticado na monta natural.
Tem-se também, a diminuição nos custos, que esta relacionada,
principalmente, com a redução de mão-de-obra necessária para o manejo com os
machos.
Com a adoção de uma nova técnica de reprodução há uma melhora no nível
técnico do pessoal envolvido, ocorrendo um maior cuidado em relação à reprodução
como um todo, mas, essencialmente, na compreensão da fisiologia e do
comportamento do estro com o manejo da fêmea inseminada. A inseminação
Artificial, quando realizada dentro das recomendações e cuidados técnicos,
apresenta resultados iguais ou superiores à monta natural.
9 DESVANTAGENS DO USO DA INSEMINAÇÃO ARITIFICAL

Com o emprego da inseminação Artificial há a necessidade de uma estrutura


laboratorial mínima para coleta, avaliação e diluição do ejaculado, preparo do
diluente, limpeza e esterilização do material empregado para coleta, processamento
e Inseminação Artificial propriamente dita.
Também há a necessidade de pessoal treinado para as atividades
laboratoriais e para a execução da inseminação Artificial.
Além de que, o sêmen só pode ser armazenado por um curto período de
tempo. A capacidade de preservação do sêmen, limitado ao período de 72 horas,
exige facilidades de comunicação para encomenda e transporte das doses a partir
das CIAS. Em programas internos essa não é uma limitação, pois o sêmen é
utilizado além de um período de 36 horas de armazenamento.
10 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL PROPRIAMENTE DITA

A Inseminação é simples e prática, necessitando de um bom treinamento.


Para IA, são utilizados cateteres ou pipetas que podem ser descartáveis ou
reutilizáveis, que são esterilizadas, muitas vezes, na própria propriedade. Para uma
eficiente IA, são recomendadas as seguintes atividades:
• Limpar a seco a vulva com papel higiênico ou papel toalha;
• Cortar a ponta do adaptador do frasco de sêmen (bisnaga);
• Retirar a pipeta do plástico;
• Umedecer a ponta da pipeta com algumas gotas de sêmen;
• Abrir os lábios vulvares com o dedo indicador e polegar, e com a outra mão
introduzir a pipeta de IA à vulva em direção dorso-cranial, ou levemente
dirigida para cima e para frente, com leves movimentos de rotação para
esquerda ate ser fixada pela cérvice; e
• Adaptar o frasco à pipeta e introduzir o sêmen, promovendo leve pressão
sobre o frasco, durante um período mínimo de quatro minutos.

Durante a inseminação poderão ocorrer alguns problemas como:


• Após o inicio da IA poderá haver refluxo de sêmen, nesse caso a
pipeta deve ser readaptada, tentando introduzi-la um pouco mais, com
o mesmo movimento de rotação para esquerda;
• A pipeta não é fixada pela cérvice: o procedimento a ser adotado é o
mesmo do item anterior;
• Dificuldade de introdução da pipeta: acontece por algum obstáculo no
trato genital, como o anel himenal ou outras aderências adquiridas, ou
mesmo o mau posicionamento da pipeta;
• Hemorragias: acontecem por lesões provocadas pela pipeta, tanto na
mucosa como por rompimento do anel himenal ou outras aderências.

FIGURA 15 – DEMONSTRAÇÃO DA CORRETA INTRODUÇÃO DA PIPETA.


Fonte: www.mcguido.vet.br .

FIGURA 16 – DEMOSTRAÇÃO DA CÉRVICE EM FORMA DE ROSCA E A


INTRODUÇÃO DA PIPETA.

Fonte: www.mcguido.vet.br

11. OS SEIS PASSOS PARA UMA INSEMINAÇÃO EFICIENTE


PASSO 1. Transferência de Genes

• Aumentar rapidamente o potencial da progênie


O uso da transferência de genes permite o aumento do valor genético dos
descendentes, uma vez que diminui o tempo que uma melhoria genética, podendo
possibilitar algumas características de produção importantes e individualmente
escolhidas, os quais poderão ser incorporados em cachaços selecionados para a
inseminação.

• Aumentar a flexibilidade do sistema de produção

Através da inseminação Artificial é possível aumentar a flexibilidade do


sistema de produção, uma vez que permite a mudança de linhagens genéticas
imediatamente ao se adquirir o sêmen. A maior vantagem neste aumento de
flexibilidade é que quando o produtor precisa mudar a qualidade final do seu
produto, ou por uma mudança nas exigências do mercado, ele pode fazê-lo
rapidamente, o que não ocorre com a monta natural, onde o produtor tem que abater
os cachaços, substituí-los e ainda aguardar a maturidade sexual dos animais de
reposição.

• Melhorar o desempenho reprodutivo das fêmeas.

A utilização da Inseminação Artificial pode ser bastante efetiva para melhorar


o desempenho reprodutivo das fêmeas de uma granja, por duas razoes importantes:
eliminação do efeito negativo do uso de machos de baixa fertilidade, que na grande
maioria das vezes não são detectados em sistemas de monta natural e eliminação
de erros de manejo e rotineiramente cometidos, que passam desapercebidos em
sistema de monta natural . Muitas granjas têm experimentado melhorias
significativas na taxa de retorno de cio quando as fêmeas são inseminadas com
sêmen de alta qualidade no momento correto. Esta melhoria é também devida ao
fato de que o sêmen é corretamente avaliado antes da inseminação, o que não
ocorre na monta natural, quando se assume que todos os ejaculados possuem
sêmen viável e fértil. Esta avaliação é muito importante em situações onde os
cachaços são submetidos a temperaturas ambientais muito altas (estresse calórico),
o que é comum em quase todas as regiões do Brasil.

• Ocupar os espaços dos cachaços da monta natural com o alojamento


de fêmeas de alta produção, aumentando o desempenho geral do
sistema.

Com o uso da I.A., o espaço físico das instalações antes ocupado pelo
rebanho de cachaços para monta natural, pode ser ocupado por fêmeas com
potencial genético para desmamar de 20 a 25 leitões anualmente. Com isto, o
produtor adiciona um aumento substancial ao resultado financeiro de sua operação
suinícola através do aumento do numero de leitões produzidos por fêmea/ano.

PASSO 2. Armazenamento e conservação do sêmen

Problemas na armazenagem do sêmen podem reduzir tanto a vida útil como


sua fertilidade. Alguns cuidados devem ser tomados para evitar-se que isso ocorra:
• O sêmen a ser transportado deve ser preservado em um diluente de
longa duração, capaz de conservar de 5 a 7 dias após a coleta;
O sêmen deve ser estocado entre 15 a 17 ºC; é
extremamente sensível e pode ser prejudicado por mudanças bruscas ou
flutuações constantes de temperatura;
• As doses de sêmen devem ser viradas duas vezes ao dia, o que
permitirá aos espermatozóides um melhor contato com os nutrientes
contidos no diluente, aumentando assim sua vida útil;
• Deve-se retirar o sêmen do refrigerador apenas dentro da sala,
evitando recolocar no refrigerador sêmen que retornou da área de
inseminação; retirar apenas a quantidade de sêmen suficiente por uma
hora de trabalho, levando em conta o fato de que, em média, uma
pessoa realiza oito inseminações por hora. Todo sêmen retirado do
refrigerador deve ser transportado ate a área de inseminação em um
recipiente com isolamento.
PASSO 3 . Detecção de cio

A detecção correta do cio é um dos aspectos mais importantes para um


programa de Inseminação Artificial bem sucedido. Este procedimento deve ser
realizado devagar e metodicamente todos os dias. Uma boa detecção de cio permite
ao inseminador programar a hora da inseminação com maior precisão. Os itens a
seguir poderão ajudar para uma boa detecção de cio:
• Iniciar os trabalhos de checagem de cio em aproximadamente uma
hora após a alimentação das fêmeas;
• Checar o cio duas vezes ao dia, com no mínimo oito horas entre cada
checagem e sempre com a utilização do cachaço;
• Usar um cachaço mais velho, experiente, treinado e com boa libido;
• Permitir uma boa exposição das fêmeas ao cachaço, para um melhor
efeito estimulador;
• Alguns sinais pré-cio apresentados pelas fêmeas são: morder barras,
montar em outras fêmeas ou saltar na divisória entre baias, emitir
grunhidos constantemente, ficar agitada, procurar pelo cachaço, vulva
inchada e vermelha;
• Prolongar a exposição do macho quando estiver checando o cio em
leitoas, uma vez que as mesmas tendem a ser mais nervosas e
inquietas. Se estivermos checando o cio em uma baia, não devemos
utilizar um cachaço muito agressivo;
• Os sinais de cio em leitoas tendem a aparecer em torno de 48 a 72
horas antes do aparecimento do reflexo de imobilização ao cachaço;
• Evitar que as fêmeas se acostumem com a exposição ao macho por
excesso de contato, isto dificulta a detecção do cio. Os cachaços
devem ser alojados de forma que fêmeas desmamadas e leitoas
possam vê-los e sentirem seu cheiro. Uma exposição intensa, mas
durante curtos intervalos produz resultados mais eficientes e facilita a
detecção do cio. Períodos de exposição de 10 a 20 minutos por vez
são suficientes;
• Uma fêmea é capaz de apresentar o reflexo de imobilidade por apenas
8 a 12 minutos por hora e é fisicamente incapaz de exibir este reflexo
novamente antes de decorrida hora. Uma inseminação realizada
durante este período “refratário” será possivelmente um desperdício de
tempo, uma vez que a freqüência de contrações uterinas estará
possivelmente um desperdício de tempo, uma vez que a freqüência de
contrações uterinas estará baixa e de pouca intensidade e o refluxo de
sêmen poderá ser bastante maior do que o normal.

PASSO 4. Momento de Inseminar

A inseminação com uma dose de sêmen de qualidade na hora e local corretos


é absolutamente essencial para o sucesso de um programa de inseminação
Artificial. Uma fêmea no cio irá mostrar os seguintes comportamentos: orelhas
arrebitadas; perda de apetite; reflexo de imobilidade ao macho; costas arqueadas;
tremedeira; olhar “vidrado”; cauda estirada para cima com movimentos rápidos para
cima e para baixo, secreção vaginal de muco claro; vulva inchada e avermelhada;
reflexo de tolerância ao teste de pressão nas costas feito pelo homem. Nem sempre
todos estes sinais sertão observados em uma fêmea no cio. Diferentes fêmeas
expressão os sinais de formas diferentes e o inseminador deve ser capaz de
identificar estes sinais. Uma detecção de cio de forma correta é componente
essencial para o sucesso da inseminação Artificial.
O sêmen precisa estar exposto ao ambiente intra-uterino por pelo menos 6 a
8 horas para que sua capacitação ocorra. Deste modo, é absolutamente essencial
que o sêmen seja inseminado antes do inicio do processo de ovulação, de forma a
estar pronto e esperando pelos óvulos liberados no local de fertilização.
Fêmeas que entram no cio logo após a desmama normalmente apresentam
um cio mais longo e, de maneira geral, irão ovular no terço final do período de cio.
Por outro lado, fêmeas que apresentam cio mais tardiamente após o desmame tem
um período de cio mais curto, mas continuam a ovular no terço final deste período;
inseminar as fêmeas pelo menos dias vezes com intervalo de 12 a 18 horas entre as
inseminações. Ao se iniciar um programa de Inseminação Artificial pode ser
vantajoso realizar-se três inseminações em um período de 24 horas (manhã/ tarde/
manhã ou tarde/ manhã/ tarde), para compensar uma checagem de cio não muito
apropriada e consequentemente uma má estimativa do momento correto de
inseminação.

TABELA 8 – MOMENTO IDEAL PARA INSEMINAR.

MANEJO HORARIO 1º DIA 2º DIA 3º DIA


REPRODUTIVO
UMA DETECÇÃO DE MANHA Cio 1º IA Cio 2º IA * 3º IA
CIO POR DIA TARDE
MANHA Cio Cio 2º IA * 3º IA
DUAS DETECÇÕES TARDE 1º IA
DE CIO POR DIA MANHA Cio 1º IA * 3º IA
TARDE Cio 2º IA
CRIADEIRAS EM CIO MANHA Cio Cio 1º IA * 3º IA
AO 3º E 4º DIA PD TARDE Cio 2º IA
CRIADEIRAS EM CIO MANHA 1º IA 3º IA
C/ MAIS DE 7 DIAS PD TARDE 2º IA
MARRÃS COM 2 MANHA 1º IA 2º IA
INSEMINAÇÕES TARDE
MARRÃS COM 3 MANHA 1º IA 3º IA
INSEMINAÇÕES TARDE 2º IA
PD: Pós desmame *: Se houver cio.
Fonte: Medvet – Assistência e Comercialização de Sêmen Suíno.

PASSO 5. Inseminação

A inserção correta da pipeta é essencial para uma boa inseminação. A pipeta


limpa deve ser “presa” dentro doas dobras cervicais. Este procedimento forma um
lacre justo, maximiza os efeitos estimulatórios e minimiza o refluxo e a perda de
sêmen. Alguns procedimentos importantes durante a inseminação são listados a
seguir:
• Mais de um inseminador trabalhando em conjunto para evitar cansaço;
• Sempre checando o cio usando o teste de pressão nas costas das fêmeas;
• A vulva deve ser limpa usando papel toalha seco e limpo. Toalhas úmidas ou
molhadas podem levar a contaminação da ponta da pipeta por fezes e
bactérias. Essas bactérias podem penetrar no organismo da fêmea com o
auxilio das contrações uterinas durante a inseminação;
• Estimulação da fêmea durante todo o processo da inseminação, usando as
mesmas técnicas que o cachaço usaria, tais como pressão no dorso, esfregar
os flancos e o ventre;
• Preparar a dose de sêmen;
• Uma inseminação dura em media de 5 a 6 minutos.
PASSO 6. Manejo Pós Serviço

A infusão do sêmen é apenas uma parte do processo reprodutivo. O


transporte de sêmen no ambiente intra-uterino será auxiliado pela implementação
dos seguintes procedimentos:
• Deixar o cachaço exposto à fêmea por pelo menos 10 minutos
após a inseminação;
• O cachaço é uma parte essencial do processo de inseminação
artificial. Sua exposição à fêmea permite um melhor transporte
do sêmen, por causa das contrações uterinas e diminui o refluxo
do mesmo;
• O cachaço deve ser removido após este processo e não o
expondo novamente à fêmea ate a próxima inseminação.

CONCLUSÃO

Após visto a opinião de autores de épocas diferentes, fica evidente o quão


importante é o bom manejo da Inseminação Artificial em Suínos.
Além de considerar a sua função de Médico Veterinário, que acima de tudo
busca o bem estado animal, deve-se também visar o lado econômico, pois, o
mercado de suínos movimenta uma quantia grande de dinheiro e seu cliente não
estará disposto a ter prejuízo.
A suinocultura paranaense é de fundamental importância no contexto
socioeconômico do Estado, o que provoca efeitos multiplicadores de renda e
empregos, intensificando a demanda de insumos agropecuários e a expansão dos
setores de comercialização e agroindústrias. O Paraná fechou 2004 com o segundo
maior rebanho do País, com 4,2 milhões de cabeças, atrás apenas de Santa
Catarina.
Portanto, para que o Paraná, e principalmente, o Suinocultor paranaense
continue a ter resultados satisfatórios, é de suma importância que além de um
manejo eficiente interno da granja, o princípio do seu produto final seja de ótima
qualidade, estendendo assim genética, central de coletas de sêmen suíno e a
Inseminação Artificial propriamente dita.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• ARTHUR, G.H.; NOAKES, D.E.; PEARSON, H. Veterinary reproduction and


obstetrics 6ºedição. Londres, 1989. Acessado em 19.10.2006 às 08:40.

• FELÍCIO, Sergio. Inseminação Artificial e Produção Animal. Acessado em


15.10.2006 às 10h30min.

• FILHO, Antonio Mies. Reprodução dos Animais e Inseminação Artificial.


3ºedição, 1ºvolume. Sulina: Porto Alegre: 1975.
• HAFEZ, E.S.E. Reprodução Animal. Manole LTDA: São Paulo: 2001.

• ROCHA, Danilo. Manual 2005 da Reprodução Topigs. Acessado em


15.10.2006 ás 11h00min.

• SOBESTIANSKY, Jurij; WENTZ; SILVEIRA, Paulo R.S.; SESTI, Luiz A.C.


Suinocultura Intensiva – produção, manejo e Saúde do Rebanho. Embrapa:
Concórdia - Santa Catarina: 1998.

• VIANNA, Antonio Teixeira. Os Suínos – Criação e Pratica Econômica. Nobel:


São Paulo: 1981.
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde

Curso de Medicina Veterinária

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


(T.C.C.)

Bruna Pinheiro Cortellete

Curitiba
Novembro 2006
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde

Curso de Medicina Veterinária

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


(T.C.C.)

Curitiba
Novembro 2006

ii
Reitor
Profº Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitor Administrativo
Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitora Acadêmica
Profª Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento
Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão


Profª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini

Secretário Geral
Profº João Henrique Ribas de Lima

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde


Profº João Henrique Faryniuk

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária


Profª Neide Mariko Tanaka

Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária


Profº Elza Ciffoni

Metodologia Científica
Profª Lucimeris Ruaro

CAMPUS CHAMPAGNAT
Rua.Marcelino Champagnat, 505 - Mercês
CEP 80.215-090 – Curitiba – PR
Fone: (41) 3331-7953
Iii
APRESENTAÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de


Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da
Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de
Médico Veterinário é composto de um Relatório de Estágio, no qual são descritas
as atividades realizadas durante o período de 02/08 a 28/09/2006, período este em
que estive na Empresa MedVet- Comércio de Sêmen e Consultoria, localizada no
município de Arapoti – Pr, cumprindo estágio curricular e também de uma
Monografia que versa sobre o tema: “Inseminação Artificial em Suínos”

iv
Aos meus avós, José Maria e Catharina Cortellete, pela realização
de um sonho.

DEDICO

V
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus avós por terem proporcionado a realização de um sonho,

Agradeço aos meus pais, Antonio e Lucimar, pelo apoio e confiança,

Agradeço as minhas amigas, Adriana, Lílian e Mariana pelo incentivo e amizade,

Agradeço ao Professor Antonio Carlos do Nascimento, pelo carinho e amizade


nesses anos,

Agradeço ao Professor Paulo Roberto Nocera, pela oportunidade oferecida,

Agradeço ao Dr. Otávio Suzuki, e toda equipe MedVet, pela chance de estágio e por
em nenhum momento terem negado a passar seus conhecimentos.

Vi
Parte de nós é entendimento... Mas a outra parte é aprendizado.
Paulo Coelho

Vii
Bruna Pinheiro Cortellete

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

Relatório de Estágio Curricular apresentado ao


Curso de Medicina Veterinária da Faculdade
de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti
do Paraná, como requisito parcial para obtenção do
título de Médico Veterinário.

Professor Orientador: Dr. Paulo Roberto Nocera.

Orientador Profissional: Dr. Otávio Suzuki.

Curitiba
Novembro 2006
SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS............................................................................................... iii


LISTA DE FIGURAS............................................................................................... iv
RESUMO....................................................................................................................................... v
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO............................................................. 2
3 ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO........................................................ 3
3.1 CENTRAL DE COLETA DE SEMEN SUINO............................................... 3
3.1.1 Entrada........................................................................................................... 3
3.1.2 Laboratório..................................................................................................... 4
3.1.3 Sala de coleta e contenção dos machos........................................................ 4
3.1.4 Classificação dos machos.............................................................................. 4
3.1.5 Montagem do laboratório................................................................................ 6
3.1.6 Coleta.......................................................................................................... 6
3.1.7 Avaliação morfológica................................................................................... 13
3.1.7.1 Materiais e métodos................................................................................... 15
3.1.7.2 Achados num teste de morfologia .............................................................. 16
3.1.8 Manejo da Central.......................................................................................... 18
3.1.8.1 Quarentenário............................................................................................. 18
3.1.8.2 Machos........................................................................................................ 19
3.1.8.3 Geral............................................................................................................ 19
3.1.8.4 Descarte...................................................................................................... 19
3.2 GRANJA ANGELINA......................................................................................... 20
3.2.1 Gestação........................................................................................................ 20
3.2.2 Maternidade................................................................................................... 22
3.2.3 Sala de inseminação Artificial........................................................................ 22
3.2.4 Creche........................................................................................................... 24
3.2.5 Cachaços....................................................................................................... 25
3.2.6 Marrãs............................................................................................................ 26
3.2.7 Rotina da granja............................................................................................. 26
3.3 RELATO DOS CASOS................................................................................... 27
3.3.1 Estrogenismo.................................................................................................. 27
3.3.1.1 Definição e Etiologia................................................................................... 27
3.3.1.2 Epidemiologia.............................................................................................. 27
3.3.1.3 Patogenia.................................................................................................... 28
3.3.1.4 Sintomas..................................................................................................... 28
3.3.1.5 Diagnóstico............................................................................................... 29
3.3.1.6 Tratamento e Controle................................................................................ 29
3.3.1.7 Relato do caso............................................................................................ 30
3.3.2 Infecção por Circovírus................................................................................... 33
3.3.2.1 Definição e Etiologia................................................................................... 33
3.3.2.2 Epidemiologia.............................................................................................. 33
3.3.2.3 Sintomas..................................................................................................... 34
3.3.2.4 Diagnóstico................................................................................................. 35
3.3.2.5 Controle...................................................................................................... 35
3.3.2.6 Relato do caso............................................................................................ 35
3.3.3 Síndrome dos Membros Abertos.................................................................... 37
3.3.3.1 Definição e Etiologia ................................................................................... 37
3.4.3.2 Patogenia.................................................................................................... 38
3.3.3.3 Sintomas...................................................................................................... 39
3.3.3.4 Diagnóstico................................................................................................. 40
3.3.3.5 Controle....................................................................................................... 40
3.3.3.6 Relato do caso............................................................................................. 41
4 CONCLUSÃO....................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 43

x
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – MACHO TOPPI................................................................................. 5

FIGURA 2 – MACHO AG 337 TG ELEITE............................................................. 5

FIGURA 3 – MACHO PERNALAN......................................................................... 5

FIGURA 4 – MACHO SUINOGEM......................................................................... 5

FIGURA 5 – MACHO AG PIC 412 S...................................................................... 5

FIGURA 6 – MACHO DALBOAR 85..................................................................... 5

FIGURA 7 – MACHO DALLAND FÊMEA............................................................... 6

FIGURA 8 – MACHO MS 60 EMBRAPA................................................................ 6

FIGURA 9 – O MACHO É CONDUZIDO ATÉ A SALA DE COLETA................... 7

FIGURA 10 - O MACHO FAZ O RECONHECIMENTO DO MANEQUIM............. 7

FIGURA 11 – OCORRE O SALTO SOBRE O MANEQUIM................................. 7

FIGURA 12 – POSICIONAMENTO CORRETO SOBRE O MANEQUIM............... 8

FIGURA 13 – O COLETADOR FAZ O ESGOTAMENTO DE URINA QUE FICA


RETIDA NO PREPUCIO..................................................................... 8

FIGURA 14 – OCORRE A EXPOSIÇÃO DO PENIS E RETENÇÃO DA


GLANDE.............................................................................................. 9
FIGURA 15 – PESAGEM EM GRAMAS DO EJACULADO................................... 9

FIGURA 16 - ADIÇÃO DE 9 ml DE DILUENTE NO ESPERMODENSÍMETRO... 10

FIGURA 17 - ADIÇÃO DE 1ml DE SEMEN PURO NO


ESPERMODENSÍMETRO................................................................... 10
FIGURA 18 - COMPARAÇÃO COM A TABELA PARA MEDIR A DENSIDADE
DO SEMEN......................................................................................... 11
FIGURA 19 – SEMEN ADICIONADO AO DILUENTE........................................... 12

FIGURA 20 – HOMOGEINIZADO DELICADAMENTE PARA NÃO FORMAR


ESPUMA.............................................................................................. 12

FIGURA 21 – PRODUTO FINAL........................................................................... 13


FIGURA 22 – ACROSSOMA NORMAL E ACROSSOMA DANIFICADO.............. 13

FIGURA 23 – ESPERMATOZOIDE COM CAUDA ENROLADA............................ 14

FIGURA 24 – ESPERMATOZOIDES EM AGLUTINAÇÃO.................................... 14

FIGURA 25 – ESPERMATOZOIDE COM GOTA CITOPLASMÁTICA................... 15

FIGURA 26 – PARAMETROS PARA UTILIZAÇÃO DO SEMEN........................... 16

FIGURA 27 – CÉLULAS DE DESCAMAÇÃO........................................................ 16

FIGURA 28 – ESPERMATOZOIDE COM CAUDA EM LAÇÕ............................... 17

FIGURA 29 – PONTOS DE ALGUTINAÇÃO......................................................... 17

FIGURA 30 – ESPERMATOZOIDE COM GOTA DISTAL..................................... 17

FIGURA 31 – ESPERMATOZOIDE NORMAL....................................................... 18

FIGURA 32 – SALA DE GESTAÇÃO – BAIAS COLETIVAS................................. 20

FIGURA 33 – CORTE DOS DENTES DOS RECEM-NASCIDOS......................... 21

FIGURA 34 – CORTE DA CAUDA DOS RECEM-NASCIDOS.............................. 22

FIGURA 35 – PROSTAGLANDINA SINTÉTICA.................................................... 22

FIGURA 36 – UTILIZAÇÃO DO MACHO PARA DETECÇÃO DO CIO DAS


FEMEAS.............................................................................................. 23
FIGURA 37 – INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL.......................................................... 24

FIGURA 38 – ALIMENTAÇÃO DOS LEITOES NA CRECHE................................ 25

FIGURA 39 – CRECHE.......................................................................................... 25

FIGURA 40 - ANIMAIS DA FASE TERMINAÇÃO INQUIETOS............................ 31

FIGURA 41 - DIFERENÇA DE PESO ENTRE OS ANIMAIS................................ 31

FIGURA 42 – VULVOVAGINITE........................................................................... 31
FIGURA 43 - SILAGEM DE MILHO ÚMIDO......................................................... 32
FIGURA 44 – ADSORVENTE USADO PARA MINIMIZAR A MICOTOXINA
ENCONTRADA NA SILAGEM DE MULHO ÚMIDO........................... 32
FIGURA 45 – INFECÇÃO POR CIRCOVÍRUS – FASE DE CURA........................ 36

FIGURA 46 – INFECÇÃO POR CIRCOVÍRUS – FASE INICIAL........................... 36

FIGURA 47 – RECÉM NATO COM SÍDROME DOS MEMBROS ABERTOS....... 41


RESUMO

A criação de suínos hoje em dia é altamente profissional, sendo que,


representa uma boa parcela do agronegócio brasileiro. Com isso, o Médico
Veterinário passa a cada vez mais ter que ser profissional e atualizado com as
novas tecnologias existentes, principalmente na área de reprodução, pois os
resultados devem ser os melhores, isso só se consegue com uma renovação
diária dos conhecimentos.

Palavras-chave: Manejo; Sêmen; Micotoxina.

xiii
ABSTRACT

Nowadays the swine creation nowadays is highly professional. It represents an


expressive parcel of the Brazilian agrobusiness. The medical veterinarian
passes to each time more to have that professional and to be brought up to
date with the new existing technologies, mainly in the reproduction area,
therefore the results must be the best ones, this are only obtained with a daily
renewal of the knowledge.

Key word: Handle; Semen; Mycotoxin.

ixv
1. INTRODUÇÃO

Atualmente, no Brasil, existem cerca de 90 mil suinocultores. Destes, 30


mil estão no Paraná, que é o segundo estado produtor de suínos do país,
perdendo apenas para Santa Catarina. Em terceiro lugar, está o Rio Grande do
Sul.
O Brasil, apesar de ser um país continental, se tratando da suinocultura,
verifica que ela passou por profundas alterações tecnológicas nas últimas
décadas, visando principalmente o aumento de produtividade e redução dos
custos de produção. A suinocultura é uma atividade importante para a
economia brasileira, pois gera emprego e renda para cerca de 2 milhões de
propriedades rurais. O setor fatura mais de R$ 12 bilhões por ano.
A moderna suinocultura é uma atividade voltada para a produção de
suínos para abate e/ou para reprodução. Para que apresente alta produtividade
e baixos custos, é necessária uma perfeita interação e sincronização entre a
genética e a nutrição, com as instalações, manejo e recursos humanos, de
modo que os efeitos das forças negativas à produção sejam controlados e
minimizados, preferencialmente eliminados.
Uma das mudanças mais evidentes que está ocorrendo na suinocultura
brasileira é a tendência observada na diminuição do número de sistemas de
produção em funcionamento paralela a um aumento no número de matrizes em
cada sistema de produção.
Atualmente, estão disponíveis aos produtores, importantes tecnologias
de produção que irão desempenhar papel fundamental no crescimento e
consolidação da moderna suinocultura. Entre as mais importantes destacam-
se: moderna genética, nutrição separada por sexo, produção em sítios
separados, desmame precoce segregado, nutrição separada por fase de
crescimento, controle informatizado da produção e inseminação artificial.
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO

O Estágio Curricular foi realizado do dia 02 de agosto de 2006 a 28 de


setembro de 2006, totalizando assim, as horas exigidas. Estagiei na Empresa
MedVet – Assistência Veterinária e Comercialização de Sêmen Suíno,
localizada na cidade de Arapoti – Paraná. Este estágio foi divido em três
períodos: Central de Coleta de Sêmen Suíno, Manejo da Granja Angelina e
Visitas com o Médico Veterinário.
No primeiro período de três semanas, estagiei na Central de Coleta,
onde aprendi, além do manejo geral, todo o processo de coleta, diluição e
envasamento do sêmen. Como o fluxo de pedidos para a semana é intenso,
mesmo com o término desse período, continuava a estagiar todas as
segundas-feiras.
No segundo período de duas semanas, participei de todo processo de
manejo que uma granja suína pode realizar, passando por todas as unidades,
de Gestação a Creche, de auxílio ao parto a contabilidade da semana; este
processo foi feito em outras duas granjas, no mesmo período, onde o Técnico
Valdir Bortulli é responsável.
No terceiro período, acompanhei o Médico Veterinário Otávio Suzuki, em
visitas programadas nas granjas associadas à Cooperativa.
No decorrer do referido trabalho serão abordados assuntos
considerados pela autora os mais importantes acontecidos no período
estabelecido. Portanto, o principal objetivo do estágio foi o de tentar adquirir o
máximo de conhecimento relacionado a esta área, visto que o mercado é
crescente e cada vez mais as biotecnologias são usadas com grande sucesso.
3 ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO

3.1CENTRAL DE COLETA DE SÊMEN SUÍNO

3.1.1 Entrada

A Central de Coleta de Sêmen Suíno funciona de segunda a sábado das


07h30min às 11h30min e das 13h00min às 17h00min e domingo das 07h30min
às 08h30min e das 15h00min às 16h00min. Para entrar na Central é obrigatório
o uso de vestuário próprio, macacão branco e chinelo para a área interna e
macacão azul e botas de borracha para a área externa. Ainda compondo esta
parte, encontramos dois chuveiros e um banheiro para troca de roupa e
higieinização, refeitório e sala de medicamentos.

3.1.2 Laboratório

A primeira parte do laboratório é considerada área suja, por ser a sala de


lavagem e desinfecção de materiais. Nesta sala temos estufa seca, destilador,
geladeira (15 a 18 ºC), frigobar (3 a 8 ºC) e barriletes (armazenagem de água
destilada, num total de 130 litros).
A segunda parte é considerada área limpa, onde é realizada a diluição,
manipulação e análise do sêmen. Fazem parte desta sala: balança (em g.),
microscópio de contraste de fase (1000 X aumento), placa aquecedora para
lâminas e lamínulas, banho-maria, barriletes com batedor e termostato para
solução diluente e balança para pesagem do mesmo (em kg).

3.1.3 Sala de Coleta e Contenção dos machos


Ligada a área limpa do laboratório por uma janela, para não haver
contaminação, esta sala é formada apenas pelo manequim. Ao lado desta,
estão as baias onde os cachaços são acomodados. São 20 baias de 3X4 m
com cepilho e 6 baias de 2X3 m. No segundo barracão, estão 34 baias de 2X3
m, sala de coleta e contenção. Ao lado do primeiro barracão, encontra-se um
silo de 3 toneladas de ração peletizada e o quarentenário (onde é utilizado o
manequim móvel para cachaços novos).

3.1.4 Classificação dos Machos

As coletas são feitas na parte da manhã, por ser a parte mais amena do
dia; depende do pedido e quantidade de doses que são aceitas até às
10h00min.

FIGURA 1 – MACHO TOPPI. FIGURA. 2 – MACHO AG 337 TG ELITE.

FIGURA 3 – MACHO PERNALAN. FIGURA 4 – MACHO SUINOGEN.


FIGURA 5 – MACHO AG PIC 412 S. FIGURA 6 – MACHO DALBOAR 85.

FIGURA 7 – MACHO DALLAND FÊMEA. FIGURA 8 – MACHO MS 60


EMBRAPA.
3.1.5 Montagem do Laboratório (Área limpa)

A montagem da sala começa pela organização das fichas de intervalo


entre coletas e fichas de coleta; espermodensímetro; pipetas de 1ml e 10 ml;
preparo do diluente (50g/L) e termômetro a laser.

3.1.6 Coleta

São realizadas as coletas nas horas mais frescas do dia. O cachaço era
conduzido da sua baia até a sala de coleta (fig. 9), após o reconhecimento do
manequim (fig. 10) e vinha o salto (fig. 11 e fig. 12). Caso houvesse restos de
urina, era feito o esgotamento do prepúcio com uma luva de polietileno, que era
descartada (fig. 14).

FIGURA 9 – O MACHO É CONDUZIDO ATÉ A SALA DE COLETA.

FIGURA 10 – RECONHECIMENTO DO MANEQUIM.

FIFURA 11 – RECONHECIMENTO DO MANEQUIM.


FIGURA 12 – MONTA.

FIGURA 13 – ESGOTAMENTO DO PREPÚCIO.


Usando um copo de plástico com filtro de TNT dentro de um copo
térmico previamente aquecido a 37ºC e luvas de vinil, estimula-se o prepúcio
até a exposição do pênis, após se segura a glande, desprezando a primeira
fração do ejaculado, retendo no copo a segunda e terceira frações. Este
processo dura em média de 5 a 15 minutos, num total de 300 a 350 mL,
variando de macho para macho.

FIGURA 14 - RETENÇÃO DA 2º E 3º FRAÇÕES DO EJACULADO.

Após a coleta, o copo com o ejaculado é passado pela janela até o


laboratório previamente preparado para recebê-lo. O filtro é descartado, é feito
o registro da hora de entrada, número de identificação do macho e coletador; o
sêmen é pesado (fig. 15) (balança em g) e aferido a temperatura do mesmo
(normal de 33ºC a 35ºC), também registrados.

FIGURA 15 – BALANÇA EM GRAMAS.


Retira-se uma amostra do sêmen e com uma lâmina pré-aquecida a
37ºC verifiquei a motilidade dos espermatozóides (% de espermatozóides em
movimento). A verificação da densidade espermática, é feita com o
espermodensímetro adicionando 9 mL de diluente e 1 mL de sêmen puro,
homogeneizando a solução compara-se com a tabela (fig.16, fig. 17 e fig. 18).
Para estipular o número de doses possíveis por ejaculado usa-se a formula
abaixo.

FIGURA 16 – ADIÇÃO DE 9 ML DE DILUENTE NO ESPERMODENSÍMETRO.


FIGURA 17 – ADIÇÃO DE 1 ML DE SÊMEN NO ESPERMODENSÍMETRO.

FIGURA 18 – COMPARAÇÃO COM A TABELA. DENSIDADE.


DILUIÇÃO = VOLUME x DENSIDADE x % MOTILIDADE
_______________________________________
BILHÕES POR DOSE
(Estimar o número de doses possíveis)

Para saber o volume exato de diluente a ser usado, usa-se a fórmula


abaixo.

DILUENTE = DOSES POSSÍVEIS x VOLUME x CAPACIDADE DA BISNAGA


(85mL).

Após isso, o sêmen é adicionado ao diluente (fig. 19), homogeneizado


(fig. 20) e retirado uma amostra para teste de conservação. Envasado; lacrado,
o lacre de cor vermelha indica que o sêmen é de um cachaço das linhagens
DALLAND – DALLAND FÊMEA – TOPPI, lacre verde: AGROCERES –
PERNALAN e lacre branco, LANDRACE; e etiquetado com data e número de
identificação do animal. As doses permanecem em repouso horizontal, por
maior área de decantação, no verão 1 hora e inverno 1 hora e 30 min, e são
armazenadas em geladeira a espera do produtor por no máximo 72 horas.

FIGURA 19 – ADIÇÃO DE SÊMEN AO DILUENTE.


FIGURA 20 – HOMOGENEIZAÇÃO DO SÊMEN COM O DILUENTE.

FIGURA 21 – PRODUTO FINAL.


3.1.7 Avaliação da Morfologia Espermática

É a principal análise feita na central, a partir dela é feita a classificação


dos machos (diluição – bilhões por dose).
Consiste na avaliação do acrossoma.

FIGURA 22 – ACROSSOMA.

Observam-se também defeitos de cauda, parte intermediária e gota


citoplasmática (proximal e distal).

FIGURA 23 – PRINCIPAIS CAUSAS DO APARECIMENTO DE


ESPERMATOZÓIDES COM CAUDA ENROLADA NO SÊMEN SUÍNO.
FIGURA 24 – PRINCIPAIS CAUSAS DO APARECIMENTO DE
ESPERMATOZÓIDES AGLUTINADOS NO SÊMEN SUÍNO.

FIGURA 25 – PRINCIPAIS CAUSAS DO APARECIMENTO DE


ESPERMATOZÓIDES COM GOTAS CITOPLASMÁTICAS NO SÊMEN SUÍNO.
.

Feito num intervalo de 30 a 45 dias ou a cada alteração no estado


normal do animal. Este teste é feito em todos os animais do quarentenário, serve
como “avaliação de descarte”, caso o primeiro teste não seja satisfatório, é feito
um segundo teste, se mesmo assim não for aceito dentro dos padrões, a
empresa que forneceu o animal terá que repor.
3.1.7.1 Material e Método para Avaliação Morfológica

São utilizados: laminas e lamínulas, tubo de ensaio, pipetador,


microscópio (1000X e contraste de fase), soro glutaraldeído (mata a célula,
mas mantém suas características morfológicas), pipeta de 1ml e óleo de
imersão.
Adiciona-se 1mL de soro no tubo de ensaio com mais 3 gotas de sêmen
puro ou 7 gotas de sêmen diluído, após mistura, coloca-se na lamina uma
gotícula do misturado e a lamínula por cima (ambas com limpeza prévia) e o
óleo de imersão, fazendo a análise.
È feita a contagem de 100 células e suas possíveis deformações.
Classificando assim o macho em questão.

FIGURA 26 – PARÂMENTROS PARA MOTILIDADE.


3.1.7.2 Achados de um teste de Morfologia Espermática realizado no dia
23/08/2006.

FIGURA 27 – CÉLULAS DE DESCAMAÇÃO.

FIGURA 28 – CAUDA EM LAÇO.


FIGURA 29 – AGLUTINAÇÃO.

FIGURA 30 – GOTA CITOPLASMÁTICA.


FIGURA 31 – ESPERMATOZÓIDES NORMAIS.

3.1.8 Manejo da Central

3.1.8.1 Quarentenário

Os animais vêm de empresas idôneas (Agroceres, Dalland Agrária,


Suinogen, Topgen e Embrapa). Ao receber os machos, com 180 dias de idade,
é feita a aplicação de antibiótico (Terramicina LA).
Na segunda semana pós chegada, é feito o treinamento dos machos
(incentivo ao salto no manequim móvel, 15 minutos por dia), após o primeiro
salto é feita a coleta de sêmen para verificação de volume, densidade,
aparência e morfologia.
A vacinação para pneumonia (Micoplasma) é feita aos 190 dias de
idade, Erisipela aos 215 dias de idade e Parvovirose aos 215 dias de idade. É
colhido sangue para análise e raspagem de pele (sarna). Assim é feita a
inclusão do macho na central.

3.1.8.2 Machos

É feito tratamento dos cascos com krona® (sulfato de Cu e formol) a


cada dois meses ou sempre que necessário. Corte dos pêlos do prepúcio, corte
dos dentes e casqueamento a cada três meses ou sempre que preciso.
A alimentação é fornecida aos animais às 07h30min e às 15h00min com
1,2kg de ração BG cachaço, alto valor energético (semelhante a ração
lactante). Aplicação de suplemento vitamínico (Aminostress® 5 a 8 ml por
animal via oral) uma vez por semana.

3.1.8.3 Manejo Geral

Feita lavagem, desinfecção e pintura (Cal) das baias uma vez por mês
no barracão 1 e no barracão 2 uma vez por semana, sempre junto ao trato,
menos stress aos animais. A temperatura ideal dos barracões gira em torno
dos 19ºC, protegida por cortinas.
A sala de coleta é lavada e desinfetada sempre que for usada.
Os animais são mudados de baias uma vez por mês (os mais velhos
ficam no barracão 1 e os mais novos no barracão 2), segundo o Técnico
Responsável, esse manejo aumenta o libido dos machos.

3.1.8.4 Descarte dos Animais

Os principais critérios para o descarte de machos na central são:


morfologia, aprumos, linhagem (preferência dos clientes), idade (2 a 3 anos) e
score corporal. Comprovado o descarte, é feita a castração, e após 50 a 60
dias entregue ao frigorífico.

3.2 PROPRIEDADE PARTICULAR

3.2.1 Gestação

Na gestação as baias são coletivas, geralmente quatro porcas por baia,


onde permanecem por 85 dias (21 dias na sala de inseminação e 8 dias na
maternidade, fechando os 114 dias).O trato é feito duas vezes ao dia (manhã e
tarde), com ração S4BG 2Kg/dia. Aumentando no terço final para 1.200kg por
trato.
A limpeza e desinfecção do barracão ocorrem na saída do lote.
A vacinação é feita contra Streptococcus suis, a 1º dose aos 80 dias e a
2º dose aos 100 dias junto com LitterGuard®.
FIGURA 32 – BAIAS COLETIVAS.

3.2.2 Maternidade

As porcas que estavam na gestação entram na maternidade faltando 8


dias para o parto, recebem ração Lactação S4BL7Kg/dia/porca (distribuída 3
vezes ao dia).
A indução do parto é feita 24 horas antes da data prevista, com
Prostaglandina (Ciosin) (fig. 34), em dias quentes a indução é feita no início
da manhã, para não haver stress térmico para mãe e para os leitões, e nos
dias frios, mais à tarde.
O parto é sempre assistido, caso seja preciso intervenção. Após o
nascimento, o recém nascido é passado na serragem, tem o umbigo
amarrado e administrado iodo. No mesmo dia do nascimento é feito o
antidiarréico, corte dos dentes e da cauda, junto com a pesagem da leitegada
(fig. 33 e fig. 34).
No 3º dia é administrado 1ml de ferro, a partir 5º dia recebem ração pré-
mater à vontade.
A leitegada é vacinada contra Mycoplasma hyopneumoniae
(RespiSure)aos 15 dias e contra Streptococcus suis aos 18 dias ( a 2º dose,
21 dias depois, já na creche).
Aos 21 dias ocorre o desmame, os leitões vão para creche (6Kg/leitão) e
as porcas para sala de inseminação, ocorre então, a limpeza e desinfecção
da maternidade.

FIGURA 33 – CORTE DOS DENTES.

FIGURA 34 – CORTE DA CAUDA.


FIGURA 35 – PROSTAGLANDINA SINTÉTICA.

3.2.2 Sala de Inseminação Artificial

As porcas que passaram 29 dias na maternidade voltam para sala de


inseminação, recebem 2 kg/dia de ração S4BL (1 kg por trato) até a cobertura.
O aparecimento do cio ocorre de 3 a 5 dias, se a porca entrar no cio com
3 dias, espera-se 24 horas para inseminar, se entrar com 4 dias, espera-se 12
horas, no 5º dia insemina-se na hora zero (zero – 12 - 24 ou manhã – tarde –
manhã, tarde - manhã - tarde), a detecção do cio é feito pelo macho (fig. 36).
Usa-se sêmen Dalland macho para o produto final, Dalland fêmea para o
aproveitamento de fêmeas e sêmen Landrace para resultar em F1. Os sinais
de cio são: orelhas arrebitadas, perda de apetite, reflexo de imobilidade, costas
arqueadas, tremedeira, secreção vaginal de muco claro, vulva inchada e
avermelhada, entre outros. As pipetas usadas são as não descartáveis.
Esterilizadas na própria propriedade (fig. 37).
Fêmeas que entram no cio logo após o desmame normalmente
apresentam cio mais longo, irão ovular no terço final do período de cio. Por
outro lado, fêmeas que apresentam cio mais tardiamente após o desmame tem
um período de cio mais curto, mas continuam a ovular no terço final desse
período.
Continua por mais 5 dias nesta unidade, passando para gestação. Passa-
se o macho na gestação para conferir se não houve retorno de cio (21 dias).

FIGURA 36 – IDENTIFICAÇÃO DO CIO. USO DO CACHAÇO.

FIGURA 37 – INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL.


3.2.4 Creche

Os leitões entram na creche com 21 dias, recebem a 2º dose contra S.


suis, e ração à vontade. Irão para o abate com 80 a 90 dias pesando 34 kg em
média, neste período a válvula cardíaca é do mesmo tamanho de uma pessoa
com 70 a 75 kg (válvula número 23).
A cama que é sobreposta, é trocada a cada 3 remessas (fig. 38).
Esquema da alimentação da leitegada: 5º dia (pré-mater) → 7 dias pós
desmame → pré 2 por 9 dias → inicial 1 por 13 dias → inicial 2 por 12 dias →
recria 1 até a venda (fig. 39).

FIGURA 38 – COMEDOURO DA CRECHE


FIGURA 39 – CRECHE.

3.2.5 Cachaços (4)

São alimentados duas vezes ao dia com 1Kg de ração S4BG.

3.2.6 Marrãs

A alimentação das marrãs é feita com REC1 até a 1º cobertura, 15 dias


antes da cobertura troca-se por S4BL (flushing).
A inseminação ocorre nos 220 dias ou mais, recebendo 2Kg/ração/dia.
Com 180 dias são vacinadas contra Erisipela, Leptospirose e
Parvovirose (FarrowSure B), com 195 dias é feita a 2º dose; em porcas se faz
de 12 a 15 dias pós parto; e aos 80 a 10 dias LitterGuard.
3.2.7 Rotina da granja:

*Segunda e terça-feira: Inseminação Artificial


*Quarta e quinta-feira: partos, lavagem e desinfecção da maternidade.
*Quinta e sexta-feira: lançamento e fechamento semanal, carregamento de
leitões.
*Sábado e Domingo: manejo de rotina.
3.3 RELATO DOS CASOS

3.3.1 ESTROGENISMO

3.3.1.1 Definição e Etiologia

Estrogenismo é uma doença causada pela ingestão de cereais


naturalmente contaminados por toxinas produzidas por fungos do gênero
Fusarium, que se caracterizam por quadro de vulvovaginite e inúmeros outros
transtornos, especialmente de natureza reprodutiva.
O gênero Fusarium inclui diversas espécies de fungos (F. graminearum,
F. roseum, F. culmorum), que sob determinadas condições, são capazes de
produzir várias toxinas, dentre as quais a zearalenona, à qual, quando ingerida
pelos suínos, pode produzir a intoxicação. Os sintomas decorrem e são
justificados pela atividade estrogênica deste composto. (Barcellos, 1999).

3.3.1.2 Epidemiologia

Os fungos do gênero Fusarium são, essencialmente, fungos de campo.


Os cereais (milho, aveia, trigo, cevada) podem ser contaminados antes da
colheita ou durante o transporte e o armazenamento. Havendo condições
apropriadas, tais como, umidade relativa do ar acima de 90% e umidade do
cereal acima de 23%, o fungo se desenvolve, e na dependência de inúmeras
condições (capacidade do agente de produzir toxinas, vigor da planta, etc.)
pode produzir grandes quantidades de toxina. As toxinas são bastante
resistentes e podem permanecer nos cereais, mesmo após a morte dos fungos
que lhe deram origem. De todos os cereais que podem ser contaminados, o
milho, sem duvida alguma, é o que traz maior risco, por ser um componente
importante das rações suínas. Animais de todas as idades podem ser afetados.
A mortalidade é baixa (1 a 4%), restringindo-se aos casos em que há
complicações de prolapsos vaginais.

3.3.1.3 Patogenia

A Zearalenona, uma vez ingerida, é absorvida à nível intestinal. Alguns


dias são necessários para que produza seus efeitos, os quais poderão variar
em função da quantidade de toxina ingerida, do sexo e da idade dos animais
afetados. É excretada pela urina e pelo leite dos animais, de tal forma que os
leitões lactentes também podem apresentar os sintomas de intoxicação. Após a
suspensão da ingestão da toxina, pelo menos cinco dias são necessários, para
que o composto seja completamente eliminado do organismo.
A sua ação estrogênica e luteotrópica, justificam os sintomas da
intoxicação.

3.3.1.4 Sintomas

São variáveis de acordo com a idade, sexo e, para reprodutoras, da fase


reprodutiva em que se encontram. Alguns dos sintomas podem ser vistos, já na
primeira semana após o inicio da ingestão da ração contaminada.
O quadro geral da doença, de acordo com as diversas categorias de
animais, poderá se apresentar, conforme o que se segue:
• Em lactantes: tumefação e aumento vulvar (com aumento do útero);
• Em cachaços jovens: edema de prepúcio, diminuição do volume
testicular, redução da qualidade do sêmen e diminuição da libido;
• Em leitões pré-púberes: atraso na puberdade, vulvovaginite e prolapso
vaginal;
• Em reprodutoras: anestro, repetição irregular do cio, morte embrionária,
leitegadas pequenas, natimortalidade, mortalidade neonatal
aumentada, leitões afetados pela síndrome dos membros abertos e
aumento no intervalo desmama – cio; e
• Em cachaços adultos ou mais velhos: nenhuma alteração é
normalmente observada.
Alem das alterações detectáveis clinicamente, na necropsia de recém
nascidos pode-se observar aumento do tamanho do útero. Em fêmeas
jovens ou adultas, podem ser vistos aumento do útero e ovários,
acompanhados de edema, alem de persistência do corpo lúteo.

3.3.1.5 Diagnóstico

Pode-se estabelecer o diagnostico, com base na sintomatologia


observada e na constatação da presença de fungos nos cereais que
compõem a ração. A detecção da toxina, a partir da analise da ração e do
plasma ou fezes dos animais enfermos, confirma a suspeita inicial.

3.3.1.6 Tratamento e Controle

De modo geral, a suspensão da admistração da ração contaminada


promove a regressão dos sintomas em três a quatro semanas. O tratamento
cirúrgico, dos casos de prolapso retal ou vaginal, pode ser necessário. Para
fêmeas em anestro, a aplicação de prostaglandina F-2 alfa, nas doses de 10
mg, em uma única aplicação, ou 5 mg em duas aplicações em dias
sucessivos, pode ser útil na remoção de corpos lúteos persistentes.
A prevenção da contaminação dos cereais, antes da colheita, pode ser
problemática, fato que restringe o uso de medidas de controle, apenas às
fases de transporte e armazenamento. O ideal é que, o quanto antes, se
promova a redução do teor de umidade dos cereais, a níveis inferiores a
12%, mantendo-os, nesta condição, ate o momento do consumo. Inibidores
do crescimento de fungos, tais como, o ácido propiônico, são efetivos e
podem ser empregados. A limpeza de silos e moinhos, seguida da aplicação
de soluções diluídas de hipoclorito de sódio, são indicadas para evitar
recontaminações.
Nenhuma destas medidas, no entanto, destrói as toxinas já formadas. O
que faz, muitas vezes, é diluir o alimento contaminado com alimento sadio,
minimizando os riscos de intoxicação. Cuidado deve ser tomado, para que o
material contaminado não contamine, via silos ou moinhos, outros cereais
sabidamente livres da toxina.

3.3.1.7 Relato de caso

Durante uma visita de rotina em uma propriedade, foram constatados os


seguintes achados:
• Animal da fase engorda inquietos;
• Recusa à ingestão de ração;
• Diarréia e vômito;
• Diferença de peso entre os animais;
• Tetos proeminentes, tanto machos quanto fêmeas;
• Silagem de milho úmido com manchas. Foi feita a coleta de uma
amostra do milho para análise.
FIGURA 40 – ANIMAIS DA FASE TERMINAÇÃO INQUIETOS.

FIGURA 41 – DIFERENÇA DE PESO ENTRE OS ANIMAIS.

FIGURA 42 – VULVOVAGINITE.
FIGURA 43 – MANCHA DA QUEIMA DE OXIGÊNIO, SILAGEM DE MILHO ÚMIDO.

Como o silo estava no seu início, e seria utilizado até fevereiro de 2007,
a solução encontrada foi adicionar adsorvente de micotoxina e milho seco,
½ embalagem de adsorvente por tonelada de milho, usa-se uma embalagem
por semana (R$ 215,00 unid.).
Após uma semana, os animais da fase terminação já se mostravam
diferentes, parelhos em peso e mais tranqüilos. De todos os barracões vistos,
apenas quatro refugos foram identificados, diferente da situação anterior.

FIGURA 44 – ADSORVENTE DE MICOTOXINA.


3.3.2 INFECÇÃO POR CIRCOVÍRUS

3.3.2.1 Definição e Etiologia

Infecção generalizada, envolvendo vários sistemas corporais. O


resultado final é um atraso significativo no crescimento e refugagem dos leitões
afetados.
O circovírus dos suínos ou circovírus porcino (PCV), foi inicialmente
detectado como contaminante de cultivos celulares de células de rim de suíno
da linhagem PK-15. O vírus isolado destas células (denominado PCV PK-15)
possui um genoma de DNA de fita simples circular (que origina o nome
circovírus), muito pequeno, com somente 1760 nucleotídeos. Com base em
sua composição e morfologia, o PCV foi classificado em uma nova família de
vírus animais, denominada Circoviridae, a qual tem representantes em diversas
espécies, incluindo o vírus da anemia das aves. Entretanto, o PCV é o único
circovírus identificado até o presente momento que infecta mamíferos.

3.3.2.2 Epidemiologia

Anticorpos contra o PCV PK-15 têm sido encontrados em suínos em


diferentes regiões do mundo, incluindo Alemanha, Canadá, Inglaterra e Irlanda
do Norte, EUA, França e Espanha. Entretanto, a infecção experimental de
animais com PCV PK-15 não levou à reprodução experimental. Especula-se
que o PCV PK-15 seja uma amostra não patogênica do vírus e que amostras
novas ou modificadas tenham surgido nas populações de suínos, causando
infecções em diversos países. (Sobestiansky et al., 1999).
3.3.2.3 Sintomas

A infecção causa uma enfermidade denominada síndrome de refugagem


multisistêmica pós-desmame (“post-weaning multisystemic wasting syndrome”).
É caracterizada por depressão, perda progressiva de peso, taquipnéia,
dispnéia, icterícia, palidez cutânea e diarréia em leitões de cinco a treze
semanas de idade.
Aproximadamente, 50% dos leitões afetados morrem em dois a oito dias,
o resto pode sobreviver, em mau estado corporal, por varias semanas. A
mortalidade pode alcançar 35%, a media é de 18%. A doença é mais severa
em rebanhos positivos para SRRS (Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos
Suínos).
Recentemente, o genoma de um circovírus foi encontrado associado à
Síndrome de Dermatite e Nefropatia Suína (SDNS), uma enfermidade de baixa
morbidade e alta mortalidade, caracterizada por sinais de anorexia, depressão,
edema subcutâneo ventrocaudal e lesões cutâneas, placas eritrematosas na
pele dos membros pélvicos e na região perianal. Histologicamente, a
enfermidade é caracterizada por vasculite necrosante generalizada e
glomerulonefrite. A relação desta enfermidade com a Síndrome de Refugagem
descrita acima, ainda não foi estabelecida. (Oliveira, 1999).
As lesões macroscópicas mais comuns são: hiperplasia dos gânglios
linfáticos, pulmões com lesões acinzentadas, fígado alterado (em geral de cor
alaranjada) e presença de ulceras gástricas na área esofágica.
Microscopicamente, observa-se hepatite linfocítica granulomatosa,
pneumonia intersticial granulomatosa, linfadenopatia e nefrite. O agente
encontra-se distribuído em vários tecidos dos animais infectados, intimamente
relacionado com a presença de lesões.
3.3.2.4 Diagnóstico

O diagnóstico da infecção baseia-se na análise da sintomatologia e no


isolamento do vírus, na identificação de antígenos ou do genoma viral em
animais suspeitos.

3.3.2.5 Controle

Ainda não foram estabelecidas medidas de controle específicas para a


doença. Recomenda-se apenas o fornecimento de um ambiente confortável
aos leitões, evitando situações estressantes. Deve-se ainda cuidar para evitar a
transferência de leitões de granjas afetadas para outras sem o problema, para
impedir a difusão da infecção. Em longo prazo, o controle provavelmente vá
depender do desenvolvimento de uma imunidade sólida de rebanho,
balanceada com redução do desafio e da difusão viral.

3.3.2.7 Relato do caso

Após uma semana que o tratamento para micotoxina foi instituído na


Granja Angelina 6º lomba, foram identificados dois casos de infecção por
Circovírus, apesar de esta infecção ser encontrada, geralmente em leitões pós-
desmame, os indivíduos infectados estavam na fase terminação, apresentando
duas situações: fase de cura, com lesões cutâneas secas, e outro em fase
inicial. Apresentavam-se com lesões em todo o corpo, principalmente nos
membros pélvicos, depressão e anorexia.
O diagnóstico foi baseado na sintomatologia dos dois indivíduos.
Sem tratamento e apenas reforçando o controle, os animais foram
apenas isolados.

FIGURA 45 – SUÍNO INFECTADO COM CIRCOVÍRUS, FASE DE CURA.

FIGURA 46 – SUÍNO INFECTADO COM CIRCOVÍRUS, FASE INICIAL.


3.3.3 Síndrome dos Membros Abertos

3.3.3.1 Definição e Etiologia

É uma miopatia observada em leitões nos primeiros dias de vida.


Caracteriza-se pela incapacidade, às vezes temporária, do leitão manter-se em
pé e locomover-se normalmente (devido à dificuldade de manter, na posição
normal, os membros que se encontram em abdução). A doença ocorre na
maioria dos países com atividade suinícola significativa.
A etiologia ainda não é perfeitamente conhecida, existindo algumas
hipóteses para a mesma:
• Predisposição genética;
• Deficiência de aminoácidos essenciais, colina, vitamina E ou selênio na
ração da porca durante a gestação. Em granjas em que as porcas foram
alimentadas, experimentalmente, com ração deficiente em colina, bem
como, em granjas nas quais as porcas recebiam em torno de 300 mg de
colina por dia, obervaram-se diversos casos de Síndrome dos Membros
Abertos. Após o fornecimento de 3000 mg de colina por porca, por dia, não
foram mais constatados casos da doença. (Barcellos, 1999);
• Infecção de porca prenhes com o vírus da peste suína clássica de baixa
patogenicidade;
• Ingestão da toxina produzida pelo Fusarium sp. (Zearalenona) no período
final da gestação;
• Manejo dos leitões após o nascimento, superfície escorregadia;
• A freqüência da doença aumenta com a pratica de diminuir os níveis
alimentares das porcas em gestação, o que sugere que a síndrome possa
estar relacionada com deficiências nutricionais. (Moraes, 1999);
• Parto prematuro: os leitões afetados pela Síndrome dos Membros Abertos
seriam aqueles que nasceram antes de um período normal de gestação,
ou tiveram o seu desenvolvimento normal atrasado por diversos fatores
(como alguns dos citados acima);
• A Síndrome dos Membros Abertos é uma doença de origem multifatorial,
dependendo de uma fragilidade muscular de origem genética. Sobre essa,
fatores como peso corporal, nutrição da porca e superfícies escorregadias,
atuariam como fatores desencadeantes.

3.3.3.2 Patogenia

A doença ocorre quando há uma predominância permanente do tônus


muscular das massas de músculos abdutores, sobre as de músculos adutores.
A posição de abdução dos membros parece ser dividida ao
retardamento do desenvolvimento dos músculos adutores (fisiológico ou
estrutural), os quais se tornam incapazes de funcionar adequadamente.
O estado de desenvolvimento das miofibrilas musculares dos músculos
adutores de leitões recém – nascidos com os sintomas da doença corresponde
ao de fetos normais com 80 – 100 dias de gestação.
Comparando as fibras musculares de leitões com Síndrome dos
Membros Abertos com as de leitões normais, observa-se que o numero de
miofibrilas nas fibras musculares de leitões doentes é menor e que elas são
menores. Supõe-se que os membros anteriores são menos afetados porque
seu desenvolvimento neuromuscular começa e termina antes do que o dos
posteriores. (Sobestiansky, 1999).
A manutenção dos leitões recém-nascidos sobre um piso escorregado,
conduz à Síndrome dos Membros Abertos, por impedir a função normal de
postura dos músculos (causa primária), ou como fator desencadeante em
leitões com musculatura com desenvolvimento anormal (causa
desencadeante).
3.3.3.3 Sintomas

A doença pode atingir um, dois, três animais ou ate toda a leitegada.
Ocorre tanto em filhos de primíparas como de multíparas. Tanto machos como
fêmeas podem ser atingidos pela doença. Sua ocorrência parece ser mais
freqüente nas raças Landrace e Large White. Os membros posteriores são
afetados com maior freqüência do que os membros anteriores. Às vezes, os
posteriores e os anteriores apresentam os sintomas, simultaneamente. Os
primeiros sintomas, geralmente, são observados nas primeiras horas pós-parto.
Quando somente os membros posteriores são atingidos, o quadro clínico
pode apresentar-se sob duas formas:
• Os membros apresentam-se esticados em toda sua extensão
lateralmente. É a forma mais grave e os leitões, dificilmente, conseguem
deslocar-se; e
• Os membros apresentam-se esticados no sentido látero-anterior (leve
abdução). É a forma leve, os leitões tentam manter-se em pé, mas,
somente o conseguem com certa dificuldade. No entanto, quando o piso
da cela parideira é liso, os leitões, praticamente, não conseguem
manter-se em pé. Nesses casos, eles deslocam-se arrastando o trem
posterior sobre o piso. O mesmo tipo de situação é observado ao se
tentar auxiliá-los a se locomoverem.
Quando os membros posteriores e os anteriores estão afetados, o leitão
está praticamente, impossibilitado de deslocar-se. Como conseqüência
da dificuldade de deslocamento, pode ocorrer hipoglicemia,
esmagamento dos leitões, necrose da vulva, necrose de tetas, lesões no
ânus e artrites.
3.4.3.4 Diagnóstico

É feito através da observação do quadro clínico. O prognostico depende


da gravidade dos sintomas. Se os leitões forem capazes de evitar seu
esmagamento pela porca e tiverem capacidade de procurá-la para se
alimentarem, as perdas podem ser relativamente baixas.

3.3.3.5 Controle

Através do tratamento procura-se possibilitar aos músculos afetados


completarem seu desenvolvimento, capacitando-os a executarem suas funções
normais. Consegue-se isso, ligando os membros entre si, no metatarso,
deixando um espaço de dois a quatro cm entre os mesmos. A ligadura é feita
com uma tira de esparadrapo ou de pano com um cm de largura. A intervenção
é feita em forma de oito (tratamento ortopédico).
Três a quatro dias após ter ligado os membros, a tira pode ser retirada, e
os leitões passam a deslocar-se normalmente. Quando a ligadura é feita com
esparadrapo, geralmente, ele cai espontaneamente.
Através desse tratamento, as perdas de leitões que, em grupos não
tratados atingem 80% ou mais, podem ser reduzidas para menos de
40%.(Carvalho, 1999).
A cura espontânea tem sido observada, quando o quadro clínico se
caracteriza pela forma leve. Ela ocorre quatro a cinco dias após a observação
dos sintomas.
Uma vez que a etiologia não está perfeitamente esclarecida, as medidas
profiláticas recomendadas são especulativas. São recomendadas nos casos de
ocorrência da doença numa serie de leitegadas:
• Fornecer na ração das porcas, nos dois primeiros dias de
gestação, 3.000 mg e posteriormente 4.200 – 4.500 mg de colina,
por porca/dia;
• Adicionar vitamina E e selênio à ração na dosagem recomendada;
• Evitar pisos lisos na maternidade. Fornecer cama aos leitões nos
primeiros dias após o parto;
• Alimentar a porca qualitativa e quantitativamente, conforme suas
exigências nutricionais.

3.3.3.6 Relato do caso

A Síndrome dos Membros Abertos foi identificada na propriedade


Particular, onde fiquei certo tempo aprendendo sobre o manejo da granja.
Durante este período presenciei vários partos e apenas dois leitões de uma
leitegada apresentou a síndrome.
Como os leitões não conseguiam chegar até a porca para se
alimentarem, o período de vida dos mesmos foi curto. Fiz a tentativa de cuidar
deles especialmente, tirando leite da porca e com uma mamadeira fornecendo
a eles. Mas a tentativa foi em vão, pois já nasceram com peso menor que dos
outros leitões, e pelo fato de não se locomoverem, passavam frio e o risco de
esmagamento era grande. Sobreviveram por sete dias.

FIGURA 47 – LEITÔES COM SÍNDROME DOS MEMBROS ABERTOS.


CONCLUSÃO

Do meu Estágio Curricular, só posso obter as melhores conclusões


possíveis. Foram quase dois meses de puro aprendizado, em uma área onde
considerava-me leiga.
Aprendi a realidade da Suinocultura na região, desde manejo a
oscilações do preço do quilo do suíno, e como isso pode influenciar o
mercado e seus produtores. Apesar de não ser uma fração grande como a
carne de gado, a Suinocultura tem sua imensa importância, não somente para
o estado do Paraná, mas para Sul.
Gostaria de agradecer a todos que participaram dessa experiência
gratificante comigo.

Obrigado!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• AGROCERES. Guia de manejo. Empresa Agroceres PIC. Santa Maria –


RS: 2005.

• FELÍCIO, Sergio. Inseminação Artificial e Produção Animal. Acessado


em 15.10.2006 às 10h30min.

• ROCHA, Danilo. Manual 2005 da Reprodução Topigs. Acessado em


15.10.2006 ás 11h00min.

• SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D.; MORAES, N.; CARVALHO, L.F.;


OLIVEIRA, S. Clínica e patologia suína. Goiânia – GO: 1999.

• SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D. Clinica veterinária em sistemas


intensivos de produção de suínos e relatos de casos clínicos. Goiânia –
Go: 2001.

• SOBESTIANSKY, Jurij; WENTZ; SILVEIRA, Paulo R.S.; SESTI, Luiz


A.C. Suinocultura Intensiva – produção, manejo e Saúde do Rebanho.
Embrapa: Concórdia - Santa Catarina: 1998.

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