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Larissa: L

Fernando: F

Início
O som de uma respiração cresce gradualmente, acompanhado pelo ruído da chuva. Num
corte, um plano detalhe revela uma mão tremendo, segurando uma faca suja de sangue.
Em seguida, outro corte nos leva a um plano detalhe de uma bota imersa no lamaçal da
chuva. Outra transição para um plano mais aberto revela uma figura com os braços
cruzados próximo ao peito. Ampliando a visão, vemos a pessoa sentada sob uma árvore,
usando uma capa de chuva para se proteger do temporal. Depois de alguns segundos, a
mulher levanta o rosto, revelando um rosto machucado em um plano detalhe. Num corte
seco, a cena muda para o sertão e sua vegetação seca.

Parte 1
Num amplo plano, a casa se destaca na vegetação seca. Sons de passos crescem, e a
protagonista aparece na porta, alerta. Ao constatar que não há ameaça, ela vai até a mesa.
Com um mapa, traça uma linha do ponto vermelho até sua localização. Após estudar o
mapa, murmura.

L: Merda...- Ela fecha o mapa e sai da casa.

Parte2
Num plano amplo, Larissa percorre uma estrada deserta, cercada por vegetação morta e
casas abandonadas. Após um tempo, ela para e pega a garrafa d'água da mochila,
preparando-se para beber. De longe, uma figura mancando emerge da mata. Surpresa,
Larissa levanta levemente a mão para cumprimentar, mas um tiro ecoa, fazendo a pessoa
desconhecida cair.

O barulho assusta Larissa, que deixa cair a garrafa, liberando a água que resta.
Rapidamente, ela se esconde e observa a cena. Pessoas gritam ao redor do ferido, que
estende um braço fraco em direção a Larissa. Um dos perseguidores aponta uma arma,
cortando para o rosto de Larissa. Outro tiro a faz cobrir a boca.

Enquanto os perseguidores revistam o corpo, o líder nota o local onde ela estava. Ele se
aproxima ameaçadoramente, e Larissa, tentando manter a calma, controla a respiração ao
vê-lo

O homem para ao notar algo no solo, Ao chamar a atenção de outros, ela entra em pânico.
Desesperada, ela foge entre a natureza seca, ouvindo os perseguidores se aproximando.

Exausta, ela avista uma casa distante, e vai em sua direção. Chegando lá, ela tenta
encontrar um esconderijo, mas a casa está trancada. Ao se esconder próxima à parede, vê
os perseguidores se aproximando.

Enquanto tenta recuar, uma mão tapa sua boca, e ela é arrastada para trás da casa.
Lutando, ela perde gradualmente a força. O homem a solta, pedindo que fique em silêncio,
acariciando seus olhos até que se fechem.
Com foco no rosto dela, ouve-se o som de uma arma sendo engatilhada. Gritos, tiros e
gemidos preenchem o silêncio. Ao chegar à frente da casa, Larissa depara-se com corpos
no chão, o líder ferido e o homem misterioso em pé. Antes que as palavras terminem, o
homem atira novamente, deixando ela aterrorizada.

Com o foco no rosto dela ouvimos os passos daquele homem, que se aproxima, o plano
detalhe se mantém, até que a voz dele traz ela de volta a realidade.

F: Você está bem?

F: Você está bem?- repete o homem com um tom mais alto.

L: Estou… estou sim…

O homem dá as costas para ela, abre a porta da casa e volta, pega ela pelo braço e a leva
para a casa.

F: Entre… e me espere.

Ela obedece, entra e examina o local. Ao avistar uma cadeira, decide sentar-se. Poucos
segundos depois, o homem retorna com algumas coisas nas mãos, a observa e coloca os
objetos sobre a mesa. Ele pega água em um copo e oferece a Larissa. Em silêncio, os dois
se observam. O homem puxa um banco, senta-se à mesa e começa a mexer nos objetos.

F: Qual é o seu nome?

L: Larissa... Meu nome é Larissa.

F: Vejo que não conhece esse região. Por que você veio para cá?

L: Estou apenas de passagem...

F: Percebe, as poucas pessoas com juízo que vivem por aqui, não passariam pelo território
daqueles lunáticos.

L: Quem eram eles?

F: Um bando de malucos, eles caçam e matam qualquer um que der chance.

L: Só pelo prazer de matar?

F: Alguns, sim, outros não... Geralmente eles aproveitam tudo que vítima tem, até os ossos.
Para onde você está indo?

L: Estou indo até a boa vista.

F: Entendo - Ele Ri - É uma longa viagem até lá.


L: Eu sei, mas é melhor do que onde eu estava.

F: De onde você veio?

L: Natal.

F: Lá realmente está uma loucura não é.

L: Loucura? Aquele lugar virou um inferno, antes mesmo de toda essa merda acontecer, as
coisas já estavam uma bagunça, quando as pessoas começaram a morrer e a comida se
tornou escassa, a violência explodiu lá, os militares ainda tentaram colocar ordem, mas nem
eles resistiram.

F: Eu sei... estive por lá quando as coisas começaram a ficar ruins, mas não fiquei até esse
ponto, percebe logo cedo que ali seria o pior lugar para estar quando a merda batesse no
ventilador.

L: Deveríamos ter pensado assim também, poderíamos ter ido até a boa vista muito antes,
enquanto os ônibus e carros ainda funcionavam, mas meus pais não queriam deixar tudo
para trás, tudo que eles conquistaram… ambos acreditavam que aquilo iria passar.

F: É difícil deixar tudo que temos para trás, não deveria ser apenas uma casa para eles.

L: Não era... eles lutaram muito para construir ela, anos e anos para finalmente ter algo que
é deles. Seria difícil deixar aquele lugar, porém mais difícil foi ver meu pai morrer aos
poucos doente... foi mais difícil tirar o corpo da minha mãe dos escombros quando uma das
bombas caiu sobre a casa, isso foi difícil.

F: Não há uma única pessoa que não tenha perdido algo quando tudo isso começou. Já
está anoitecendo Larissa, você pode ficar aqui e descansar se quiser, poderá seguir quando
sentir vontade - Ele se levanta - tenho que queimar os corpos, fique aqui o cheiro é
insuportável.

Ela confirma com a cabeça, o homem sai e fecha a porta. Vemos que ela dormiu um pouco,
para logo acordar já tarde da noite. Ainda deitada no chão, ela vê uma luz entrando por
debaixo da porta, logo ela se levanta e sai, ao sair ela coloca a mão no nariz, vendo que os
corpos estão sendo queimados longe e o homem está sentado próximo a casa. Ela vai até
ele e se senta.

L: Eu não posso ficar aqui, tenho que continuar.

F: Eu sei, você terá uma longa viagem e passará por locais horriveis.-ele oferece uma
bebida que estava embaixo de seu casaco.

L: Estou caminhando a quase 2 meses, vim de Natal até aqui, não posso para só por causa
de uns malucos..
F: Não disse que você deveria parar, estou apenas te avisando sobre o quão difícil vai ser, e
que você vai precisar de ajuda.

L: Você vai comigo?

F: Não... Mas vou te dar umas dicas de como chegar lá.

Em uma montagem vemos ambos abrindo mapas, compartilhando informações e


habilidades. Ele anota pontos no mapa dela, ensina técnicas de sobrevivência, como se
defender e fazer uma fogueira. Sua voz a guia através de pontos críticos. Ao final, estão
frente a frente; ele retira uma capa de chuva e uma faca de uma bolsa.

F: Você vai precisar, o tempo de chuva está chegando e você deve evitar ficar muito tempo
molhada. Já a faca, você sabe pra que serve.

Ela confirma com a cabeça, ambos se olham por alguns segundos, ele confirma com a
cabeça e dá as costas para ela, nesse momento ela abraça ele e o aperta com muita força.

L: Obrigado Fernando.

Ele afaga as mãos dela e quando eles se separam, ambos seguem o seu caminho, ela vai
até a porta e ele se senta na cadeira.

F: Lembre-se... se esconder é a melhor opção, não lute... apenas quando for a última
opção.

Parte 3
Ela confirma com a cabeça e sai. A montagem a mostra enfrentando chuva, frio, comendo
insetos, sendo perseguida e se escondendo. No desfecho, observamos uma transformação.
Seu olhar agora é aguçado e confiante ao caminhar entre escombros e ruas desertas. Após
a montagem, a vemos percorrer um prédio decrépito, um local abandonado. Algo atrai sua
atenção: brinquedos espalhados. Surpreendida, ela os observa, mas continua a explorar o
local. Ao se aproximar da saída, um vulto passa por perto, ecoando sons de passos que a
deixam em alerta. Ela avança com a faca na mão, pronta para enfrentar qualquer ameaça.
Ao localizar a fonte dos passos, inicialmente tenta evitar o confronto, mas desafia a si
mesma, retorna, encosta na parede e se prepara para atacar.

Em um movimento rápido, ela atravessa a parede, erguendo a faca, mas interrompe-se ao


perceber que os sons vinham de uma criança. A pequena figura imóvel olha para o chão,
perdida. Larissa, surpresa, nota que ainda segura a faca em posição de ataque. Com
cuidado, baixa a faca e a guarda. Levanta as mãos suavemente, tentando não parecer
ameaçadora.

L: Oi… tá tudo bem, eu não vou te machucar. Você está sozinho aqui?

A criança não esboça reação.

Menino: Desculpe…
Larissa se surpreende com a fala, e tão rápido quanto sua reação, um homem emerge das
sombras. Ela saca a faca, mas ao notar a arma dele, corre. Disparos ecoam, atingindo-a no
ombro. Mesmo ferida, Larissa se esconde. O homem a persegue, praguejando alto. Já
escondida, ouvimos apenas os passos pesados dele. Ele para próximo, pragueja sem
perceber que ela está no mesmo cômodo. Larissa, escondida, tenta manter o máximo de
silêncio.
O homem, parado, percebe o rastro de sangue sob a porta e por baixo de suas pernas.
Lentamente, o homem engatilha a arma. Larissa pula nas costas dele, perfurando-o várias
vezes. Ele luta, jogando-se contra as paredes, mas em vão. Larissa continua golpeando até
que ele cai de joelhos, não suportando mais. ela se Levanta, sentindo o ombro.
Ensanguentada, sai do quarto e encontra a criança do lado de fora. Pega a mão do menino,
e juntos deixam o prédio.
Vemos uma pequena montagem deles caminhando, até que ela não aquenta mais e cai de
joelhos, olha para o garoto e manda ele continuar, o menino corre e aos poucos vemos ela
sangrar mais, com uma passagem tempo, passamos para 1º pessoa, onde vemos com
olhos dela, tudo escurecer, até que o som de cavalos quebra o silencio, ela abre os olhos e
em sua frente vemos dois homens a cavalo, um deles desce e caminhando até ela estende
a mão, nesse momento ela desmaia e apenas a escuridão domina a tela.

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